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“batalhão perdido de debatedores platônicos saltando dos gradis das escadas de emergência
rolando feliz.
E era das noites de exceção que ela gostaria de lembrar agora, com exatidão.
que é o amor.
dentes brancos
cara lívida
Eu mesma me decreto
um simulacro de vida
Uma vocação de casa, escola, analista, vestidos, tinta de cabelo, cinema, academia e olhe
aquele sapato.
e o cacete do poema
Eu mesma tergiverso
Quantas mortes nos trilhos do trem da indiferença fazemos com nosso assentir?
Eu mesma me despeço
te amasso
da futileza
Essa gente que ejacula poesia antes que se torne a epopeia de nomes, mercado, vinho ruim
Para saber de mim é só perceber que: antes de tudo, sempre, ontem, até amanhã e só
enquanto vivemos, agora, neste instante, em qualquer que seja lido: acontece um incêndio.
Descaso, criminal, por cigarro, por karma, por curto-circuito, para caber num escrito,
Enquanto te olho e você recolhe aquele papel no chão e por ignorar em alguma parte do
mundoeste, pelas asas da borboleta da fábula ruim, pela sua tatuagem que você ensaia fazer
há dez anos.
Essa guerra do oxigênio que significa retirar sempre a mão, a pele, o olho.
Já pensou que um incêndio só acontece porque quase tudo é de fato feito de epidermes?
Você me pergunta: para quê fatalista e urgente? Eu imagino que sei do mundo. É apenas
porque eu acho das coisas que perduram: elas precisam queimar somente para que, enfim,
Segundo dia: a mão com a qual nas suas costas, no meio da noite
cortada em medo.
em fatias.
Oração dos Amantes Platônicos
Vou fazer uma oração porque quero saber de Deus e de você. Como quero ser teológica,
vou falar antes de Deus e me referir a ele com maiúsculas. Vou falar antes de Deus, porque
quero ser obediente desse amor a Ele antes de todas as coisas. Se bem que você não é
apenas coisa. Antes desta oração terminar você ainda é coisa, até literário este mandamento
da forma que foi traduzido: amar sobre todas as coisas, sendo todo o resto coisas, então
Somente antes da oração você é simplesmente coisa, porque para isso serve esta oração,
para transmutação.
contemporâneo.
Quero-o deitado antes de mim na cama, sem lamúrias ser sua e dentro de mim ter o
verdadeiro díspar, ser disparidades, poros abertos, cabelos que encrespam dias difíceis e
sofrimento – que Deus seja o apaziguador – e potente para que à sombra dEle o dia seja
apenas um dia_a noite uma noite – e espero ter, ao contrário do que tenho tido_mais
coragem de dia do que à noite – como nós, imbecis, tememos mais as margens dilatadas,
Deus: que nosso dia seja nosso irmão e que pertençamos à mesma natureza, eu, o dia e
Você.
Depois de querer ser apenas da mesma matéria que Deus.
O que tenho tido por você é o desejo de saber_quero saber quem é você_esse “quem” em
Como você dorme à noite? De camiseta branca e uma leve bermuda de algodão.
desprende de seus cosméticos. O horário do banho? Seu café é forte. Açucarado. Uma vez
me confessou que não comia gordura – fiquei feliz com esse pormenor como a um presente
E como seria logo após se apaixonar por mim? E aonde poríamos as mãos?
Confesso que não sei aonde por as mãos e os acentos. Qual de nós começará a começar?
Comece.
Insone
Meu desejo é esse cego bailarino que insiste em não andar nas pontas dos pés.
Meu desejo é uma carta com um só remetente, e esse nunca está em casa.
Meu desejo é uma bateria. Um solo qualquer de bateria em qualquer música descompassada
de jazz improvisado. Meu desejo é novo em folha. E entorna-se perante seus olhos.
viro eternidade
pra sempre
Sinto uma Não-dor Física
sinto euforia nos dedos. se eu fosse asmática inalaria cidreira em meio ao vapor.
meus órgãos todos pressentem a vida, como uma celebração em secreções novas
células em glórias
profusão de mim
deve ser porque não fumo há uma semana e não bebo há dias.
deve ser porque hoje é sexta. porque tenho medos. ou porque os perdi.
Primícias ao Inferno
E entrou no puteiro.
Anelize era tão velha para um puteiro quanto seus 32 anos poderiam suportar.
E acabou sendo cozinheira, depois fazia drinques, depois virou assessora de notícias do
puteiro.
Fresquinhas.
sol que nos arde nas entranhas encarrega-se de dissuadir o sol oficial.
O lá de fora.
As lagartas estavam
Aquela minha cidade que é uma ilha e tem todos os lugares diminutivos para caberem nesta
Vejo você trazendo suco e só assim tem direito de estar lendo agora sobre os meus ombros
os parágrafos anteriores.
Aliás,
a pergunta e o perguntador.
As novidades.
Arroz, feijão, farofa, fritas e dois tomates que devem ter sido cortados
pela manhã,
E filé de alcatra
vinagrete.
Ponho na boca.
E mastigo.
Em dado momento
R$ 6,10.
Ódio é uma coisa que você segura bem no cantinho de algum lugar seu.
toda vez em que vivo não escrevo se apenas me ponho a escrever: não vivo.
pinçando frases
pinças velhas
felicidade fácil
eu te amo
250 cervejas
na esquerda
retratos coloridos de um fausto terror para onde correm montmartre todos os mendigos
amor eu amo e me espalho entre amores entre os lugares todos sempre há este resto de
pedaços
me espalho
Missiva para ninguém e para todos.
O escritor se mantém inteiro dentro dele neste pacto com sua própria morte,
porque ele sabe que vai sobreviver às traças, agora que inventaram os chips.
Qualquer uma.
Mas o escritor,
Logo mais,
Assim,
É negra e dentro dela mora um gato que vive num telhado com chuva.
Chove sempre lá e a mulher por isso vive com os cabelos molhados e parece ter saído do
banho agora
e sempre.
Mas ela também tem Sabino, Parker, João Antonio e todo o resto.
Em dias em que ela se sabe a Mulher Mais Feia da Cidade, ela entra lá,
se encolhe num dos livros e bebe sozinha as letrinhas todas enrugadas da vida que rouba
dos livros.
Palavras solúveis.
Quero que ela fique e tenho de contar a ela o quanto ela é linda e cálida
como suicídios.
Um conclusão da dor.
Ele com seu andar magro e sua barba que escava o ar abaixo de seu queixo.
e lavada
Eu sorri.
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há café árabe no Amyr com borra que suja os dentes dos amantes
no mesmo saco
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Ele consegue dirigir e olhar meus pés. Eles estão sujos. Ele diz. Cheios de craca. Ele diz.
Meia hora depois no tal motel da Glória. Ele lambe meus dedos um a um.
durmo com essa oração e juro que dela não acho palavra.
ela miscigena termos de um pai-nosso com palavras soltas que falam juntas sem acentos e
certas palavras que nem existem, umas que eu apenas sinto e não se trata de Joyce.
o amor certas orações e qualquer tentativa de sair do chulo e tocar com dedos
bem suaves unhas feito curtas e muita candura o sagrado é assim: no escuro.
mesmo que as luzes daquele motel na gloria entrem, mesmo que os faróis de nossa
Quem foi que inventou essas mentiras que a gente fala um pro outro?
Quem foi que cortou as fitas amarelas e pretas ao redor das observações funestas que
dizemos um ao outro?
E se reproduzem só de encostar.
Cinco gotas de adoçante versus cinco colheres de açúcar o que acaba sendo tão difícil de
Quem derramou shampoo de menos, sem lembrar dos outros 120.000 fios de cabelo, são
fios demais para ignorar, ainda na água fria para não torná-los opacos, a água fria do banho
tomado só.
ao som de Brubeck.
Luzir.
Assovie ao caminhar,
sem óculos escuros, num dia em que o sol franza sua testa.
Se trancar palavras na mão elas morrem, como pássaros antes quentes borbulhando o ruído
de suas penas.
Escapista eu?
buracos no nariz,
transparente de um adorno que só pontua, que não protege do vento, nem da chuva, nem do
sol. O seu amor era uma beirada de vidro que não abraçava.
Mando notícias de mim, em tempo real.
mas elas podem ser delicadas com você, nos seus óculos escuros.
Você ainda poderá sentir o vento. E o vento desses dias de março
E descobrir coisas geladas pequenas como um picolé Itália. Dois por 1,20.
E tomar água mineral com gás nesta Av. Atlântica, é um programa extra-sensorial.
As coisas todas poderão esperar por você, elas me dizem que concordam.
E eu penso como deve ser acordar todos os dias, estender um pano qualquer
Criança.
Há tempo.
E o tempo é apenas a convenção da pele, dos tecidos e de nossa perecebilidade.
estragou: a felicidade
em ironias de tias
recomece.
quero decretar a graça
Hematopoético
declaro alergia.
metaforizo tudo.
tomo ferro.
tenho anemia
você jura que não corre e nem vai achar que eu quero te colocar num:
assustadora, criança, previsível, tão lugar comum quanto este poema e etc, etc, etc.
eu te daria adjetivos:
feriado, copo de água, band aid da alma, mercurial, Graal, na sua
Antimemória
Mas, com o esquecimento, perdurarão apenas como a sombra de um quadro que existiu há
tempos.
Fim
E somos.
Somos todos calados, iniciados por travessões, antes da boca, no ar ao nosso redor.
Eles escutam, escoltados como dentre os dentes entre as folhas que me surgem, brancas ao
somos tanto e alguns sempre com aspas, desde que houve clarices, herbertos, carlos
Meu nome quer dizer amarga, mas quer dizer amar se mudarmos a ordem das sílabas.
Sou assim, dicotômica, paradoxo de pele e frases, paradigma de meu passado e o desejo de
meu futuro.
E me precipito no sim.
Instruções:
1) leia;
3) faça uma bolinha de papel e jogue, com esmero, no crânio do amado (a).
Seremos não a coisa em si, mas os desvãos, a luminosidade da possibilidade que antes de
ser, é.
Seremos substância por vezes opaca, transparente e com o devir do vermelho, fuga para o
ocre. A artéria que ainda não existe, globulando em células a pulsação futura.
Uma cor anterior e intermediária ao produto final que nunca terá e nem será final, a cor
Seremos sempre inocentes em nossas brigas, não brigaremos e nunca suaves demais pelo
Depois eu era:
Ele é lodoso, com tons de vermelho sangüíneo, dilacera a caixa onde cabem minhas
artérias, todas as veias. As veias são similares às artérias mas, porque elas transportam
sangue sob condições de baixas pressões, elas não são tão fortes como as artérias. Como as
artérias, as veias são compostas por três camadas: uma camada de tecido mais externa, uma
camada central muscular e a camada mais interna suave, formada por células endoteliais.
Seu rosto de oco é como eu o quero e quero tanto este seu ausente estar, que seco.
Desmaio.
Desmaio é uma forma de o cérebro requisitar mais sangue rico em oxigênio. Quando se
desmaia, a pessoa cai e permanece com o cérebro no mesmo nível do coração, facilitando
Devido à grande concentração de substâncias excretas, o sangue contido nas veias tem uma
coloração púrpura-escura. Porque as paredes das veias são finas, o sangue venoso (rico em
produtos de excreção) pode ser visível através da pele como uma cor azulada. Olhe para
Você provavelmente poderá ver seu sangue venoso sendo carregado de volta para o
coração.
Os homens deveriam todos andar bem devagar, como caubóis, clichês de propaganda de
cigarro, porque o homem que anda na chuva miúda com passos ainda mais miudinhos tem
O homem que anda com prazos apertados de passo a um e a outro me repugna, porque é o
Lento sempre e até quando anda depressa e quanto mais eu grito, mais você fala baixo.
Como é úmido e escuro e agradavelmente gélido o útero do cinema, quando saio dele tenho
algo a trazer, uma vida qualquer. E fora deste útero a rua, seu ar com substâncias metálicas
a ser aspiradas e os carros com seus cheiros carbônicos e o reflexo da lua numa poça velha
de lama e os asfaltos com suas listras amarelas e as pedrinhas onde realmente rola o mundo:
É dia. E um amor platônico é mais ou menos como seu pai negando-lhe aquele carrossel no
ingressos, aqueles chocolates numa revista dinamarquesa que sua tia trouxe do vôo. E antes
Neste sol de 12 horas, seu horário preferido para começar o trabalho, eu, eu peço muitas e
insinceras desculpas por saber que eu pensei tudo aquilo ontem à noite no meu quarto...que
diabos as crianças fazem mesmo quando se apaixonam? poucas puxam cabelos e guardam
vermouth é a bebida que tem menos calorias eu li numa revista feminina mas este é um
nobre sentir este de não ter a coisa vista à mão. Nobre nada. Se soubesses o que fazemos,
no pornô secreto exibido em salas de minha cabeça, contra a vontade você foi escalado para
o papel principal
Quando mais amor para outro menos amor para nós mesmos
Suavizado o intervalo
Entre este alternar de água quente e fria
Quando mais amor para o outro, menos amor para nós mesmos
Quanto mais amor para o outro menos amor para nós mesmos
Eu tenho uma vontade estranha desde que te quis. Eu quero habitar o intervalo abaixo da
Quando mais amor para outro mais amor para nós mesmos
Começo a entender.
Possessão
foi assim
os dias foram me lavando e eles escorregaram para um ralo qualquer. eles: serotonina e
endorfina.
posso gritar seu nome e cortar todos os meus 10 dedos para não mais tocar.
posso sumir por aí, flanar por uma Lapa morta e suja, ver vultos nas esquinas do Lido,
Norma, Clara, Suzana. Posso ser Zuleika. Ser uma Laika, ser um instantâneo.
posso ser um dia assim cheio de nuvens corvos e um frio particular esticado nos meus
novos ossos.
de me abandonar.
Posso dedilhar novas lorotas para parecer uma escrita, uma prosa, um qualquer subtítulo
novo de literatura.
Posso ser a vida que levo quando vejo o povo das ruas engravidando, povoando mais ruas,
se esfregando ao sol,
Posso ir morrendo?
Aqui jazz
só para falar que meus dramas são criados de improviso como um jazz
na antecâmara da morte
com um mendigo com mal de parkison batucando uma caixa fiat lux.
O trânsito das horas
ponteiros.
Há tempo: aprendemos a lembrar principalmente quando parece que temos menos tempo.
No fim.
Passadas a limpo pelo tempo/as memórias são cidades, paisagens, aviões, vestidos de noiva,
O tempo é casado com o futuro e são filhos do passado e netos da felicidade. E pais do
infortúnio.
Porque é a abreviação.
Não caberia.
O continente do teu olhar, as planícies do teu abraço, teu sorriso cordilheira.
E todas as constelações de tuas palavras no escuro dos dias em que não as escuto.
os afogueados glóbulos do sangue se fazem ouvir em veias que são ferrovias por onde
As pequenas e delicadas texturas de sua carne onde deposito toda a minha vida de imensa
Essa paixão é a única coisa que, por não a termos, sentimos falta
porém o amor é ainda maior que um carro, uma casa, uma joia que brilharia falsa se no
matemática perversa de um árabe que inventou as regras como um deus cria o mundo, sem
Oculto em perfumes e trejeitos e faltas de jeito o amor coabita com a surpresa e é tão
Aleatório o amor deriva da química, da geometria e acaba por causar literatura e novas