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Bibliografia
A palavra inglesa insight é composta por um prefixo “in” que quer dizer interno,
dentro, e “sight” que quer dizer vista, visão. Literalmente, visão interna. Ou, para além
da superfície.
O dicionário diz que é o poder de ver com a mente dentro das coisas, e também a
apreciação súbita da solução de um problema. Ou seja, insight significa conhecimento
novo e penetrante.
Que extensão devemos dar à palavra insight em psicanálise?
Em sua ampla definição insight é um conhecimento novo. Neste caso, pode referir-se
tanto a fatores internos quanto externos. O insight seria o momento que a novidade é
adquirida, esse momento de criação.
Nesse sentido amplo, a palavra pertence, ainda, à linguagem comum: e não teórica.
Ao referir-se a sua descoberta sobre os sonhos, Freud disse que um insight desta
natureza só se tem uma vez na vida.
No mesmo sentido, Melanie Klein disse que a análise de várias crianças pequenas lhe
permitiu ter um insight sobre o papel da oralidade no desenvolvimento infantil.
Eles se referem ao momento no qual adquiriram um conhecimento científico, que
pertence ao mundo e não ao sujeito.
Mas a palavra insight só adquire um valor teórico quando utilizada em sentido restrito,
ou seja, quando se refere a um novo conhecimento sobre si mesmo no processo de
análise.
Portanto, nem todo conhecimento novo é um insight, mas apenas aquele que, como
resultado da análise, cumpre o postulado Freudiano de tornar consciente o
inconsciente.
Nesse sentido, não é correto dizer que o analista teve insight quando adquire um novo
conhecimento que corresponde a seu paciente. O analista só pode ter insight de sua
contratransferência.
Insight é, pois, o processo através do qual alcançamos uma visão nova e diferente de
nós mesmos.
Ou seja, temos que honrar o prefixo “in”, pois insight é um conhecimento de nós
mesmos.
Insight e Elaboração
O Insight dinâmico
Como se classifica o Insight? A classificação mais típica, é a que divide o Insight entre
intelectual e emocional.
Os defensores desta divisão consideram que o verdadeiro Insight é o emocional. Como
veremos, isso pode ser questionado.
Segundo Reid e Finesinger a classificação do Insight emocional e intelectual é falha em
sua base. Pois o próprio conceito de Insight implica um processo cognitico, intelectual.
Portanto, não há Insight que não seja intelectual.
Os autores apontam a diferença no que diz respeito a relação do Insight com a
emoção.
Todo Insight seria então cognitivo, mas alguns estariam também ligados à emoção. O
verdadeiro Insight seria aquele no qual o sujeito se dá conta de um fato psicológico que
provoca uma resposta emocional. Os autores chamam este Insight de dinâmico, pois
neste caso um conhecimento penetra a barreira do recalcamento, fazendo com que o
ego se dê conta de algo até então inconsciente.
Outro autor, Richfield retoma o tema dois anos depois. Este autor propõe uma nova
classificação. Ele parte da teoria das definições de Bertrand Russel, que são de dois
tipos: de palavra a palavra e de palavra a coisa. As primeiras são as definições verbais,
abstratas. As definições que possuem relação direta entre palavra e coisa são
chamadas de ostensivas; pois são concretamente demonstradas. O cego não pode
alcançar uma definição ostensiva da cor, por exemplo.
Portanto, conhecemos de 2 formas: por definição verbal, que nos oferece um
conhecimento por descrição, indireto, abstrato; e por definições ostensivas, que nos
dão um conhecimento direto, por familiaridade.
Aplicando esses conceitos ao Insight, dizemos que quando compreendemos os
fenômenos psicológicos inconscientes, há Insight descritivo, ou verbal. Quando uma
pessoa sente no Insight um contato direto com a situação há o Insight ostensivo.
O conceito de elaboração
Insight e elaboração
A ideia de que o papel da psicanálise é dar ao paciente um maior conhecimento de si
mesmo continua sendo verdadeira.
A palavra Insight descreve o momento no qual o conhecimento é adquirido.
Em 1914, Freud considera como elaboração o processo que vai desde o momento em
que o paciente toma conhecimento de algo que o analista lhe comunica, até o
momento no qual aceita e entenda, com significado emocional, aquele que havia sido
dito.
Embora Freud não coloque termos, poderíamos dizer que a elaboração é o processo
que vai desde o insight descritivo (momento que recebe a informação do analista) até
o insight ostensivo (depois que as resistências foram vencidas e o conteúdo foi aceito e
inserido em uma rede de significados.
Metapsicologia do insight
Kris, autor que segue as linhas da psicologia do ego, apresenta uma importante
contribuição ao estudo da elaboração. A elaboração consiste na reorganização das
cargas e conteúdos no sistema pré-consciente. Estes conteudos, reorganizados, ficam
disponíveis no sistema pré-conscientes para, em algum momento, surgirem
subitamente na forma de insight.
O autor dá como exemplo, algumas consultas que se iniciam em uma atmosfera de
pessimismo, frieza, conteúdos desconexos e pouca emoção; nessas sessões a
transferência tem um sinal hostil e o ambiente é de derrota. No fim, como que do
nada, todo o conteúdo parece se unir em torno de uma interpretação que clarifica
tudo.
Para o autor esta elaboração provem das funções integradoras do ego, da mente pré-
consciente. Todo o trabalho de várias sessões foi se organizando no pré-consciente, e
surge de repente.
Portanto, o autor chama de elaboração o processo que reorganiza, no nível do sistema
pré-consciente, as cargas do inconsciente.
O insight que surge de repente, como na sessão narrada, é fruto deste trabalho de
elaboração que foi liberando cargas do inconsciente, do material recalcado, colocando-
as à disposição do processo secundário.
Segundo o autor o verdadeiro insight é este que surge após um período, às vezes
longo, de elaboração; sendo que existe o falso insight, que é caracterizando por ser
rápido demais, sem este árduo trabalhado prévio.
A função deste insight é principalmente seduzir o analista, ganhar o seu amor. Este
insight falso dura pouco, e com certeza é perdido se a transferência positiva dá lugar à
transferência negativa.
Existe um segundo tipo de falso insight. É um insight que tem como motor um desejo
de não depender do analista, ou de competir com ele com o recurso da auto análise.
Ele serve para contrariar o analista. Não há eficácia neste tipo de insight, pois a
finalidade não é a busca por conhecimento, mas mostrar para o analista que se sabe
mais que ele, que se interpreta melhor que ele.
Há ainda um terceiro tipo de falso insight, que acontece quando o paciente se utiliza de
um único insight, este verdadeiro, para simplificar tudo e fugir de outras realidades.
“Em resumo há três tipos de sessão satisfatória enganosa e outros tantos tipos de falso
insight: um que tem a ver com a transferência positiva e tenta agradar o analista;
outro, com a transferência negativa de ir contra ele; o terceiro é uma forma de aplicar
o método psicanalítico mecanicamente quando, a partir de um só fato (que pode ser
real), pretende-se dar conta de todos os problemas. Nos três casos, o desejo de
compreender não é autêntico, fica subordinado aos afetos que dominam a
transferência. O vínculo é L, H ou menos K, mas não K – diria Bion (1962b)”.
É claro que na prática os insights nunca são puros e é difícil fazer uma distinção de
forma radical. Nem sempre é fácil distinguir um insight do outro.
A maior parte do tratamento ocorre na obscuridade diz o autor. De tempos, a análise é
iluminada pelo insight. Muitas vezes o paciente não se dá conta do caminho
percorrido.
Quando o insight é verdadeiro ele gera resultados imediatos. Mudanças
comportamentais e novos repertórios de condutas ocorrem. Por exemplo: passa a
tolerar mais os defeitos dos outros; sente-se menos perseguido; etc.
Uma vez instalado o insight promove mudanças estruturais e duradouras.
Há sempre também um envolvimento emocional no insight verdadeiro.
De acordo com Gnimberg, Langer, Libermar e os Rodrigué (1966b) não há divisão
taxativa entre insight e elaboração. O insight é um momento específico do processo de
elaboração.
Gnimberg diz que a elaboração pode ser comparada ao processo de luto, pois requer
tempo, é lenta e penosa.
Insight espontâneo
Caso clínico
Paciente veio a análise com uma teoria. Se dava mal com sua irmã pois esta era
egoísta. Essa irmã havia nascido quando a paciente tinha 15 meses. A teoria
alternativa, do analista, era que, independente de a irmã ser ou não egoísta, elas se
davam mal porque do ponto de vista da paciente, o nascimento da irmã havia lhe
tirado grande parte do contato com a mãe.
De início esta teoria foi negada, e a paciente afirmava jamais ter sentido ciúmes.
Conforme a paciente começou a sentir ciúmes dos familiares da analista, de seus
pacientes, a teoria foi finalmente aceita e trocada por outra, a de que seus problemas
se deviam ao fato de sua mãe ter lhe abandonado após o nascimento da irmã.
A teoria nova chegou a paralisar a análise, como no terceiro tipo de falso insight, pois
esta passou a ser a verdade, toda a verdade, a única verdade.
Quando o analista foi nomeado para ocupar um novo trabalho, ela ficou sabendo e
concluiu que ele não a atenderia mais. Mas o analista conseguiu conciliar, e ela sentiu
inveja dele por isso. Esta inveja foi remetida à sua relação com a mãe. Ela não apenas
sentia ódio por ter que dividir sua mãe, mas a inveja por esta ter sido capaz de cuidar
das duas filhas.
Esta teoria também foi rechaçada de início e aceita por fim.
Por fim, acabou aceitando que teve uma mãe suficientemente boa.
“Tal como o descrevemos, o momento de insight ostensivo não pode senão ser
acompanhado de uma situação de luto, de perda, de orfandade: o objeto não está ali,
a teoria falhou, caiu minha onipotência, sou mais culpado do que acreditava. Contudo,
no mesmo momento em que assumi esse luto, dou-me conta de que a análise pode
oferecer-me um conhecimento que eu não tinha e uma vida melhor; então, brota a
esperança”.
É por isso que a dor depressiva é uma condição necessária do insight. Mas após a dor,
há um sentimento de paz interior, seguido de alegria e esperança.
Por fim, é importante destacar a importância da introjeção no processo de aquisição
do insight. O paciente não recebe e introjeta do analista apenas as novas teorias que
lhe são propostas, mas também a própria função analítica, o que permite o tipo de
concatenação necessário entre as experiências internas e consequentemente o insight.
Bion diria que o paciente internaliza a função alfa.