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Revista ABTU - v.

1 - no 01 - 2014
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Revista ABTU - v.1 - no 01 - 2014
apresentação

É com grande prazer que a Associação Brasileira de Televisão Universitária lança o primei-
ro número regular da Revista ABTU: TV Universitária + TV Pública. A edição de uma revista
acadêmica que tenha a TV Universitária e o seu contexto como foco da pesquisa acadêmica
sempre foi um sonho dos empreendedores da televisão universitária brasileira. Afinal, a inicia-
tiva tem tudo a ver com nossa própria origem, a comunidade acadêmica de ensino superior
do Brasil.
A edição presente procede após o lançamento da publicação do número zero, durante o
XIII Fórum Brasileiro de Televisão Universitária e o II Encontro de Televisões Universitárias
Ibero-americanas. Com o sucesso da publicação, e com as justas e devidas correções de rumo
que aprendemos no processo, a ABTU, então, se sentiu plenamente capaz de colocar mais
esse sonho no mundo real.
Nada mais adequado, então, que lançar a primeira edição da Revista na 7ª Edição do
Fórum Internacional de Televisão TV Morfosis, o principal evento de televisão educativa da
América Latina, que ocorre no Brasil nos dias 21 e 22 de outubro na Universidade do Vale do
Paraíba (Univap), em São José dos Campos/SP.
Vale destacar nessa edição de nº 1 a presença de artigos apresentados de jovens e ex-
perientes acadêmicos que emergem por detrás de nossas câmeras, que foram devidamente
ancorados por pareceres da velha guarda da ABTU, promovendo textos ricos em conteúdo,
e que promove sempre novos olhares e grandes perspectivas de um trabalho cada vez mais
prestativo a nossas tvs, e por extensão, para nossas IES.
E como uma publicação aberta a novos talentos que emergem de nossas instituições, e
também às práticas de nossos sempre competentes e criativos técnicos, descrevemos nessa
edição as Diretrizes para Autores que desejam enviar artigos para futuras publicações, que
serão analisados pelos nossos conselheiros.
Falando em conselheiros, temos aqui também a presença sempre agradável de nossos atu-
antes Cláudio Magalhães, na apresentação de um dilema da comunicação, e Pedro Ortiz, na
resenha do livro Comunicação Pública.

Boa leitura, e até a próxima edição.

Fernando José Garcia Moreira


Presidente da ABTU
Associação Brasileira de Televisão Universitária

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Revista ABTU - v.1 - no 01 - 2014
o dilema da comunicação

O dilema da comunicação pública: Fora das


grades curriculares, mas dentro da pesquisa.

As escolas de comunicação estão desassociadas da comunicação pública no Brasil. São raras as


matrizes curriculares que contam com disciplinas ou temas transversais – que seriam o ideal – que
abordem a temática. Enquanto há uma crescente demanda de comunicadores para os meios de co-
municação do campo público (legislativos, comunitários, educativos, universitários) e os maiores
clientes são órgãos estatais, ainda se formam comunicadores para trabalhar em agências e meios
comerciais em que o privilegiado é o cliente e o sócio privado.
Para a sorte da academia e para a sociedade brasileira, há uma parcela importante de professores
e estudantes que insistem em pesquisar a comunicação pública, em contraposição a orientação mer-
cantilista – e ultrapassada – de seus cursos (independente se públicos ou privados). Nos congressos
de comunicação, tanto no país quanto no exterior quando representados por pesquisadores brasilei-
ros, são dezenas de trabalhos onde a comunicação pública é objeto de investigação.
A Revista ABTU TV Universitária + TV Pública aparece como uma iniciativa para viabilizar a
divulgação científica de parte desses estudos. Por conta da especificidade da associação, o editorial
se propõe a tratar das emissoras do campo público que, embora restrito nas grades curriculares, se
mostram com mais dinamicidade, empregabilidade e oportunidades sociais. Paralelamente, como
as TVs do campo público são partícipes do contexto maior, a temática da comunicação pública tem
igual importância nas opções editorais da revista.
A publicação é resultado de um projeto que a ABTU fomenta há muitos anos e que culminou no
lançamento da edição zero, no XIII Fórum Brasileiro de Televisão Universitária e no II Encontro de Te-
levisões Universitárias Ibero-Americanas, em 2013, em Fortaleza, na Unifor. O número experimental
testou o modelo e o processo de edição. Neste sentido, esse número 1 já consta com as principais
referências que devem conter uma publicação científica: seus artigos foram analisados por, no míni-
mo, dois membros do conselho editorial, e foram estabelecidas normas de publicação que, a partir
de agora, constam nas edições da revista.
A Revista ABTU TV Universitária + TV Pública será uma revista eletrônica, disponível no site da
entidade e livre para downloads gratuitos, inicialmente com periodicidade semestral. A edição zero
já está lá. Apenas quando possível ao caixa da instituição serão feitas cópias impressas para fins de
promoção da publicação. A ABTU, no entanto, acredita que a edição digital tem muito mais visi-
bilidade e, consequentemente, de divulgação científica por estar disponível em qualquer lugar e a
qualquer tempo.
A inserção da TV pública, da TV universitária e da comunicação pública no contexto acadêmico
é importante e deve sair do restrito ambiente de eventos acadêmicos. Não há nada contra a mídia
mercantilista. Ao contrário, ela é necessária, é legítima dentro do contexto nacional, tem importante
papel na sociedade brasileira e é um importante mercado de trabalho e de atividades sociais. No
entanto, o que aqui se defende é que esse segmento, para os profissionais de comunicação está, no
mínimo, estagnado, enquanto que o campo da comunicação pública está em aberto e, em muitos
casos, em crescimento. Com todas as vantagens e as dores provenientes deste processo. É disso que
queremos tratar por aqui.
Boa leitura.

Prof. Cláudio Márcio Magalhães


Editor Responsável e Conselheiro da ABTU

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Revista ABTU - v.1 - no 01 - 2014
Sumário

Sumário
TV UNIVERSITÁRIA
Processos de criação e gestão de uma TV Universitária........................................................................................................................07
De Julio Wainer / Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Marcas Particulares de Jornalismo Científico em Televisões Universitárias............................................................................................14


De José Dirceu Campos Góes / Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

ESTUDO DE CASOS
Os desafios da TV UNAERP de Ribeirão Preto para o Mundo...............................................................................................................17
De Hugo Leonardo Sedassare / Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP/SP

As limitações impostas pela legislação aos canais universitários – Estudo de caso da TV UNAERP.......................................................21
De Lígia Aguila Ferreira / Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP/SP

TV PÚBLICA
Novas Tecnologias Móveis Como Plataformas de Produção: Participação do Público e Novos Conteúdos para a Televisão Pública.....25
De Graciele Barroso / Universidade Federal da Paraíba – UFPB

TV DIGITAL
Televisão Digital e Divulgação Científica..............................................................................................................................................29
De Rene Lopez / Universidade Estadual Paulista

TV Social: A Integração Das Redes Sociais Com a Televisão Digital Interativa.......................................................................................33


De Karla Rossana Francelino Ribeiro Noronha e Olga Maria Tavares / Universidade Federal de Pernambuco

COMUNICAÇÃO PÚBLICA
A Apropiação da Convergência Midiática na Divulgação Científica......................................................................................................37
De Paula Cecilia de Miranda Marques / Universidade Estadual Paulista

DROPS ABTU................................................................................................................................................................................ 40

Resenha......................................................................................................................................................................................... 41
Comunicação pública: interlocuções, interlocutores e perspectivas, de Heloiza Helena Gomez de Matos. Ed. rev. ampl. São Paulo,
ECA/USP, 2013.

Diretrizes para Autores.................................................................................................................................................................. 42

EXPEDIENTE
CONSELHO EDITORIAL Editor Responsável: Prof. Dr. Cláudio Márcio
Alberto Cesar Russi – Universidade do Vale do Itajaí Magalhães - MTB: 3613/MG
Alexandre Kieling – Universidade Católica de Brasília - UCB Coordenação: Ricardo Andrade Evaristo
Américo Alves Cerqueira Passos – Universidade José do Rosário Vellano – Unifenas Apoio: Ana Paula B. Magno / Gerente
Carlos Alberto Carvalho – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Executiva ABTU
Carlos Bottesi – Universidade Estadual de Campinas Colaboração: Agencia de Imprensa -
Cláudio Márcio Magalhães – Centro Universitário UNA www.agenciadeimprensa.com.br
Daniel De Thomaz – Instituto Presbiteriano Mackenzie
Capa/Diagramação/Revisão: Márcio Franco
Eduardo Rodrigues da Silva – Pontifícia Universidade Católica de Goiás – PUC GOIÁS
e Ricardo Evaristo
Fernando José Garcia Moreira – Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP
Fotos: Divulgação
Gabriel Priolli – Presidente de Honra ABTU
Produção: Gravar - Comunicação e Artes
Gilmar Eduardo Costa do Couto – Universidade Federal do Amazonas
Gráficas - www.gravar.com.br
Helena Cláudia Fernandes dos Santos – Universidade de Fortaleza – UNIFOR
Tiragem: 200 exemplares
Hélio Solha – Universidade Estadual de Campinas
ISSN: 2318-4566
Jair Giacomini – Universidade de Santa Cruz do Sul
José Dias Paschoal Neto – Universidade Paulista – UNIP Revista ABTU – TV Universitária + TV Pública
José Moacir Gomes Pereira – Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS é uma publicação da ABTU – Associação
Julio Wainer – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC SP Brasileira de Televisão Universitária - Rua
Kátia Fraga – Universidade Federal de Viçosa Blandina Ratto, 40 - Butantã - São Paulo/SP -
Pedro Ortiz – Universidade de São Paulo – USP CEP: 05502-040 - Telefone: (11) 3225-0267
Sandra Moura – Universidade Federal de João Pessoa – UFPB abtu@abtu.org.br – www.abtu.org.br
Sandro Luis Kirst – Fundação Vale do Taquari de Educação e Desenvolvimento Social
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Revista ABTU - v.1 - no 01 - 2014
tv universitária

Processos de criação e
gestão de uma TV Universitária
Autor: Julio Wainer
Titulação: Doutorando em Comunicação e Semiótica
Contato: julio@tvpuc.com.br
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Resumo: O número “zero” da Revista ABTU Dossiê TV Universitária: 45 anos de experiência1 faz um
enorme serviço ao reunir textos dispersos sobre as TVs Universitárias (TVUs) dos últimos anos. Neles,
podemos acompanhar o pensamento acerca das TVUs nos primeiros anos da TV por assinatura, quando
se tornou obrigatória, e refletem as angústias daquilo que sabíamos ser necessário - TVs vinculadas ao
ensino superior - mas não sabíamos exatamente o que era ou por onde começar. Neste artigo pretendo
discutir aspectos gerais da TV Universitária a partir das citações da revista e estabelecendo conexões com
outras áreas do audiovisual. E ao final oferecer alguma experiência na gestão de uma TV Universitária, a
TV PUC de São Paulo, que dirijo desde 2006.

Palavras-chave: Aspectos Gerais da TV Universitária. Gestão. PUC TV.

Planejamento da criação de canais sem planejamento pode ser não se alimenta de planejamento
uma TV Universitária um equívoco. Para quem o porquê (ainda que esse possa ser muito im-
Muitas falas vão em direção da estamos fazendo a TV Universi- portante em determinado momen-
necessidade de planejamento, e tária?” (Calligaro, 2013, p 31). A to da execução). Digam-me, qual
em especial na busca por uma au- programação é pensada novamen- documentário ou mesmo filme de
diência previamente localizável. te de fora para dentro, como se a ficção relevante no Brasil foi fruto
“Antes de tudo conhecer quem definição das condições externas à de um planejamento de público?
será, ou quem queremos que seja universidade conseguisse desenhar Mesmo nas telenovelas, audiovisu-
o nosso público, conquista-lo e, um modelo de TV para atende-las. al de ponta feito no Brasil, cujo de-
depois, mantê-lo, ampliando” (Ho- “... na realidade, há pouquís- senvolvimento nos é apresentado
hlfeldt, apud Calligaro, 2013, p. simas emissoras que, antes de por Esther Hamburguer no livro O
30). Aqui, já se explicita o desejo entrar no ar, no cabo ou na rede, Brasil antenado: A sociedade das
de definir o público das TVs Uni- preocuparam-se em fazer um pla- Novelas, vemos que, o que hoje
versitárias. nejamento estratégico primeiro.” é milimetricamente negociado, foi
“Não há clareza, na maioria das (Magalhães, p. 12). O planejamen- fruto de uma série de tentativas,
IES, sobre o que é televisão Uni- to é desejado, mas o seu caráter é com pessoas talentosas nos luga-
versitária e qual a sua missão. Em limitado, e sofrerá mudanças ine- res de comando tomando decisões
decorrência, não há uma identifi- xoráveis. que mais tarde se mostraram acer-
cação precisa de seu público-alvo, É muito difícil sustentar em arti- tadas do ponto de vista da indústria
nem das estratégias de programa- go acadêmico um discurso que mi- audiovisual.
ção que é preciso seguir, para che- nimiza o planejamento, ainda mais É verdade que um plano de tra-
gar até ele” (Prioli, apud por Calli- em um ambiente universitário. No balho de caráter alternativo poderá
garo, 2013, p. 29). Novamente se entanto, a criação e manutenção trazer valores e custos e equipe,
apresenta uma ideia de definição de um projeto alternativo des- um cronograma de implantação e
de público e estratégias para alcan- sa natureza, exigem muito além incremento da produção. Mas di-
ça-lo. da “identificação de seu público ficilmente conseguirá antecipar o
“... a discussão de questões que alvo”. Na verdade, o planejamento seu público, e seu impacto. A TV
envolvam a definição das emisso- por si só não dá conta dos esforços Universitária disputa audiência e
ras é fundamental, já que... servi- de implantação de uma TV alter- é assistida, mas não se sabe por
rão como base para a definição da nativa. Os custos não “fecham”, quem, quantos ou quando. Não
programação e do conteúdo a ser o público é incerto, os objetivos são muitos, na escala televisiva,
veiculado pelos canais. Ocupar os difusos. O audiovisual de criação mas ainda assim são alguns mi-

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- Disponível em http://abtu.org.br/site/wp-content/uploads/2013/07/Revista-ABTU-00.pdf

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lhares. Não obstante, certamente poderia então indagar: “Então, por po para crescer e ocupar demais
é (e sempre será) coadjuvante do que devemos investir nessa nova espaços institucionais e tempo tele-
sistema televisivo, por sua própria TV Universitária?” e a resposta visivo. Nesse momento, se distan-
natureza (a não ser que abando- seria incerta ou balbuciante. Pode ciará de uma formatação associada
ne seu projeto crítico de ensino trazer mais alunos, mas não é segu- a um curso ou faculdade, e se assu-
superior, o que só confirma a sua ro. Pode proporcionar mais coesão mira natureza mais institucional (o
importância). Deverá buscar como interna à organização educacional, que não implica necessariamente
público todas as pessoas compre- desde que cuidadosamente feito e em conflitos com aqueles criado-
endidas na sua circunscrição geo- mantido nessa direção, pois o in- res, pois há espaço para todo mun-
gráfica (não faz sentido, como às verso também é possível. Pode tra- do). É certo que há uma distância
vezes se aventa, fazer um canal de zer mais prestígio e ajudar a aper- enorme entre fazer um vídeo que
acesso público somente para uni- feiçoar a instituição, mas mantê-la provoque o entusiasmo em quem
versitários). Encontrará alguns uni- exigirá recursos nada desprezíveis. o assiste e preencher a grade horá-
versitários e suas famílias, como foi E certamente não trará recursos por ria de uma programação. Essa dis-
mencionado na revista ABTU, mas si, como se fosse um negócio lu- tância deve ser percorrida palmo
também muitas pessoas insuspei- crativo. a palmo, desfrutando do prazer (e
tas de assistirem TVU: porteiros, Uma TV Universitária, no entan- das dificuldades) da caminhada.
empregadas domésticas, idosos, to, é uma empreita que pode trazer Fazer TV Universitária não é
jovens, aposentados, adultos na qualidades como essas e muitas difícil (ainda que seja trabalhoso).
ativa, gente de todas as camadas outras, que se inserem no incerto Haverá algo de conversa, algo de
sociais, em horários improváveis, mercado de trocas da comunica- aulas, de cinema, de TV comer-
dispostos a dedicar algum tempo ção, tais como identidade, desen- cial, de rádio, sendo que podemos
a um canal que apresenta um rit- volvimento comunitário, inserção tirar lições de todas essas formas
mo menos intenso, que cadencia social, aumento da autoestima. de comunicação, e aplicá-las na
relações e conteúdos de manei- Pode ser (e o é, com frequência) TV. Num curso superior, começa
ra diferente. Um canal que passa um caminho longo e espinhoso, a tornar-se mais próximo quando
por diversos temas, e não somente com poucas certezas e movida a se percebe as diferenças entre fa-
àqueles que nos afligem no dia-a- entusiasmo. Depois de implanta- zer um vídeo (termo meio fora de
-dia (do tipo “tragédias” ou “utili- do, tem se mostrado baixa a pos- uso para designar o audiovisual de
dade pública”). Enfim, um público sibilidade de extinção: comandos curta duração) e fazer um progra-
afeito a formatação de programas podem ser substituídos, equipe ma de TV. O vídeo, assim como
(de entrevistas, por exemplo) que pode ser enxuta, mas a TV perma- reportagens de TV, exige algumas
“respira” de outro jeito, menos an- necerá2. “saídas” de equipamento, deslo-
sioso, que não disputa atenção a Uma TV Universitária, como camentos, entrevistas e imagens
todo o custo, e que portando en- qualquer alternativa, será fruto para, com muitas horas de edição,
contra algo de humano no lado da combinação de entusiasmo e perfazer uma duração de, digamos,
humanizado que ainda resiste em oportunidade. Entusiasmo no fazer 14 minutos. Na TV, a carência por
nós. A vertigem audiovisual não é audiovisual, e no compartilhá-lo. tempo audiovisual é bem maior.
o único caminho da TV. Não acre- Oportunidade de produção, e di- Em uma televisão temos um dis-
dito enfim que haja um público fusão, como são as TVs por assina- positivo de produção com duas ou
potencial específico para as TVUs. tura, a agregação por Internet, ou mais câmeras comutadas para ge-
Existe a população com acesso, a arquitetura de um campus favo- rar um sinal resultante que registra
parte da qual irá aderir à momen- rável a um sistema de exibição em a ação em tempo real. O estúdio,
tos da programação das TV Uni- circuito fechado. palco dessa ação, é o local com
versitária dentro de seu espectro Uma TV pode originar-se pe- condições controladas de áudio
de possibilidades. quena, no campo da experimen- e iluminação, e portanto livre de
Vamos agora supor que o tal tação, possivelmente com alunos surpresas de barulhos e ruídos,
planejamento de implantação fos- de comunicação, e com alta taxa intempéries e mudança de horá-
se feito. O representante da IES de redundância (muitos playbacks rio, que sempre interrompem uma
(instituição de ensino superior) dos mesmos programas). Terá tem- gravação. A TV comercial criou e

2
- O Canal Universitário de São Paulo, que existe desde 1997, funciona em regime de condomínio e assistiu a mudanças em sua composição alguma
vezes. Só uma vez, no entanto, uma universidade decidiu sair do canal (e da TV a cabo, por consequência) independente de grave crise institucional.
Foi a Universidade Cruzeiro do Sul, que preferiu manter sua equipe audiovisual somente para EAD.

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desenvolveu eventos que se ade- mais familiares, e não é imprescin- das por Alzimar Ramalho (2013, p.
quam a essa lógica: programas dível tanta destreza em sua opera- 22) de Autonomia (tese 1) e Auto-
de auditório, novelas (na decupa- ção. Nem tampouco são utilizadas finaciamento (tese 7).
gem de sua unidade dramática, a as seis horas diárias nessa função. Portanto, se equivoca quem
“cena”), jogos esportivos, shows. O mesmo ocorre com outras fun- acha que uma grade de programa-
Cabe a nós adequar esse disposi- ções (diretor de imagens, editor de ção, para existir, deva ser necessa-
tivo àquilo que uma instituição de imagens, jornalista, produtor, etc.) riamente intensa e diversa: existem
ensino superior sabe fazer3. cuja somatória de custos tornaria muitas maneiras de preenchê-la.
Portanto, acerta Donesca Calli- a TV algo inviável num primeiro Ainda nos anos 1990, por exem-
garo (2013, p.31) quando aponta momento. A solução passa à mar- plo, a CNN mantinha um canal a
que ”A multiplicação dos canais gem dessa regulamentação, que é cabo com apenas 30 minutos de
universitários brasileiros reflete a fruto da negociação dos sindicatos programação, randômica: a CNN
vontade das instituições de ensino com as (poucas, então) emissoras Headlines News. A ideia era que
superior de fazer televisão”. É, an- comerciais, sem qualquer colher- muita gente queria se atualizar dos
tes de tudo, o seu maior motor. É -de-chá para emissoras alternati- fatos do dia, mas não dedicaria
um trabalho em rede, nos moldes vas. Vemo-nos então novamente o mais que meia hora do dia para
que Cecília Salles definiu (2006, entusiasmo e o desejo de fazer TV, isso. Ora, esse mesmo conceito,
p. 17): “simultaneidade de ações, e mais o talento, as forças motrizes de uma programação boa, conden-
ausência de hierarquia, não lineari- da TV Universitária. sada, mas curta e circular, para que
dade e intenso estabelecimento de O talento e as múltiplas funções, todos vejam um pouco, a qualquer
nexos [...] a rede ganha complexi- feitas de forma voluntária, existem hora, não poderia ser aplicada de
dade à medida que novas relações à nossa volta, mas não são recursos alguma maneira aos canais que
vão sendo estabelecidas”. infinitos. É natural que o aluno (ou dispomos?
o profissional) talentoso migre da Ainda que a repetição da pro-
O custo do talento TV alternativa para uma oportuni- gramação possa ser uma alternati-
Um planejamento na ponta do dade que lhes dê maior exposição va, é fato que o CNU de São Paulo,
lápis, inclusive, aponta contradi- e remuneração. Isso deve ser ce- que participamos e cuja direção in-
ções que só a prática resolve. Entre lebrado pela equipe, como quem tegramos, valoriza (e contabiliza!)
elas, a agregação de competências cumpre os seus objetivos. Equili- as horas originais da programação.
em uma mesma pessoa. brar a circulação de alunos varia- A TV PUC, mesmo sendo uma das
A TV comercial cresceu dividin- dos com um corpo técnico fixo, mais produtivas, produz de 9 a 10
do tarefas. Por conta de sua lógica mantendo no ambiente o mesmo horas originais por mês, o que –
de preenchimento de grade, preci- desejo e prazer de fazer (e compar- convenhamos – não é uma enor-
sava dar conta de um extenso nú- tilhar) audiovisual, é um dos maio- midade.
mero de horas com programação res desafios da administração de
original (sem reprises). Os equipa- uma TV Universitária. Essa lógica TVUs no tempo de Internet: um
mentos eram novos e desconheci- de formadora de mão-de-obra qua- conceito
dos, e pareciam complicados de se lificada está embutida na própria Pouco espaço, na Revista da
manusear. constituição das TVs, que são ali- ABTU, é dedicado à relação das
Na TVU não há salário para cada mentadas pelas IES ou, em última TVUs com a Internet. Qual o papel
um das funções. Tome-se a produ- instância, pelas mensalidades dos das TVs Universitárias no momen-
ção de imagens por cinegrafistas, alunos (no caso das instituições to que a Internet cresce, e ocupa
por exemplo. A normatização fede- pagas). Uma TV Universitária, por- espaços de audiência segmentada?
ral estabelece até seis horas diárias tanto deve se conformar com seu A TV trabalha com escalas de au-
de trabalho, e as suas funções não papel coadjuvante no panorama diência muito superior à Internet.
extrapolam a operação competen- das comunicações, fato que não Ainda assim percebe-se que a re-
te de uma câmera profissional4. tem sido consensuado com facili- lação das TV Universitárias com
Ora, essa norma não reflete a reali- dade no discurso sobre as TVUs. a Internet desperta insegurança
dade das TVUs, e de nenhuma TV A lógica de dependência de certa e dúvidas. É certo que a Internet
alternativa. As câmeras se tornaram forma responde às teses observa- cresce mais rápido que a audiência

3
- É certo que não se faz uma TV Universitária somente em estúdio, pois esta ficaria muito fechada, abafada: programas na rua e com tomadas exter-
nas são importantes. Mas essa conclusão é uma das muitas que o grupo perceberá, no caminhar dos acontecimentos.
4
- Lei nº 6.615, de 16 de dezembro de 1978

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dos canais de TV. Mas não é certo vez, o “papel social” das TVUs, 2013, p. 17) afirma que :
que continuará a crescer, ou que tantas vezes mencionada na Re-
todo mundo “fará” sua própria TV, vista (artigos de Magalhães, Ortiz, O grande desafio é exa-
como preveem alguns otimistas da Martelli e Kerbauy, Ramalho) pa- tamente construir uma unida-
interatividade. Fato é que as pesso- rece ser a razão dos esforços de de nesta diversidade, já que
as apreciam assistir televisão, e se caracterização das TVUs como a maioria segue o modelo de
submetem a um canal (ou vários), parte integrante do conceito de divisão de horas por institui-
que tem sua clivagem: neste canal TVs públicas. É verdade que as ção, criando uma verdadeira
assisto coisas de tal âmbito, em ou- TVs Universitárias, ao “... estender ‘colcha de retalhos’ prejudi-
tro espero com ritmo mais intenso, o ensino, a pesquisa e a cultura a cando, assim, a identidade
e assim por diante, desenhando a toda a comunidade acadêmica e do canal segundo sua audi-
diversidade e complementação de à sociedade” (Paviani in de Car- ência.
públicos (ou de estados de espíri- li, Trentin citado por Magalhães,
to?) que caracterizam o line up das 2013 p. 11) caracteriza-se como É uma opinião oposta à manifes-
programadoras de cabo. Alguns um serviço público, e como tal, se ta por Pena (2013, p. 25):
podem sugerir que, sendo o con- credencia a receber apoio oficial.
teúdo do ensino superior dese- Mas iludem-se os que acham que Outra grande vantagem
nhado para uma minoria, esta não recursos federais viabilizam ou da autonomia é a contem-
poderia se encontrar nos grupos garantem a TV Universitária. Sabe- plação da diversidade. Cada
de Internet? Ora, isso seria uma -se o quão difícil é a obtenção de instituição de ensino tem
tremenda perda. Relegar os canais recursos e quão exigente tem sido uma leitura própria sobre
ao mercado proporcionaria um as contrapartidas de prestação de os meios mais adequados
sem-número de canais religiosos contas para editais de produção para a promoção da cidada-
ou de vendas de produtos, em de- com recursos públicos. Ora, uma nia, o que possibilita a difu-
trimento de uma forma de educa- TV constitui-se de fluxos de produ- são de diversas visões sobre
ção, informação e entretenimento ção, e não de produtos isolados. E o tema.
saudáveis. Enfim, um canal obri- não se tem ciência de apoio oficial
gatório em TV por assinatura é um à sustentação de produções contí- Uma das referências de consti-
patrimônio que jamais pode ser nuas, que caracteriza uma TV em tuição de um canal com viés edu-
subestimado. Entendemos que o comparação com um audiovisual. cativo é o canal Futura, que já foi
canal universitário possa ser enca- O financiamento dos equipamen- criado como tal dentro das orga-
rado como uma espécie de chan- tos a fundo perdido por uma uni- nizações Roberto Marinho, e que
cela para um programa, ou vídeo. versidade pública é certamente um recebe contribuição fixa, anual, de
E que sua programação deva estar começo. Não é fácil, ou tampouco treze sólidas organizações empre-
disponível na Internet, para consul- rápido. E não dá conta da crescen- sariais, que não se interessam, e
tas posteriores, sob várias possibili- te despesa de manutenção das TVs possivelmente nem saberiam opi-
dades de acesso. É possível (e pro- (leia-se: salários) em relação à aqui- nar na programação do canal.
vável) que o público agregado da sição dos meios de produção. Em No caso do Canal Universitário
Internet supere o da TV, o que não resumo: a solução de recursos não de São Paulo existiu, por um tem-
a invalida. Ao contrário, o inter- virá do governo, ainda que esse po, o desejo de se caminhar em
nauta assistirá “um programa exibi- pode (e deve) oferecer apoio às direção a um canal unificado, ao
do no Canal Universitário”, o que TVs Universitárias existentes. invés da divisão de horários. Esse
lhe confere um estatuto específico. esforço não prosperou, e o desejo
Unidade e diversidade de unidade foi atendido com uma
Recursos públicos As opiniões expressas na revista programação visual única para to-
O Governo Federal pouco, ou trazem uma antiga discussão sobre dos os integrantes.
nada, concedeu às TV Universitá- a diversidade. Pergunta-se se um O CNU foi criado como condo-
rias em termos de recursos. Mesmo canal composto de unidades tão mínio, e é improvável a mudança
com a milionária disponibilidade diferentes (universidades públicas, de sua constituição. Fica a pergun-
do Fundo Setorial Audiovisual, o comunitárias, confessionais e pri- ta: é possível mudar um arranjo ins-
Governo, na figura da ANCINE, vadas, e com ampla diferenciação titucional tão fundante como esse?
ignora as TVUs, e protela qualquer dentro delas) poderiam se cons- Cada uma das sete universidades
contato ou encaminhamento da tituir em um único canal de TV. que hoje compõe o canal, daria re-
inevitável aproximação. Por sua Ramalho (apud Martelli e Kerbauy, cursos para um canal universitário

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genérico, por melhor que fosse? “Uma busca permanente de novas pela inserção do jovem no merca-
De toda maneira, coloco em expressões, através dos diferentes do de trabalho (que seria possível,
discussão a crítica de “colcha de gêneros, a expressão de novos ros- segundo crêem, ao longo do reco-
retalhos” a que as TVUs são com- tos e vozes marginalizados pelos nhecimento de uma performance
paradas. Afinal, o que é uma TV outros meios, a experimentação convencional). E os comentários
(qualquer uma delas) que não uma artística, o fomento à criatividade e podem reverberar a atitude como
“colcha de retalhos”? Quem se es- à expressão” (tese 5). “erro”, como incapacidade, falta
força no distanciamento ao assistir Sem discordar dos autores, acho de auto-avaliação, descuido e não
qualquer canal de televisão per- que se imputa uma exigência mui- como criação deliberada e, como
cebe uma total fragmentação do to grande para quem está se ini- tal, arriscada. A inovação, quando
espaço-tempo, estudado por Arlin- ciando (alunos) ou para profissio- alcançada e identificada, exige um
do Machado (1988, 2000). Teorias nais da área. Lembro-me quando permanente esforço de manuten-
de espectatorialidade (Hall e Fiske uma profissional de uma grande ção no âmbito da convicção inter-
sobre a TV, Odin e Casetti e no rede de TV me ligou perguntando na e conhecimento compartilhado.
cinema) demonstram as diversas se não tinha em meu acervo obras Talvez, enfim, a crítica proceda
formas de apreensão do audiovisu- criativas e inovadoras, “assim do e nós, professores do audiovisual
al pelo amplo e diverso público. O tipo de ‘Ilha das Flores’5”, igno- não estejamos sabendo conceituar
que se percebe na verdade é um rando que uma obra-prima como e estimular a criatividade nos alu-
certo mito da unidade, reacendi- aquela acontece ao longo de uma nos, tal como nossos professores
do episodicamente em diferentes geração, e que não germina em souberam estimular em nós nos
áreas do audiovisual e que, em universidades da maneira como anos 1980. Pode ser uma questão
certas circunstâncias, justificam a aquela produtora gostaria. Enfim, geracional. Lembre-se que naquele
intromissão de uns no trabalho de uma obra inovadora acontece tão tempo vivia-se uma ditadura políti-
outros (e destacamos a suposta su- frequentemente como um texto ca (ainda que em recuo), e as alter-
premacia do procedimento técnico inovador, uma pintura instigante, nativas audiovisuais eram absoluta-
sobre o fazer artístico, ou do plane- uma obra de arte fora da curva. É mente desastrosas (cinco canais de
jamento contra a espontaneidade). muito raro. E uma vez detectado, TV abertos, entre os quais reinava a
Fiquemos então com o elogio da quando “dá certo” (quando comu- “vênus platinada”). A necessidade
diversidade de Pena e assumamos nica, e a criatividade é imediata e de inovar ardia na pele. A univer-
um espectador ativo na frente da amplamente reconhecida), é rapi- sidade era o local por excelência
televisão. damente absorvida pela TV comer- para sinalizar a mudança.
cial (sejam seus autores, sejam seus
Experimentação nas TVs Uni- procedimentos). Contribuição da TV PUC
versitárias Na realidade essa experimenta- A TV PUC é uma TV Universi-
A questão da linguagem audio- ção acontece, e com frequência. tária com certa tradição. Nasceu,
visual é aventada em diversos mo- Às vezes ocorre na eventualidade pode-se dizer, dentro de uma
mentos, sempre reclamando em de um “erro” (entendido como oportunidade. A TV PUC originou-
direção ao experimental, à uma ocorrência não esperada), que “dá -se como circuito interno de TV
abertura. Magalhães (p. 11) men- certo” e permanece no texto audio- dentro de um quarteirão altamente
ciona “a triste tendência dos estu- visual sem modificação. Do erro à intelectualizado, numa perspectiva
dantes em reproduzir conteúdos, opção de linguagem assumida exi- crítica que fazia falta à sociedade
formatos, e posturas já consagrados ge a identificação do que ocorreu, brasileira naquele momento (e ain-
na TV... Falta criatividade e sobram como/porque ocorreu, e suces- da o faz, é verdade). O fato é que
conservadorismo e conformismo”. sivas repetições, agora de forma nós, professores de audiovisual da
Ramalho (p. 21), falando do debate deliberada. Neste processo, alu- época, colocávamos um monitor
acerca da TV Pública, reclama que nos e técnicos tem que vencer os em cima de cadeiras, no refeitó-
“pouco ou nada se fala do que é próprios conceitos e permitir que o rio, e exibíamos vídeos dos alunos,
propriamente televisivo, da lin- novo (e o diferente) triunfem. Isso que assim tinham um feedback
guagem audiovisual, dos gêneros não é trivial. A dificuldade diz res- imediato de sua produção: o que
e dos discursos que esse tipo de peito à própria expectativa e aos funcionava, o que não.
televisão deveria mostrar e expe- comentários de outros. Expecta- Vinte e cinco anos depois, a TV
rimentar”. Ramalho (p. 22) detecta tiva, pois o embate hoje em dia é consolidou seu espaço na univer-

5
- Filme curta metragem de Jorge Furtado, 1989.

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sidade e no panorama audiovisual pandindo a circunscrição de inte- TV alternativa, que exibe o que ou-
das TVs Universitárias. Soube en- resse inicial. Não importa a profun- tros canais não exibem.
tender o momento da implantação didade da pesquisa, é priorizada
da Lei do Cabo (1995) e, pela ação sempre a clareza na explanação. A Depoimento
do prof. Gabriel Priolli, organizou TV participa com recursos técnicos Depoimento é um formato, ain-
o canal de São Paulo e a própria e humanos para colocar o progra- da em experimentação, feito “com
ABTU – Associação Brasileira de ma no ar e no site do canal. Resulta um entrevistado, um entrevistador,
Televisão Universitária. desse esforço uma produção inte- um tema, e nenhuma imagem de
Quero compartilhar algumas lectualmente qualificada em volu- arquivo”. Uma vez acertadas essas
experiências que fizemos ao lon- me compatível com a disponibili- variantes, gravamos uma entrevista
go dos últimos sete anos em que dade e com os tempos de TV: em com um professor aposentado, ou
estive na direção da TV PUC. Se- uma mesma tarde, por exemplo, uma personalidade que vivenciou
jam de forma pontual, sejam com pode-se gravar 4 ou 5 programas determinada época, ou uma ação
programas que se prolongam e de 26 minutos cada. “Não é chato, profissional muito particular, e
mesmo estruturam parte da progra- só tem gente falando?” é o que po- cujo registro e divulgação são do
mação da TV PUC, creio que tem demos ouvir de quem não assistiu âmbito do ensino superior. Um
algo a contribuir com a discussão aos programas. A resposta é: quan- entrevistador afinado com o tema
que se faz em torno da TV Univer- do a entrevista é boa, não necessita está fora de quadro, mas não fora
sitária, e dá corpo a algumas das de imagens de cobertura. Quando de campo (não é visto, mas é ouvi-
inquietações acima. não é, não há material de arquivo do), mantém a conversa viva e inte-
que a torne interessante. A conclu- ressante, e com certa fidelidade ao
PUC Faz TV são é que a TV Universitária pode tema proposto. A proposta de pres-
O trabalho em parceria é a so- ocupar um espaço significativo cindir de imagens de arquivo é ao
lução que encontramos para diver- dos programas de entrevistas onde mesmo tempo uma crítica à redun-
sos de nossas questões, que vão poucos canais se arriscam, seja por dância na TV (que mostra o que se
de falta recursos à qualificação falta de conteúdos (interlocução) vê, e vice versa, sem uma relação
e averiguação dos conteúdos. O seja por sua aposta na vulgariza- instigante entre a expressão visual
eixo programático PUC faz TV é ção como recurso por disputa de e verbal). E é também uma resposta
uma linha de trabalho onde qual- audiência. aos problemas da inserção de uma
quer grupo de professores da ins- imagem de fora da conversa, que
tituição (núcleo de pesquisa, pro- Filmes etnográficos alguns autores do documentário
grama, departamento, faculdade, Como se sabe, existe uma ala apontam (NICHOLS, por exemplo)
etc.) produz uma série. Trata-se de disponibilidade de filmes e vídeos e que Eduardo Coutinho pratica.
programas de entrevista, onde o interessantes, que jamais alcan- É, por fim, uma solução ágil, que
setor parceiro fornece o entrevista- çam o público que merecem. Os acredita na palavra como expres-
dor (via de regra um professor da inúmeros festivais de audiovisual são e na força do encontro de duas
casa) e agenda os convidados (um pelo país são um exemplo, cujos pessoas com qualidade para com-
ou dois por programa). Cada pro- filmes temos pouco ou nenhum partilhar um assunto relevante. É
grama dura 26 minutos e é gravado contato. No Festival Pierre Verger exibido no canal (e disponibiliza-
em “tempo real”, ou seja, o tempo de filmes e vídeos etnográficos (li- do na Internet) versão quase inte-
de gravação equivale ao tempo de gado à ABA - Associação Brasileira gral do encontro, uma espécie de
exibição. Só se aceita material de de Antropologia), que aconteceu material bruto a ser vasculhado por
arquivo (fotos, desenhos, filmetes) na PUC SP em 2012, fui convida- pesquisadores e interessados.
trazido antes, nunca depois (pois do para integrar o júri de seleção,
teria menos aderência e maior di- e sugeri que se colocasse ítem na Material de pesquisa
ficuldade de edição). ficha de inscrição, que autorizava De forma análoga ao item an-
Ao invés de receio ou timidez, a exibição daquele audiovisual terior, acreditamos que uma certa
o professor, desenvolve suas qua- em TV Universitária. O resultado forma de material bruto ou pouco
lidades dialógicas, em especial a foi que muitos vídeos que jamais acabado, seja compatível de exi-
sua escuta qualificada. O grupo de seriam vistos (ou compreendidos) bição sem maiores comentários ou
professores (e alunos) em torno do foram agrupados em programas de amarrações. Assisti a uma exibição
programa acaba consolidando um 26 minutos, dentro da chancela da do acervo da Cinemateca Brasileira
verdadeiro diálogo com pesquisas antropologia visual. Foi uma forma referente a filmes em São Paulo dos
e organizações afins e além, ex- de cumprirmos nossa missão como anos 1910 e 1920 e percebi como

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seria interessante a sua disponibi- professor da casa entrando uma e do entrevistador desconhecido
lização “à seco” no canal e na In- vez por semana, perfazendo então que são comuns na TV.
ternet. Disponibilizar materiais em cinco programas (um para cada dia Falamos de alguns momentos da
estado mais bruto é uma postura da semana). TV PUC, que tem uma contingên-
universitária, que acredita no valor Na experimentação que fize- cia muito particular. É uma univer-
de pesquisa e na possibilidade de mos em 2007 alguns professores sidade jovem mas com tradição,
criação e fabulação do espectador. trabalharam em dupla, outros em com setor forte de pós-graduação,
Não precisa ser explicado e justifi- time e outros enfim falam direto e com destacado espírito crítico,
cado, basta o contexto do que é, e à câmera, mas todos “à quente”, cujos principais campi estão no
de onde veio para que as pessoas como é implícito nas transmis- coração da cidade de São Paulo. É
se localizem e permitam-se nave- sões ao vivo. A partir de suas áreas com esses limites e potencialidades
gar naqueles audiovisuais. (ciências sociais, administração, que nos desenvolvemos. Tenho
relações internacionais, filosofia, certeza que propostas igualmente
TV ao Vivo mas podendo ser ampliado para interessantes e inovadoras aconte-
A TV nasceu ao vivo, e ao vivo qualquer disciplina enfim) comen- cem nesse momento e em diversos
ela encontra seu potencial cata- tavam os acontecimentos da sema- lugares do Brasil, de acordo com
lizador. Um formato que experi- na, proporcionando uma análise as oportunidades dadas. As ideias
mentamos por três semanas, e que demorada de um ou outro aspecto e suas manifestações estão aí, falta
ainda aguarda oportunidade para que merecesse relevância. É uma que as compartilhemos em fóruns
se desenvolver plenamente, é na forma de entender os fatos da vida, como este e nos encontros da As-
entrada ao vivo de, digamos, 30 e de qualificar a audiência, sem sociação Brasileira de Televisão
minutos diários. Imaginamos um as amarras dos tempos diminutos Universitária.

Referências

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da ABTU, 2013, nº 0
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Editora Horizonte 2006.
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sitária: 45 anos de experiência na Revista da ABTU STAM, Robert Introdução à teoria do cinema Cam-
nº 0, 2013 pinas: Papirus 2013

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Marcas particulares de jornalismo


científico em televisões universitárias
Autor: José Dirceu Campos Góes
Titulação: Mestre em Jornalismo
Contato: deckgoes@hotmail.com
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Resumo: Esse breve artigo acadêmico se propõe a apresentar uma possível definição para o Jornalismo
Científico e a relatar a compreensão sobre o termo aludido à especialidade jornalística, desenvolvida
pelos editores dos programas “A gente explica”, da TV Mackenzie, “Nova Stella”, da TV PUC, “Conexão
Saúde”, da TV Unisa e do “PGM”, da TV USP, exibidos pelo Canal Universitário de São Paulo.

Palavras-chave: Processos de produção jornalísticos. Jornalismo Científico. TV Universitária.

O termo Jornalismo Científico percepção de repórteres, editores sibilidades educativas e culturais


define uma especialização infor- e com a proposta editorial dos ve- desse meio de comunicação. Ao
mativa que se propõe a divulgar ículos jornalísticos. Para o profis- servir de lugar de referência para
os afazeres da ciência e as inova- sional que trabalha com esse tipo um público heterogêneo e massi-
ções tecnológicas para o público de especialização informativa, vo, que reconhece nos telejornais
leigo através dos veículos de co- requer-se uma atuação que não se a continuidade de sua própria
municação. Trata-se, portanto, de restrinja à cobertura entusiasmada identidade e a atuação perma-
uma atividade desenvolvida por da ciência e da tecnologia. Dele nente dos meios circundantes de
jornalistas a quem cabe perceber espera-se que “se coloque como ação social e material do seu co-
os acontecimentos, selecioná- um ator deste processo, fazendo tidiano (VIZEU, 2008), a televisão
-los, construir uma narrativa com valer suas funções de informante pode utilizar a potência das ima-
base na atualidade e viabilizar a e intérprete, além de estimular a gens em movimento associada
sua publicação midiática, possi- participação pública na ciência” aos recursos gráficos e à retórica
bilitando a circulação social do (BROTAS, 2011, p.148). da palavra falada para estimular
conhecimento científico oriundo Nesse sentido, a contextualiza- nos telespectadores o desejo de
dos institutos de pesquisas, dos ção das pautas, a criteriosa pre- aprender diferentes aspectos so-
laboratórios ou das universidades paração intelectual para traduzir bre a Ciência e a Tecnologia.
públicas e privadas. Um dos obje- documentos do meio científico, Com este propósito, as equi-
tivos a que se presta o jornalismo o confronto plural de conteúdos pes responsáveis pelos programas
científico se consubstancia em e o posicionamento vigilante do de jornalismo científico das TVs
difundir o que o cidadão deve jornalista perante as fontes espe- universitárias podem estar aptas
saber ou lembrar sobre os efeitos cializadas se justificam até porque a mediar o encontro e aproximar
positivos e negativos do progres- ciência e tecnologia, no mundo os cientistas da audiência. Além
so científico e o desenvolvimen- moderno, constituem-se em mer- disso, converter a informação
to tecnológico sobre a cultura, a cadorias, produzidas e apropria- aparentemente cifrada provenien-
saúde, o meio ambiente e todas as das pelos grandes interesses, e as te das produções científicas em
outras dimensões da vida cotidia- fontes, sejam elas pesquisadores, conhecimento jornalístico críti-
na" (CALVO HERNANDO, 1997, cientistas ou técnicos, podem es- co (VIZEU, 2008), que tenha por
p.36). tar absolutamente contaminadas objetivo a preocupação de inter-
De acordo com o professor por vínculos de toda ordem (BUE- pretar o conteúdo dos produtos
Wilson Bueno (2011), os hábitos NO, 2011, p.59). resultantes dos laboratórios de
e as técnicas usuais aos proces- Ao se pensar sobre os processos pesquisa de forma clara, sensível
sos de produção de jornalismo de produção de jornalismo cien- e compreensível para um vasto
científico são os mesmos para o tífico no suporte televisivo, mais auditório, despertando “a curiosi-
jornalismo de maneira geral. Eles especificamente nas TVs universi- dade de ir mais além da mensa-
estão alinhados com o perfil, a tárias, também não se pode deixar gem transmitida, aprofundando-a
trajetória, a história de vida e a de considerar, sobretudo, as pos- mediante a leitura de livros, peri-

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ódicos e revistas”. (CALVO HER- priedades do Césio 137 para traduziria para uma lingua-
NANDO, 1997, p.181). julgar circunstâncias daque- gem não cifrada, para uma
Nas televisões pesquisadas do le acidente. De outra feita, já linguagem que possibilitasse
Canal Universitário de São Paulo, entrevistei matemáticos que o acesso de todos os leitores
os diretores e produtores de con- transitam pelas fronteiras da ou telespectadores. Eu acho
teúdos através de entrevistas aber- música e da poesia. Portan- que não é apenas isso o que
tas demonstraram que têm visões to, desde a origem de cria- o jornalista faz. Sim, ele tem
particulares do que entendem e ção do programa tentamos o papel de, entre aspas, tra-
praticam como jornalismo cientí- incrementar o debate para duzir o que o cientista pes-
fico. Para Marcelo Dias, jornalista que haja mudanças no fazer quisa, mas não se esgota aí.
da TV Mackenzie, científico e na própria comu- Ele deve demonstrar que é
nidade. um profissional, que a apu-
o que eu faço aqui é pe- ração de informações, o con-
gar a Ciência e transformar Na TV Unisa, o conceito e o fronto com outros dados de
em algo acessível, pedago- exercício do jornalismo científico conhecimentos e a abertura
gizante e didático. A minha ganham características particula- de espaço para a pluralidade
função é atrair as pessoas res assim definidas pelo diretor de vozes não é simplesmente
para as ciências. Eu sei que Cláudio Lemos: uma técnica que se aprende
não vou explicar tudo, mas numa semana. O jornalista é
vou tirar as pessoas desse o objetivo do Conexão um profissional da Comuni-
senso comum e fazer com Saúde é divulgar a presta- cação, que também é uma
que elas entendam que ci- ção de serviços e informa- ciência alicerçada em teorias
ência é uma coisa legal. ção na área da saúde. Se de aplicabilidade social.
ele é de jornalismo científi-
Na concepção do professor co? Não sei bem se ele tem A partir destes depoimentos,
Goldfarb, do programa “Nova essa preocupação, mas, por observa-se a compreensão do que
Stella” da TV PUC, exemplo, eu agora estou na eles definem como seja o jornalis-
apresentação do programa mo científico e a sua praticidade.
a idéia de ciência con- e parti para um mestrado São linhas editoriais que se alter-
siderada pelo programa é na área para me preparar e nam e deixam supor que na TV
muito ampla, inclusive com entrevistar melhor os nossos Mackenzie o intuito de “atrair as
referência a tudo aquilo que convidados. Eu só sei que pessoas para as ciências” pode
é considerado como pré- nós temos muitos dados estar associado ao propósito de
-ciência ou pseudo-ciência, de pesquisas para divulgar popularizar o desejo de apren-
como alquimia, astrologia e do campus de medicina da der, convertendo o conhecimento
magia. As formas do saber, Unisa. contido nos relatórios de pesquisa
tanto das ciências exatas em entretenimento e informação
ou duras como das ciências A preocupação com a busca compreensível para um vasto au-
mais leves do presente são de especialização profissional de- ditório. Já na TV PUC, aspectos
absolutamente importantes monstrada pelo professor Cláudio gerais das ciências e da tecnologia
e sem distinção do nosso Lemos também é a mesma do jor- “são absolutamente importantes”
ponto de vista, seguindo a nalista Pedro Ortiz, diretor da TV para motivar entrevistas com di-
tendência de uma das linhas USP. Para ele, ferentes especialistas acadêmicos,
da História das Ciências, ini- com o objetivo de levar o teles-
ciada na segunda metade do o jornalista é o mediador pectador a refletir a respeito dos
século XX. Nesse sentido, do conhecimento científico efeitos positivos e negativos do
fica muito bacana no progra- ou de qualquer outra espé- progresso científico e do desen-
ma Nova Stella porque num cie como o econômico, o volvimento tecnológico inciden-
dia estou entrevistando um político, o cultural, enfim. Se tes sobre a vida cotidiana.
advogado que fez a ponte o jornalista fosse apenas tra- Quanto ao jornalismo cien-
entre os estudos de Leibnitz dutor, então o pesquisador tífico praticado na TV Unisa,
e o Direito. Noutro dia, uma escreveria um texto e o jor- caracteriza-se muito mais como
juíza de Goiás, por exemplo, nalista pegaria aquele artigo um prestador de serviços na área
que teve de conhecer as pro- acadêmico do cientista e o da Saúde, embora o diretor da

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televisão recentemente tenha in- de vozes nas entrevistas e reporta- audiência ao correlacionar a novi-
gressado numa pós-graduação gens, o que nem sempre se efeti- dade científica recém-descoberta
como forma de se especializar va de acordo com as orientações a experiências similares do pas-
enquanto um jornalista capaz de editoriais recomendadas. sado que servem como marco de
mediar com mais precisão o co- Portanto, se estes são os prin- referência cultural da sociedade
nhecimento científico oriundo do cípios que norteiam os processos onde atuam. Além disso, que ape-
mundo acadêmico para a socie- produtivos das TVs estudadas, sar dos contratempos surgidos na
dade. Quanto à forma de atuar da eles também são os mesmos que produção do “A Gente Explica”,
equipe de produção da TV USP, revelam suas contradições. Entre- “Nova Stella”, “Conexão Saúde” e
apregoa-se que ao jornalista não tanto, pode-se considerar que as “PGM” os integrantes das equipes
cabe somente traduzir o que os equipes de produção das TVs uni- de produção desenvolvem seu
cientistas pesquisam, mas ir mais versitárias pesquisadas se esfor- trabalho com agilidade, bom-sen-
além, contextualizando as infor- çam para capturar e divulgar com so e improviso, para tentar forne-
mações obtidas, abrindo espaço exatidão o teor dos acontecimen- cer explicações sem as quais a
para a inserção de dados contradi- tos gerados pelo mundo acadêmi- descrição dos acontecimentos tão
tórios e assegurando a pluralidade co, reconstituindo a memória da somente não teria razão de ser.

Referências

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BORTOLIERO, Simone Terezinha. (Orgs.). Diálo-
gos entre ciência e divulgação científica: leituras
contemporâneas. Salvador: EDUFBA, 2011.

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estudo de caso

Os desafios da TV UNAERP
de Ribeirão Preto para o Mundo
Autor: Hugo Leonardo Sedassare
Titulação: Especialista em Gestão da Comunicação Organizacional e Eventos
Contato: hugo.jornalista@hotmail.com
Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP

RESUMO: Este trabalho tem como objetivo demonstrar como a postagem de vídeos na internet tor-
nou-se uma alternativa na divulgação de programas educativos da TV Unaerp de Ribeirão Preto. A TV
universitária, criada há 10 anos, sempre priorizou a veiculação de seus programas por meio da TV por
assinatura via cabo e, portanto, de acesso restrito ao público pagante. Desde 2007, a direção da TV
Unaerp vem utilizando a web como ferramenta para ampliação da visibilidade, na busca pela demo-
cratização da informação e na tentativa de romper a barreira regional limitada pelo espectro local. Para
embasar esse estudo, foi utilizada pesquisa bibliográfica sobre a história e o desenvolvimento das TVs
universitárias no Brasil, e análise de material empírico da TV universitária, do site e das redes sociais
integradas à TV.

PALAVRAS-CHAVE: TV universitária. TV na internet. TV Unaerp. Vídeo na internet

1.INTRODUÇÃO trabalho que tem como princi- produtores independentes per-


A televisão está ficando cada pal objetivo contribuir para o ceberam o potencial mercado-
vez menor e mais fácil de car- campo de pesquisa da comuni- lógico do vídeo na internet e
regar: nos computadores portá- cação. cada vez mais surge novos pro-
teis, nos reprodutores digitais O aumento do número de dutos e modelos de negócios
de vídeo e música, no telefone usuários com acesso à internet para esse segmento.
celular e no carro. A tecnolo- por banda larga e a evolução A Web TV ou internet TV,
gia evolui tanto que a TV está das tecnologias de compressão que veicula conteúdos exclusi-
quebrando as suas barreiras re- contribuíram para o crescimen- vamente pela internet já é uma
gionais, estaduais e nacionais. to da oferta de conteúdos de áu- realidade no Brasil há muitos
Com a chegada de fenômenos dio e vídeo na rede mundial de anos. Os exemplos são inúme-
como o Youtube que possibili- computadores. ros, como All TV, TV UOL, TV
tou a qualquer pessoa produzir De acordo com Zoom Maga- Terra, Megaplayer do IG, entre
e postar o seu próprio vídeo na zine (2008) diante desse novo outros (ZOOM MAGAZINE,
internet fez com que a produção cenário, haverá uma mudança 2008, p.31).
e a veiculação de vídeo fossem drástica no hábito de assistir à Segundo Dias (2008), nesse
repensadas. televisão. O percentual de usuá- cenário, a TV universitária não é
A proposta desse artigo é rios que utilizam a internet para apenas um novo espaço de pro-
buscar informações sobre a fer- ver televisão ou ouvir rádio au- dução audiovisual que se aco-
ramenta de vídeo e apontar de mentou de 23,30% em 2005 moda entre as TVs comerciais,
que forma ela pode contribuir para 27,52% em 2006, segundo comunitárias, legislativas e edu-
na divulgação da programação a TIC Domicílios e Usuários de cativas. Ela nasce com objetivos
de uma TV universitária que tem 2006, a pesquisa mediu a pe- fundados na ideia de televisão-
sua veiculação somente local. netração e o uso da internet em -escola: lugares privilegiados
A pesquisa bibliográfica contri- domicílios nos meses de julho e de aprendizado e de exercício
buiu no entendimento sobre o agosto deste mesmo ano, a mes- pré-profissional. Além disso, as
que é uma TV universitária e o ma foi realizada pelo Núcleo de emissoras universitárias têm se
que a difere de uma TV comer- Informação e Coordenação do mostrado eficientes para a di-
cial. Uma retrospectiva histórica Ponto Br. vulgação do desenvolvimento
da TV Unaerp durante toda sua Com essas novas oportuni- de pesquisa de novos formatos
existência e a busca por núme- dades, grandes grupos de co- e linguagens na área de produ-
ros de acessos nortearam este municação e mesmo pequenos ção de TV, garantindo oportuni-

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estudo de caso

dade rara para experimentação TV produzia 17 programas com é de 612.339 habitantes,


de novos modelos. A linha edi- os seguintes temas: entrevistas, isso representaria 38,8%
torial voltada para educação dis- música, cinema, jornalismo, de- da população com acesso
ponibiliza à sociedade os bens bates, fotografia, pesquisas cien- à TV paga, o que não pode
culturais produzidos por alunos, tíficas, comunidade, documen- ser avaliado como total de
professores e pesquisadores das tários, política e economia que audiência. Dessa manei-
Universidades. eram veiculados semanalmente ra, não é possível realizar
A TV UNAERP, definida no canal universitário de Ribei- uma medição precisa do
como objeto empírico para a rão Preto, com retransmissão número de pessoas que as-
construção desse trabalho, in- da TV Cultura de São Paulo, da sistem à TV Unaerp, para
tegra o Canal Universitário de fundação Padre Anchieta, além isso seria necessário outra
Ribeirão Preto e é veiculada de produzir matérias jornalísti- forma de aferição que pos-
via cabo somente para Ribeirão cas que eram enviadas e exibi- sibilitasse saber o momen-
Preto no Canal 10 da NET por das semanalmente em rede na- to exato que uma pessoa
assinatura. A TV Unaerp está cional para o jornalismo da TV liga o aparelho televisor à
limitada à visualização local e Cultura. TV universitária, uma pes-
vem buscando, com a ferramen- A TV Unaerp recebeu impor- quisa de audiência com
ta de vídeos na internet, a possi- tantes prêmios no cenário tele- custos elevados para uma
bilidade de democratização da visivo universitário brasileiro, TV sem apoiadores exter-
informação e o rompimento da os mais importantes foram os nos e mantida apenas pela
barreira regional. três Galgos conquistados no re- Universidade (MARTELLI,
nomado Gramado Cine Vídeo. 2012, p.80).
2. METODOLOGIA O primeiro foi em 2005 com a
O trabalho é composto por reportagem intitulada “Fim das Com o reflexo da crise nas
pesquisa bibliográfica referente Matas”, que apontava que a ci- instituições de ensino superior
ao objeto de estudo que consis- dade de Ribeirão Preto perdeu privada de todo o país, a redu-
tiu na busca por monografias, 90% da vegetação nativa devi- ção de custos e cortes de funcio-
dissertações de mestrado, teses do às culturas do café e da cana nários atingiu a TV Unaerp em
de doutorados, artigos, textos da e pela urbanização. Em 2008 2010 e veio a necessidade de
internet e livros relacionados ao foram dois prêmios no mesmo reorganizar a equipe e a grade
tema. festival, conquistando o primei- de programação.
Também será realizado um ro lugar na categoria Vídeo So- Hoje a TV é composta por sete
estudo de caso do processo de cial/Resgate da Cidadania com a funcionários, sendo eles quatro
postagem de vídeos na internet reportagem “Farmácia Viva”. A jornalistas, dois atuam também
pela TV Unaerp como alterna- mesma produção levou o Galgo como editores de imagem, cine-
tiva na divulgação dos progra- de Ouro, como o melhor vídeo grafistas e videorrepórteres, dois
mas. de TVs Universitárias Brasilei- cinegrafistas que também fazem
ras. edição de imagem, uma produ-
3. A TV UNAERP tora que participa da produção
A TV Unaerp foi ao ar pela Segundo dados forne- dos programas, cuida da criação
primeira vez em 17 de junho de cidos pela Pay TV Survey, de arte e também do setor admi-
2002, pelo canal 10 da NET via empresa de pesquisa e aná- nistrativo da TV e um estagiário.
cabo na cidade de Ribeirão Pre- lise especializada no mer- A atual coordenadora está entre
to, ela integra o Canal Universi- cado brasileiro de TV por os quatro jornalistas que além
tário local e é veiculada nos ho- Assinatura, em dezembro da gestão administrativa e de
rários: 12h, 14h, 16h, 18h, 20h de 2011 existiam em Ri- programação da TV também re-
e 22 horas de segunda à sexta- beirão Preto 75 mil pon- aliza entrevistas e reportagens.
-feira e às 10h, 12h, 14h, 16h, tos da NET e um público Com os cortes de funcioná-
20 e 22h nos finais de semana. exposto estimado em 238 rios ocorridos em 2010, o nú-
Iniciou suas atividades com mil pessoas. Se esses nú- mero de programas produzidos
16 funcionários, três estagiários, meros forem confrontados caiu quase pela metade. A gra-
17 colaboradores entre profes- com a população da ci- de de veiculação da TV Unaerp
sores e alunos e profissionais dade que, de acordo com totaliza 40 horas de programa-
convidados de diversas áreas, a estimativa do IBGE (2011), ção semanal; dessas 40 horas

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apenas 5 horas são de produção mento de vídeos do mundo. O por pessoas de outras loca-
inédita de programas, isso signi- canal foi criado em 2009 e até lidades, estados e também
fica que às 35 horas restantes da setembro de 2014, contava com países. Já enviamos docu-
programação são compostas por 487 vídeos inscritos e um total mentários, vídeos e repor-
reprises. de 444.606 visualizações. tagens para outros estados,
A postagem de notícias e víde- professores que assistiram
3.1 A TV UNAERP NA IN- os no site é feita pelos jornalis- os vídeos na internet e pe-
TERNET tas da redação e pela secretária diram uma cópia para uti-
Com exibição e transmissão da TV, que também é formada lizar em palestras ou em
somente para a cidade de Ribei- em Publicidade e Propaganda. sala de aula. Temos muitos
rão Preto através do canal 10 da Flávia Martelli, atual coordena- exemplos dessa natureza,
net, e por se tratar de um serviço dora da TV Unaerp, afirma que ou de pesquisadores que
pago, a partir de 2007 pensando é muito importante hoje os ví- encontram um trabalho
nas necessidades do seu públi- deos, reportagens, entrevistas e nosso e pedem para ser
co e no rompimento das barrei- documentários estarem também utilizado. Romper essa bar-
ras regionais, a TV Unaerp co- na internet. reira é muito importante,
meçou a disponibilizar em seu porque a produção da TV
site1 alguns dos seus programas A internet amplia a vi- Unaerp não tem apenas ca-
veiculados no canal a cabo. sibilidade da programação ráter regional, ela trata de
O site da TV Unaerp foi cons- da TV, que hoje veicula assuntos universais. (infor-
truído por meio da tecnologia sua programação via cabo mação verbal)4.
gratuita CMS Joomla, um dos e, portanto, de acesso res-
maiores sistemas de gerencia- trito a um público pagante.
mento de conteúdo para sites A internet representa ter a 4. CONCLUSÃO
da internet, seu gerenciamento programação com acesso
é simples e eficaz. A partir de mundial, e isso é incrível, Este estudo demonstra que
2007, a TV começou a dispo- nós temos pessoas que a modernização da TV Unaerp
nibilizar no próprio site seus nos assistem em Portugal, e a utilização da ferramenta de
programas para visualização na Alemanha e muitos outros vídeo na internet cumprem com
internet, lembrando que a TV países, isso sem falar no o objetivo de transpor a barreira
Unaerp não transmite simulta- Brasil. A internet rompe es- regional imposta pela transmis-
neamente a grade de programa- sas barreiras. (informação são via cabo, na qual a TV ainda
ção exibida no Canal Universi- verbal)3. está inserida.
tário de Ribeirão Preto, canal 10 Com a popularização da in-
da NET. Em 2013, aproximada- A TV Unaerp utiliza-se da fer- ternet, computadores pessoais,
mente 660 vídeos estavam a dis- ramenta de vídeos na internet tablets e smartphones, as pesso-
posição para visualização dos com o objetivo de promover as estão cada vez mais conecta-
internautas no site da TV Una- a cultura e difundir o conheci- das nas redes sociais e em sites
erp. O programa com mais vi- mento produzido também den- de vídeos. Hoje, a programação
sualizações era o Lição de Casa tro do campus da Universidade da TV Unaerp pode ser vista
com o tema: Bulling na escola, e, desta forma, convidar o inter- por qualquer pessoa conectada
que já foi acessado 57.005 ve- nauta a refletir sobre assuntos a um desses dispositivos com
zes. atuais e de grande importância acesso à internet de qualquer
A TV Unaerp também tem para a construção da cidadania. lugar do mundo. Essa realidade
um canal de vídeos no Youtu- se dá, graças ao avanço das tec-
be2, o maior site de armazena- Nós somos acessados nologias e o aumento da velo-

1 Endereço do site: http://tv.unaerp.br


2
Endereço do site: http://www.youtube.com/tvunaerp
3
Informação fornecida por Flávia Martelli, coordenadora da TV UNAERP de Ribeirão Preto - SP, em entrevista concedida a Hugo
Sedassare em Ribeirão Preto, no dia 18 de Setembro de 2012.
4
Informação fornecida por Flávia Martelli, coordenadora da TV UNAERP de Ribeirão Preto - SP, em entrevista concedida a Hugo
Sedassare em Ribeirão Preto, no dia 18 de Setembro de 2012.

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cidade de conexão da internet, também limita o uso da ferra- com sete funcionários e um
tornando o vídeo na web uma menta “internet” como veículo estagiário – consegue manter a
nova opção de acesso às infor- democratizador de conteúdos. grade de programação no ar no
mações. Cabe aqui ainda ressaltar que Canal Universitário da NET Ri-
Nos últimos anos, A TV vem a TV Unaerp mesmo com uma beirão e alimentar o site, as re-
sofrendo uma redução de inves- equipe bem reduzida - em 2002 des sociais e o canal de vídeos
timentos e também uma dimi- tinha 16 funcionários e três es- no Youtube.
nuição de profissionais o que tagiários, e em 2012 funciona

Referências

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estudo de caso

As limitações impostas pela legislação aos canais


universitários – Estudo de caso da TV UNAERP
Autora: Lígia Aguila Ferreira
Titulação: Graduada em Jornalismo
Contato: lferreira@unaerp.br
Universidade de Ribeirão Preto

RESUMO: As TVs Universitárias são emissoras vinculadas diretamente às universidades, centros universitá-
rios ou instituições de ensino superior (IES). A partir da Lei Federal n.º 8.977/95, conhecida como “Lei da Te-
levisão a Cabo”, ganham espaço legal nos chamados “canais básicos de utilização gratuita”, que são aqueles
voltados às Universidades e Instituições de Ensino Superior, organizações comunitárias, Câmaras Municipais
de Vereadores, Assembleias Legislativas dos Deputados e Senado Federal. São legalmente constituídas como
emissoras públicas e de acordo com o Decreto-Lei nº 236 de 1967, primeiro diploma legal que faz a separa-
ção entre radiodifusão e radiodifusão educativa, são proibidas de receber qualquer tipo de doação, patrocínio
e de veicular publicidade. O objetivo geral da pesquisa foi analisar as dificuldades enfrentadas pelas TVs uni-
versitárias decorrentes da falta de recursos, que poderiam ser sanados através da venda de espaço publicitário.

PALAVRAS-CHAVE: TV universitária. Radiodifusão. Publicidade na televisão.

Introdução - Identificar as leis que re- que tem como objetivo organizar
Segundo Franco (1998), men- gulamentam as TVs universi- e regulamentar o serviço de TVs
surar o custo benefício de manter tárias; por assinatura, além de ampliar
uma produtora de televisão den- a utilização do Canal Universitá-
- Conhecer a importância
tro do campus é muito difícil e rio. Também integra este capítulo,
da publicidade na televisão
para driblar a legislação a maioria um panorama da TV universitária
brasileira;
das TVs educativas tem adotado nos dias de hoje evidenciando o
a prática de captação chamada - Identificar as limitações impacto da Lei do Cabo em seu
“apoio cultural”, para poderem e os desafios para sustentabi- crescimento quantitativo, mos-
exibir publicidade nos seus in- lidade da TV UNAERP; trando como se configura, qual
tervalos. O que acontece, é que seu sistema de operação, qual o
esta política de apoio cultural, A primeira parte do trabalho foi seu tamanho, como se organiza
na maioria dos casos, gera uma um resgate histórico da TV univer- juridicamente e, principalmente,
receita irrisória para as TVs. Sem sitária no Brasil partindo da histó- como se mantém. A segunda parte
recursos, os canais universitários ria e desenvolvimento da televi- do trabalho discute a publicidade
enfrentam muitas dificuldades, são comercial brasileira, uma vez na televisão brasileira através de
principalmente estruturais e de re- que o conhecimento de sua tra- sua história mostrando como uma
cursos humanos. jetória é indispensável para com- transformou a outra, desde os pri-
Conhecer e mensurar as difi- preensão do contexto em que foi meiros comerciais ao vivo com o
culdades sofridas pelas TVs uni- criado e como se desenvolveu o surgimento da “garota-propagan-
versitárias por consequência da segmento de televisão, objeto de da” até o VT de 30 segundos, for-
falta de recursos e investimentos estudo deste trabalho. Foi realiza- mato de vídeo publicitário mais
é o primeiro passo na busca de do um estudo das leis que regem usado atualmente. Mostra ainda
alternativas de sustentabilidade a radiodifusão – comercial e edu- o surgimento de práticas como
financeira para este segmento. cativa, desde a lei que instituiu o o patrocínio e o merchandising,
Acreditando nesta premissa e para Código Brasileiro de Telecomuni- amplamente utilizados pela publi-
atingir este objetivo, o presente cações (CBT)1 , passando pela Lei cidade até hoje, além de abordar
trabalho pretende do Cabo2 que instituiu os chama- o impacto do advento do vídeo
dos “Canais Básicos de Utilização
- Traçar a história e desen-
Gratuita” para o segmento das 1.
Lei Federal nº 4.117 de 1962.
volvimento da TV universitá-
TVs educativo-culturais, até a ape- 2.
Lei Federal nº 8.977 de 1995.
ria no Brasil;
lidada nova lei do audiovisual3, 3.
Lei Federal nº 12.485 de 2011.

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estudo de caso

tape responsável por elevar a pu- Metodologia a cinco profissionais, entre eles,
blicidade a outro patamar, o efei- O trabalho proposto está divido funcionários e ex-funcionários da
to “zapping” trazido pelo controle em três fases. A primeira foi com- TV UNAERP, verificou-se um con-
remoto e a segmentação da tele- posta pela pesquisa bibliográfica senso entre os entrevistados sobre
visão brasileira com a fundação referente ao objeto de estudo que a exibição de conteúdo publicitá-
da emissora MTV Brasil. Também consistiu na busca por monogra- rio pelas TVs universitárias. Para
traz à discussão a importância e fias, dissertações de mestrado, te- Sedassare (2013), que se posicio-
os efeitos positivos e negativos da ses de doutorados e artigos e, des- na contrário à proibição, a publici-
publicidade no desenvolvimento ta forma, contextualizar o objeto dade deveria ser liberada, porém
da televisão, na cultura nacional ora estudado. com restrições. Segundo Martelli
e no estilo de vida das popula- A segunda fase foi composta (2013), a publicidade poderia ser
ções dos países menos desenvol- pela aplicação de um questio- o meio para criação de programa-
vidos através dos pontos de vistas nário estruturado composto por ção com qualidade, investimento
de profissionais e professores de seis perguntas abertas a três pro- em equipamentos e, desta forma,
marketing e publicidade e de aca- fissionais que trabalham na TV conquistar um espaço que as TVs
dêmicos e profissionais da comu- UNAERP e dois profissionais que comerciais não conseguem ocu-
nicação. já trabalharam nesta TV universi- par. “As TVs universitárias estão
E, finalmente, o trabalho resga- tária. limitadas em seu crescimento e
ta o nascimento da TV UNAERP, Foi elaborado um texto com tem dificuldades de manutenção,
primeira TV universitária de Ri- descrição da análise das respos- já que não existem leis de incenti-
beirão Preto, e a implantação do tas, assim como a organização e vo e apoio para este segmento, e
Canal Universitário, compartilha- descrição das informações das a propaganda, claro que com cri-
do com a TV UNIP, TV univer- questões abertas para interpreta- térios pré-estabelecidos, já que se
sitária da Universidade Paulista. ção e análise comparativa, bus- trata de uma TV educativa, pode-
Mostra o desenvolvimento da TV cando encontrar uma unidade ria ser a forma de sustentabilidade
UNAERP ao longo dos seus 11 nas respostas que possa compor a dessas TVs” (informação verbal)4.
anos de existência, as parcerias conclusão do trabalho. Para Soares (2013), a proibição da
com TVs educativas, as transfor- Na terceira fase, foi realiza- venda de espaços publicitários é
mações conceituais, a conquista do um estudo de caso da TV “um meio de conter o crescimen-
do seu espaço na Universidade UNAERP. O estudo será impor- to e a sobrevivência das TVs uni-
e as mudanças em sua estrutura tante para conhecer quais são as versitárias. (...) Só posso entender
e grade de programação. Com a dificuldades enfrentadas por esta que isso é um meio de extermi-
descrição detalhada de seu con- TV universitária, principalmente nar quem pensa na educação e
teúdo programático espera-se re- no que diz respeito à obtenção de na cultura deste país” (informação
forçar a premissa do potencial das recursos externos, e porque elas verbal)5.
TVs universitárias para produção existem, uma vez que as TVs uni- A TV UNAERP, como a maioria
de conteúdos educativos de qua- versitárias são impedidas por lei das TVs universitárias do Brasil6,
lidade. de veicular publicidade em sua é financiada exclusivamente pela
A partir do estudo de caso da grade de programação. IES a qual é vinculada. Sua manu-
TV UNAERP, é desvendada a rea- tenção torna-se difícil, pois fazer
lidade de uma TV universitária, as Resultados televisão, além de não ser barato,
limitações impostas pela legisla- Durante a aplicação e análi- não é a prioridade de uma insti-
ção no que diz respeito à veicula- se das respostas do questionário tuição de ensino de superior. Para
ção de publicidade e a falta de leis composto por seis questões aber- Martelli (2013), as maiores dificul-
de apoio e incentivo são demons- tas aplicado por esta pesquisadora dades para a manutenção de uma
tradas nas análises da estrutura e
4.
produção de conteúdo. O estudo Informação fornecida por Flávia Martelli, coordenadora da TV UNAERP desde 2007,
em resposta ao questionário enviado via e-mail, concedida à Lígia Aguila Ferreira, no
de caso conta ainda com a ótica dia 31 de julho de 2013.
de profissionais e ex-profissionais 5.
Informação fornecida por Eduardo Soares, jornalista e editor da TV UNAERP, em
da TV UNAERP em relação às resposta ao questionário enviado via e-mail, concedida à Lígia Aguila Ferreira, no dia
alternativas de sustentabilidade, 10 de julho de 2013.
6.
Flávia Martelli (2012), em sua pesquisa de campo concluiu que, das 45 TVs pesqui-
obstáculos e desafios futuros da
sadas, 27 TVs (60%) são mantidas exclusivamente pela IES e as demais TVs, 18 (40%),
TV universitária brasileira. conseguem obter recursos externos, mas a porcentagem ainda é pequena e a carga
orçamentária maior recai sobre a IES.

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TV universitária é manter seu par- universitárias e comunitárias, mas Os resultados obtidos por meio
que tecnológico atualizado: “(...) sim nos grandes monopólios e das entrevistas realizadas com três
A TV não tem lucratividade e gera conglomerados de comunicação” funcionários e dois ex-funcioná-
muitos encargos à Universidade, (informação verbal)13. Para Mar- rios da TV UNAERP no estudo de
e, (...) manter uma televisão com telli (2013), é um desafio “conti- caso são favoráveis a veiculação
boa programação é preciso inves- nuar a programação com a atual de publicidade pelas TVs universi-
timento” (informação verbal)7. realidade de falta de incentivo de tárias, porém, com ressalvas, uma
Para captação de recursos ex- leis, falta de apoio e investimen- vez que se trata de uma televisão
ternos, como alternativa à veicu- to financeiro, e outro desafio, e educativa. Os recursos obtidos
lação de publicidade, Sedassare o maior, é fazer a migração para com a venda de espaço publicitá-
(2013) acredita na comercializa- a tecnologia digital que todas as rio seriam um meio para melhorar
ção de vídeos e produtos audio- TVs do país terão que fazer até a qualidade da programação atra-
visuais produzidos para terceiros. 2016” (informação verbal)14. vés de investimentos em equipa-
Dias8 (2013) vê como alternativa Mesmo com os obstáculos, em mentos e profissionais. Com uma
a exibição de conteúdos indepen- 2012 a TV UNAERP conseguiu programação mais atraente, a TV
dentes de parceiros e a atuação atuar como produtora fazendo universitária cumpriria melhor o
como produtora para melhorar a captação e edição de vídeo de seu papel de veículo propagador
capacidade de produção e susten- um evento de terceiros realizado de cultura e informação e presta-
tabilidade da TV. no campus da Universidade e, dora de serviço à comunidade.
Para Martelli (2013), devem atualmente, está envolvida num Sem poder veicular publici-
existir leis públicas de comunica- projeto de EAD, produzindo ví- dade, que é a maior responsável
ção que apoiem as TVs universi- deos para um curso de ensino a pelo crescimento das televisões
tárias, além de leis de incentivo distância promovido por uma as- comerciais, sem leis de incenti-
e financiamento para melhoria sociação ligada aos museus do vo e apoio e sem investimento
tecnológica. Segundo Martelli estado de São Paulo. Não existe por parte das IES, não são poucos
(2013), entre os obstáculos da TV periodicidade para o surgimento os desafios futuros para a manu-
UNAERP atuar como produtora, desse tipo de serviço e os recursos tenção e sobrevivência das TVs
destaca-se o fato de não possuir gerados pela execução deles são universitárias. Entre eles, o maior
identidade jurídica separada da irrisórios comparados aos custos desafio levantado, é o investimen-
IES, isto é, não possuir CNPJ9 pró- de manutenção da TV. to em novas tecnologias. Com o
prio, desta forma, não consegue advento da TV digital, todas as
emitir nota fiscal pela prestação Conclusão emissoras de televisão deverão
do serviço como produtora de ví- Para captação de recursos ex- fazer a migração para a nova tec-
deos. “Isso dificulta sua entrada ternos, como alternativa à veicula- nologia até 2016. Portanto, sem
em concorrências de editais para ção de publicidade, teve destaque investimento da IES e sem meios
busca de verba, entre outros tra- neste trabalho a produção de con- para captar recursos externos, este
balhos, (...) já que está atrelada ao teúdo audiovisual para terceiros, trabalho leva a crer que medidas
CNPJ da Universidade, limitando isto é, a TV universitária atuando urgentes devem ser tomadas para
sua atuação” (informação ver- como produtora de vídeo. Porém, sobrevivência e sustentabilidade
bal)10. Outro obstáculo diz respei- o seu parque tecnológico desa- destas TVs para não desperdiçar
to à tecnologia, enquanto as pro- tualizado e o agravante de não seu potencial para produção de
dutoras de vídeos fazem captação possuir um CNPJ, torna a concor- conteúdos de qualidade, tão es-
em Full HD11, a TV continua cap- rência com produtoras comerciais casso na televisão comercial bra-
tando no sistema Standart Defini- bastante difícil, resultando num sileira.
tion 12, o que torna a concorrência círculo vicioso.
bastante difícil.
Soares (2013) vê o investimen- 7. Ibid. (2013)
8. Informação fornecida por Cristina Dias, jornalista da TV UNAERP entre 2002 e 2012,
to em novas tecnologias como o em resposta ao questionário enviado via e-mail, concedida à Lígia Aguila Ferreira, no
maior desafio para a sobrevivên- dia 1º de julho de 2013.
cia e manutenção dessas TVs, 9. Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica.
10 Ibid. (2013)
principalmente com o advento da 11 Full HD é a sigla de Full High Definition, que significa alta definição total.
TV digital. “Em nenhum momento 12 Standart Definition significa televisão de definição padrão.
na mudança do sistema analógico 13 Ibid. (2013)
14 Ibid. (2013).
para o digital foi pensado nas TVs

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estudo de caso

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tv pública

Novas tecnologias móveis como


plataformas de produção: participação do
público e novos conteúdos para a televisão pública
Autora: Graciele Barroso
Titulação: Mestranda em Comunicação
Contatos: gracielebarroso@gmail.com
Programa de Pós-Graduação em Comunicação - Universidade Federal de Pernambuco

Resumo: A televisão tem passado por mudanças na forma de produção e recepção e permanece forte
na preferência do público. Esse artigo tem como proposta apresentar de forma incipiente como as no-
vas tecnologias móveis podem contribuir para a construção de uma programação plural e diversificada,
atendendo ao anseio de participação do público, especialmente nas emissoras públicas. Traz ainda como
referência desse cenário o quadro Outro Olhar da TV Brasil.

Palavras-chave: Televisão pública. Multiplataformas de produção. Cultura da participação.

Introdução celular, computador e tablet, e audiência e receitas financeiras.


Diante das mudanças ditadas ainda emite opiniões por meio Partindo desses pressupostos, o
pelas novas mídias e pela cultura das redes sociais. O receptor presente trabalho discorre sobre
da convergência, a televisão é o não é somente consumidor, mas o novo cenário impetrado pelas
meio que se apresenta como um também produtor de conteúdos. multiplataformas de produção
dos mais passíveis de adaptação Diante disso, os canais televisi- de conteúdo que podem ser fo-
às novas linguagens e formatos. vos precisam encontrar alterna- mentadoras de uma programa-
O veículo como meio massivo tivas para não perder a preferên- ção televisiva plural e diversifi-
e estático tem passado por sig- cia do público, independente do cada. O quadro Outro Olhar, do
nificativas mudanças que foram tipo de conexão. Oportunizar a telejornal Repórter Brasil da TV
iniciadas com a proposição da veiculação de vídeos produzi- Brasil, é utilizado para ilustrar a
Televisão Digital e estão em dos pelo público em suas pro- discussão proposta.
pleno curso com as multiplata- gramações é uma forma de man-
formas de consumo e produção ter essa preferência. Televisão: mídia metamorfose
de conteúdo, legitimadas pelo Por se tratar de meios autôno- Durante muito tempo falou-
uso da Internet. Mesmo com as mos de mercados e governos, -se em superação de uma mí-
ofertas de conteúdos em diver- as televisões públicas aparecem dia pela sua sucessora, sendo
sos meios, as programações te- como cenários propícios para assim, o surgimento da Internet
levisivas não estão perdendo au- testes de novas linguagens e decretaria o fim da televisão.
diência, o que vem ocorrendo é formatos e para fomentar o jor- Contrariando esse pensamento,
uma mudança de comportamen- nalismo colaborativo a partir do a televisão não morreu. Com as
to na recepção dos conteúdos: uso das novas tecnologias como mudanças provocadas pela con-
o receptor está mais propenso a plataformas de produção de vergência midiática, o modelo
acompanhar a programação em conteúdo telejornalístico. O ca- tradicional deve passar por refor-
rede, com horários e programas ráter democrático e participativo mulações e essas modificações
definidos de acordo com a prefe- está na constituição da televisão passam pela produção e recep-
rência de cada um. pública, portanto, nesses meios ção de conteúdos. No tocante à
Os produtores de conteúdo o público teria livre acesso para recepção já está mais evidente:
televisivo precisam lidar com o produção e circulação de con- há tempos, o modelo de consu-
público que consome em múlti- teúdos, diferente dos meios co- mo televisivo deixou de ser as
plas telas: enquanto ver TV, ele merciais que utilizam a partici- famílias se reunirem na sala da
acessa outros conteúdos pelo pação do público para gerar mais casa para assistir ao programa fa-

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vorito. A televisão, que já saíra rantir espaço na preferência do dos serão veiculados e é preciso
da sala para outros cômodos da público e até conquistar novos atentar para as características de
casa, agora é móvel e acompa- adeptos. Matéria publicada na cada meio. Essas transformações
nha o público para onde ele for. revista ISTO É, de 10 de abril podem ser um indicativo de
A tecnologia digital permitiu a de 2013, traz informações sobre uma nova televisão: a pós-TV,
recepção da programação televi- as novas formas de ver TV e o feita por pós-jornalistas, para
siva com imagem de qualidade resultado de uma pesquisa que pós-telespectadores (ELIZABETH
em diversas plataformas. mostra o crescimento do tempo LORENZOTTI, 2013). O proces-
A televisão está agora no com- gasto diariamente pelos brasilei- so está em curso, os produtos
putador, no celular, no tablet e ros assistindo o meio em dife- estão sendo testados e o tempo
até no GPS. Essa possibilidade rentes conexões: saiu de 5h08m dirá se o formato será de fato es-
de recepção atende à deman- em 2008 para 5h32m em 2012 tabelecido.
da de um público habituado a (ISTO É, 2013). Desde a sua cria-
desenvolver diversas tarefas ao ção, a televisão procurou adap- Multiplataforma e produção
mesmo tempo: ver TV, acessar tar-se, começou pela adoção das de conteúdo
Internet, ouvir no rádio a pre- características e profissionais do “Nessa copa os cinegrafistas
visão do tempo... O tempo é rádio – detentor da preferência não vão estar sozinhos, comen-
outro fator determinante nessas do público na época – e depois taristas vão ter mais concorrên-
transformações, não o tempo a busca por melhor qualidade cia (...)”. O texto faz parte da
a que se refere à previsão, mas das transmissões e mobilidade: campanha publicitária da opera-
o tempo que ficou imprevisível o surgimento das cores e o vide- dora de telefonia Oi e é coberto
com o advento da Internet. A otape, são alguns exemplos. Por por imagens de uma multidão
noção de tempo e espaço mo- se tratar de emissoras que de- carregando celulares e compu-
dificada pela atuação cada vez vem ser independentes de mer- tadores. A campanha intitulada
mais maciça da rede determina cado e governos, as televisões “Multidão” ilustra bem esse mo-
alterações na recepção do con- públicas seriam espaços privile- mento de forte utilização de dis-
teúdo televisivo. A programação giados para a adoção de novos positivos móveis na recepção e
em fluxo que obedecia a uma conceitos e linguagens, como produção de conteúdo.
ordem temporal, tão fixada que por exemplo a narrativa transmí- O movimento que começou
era paga por segundos, pode dia e o jornalismo colaborativo. marginalizado ganhou a simpa-
ser vista de diversos locais e em Um dos aspectos do jornalismo tia das grandes redes. É comum
horários definidos pelo público. colaborativo é a participação do ver nos telejornais dos principais
É a televisão personalizada ao público na complementação e canais de televisão aberta o uso
gosto - e tempo - do telespec- produção de conteúdo, e essa de imagens do que eles classi-
tador. Um telespectador cada ação ganha maior respaldo nos ficam de cinegrafista amador.
vez mais exigente, infiel – que canais públicos, já que esses de- O telespectador é convocado a
o digam os índices de audiência vem ser autônomos e atuarem a colaborar com sua visão – leia-
da líder Globo – e que vai atrás favor da liberdade de expressão. -se vídeos - de um determinado
do conteúdo que lhe interessa. Nesse sentido, a televisão pú- fato. O jornalismo colaborativo
Esse comportamento faz parte blica desponta como espaço de ganha novo fôlego com os dis-
de um dos conceitos que nor- efetivação das novas possibilida- positivos móveis como platafor-
teiam a cultura da convergência des de produção e consumo do ma de produção e distribuição
apresentada por Henry Jenkins, jornalismo colaborativo, já que de conteúdo.
sendo esta local de embate entre é mais acessível e tende a apro- Segundo Silva (2009, p.69 ),
novas e velhas mídias e indica- veitar com mais assertividade os "(...) as tecnologias móveis digi-
dora de alterações nas relações conteúdos oriundos do público. tais em redes sem fio são fomen-
de poder entre produtor e con- As novas plataformas que tadoras de mudanças nas reda-
sumidor. modificam a recepção também ções, na prática jornalística e na
Nesse cenário de multimeios, imprimem alterações no pro- construção de novos formatos
a televisão desponta como um cesso produtivo. Os produtores de notícias com o entrelaçamen-
dos mais capacitados para se de TV tendem a não saber mais to de microblogs, live streaming
adaptar às transformações, ga- com precisão onde os conteú- e produção colaborativa". Como

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ressalta a campanha da Oi, os ter. Além das matérias, notas e apresentou uma produção da Ri-
profissionais da comunicação comentários, são exibidos dois vello Vídeos contando a história
não estão mais sozinhos, divi- quadros com a participação di- da pizza. O formato do material
dem espaço com um público reta do público: “Outro Olhar” e exibido diferencia-se das repor-
também produtor de conteúdo e “Pergunta do Dia”. tagens clássicas, sem a partici-
com ferramentas para tal finali- O telejornal apresenta a ence- pação de um narrador, sendo
dade. nação clássica com dois apresen- apenas uma fonte contando a
O barateamento dos aparatos tadores numa bancada e é exi- história e parte das falas cober-
tecnológicos e a multiplicida- bido ao vivo. A única abertura tas com imagens do processo de
de de recursos têm permitido a para a participação do público é feitura da pizza. Outra edição
um público cada vez maior ser no quadro “A pergunta do Dia”, foi ao ar no dia 12 de julho e
o produtor e distribuidor de ví- mas a intervenção não acontece trouxe um material mais elabo-
deos. Os celulares – indispen- em tempo real: os comentários rado. A produção foi do grupo
sáveis nesse processo – são mu- são postados com antecedência Freenet e tratou dos problemas
nidos de câmera, programa de nas redes sociais e como não com privacidade na rede. Além
edição e acesso à internet, recur- são veiculados todos, fica evi- de imagens captadas nas ruas,
sos necessários para a produção dente que há uma seleção, no foram exibidas imagens de câ-
e disseminação dos conteúdos. entanto não são apresentados os meras de segurança, com uma
O que importa na produção critérios para escolha de uns em edição marcada de efeitos visu-
desses vídeos não é a qualidade detrimento dos outros. ais. Diferente da anterior, não
da imagem ou da edição, mas o O quadro “Outro Olhar” é aparece nenhuma fonte e ape-
conteúdo informacional. destinado para o público produ- nas um narrador apresenta as in-
De acordo com dados do you- zir conteúdo informativo sobre formações do vídeo. A narração
tube, a cada minuto são posta- a realidade da região em que foi feita em inglês com legendas
das 100 horas de vídeo no site, vive, apresentando a sua versão em português.
em 2011 eram 48 horas por mi- dos fatos, conforme a página do O Outro Olhar é apresenta-
nuto (ABRIL, 2013). Por seu ca- programa na Internet. Os assun- do no site do programa como o
ráter de infinitude e diversidade tos são os mais variados, desde quadro de jornalismo colabora-
de público, a internet é o local o uso de sombrinha em determi- tivo da TV Brasil e diferente de
de maior demanda de vídeos. "A nada cidade aos problemas de outros canais a participação do
internet seguirá sendo o espaço mobilidade urbana. Os autores público vai além do envio de
do vídeo amador por excelência. dos vídeos também são bem dis- imagens amadoras: ele também
Mas a televisão também pode tintos. No site do programa tem produz conteúdo informativo.
buscar formas de exibir esses ví- o espaço para o envio dos víde- Isso é possível porque o público
deos, desde que haja programas os, além dos termos de uso. Apa- conta hoje com as tecnologias
formatados para agregá-los" (CA- rentemente o sistema é simples, – câmeras, celulares, computa-
NITTO, 2009, p. 215). bastando apenas preencher um dores e outros - que funcionam
cadastro e carregar o material. como plataformas de produção
Outro Olhar: novas formas Tendo em vista que a confi- e disseminação dos vídeos. A
de ver a notícia guração técnica do telejornal é a tendência é que cada vez mais
O Repórter Brasil é o telejor- mesma todos os dias e conside- o público aproprie-se dessas tec-
nal da TV Brasil e entrou no ar rando o volume de informações nologias para produzir suas ver-
em 2007, com uma edição de em cada edição, optou-se para sões dos fatos. Nesse sentido, a
segunda a sábado, às 21h, e fins deste artigo pela análise de TV Brasil tem cumprido o papel
outra pela manhã. Mais recen- uma semana, sendo selecionada de emissora pública, oportuni-
temente a edição da manhã foi de forma aleatória a semana de zando a diversidade e pluralida-
extinta e criada uma ao meio 08 a 13 de julho de 2013, visan- de de conteúdo e democratizan-
dia, de segunda a sábado. O te- do assim melhor detalhamento do o acesso e participação do
lejornal pode ser visto pela TV do material colhido. Na semana público no processo produtivo.
Brasil e também pela WebTV. citada, o quadro Outro Olhar foi
O programa tem uma página no ao ar duas vezes. Considerações Finais
facebook e uma conta no twit- No dia 10 de julho, o quadro As transformações provoca-

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das pelos novos meios e plata- Para o modelo tradicional público e disponibilizar horários
formas estão em pleno curso. de televisão, esse novo cenário na programação para a veicula-
Não existem ainda manuais que representa grandes desafios, re- ção dessas produções.
ensinem como os meios devem laciona-se diretamente com pre- No quadro “Outro Olhar”
proceder para garantir sobrevi- ferência e audiência e influi nas tem-se uma representação cla-
vência e preferência dos públi- receitas financeiras. No entanto, ra do uso das multiplataformas
cos. O que se tem observado são essas as características que para produção de conteúdo, já
são processos tentativos para fazem a referenciada pós-TV: que são exibidas matérias feitas
tentar atrair o público cada vez conteúdo independente, quali- com aparelhos celulares, câme-
mais conectado e fragmentado. dade da informação, participa- ras amadoras e outros suportes.
As multiplataformas para produ- ção do público no processo pro- Aparentemente os conteúdos
ção e circulação de conteúdo dutivo, pluralidade de fontes e não são direcionados pela emis-
acessíveis para qualquer um que multicanais de acesso. A internet sora, mas devem passar por uma
esteja habilitado para utilizá-las, como meio tem assumido mais seleção. Esse seria um primeiro
estão provocando alterações sig- fortemente o papel de dissemi- passo para a participação do pú-
nificativas no papel da mídia, nar esses conteúdos, e como blico na produção de conteúdos
podendo ficar para esta a função estratégia de sustentação a tele- para o telejornal.
de apenas decidir o que será ou visão, especialmente a pública,
não divulgado. deve atentar para a demanda do

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Revista ABTU - v.1 - no 01 - 2014
tv digital

Televisão digital e divulgação científica


Autor: Rene Lopez
Titulação: Mestre em Televisão Digital
Contatos: rene@tvu.unesp.br
Universidade Estadual Paulista

Resumo: Este trabalho é resultado das pesquisas desenvolvidas por este autor dentro do Programa de Pós-
-Graduação em Televisão Digital da Universidade Estadual Paulista. Neste trabalho, buscou-se aproximar as
áreas de divulgação científica e de produção para televisão digital interativa. Para isso, foi proposto um progra-
ma televisivo de divulgação científica, no qual o uso da interatividade é pensado como um espaço para refletir
sobre o fenômeno científico apresentado, testando conceitos e levantando hipóteses.

Palavras – chave: televisão digital, interatividade, divulgação científica.

Introdução O desenvolvimento desta nova meio) da Televisão Digital Intera-


Este novo telespectador que maneira de se relacionar com os tiva (TVDI).
participa, que vota, que acessa meios eletrônicos, que teve seu Digitais ou analógicas, as pou-
conteúdos extras e interage de grande avanço com a internet, es- cas concessionárias de TV no Bra-
diversas formas tem recebido as taria assim dando espaço para o sil utilizam o espectro eletromag-
mais variadas nomenclaturas. En- surgimento de uma nova cultura, nético que é de domínio público.
tre as possibilidades o termo “in- novos comportamentos e modos Deste modo se faz necessária a
terator” tem se apresentado por de usufruir das tecnologias digi- discussão sobre o conteúdo pro-
denominar um cenário no qual tais. Com as inovações, surge um duzido, para que haja uma pro-
a interatividade, por mais ampla novo perfil de usuário hábil para gramação informativa que atenda
que seja, limita o processo de tirar proveito das possibilidades aos interesses públicos.
criação dentro de possibilidades e potencialidades destas platafor- Neste contexto de aplicação da
pré-estabelecidas. "Os interato- mas de comunicação. tecnologia em um novo tipo de
res podem apenas atuar dentro Brasil e Arnt (2001, p. 26) con- sociedade cognitiva, Brennand e
das possibilidades estabelecidas sideram que esta geração não Souza Filho (2007, p. 10) ressal-
quando da escritura e da progra- quer ser guiada, e sim ocupar tam o papel da informação para o
mação de tais meios" (Murray, uma função ativa no processo de desenvolvimento social e econô-
2003, p.149). comunicação. “A interatividade é mico de um país que tem como
Apesar de “interator” ser um um pré-requisito: eles querem di- insumo primordial a informação.
termo também bastante usado álogo e não imposição”. No entanto, para que esse fluxo
também em instalações de divul- Neste sentido, Pavlik (2005, p. de informações possa realmente
gação científica para definir aque- 21) acredita que os novos meios ser apreendido, novas formas de
le que interage, no âmbito deste estão possibilitando o desenvolvi- comunicar devem ser aplicadas
trabalho optaremos pelo conceito mento de novas técnicas narrati- permitindo um maior envolvi-
de “usuário”, definido por Goscio- vas. mento entre informação e recep-
la (2004, p. 2) como mais amplo, Para o autor, aspectos como ção.
pois engloba diversas mídias em maior participação da audiência, A interatividade como método
“ações de uso, utilização e comu- comunicação interativa e informa- de divulgação Nesta trajetória da
nicação com a obra”. ções mais contextualizadas, com- chamada sociedade do conheci-
A aplicação desta tecnologia pletas e navegáveis são elementos mento, mais e mais vezes é pos-
interativa permitiria um novo le- essências para as novas mídias sível observar a preocupação da
que de possibilidades audiovisu- digitais. divulgação de saberes. Fato este
ais. Novas tipologias de gêneros Como desafio, esta interativida- comprovado pelo crescimento e
e formatos deverão emergir, pos- de em um sistema dialógico deve- popularização das atividades de
sibilitando, por exemplo, que o rá transformar tanto a linguagem divulgação científica nos últimos
usuário tenha em suas mãos um de produção (aprender a produzir anos. As ações de divulgação
controle do fluxo das informações para o meio) como a linguagem científica, todavia, têm por objeti-
que irá receber. de uso (maneira de usufruir do vo o papel de facilitadoras na me-

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diação entre ciência e sociedade, buiria paulatinamente à formação implicados na pesquisa científica
buscando comunicar ciência em de uma cultura científica. e em suas aplicações tecnológi-
seu sentido amplo, para um públi- Assim, as ações de divulgação cas; l) usar de linguagem acessí-
co não especializado, tarefa nada científica assumem um papel cru- vel ao público, com recursos lin-
fácil em um país sem tradição no cial para a formação desta cultura guisticos apropriados; m) primar
consumo destes produtos. do conhecimento uma vez que pela precisão científica, porém
Não desconexo de qualquer se utilizam de recursos, técnicas sem abusar dos jargões e porme-
modo de desenvolvimento, o co- e processos para a veiculação de nores n) não colocar informações
nhecimento e a informação são informações científicas e tecno- em excesso. (KREINZ E PAVAN,
elementos fundamentais para tan- lógicas para um público geral. 2003, P. 72-84)
to. Levando em consideração o Neste processo de recodificação Com relação ao veículo utili-
modo informacional de desenvol- das mensagens procura-se dar um zado, verifica-se que a televisão,
vimento defendido por Castells tratamento adequado à linguagem com sua grande penetração so-
(2002, p.53), a produtividade se e a informação de modo que pos- cial no Brasil, tem amplo poten-
encontra na tecnologia de geração sam ser ressignificadas pelo públi- cial para ser mediadora das ações
de conhecimentos. Neste sentido, co. de divulgação científica. Unindo
estaríamos sendo conduzidos a Ainda em relação ao tratamen- imagem, som a uma articulação
um novo paradigma tecnológico, to da informação, Bueno (2010, facilitada da linguagem, o conhe-
ligado diretamente à tecnologia p. 8) ressalta que se deve evitar cimento produzido em forma de
da informação, pois teríamos “a o reducionismo e as concepções ciência poderia ser transmitido
ação de conhecimentos sobre os “presenteistas” de ciência. É ne- amplamente.
próprios conhecimentos como cessário contextualizar os fatos e Ao utilizar a TVDI como uma
principal fonte de produtividade.” dados da pesquisa demonstrando plataforma que estimule o usuário
Ainda segundo o autor (Cas- seus resultados como um proces- a conhecer mais sobre o univer-
tells, 2002, p.69), esta revolução so com etapas e intenções espe- so da ciência e tecnologia ma-
tecnológica só se daria com a real cíficas. nipulando interações, seria pos-
aplicação do conhecimento e da Outro importante aporte sobre sível estabelecer conexões que
informação para a geração de dis- divulgação científica utilizado despertem o interesse pelo tema,
positivos que, além de processar e para a produção deste estudo é educando ao mesmo tempo em
comunicar, permitissem um ciclo dado por Kreinz e Pavan (2003, p. que se desmistificam conceitos.
de realimentação da informação 71). Para os autores a tarefa de di- Para Chinelli, Aguiar e Pereira
de modo cumulativo. vulgar a ciência vai além de usar (2008, p. 9) o grande diferencial
Assim, a quantidade e qualida- palavras fáceis para tentar comu- para a apreensão de informações
de desta “aprendizagem” estariam nicar algo, é preciso ficar atento a em espaços como museus se dão
diretamente relacionadas com os uma série de fatores: a) conhecer justamente pela forma com que
produtos disponíveis e em circula- o público a que se dirige o texto se é manuseada interações que
ção. Vale ressaltar ainda que ciên- e o veículo em que se insere; b) despertem a curiosidade e permi-
cia e tecnologia são condições ne- estar ciente da função educativa tem ao usuário checar hipóteses e
cessárias para o desenvolvimento da divulgação científica; c) buscar chegar a conclusões, ou a novos
de uma nação e inerentes ao co- a inserção do conhecimento cien- problemas.
tidiano das pessoas. O acesso ao tífico na sociedade; d) atender aos Assim, através dos recursos in-
conhecimento não deve, neste interesses existentes e despertar terativos em uma obra audiovisu-
sentido, ser de domínio restrito, novos interesses; e) objetivar sem- al de divulgação científica têm-se
pois assim contribuiria unicamen- pre o benefício à população; f) ter opções para o tratamento da infor-
te para o aumento da exclusão so- em mente os limites e particula- mação de modo a facilitar a cog-
cial e da concentração de poder. ridades da ciência; g) distinguir o nição, que por sua vez é desafio
Neste sentido, cabe a valori- científico do que não é científico; primordial do formato, elucidan-
zação dos diversos espaços não- h) valorizar adequadamente o tra- do o desconhecido e permitindo
-formais na promoção da alfabe- balho do pesquisador; i) não des- que o público faça as conexões
tização científica. Segundo Reis e vincular a ciência de seus contex- pertinentes para o entendimento.
Galvão (2005, p. 31), as pessoas tos políticos, econômico, social e Desta maneira, entende-se que a
aprendem ciência a partir de uma cultural; j) perscrutar, sem reinvin- interação com um objeto científi-
variedade de fontes, sob diversas dicar, as aplicações tecnológicas co, mesmo que virtualmente pela
razões e maneiras. Assim, aumen- dos avanços básicos da ciência; k) TVDI, se torna mais eficaz que
tar a oferta destes produtos contri- não negligenciar os valores éticos sua simples leitura.

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tv digital

Metodologia usuário. Ou seja, as situações que ção de 30 minutos, que aborda de


Através do levantamento bi- testam as hipóteses levantadas maneira prática e contextualizada
bliográfico das características e pela narrativa devem ser parte de conceitos da Física. Deste modo,
potencialidades da TVDI e rela- seu repertório e/ou serem contex- foram elaboradas propostas para
cionando-as aos usos da interativi- tualizadas de modo que facilitem três diferentes episódios do pro-
dade como instrumento informati- a compreensão do fenômeno. Por grama e desenvolvido o roteiro
vo, buscou-se elaborar um exemplo, o indivíduo pode nun- completo do piloto.
produto audiovisual de divul- ca ter andado de trem, no entanto Para o programa piloto foi pen-
gação científica com diferentes utilizar trens para demonstrar um sado no tema Energia Elétrica. A
aplicações de recursos interativos. cálculo de aceleração é mais per- ideia representa de maneira clara
A aplicação dos conceitos le- tinente do que apenas interagir a abordagem esperada do progra-
vantados ocorreu através do pro- com uma fórmula matemática. ma – temas presentes em nosso
cesso de concepção e roteirização Já os momentos em que essas dia-a-dia, mas que muitas vezes
do programa “Física na Prática”, interações devem acontecer fo- não refletimos sobre seu funciona-
desenvolvido com o intuito de ser ram escolhidos de acordo com mento. Assim, este primeiro rotei-
produzido e veiculado pela TV o grau de dificuldade do concei- ro busca uma contextualização de
Unesp. to científico e a possibilidade de todo processo que acontece para
Para avaliar as interatividades manipulação ou contextualização que a energia elétrica esteja pre-
propostas quanto à metodologia da informação. Assim, foram sele- sente em nossas tomadas. Fala-se
aplicada sob cada uma delas, essa cionados pontos-chave do roteiro da geração, distribuição, além de
pesquisa se baseou em um roteiro para a inserção destes mecanis- buscar entender o principio que
aplicado normalmente a museus mos de forma que a narrativa pu- ocorre por trás da energia elétrica.
interativos (CHINELLI, AGUIAR desse ser apoiada sobre eles. Um fator muito importante,
E PEREIRA, 2008, p. 4), porém muitas vezes não levado em con-
válido para avaliar as propostas Resultados ta, é a linguagem adotada na cons-
de interatividade como método Com a utilização ampla da tec- trução do roteiro. Ao se articular
informativo, funcionando como nologia digital, abre-se um leque a linguagem de modo que ela se
uma autocrítica ao projeto inicial- de novas possibilidades narrati- aproxime do cotidiano procura-se
mente proposto. Os quesitos ava- vas, estas apoiadas em uma lin- acabar com o distanciamento que
liados foram: guagem muito mais participativa a ciência pode representar. É co-
1. A manipulação da interati- e interativa. Da mesma maneira, mum a ideia de que ciência não
vidade constitui-se como opor- o conceito de hipermídia começa faz parte do dia-a-dia de qualquer
tunidade para a reflexão sobre o a ser empregado em produções pessoa. Desta forma, acredita-se
fenômeno observado e para o le- audiovisuais levando o conteúdo também no uso do humor, quan-
vantamento de hipóteses? Isto é, para além da plataforma. Assim, do possível, para tornar a apresen-
ao manipular (ou ver manipular), aproveita-se dos diversos espaços tação dos temas mais suaves e não
o usuário pode questionar-se so- midiáticos para manifestação do deixar que o programa perca o ca-
bre o que está acontecendo? Ou conteúdo sob diferentes perspec- ráter de entretenimento.
porque isso ocorre? tivas. Sabendo da dificuldade de
2. É permitida a manipulação Neste sentido, foi possível de- conceber estes experimentos vir-
da interatividade de modo a testar senvolver no âmbito desta pes- tuais para o programa “Física na
hipóteses? quisa uma proposta de programa Prática”, outras duas propostas de
3. A interação, ou experimen- de divulgação científica apoiado episódios foram desenvolvidas e
tação, oferece resultados repro- em momentos de interatividade apresentadas em forma de resu-
dutíveis, isto é, que se repetem como auxílio ao processo infor- mo.
sempre que alguém interage ou mativo. Com base no referencial Além da possibilidade de real
experimenta da mesma forma? teórico levantado buscou-se elen- produção do programa pela TV
A partir destas questões, foi car diferentes aspectos da produ- Unesp, o material poderá servir
possível identificar os pontos for- ção de materiais de divulgação de base para outros projetos de
tes e fracos do roteiro e fazer as científica, bem como da produção programas interativos.
respectivas correções. Nesta ava- em televisão digital. O resultado Outro aspecto importante le-
liação, percebeu-se a necessidade desta união foi aplicado em uma vantado pelo projeto se dá no fo-
das interatividades ligarem o con- proposta de programa televisivo, mento a produções de divulgação
ceito científico a uma realidade o “Física na Prática”. Trata-se de científica. Entendemos a necessi-
que possa ser reconhecida pelo um programa semanal, com dura- dade de a TV brasileira desempe-

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nhar um real papel como fonte de a atenção para um novo uso da tencial para aproximar a ciência
informação de interesse públi- plataforma. Espera-se então a real e facilitar a compreensão, pode
co. No entanto, verifica-se uma viabilização do programa por par- auxiliar no processo e criar moti-
ausência de produções que discu- te da TV Unesp para que a ideia vação para tanto.
tam a Ciência de maneira ampla, seja colocada a prova e possa ser Como material de divulgação
contextualizada e informativa. aprimorada. científica, tem-se também a pers-
Da mesma maneira, acredita- pectiva de fomento da produção
Conclusão -se no potencial do produto para destes materiais, normalmente es-
Apesar da dificuldade em es- auxiliar na construção de saberes. cassos e com um tratamento ina-
truturar uma narrativa apoiada em Uma vez apoiado nos parâmetros dequado da informação.
pontos de interatividade, o resulta- curriculares do ensino médio, o Por fim, espera-se que o tipo de
do conseguido com a concepção programa poderia exercer um im- interatividade sugerida no progra-
do programa “Física na Prática” é portante papel como complemen- ma possa servir como referência
bastante satisfatório. Além de um to à sala de aula, assim como re- para o desenvolvimento de pro-
programa sobre ciências com uma duzir o déficit dos brasileiros em postas interativas televisivas que
linguagem adequada e seguindo relação ao conhecimento sobre tenham real valor informativo,
os princípios norteadores estuda- ciência. Vale ressaltar que a pro- promovendo o debate sobre a in-
dos, a interatividade como par- posta não tem pretensão de en- serção destas com uma dinâmica
te integrante da narrativa chama sinar, mas, uma vez que tem po- adequada a narrativa audiovisual.

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TV Social: A integração das redes


sociais com a televisão digital interativa
Autores: Karla Rossana Francelino Ribeiro Noronha e Olga Maria Tavares
Titulação: Mestranda em Comunicação e Doutora em Comunicação
Contato: noronhakr18@yahoo.com.br / olgatavares@hotmail.com
Programa de Pós-Graduação em Comunicação - Univerdade Federal de Pernambuco

Resumo: Este artigo tem o objetivo de apresentar a TV Social e refletir sobre sua característica mais impor-
tante: a integração da TV Digital Interativa com as redes sociais. Através das comunidades virtuais, milhares de
telespectadores têm discutido os programas televisivos que assistem diariamente. Por isso, temos que discutir
sobre a convergência tecnológica e as reconfigurações midiáticas, pois o processo de construção e interpreta-
ção da TV tem se transformado devido às novas possibilidades de interação das diversas plataformas midiáti-
cas, através da construção coletiva de conteúdo televisivo e garantido a participação ativa do telespectador. É
necessário discutirmos como esta integração pode ajudar a melhorar a grade de programação das TVs públicas
e ampliar o acesso da sociedade à informação e educação de qualidade, observando que as discussões dentro
das comunidades virtuais podem influenciar diretamente na produção de programas de TV interativos que
atendam às necessidades dos cidadãos.

Palavras-Chave: Interatividade, Redes Sociais, TV Digital, TV Social.

Introdução zer televisão pode reconstruir o Twitter para interagir com os


Com o advento das novas a televisão no contexto de sua telespectadores através de sor-
tecnologias, a televisão, agora, digitalização e de aplicação da teios, promoções ou a cobertura
pode oferecer imagem e conte- interatividade nas TVs públicas instantânea da programação te-
údo digital, mas ainda não sabe universitárias. Serão abordadas levisiva. E a maioria deles tam-
como tratar a questão da intera- as redes sociais e a TV social, bém têm suas páginas no Face-
tividade e ainda não encontrou seu conceito, características e book.
um modelo de negócio que lhe possibilidade de uso para a TV Por isso podemos considerar
proporcione o mesmo lucro da pública digital. que a relação rede social - te-
TV analógica devido ao poder levisão – telespectador tem so-
de controle de conteúdo que o Redes Sociais frido uma inversão na forma de
telespectador pode ter na TV Di- As redes sociais já se incor- consumo do produto televisivo
gital. poraram ao dia a dia da popula- devido às novas configurações
Todo o aparato técnico da TV ção, sendo que mais de 80% dos midiáticas, que alteram o modo
Digital está pronto e é disponibi- usuários as acessam diariamen- de pensar e agir de cada parti-
lizado gratuitamente. Aparelhos te. Podemos dizer que elas são, cipante desse processo comu-
de televisão já estão sendo ven- na verdade, a relação existente nicacional. Temos a construção
didos com a ferramenta. Alguns entre as pessoas que utilizam os de um novo fluxo de informação
países também já o utilizam, seus recursos independentemen- que agora é transversal, pois
como a Argentina, que, em maio te do objetivo de uso de cada a televisão se desloca para os
de 2012, através do laborató- cidadão/ã. Segundo um levan- dispositivos móveis, tornando-a
rio da Universidade de La Plata tamento realizado pela KPMG, menos doméstica e mais indivi-
(UNLP), liberou a versão 1.3 do intitulado Debate Digital 2013, dualizada.
Ginga.ar, versão portenha para “o Brasil está entre os líderes no De acordo com a ComScore
o middleware de interatividade consumo e na disposição para para Brasil houve uma emergên-
(IMasters, 2012). mídias sociais” (KINGHOST, cia das redes sociais no Brasil em
Este artigo aborda o que é a 2013). 2012. Os usuários da internet no
TV Social, suas características Por exemplo, muitos progra- Brasil são jovens: 18% têm entre
e como essa nova forma de fa- mas televisivos têm utilizado 18 e 24 anos e 30% entre 25 e

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34 anos. O acesso à internet via volvam as redes sociais é funda- permitir aos espectadores saírem
smartphones e tablets teve cres- mental para ampliar os recursos do modo passivo de ver TV e se
cimento recorde de 6% no ano interativos e permitir que as te- tornarem agentes ativos, interfe-
passado. Esses dados podem levisões universitárias possam rindo de forma positiva e cola-
analisados em conjunto com expandir e melhorar a produção borativa no conteúdo dos pro-
as informações divulgadas pelo de conteúdo, além de garantir a gramas que assistem. O público
Ibope Nielsen Online que reali- participação efetiva dos/as cida- receptor pode ainda personali-
zou uma pesquisa em 13 regiões dãos/ãs, com a perspectiva de zar a TV de acordo com as reco-
metropolitanas com pessoas de reconfigurar os processos comu- mendações que recebe das co-
10 anos ou mais de idade, entre nicacionais que perpassam pelas munidades virtuais, que podem
13 e 29 de fevereiro de 2012. diversas mídias que encontra- ter o papel de programadoras.
Os números indicam ainda mos atualmente. Essa possível Cria-se uma nova possibilida-
que os internautas que acessam futura parceria telespectadores- de de trabalhar a inclusão social
a rede em casa e assistem televi- -televisão universitária será, e digital, através da convergên-
são, 43% têm o hábito de ver TV certamente, a mais provável de cia da televisão com a internet.
enquanto navegam. Destes, 59% ocorrer com o objetivo de se As aplicações interativas podem
declararam fazer isso todos os construir uma nova televisão ampliar-se e estabelecer uma
dias. Mais de 70% desses jovens brasileira. rede de usuários – não mais te-
multiusuários afirmam que pro- lespectadores –, que canaliza
curam na internet informações TV Social as informações de acordo com
sobre o que está sendo mostra- A TV Social é uma nova for- seus interesses e os da comu-
do na TV e 80% admitem ter li- ma de interação dentro da TV nidade que participa. Tavares
gado a TV ou trocado de canal Digital. É uma ferramenta de in- (2011, p.166) expõe algumas
motivados por uma mensagem clusão do telespectador no am- características para a TV social.
recebida pela internet. A pesqui- biente de interatividade da tele- São elas: “engajamento social;
sa destaca ainda que os notici- visão digital interativa, já que a abertura ao debate interativo;
ários, novelas, filmes e esportes TV Social é uma integração das preocupação com a qualidade
são os programas mais assistidos redes sociais com a TV Digital. conteudística da programação; e
na televisão por aqueles que es- É sabido que muitas comunida- a interação permanente com as
tão online, sendo que 29% dos des virtuais usam as plataformas redes sociais. Abrem-se, então,
consumidores simultâneos têm o de relacionamento da internet novas fronteiras comunicacio-
hábito de comentar. As novelas (Facebook, Twitter etc.) para dis- nais na forma de novas opções
são o foco principal dos debates. cutir sobre os programas que as- interativas”.
Para as TVs públicas universi- sistem na televisão. Para Tavares No caso das TVs universitá-
tárias, a rede social é uma via de (2011, p. 168-169): rias, a TV social amplia a capaci-
mão dupla no sentido de cons- dade de produção de conteúdo
truir uma programação com con- Redes Sociais e Televisão voltado à educação, cultura e ci-
teúdos sugeridos pelos usuários Digital é uma parceria que dadania. Pode ser um instrumen-
da rede e seguindo a possibilida- tem tudo para dar certo, to de emancipação da sociedade
de de o telespectador ter de fato principalmente no Brasil, que está submetida aos interes-
um meio para transmitir e com- onde a TV é uma espécie ses de emissoras privadas que
partilhar informações de interes- de totem familiar e as re- produzem uma grade de progra-
se comum à sociedade. Esta, ao des sociais se incorporaram mação com pouca informação
perceber seu papel de interlocu- à dinâmica do cotidiano educativa.
tor e colaborador, toma consci- nacional, quando existem Além do envolvimento da co-
ência de que é parte importante mais aparelhos celulares do munidade local, a TV social per-
no processo de desenvolvimen- que habitantes, e a internet mite aos estudantes desenvolver
to do seu contexto social, e pas- já alcança 40 milhões de produtos televisivos no âmbito
sa a participar de comunidades usuários. acadêmico, capacitando esses
de conhecimento que atendam jovens a trabalhar com os re-
a seus interesses informacionais Assim, é possível para a TV cursos da TV Digital e garantir a
específicos. pública digital usar também as qualidade da TV pública univer-
Dessa forma, o desenvolvi- redes sociais para ampliar e me- sitária. Segundo Tavares (2011,
mento de aplicativos que en- lhorar a produção de conteúdo e p. 166):

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A TV Digital Social é vol- promovendo, em parceria com cionadas à saúde tiveram 168
tada para as discussões da a Empresa Brasil de Comunica- acessos enquanto que o serviço
sociedade. Alguns a cha- ção (EBC) - TV Brasil, Universi- oferecido pelo Banco do Brasil
mam, inclusive, de televi- dade Federal de Santa Catarina obteve 135 acessos. Já a opção
são da comunidade. Sendo (UFSC) e Universidade Católica sobre serviços sociais apresen-
assim, supõe-se que este de Brasília (UCB), a produção do tou 210 acessos pelos usuários.
modelo de TV não desperte primeiro projeto de interativida- Por fim, a opção que oferece
interesse das grandes redes de na televisão pública brasileira informações sobre cursos e em-
de televisão porque foge ao que vai testar as potencialidades pregos teve o maior número de
perfil mercadológico dessas da tecnologia digital com famí- acessos, 419.
empresas. Este estudo pro- lias de baixa renda, beneficiárias
põe pesquisas. do Programa Bolsa Família de Considerações Finais
João Pessoa. Foram escolhidas Para refletir sobre o que é a
Assim, a inserção da TV Social 100 famílias dos bairros de Man- TV Social, fez-se necessário dia-
no ambiente das TVs universitá- dacaru, Colinas do Sul e Cristo logar sobre a convergência tec-
rias possibilita o desenvolvimen- Redentor, na capital paraibana, nológica e as reconfigurações
to de um diálogo permanente inscritas no programa social do midiáticas para compreender-
entre professores, pesquisadores Governo Federal, para assistir mos com clareza a importância
e estudantes, além de interagir aos vídeos interativos em desen- que as novas mídias têm trazi-
com a comunidade local e a in- volvimento. O objetivo é ver o do para a sociedade. Assim, a
clusão social e digital daqueles potencial que essas famílias têm convergência é um processo de
que estão distantes das novas de interagir com os novos recur- transformação cultural e social
tecnologias interativas. A Uni- sos proporcionados pela tecno- capaz de remodelar o fazer co-
versidade de Aveiro, em Portu- logia digital, avaliando também municacional dos meios de co-
gal, desenvolve um projeto de aspectos da transmissão digital municação.
TV Social chamado WeOnTV, e outras funcionalidades do sis- Observando o nosso dia a
pelo Sapo Labs. “É um serviço tema (UFPB, 2012). Trata-se da dia, percebemos que o contex-
de integração de redes sociais, primeira experiência de intera- to tecnológico em que estamos
ferramentas de comunicação em tividade na TV aberta e pública inseridos atualmente transforma
tempo real e promoção de con- brasileira. nossa maneira de se relacionar
teúdos televisivos; e é uma apli- A TOTVS foi a encarregada com as pessoas no ambiente real
cação que permite a comunica- de criar os vídeos interativos em e virtual. Muitas vezes até con-
ção entre amigos/as à volta de três áreas de interesse das 100 fundimos os processos em que
um ou mais canais” (TAVARES, famílias beneficiárias do Pro- estamos envolvidos. A televisão
2011, p. 166). grama Bolsa Família que estão sempre esteve presente na nossa
participando do projeto. O Mi- vida e, desde os seus primórdios,
O aplicativo se baseia nistério do Trabalho, Ministério ela tem conseguido mexer com a
na integração de recursos da Saúde e do Desenvolvimen- nossa capacidade de recepção e
de mensagens instantâneas to Social, além do Ministério da interpretação.
(IM) na televisão, permitin- Previdência em que cada um Com a chegada de novas mí-
do que os usuários saibam produziu três vídeos interativos dias e tecnologias, o processo
o que outras pessoas estão com informações sobre Cartei- de construção e interpretação da
assistindo, podem fazer re- ra de Trabalho, Bolsa Emprego, TV mais uma vez se altera por-
comendações de programa Farmácia Popular, Aleitamento que os públicos estão sempre
ou iniciar bate-papo em vá- Materno, Benefícios do Governo em busca de um conhecimento
rios formatos. Para envio de Federal, entre outros. cada vez mais específico e loca-
mensagens, o usuário pode Os conteúdos interativos fo- lizado. Entretanto, apesar disso,
usar o controle remoto ou ram transmitidos através de um ainda encontramos muitas pes-
o seu telefone móvel. (SO- canal extra, concedido a TV Câ- soas que estão excluídas desse
CIALITV, 2012). mara de João Pessoa pela EBC. processo devido à dificuldade
Sobre a utilização, uma matéria de acesso às redes telemáticas.
A TV UFPB e o Núcleo La- publicada no Jornal da Paraíba Por esse motivo, temos con-
vid- Laboratório de Aplicações recentemente acerca do projeto siderado que a integração da
de Vídeo Digital da UFPB- estão afirma que as informações rela- televisão com as redes sociais

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torna-se uma nova possibilidade e o compartilhamento de con- modificação concreta na vida


de busca de conhecimento, de teúdo pelos telespectadores/ dos moradores que podem ter
um espaço onde cada ser pos- usuários. Construir aplicações a oportunidade de observar e
sa mostrar seu valor e colaborar interativas para a TV digital que contribuir para a elaboração de
com a sua comunidade. As redes utilizem ferramentas de comu- uma grade de programação mais
sociais têm se mostrado uma fer- nicação da internet abre novas rica e voltada para as necessida-
ramenta de integração e compar- possibilidades de acesso à edu- des da comunidade. A televisão
tilhamento de conteúdo de valor cação, cultura e cidadania que pode se tornar mais horizontal à
relevante e com um elevado nú- incluem a participação de cada medida que considera a partici-
mero de usuários. cidadão nesse processo de cons- pação dos usuários da internet,
Considerando o nível de uti- trução coletiva. criando um espaço livre e plural
lização da televisão e das redes Para as TVs universitárias em que os sujeitos têm autono-
sociais é interessante pensar em que estão inseridas na vida da mia para expor sua fala.
como essas mídias juntas podem comunidade em seu entorno,
diversificar o desenvolvimento essa integração promoveria uma

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comunicação pública

A apropriação da convergência
midiática na divulgação científica
Autora: Paula Cecília de Miranda Marques
Titulação: Especialista em Linguagem, Cultura e Mídia
Contato: paulacmmarques@hotmail.com
Universidade Estadual Paulista

Resumo: A televisão tradicional com fluxo unilateral, aos poucos, cede espaço para o diálogo com
seu espectador. Este trabalho sugere que essa troca de informações pode ser benéfica no âmbito da
divulgação científica feita pelas televisões universitárias. Mais que a absorção passiva de conteúdos, o
receptor, agora também visto como produtor, poderia influenciar na escolha dos temas e expandir a ex-
periência cognitiva com a possibilidade de, a partir da internet, questionar e aproximar o conhecimento
de seu cotidiano.

Palavras-chave: televisão; internet; convergência midiática; divulgação científica.

A divulgação científica, aqui descobertas da humanidade sem características educacionais.


entendida como a “[…] utilização o domínio hegemônico de alguns (JAMBEIRO, 2008, p.89).
de recursos, técnicas, processos grupos” (GUARÁ, 2002, p. 85).
e produtos (veículos ou canais) Os meios de comunicação, E, quando tem a finalidade de
para a veiculação de informações como a televisão, têm papel fun- difundir a ciência e fornecer fer-
científicas, tecnológicas ou as- damental nesse processo de dis- ramentas de transformação das
sociadas a inovações ao público seminação do conhecimento. A esferas sociais, muitas vezes erra
leigo” (BUENO, 2009, p.162), é televisão brasileira tradicional, na abordagem, conforme alertou
uma importante ferramenta de entretanto, pouco espaço oferece Bueno, que destaca que a cober-
popularização do conhecimen- para o conteúdo educativo da di- tura da CT&I pelos meios de co-
to produzido nas universidades. vulgação científica. Segundo Jam- municação reforça a idealização
Mais que reproduzir disursos, é beiro, o modelo de exploração de que a ciência avança aos saltos
preciso desenvolver no público a comercial das concessões permi- e graças a descobertas dos consi-
familiaridade com o material edu- te que as emissoras desviem de derados grandes gênios que car-
cativo de divulgação científica, sua finalidade, priorizando pro- regariam a inovação de forma in-
para aproximá-lo do fazer cien- gramas que chamam mais a aten- dividualizada, pois a abordagem
tífico. Além disso, a população ção do público. dos meios “contempla o avanço
deve ter acesso aos resultados das da C&T em momentos singulares,
pesquisas desenvolvidas na aca- O resultado é que a quali- anunciando, muitas vezes com
demia, pois além de representar ficação legal da radiodifusão sensacionalismo, resultados de
um retorno de seu investimento como um serviço de interes- pesquisa e descobertas de grande
feito muitas vezes por meio do fi- se público e com finalida- impacto” (BUENO, 2010). Esse
nanciamento público, é também des educacionais tornou-se estereótipo deve ser combatido
fator importante de formação so- meramente retórica, sem para a efetiva democratização dos
cial. Segundo a pesquisadora Isa conseqüências objetivas em saberes, o público deve entender
Maria Guará, o acesso ao conhe- termos de implementação. a ciência como parte de seu coti-
cimento não deve ser restrito, pois Na prática, o modo comer- diano e um processo coletivo.
além de uma meta social e políti- cial de exploração da TV Nesse contexto, a televisão
ca, a popularização da ciência, é tem sido esmagadoramente universitária se mostra como al-
também uma meta cultural, uma predominante e o número e ternativa ideal, uma vez que se
vez que “permitirá a incorpora- qualidade de programas de apresenta como um espaço de
ção de diferentes contribuições e entretenimento têm supe- inovação e informação, propício
a democratização dos saberes e rado de longe aqueles com à disseminação do conhecimen-

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comunicação pública

to, além de estar próxima desse cipantes. Em seu texto “Novos É possível que o poder de in-
meio desenvolvedor de ciência, comportamentos para antigas fluenciar que surgiu com os inter-
as universidades. Cláudio Márcio mídias ou antigos comportamen- nautas, possa de fato contribuir
Magalhães, conselheiro consul- tos para novas mídias”, o profes- para a produção de conteúdo de
tivo da Associação Brasileira de sor François Jost (2011) trata das qualidade e interesse para o pú-
Televisão Universitária - ABTU, mudanças que ocorrem também blico – um conteúdo verdadeira-
diz que na TV universitária o con- com os espectadores que, diante mente colaborativo.
teúdo é tão importante quanto a dessa mudança de paradigma, A televisão universitária deve
forma, (...) uma TV onde a ciên- transformam seus hábitos, consu- aproveitar o momento de trans-
cia é vista como participante do mindo a comunicação que transi- formações na relação produtor-
cotidiano e não como algo dis- ta pela convergência. -receptor para renovar o modo
tante ou uma prática restrita aos Assim, este estudo aborda a in- como produz conteúdo, fazen-
laboratórios inóspitos, cientistas teração entre os meios, televisão e do-o participar do processo de
malucos e obstinados, relegada à a internet, como potencializadora produção e, assim, mudar a di-
atração exótica de programas de da divulgação de conteúdos cien- nâmica de produção das obras
variedades. tíficos, capaz de fazer a mediação televisivas.
Contudo, a simples apresenta- entre ciência e comunidade ser A forma como o usuário inte-
ção de conteúdos pode não bas- mais que a simplificação da lin- rage é que pode mudar o rumo
tar para que o espectador absorva guagem acadêmica, conforme do processo produtivo audiovi-
o conhecimento. defendem Kreinz e Pavan (2003). sual. Por isso, como lembra Fa-
A partir disso, o presente traba- É possível propor interações com ris Yakob, no prefácio do livro
lho sugere que a televisão, aliada usuários para a absorção de con- Cultura da convergência, além
à possibilidade de uma interação ceitos ou criar um diálogo de de interativa, essa convergência
mais próxima com o público por modo que os espectadores pos- midiática é participativa. Jenkins,
meio da internet, se mostra como sam sugerir pautas, questionar e complementa:
alternativa eficiente para a popu- aplicar os conhecimentos adqui-
larização do conhecimento. A ridos em extensões da programa- A expressão cultura par-
convergência de mídias envolve ção da rede. ticipativa contrasta com no-
o espectador, convidando-o a en- Brasil e Arnt defendem que es- ções mais antigas sobre a
tender, discutir e aplicar a ciência tes usuários que são produtores passividade dos espectado-
em seu cotidiano. não querem ser induzidos: a in- res dos meios de comunica-
Com a digitalização das mí- teratividade é um pré-requisito: ção. Em vez de falar sobre
dias, surge a discussão sobre o eles querem diálogo e não impo- produtores e consumidores
futuro das mídias tradicionais. A sição”. (2002, p.26). de mídia como ocupantes
sugestão aqui proposta é de que O diálogo acima citado pode de papéis separados, po-
não da ideia de substituição de mudar os rumos da produção te- demos agora considerá-los
um meio por outro, e sim da ex- levisiva universitária, agregando como participantes intera-
pansão da convergência midiáti- diversidade de conteúdo e lin- gindo de acordo com um
ca, que amplia as possibilidades guagem. Produtores de progra- novo conjunto de regras,
de transmitir conhecimento. mas podem saber o que pensam que nenhum de nós enten-
Segundo Jenkins (2009, p. 29), os usuários, o que esperam e pelo de por completo. (JENKINS,
a convergência é uma transforma- que se interessam, de acordo com 2009, p.30)
ção cultural, pois as pessoas são Jost, “graças à extensão das mí-
orientadas a fazer conexões em dias digitais, ao sucesso das redes A participação tem que vir
meio a conteúdos de diferentes sociais, é possível propor conteú- com ideias e difusão de propos-
mídias. dos que dependem parcialmente tas. Arnaut e outros autores, base-
Essa convergência, como ex- da ação do usuário e que fazem ados em estudos de Jesus Martin-
plicitou o autor, vai além de uma convergir duas mídias, a televisão -Barbero, afirmam que pesquisas
questão tecnológica e depende e a internet, a caminhos até agora sobre a cultura participativa, pre-
dos espectadores como parti- paralelos” (JOST, 2011, p.99). sente nas redes sociais digitais,

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Revista ABTU - v.1 - no 01 - 2014
comunicação pública

passaram a considerar o sujeito- O receptor não é apenas cação, o receptor mantém


-receptor como um indivíduo que um mero decodificador dos um espaço interior de re-
recebe as mensagens midiáticas, conteúdos das mensagens sistência que lhe permite
mas que também possui uma opi- impostas pelo emissor, mas rejeitar informações que
nião a ser explorada, deixando também produtor de novos culturalmente não são re-
em segundo plano a ideia de con- conteúdos. Embora inicial- conhecidas por ele. (AR-
versa predominante unilateral” mente designado como um NAUT et al, 2011, p.264).
(ARNAUT et al, 2011, p.264) agente passivo na comuni-

Referências

ARNAUT, Rodrigo D. Era Transmídia. Revista JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. 2ª


Geminis. São Carlos: ano 2, n. 2, pp. 259-275. ed. São Paulo: Aleph, 2009.

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online. Disponível em <http://pucposcom-rj. nível em: <http://www.redetupi.com/paginas/
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LÉVY, Pierre. A esfera pública do século XXI.
BRASIL, Antonio; ARNT, Héris. Telejornalis- Disponível em: <http://www.moodle.ufba.br/
mo On-line em debate. Rio de Janeiro: EPapers, file.php/11/artigo-pierre-levy.pdf> Acesso em:
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BUENO, Wilson da Costa. Comunicação KREINZ, Glória; PAVAN, Crodowaldo (org.).


Científica e divulgação Científica: aproximações Divulgação Científica: reflexões, sexto volume
e rupturas conceituais. Inf. Inf., Londrina, v. 15, da Coleção Divulgação Científica. Espiral (São
n. esp., p. 1 - 12, 2010. Paulo), v. 4, p. 1, 2003.

BUENO, Wilson da Costa. Jornalismo científi- MAGALHÃES, Cláudio. TV Universitária:


co: revisitando o conceito. In: VICTOR, C.; CAL- a televisão utópica. Disponível em: <”http://
DAS, G.; BORTOLIERO, S. (Org.). Jornalismo www.abtu.org.br/site/index.php?option=com_
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GUARÁ, Isa Maria F. Rosa. Ciência, educação


e inclusão social. In: Matos, Cauê (org.). Ciência
e inclusão social. São Paulo: Terceira Margem,
2002. p. 83-90.

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Revista ABTU - v.1 - no 01 - 2014
drops ABTU

RITU alcança balanço positivo


Com participação positiva das TVs Universitárias, os arquivos da RITU (Rede de
Intercâmbio de Televisão Universitária) vêm crescendo mais a cada dia. Criada para
auxiliar as TVs Universitárias, a RITU permite a troca de conteúdo para a construção
de uma grade local e universitária “A maioria das TVs Universitárias necessita de
conteúdo complementar para sua programação e a RITU é uma solução criada para
garantir que esse conteúdo complementar tenha um DNA universitário, mantendo a
unidade na grade de programas e compartilhando a diversidade e os sotaques regio-
nais” afirma Fernando Moreira, presidente da ABTU.

RITU disponibiliza vídeos musicais do Itaú


Cultural
Por meio de um acordo entre a ABTU e o Itaú Cultural serão disponibilizados
para distribuição na RITU 25 shows do projeto Rumos Música Mapeamento.
O Itaú Cultural é um instituto voltado para pesquisa e produção de conteúdo,
que incentiva a difusão de manifestações artístico-intelectuais. O programa Rumos
é o principal meio de apoio do projeto e tem por objetivo valorizar a diversidade
brasileira, estimulando a criatividade e a reflexão sobre a cultura e premiar artistas e
pesquisadores de várias áreas.
Já a vertente do programa denominada Rumos Música Mapeamento tem o obje-
tivo de mapear, apoiar e difundir talentos na área da música em todas as regiões do
Brasil, contribuindo para seu amadurecimento, formação e articulação no cenário
cultural brasileiro.
Atenção associadas ABTU: Para receber este material, a TV associada interessa-
da deve concordar com o termo de condições do Itaú Cultural, disponível na pasta
RUMOS MUSICA MAPEAMENTO ITAÚ CULTURAL.

ABTU assina convênio importante com a SET


No dia 7 de abril, na cidade de Las Vegas, os representantes da Sociedade Brasi-
leira de Engenharia de Televisão (SET) e Associação Brasileira de Televisão Univer-
sitária (ABTU) assinaram um Convênio de Cooperação Mútuo. O acordo teve como
testemunha de honra o Sr. Gabriel Torres, diretor do Sistema de Rádio e TV da Uni-
versidade de Guadalajara. Seundo ele, alem de uma maior cooperação, “A televisão
precisa cada vez mais de intercâmbio tecnológico. Em toda a América Latina está se
tornando comum a migração para o digital, além disso, tem o surgimento de novos
formatos e modelos. Essas mudanças podem ser debatidas quando há maior troca de
conhecimento”.

ABTU participa da discussão sobre a produção de


conteúdos destinados às TVs Públicas do FSA
A ABTU está participando do Grupo de Planejamento Executivo, no âmbito da Linha
de Produção de Conteúdos destinados às TVs Públicas do Fundo Setorial do Audiovi-
sual.
O primeiro passo será uma ampla pesquisa sobre a programação de todos os segmen-
tos da TV Pública e a realização de um Seminário de Programação no qual serão discu-
tidos os parâmetros de uma programação que atenda aos objetivos desses segmentos,
até o mês de novembro de 2014

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Revista ABTU - v.1 - no 01 - 2014
resenha

Reflexões necessárias sobre a comunicação pública


Autor: Pedro Ortiz*
Titulação: Doutor em Integração da América Latina
Contato: phortiz@usp.br / phortiz@hotmail.com
Faculdade Casper Líbero - TV USP

Livro: MATOS, Heloiza (org.). Comunicação pública: interlocuções, interlocutores e perspectivas. São Paulo,
ECA/USP, 2013, 288 p.

As nações soberanas e democráticas deveriam in- e empíricas sobre esta área fundamental para os estudos
vestir tempo e recursos na criação e aperfeiçoamento comunicacionais no país. Sua realização prática envol-
dos seus sistemas de comunicação pública. Ainda mais veu, nas várias etapas de produção, os pesquisadores
nessa era de convergência de mídias, onde a sociedade participantes do grupo, que cuidaram pessoalmente da
busca de forma crescente ser protagonista das mudan- edição, revisão, diagramação e arte final do livro. Uma
ças sociais, políticas, econômicas e culturais, criando primeira edição saiu no formato de e-book (2012), dis-
outras dinâmicas de participação cidadã, tendo a comu- ponível para download no site da ECA-USP (www.pos.
nicação como um espaço de mediação social cada vez eca.usp.br) e em seguida uma versão impressa (2013),
mais relevante. com exemplares distribuídos gratui-
Novos canais para expressão da tamente, priorizando bibliotecas de
diversidade de visões de mundo escolas com cursos de graduação e
em sentido amplo e a utilização das pós-graduação em Comunicação.
plataformas digitais permitem uma Em sua primeira parte, Interlocu-
maior interação e interatividade en- ções da comunicação pública, o livro
tre os cidadãos, organizados ou não, apresenta artigos que discutem ques-
as instituições e os vários poderes tões relacionadas à comunicação
constituídos e legitimados, na esfera no espaço público, com reflexões
pública, privada ou no chamado ter- conceituais e teóricas sobre a cida-
ceiro setor. dania, comunicação organizacional,
Por essas e muitas outras razões, legislação, o trabalho em rede. Em
não podemos deixar de considerar a seguida, o leitor encontra na segun-
relevância da comunicação pública da parte um eixo temático a partir de
para o aprofundamento da democra- Interlocutores na saúde pública, que
cia, seja no campo da radiodifusão busca discutir de forma ampla e sob
pública, com o crescimento do seg- vários prismas experiências que re-
mento de rádios e TVs educativas, lacionam cidadania e comunicação
universitárias, legislativas, comunitá- pública, relações humanizadas e co-
rias e também no campo da comuni- municacionais na saúde pública, po-
cação em instituições públicas, nas líticas de saúde, processos eleitorais.
suas relações com a sociedade. A terceira e última parte do livro, Outras perspectivas,
Nesse contexto, são sempre bem-vindos a reflexão, o traz reflexões sobre políticas públicas e espaço público
estudo, a pesquisa e o debate de ideias sobre questões considerando as novas interfaces da comunicação digi-
fundamentais relacionadas ao campo público da comu- tal, suas plataformas, tecnologias e linguagens.
nicação e suas múltiplas interfaces. O livro Comunica- Sem dúvida, uma leitura instigante e uma contribui-
ção Pública: interlocuções, interlocutores e perpecti- ção de grande importância para todos que se dedicam
vas, organizado pela professora e pesquisadora Heloiza aos estudos e pesquisas no campo da comunicação pú-
Matos, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da blica e suas relações com a sociedade, as instituições e
Comunicação (PPGCOM) da Escola de Comunicações o cidadão.
e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), traz
uma coletânea de textos de 21 autores, integrantes do
grupo de pesquisa “Comunicação pública e comuni-
cação política”, apoiado pelo CNPq e pelo Centro de
Estudos de Comunicação Organizacional e Relações * Jornalista, diretor da TV USP e do Canal Universitário de São
Públicas (Cecorp), do Departamento de Relações Públi- Paulo, professor da graduação e pós-graduação em Jornalismo
da Faculdade Cásper Líbero (SP), doutor pelo PROLAM-USP e
cas, Propaganda e Turismo (CRP), da ECA-USP. vice-presidente da ABTU.
A obra é resultado de um trabalho coletivo do grupo
de pesquisa, com artigos que trazem reflexões teóricas

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Revista ABTU - v.1 - no 01 - 2014
diretrizes para autores

Normas de publicação - Revista ABTU: TV Universitária + TV Pública


A Revista ABTU: TV Universitária + 6) O artigo, no início do texto, deve pontos (ou pixels). Observar o seguinte:
TV Pública é uma publicação semestral ter resumo e abstract com no máximo 10 - Se a imagem é escaneada a partir de
com conteúdos relativos a pesquisa e de- e no mínimo 8 linhas. um material impresso (livro, revista etc.),
senvolvimento da Televisão Universitária 7) Sob o resumo, deverá haver de 3 configura-se no scanner 300 dpi, para re-
e Pública Brasileira. (três) à 5 (cinco) palavras-chave. produzi-la com o mesmo tamanho; uma
A Revista se propõe a ser um dos prin- 8) Tanto o resumo como as palavras- foto 10x15 escaneada a 300 dpi pode ser
cipais veículos de estudo, pesquisa e fo- -chave devem estar em português e in- reimpressa no tamanho 10x15 ou menor,
mento na troca de informações e ideias glês. nunca maior;
sobre a televisão pública brasileira. 9) Inserir número de página no fim da - Se a imagem provém de uma foto-
folha; grafia em máquina digital, é necessário fa-
Avaliação dos textos (artigos, rese- 10) Tamanho no papel: A4 (21,0 x zer o cálculo: por exemplo, uma imagem
nhas, etc): 29,7 cm), com orientação retrato, mar- de página inteira na revista (17x21cm)
A aceitação será feita com base na ori- gens superior, inferior, esquerda e direita numa resolução de 300 dpi precisa ter
ginalidade, significância e contribuição de 2 cm; 2100x2500 pixels de dimensão para ficar
científica. Os revisores farão comentários 11) Os arquivos para submissão estão boa.
gerais sobre o trabalho e informarão se em formato Microsoft Word, OpenOffice Recomendações importantes: Se uma
será aceito para ser publicado, rejeitado ou RTF (desde que não ultrapassem 2MB) imagem precisa ser ampliada, isso deve
ou se poderá ser publicado realizando-se 12) URLs para as referências deverão ser feito impreterivelmente na hora de es-
correções pelo(s) autor (es). Quando nos- ser informadas quando necessário e deve- canear; não é possível pegar uma imagem
sos pareceristas sugerirem modificações, rão estar ativas quando do envio do texto. pequena e aumentá-la nos programas de
elas serão encaminhadas ao autor prin- 13) O texto deverá estar com espa- edição, pois vai fazer cair a qualidade.
cipal que deverá devolver o manuscrito çamento de 1,5; usar fonte Times New Ao salvar uma imagem em JPG, esco-
corrigido em até 15 dias. Em seguida, o Roman 12 pontos; para comentários e lha o valor máximo de qualidade (nor-
mesmo será devolvido aos pareceristas citações, empregar itálico em vez de malmente 12, numa escala de 3 a 12).
para verificação. Em caso de discordância sublinhado (exceto em endereços URL)
entre os avaliadores, poderá ser solicitada para citações e comentários; as figuras e Processo de Avaliação por Pares
uma terceira opinião. Após este processo, tabelas deverão estar inseridas no texto e • Todo artigo submetido à ABTU é
o(s) autor(es) serão avisados via e-mail. não no final do documento na forma de avaliado por, pelo menos, dois avaliado-
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são, os autores são obrigados a verificar a NBR 6023 (confira em: www.abnt.org.br) mente rejeitado;
conformidade da submissão em relação a 15) Caso haja, deve constar nas refe- • No caso de pareceres díspares, o
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sões que não estiverem de acordo com as tal Object Identifier) especialista;
normas serão devolvidas aos autores. 16) As opiniões expressas no texto são • A dupla avaliação por pares garante
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ção. autor(es) se comprometem a registrar a • A equipe editorial se compromete
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utilizando as normas ABNT como refe- nítidas, no tamanho máximo de 9 x 14 prazo.
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rativos, os mesmos deverão apresentar real. DPI significa “pontos por polega- acadêmicas, sem ônus para a Revista. O
título curto, contendo no máximo 30 da”, por isso o tamanho em centímetros autor, porém, continuará a deter os direi-
caracteres (incluindo os espaços entre as depende da resolução (e vice-versa). Na tos autorais do texto para o caso de publi-
palavras) e a intertitulação é necessária verdade, ao passar uma imagem para o cações posteriores.
(contendo no máximo 150 caracteres, já computador (isto é, digitalizar a imagem),
incluindo os espaços); ela passa a ter as dimensões medidas em

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Revista ABTU - v.1 - no 01 - 2014
Eu produzo, tu produzes, ele produz,

nós todos transmitimos.


Conheça a RITU - Rede de Intercâmbio de Televisão Universitária que permite que todas
as associadas da ABTU compartilhem suas produções e tenham uma programação completa,
diversificada e 100% universitária.
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membros da ABTU utilizarem livremente, abastecendo os canais universitários com programação
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associadas. Mais do que compartilhar, a RITU amplia o alcance das redes locais, levando a
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Como participar?
Todas as televisões e canais universitários que
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A única condição é o compromisso de colaborar
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