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Conversa com Vovó Cambinda do Cruzeiro das Almas, em 29/06/2018.

- Mas vovó... às vezes acho que não sou daqui.


- E você não é daí, mia fia. Você é de mais de um lugar. Você é daí e daqui, só está aí.
- E por que eu tenho a sensação de que estou mais perto da morte, volta e meia?
- Porque você está mais perto de Deus. A morte, se vocês olharem só do ponto de vista da vida na
Terra, é algo bem diferente do que ela realmente é. Essa sensação, mia fia, é, como já disseram,
“saudade de Deus”.
- E por que as pessoas julgam tanto umas às outras? Por que ainda tenho feridas que demoram tanto a
cicatrizar? Por que ainda tenho na alma aquela menina que me chamou de ridícula quando eu apenas
queria ajudar?
- Porque você acreditou, fia. Você acreditou no que ela disse.

A história:
Eu era engajada em diversas atividades na Igreja Católica. Entre elas, evangelização de jovens. Estava em
uma atividade com o violão, cantando e envolvendo crianças (ainda que eu também fosse uma criança...
eu tinha 12 anos...). Eram inúmeras crianças, de 9 a 10 anos, em uma roda. A atividade consistia em
cantar e dançar. A letra falava de Deus e de como devemos nos comportar diante da vida.
Uma “amiga” minha veio ao meu encontro assim que eu saí da roda e me perguntou: “Como você não vê
o quanto está sendo ridícula? Por que você quer aparecer?”. Ela era mais velha, deveria ter uns 15 anos.
Mesmo assim, todos ali éramos crianças.
Aquilo me magoou profundamente, fui para o banheiro chorando. E, mais que isso, essa fala me
acompanhou toda a vida. É como se ela tivesse revelado algo que eu não soubesse sobre mim. Eu repetia
enquanto chorava: “Eu não sabia que estava sendo ridícula. Eu não sabia que estava aparecendo.” Foi
como se o mundo inteiro estivesse, a partir dali, apontando o dedo para cada ato meu.

Refletindo, hoje, vejo que deixar crianças “soltas” em qualquer trabalho que envolva pessoas (não apenas
relacionados à religião, mas qualquer um) pode ser algo perigoso.

Houve outros fatos semelhantes, em que pessoas me disseram que eu queria aparecer ou algo do tipo. Isso
aconteceu com frequência (ao menos a ponto de marcar na minha memória) até os 13 anos, idade em que
fui confrontada por uma outra amiga, essa que realmente se preocupava comigo, que me avisou que eu
não percebia que todos estavam me ridicularizando. Que as pessoas riam quando eu passava.

Hoje sei que era porque tenho dificuldades em compreender ironia, pois na maior parte do tempo entendo
tudo de forma literal, o que me fazia falar também de forma literal e extremamente sincera, gerando
desafetos. Na época, ninguém discutia TDAH, Asperger e afins. No máximo, você tinha disritmia (e eu
fui diagnosticada dessa forma, no grau 6, seja lá o que isso quer dizer).
Fiz terapia algumas vezes e, em todas elas, os psicólogos falaram da inveja das outras pessoas.

Fato é que, até hoje, não consigo me desvencilhar de um comportamento defensivo em relação às pessoas,
sempre buscando analisar tudo e todos, pois pode acontecer de alguém querer me ferir e eu simplesmente
não perceber. Isso quando eu me relaciono, pois o mais comum é que eu não conviva com muitas pessoas.

Além disso, me questiono o tempo todo sobre minhas atitudes, se estou realmente fazendo algo certo,
algo que não seja apenas por mim.

A conversa com a Vovó Cambinda, aqui, é mais uma tentativa da espiritualidade de retirar essa mágoa. O
conselho de nossos queridos velhinhos está em sair desse centro, desse círculo vicioso, em que me
fizeram olhar apenas para mim e para o que achavam de mim e voltar a olhar para fora, para o outro.
Vovó Cambinda me leva de volta àquela roda para ver o sorriso das crianças, que brincavam, pulavam e
dançavam e descobriam um Deus de alegria.

Obrigada, Vovó!
Estou me esforçando!

Um dia eu aprendo!
Adorei as almas!

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