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ISSN 1984-9354
Resumo
A sustentabilidade vem sendo considerada um fator essencial para a
direção estratégica das organizações. Nesse ínterim, uma estratégia
que vem alavancando a qualidade e competitividade das empresas no
mercado global é o investimento no deseenvolvimento das
competências humanas, um dos principais geradores de riqueza
intangível para o alcance da vantagem competitiva. Aderente aos
desafios corporativos encontra-se uma metodologia inovadora
conhecida como coaching como um processo que ajuda pessoas a
produzirem resultados extraordinários em suas vidas pessoais, suas
carreiras, seus empreendimentos, ou suas organizações. Neste sentido,
através de um conjunto de elementos teóricos e empíricos, o presente
artigo tem como objetivo propor a utilização do processo de coaching
no desenvolvimento da liderança sustentável, seja na construção de
modelos mentais para o alcance dos objetivos pessoais e profissionais
de um líder, seja no estabelecimento de um modelo de negócios ou de
uma gestão estratégica mais sustentável para uma organização.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Os sistemas de produção-consumo em voga, desde o século XIX com a revolução
industrial inglesa e, mais intensamente, ao longo de todo o século XX, apresentam dentre suas
muitas consequências, a notável consolidação do capitalismo enquanto modelo econômico
hegemônico, associada a disfunções agudizadas no meio ambiente, no alargamento das
fronteiras entre países ricos e em desenvolvimento, além da concentração do poder e da
riqueza nas mãos de poucos indivíduos. Nesse contexto paradoxal, alguns atores importantes
emergem oferecendo aos Estados Nacionais, empresas e sociedade, em geral, uma crítica
contundente em relação aos efeitos colaterais desse suposto desenvolvimento e convocando a
todos a refletirem sobre oportunidades de revisarem seus modelos de produção-consumo para
uma forma sustentável.
Nesse ínterim, observa-se que a sustentabilidade é a palavra de ordem do século XXI e
se torna um desafio ao comando das organizações em face das crescentes exigências de
revisão de passivos históricos, associadas à premência pela emersão de formas de
desenvolvimento capazes de conciliar, de maneira harmônica, os anseios econômicos, ao uso
responsável dos recursos naturais e a inclusão social, em termos amplos.
Hoje, qualquer organização que pretenda inserir a sustentabilidade na sua direção
estratégica, deve extrapolar a visão limitada de si e criar modelos que possam atender às
demadas atuais. Tal fato é um gerador de mudança de mentalidade que exige ainda mais de
cada gestor a revisão de seus modelos, práticas e convicções pessoais, de maneira alinhada às
premissas da sustentabilidade, de forma a influenciar positivamente a ambiência
organizacional.
Adicionalmente, faz-se necessário o desenvolvimento das relações humanas para
compreender e reagir a essas mudanças. Assim, planejamento, trabalho em equipe,
comunicação, liderança, negociação, relacionamento interpessoal, capacidade empreendedora,
assertividade, criatividade e inovação, são algumas das competências que têm ganhado
destaque nas diretrizes para o desenvolvimento da empresa e da carreira dos profissionais
envolvidos.
O processo de liderança assume um papel central em busca de um balanço equilibrado
de desempenho sustentável. Alguns estudos apresentados na conferência Sustainability ways
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Para Block (2012), a autogestão da carreira não é uma opção, é inerente ao modelo
do mercado de trabalho, uma condição da sociedade. E essa postura é esperada
independentemente da posição ou da área de atuação.
Da mesma forma que a sustentabilidade, seja corporativa ou da sociedade como um
todo, se constrói com base em mudança de mentalidade, de comportamento e não apenas no
conhecimento formal, o desenvolvimento da liderança parte deste mesmo princípio.
Blanchard (2007), uma das grandes referências nas áreas de liderança e motivação,
afirma, recorrentemente, que “não existem líderes naturais”. Nesta seara, o verdadeiro líder é,
na visão do autor, aquele que sabe que o processo de aprendizagem e treinamento, de forma
eficaz, é demandante de tempo e do reconhecimento da criatividade para o desenvolvimento
da equipe e de cada um.
Ainda segundo Blanchard (2007), o líder não teria ambições de poder e, sim, de ver
sua visão realizada através das pessoas. Desta forma, tem-se presente que a constituição de
relações sustentáveis nas organizações se dá, sobretudo, se houver um genuíno cuidado da
empresa com as pessoas, com seu desenvolvimento, adotando uma postura dialogal,
perseguindo o desenvolvimento individual como prática aliada ao desenvolvimento coletivo.
Quanto ao líder do novo milênio – aquele que incorpora, além de suas características
contumazes, a visão sustentável, este deve ter uma visão que seja capaz de antecipar questões
relacionadas ao desenvolvimento sustentável da organização, entenda e valorize o papel do
homem na conservação do planeta, da justiça social e no desenvolvimento da empresa perante
a sociedade, além de saber comunicar esta visão de forma a inspirar a sua equipe, entendendo
que o seu papel central é o de ser o coach, o mentor, o treinador, o líder.
Como afirma Almeida (2010): “a escolha que temos à frente é da sociedade mundial.
A condução pelo melhor caminho ficará nos ombros dos estadistas corporativos que começam
a participar do poder de decisão dentro das corporações e governos, local e mundialmente”.
No relatório da ONU (2004) intitulado “Liderança globalmente responsável: um
chamado ao engajamento”, o Pacto Global apregoa que esses líderes são pessoas que
valorizam o desenvolvimento humano e as riquezas naturais com igual peso atribuído ao
capital financeiro e estrutural. Acreditam que suas empresas são capazes de solucionar os
desafios sociais e ambientais e que, além de geral valor para seus negócios, devem se
responsabilizar pelo desenvolvimento mais amplo das comunidades nas quais estão instaladas.
Em termos formacionais, treinamentos convencionais parecem não ser suficientes
para esta mudança de mentalidade, de comportamento. Faz-se necessário encontrar o
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1.3. QUESTÕES-PROBLEMA
a. Que competências humanas são necessárias para o desenvolvimento da liderança
sustentável?
b. Desenvolver as competências específicas das lideranças é fator preponderante para
impulsionar e promover a mudança de uma organização em direção à gestão sustentável?
c. No âmbito das organizações a prática do coaching contribui para o desenvolvimento de
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lideranças sustentáveis?
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humano cujo objetivo é auxiliar a pessoa de qualquer área de atuação a maximizar seus
resultados com base na otimização de seus próprios recursos técnicos e emocionais.
Com base no desenvolvimento de competências técnicas e emocionais, o coach
(profissional que orienta o cochee) oferece um olhar externo para seu coachee, apoiando-o em
seu autoconhecimento através de um novo olhar: o da (re)descoberta de si próprio.
O coaching funciona como uma forma de estímulo e acompanhamento de médio prazo
adaptada às necessidades de desenvolvimento pessoal; acompanhamento profissional de
pessoas em diferentes profissões e contextos; contribuição para a configuração de sistemas de
trabalho e de instrução; contribuição para a estabilização e o desenvolvimento contínuo do
procedimento profissional; fomento para a motivação, o rendimento, a capacidade de
comunicação e o sucesso, aproveitando as capacidades e os conhecimentos comuns do coach
e do coachee na construção de um modelo mental saudável e contemporâneo.
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Competências técnicas: conhecimentos específicos sobre o trabalho que deve ser realizado.
Competências sobre a organização: saber organizar os fluxos de trabalho.
Competências de serviço: aliar à competência técnica a pergunta: qual o impacto que este
produto ou serviço terá sobre o consumidor final?
Competências sociais: saber ser, incluindo atitudes que sustentam os comportamentos das
pessoas; o autor identifica três domínios destas competências: autonomia,
responsabilização e comunicação.
Diante destes posicionamentos, pressupõe-se não existir o profissional ideal uma vez
que cada organização estabelece seu próprio perfil.
Mas, se a educação é o caminho através do qual se busca e adquire conhecimentos
técnicos, ferramentas para exercer uma profissão; é na jornada da vida e a partir das
experiências pessoais e profissionais que são desenvolvidas as competências necessárias ao
bom desempenho da carreira que se pretende seguir e ao cargo que se quer ou irá ocupar.
Entretanto, de modo geral, além de conhecimentos técnicos existem competências
comportamentais valorizadas pelo mercado, e essenciais no processo de construção de alta
performance para o alcance do sucesso profissional. O mercado de trabalho hoje exige dos
colaboradores diferenciais, o que inclui aprimorar e desenvolver competências e adaptar-se a
realidade das organizações. Entre estas competências, destacam-se qualidades, consideradas
importantes pelas empresas (BLOCK et al., 2012; VOLTOLINI, 2011 e MARQUES, 2012):
1. Liderança - capacidade de liderar pessoas e equipes, valorizando e desenvolvendo o seu
potencial, extraindo o melhor e alcançando bons resultados.
2. Automotivação - capacidade de motivar-se independente dos problemas e situações
adversas da empresa e continuar produzindo.
3. Trabalho em equipe - habilidade para realizar trabalhos em conjunto, jogo de cintura e
postura colaborativa.
4. Criatividade - capacidade de inovar e criar soluções mesmo em momentos de estresse,
novas e sua ousadia em fazer diferente.
5. Comunicação Efetiva - compreende usar bem a comunicação, se relacionar, expressar
ideias claras, saber dar feedbacks, esclarecer dúvidas.
6. Capacidade de Negociação - saber dialogar com os colaboradores em situações de
conflito, buscar sempre um entendimento pacífico visando manter o bom clima
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profissionais que devem somar forças nos valores coletivos das empresas, como dispõe, por
exemplo, o presidente da Tetra Pak, Paulo Nigro:
“[..] para ser um guia inspirador em sustentabilidade, deve-se deixar orientar por um
conjunto de valores individuais importantes, e não negociáveis, entre os quais o
profundo respeito ao ser humano. Só quem respeita o humano pode respeitar o
planeta. Carrega consigo o desejo de que o empreendimento, a atividade econômica,
melhore o bem-estar coletivo, e não o piore”.
Os líderes entrevistados também compartilharam da idéia de que o melhor negócio é
sempre o que entrega resultados para todas as partes e não apenas para a empresa. Guiados
pelo pensamento sistêmico proposto por Peter Senge (1990) enxergam como um todo
integrado o que para muitos ainda são apenas pedaços soltos: as esferas econômica, ambiental
e social, como pode ser observado na declaração do presidente do Conselho da Promon, Luiz
Ernesto Gemignani:
“Para nós sempre esteve claro que o espaço de uma empresa transcende os seus
limites físicos. Na condição de ser social, ela integra a vida da sociedade, influi e é
influenciada pelos públicos e comunidades com os quais interage. Logo, tem
responsabilidades que excedem as fronteiras econômicas. Isso é ideológico. Nossa
responsabilidade social se estende também para as relações estabelecidas com os
colaboradores, os clientes e as comunidades com as quais dialogamos”.
Construir uma proposta ousada e estimuladora para a gestão da sustentabilidade e
fazer com que as partes interessadas se envolvam neste processo também foi um desafio
compartilhado por muitos desses líderes mapeados. A exemplo disso, destaca-se o trecho
proferido pelo ex-presidente do Walmart, Hector Núñes:
“No caso do Walmart, inserir a sustentabilidade no modelo de negócio exigiu a
implantação de um programa holístico que captura as causas e efeitos, possibilitando
atacar de maneira direta os fatos sob nosso controle e influenciar nossos parceiros.
Em tudo que fazemos e pensamos, a sustentabilidade se incorpora ao negócio. As
ações – vale dizer – constam das margens, estão nos lucros, foram devidamente
planejadas para integrar o business. Não constituem iniciativas isoladas, projetos
com começo, meio e fim, nem custos adicionais. Essa foi a parte mais difícil. No
momento em que os colaboradores enxergaram a incorporação efetiva ao negócio, a
conversa deslanchou”.
A competência da “escuta ativa” é uma das marcas pessoais mais destacadas entre os
líderes entrevistados. Foi ouvindo, por exemplo, líderes da comunidade de Juruti, no Pará, que
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7) Fazer o papel de mentor para empresas do mesmo ou de outro setor que ainda se encontrem
em estágio inicial de implantação de práticas sustentáveis; na condição de referência em
liderança em sustentabilidade, facilitar o acesso a informações por parte daqueles que desejam
conhecer a política da empresa;
8) Comunicar os resultados e a evolução de suas práticas de sustentabilidade, visando prestar
contas às partes interessadas e à sociedade;
9) Envolver e educar os stakeholders para que eles conheçam as políticas da empresa e
participem delas;
10) Capitanear o processo de mudança, inserir as dimensões social e ambiental na noção de
sucesso empresarial, estabelecer uma visão e uma missão de sustentabilidade.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Fernando. Experiências Empresariais em Sustentabilidade: Avanços,
Dificuldades e Motivaçoes de Gestores e Empresas. Rio de Janeiro: Campus / Elsevier,
2010.
BLOCK, Vichy, MENDES, João e VISCONTE, Luiz. Coaching executivo; uma questão de
atitude. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
MARQUES, José Roberto. Leader Coach – Coaching como Filosofia de Liderança. São
Paulo: Editora Ser Mais, 2012.
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_______. Blueprint for Corporate Sustainability Leadership within the Global Compact
– New York: UN, 2010. Disponível em
http://www.pactoglobal.org.br/doc/arquivos_making_progress/blueprint_2.pdf.
PACHECO, Luciano. Autocoaching – Seja dono do seu destino. Rio de Janeiro: Mauad,
2012.
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes
Médicas, 2000.
ROSSI, M. S.; BROWN, H. S.; BAAS, L.W. Leader in sustainability development: how agent
o change be fine the agenda. Business Strategic and Environment, n.9, p.273-286, 2000.
VOLTOLINI, Ricardo. Conversa com Líderes Sustentáveis: o que aprender com quem
fez ou está fazendo a mudança para a sustentabilidade. São Paulo: SENAC, 2011.
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