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O Insight e suas Notas Definidoras

Bibliografia

FUNDAMENTOS DA TÉCNICA PSICANALÍTICA - Autor: R. Horacio Etchegoyuen. Tradução:


Francisco Frank Settineri. Editora: Artmed. Ano: 2004 - 2ª edição

PSICOTERAPIA DE ORIENTAÇÃO ANALÍTICA. Org. Cláudio Eizirick. Artmed 2015.

 Se a finalidade da análise é a obtenção de insight, então o insight é a coluna vertebral


do processo psicanalítico. Essa afirmação é aceita por quase todos analistas.
 A maioria dos autores acredita que há uma relação direta entre insight e interpretação,
ou seja, que o primeiro é obtido por meio do segundo, ainda que nem sempre de
forma direta.
 Todos admitem que o insight é o motor das mudanças adquiridas na terapia.
 Insight não é um termo Freudiano. Foi cunhado por autores da linha inglesa. Criaram-
no sem a pretensão de estarem criando um novo conceito, mas consideraram estar
sugerindo um vocabulário elegante e preciso para expressar algo que pertence a Freud.
 A finalidade da análise é que o paciente adquira um maior conhecimento sobre si
mesmo. Insight seria então o momento privilegiado de tomada de consciência.
 A finalidade da psicanálise, sua meta, como procedimento clínico é sempre, na obra de
Freud, conhecer. Ou, buscar a verdade.
 Na primeira tópica conhecer era tornar consciente o inconsciente.
 Portanto, seria bastante natural se, em 1915, Freud tivesse dito algo do tipo: o método
psicanalítico tem por finalidade tornar consciente o inconsciente, e a essa tomada de
consciência chamamos insight.
 Na década de 1920, quando introduz seu modelo estrutural (Ego, id e superego), Freud
vai dizer que a base do trabalho analítico, sua finalidade, é que os processos mentais
não estruturados (Id) devem tornar-se estruturados (Ego). Ele diz: “Onde era Id o Ego
deve advir”. Ou “Onde era Id será Ego”.
 Ou seja, o termo insight não foi criado por Freud, mas explica muito bem e se encaixa
muito bem nos conceitos freudianos.
 De início, a palavra era usada sem rigor teórico, ou seja, mais como uma expressão útil
do que como termo teórico e conceitual, como mais tarde.
 Já em 1920, Hermine von Hug-Helmuth utilizou-o com o mesmo rigor técnico que o
utilizamos hoje em dia.
 É difícil determinar com precisão quando um termo deixa de ser utilizado como uma
palavra comum e começa a ser tratado com rigor teórico. No caso do conceito de
insight, existem dois pontos de referência importantes.
 No XIV Congresso Internacional de Psicanálise, ocorreu um simpósio sobre a teoria dos
resultados terapêuticos na psicanálise. Vários dos grandes analistas da época
participaram. Apesar de o assunto girar em torno da natureza da ação terapêutica da
psicanálise, a palavra insight não aparece em nenhum lugar. Isso foi em 1936.
 Vinte e cinco anos depois, em 1961, voltava-se ao tema no XXII Congresso
Internacional de Psicanálise. O simpósio se chamou “Fatores curativos em psicanálise”.
Também vários dos mais importantes analistas da época estavam presentes. Todo
interesse centrou-se no insight.
As acepções do substantivo insight

 A palavra inglesa insight é composta por um prefixo “in” que quer dizer interno,
dentro, e “sight” que quer dizer vista, visão. Literalmente, visão interna. Ou, para além
da superfície.
 O dicionário diz que é o poder de ver com a mente dentro das coisas, e também a
apreciação súbita da solução de um problema. Ou seja, insight significa conhecimento
novo e penetrante.
 Que extensão devemos dar à palavra insight em psicanálise?
 Em sua ampla definição insight é um conhecimento novo. Neste caso, pode referir-se
tanto a fatores internos quanto externos. O insight seria o momento que a novidade é
adquirida, esse momento de criação.
 Nesse sentido amplo, a palavra pertence, ainda, à linguagem comum: e não teórica.
 Ao referir-se a sua descoberta sobre os sonhos, Freud disse que um insight desta
natureza só se tem uma vez na vida.
 No mesmo sentido, Melanie Klein disse que a análise de várias crianças pequenas lhe
permitiu ter um insight sobre o papel da oralidade no desenvolvimento infantil.
 Eles se referem ao momento no qual adquiriram um conhecimento científico, que
pertence ao mundo e não ao sujeito.
 Mas a palavra insight só adquire um valor teórico quando utilizada em sentido restrito,
ou seja, quando se refere a um novo conhecimento sobre si mesmo no processo de
análise.
 Portanto, nem todo conhecimento novo é um insight, mas apenas aquele que, como
resultado da análise, cumpre o postulado Freudiano de tornar consciente o
inconsciente.
 Nesse sentido, não é correto dizer que o analista teve insight quando adquire um novo
conhecimento que corresponde a seu paciente. O analista só pode ter insight de sua
contratransferência.
 Insight é, pois, o processo através do qual alcançamos uma visão nova e diferente de
nós mesmos.
 Ou seja, temos que honrar o prefixo “in”, pois insight é um conhecimento de nós
mesmos.

O insight como fenômeno de campo

 Para o casal Madeleine e Willy Baranger o insight é um fenômeno de campo.


 A dinâmica da situação analítica é definida como uma situação de par, analista e
paciente. O campo se forma a partir das identificações de analista e paciente.
 O que estrutura o campo bipessoal da situação analítica é uma fantasia inconsciente
gerada pelo par, ou seja, tanto pelo paciente quanto pelo analista.
 Com base nessas ideias, os Baranger definem que o insight é um fenômeno de campo
bipessoal, é obra de duas pessoas. Portanto, não pode ser um momento de auto-
descoberta.

O insight e o processo mental

 Segundo Horacio Etchegoyen o fenômeno de campo dos Baranger, assenta as bases


para que possa ocorrer o insight, mas não é o próprio insight.
 O insight é intransferível, só posso ter insight de mim mesmo.
 Há autores que expandem esta visão e dizem que o analista pode ter insight de
defesas, mecanismos e fantasias do paciente. Já para Etchegoyen ele só poderia ter
insight de sua contratransferência, ou seja, de si mesmo.
 O insight é sempre reflexão.
 Isso deve ser uma característica que define o insight. Não é uma mera vontade
acadêmica, mas diz respeito à forma como o conceito se articula com a ideia de tornar
consciente o inconsciente.
 Isso fica evidente quando pensamos que uma situação de campo, ou seja, da dupla
analítica, possa ser resolvida por insights obtidos em momentos diferentes. O analista
pode obter um insight da situação durante a consulta, e o paciente depois dela, ou vice
e versa. Ou seja, o insight é pessoal e intransferível.

Insight e Elaboração

O Insight como conhecimento

 O Insight é o momento único no qual há uma obtenção de um novo conhecimento. O


indivíduo capta algo que lhe havia sido ininteligível e que muda o significado de sua
experiência.
 Isso se assemelha bastante com a experiência delirante primária, que é uma nova
conexão de significado que se impõe de pronto ao paciente.
 Por exemplo, um paciente do autor que conclui de uma hora para outra, quando seu
colega o toca sem querer ao mudar a marcha do carro, que ele, seu colega, era amante
de sua esposa. No caso, a excitação sentida com o contato fez com que projetasse seu
desejo em sua esposa e tivesse um falso Insight, ou seja, uma experiência delirante.
 Nesse sentido, o Insight é da mesma categoria que a vivência delirante, só que se situa
no outro extremo. Ambos modificam uma ideia do indivíduo sobre si e sobre a
realidade. A diferença é que a experiência delirante constrói uma teoria e o Insight a
destrói.

O Insight dinâmico

 Como se classifica o Insight? A classificação mais típica, é a que divide o Insight entre
intelectual e emocional.
 Os defensores desta divisão consideram que o verdadeiro Insight é o emocional. Como
veremos, isso pode ser questionado.
 Segundo Reid e Finesinger a classificação do Insight emocional e intelectual é falha em
sua base. Pois o próprio conceito de Insight implica um processo cognitico, intelectual.
Portanto, não há Insight que não seja intelectual.
 Os autores apontam a diferença no que diz respeito a relação do Insight com a
emoção.
 Todo Insight seria então cognitivo, mas alguns estariam também ligados à emoção. O
verdadeiro Insight seria aquele no qual o sujeito se dá conta de um fato psicológico que
provoca uma resposta emocional. Os autores chamam este Insight de dinâmico, pois
neste caso um conhecimento penetra a barreira do recalcamento, fazendo com que o
ego se dê conta de algo até então inconsciente.
 Outro autor, Richfield retoma o tema dois anos depois. Este autor propõe uma nova
classificação. Ele parte da teoria das definições de Bertrand Russel, que são de dois
tipos: de palavra a palavra e de palavra a coisa. As primeiras são as definições verbais,
abstratas. As definições que possuem relação direta entre palavra e coisa são
chamadas de ostensivas; pois são concretamente demonstradas. O cego não pode
alcançar uma definição ostensiva da cor, por exemplo.
 Portanto, conhecemos de 2 formas: por definição verbal, que nos oferece um
conhecimento por descrição, indireto, abstrato; e por definições ostensivas, que nos
dão um conhecimento direto, por familiaridade.
 Aplicando esses conceitos ao Insight, dizemos que quando compreendemos os
fenômenos psicológicos inconscientes, há Insight descritivo, ou verbal. Quando uma
pessoa sente no Insight um contato direto com a situação há o Insight ostensivo.

O conceito de elaboração

 Freud introduziu o conceito de elaboração em um texto de 1914, “Recordar, repetir e


elaborar”.
 Freud diz que a resistência tem que ser elaborada para que o paciente sinta, por
exemplo, uma interpretação que já aceitou intelectualmente. Ou seja, em sua definição
inicial a elaboração consiste em eliminar a resistência para que uma compreensão até
então puramente intelectual possa ser ligada ao afeto que lhe pertence.
 O analista pode dizer a um paciente que ele rivaliza com seus colegas de trabalho,
assim como rivalizava com seus irmãos. O paciente pode aceitar, mas pode levar um
longo processo de elaboração até que sinta isso de fato e remeta à sua infância.
o Dar exemplo de como proceder quando o paciente tenta projetar esta
percepção no analista transformando-a num desejo deste de que ele pense
assim, e não próprio.
 Desde a primeira interpretação, até o paciente realmente sentir e ser afetado
emocionalmente pode levar um longo período de elaboração.
 No final do texto de 1914, Freud diz que a elaboração é a herdeira da ab-reação.

Insight e elaboração
 A ideia de que o papel da psicanálise é dar ao paciente um maior conhecimento de si
mesmo continua sendo verdadeira.
 A palavra Insight descreve o momento no qual o conhecimento é adquirido.
 Em 1914, Freud considera como elaboração o processo que vai desde o momento em
que o paciente toma conhecimento de algo que o analista lhe comunica, até o
momento no qual aceita e entenda, com significado emocional, aquele que havia sido
dito.
 Embora Freud não coloque termos, poderíamos dizer que a elaboração é o processo
que vai desde o insight descritivo (momento que recebe a informação do analista) até
o insight ostensivo (depois que as resistências foram vencidas e o conteúdo foi aceito e
inserido em uma rede de significados.

A outra fase da elaboração


 Mas a elaboração tem ainda uma segunda fase.
 A primeira fase vai do insight descritivo ao ostensivo, por meio da superação das
resistências.
 Ou seja, o insight passa da palavra ao ato e o paciente entra em contato com um
conteúdo emocional.
 Mas exatamente nesse ponto tem início uma nova fase da elaboração; pois o insight,
além de liberar conteúdos emocionais, precisará ser integrado ainda em um amplo
conjunto de representações.
 Em outras palavras, o insight ostensivo permite a vivência da experiência, e esta, a
partir de então, terá que se revestir de palavras.
 Há, portanto, um contínuo processo de elaboração, com pequenas ou grandes crises
que chamamos de insight.
 Há uma diferença essencial entre ab-relação e elaboração. Diferentemente do método
catártico, a psicanálise não depende da descarga de uma quantidade de excitação, mas
da mudança dinâmica e estrutural que vai das palavras ao fato, ou seja, do insight
descritivo ao ostensivo; e, depois, em uma segunda fase, do ostensivo ao descritivo.
 Este segundo passo é fundamental, e é o que diferencia a elaboração da ab-relação.
Apenas a descarga não é suficiente. O insight tem que ser descrito e integrado, ou seja,
a elaboração não para.
 Isso explica o motivo pelo qual alguns autores pensam que a laboração precede o
insight e outros que ela o sucede.

Working out e working through

 Laplanche e Pontalis separam elaboração psíquica de perlaboração. A elaboração


psíquica é entendida como sinônimo da ideia de um trabalho psíquico. Está
fundamentada na ideia de Freud de que o funcionamento psíquico tem a tarefa de
controlar, manejar, ligar a energia psíquica.
 Por exemplo, nas neuroses atuais há falta de elaboração psíquica, ou, de síntese.
 A perlaboração, ou reelaboração, tem um sentido mais restrito e se refere aos
processos de elaboração realizados no tratamento psicanalítico.
 Da mesma forma Joyce Mcdougall separa working out (elaboração psíquica) de
working through (perlaboração). A autora utiliza os conceitos não apenas ao
analisando, mas também ao analista.

O insight e a posição depressiva infantil

 Quase todos os autores concordam em comparar a elaboração com um processo de


luto. Acreditam, que como o luto, a elaboração é cumprida em um processo de
trabalho. Melanie Klein apoia esta ideia.
 Para Melanie Klein o insight se daria de alguma maneira em um processo que caminha
na direção da posição depressiva, que é um momento de integrar a ambivalência, e
que demanda sentimentos de perda: da perfeição, da onipotência. O insight resulta da
integração do ego, que caracteriza a posição de pressiva.
 A dor depressiva é a condição necessária do insight da realidade psíquica que, por sua
vez, contribui para uma melhor compreensão do mundo externo. À medida que o
insight muda a atitude do indivíduo frente ao objeto, aumenta seu amor e
responsabilidade.
 Segundo Hanna Segal, o insight integra as partes clivadas do ego e transforma a
onipotência em conhecimento. Além disso ela considera que o insight é a incorporação
de experiências passadas.
O insight e as linhas de desenvolvimento

 Alguns seguidores de Anna Freud estudaram o insight em relação ao desenvolvimento


infantil.
 Estes autores diferenciam auto-observação de insight. A auto observação é um
requisito ao insight, mas nem sempre leva a ele.
 O bebê, regido pelo processo primário, não pode ter insight.
 Até aproximadamente os sete anos a criança é egocêntrica do ponto de vista cognitivo.
Se pensarmos que o insight depende da função integradora do ego, podemos dizer que
a criança da primeira infância e do perído de latência não alcançam um insight nos
mesmos moldes de um adulto.
 No período de latência a criança tem capacidade para o insight; embora a forte
repressão dos instintos atue contra a obtenção do insight e o torne pouco provável.
 O adolescente, apesar de ser muito reflexivo, fica certamente aterrorizado por seus
desejos sexuais e agressivos, de modo que luta intensamente contra o reconhecimento
de seus conflitos.
 Apenas no adulto a auto-observação leva ao desejo de conhecer a si mesmo.

Metapsicologia do insight

Insight e processo mental pré-consciente

 Kris, autor que segue as linhas da psicologia do ego, apresenta uma importante
contribuição ao estudo da elaboração. A elaboração consiste na reorganização das
cargas e conteúdos no sistema pré-consciente. Estes conteudos, reorganizados, ficam
disponíveis no sistema pré-conscientes para, em algum momento, surgirem
subitamente na forma de insight.
 O autor dá como exemplo, algumas consultas que se iniciam em uma atmosfera de
pessimismo, frieza, conteúdos desconexos e pouca emoção; nessas sessões a
transferência tem um sinal hostil e o ambiente é de derrota. No fim, como que do
nada, todo o conteúdo parece se unir em torno de uma interpretação que clarifica
tudo.
 Para o autor esta elaboração provem das funções integradoras do ego, da mente pré-
consciente. Todo o trabalho de várias sessões foi se organizando no pré-consciente, e
surge de repente.
 Portanto, o autor chama de elaboração o processo que reorganiza, no nível do sistema
pré-consciente, as cargas do inconsciente.
 O insight que surge de repente, como na sessão narrada, é fruto deste trabalho de
elaboração que foi liberando cargas do inconsciente, do material recalcado, colocando-
as à disposição do processo secundário.
 Segundo o autor o verdadeiro insight é este que surge após um período, às vezes
longo, de elaboração; sendo que existe o falso insight, que é caracterizando por ser
rápido demais, sem este árduo trabalhado prévio.
 A função deste insight é principalmente seduzir o analista, ganhar o seu amor. Este
insight falso dura pouco, e com certeza é perdido se a transferência positiva dá lugar à
transferência negativa.
 Existe um segundo tipo de falso insight. É um insight que tem como motor um desejo
de não depender do analista, ou de competir com ele com o recurso da auto análise.
Ele serve para contrariar o analista. Não há eficácia neste tipo de insight, pois a
finalidade não é a busca por conhecimento, mas mostrar para o analista que se sabe
mais que ele, que se interpreta melhor que ele.
 Há ainda um terceiro tipo de falso insight, que acontece quando o paciente se utiliza de
um único insight, este verdadeiro, para simplificar tudo e fugir de outras realidades.
 “Em resumo há três tipos de sessão satisfatória enganosa e outros tantos tipos de falso
insight: um que tem a ver com a transferência positiva e tenta agradar o analista;
outro, com a transferência negativa de ir contra ele; o terceiro é uma forma de aplicar
o método psicanalítico mecanicamente quando, a partir de um só fato (que pode ser
real), pretende-se dar conta de todos os problemas. Nos três casos, o desejo de
compreender não é autêntico, fica subordinado aos afetos que dominam a
transferência. O vínculo é L, H ou menos K, mas não K – diria Bion (1962b)”.
 É claro que na prática os insights nunca são puros e é difícil fazer uma distinção de
forma radical. Nem sempre é fácil distinguir um insight do outro.
 A maior parte do tratamento ocorre na obscuridade diz o autor. De tempos, a análise é
iluminada pelo insight. Muitas vezes o paciente não se dá conta do caminho
percorrido.
 Quando o insight é verdadeiro ele gera resultados imediatos. Mudanças
comportamentais e novos repertórios de condutas ocorrem. Por exemplo: passa a
tolerar mais os defeitos dos outros; sente-se menos perseguido; etc.
 Uma vez instalado o insight promove mudanças estruturais e duradouras.
 Há sempre também um envolvimento emocional no insight verdadeiro.
 De acordo com Gnimberg, Langer, Libermar e os Rodrigué (1966b) não há divisão
taxativa entre insight e elaboração. O insight é um momento específico do processo de
elaboração.
 Gnimberg diz que a elaboração pode ser comparada ao processo de luto, pois requer
tempo, é lenta e penosa.

Insight e conhecimento científico

 A investigação científica consiste em por à prova teorias.


 O paciente possui algumas teorias sobre si mesmo. Muitas delas estão amparadas em
fantasias, e não na realidade. Conforme o tratamento avança, estas falsas teorias serão
refutadas e trocadas por outras mais adaptadas à realidade.
 O motivo pelo qual as teorias equivocadas são difíceis de serem abandonadas é
porque, em geral, as teorias mais adaptadas envolvem perda de onipotência.
 O processo é semelhante àquele que se dá no desenvolvimento cientifico. Quando a
teoria é refutada, o insight aparece e surge um novo conhecimento. O insight é uma
nova conexão de significado.
 Perder uma teoria pode ser um momento de solidão, principalmente porque envolve a
perda da onipotência.
 Mas a quebra da onipotência é o preço que se paga pela maturidade, ou, para se
alcançar a posição depressiva.
 “O insight como tomada de consciência implica o abandono de determinadas
hipóteses explicativas que até esse momento nos haviam sido úteis, ou ao menor
confortadoras e satisfatórias, e isso é acompanhado, necessariamente, de um luto,
pequeno ou grande, por uma concepção da vida, com seu efeito lógico de dor”.
 Às vezes, a construção da nova teoria se segue ao insight mas na maioria das vezes é
necessário ainda um processo de construção, e o paciente, apesar de já usufruir em
alguma medida, de novos comportamentos, pode sofrer com uma situação na qual já
não pode contar com a teoria antiga mas ainda não tem todo suporte de uma nova
teoria. O sentimento de luto nessas situações é um pouco maior, e a ele se soma o
desamparo.

Algumas precisões sobre o insight e o afeto

 Como foi visto, o momento do insight ostensivo é necessariamente um momento


afetivo. Em primeiro lugar pelo luto e sentimento de perda já descritos, mas não só por
isso; existem ainda outras emoções envolvidas, como por exemplo, a gratidão, a
esperança, a alegria, o desejo de reparar, a preocupação com o outro.
 Quando o insight se transforma totalmente em uma nova teoria, ele já está desprovido
de afeto.
 Não se deve valorizar mais o insight emocional do que o intelectual, ambos têm sua
função. O insight ostensivo e o descritivo fazem de um mesmo processo, e apenas
estão inseridos em momentos distintos.

Insight espontâneo

 Seria o insight um processo especificamente analítico? Apenas possível em uma sessão


de análise?
 Etchegoyen acredita que não. Segundo ele, para um indivíduo procurar terapia, por
exemplo, é preciso que tenha tido um insight, que pode ser inclusive o mais valioso de
todos.
 É certo que o insight analítico oferece a melhor condição para se adquirir insight; ele é
feito para isso, e a relação transferencial facilita este acontecimento.
 Mas isso não significa que não possa ocorrer insight fora do campo analítico. Será mais
difícil e talvez menos consistente, mas não impossível.
 Bion diz que todo indivíduo possui uma função psicanalítica da personalidade. O papel
da psicanálise é desenvolver esta função.
 O insight analítico não é superior ao espontâneo. A pessoa analisada não é superior a
outra. Ela apenas tem mais possibilidades de crescer mentalmente. Ou seja, uma
pessoa analisada será sempre melhor que ela mesma seria sem análise, mas não
melhor que o outro.

Caso clínico
 Paciente veio a análise com uma teoria. Se dava mal com sua irmã pois esta era
egoísta. Essa irmã havia nascido quando a paciente tinha 15 meses. A teoria
alternativa, do analista, era que, independente de a irmã ser ou não egoísta, elas se
davam mal porque do ponto de vista da paciente, o nascimento da irmã havia lhe
tirado grande parte do contato com a mãe.
 De início esta teoria foi negada, e a paciente afirmava jamais ter sentido ciúmes.
Conforme a paciente começou a sentir ciúmes dos familiares da analista, de seus
pacientes, a teoria foi finalmente aceita e trocada por outra, a de que seus problemas
se deviam ao fato de sua mãe ter lhe abandonado após o nascimento da irmã.
 A teoria nova chegou a paralisar a análise, como no terceiro tipo de falso insight, pois
esta passou a ser a verdade, toda a verdade, a única verdade.
 Quando o analista foi nomeado para ocupar um novo trabalho, ela ficou sabendo e
concluiu que ele não a atenderia mais. Mas o analista conseguiu conciliar, e ela sentiu
inveja dele por isso. Esta inveja foi remetida à sua relação com a mãe. Ela não apenas
sentia ódio por ter que dividir sua mãe, mas a inveja por esta ter sido capaz de cuidar
das duas filhas.
 Esta teoria também foi rechaçada de início e aceita por fim.
 Por fim, acabou aceitando que teve uma mãe suficientemente boa.
 “Tal como o descrevemos, o momento de insight ostensivo não pode senão ser
acompanhado de uma situação de luto, de perda, de orfandade: o objeto não está ali,
a teoria falhou, caiu minha onipotência, sou mais culpado do que acreditava. Contudo,
no mesmo momento em que assumi esse luto, dou-me conta de que a análise pode
oferecer-me um conhecimento que eu não tinha e uma vida melhor; então, brota a
esperança”.
 É por isso que a dor depressiva é uma condição necessária do insight. Mas após a dor,
há um sentimento de paz interior, seguido de alegria e esperança.
 Por fim, é importante destacar a importância da introjeção no processo de aquisição
do insight. O paciente não recebe e introjeta do analista apenas as novas teorias que
lhe são propostas, mas também a própria função analítica, o que permite o tipo de
concatenação necessário entre as experiências internas e consequentemente o insight.
Bion diria que o paciente internaliza a função alfa.

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