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Transtorno Bipolar: análise de suas especificidades e alternativas

Psicoterápicas

Fernanda da Silva Mendes¹


Anália Ferraz Rodrigues²

Resumo: O presente estudo objetiva a revisão de parte da vasta literatura


existente hoje sobre o Transtorno Bipolar, partindo da premissa básica de que o
Transtorno do Humor Bipolar se caracteriza pela ocorrência de episódios
maníacos depressivos e maníacos, sendo assim, a mania a sua marca registrada
e que é classificado, conforme algumas características em Transtorno Bipolar tipo
I e tipo II pretende-se a discussão dos seguintes pontos: conceituação do
transtorno do humor bipolar, caracterização de aspectos como temperamento e
personalidade no transtorno bipolar, influências da interação entre personalidade e
transtorno bipolar, comorbidades e características pré-morbidas no referido
transtorno, sintomas subclínicos e ainda a adesão e o desfecho do tratamento;
além de questões de cunho social como o papel da família no tratamento e as
possíveis terapias alternativas oferecidas na atualidade.

Palavras chave: Transtorno Bipolar; mania; terapias.


Abstract: This study aims to review part of the vast literature existing today on
bipolar disorder, starting from the basic premise of the bipolar mood disorder is
characterized by the occurrence of manic depressive, so, a mania his trademark
and which is classified, as some features in bipolar disorder type I and type II want
to discuss the following points: conceptualization of bipolar disorder,
characterization of aspects such as temperament and personality in bipolar
disorder, influences the interaction between personality and bipolar disorder,
comorbidities and pre-morbid characteristics in that disorder, subclinical symptoms
and also subclinical symptoms and even adherence to outcome of treatment; Apart
from issues of social nature as the role of family in the treatment and possible
alternative therapies offered today.

Key works: bipolar disorder, mania, therapies.


_____________________
¹ Psicóloga. Especialista em Rh e Marketing, mestranda em Docência Universitária.
² Psicóloga Especialista em Gestão Inovadora de Pessoas e Equipes, mestranda em Docência Universitária.
1. Introdução

O Transtorno Bipolar é um transtorno de humor até pouco tempo conhecido


por psicose maníaco-depressiva, deixando de ter essa denominação pelos
sintomas psicóticos que não são tão freqüentes, mas persistindo os episódios
maníacos, sendo a mania sua marca registrada. A característica essencial do
Transtorno Bipolar I é um curso clínico caracterizado pela ocorrência de um ou
mais Episódios Maníacos ou Episódios Mistos e com freqüência Episódios
Depressivos Maiores (DSM-IV, 1994)

A mania caracteriza-se pela fase em que o sujeito encontra-se na condição


de perda de seu próprio eu, um eu modificado, perdido em seu próprio
funcionamento. Conforme os primeiros estudos da psicose maníaco-depresiva,
juntamente realizados por Emil Kraepelin e Karl Abraham (1911), "o começo da
mania ocorre quando a repressão não pode mais resistir o assalto dos instintos
(impulsos) reprimidos”. Sendo assim, os episódios maníacos seriam resultados da
supressão total ou parcial das inibições normais do sujeito.

Um Episódio Maníaco é uma fase em que o humor encontra-se anormal e


excessivamente elevado, expansivo ou irritável, com duração de pelo menos uma
semana, em que três ou mais sintomas persistem em grau significativo, tais como
auto-estima inflada ou grandiosidade, redução da necessidade de sono, pressão
por falar, fuga de idéias, distratibilidade, agitação psicomotora, envolvimento
excessivo em atividades prazerosas com alto potencial para conseqüências
dolorosas (DSM-IV).

Já o Episódio Misto caracteriza-se por um período de tempo (no mínimo


uma semana) durante o qual são satisfeitos os critérios tanto para Episódio
Depressivo Maior quanto para Episódio Maníaco. Quase todos os dias o sujeito
apresenta uma rápida mudança de humor (tristeza, irritabilidade, euforia) (DSM-
IV).
No Episódio Hipomaníaco ocorre um humor anormal e persistentemente
elevado, expansivo ou irritável, com duração mínima de quatro dias. O humor
durante um Episódio Hipomaníaco deve estar nitidamente diferente do humor não-
deprimido habitual do sujeito, e deve haver uma nítida alteração no

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funcionamento, que não é característica do funcionamento habitual do sujeito
(DSM-IV).
O Transtorno Bipolar tipo I é a forma clássica em que o paciente apresenta
os episódios maníacos alterados com os depressivos. Com freqüência, os
indivíduos também tiveram um ou mais Episódios Depressivos Maiores. Por outro
lado, a característica essencial do Transtorno Bipolar tipo II é um curso clínico
marcado pela ocorrência de um ou mais Episódios Depressivos Maiores,
acompanhados por pelo menos um Episódio Hipomaníaco (Ballone, 2005).

1.1 Relação do Temperamento e Personalidade no Transtorno Bipolar

Inúmeras são as definições dadas a Temperamento e Personalidade, tais


como a personalidade compreendendo um amplo conjunto de elementos, como
aprendizagem e relações sociais e o temperamento descrito como a disposição
que o individuo tem a determinados padrões de reação emocional, ocilações
afetivas e níveis de sensibilidade aos estímulos (Merikangas et al., 1998 in
Barrantes).

Existem alterações de humor que podem associar-se a características de


personalidade (Bourgeois,2001), que têm, junto ao temperamento, um fundamento
biológico que reflete as características básicas que diferem um individuo do outro,
sendo que a personalidade compreende um conjunto mais amplo de
componentes. O temperamento, por sua vez, está mais ligado a elementos
constitucionais e genéticos, a partir dos quais a personalidade irá se desenvolver,
apesar de ser difícil diferenciarmos um do outro (Barrantes, 2001).

O temperamento apresenta um significado que capta melhor a natureza


fisiológica inerente de determinadas características básicas que parecem
diferenciar uma pessoa da outra (Clarindge, 1995 in Barrantes et al., 2001). Nesta
perspectiva o temperamento é considerado basicamente constitucional,
determinado geneticamente e com marcado substrato biológico (Barrantes, 2001).

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Claridge (1995) traz um conceito que parece ter boa aceitação, assumindo que as
dimensões do temperamento são as diferenças mais básicas entre os indivíduos,
e a personalidade encontra-se numa fase posterior, onde o ambiente tem um
papel de destaque (Barrantes, 2001).
Dados os diversos matizes conceituais que existem no âmbito do
temperamento e personalidade e sua relação com transtornos afetivos, há uma
questão metodológica importante a ser considerada: trata-se de sabermos se as
características de temperamento ou personalidade são conseqüências da
patologia ou, por outro lado, predispõe a ela (Grant, 2005).

1.2 Personalidade X Transtorno Bipolar

Muitos estudos estão sendo realizados para verificar a relação entre


personalidade e Transtorno Bipolar, levantando hipóteses que tentam explicar a
interação entre personalidade e transtornos afetivos, que indicam que a
personalidade e o temperamento são subjacentes a um transtorno de humor, bem
como alguns tipos de personalidade podem ser considerados manifestações sutis
de um transtorno afetivo (Bourgeois, 2001).

Os transtornos do humor, tanto bipolares como unipolares cíclicos tem sido


vistos como parte de um mesmo processo, apresentando variações quanto a
intensidade dos sintomas e características prévias de personalidade (Goodwin e
Jamoson, 1990).

Muitas das conseqüências da piora do Transtorno Bipolar estào


relacionadas à personalidade e seus efeitos no ambiente, como conflitos
interpessoais, condutas de risco, abuso de substancias, entre outros. Segundo
Miklowitz, 1988 e Wetzler, 1995, os eventos sociais associados a fatores
biológicos experimentados como traumáticos para o sujeito desencadeiam
recorrências nos episódios.

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Cordioli (2008), diz que muitos estudos têm demonstrado que pacientes
bipolares apresentam características específicas de personalidade, em termos de
comportamento e cognição. Tais fatores cognitivos provavelmente constituem sua
própria diátese (vulnerabilidade) para o desenvolvimento de sintomas no
transtorno bipolar, não sendo apenas sinais periféricos; a expressão
sintomatológica dessas vulnerabilidades cognitivas se dá na direção de um
episódio depressivo ou maníaco.

De acordo com Kraepelin (1921), as variações da personalidade são


elementos essenciais para o desenvolvimento de uma psicose ou transtorno do
humor, descrevendo-as como “disposição pessoal” (Von Zerssen e Akiskal, 1998),
pois tais características são persistentes nos intervalos entre as crises.

Reforçando este conceito Akiskal (1977) diz que temperamento é a base do


transtorno afetivo. Para Cloninger (1993), tais estados fundamentais são
configurações multidimensionais da personalidade, incluindo temperamento e
caráter.

Muitos autores acreditam que comportamentos inicialmente atribuídos a


alterações de personalidade podem ser ocasionados por desregulações
importantes do afeto, como labilidade e sensibilidade interpessoal (Perugi, 2004).

Ainda hoje não há uma identificação de características específicas de


personalidade para pacientes com Transtorno Bipolar, mas a maior parte dos
estudos sugere que o primeiro episódio do referido Transtorno está associado a
um estressor externo enquanto os demais episódios não se relacionam a eventos
externos ao paciente (Belmaker, 2004).

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1.3 Comorbidades e características pré-morbidas

A comorbidade entre transtornos de personalidade é comum e pode ocorrer


por sobreposição de critérios diagnósticos do DSM-III-R e do DSM IV, cujos
critérios são semelhantes. Apesar de o DSM-IV tê-los aperfeiçoado, a principal
conseqüência da sobreposição de critérios diagnósticos são os múltiplos
diagnósticos de transtorno de personalidade (Neto, 2006). Os casos de
comorbidade em pacientes bipolares são bastante freqüentes, variando entre 30%
a quase 100% (Kessler, 1997; Vieta, 2001).

1.4 Sintomas subclínicos

Existem evidências de que muito pacientes bipolares ficam sintomáticos a


maior parte do tempo, apesar de receberem tratamento adequado (Fava, 1999 in
Martinez-Arán, 2001). Além disso, a presença de sintomatologia subsindrômica
pode influenciar no nível de funcionamento geral do paciente (Kessing, 1998 in
Martinez-Arán, 2001). Estudos recentes vêm dando maior importância aos
sintomas subsindrômicos do Transtorno Bipolar, uma vez que os sintomas
considerados leves, ou “não clássicos” podem ter repersurssões importantes no
tratamento e prognóstico dos pacientes (Katzow, 2003).

Segundo Cordioli (2008), os sintomas subsindrômicos são aqueles que, em


conjunto, não preenchem os critérios necessários para o diagnóstico de um
episódio bipolar, seja em termos de severidade, quantidade ou duração.

1.5 Adesão e desfecho do tratamento

As características individuais podem trazer implicações no tratamento do


transtorno, como no prognóstico, capacidade de adesão ao tratamento
farmacológico, intervenções alternativas (Hirshffeldt,1983; Colom, 2003).

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A eficácia de um tratamento depende da adesão do sujeito a ele, se toma a
medicação prescrita, se acredita no tratamento, fatores subjetivos (Santin,2005).
Cordioli (2008) acrescenta que a psicoterapia é fundamental na melhora da
adesão aos fármacos, tanto para monitorar o uso adequado quanto para intervir
nos fatores de má adesão.
Para melhorar a adesão do paciente ao tratamento é importante avaliar as
atitudes que lhe impedem de seguir as recomendações, bem como suas
características de personalidade que contribuem para essa não adesão
(Ananth,1987).

2.Papel da família

A família desempenha um papel fundamental no tratamento do paciente


com Transtorno Bipolar, de modo a propiciar um suporte mais sólido para que o
paciente possa realizar o tratamento e não recair.

Com base nisso, é feita a intervenção direcionada à família, oferecendo


suporte emocional por meio de um diálogo no qual os familiares possam expor
suas angústias, sofrimentos e dúvidas (Cordioli, 2008).

Estudos comprovam que aqueles pacientes com famílias que recebem


tratamento psicoterápico apresentam resultado positivo, tendo maior adesão aos
fármacos e menores índices de recaída (Miklowitz et al., 2003 in Cordioli, 2008).

3.Terapias alternativas

O Transtorno Bipolar tem sua origem em alterações biológicas, sendo


influenciado por fatores ambientais e sociais, e sua expressão é psicológica. Da
mesma forma, o tratamento do Transtorno Bipolar inclui intervenções biológicas,

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como uso de medicamentos, bem como o uso de psicoterapias e estratégias de
intervenção psicossocial (Cordioli, 2008).

O uso de terapias específicas auxilia os pacientes a utilizarem os


estabilizadores de humor de forma adequada, melhorando o curso da doença. Nas
fases agudas do transtorno, são necessárias intervenções voltadas para a
melhora do vínculo terapêutico e da adesão ao tratamento. Durante as fases de
eutimia, enfatiza-se o uso de terapias de psicoeducação e de terapia cognitivo-
comportamental voltadas para o melhor entendimento da doença e de aspectos
gerais do tratamento, como o uso de medicação. A reinserção social é um dos
aspectos fundamentais no tratamento de pacientes com Transtorno Bipolar
(Cordioli, 2008).

Existem quatro tipos de intervenções psicossociais testadas por estudos:


psicoeducação, terapia cognitivo-comportamental, terapia familiar e terapia
interpessoal e de ritmo social, apesar de terem pressupostos teóricos diferentes,
as quatro abordam tópicos semelhantes, baseando-se no modelo de
psicoeducação com algumas modificações ou especificidades (Cordioli, 2008).

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