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03/02/2018 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA EM WALTER BENJAMIN

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A reflexão filosófico-benjaminiana aponta de forma crítica para a O Mito da Cabana


tendência do marxismo - a concepção marxista materialista da história José Humberto C
Soares
busca controlar as leis do processo do desenvolvimento histórico; controlar R$25,00

a ordem dos eventos – em privilegiar o binômio racionalidade-futuro. Palavra é Arte


Noutras palavras, o pensamento marxiano, dando vazão a que conceitos Márcia Ramos, Gilberto
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importantes adquirissem sentidos vagos ou ambíguos, cedeu, desse modo, R$28,00
a interpretações e a apropriações posteriores de caráter simplistas,
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inadequadas, cujo resultado promoveu sobremaneira a integração do ENTRELAÇADOS
Sandra Ribeiro sp
materialismo histórico ao historicismo (grosso modo: a história universal R$20,00
nos leva conhecer todos os pontos do “continuum” histórico) e ao
Cadeirão de Papel
positivismo (grosso modo: trata-se da aplicação do modelo mecanicista da AlexandreCosta
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física e da linguagem matemática na interpretação da realidade humana).
Com efeito, Walter Benjamin é contra o “casamento” da história com a Como anunciar nesta vitrine?

técnica, defendido pelas indevidas apropriações do pensamento marxista,


cujo resultado se expressa no conhecido “marxismo vulgar”. Contra tal
estado de coisas, Benjamin insurge-se, afirmando:

“A teoria e, mais ainda, a prática da social-democracia foram determinadas


por um conceito dogmático de progresso sem qualquer vínculo com a
realidade. Segundo os social-democratas, o progresso era, em primeiro
lugar, um progresso da humanidade em si, e não de suas capacidades e
conhecimentos (...).” (1)

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03/02/2018 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA EM WALTER BENJAMIN

É preciso frisarmos que Walter Benjamin não nega a capacidade da


progressividade humana, mas nega a idéia de progresso inscrita em teorias
da história com bases na escatologia. E Benjamin prossegue, acentuando
que:

“O historicismo culmina legitimamente na história universal (...) A história


universal não tem qualquer armação teórica. Seu procedimento é aditivo.
Ela utiliza a massa dos fatos, para com eles preencher o tempo homogêneo
e vazio (...).” (2)

Basicamente, cabe a esta crítica benjaminiana resgatar a liberdade


transcendental e a individualidade como valores fundamentais do ser
humano; ou mais particularmente, resgatar a subjetividade humana no
sentido dela se autopropor como sujeito, pois a idéia do processo histórico
como progresso linear, mais do que a realização da razão (projeto do
pensamento iluminista), apresentou-se, também, na constatação dos
representantes da Escola de Frankfurt (em especial, Theodor Adorno e Max
Horkheimer), como algo destruidor da própria razão. É o que se confirma
nas belas e trágicas páginas da “Dialética do Esclarecimento”.
Como podemos constatar nas teses “Sobre o conceito de história”
(1940), para Benjamin, a historicidade, de acordo como os homens a
fazem, é sempre marcada por rupturas, e não por um movimento contínuo
e linear. A história realiza-se em movimentos que, a princípio, poderiam ser
diferentes, ou seja, a concepção benjaminiana de tempo perdido não se
encontra no passado, mas no “futuro”, isto é, nos sonhos, nos desejos, nas
aspirações do não-realizado, daquilo que não chegou a se concretizar, mas
que ainda se encontra voltado para o porvir - qual uma utopia
retrospectiva.

Já foi dito que sem ser poeta, Walter Benjamin pensava o mundo
poeticamente (Arendt, 1987). Assim, na teoria benjaminiana da
modernidade, o herói moderno é representado pela figura do flâneur – do
poeta, isto é, do “gauche”, do deslocado nas grandes metrópoles:

“Todos os que até hoje venceram participam do cortejo triunfal, em que os


dominadores de hoje espezinham os corpos dos que estão prostrados no
chão. Os despojos são carregados no cortejo, como de praxe. Esses
despojos são o que chamamos bens culturais (...).” (3)

Desse modo, consoante Benjamin, o poeta é aquele que “dá as costas


ao cortejo infernal...”; é aquele que não se entrega ao sistema; é aquele
que declara guerra com a prática da flânerie. Assim, investigando o lirismo
inscrito nos versos de Charles Baudelaire, Benjamin recupera e registra,
em seus escritos, a alegoria da caducidade moderna. É com Flores do Mal,
com flores doentias: temas, posturas, comportamentos etc., enfim, com o
lixo humano, que Benjamin se inicia em seus escritos literários. Nestes, os
heróis são aqueles que estão à margem da sociedade (o marxismo buscou
controlar as leis do desenvolvimento da história, procurando controlar a
ordem dos eventos históricos, como já afirmamos. Ao contrário, na
concepção benjaminiana de história há um efeito libertador, quando

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03/02/2018 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA EM WALTER BENJAMIN

Benjamin fala em margens!), como por exemplo, os trapeiros, os velhos,


os marginalizados, os michês, os invertidos, os inadaptados, as prostitutas,
as crianças, os tímidos, os desajeitados, os deslocados, os anjos...

EIA, UM POETA INVADE O TEXTO!

“Veio para ressuscitar o tempo


e escalpelar os mortos,
as condecorações, as liturgias, as espadas,
o espectro das fazendas submergidas,
o muro de pedra entre membros da família,
o ardido queixume das solteironas,
os negócios de trapaça, as ilusões jamais confirmadas
nem desfeitas.
Veio para contar
o que não faz jus a ser glorificado
e se deposita, grânulo,
no poço vazio da memória.
É importuno,
sabe-se importuno e insiste,
rancoroso, fiel.”

(O HISTORIADOR, Carlos Drummond de Andrade)

UM BRINDE ÀS MUSAS!

..........................................
Digressão: _ Parafraseando Hannah Arendt, os poetas são para se falar ou
para se citar?
...........................................

Na verdade, sob a ótica da filosofia da história benjaminiana, não se


trata de tornar o mundo um grande museu, mas de recuperar o que foi
perdido, sobretudo por meio da rememoração poética. Habilmente (e
ardilosamente) preso às matrizes filosófico-religiosas de uma perspectiva
messiânica e secundado pela imaginação poética, Benjamin inverte a
direção da historiografia cientificista moderna, pois, enquanto a última
pensa na salvação das gerações futuras, Benjamin volta seu olhar
retrospectivo para as gerações passadas, com a finalidade de atender os
apelos, os ecos das vozes daqueles que foram vencidos pela história, pela
barbárie, na qual se impõe a cultura ou a tradição triunfante, que resulta
na historiografia dos vencedores.
Com efeito, é mediante tal crítica contundente - sobretudo nas também
chamadas “Teses” sobre a história – ao historicismo oficial, assim como à
concepção de idéia de progresso, que Benjamin procura reconfigurar a
autêntica atividade do historiador materialista: o responsável pela
restituição da história dos vencidos, assentada na ruptura, e não na
continuidade, que resulta na falsa idéia de progresso contínuo e linear do
processo histórico.

https://www.recantodasletras.com.br/artigos/286167 3/6
03/02/2018 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA EM WALTER BENJAMIN

Assim, compreendendo o passado como fundamental no trabalho de


recuperação das experiências silenciadas, perdidas, estabelece-se a
trajetória teórico-benjaminiana em direção às origens, mediante um estudo
crítico-literário conduzido no interior de uma pesquisa crítico-
historiográfica. Para tanto, o espólio benjaminiano tece um diálogo
permanente com uma vasta gama de escritores modernistas,
especialmente com os não legitimados e com os poetas malditos da
modernidade, isto é, um diálogo junto aos vencidos tanto no campo
estético quanto no artístico.
Por fim, para Benjamin, a difícil questão a refletir sobre a memória não
reside naquilo que é possível rememorar (o conteúdo da memória é a
lembrança, mas a memória é quem capta a lembrança), mas em saber
como lidar com o silêncio, com o esquecimento...

“Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido


contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas


muito mais que lindas
essas ficarão.”

(MEMÓRIA, Carlos Drummond de Andrade)

.........................................................................................................
........
NOTAS

1 e 2. Walter Benjamin, “Sobre o conceito de história” (teses 13 e 17,


respectivamente) in BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política:
ensaios sobre literatura e história da cultura. Obras Escolhidas, volume I.
pp.229-231. São Paulo. Brasiliense, 1985.

3. Idem, (tese 7) in op.cit., p 225.

BIBLIOGRAFIA

ADORNO, T., HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento: fragmentos


filosóficos. 2 ed. Tradução Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge

https://www.recantodasletras.com.br/artigos/286167 4/6
03/02/2018 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA EM WALTER BENJAMIN

Zahar, 1985.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Nova Reunião. 4 v. Rio de Janeiro:


J.Olympio, 1983.

ARENDT, Hannah. Homens em tempos sombrios. Tradução Denise


Bottmann. São Paulo: Cia das Letras, 1987.

BENJAMIN, Walter. Charles Baudelaire: um lírico no auge do capitalismo.


Tradução José Carlos Martins Barbosa, Hemerson Alves Baptista. Obras
Escolhidas III. São Paulo: Brasiliense, 1989.

_______________. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura


e história da cultura. Tradução Sergio Paulo Rouanet. Obras Escolhidas I.
São Paulo: Brasiliense, 1985.

MEDEIROS, Sílvio. Moral e Política em Hannah Arendt e Walter Benjamin:


uma abordagem crítica da Sociedade Tecnológica e conseqüências – a crise
ética e a descrença generalizada nos valores tradicionais. Tese de
dissertação de Mestrado em Filosofia. Bancos de Teses da Universidade
Estadual de Campinas – Unicamp/ FE – Faculdade de Educação ) e da
Pontifícia Universidade Católica de Campinas/PUC-Campinas, 1994.

SÍLVIO MEDEIROS

Enviado por SÍLVIO MEDEIROS em 09/11/2006


Código do texto: T286167

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Comentários

29/09/2008 15:19 - Lena Leal

Pérolas são seus textos!!! Fico honrada em tê-lo como leitor. Estou escrevendo
um artigo sobre a Pós modernidade e estive a ler sobre Walter Benjamin ( o
narrador) Estou fazendo uma comparação e outras leituras como: Alain Robbe Grillet (
Por um novo romance) , Ricardo Tim de Sousa (O tempo e a Máquina do tempo) Marshall
Berman (Tudo que é sólido desmancha no ar) e um livro excelente de Roberto Henrique
Seidel ( do futuro do presente ao presente contínuo). Estas obras tem clareado minha
mente. Mais uma vez, obrigada pela visita.

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Sobre o autor

SÍLVIO MEDEIROS
Campinas - São Paulo - Brasil, 62 anos

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