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Confiabilidade integrada

estratégica em conexões de cabos


de linhas aéreas de alta tensão
Prinsis Projetos Inovações e Sistemas

Autores: Alberto L. Francato; Carlos D. F. Barbosa; Carlos A Severino Costa; Diogo Cecilio;
Edsons J.R Luciano; Fabiano R. Farias; Hélio Horioka; Jonas B. da Silva; Marcos A. Leone Filho;
Mikaela J. Plesch; Paulo S.F. Barbosa; Rogério Lavandoscki; Tiago Forti

Confiabilidade integrada
estratégica em conexões de cabos
de linhas aéreas de alta tensão
As contribuições do projeto1
© Prinsis Projetos Inovações e Sistemas
A importância econômica e estratégica do sistema de transmissão
Autores: Alberto L. Francato; Carlos D. F. Barbosa; Carlos A Severino Costa;
em mercados de energia com sazonalidades diversas como o brasileiro
Diogo Cecilio; Edsons J.R Luciano; Fabiano R. Farias; Hélio Horioka; Jonas B. tem grande dependência da confiabilidade operacional das linhas de
da Silva; Marcos A. Leone Filho; Mikhaela A. J. S. Pletsch; Paulo S.F. Barbosa; transmissão. Interrupções para manutenções preditivas, preventivas e
Rogério Lavandoscki; Tiago Forti
corretivas são de altos custos, além de provocar desgastes de imagem
das empresas envolvidas na cadeia de suprimento de energia.
As linhas de transmissão tem constatado uma grande ocorrência
de empenamentos (deslocamentos laterais com flecha) das luvas de
É proibida a reprodução total ou parcial da obra, de qualquer forma ou emenda dos cabos condutores após os processos de prensagem, que
por qualquer meio sem a autorização prévia e por escrito do autor. A
violação dos Direitos Autorais (Lei n.º 9610/98) é crime estabelecido devem ser corrigidas, mesmo não havendo procedimento técnico es-
pelo artigo 184 do Código Penal
pecífico para realizar esta correção.
A implantação correta e de alta confiabilidade do sistema de trans-
missão pode representar ganhos de desempenho e menores custos de
capa operação e manutenção. A aceitação das linhas feita após minuciosa
Leila Simião
DIAGRAMAÇÃO
inspeção visual onde emendas fora de padrões de alinhamento e cen-
Leila Simião tralização rejeitada e, mesmo a linha ainda não estando com fluxo de
Jefferson de Morais
energia, representam significativo aumento de custo e de atrasos na
Confiabilidade integrada estratégica em
entrega das expansões. Os critérios limites de aceitação e novas me-
conexões de cabos de linhas aéreas de alta tensão todologias de inspeção podem contribuir significativamente ao setor.
– São Paulo: Editora Nelpa, 2015.
Este projeto de pesquisa iniciou-se com uma tese de doutorado
272 p. intitulada “Impactos do Desempenho das Emendas dos Cabos de Li-
ISBN: 978-85-8020-282-3 nhas de Transmissão na Confiabilidade de Redes Elétricas” desenvol-
I. Título vida pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP pelo Dr.
Carlos David Franco Barbosa. A partir dessa tese, surgiu o projeto
de pesquisa e desenvolvimento para a Companhia de Transmissão
de Energia Elétrica Paulista - CTEEP, cujo título é Confiabilidade Inte-
Copyright © 2015, Nelpa – L. Dower Edições Júridicas Ltda.
grada Estratégica em Conexões de Cabos de Linhas de Transmissão
Aéreas de Alta Tensão desenvolvidos em parceria com as empresas
Rua: Dr. Barros Cruz, 63 – V. Mariana
04118-130 – São Paulo/SP citadas na contracapa.
Telefax: (11) 5549-8254 O objetivo do projeto foi desenvolver uma metodologia para me-
www.nelpa.com.br – sac@nelpa.com.br
lhoria da confiabilidade em sistemas de transmissão de energia elétri-

1. Este projeto foi realizado com verba do programa de P&D ANEEL agência governamental de energia, a
qual aproveitamos para agradecer e desejar continuidade para a iniciativa de apoio a projetos de Pesquisa e
Desenvolvimento”.
ca da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista - CTEEP, e em outros países do mundo (E.U.A, Canadá, Noruega, Austrália) têm
principalmente em emendas de linhas de transmissão, bem como uma constatado nos últimos empreendimentos de construção de linhas de
metodologia para previsão de inspeção e manutenção preventiva mi- transmissão uma grande ocorrência de empenamentos (deslocamentos
nimizando falhas e aumentando a qualidade nos processos relaciona- laterais com flecha) das luvas de emenda dos cabos condutores após os
dos à operação dessas emendas. processos de prensagem, que devem ser corrigidas, mesmo não haven-
Com o projeto, a concessionária poderá identificar o nível ótimo de do procedimento técnico específico para realizar esta correção.
investimento para reduzir as falhas. A identificação dos níveis ótimos A implantação correta e de alta confiabilidade do sistema de transmis-
de investimento permitirá a empresa reduzir seus custos operacionais, são pode representar ganhos de desempenho e menores custos de opera-
através da melhoria em sua eficiência, proporcionando ganhos finan- ção e manutenção. A aceitação das linhas é feita após minuciosa inspeção
ceiros aos seus acionistas e um aumento de qualidade de seus serviços visual, onde emendas fora de padrões de alinhamento são rejeitadas e,
para seus clientes, resultando em benefícios para toda a sociedade. mesmo a linha ainda não estando com fluxo de energia, representam sig-
Para a realização desses estudos fizeram parte da equipe do projeto de nificativo aumento de custo e de atrasos na entrega das expansões.
P&D os seguintes integrantes: Gerente do projeto: Rogério Lavandoscki da Durante a implantação da LT 500kV Bateias / Ibiúna, houve a ne-
CTEEP; Coordenador: Paulo Sérgio F. Barbosa da Unicamp; Pesquisadores: cessidade de substituição de algumas emendas, cuja correção do em-
Alberto L. Francato; Carlos D. F. Barbosa; Carlos S. Costa; Diogo Cecilio; penamento foi solicitado pelo órgão de operação de linhas de trans-
Edson J. Luciano; Fabiano R. Faria; Hélio Horioka; Marcos A. L. Filho; Mi- missão. A deformação ocorrida no material poderia ter sido corrigida
khaela A. J. S. Pletsch; Tiago Forti através de impactos mecânicos, contudo, esse procedimento de corre-
ção do empenamento sempre deixou dúvidas quanto às consequên-
RESUMO EXECUTIVO cias físicas e mecânicas ao material. A realização de tais substituições
implica num maior custo de execução, já que se torna necessário, além
Em julho de 2011 deu-se início o projeto de pesquisa e desenvol- de todos os recursos e equipamentos, solicitar o desligamento da linha
vimento “Confiabilidade Integrada Estratégica em Conexões de Cabos e pagamento de penalidade elevada pela indisponibilidade da linha.
de Linhas de Transmissão Aéreas de Alta Tensão” dentro do Programa Existem diversas outras ocorrências em áreas do Estado de São Paulo,
de P&D ANEEL. justificando a pertinência do projeto.
Para a realização desta pesquisa, cuja empresa proponente foi a A necessidade de resultados financeiros em menores horizontes de
Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista - CTEEP, teve a tempo implica operação com menores custos e cargas superiores às pla-
UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) e PRINSIS como enti- nejadas. Essa decisão aumenta a taxa de falhas e da vulnerabilidade.
dades executoras. Com os resultados do projeto, a Companhia de Transmissão de Energia
A importância econômica e estratégica do sistema de transmissão em Elétrica Paulista - CTEEP poderá identificar o nível ótimo de manutenção e
mercados de energia desregulamentado e integrado com sazonalidades de substituições de emendas e melhoria da Confiabilidade no Sistema de
diversas como o brasileiro tem grande dependência da confiabilidade ope- Transmissão e Subtransmissão. A identificação dos níveis ótimos de ma-
racional das linhas de transmissão. Interrupções para manutenções prediti- nutenção permitirá a companhia de transmissão reduzir seus custos ope-
vas, preventivas e corretivas são de altos custos, além de provocar desgastes racionais, através da melhoria em sua eficiência, proporcionando ganhos
de imagem das empresas envolvidas na cadeia de suprimento de energia. financeiros aos seus proprietários e reduzindo tarifas aos clientes, propor-
As linhas de transmissão no Brasil somam 176.000 km e tensões de cionando também um aumento de qualidade dos seus serviços para seus
até 700KV e as empresas de transmissão de energia elétrica no Brasil clientes, resultando em benefícios para toda a sociedade.
Assim, os objetivos tangíveis deste projeto são: estruturado do conhecimento, da experiência e da criatividade de um pai-
– Identificar os níveis de degradação das emendas por amostras das subs- nel de especialistas, pressupondo-se que o julgamento coletivo, quando
tituídas na rede em períodos passados e seus impactos na Confiabilidade; organizado adequadamente, é melhor que a opinião de um só indivíduo.
– Definir através da metodologia de Confiabilidade e análise multi- Neste livro, os seguintes capítulos foram elaborados:
critério as necessidades de substituição preventivas e demais investi- Capítulo 1 – Vulnerabilidade das redes de transmissão de energia
mentos referentes às emendas e equipamentos prioritários em redes elétrica
de transmissão; Capítulo 2 – Desenvolvimento e implantação de pesquisa Delphi
– Revisar as metodologias de monitoramento, inspeção e manuten- em Moodle
ção preventivas à luz dos novos conhecimentos obtidos nos dois itens Capítulo 3 – Pesquisa Multicritério e análise integrada com Simu-
anteriores para uso na concessionária, Companhia de Transmissão de lação forçada e novas tecnologias.
Energia Elétrica Paulista - CTEEP; Capítulo 4 – Simulação de elementos finitos
– Aquisição de conhecimento científico, normativo e prático da me- Capítulo 5 – Ensaios de amostras de campo
todologia de projeto, fabricação e implementação de emendas, bem Capítulo 6 – Novos monitoramentos e tecnologias emergentes
como de regulação técnico-econômica do planejamento de expansão, Capítulo 7 – Simulação de confiabilidade
implantação e operação da transmissão, com pesquisas bibliográficas Capítulos 8 e 9 – Desenvolvimento de ações de planejamento de
e usando a pesquisa Delphi; gestão e confiabilidade
– Pesquisas de campo com empresas fabricantes e concessionárias Capítulo 10 – Conclusões
de transmissão para estudo das não conformidades ocorridas em ope- ANEXO I – Sugestões para mitigação de falhas em emendas pré-
ração e suas causas (FMEA); -formadas helicoidais
– Ensaios de análise do desempenho mecânico das emendas de ca- As descrições dos capítulos estão indicadas a seguir:
bos condutores e avaliação das implicações decorrentes da utilização CAPÍTULO 1 – Vulnerabilidade das redes de transmissão de ener-
das emendas não conformes; gia elétrica
– Estudos de melhorias da confiabilidade em planejamento, proje- Este capítulo busca conceituar as dificuldades e necessidades que
to, implantação e operação sem deteriorar o desempenho; levaram a realização deste estudo, que são: a importância da transmis-
– Desenvolvimento de metodologia de investimentos em confiabili- são de energia elétrica no cenário nacional; as principais alterações
dade integrada (confiabilidade a mínimo custo); decorrentes da reestruturação do setor elétrico brasileiro; as não con-
– Adquirir conhecimento específico em novas tecnologias e avalia- formidades verificadas em implantação e operação das redes e aspec-
ção de potencial substituição. tos gerais da transmissão de energia elétrica.

A metodologia de pesquisa estruturada associada com ambiente de  APÍTULO 2 – Desenvolvimento e implantação de pesquisa Delphi
C
troca de informações via WEB facilita obter informações sobre onde se em Moodle
têm os maiores impactos das falhas, as maiores taxa das falhas, os me- Este capítulo aborda a pesquisa estruturada Delphi, que é uma pes-
nores custos de investimentos e maiores redução das taxas de falhas no quisa que pode ser realizada com especialistas em duas fases: a fase
sistema de transmissão. A evolução em direção a um consenso obtida no inicial e a fase de convergência de opiniões. O ambiente de interação
processo representa uma consolidação do julgamento intuitivo de um Moodle possibilita que as respostas sejam feitas online em lugares re-
grupo de peritos sobre o tema a ser levantado. A técnica baseia-se no uso motos.
As respostas dos questionários permitirão melhor conhecimento CAPÍTULO 5 – Ensaios de amostras de campo
das falhas em linhas de transmissão e possibilitarão saber quais ele- Neste capítulo são analisadas amostras de emendas retiradas de
mentos tem maior taxa de falhas. Isto permite um desenvolvimento de campo para verificação da vida útil restante através de ensaios de tra-
banco de dados de taxa de falhas em transmissão de energia elétrica ção até a ruptura da emenda ou cabo. Os ensaios fomentam a pes-
com dados da CTEEP e posterior contribuição do grupo de transmissão quisa básica dirigida, com resultados práticos nos procedimentos ope-
do Cigré como resultado da pesquisa Delphi. racionais das empresas do setor de transmissão de energia elétrica,
proporcionando maior qualidade, confiabilidade, segurança, inovação,
CAPÍTULO 3 – Pesquisa Multicritério economia e competitividade, além de apoiar a formação educacional.
Este capítulo trata da metodologia multicritério proposta neste tra-
balho que pretende avaliar os modos de falhas dos elementos mais crí- CAPÍTULO 6 – Novos monitoramentos e tecnologias emergentes
ticos (aqueles que tiveram notas mais altas na pesquisa Delphi) e quais Este capítulo aborda os novos monitoramentos para as linhas de
as sugestões que os colaboradores poderiam elencar para mitigar tais transmissão que operam há décadas. O monitoramento consiste em
modos de falhas. realizar uma inspeção mais rigorosa dos cabos e conexões, preferen-
A FMEA é uma técnica para a identificação e a avaliação sistemática cialmente em menores intervalos de tempo ou em tempo real, consi-
dos efeitos do modo de falha de um produto. Quando se amplia a derando o tempo de vida útil e confiabilidade das mesmas.
técnica incorporando um levantamento do nível de gravidade dos efei- Ainda são apresentadas alternativas e soluções que vem sendo ex-
tos e suas probabilidades de ocorrência a técnica passa a ser chamada ploradas pelo mundo e descreve as tecnologias emergentes que são
de Análise Crítica de Modos de Falha e Efeitos, FMECA. utilizadas para inspecionar as linhas aéreas de transmissão de energia
A metodologia ora citada tem como principal objetivo levantar as elétrica.
sugestões mais potenciais que, se adotadas, serão eficazes na mitiga-
ção do maior número de modos de falha presentes no ambiente. CAPÍTULO 7 – Simulação de confiabilidade
Este capítulo faz uma análise estatística dos parâmetros da linha de
CAPÍTULO 4 – Simulação de elementos finitos transmissão: vida de componentes, tempo de duração de manuten-
Este capítulo trata o comportamento de uma emenda de cabos de ções, tempo de transporte de peças de reposição, vida de subsistemas,
transmissão de energia em serviço para estimar seu desempenho e vida de sistemas, etc., bem como as suas funções como taxa de falha,
seu tempo efetivo de duração. Para tanto, é preciso o entendimento medidas de confiabilidade e risco.
dos efeitos sob os quais o cabo estará sujeito durante sua vida útil. O Com esta análise é possível prever falhas e gerenciar suas conse-
efeito de maior importância na duração de uma emenda corresponde quências, e assim, estimar as probabilidades de suas ocorrências. Esta
às tensões residuais geradas durante sua conformação mecânica. Com informação é importante para um tomador de decisões, uma vez que
o passar do tempo, as oscilações de temperatura geram o relaxamento as escolhas entre alternativas sempre são realizadas em ambientes de
da interface luva-cabo, reduzindo assim a tensão residual da emenda. incerteza.
Para avaliar a tensão residual foram realizados simulações em ele- Nesta etapa será possível conceituar confiabilidade, desenvolver os
mentos finitos através de modelos computacionais. modelos quantitativos fundamentais e desenvolver modelos para aná-
lise de dados gerados.
CAPÍTULOS 8 e 9 – Desenvolvimento de ações de planejamento de
Sumário
Capítulo 1...................................................................................... 17
gestão e confiabilidade
Vulnerabilidade das redes de transmissão de
Estes capítulos propõem ações para planejar e administrar as ques-
energia elétrica....................................................................17
tões relativas à confiabilidade. O capítulo 8 aborda ações baseadas na
A regulação da confiabilidade da transmissão....................22
ferramenta de pesquisa Delphi e sua metodologia, desenvolvida para
Operação de sistema de transmissão ..................................23
gerar um ranking de sugestões potenciais que, se adotadas pela dire-
Relacionamento de energia com infraestruturas
ção, seriam aquelas que maximizariam a mitigação de falhas em linhas
criticas e multidisciplinariedades.........................................25
de transmissão a um custo mínimo. Já o capítulo 9 apresenta conceitos
Aspectos diferenciados do Planejamento de transmissão
de confiabilidade e sugere ações baseadas no trabalho desenvolvido.
no Brasil................................................................................25
Parâmetros e Estimação de confiabilidade..........................26
CAPÍTULO 10 – Conclusões
Os mecanismos de falhas em emendas de
Este capítulo fornece resumidamente várias conclusões que foram
cabos de linhas de transmissão............................................27
obtidas no desenvolvimento do presente trabalho principalmente no
Mecanismos de falha em cabos e retirada por
que concerne às emendas à compressão de cabos de linhas de trans-
envelhecimento....................................................................31
missão aéreas de alta tensão.
Tipos de conexão de cabos condutores................................31
Instalação das emendas em campo.....................................34
ANEXO I – Sugestões para mitigação de falhas em emendas pré-
A montagem das emendas em linhas de alta
-formadas helicoidais
tensão aéreas.......................................................................36
Este anexo fornece um exemplo de elemento crítico e levanta uma
Mecanismos de Falha em Cabos Trançados
relação de hipóteses para subsidiar a mitigação de falhas.
e Critério de Retirada............................................................37
A fiscalização de implantações em campo...........................39
Capítulo 2...................................................................................... 42
Desenvolvimento e implantação de pesquisa Delphi
em Moodle...........................................................................42
Arquitetura e Recursos do Portal Web.................................42
Arquitetura........................................................................... 42
Recursos............................................................................... 44
Administrador....................................................................... 46
Gestor: Painel de Controle....................................................47
Colaborador: Arquivos e interação.......................................54
Colaborador: Pesquisa Delphi.............................................. 55
Resultados............................................................................ 56
Treinamentos........................................................................ 56
Conclusões e perspectivas.................................................... 63
Capítulo 3...................................................................................... 64 Conclusões e Considerações...............................................158
Pesquisa Multicritério e análise integrada com Simulação Resultados.......................................................................... 161
forçada e novas tecnologias.................................................64 Conclusão........................................................................... 161
Introdução............................................................................ 64 Referências Bibliográficas.................................................. 162
Realização de estudo baseado em FMEA/FMECA................65 Capítulo 6.................................................................................... 164
Ruptura em cabos condutores.............................................. 71 Novos monitoramentos e tecnologias emergentes............164
Levantamento dos custos para atender às sugestões..........76 Motivação.......................................................................... 164
Metodologia multicritério.................................................... 77 Keywords............................................................................ 165
Capítulo 4...................................................................................... 91 Definições........................................................................... 165
Simulação de elementos finitos............................................ 91 Visitas Realizadas a Empresas com Tecnologias
Introdução............................................................................ 91 Emergentes.........................................................................167
Metodologia de simulação................................................... 92 Sistema de Inspeção Eletromagnética em Cabos
Simulação da conformação mecânica da luva de aço.......... 97 de Aço - Efeito Hall.............................................................173
Integração das pressões nos contatos................................105 Geração de energia distribuída..........................................183
Simulação da conformação mecânica da Flexible AC Transmission Systems (FACTS)..........................184
luva de alumínio................................................................. 108 Emendas implosivas (implosive splicing)............................184
Simulação das tensões térmicas.........................................115 Supercondutores................................................................ 185
Conclusões ......................................................................... 124 Linhas de Transmissão com Potência
Bibliografia......................................................................... 126 Natural Elevada (LPNE)......................................................187
Capítulo 5.................................................................................... 127 Novas tecnologias.............................................................. 189
Ensaios de amostras de campo..........................................127 Referências Bibliográficas..................................................192
Objetivos e motivação........................................................127 Sites pesquisados................................................................ 193
Considerações Gerais Sobre os Ensaios..............................128 Capítulo 7.................................................................................... 196
Escorregamento.................................................................128 Simulação de confiabilidade ..............................................196
Defeitos de Execução / Prensagem....................................129 Introdução.......................................................................... 196
Fadiga................................................................................. 130 Função distribuição acumulada crescente.........................203
Análise dos resultados........................................................ 147 Função de probabilidade acumulada decrescente
Conclusões e considerações................................................148 (função confiabilidade).......................................................204
Objetivo.............................................................................. 150 A distribuição Exponencial................................................. 213
Preparação das amostras...................................................150 O estimador de Máxima Verossimilhança..........................217
Ensaios............................................................................... 150 Modelo de Arrhenius.......................................................... 221
Resultados.......................................................................... 151 Modelo de inverso da potência..........................................222
Análise dos Resultados....................................................... 152 Análise da confiabilidade de dados de emendas em cabos
Comentários e Recomendações..........................................154 suspensos de transmissão de energia 222
Preparação das amostras................................................... 156 Discussões gerais sobre os resultados e objetivos
Ensaios............................................................................... 156 propostos........................................................................... 237
Referências bibliográficas .................................................. 240
Capítulo 8.................................................................................... 242 Capítulo 1
Resultados obtidos............................................................. 244
Conclusões.......................................................................... 244
Metodologia FMEA............................................................. 245
Capítulo 9.................................................................................... 255
Desenvolvimento de ações de planejamento de gestão
e confiabilidade (Procedimentos conceituais)....................255
Repotenciação de linhas de transmissão............................257
Ações de gestão da confiabilidade (resumo)......................261
Capítulo 10.................................................................................. 263
Conclusões.......................................................................... 263
ANEXO I: Sugestões para mitigação de falhas em emendas Vulnerabilidade das redes de transmissão de
pré-formadas helicoidais....................................................268 energia elétrica

Introdução
O Transporte da energia pelas linhas de transmissão, cabos e co-
nexões
Historicamente o transporte da energia pelas linhas de transmissão
representa da ordem de 25 a 30%, dos investimentos da indústria da
energia elétrica. Os condutores ideais para linhas aéreas de transmis-
são devem ter alta condutibilidade elétrica (para minimizar perdas),
baixo custo, alta resistência mecânica, baixo peso, baixa oxidação e
corrosão por poluentes. O alumínio e suas ligas é um dos materiais
com o maior número dessas propriedades.
O investimento em condutores de alumínio é da ordem de 25% do
investimento usando condutores de cobre equivalentes. A resistência
mecânica do Alumínio é 25% inferior à do cobre e é compensada com
o uso dos cabos de alumínio-aço, com pouca alteração de custo devido
ao baixo custo do aço comparado ao alumínio.
Os condutores aéreos são desencapados para ter menor custo e
manutenção mais fácil. O custo do condutor de alumínio é menor e
tem peso menor comparado aos condutores de cobre, mesmo consi-
derando a maior área para condução da eletricidade. O tipo de cabo
mais usado em linhas de transmissão é o ACSR (Aluminum cable steel

17
reinforced) que são fios condutores de alumínio trançados em volta de segunda infra-estrutura, ou seja, o tempo de recuperação e restabele-
uma alma de aço central. A condução da eletricidade é feita no alumí- cimento da infra-estrutura dependente aumenta porque a infra-estru-
nio e o aço oferece a resistência mecânica adicional. tura principal não está disponível;
O uso de alma de aço dentro do cabo de alumínio é para obter uma c) Falha com causa comum - Uma interrupção de duas ou mais infra-
alta razão de resistência mecânica em relação ao peso próprio. Um -estruturas ao mesmo tempo resultante de uma causa comum (por
condutor trançado tem maior flexibilidade e é mais fácil de ser fabri- exemplo, um desastre natural afetando duas infra-estruturas ao mes-
cado que um condutor sólido, além da menor perda devido ao efeito mo tempo).
pelicular. As formas de prevenção das falhas vão do planejamento, projeto,
As principais normas brasileiras das características desses tipos de manutenção em diversas formas de mitigação de riscos de falhas. As
cabos são: medidas para diminuir a vulnerabilidade das infra-estruturas críticas
– EB-219 – fios de alumínio para fins elétricos; podem ser variáveis quanto ao tipo e dependentes do sistema.
– EB-292 – fios de aço zincado para alma do cabo de alumínio; Existem diversas medidas de gerenciamento de riscos operacionais
– EA-193 – cabos de alumínio (CA). em sistemas produtivos:
Os cabos ACSR são fabricados com comprimentos de até 2 km e a) Impedimento do risco em um tipo específico de atividade;
devem ser emendados para atingir as distâncias necessárias para o b) Redução do risco, por exemplo usando medidas preventivas;
transporte da energia. Para isso são usadas conexões com emendas c) Retenção do risco, por exemplo, uma escolha intencional ou não
mecânicas feitas por compressão, por implosão ou pré-formadas, que intencional de não fazer nada a respeito de certo risco específico;
são tratadas logo adiante neste trabalho. d) Transferência de risco para outro tipo de indivíduo ou de organi-
A caracterização e designação dos cabos deve ser feita pela área zação, por exemplo, seguradoras;
nominal da secção de alumínio, expressa em milímetros quadrados, e) Compartilhamento de riscos, ou seja, a combinação de retenção
pela formação dos fios, pelo tipo (CA ou ACSR), pela classe de encor- de risco e de transferência de riscos.
doamento correspondente e, eventualmente, pela referência comer-
cial. No Brasil, a designação dos cabos de alumínio (CA) é feita usando Falhas sistêmicas de larga escala e seus custos
o código canadense de referências comerciais. Para os cabos CA, as Os custos de falhas sistêmicas de grandes extensões e duração in-
palavras-código são nomes de flores, e, para os cabos CAA, aves, em terrompem lazer e trabalho, serviços vitais de saúde (mesmo conside-
ambos os casos os nomes são usados na língua inglesa. rando fontes redundantes) e de suprimento de água, com danos na
infra estrutura de produção de bens de capital.
Falhas e sua prevenção em redes de infra-estrutura criticas A literatura de custos de falhas sistêmicas de larga escala (“Black
As falhas principais são as esperadas, em cascata, modo comum e out”) é esparsa e baseada em técnicas locais
escalonamento. Segundo estudos de Crisp (2003), em 1998 na Nova Zelândia ocor-
a) Falha em cascata – Um evento de interrupção de uma infra-estru- reu uma falha sistêmica de larga escala (“Black out”) de dois dias com
tura causa interrupção em uma segunda infra-estrutura interdepen- custo estimado de US$ 50 Milhões (1998 US dólares). A interrupção de
dente; fornecimento de 1997 em Nova York causou perdas tangíveis de US$
b) Falha em escalonamento – Uma interrupção em uma infraestru-
tura exacerba a falha da outra, independente das características da

18 19
1 bilhão (ajustado para dólares de 2002) e no Nordeste dos EUA em
2003 na faixa de dois até US$ 10 bilhões de dólares1.
Os casos de interrupção de serviços na Suécia e Dinamarca acon-
teceram no dia 23 de Setembro de 2003, com desligamento de 1.850
MW na Dinamarca e 3.000 MW na Suécia. Mais de dois milhões de
pessoas no sul da Suécia e em Kopenhagen tiveram a energia inter-
rompida e serviços restabelecidos após seis horas e meia.
Na Itália ocorreu uma falha em 28 de Setembro de 2003, que foi a
pior em mais de 50 anos, com aproximadamente 19.600 MW de carga
elétrica perdida em área de 277.000 km quadrados, 56 milhões de pes-
soas tiveram seus serviços de eletricidade desligados e restabelecimen-
to em 24 horas.
No nordeste dos EUA e sul do Canadá uma falta de energia genera-
lizada ocorreu em 14 de Agosto de 2003 afetando os estados de New
York, Ohio, Michigan, Pensilvânia, New Jersey, Connecticut, Vermont, Fig. 1.1 Principais eventos mundiais recentes de falhas em larga escala
[Baseado em Prada e Almeida (2007)]
Massachusetts e Ontário. Mais de 60.000 MW de carga de eletricidade
foi perdida em uma área quadrada de 9.300 km quadrados. Por volta
de 50 milhões de pessoas tiveram seus serviços de eletricidade desco- A ocorrência de falhas múltiplas levou a um número mais elevado
nectados, sendo restabelecidos em 48 horas. A falha sistêmica dos EUA de clientes sem energia em relação ao evento anterior mais devasta-
em agosto de 2003 afetou mais de 50 milhões de pessoas. dor (639.040 contra 158.942), duração média mais elevada de horas
As causas foram também divididas em falhas devido a eventos iso- (165 contra 39) e o mais elevado MW interrompido (2.139 contra 653).
lados únicos e eventos múltiplos. Os principais eventos de causa única Os números médios mostraram um padrão ligeiramente diferente: o
foram: falha do equipamento (29%), erro humano (5,8%), falta de ca- número mediano dos clientes perdidos foi mais elevado para saídas
pacidade (4,1%), fogo (3,3%) e vandalismo (2,5%). As principais falhas únicas (63.500 contra 36.006), entretanto, a duração mediana era mais
em saídas devido às falhas múltiplas foram clima (59,1 %), equipamen- elevada para múltiplas saídas (13,3 horas contra 7 horas).
to (22,7%), desconhecida (9,1%) e erro humano (4,5 %). As linhas e os cabos aéreos responderam por 975 destas falhas sen-
do 342 (aproximadamente 19 por cento) do número total das falhas
causadas por chaves de manobras ou equipamento da proteção.
No Brasil, os estudos de custos de interrupção são bastante escas-
sos, considerando-se um valor na ordem de 1,000 US$ / MWh no final
da década de noventa e tendência de aumento crescente da importân-
cia e custo da eletricidade. Esses valores são médios, dependendo do
local e duração do evento de interrupção.
Segundo estudos de Almeida e Prada (2007) em 18/04/1986 houve
1 O assunto de falhas sistêmicas de larga escala (“black outs”)pode ser melhor detalhado em Almeida e ocorrência de falha de duração de 2,40 horas afetando 45 milhões de
Prada (2005), Crisp(2004), Dobson (2004), European Comm. (2006), Farrel (2004), Zimmerman e Wagner
(2004),
pessoas em seis estados do sul e sudeste. Em 18/08/85 ocorreu outra

20 21
falha sistêmica de larga escala com efeitos menores devido a ter ocor- Operação de sistema de transmissão
rido em um domingo. Em 13/12/94 houve interrupção do fornecimen- Antes dos mercados competitivos, a operação do sistema era feita
to de Itaipu com rápido restabelecimento; em 26/03/96 houve uma em ambiente caracterizado por estabilidade relativa, previsibilidade, ca-
interrupção de 1,4 horas em Minas, Goiás e Brasília. Em 24 e 25 de pacidade de transmissão maior e fluxos interegionais limitados. A refor-
04/1997 ocorreu uma falha no sistema S/SE/CO necessitando de dois ma do mercado e regulação mais efetiva alterou a operação da rede de
dias para recompor o sistema, com interrupção de 15% da carga. Em transmissão, com novos desafios para os operadores de sistema.
11/03/1999 houve interrupção do sistema que interliga Itaipu com até A redução de investimentos ocorrida após 1980 levou a uma redu-
4,5 horas de demora de restabelecimento nos estados de Rio de Janei- ção na margem de segurança da capacidade de transmissão. Por ou-
ro e Espírito Santo. Em 21/01/2002 ocorreu interrupção de duração de tro lado, a reforma dos mercados, em âmbito mundial, aumentou o
113 minutos e custo estimado de 1.54 US / kWh e um prejuízo médio uso da rede com uma maior volatilidade do uso, devido ao aumento
de US$108,000,000.00 (cento e oito milhões de dólares relativos ao da comercialização (no Brasil com a separação da comercialização, do
ano de 1990), considerando apenas aspectos tangíveis dos custos. despacho e operação centralizada este efeito pode ser bastante ame-
nizado).
A regulação da confiabilidade da transmissão Além disso, os operadores de sistema são responsáveis pela exe-
Os padrões operacionais para regular a confiabilidade da rede de cução de procedimentos de emergência tais como gerenciar eventos
transmissão aplicam-se a todos os sistemas de eletricidade para as- extremos minimizando o impacto no suprimento e protegendo a infra-
segurar que existe excesso de capacidade suficiente para acomodar -estrutura crítica de eletricidade.
condições de operações severas ou eventos extremos.
As sugestões para fazerem estes padrões mais eficazes incluem: O desempenho da rede de transmissão
- Melhorar os padrões determinísticos garantindo a utilização do As redes de transmissão são tratadas como monopólios naturais
padrão N-1 (significando que a rede garante seu funcionamento ade- fisicamente separados de outros componentes da cadeia de valor e
quado entregando eletricidade em uma dada freqüência e tensão regulados separadamente. A regulação procura criar incentivos para
mesmo quando um elemento da rede entra em falha); a operação eficiente e para o seu desenvolvimento; os investimentos
- Fazer com que os padrões de confiabilidade voluntários sejam têm sido considerados questões críticas e preocupantes.
mandatórios aumentando a verossimilhança de padrões existentes Segundo Joskow (2005), existem quatro padrões de investimentos
nos mercados de eletricidade reestruturados; em infra-estruturas de energia:
- Revisar as premissas e metodologia de cálculo dos padrões de a) Investimento público;
eletricidade para refletir a nova dinâmica das condições de operação b) Investimento privado regulado;
resultantes da reestruturação - Desenvolver estratégias de gerencia- c) Investimento em transmissão direcionado pelo mercado;
mento de riscos pró-ativas para aumentar a confiabilidade das redes d) Modelo híbrido de transmissão mercantil e regulada.
de transmissão nos mercados competitivos.1 A regulação deve prover índices de confiabilidade e de preços para
estimular comportamentos adequados aos agentes sem criar distor-
ções entre geração, transporte e confiabilidade. As saídas devem ser
1 Estudos mais aprofundados em confiabilidade de transmissão podem ser feitos em Allan e Billinton planejadas e deve haver penalidades adequadas para as saídas com
(1988), Allan e Billinton (1996), Allan (2006), Alvarado (2006), Chowdhury (2005), IEEE (2008) e Shahi-
dehpour (2002).
riscos elevados de efeitos importantes. O melhor desempenho do sis-

22 23
tema precisa ser incentivado e pode ser otimizado em termos de con- Relacionamento de energia com infraestruturas criticas e multidis-
fiabilidade segundo os estudos de Joskow e Tirole (2004). ciplinariedades
A recuperação dos custos ou alocação deles no investimento de Entender, analisar e melhorar a robustez e resiliência destas infra-
transmissão deve ser baseada em custos incrementais e a alocação -estruturas requer pontos de vista múltiplos e um vasto conjunto de
destes custos deve ser baseada em uso ou em benefício, mesmo sendo habilidades interdisciplinares. De forma resumida, são necessários en-
bastante difícil de ser calculada considerando o compartilhamento dos genheiros (civis, eletricistas, industriais, mecânicos, de sistemas) para
benefícios resultantes da transmissão. A base do investimento basea- entender detalhes tecnológicos das infraestruturas e realimentação di-
do em mercado é o preço spot nodal ou o preço marginal locacional nâmicas, especialistas computacionais, em tecnologias de informação,
(LMP) da eletricidade. O preço marginal locacional (LMP) varia de acor- em telecomunicações e redes para entender os enlaces eletrônicos e
do com as condições de operação do sistema. computacionais entre as infraestruturas. Os economistas são necessá-
Na maioria dos países com mercados competitivos, e não aplicável rios para entender o ambiente de negócio dos proprietários e opera-
totalmente no Brasil, a organização da regulação, do mercado e das ca- dores dos setores público e privado. Os cientistas sociais, advogados,
racterísticas do desempenho da rede de transmissão deve considerar analistas de regulação, especialistas em políticas públicas.
atributos e indicadores tais como: Aspectos diferenciados do Planejamento de transmissão no Brasil
a) Custos de operação e manutenção da rede; No caso brasileiro, o planejamento da expansão tem aspectos que
b) Custos das perdas e serviços de suporte auxiliares; diferenciam as premissas em relação aos países com sistemas elétricos
c) Custos de poder de mercado e de outras distorções decorrentes interligados:
da operação e atrasos de investimentos na rede; a) Predominância hidrelétrica dependente das vazões fluviais (sa-
d) Disponibilidade da rede e velocidade de restabelecimento do zonal e plurianual) com dificuldade de equilibrar custos de riscos de
serviço depois de saídas; déficits e custos de excesso de capacidade instalada;
e) Confiabilidade da rede e perdas de carga; b) Diversidade das cargas no espaço do território nacional e longas
f) Eficiência da mobilização e disponibilidade do capital para expan- distâncias aos centros consumidores;
são das redes dentro do sub-mercado para atingir confiabilidade e ob- c) Diversidade hidrológica das bacias fluviais e possível complemen-
jetivos econômicos e sociais; taridade de afluências e otimização da geração;
g) Eficiência na introdução de inovação em software e hardwares d) Necessidade de maior coordenação do planejamento e das de-
para melhorar o desempenho de rede. cisões de expansão da geração e da transmissão para a otimização da
O planejamento de serviços pode conter serviços auxiliares ou anci- operação;
lares, gestão de ativos, gerenciamento de carga, conservação e manu- e) Diferenças regionais e participação de agentes de natureza distin-
tenção da infraestrutura. 1 tas, incluindo públicos e privados.
Características adicionais do sistema de transmissão.
De uma forma geral nos mercados competitivos de energia (e não
no Brasil), as tarifas devem ser proporcionais a diferença dos preços
marginais nodais, ajustados diferencialmente para restringir fluxos de
1 O assunto de serviços é detalhado em Kumar e Chaturvedi (2008) Turvey e Anderson (1977), Yishan acordo com a capacidade de transmissão, disponível. Os preços zonais
(2005), Zeng (1997) e Zeng (2006) são preferenciais, em relação aos nodais, e o preço zonal representa

24 25
uma função média de um grupamento dos nós próximos. Os métodos Os climas tropicais de fatores extremos podem se associar à inci-
baseados em custo de transmissão ao invés da capacidade de adicionar dência mais elevada de relâmpagos. As empresas de transmissão atu-
benefícios, podem não sinalizar corretamente o valor do investimento. antes em regiões com climas de alta incidência de relâmpagos podem
O nível ótimo de investimento é encontrado por cargas adicionadas ser obrigadas a trocar equipamentos com menor idade que empresas
através de redução de custos de operação futuros. O benefício do con- operando em climas amenos. Eventos anormais de sobretensões in-
sumidor é maximizado pela minimização do custo total de produção duzem falhas mais prejudiciais que envelhecimento em longo prazo.
incluindo custos de geração e transmissão, desse modo, pode-se fazer As taxas de falha em linhas aéreas de transmissão, por intempéries,
uma otimização global considerando-se custos de geração e de trans- dependem do projeto da linha e do uso de cabos pára-raios para pro-
missão agregadamente. teção de raios. A maioria das redes é projetada com fio-terra aéreo,
As empresas verticalizadas tinham o retorno do capital investido devido à incidência elevada destes raios.
e uma parcela de lucro garantido, o custo e as incertezas do merca-
do eram absorvidas pelo consumidor. Os mercados reestruturados de Economia e variação anual da confiabilidade em sistemas elétricos
energia são mais competitivos com objetivo de menores custos para os
consumidores finais, mas com possibilidade de aumento da margem
de lucro e os riscos assumidos pelo investidor. Tabela 1.1 Vida útil em linhas de transmissão [Fonte: Willis (2001)]
Fio de terra 35 anos

Cabo de energia 50 anos


Parâmetros e Estimação de confiabilidade
As variáveis de ocorrências e durações de eventos em um determi- Projeto de fundação 25 anos
nado intervalo de observação, tais como o tempo médio de manuten- Pernas em determinada
120 anos
ção preventiva (MTTM = Tp ); tempo médio de manutenção corretiva localidade

(MTTC = Tc ); tempo médio de reparo (MTTR = Tr ); freqüência de manu-


tenção preventiva (Fp = 1/Tp ); freqüência de manutenção corretiva (Fc Tabela 1.2 Probabilidade de sobrevivência de elementos de torres
= 1/Tc ) e freqüência de indisponibilidade forçada da função são usados
[Fonte: Willis (2001)]
para deduzir a confiabilidade.
O impacto do clima na taxa de falha pode ter implicações e conse- Ps das pernas 65%
qüências adversas, como por exemplo, clima tropical extremo expõe o
equipamento a altas temperaturas e umidade, tempestades tropicais, Ps do fio esticador dos
63%
condutores
furacões, ciclones e altos potenciais de intempéries. Em tais circuns-
tâncias, as falhas de equipamentos são mais elevadas que sob circuns- Ps do fio esticador no braço
23%
tâncias amenas e moderadas. Na sobrecarga, a condição de carrega- de OPGW

mento (corrente elétrica) pode aumentar a probabilidade da falha.


Ps da fundação 13%
Além disso, o maior carregamento dessas linhas impõe impedância
mais elevada associadas ao sobreaquecimento, com aumento da pro-
babilidade de ocorrência da falha. Os mecanismos de falhas em emendas de cabos de linhas de trans-
missão

26 27
A resistência elétrica da junção irá degradar, aumentando vagarosa- As vibrações devido à presença de forças eólicas também são causas
mente junto com o restante do mecanismo de degradação da junção. de envelhecimento acelerado no sistema de transmissão. O dano mais
Em alguns casos, a resistência elétrica inicial de uma emenda aérea comum causado por efeito de vibrações eólicas em linhas de transmis-
aumenta acima dos limites padrões, devido a métodos de instalação são aéreas é o rompimento de fios individuais do condutor e da alma
falhos (Fonseca, 2005). de aço, por fadiga. Essa fadiga ocorre em pontos onde o movimento
dos fios condutores e da alma de aço são restringidos. Quanto maior
for a restrição do movimento maior será a fadiga, principalmente no
sentido vertical. Desta maneira, a ruptura de fios será mais freqüente
na proximidade dos grampos de suspensão e pode-se presumir que,
em emendas, o efeito da pouca mobilidade dos fios dentro da região
da emenda também faz com que estes fios acabem por romper (Fon-
seca, 2005). As velocidades de vento e suas pressões nos cabos devem
ser determinadas de acordo com normas específicas e referências in-
ternacionais.
Figura 1.2 Taxa de falhas em emendas e demais componentes dos siste- Por outro lado, em estudos de ampacidade, o vento além de pro-
mas de L.T. [fonte Berlijn e Roeflofs (1997)]1
duzir a vibração eólica, também resfria a parte externa do condutor
dificultando a análise térmica visual ou instrumental do ponto de fadi-
Segundo estudos de Berlijn e Roeflofs (1997), as taxas de falhas em
ga. Quando o carregamento aumenta de forma súbita, devido a uma
emendas e demais integrantes do sistema de custo de transmissão es-
necessidade de suprimento extra de energia ou de alteração da confi-
tão mostrados na Fig. 1.2.
guração do sistema, pode ocorrer uma ruptura total do cabo no ponto
As falhas em junções e conexões em linhas de alta tensão são resul-
defeituoso.
tado de diversos mecanismos dependendo dos parâmetros operacio-
Na região da emenda o aquecimento é maior e a dissipação é mais
nais e ambientais. Um mecanismo predominante é a relaxação gradual
difícil e segundo os estudos de Berlijn (1997), a maior taxa de falhas
da força de contacto, a qual leva a uma resistência elétrica de contacto
nas emendas ocorre após diversos ciclos de variação de tensões elétri-
maior, resultando em um aumento da temperatura da junção. Esta re-
cas e ciclos térmicos que podem causar o envelhecimento acelerado,
laxação pode ser resultado de diversos problemas incluindo “thermo-
degenerativo e falha na LT.
-racheting”, abrasão (“fretting”) e corrosão galvânica.
É possível estimar o custo da energia perdida em um conector qua-
Nestas condições, a resistência elétrica da emenda irá ter um alto
se em falha em um ambiente industrial médio. Como a resistência do
valor por um longo tempo, antes que os mecanismos naturais de en-
conector aumenta com o tempo, a dissipação de potência aumenta. O
velhecimento acelerem o aumento da resistência e da temperatura da
custo cumulativo da potência perdida ultrapassa o preço do conector
emenda até o rompimento. Além disso, com a situação de alta resis-
dentro de um ano1 (US$0.30 em Linha de 200 A).
tência pode ocorrer corona na emenda, com conseqüências indesejá-
Além da perda de potência, outro efeito é o da confiabilidade e o
veis para o sistema como aumento de perdas e de interferências.
custo da não confiabilidade. A perda de energia devido a degradação
do conector nem sempre é aparente em inspeção visual mesmo usan-
1 Obs. Foram feitos 166 tipos de testes, são mostradas as porcentagens individuais de cada componente em
que ocorreu a falha, ou seja, taxa de falha porcentual de cada um
1Ver Timsit (2003)

28 29
do técnicas de infravermelho. Um conector em falha pode rapidamen- Mecanismos de falha em cabos e retirada por envelhecimento
te causar desligamento da LT. O critério de retirada do cabo antigo e troca por um novo deve ser
O custo real de um conector de compressão usado em um ambiente cuidadosamente casado com o critério de mecanismos de falha para
para o qual ele não foi projetado excede US$50.00 depois de 10 anos uma aplicação particular.
de operação. Esse custo médio é aplicado se o conector falha ou não, Os principais fatores de fadiga dos cabos são:
e representa aproximadamente 170 vezes o preço original do conec- - Fadiga do metal;
tor. Esse custo considera não apenas perdas de energia, mas também - Abrasão interna ou externa;
inspeção e reparo. - Corrosão interna ou externa;
- Falha devido a corte, engaiolamento, sobrecarga de tensão.
Eventos de falhas e rompimentos de cabos de linhas de transmissão Os desempenhos dos fios dependem da forma de construção e do
Nos EUA têm sido relatadas causas de rompimento de cabos princi- material utilizado, dos tamanhos de qualquer roldana e da tensão de
palmente com quedas de árvores, devido à faixa de servidão mal cui- operação, que afetarão a fadiga do metal.
dada, e esses eventos têm sido responsáveis inclusive por “blackouts” Os Índices de sistema elétrico podem ser divididos em índices de
de larga escala. Também têm sido relatadas intempéries com raios pro- interrupção de carga e índices de problemas do sistema. Os índices de
vocando o rompimento de cabos. interrupção de carga medem a severidade dessas interrupções basea-
No Brasil, esses dados são pouco divulgados para não ferir a ima- das nas cargas interrompidas e podem ser classificados, por exemplo,
gem das empresas estatais ou com pouco tempo de privatização, Se- como energia interrompida (ou energia não suprida), potência inter-
gundo estudos de Almeida e Prada (2005), os blackouts de 11/03/1999 rompida, horas de carga interrompida e freqüência de ocorrência de
(interrupção da interligação de Itaipu a São Paulo com até 4,5 horas interrupção da carga, dentre muitos outros.
de restabelecimento RJ e ES) e de 21/01/2002 (falha de 113 minutos
e custo de 1.54 US/kWh, prejuízo de US$108,000,000.00 relativos a Tipos de conexão de cabos condutores
1990 e aspectos tangíveis) foram devido a rompimento de cabos devi- A emenda mecânica por compressão é feita com ferramentas hi-
do a curto circuitos monofásicos. Esses dois eventos foram classifica- dráulicas para a crimpagem das duas pontas dos cabos dentro da luva
dos com a máxima severidade com prejuízos elevados de acordo com e usa-se o mesmo tipo de material do cabo para as luvas. Na crim-
Prada e Almeida (2007). pagem hexagonal é fabricada uma luva arredondada com o mesmo
Além dos raios, outros tipos de eventos causadores de rompimen- diâmetro do condutor, que é formatada pela compressão hidráulica
tos nas linhas de transmissão tem sido: em forma hexagonal, resultando um material muito bom condutor e
- Fortes ventanias (rajadas de vento); sólido devido à compressão. Para proteger de campos perigosos, au-
- Ocorrência de granizo; mentados nas proximidades da fronteira, as luvas são cobertas com
- Taxas de Precipitação muito elevadas em chuvas; um tubo protetor.
- Possível ocorrência de eventos como tornados entre outros. As vantagens e desvantagens e os campos de aplicação para cada
As tempestades severas têm sido causas de falhas em linhas de uma delas são:
transmissão com destruição de grande número de estruturas (torres). a) As conexões soldadas, usando luvas soldadas são usadas prin-
cipalmente para condutores de cobre. A luva pode ser sólida ou oca
(para cabos preenchidos com óleo) e devem ter diâmetro igual ou
maior que o condutor.

30 31
A versão de igual diâmetro é usada para conexões de altíssima ten- a) Projeto - A emenda ideal efetua a perfeita união das característi-
são desde que a distorção do campo para a instalação da junção é me- cas elétricas, químicas e mecânicas entre os cabos condutores envolvi-
nos pronunciada que com luvas de maiores diâmetros. A conexão é dos. As considerações práticas levam em conta materiais, condições de
feita em baixas temperaturas (menores que 450º Celsius) para limitar ensaios e de montagem em campo1.
as tensões térmicas na isolação em redor. As conexões devem ser sol- b) Materiais - A conexão adequada dos condutores necessita ter
dadas mais quentes, caso haja possibilidade de ter curtos circuitos em estabilidade térmica na faixa de temperatura de operação para evitar
temperaturas superiores a 160º Celsius. danos físicos na emenda em operação normal e na ocorrência de cur-
b) A fusão é preferível para cabos de Alumínio com isolação de pa- tos circuitos no sistema.
pel, apesar deles raramente serem usados em alta tensão. Desde que c) Instalação - A emenda é efetuada em campo em condições ad-
as luvas não são necessárias para fusão, esta técnica sempre produz versas sem o controle de qualidade de um laboratório. A seqüência
junções de condutores com o mesmo diâmetro. Conexões soldadas de montagem prevista no projeto e verificação da limpeza dos cabos e
convencionais não são apropriadas para cabos com polímeros, devido materiais usados deve ser rigorosamente seguida. O uso da pasta an-
às altas temperaturas aplicadas por um longo período no processo. tioxidante do tipo Sikronil é altamente recomendado por seus efeitos
c) As conexões Cadweld usam formas pré-fabricadas e pó de metal, de proteção e de redução da resistência do conjunto.
e são adequadas para conexão sintética. Esta operação demora alguns A emenda deve ter pelo menos 95% da resistência mecânica do
segundos e desenvolve-se uma pequena quantidade de calor. Ela pode condutor (tensão de ruptura mínina RBS- Rated Breaking Strength)
ser usada tanto em cabos de alumínio e de cobre e é particularmente ABNT (1981) e norma ANSI C119 4 (1998) seção 4.4.3
adequada com grandes secções retas devido à sua excelente capaci-
dade térmica e mecânica. Existe uma restrição em cabos de extra alta Diversidade de campo elétrico e resistividade nas emendas .
tensão, onde não podem ser produzidas conexões de mesmo diâme- A pasta sikronil possui característica resistiva não linear, ou seja,
tro, devido a potencial de efeitos corona. sua resistividade diminui quando a corrente aumenta permitindo co-
d) Crimpagem arredondada colocada posteriormente à crimpagem eficiente de temperatura negativo contrário ao do cabo, tendo efeito
hexagonal; a luva de alumínio redonda é comprimida sobre o compri- de reduzir os efeitos de aquecimento na emenda. As emendas com
mento total da luva hexagonal.1 isolamento resistivo não linear tem aplicação prática em tensões de
isolamento de até 69kV.
Emendas das linhas aéreas
Segundo o estudo de Pavlik (1989), as emendas de condutores são Tipos principais de emendas
componentes sem vínculo às cadeias estruturais, aplicados exclusiva- Os principais componentes e tipos das emendas são:
mente aos cabos de energia ou de terra. As emendas existentes no a) As Luvas de emenda - As luvas de emenda conectam lances indi-
mercado são do tipo de compressão, implosão ou pré-formadas. viduais na construção ou restabelecem os cabos danificados sob ma-
Os fatores do desenvolvimento e concepção desses componentes nutenção. As emendas mais usadas no mercado são de compressão ou
acessórios são projeto, materiais e instalação: pré-formadas.
As características eletromecânicas são:
- condutibilidade equivalente a 61% IACS correspondendo a 2,8 mi-
1 Estudos adicionais em linhas e emendas podem ser feitos em ABNT (1981) ABNT (1985), Eletrobras cro Ohms/cm quadrado,
(1987), EPRI (1979) , EPRI (1981), Fitzgerald (1987) Fuchs(1979), Frate(2000), Gregory. e Lindsey(1988),
IEEE (2004), Ilic (2004) e Kiessling (2003) e Zhong (1986). 1 O assunto pode ser melhor estudado em Di Troia (2005), Mc Cullough (2003) e Norma Din 48085.

32 33
- carga de ruptura igual a 95% do cabo. Diâmetro igual, o calor da
Condutores de Al. ocos fusão é demasiado para
b) Luvas de compressão - As luvas de compressão destinadas a ca- Fundida
com isolação de papel conectores e cabos com
bos de alumínio-aço são compostas de duas partes, uma interna desti- Termicamente
compostos orgânicos

nada a emendar a alma de aço e outra externa para conectar o manto Todos condutores s/
Solda Cadweld Diâmetros sempre iguais
de Alumínio que forma o cabo. canal vazado

Crimpado Tubo protetor externo


Todos condutores
hexagonal diâmetro maior
Produzido
Termicamente
Fig. 1.3 Detalhamento da emenda por compressão de cabo ACSR Crimpado
Todos condutores Igual diâmetro
arredondado

c) A luva de emenda do cabo de aço deve ser de aço ou de aço


inoxidável e protegida com luva de alumínio para evitar a corrosão. A centralização apropriada das juntas do condutor dentro da emen-
Para a instalação das luvas de compressão deve ser aplicada a pasta da é bastante importante, a relação diâmetro x comprimento deve ser
antioxidante. maior que 5 vezes e caso não haja centralização esta relação fica preju-
Os defeitos da luva de emenda tipo compressão podem ser minimi- dicada com sobreaquecimento e ruptura do cabo.
zados com a aplicação de reparo pré-formado (“splice shunt”). As compressões devem ser feitas na seqüência especificada pelo fa-
bricante da junção e devem ser usados compostos que ajudem o con-
Características de conexão de condutores tacto elétrico e previna a corrosão, permitindo maior potencial mecâ-
Requisitos mínimos para capacidade de transporte de corrente nico de travamento, de acordo com o especificado pelo fabricante da
e força mecânica especificados em padrões tais como a norma VDE emenda.
0220. A limpeza dos fios é necessária para melhorar a conexão; o uso de
A força mecânica residual de compressão nas luvas deve ser sufi- ultra-som e solventes de limpeza tais como tricloroetileno e tricloroe-
ciente para suportar tensões durante implantação, as tensões de flutu- tano é o melhor método de limpeza dos fios. Onde não se pode fazer a
ação de energia eólicas locais e de variações de temperatura. limpeza com ultrassom deve-se fazer a limpeza com escova e o triclo-
roetano deve ser usado e o solvente deve ser trocado por um novo em
Instalação das emendas em campo cada lance de cabo. O cabo deve ser seco com ar comprimido e não é
recomendado o uso de ácidos para a limpeza dos cabos. O ácido deixa
a superfície demasiadamente homogênea e reduz a aspereza que vai
Tabela 1.3 - Técnicas de conexão de condutores de cabos de alta e permitir uma boa conexão mecânica e elétrica, deve-se escovar a re-
extra alta tensões [Fonte: Pavlik (1989)] gião com uso de escova dura de aço.
A ação de compressão da luva de aço sobre o conjunto de cabos
de alumínio (introduzida pela prensa hidráulica) garante a resistência
Categoria Processo Aplicação Características
posterior à tração do conjunto (cabos e emendas). Adicionalmente, a
luva externa (alumínio) garante a maior parte da transmissão da cor-
Diâmetros iguais ou
Soldado Com Luvas Condutores de Al.
maiores que cabo
rente elétrica, bem como contribui com parcela de resistência à tração
da emenda.

34 35
Mecanismos de Falha em Cabos Trançados e Critério de Retirada
Verificação e Revisão de Procedimentos de Execução de Emendas As tensões por forças radiais induzidas, exercidas pelas tranças ex-
1) Condutores de alumínio sujos dentro da luva aumentam a resis- ternas do cabo, produzem alta força de contato entre duas tranças (ou
tividade da emenda; cordões trançados) adjacentes. Essas forças são responsáveis por ten-
2) Com corrente, a emenda se torna mais aquecida que o condutor; sões muito altas nos fios individuais e responsáveis pelo início e propa-
3) Mudanças cíclicas na corrente causam mudanças térmicas que gação das falhas por fadiga. Este é o mecanismo de fadiga dominante
expandem e contraem a emenda, podendo originar degradação da re- para cabos trançados sujeitos às cargas cíclicas de tensão. A tensão
sistência mecânica por fadiga. sobre os fios internos faz com que rompam e deixem de contribuir
para a tensão de ruptura total do cabo, diminuindo sua capacidade de
suportar cargas mecânicas, o que causa um processo abrupto de ava-
Aceitações de deslocamento e flecha em emendas à compressão lanche para o mecanismo de falha por fadiga.
Na província Canadense de Alberta, a regulação não exige das em- O critério de retirada do cabo por um novo deve ser coerente com
presas de implantação providenciar nenhuma proteção para limitar a os modos de falha para uma aplicação particular, incluindo demais
deformação durante a instalação do condutor. componentes da linha de transmissão.
O padrão utilizado na República da China é que a deformação da Além de aspectos mecânicos, não se deve subestimar o potencial
emenda não deve exceder 2% do comprimento da emenda, a capaci- de falha devido ao aquecimento resistivo do cabo. Cabos com elemen-
dade requerida da luva é ser maior que 90% da capacidade de ruptura tos não metálicos são particularmente susceptíveis a falhas térmicas
do cabo. por causa da baixa condutividade térmica dos elementos de tração e
da capa do cabo.
A montagem das emendas em linhas de alta tensão aéreas É importante determinar se a falha é devido às causas internas (tais
As características mecânicas mais importantes para a utilização como as citadas anteriormente) ou externas (exógenas). Se for induzi-
de um metal são o limite elástico, a resistência e o alongamento na da externamente, recomenda-se verificação dos procedimentos ope-
ruptura. O limite elástico é a máxima tensão que o material pode su- racionais. Caso a causa seja interna, o cabo pode ter deficiências de
portar sem que se produzam deformações plásticas ou remanescen- projeto e não é adequado para as condições existentes. Uma alteração
tes, além de certos limites. A resistência é a máxima força de tração no procedimento operacional reduzindo a demanda por desempenho
que a barra suporta, dividida pela área de seção transversal inicial do do cabo permite operação satisfatória.
corpo-de-prova e o alongamento na ruptura é o aumento do com-
primento do corpo-de-prova correspondente à ruptura, expresso em Principais Mecanismos de falha em cabos de linhas de transmissão
porcentagem. Os mecanismos de falhas internas incluem:
O equipamento necessário para colocar as emendas em campo é 1) Desgaste por abrasão dos elementos de tração.
composto de uma prensa hidráulica e compressor, juntas de compres- 2) Falha por fadiga dos elementos metálicos de tração;
são (matrizes), grampos de fixação, blocos de pressão, cabos de ligação 3) Migração dos elementos de tração não metálicos causando ros-
e condutor. queamento com os fios condutores e sobreaquecimento do cabo;
4) Ruptura ou curto circuito dos condutores elétricos;

36 37
5) Ruptura das fibras ópticas do cabo OPGW (Optical Path Ground
Wire); A fiscalização de implantações em campo
6) Falha térmica do cabo devido ao aquecimento resistivo e aqueci- O Indicador de Não-Conformidades Técnicas é definido pelas per-
mento devido a ciclagem contínua sobre as roldanas dentro do equipa- centagens de não-conformidades técnicas levantadas nas vistorias
mento de compensação de movimento; pela fiscalização durante a vigência do contrato. Para isto há neces-
7) Falha térmica por descentralização da emenda e conseqüente so- sidade de se fazer um levantamento de todas as não-conformidades
breaquecimento; técnicas factíveis de ocorrência nos serviços ou obras, considerando-se
8) Falha mecânica por deslocamento com flecha na emenda e rup- cada componente da linha de transmissão e atribuindo-se as pontua-
tura dos tentos em processo de avalanche. ções para cada item.
As falhas externas, além das mecânicas (como queda das torres, Também foram realizadas visitas a outras empresas nacionais para
por exemplo) são principalmente devido a intempéries com descargas identificar os procedimentos e tecnologias que têm sido adotados na
atmosféricas, curto-circuitos por alongamento demasiado devido a au- execução de emendas e possíveis soluções para o problema de em-
mento de temperatura ou ainda falha iniciada por efeito corona. penamento. Foi feita visita a um fabricante nacional e pesquisa sobre
disponibilidade do mesmo produto de outros fabricantes.
Cargas mecânicas sobre os cabos e empenamento das emendas
- Estado básico - Para condições de temperatura mínima, a tração Comentários e conclusões do capítulo
axial deverá ser limitada a 33% da tração de ruptura do cabo. Para con- As falhas sistêmicas do sistema de energia elétrica tem tido atenção
dições de vento com período de retorno de 250 anos, a tração axial de- do público em relação a adequação do sistema de transmissão e as
verá ser limitada a 50% da tração de ruptura do cabo. Para condições necessidades de sua expansão. O planejamento da expansão da trans-
de vento extremo, a tração axial deverá ser limitada a 70% da tração missão torna-se mais difícil no ambiente de mercado reestruturado de
de ruptura do cabo. eletricidade porque ambos os aspectos de confiabilidade e econômico
- Estado de tração normal (EDS) - No assentamento final, à tem- dependem da operação do sistema e muitas questões são inter-rela-
peratura média sem vento, com nível de tracionamento conforme os cionadas.
valores indicados na Norma NBR-5422 (Projeto de Linhas Aéreas de Existem ainda questões adicionais importantes relacionadas ao pla-
Transmissão de Energia Elétrica). nejamento da expansão do sistema de transmissão:
- Estado de referência - A distância mínima ao solo do condutor a) A veracidade de informações e modelos que requerem uma gran-
(“clearance“) é obtida com consideração de pressão de vento leve ou de quantidade de dados de entrada, nem sempre confiáveis;
ausente. b) Critérios de planejamento determinísticos, ao invés de estocásti-
- Cargas mecânicas sobre as estruturas - Para o projeto mecânico cos, não considerando a probabilidade de ocorrência de cada contin-
dos suportes das linhas de transmissão, os carregamentos oriundos da gência.
ação do vento nos componentes físicos da linha devem ser estabeleci- As não conformidades técnicas podem causar eventos de falha em
dos a partir da caracterização probabilística das velocidades de vento cascata com efeitos devastadores; algumas causas comuns a esses
da região com tratamento diferenciado quanto ao tipo de tormenta eventos podem ser listadas:
(tormentas frontais – “EPS-extended pressure systems” e tormentas - O treinamento inadequado e perda de pessoal experiente nos
elétricas - “TS-Thunderstorms”) operadores do sistema;

38 39
- Um ambiente de operação de rede mais frágil, conseqüência da zindo o tempo de exposição às altas temperaturas para um valor limite
diminuição do excesso de capacidade; máximo irá permitir que a resistência do condutor seja mantida estável
- Uma vulnerabilidade inerente das redes de transmissão AC ao e funcional por períodos maiores de operação.
maior número de falhas, ocorrendo falhas múltiplas dentro de perío- - O aumento da área transversal do condutor em áreas críticas pode
dos normalmente permitidos para o sistema recuperar de uma única assegurar a operação em altas temperaturas, reduzindo a ocorrência
falha; de falhas mecânicas do condutor.
- Comunicação deficiente na coordenação de tempo real do siste- - Monitoramento de tensão mecânica na linha – Apesar de opera-
ma, onde os mercados dividem a responsabilidade para mais de um ção cumulativa em alta temperatura de operação resultar na perda de
operador de sistema; tensão mecânica de ruptura dos cabos ACSR, isto atinge um patamar
- Manutenção inadequada da infraestrutura da rede, bem como da mínimo e pára de diminuir. Desta maneira é importante monitorar as
calibração dos equipamentos de diagnóstico de falhas da rede; tensões mecânicas das linhas, impedindo-as de se aproximar do míni-
- Dificuldade de melhoria dos padrões de qualidade de implantação mo de 90% da tensão de ruptura, sendo possível operar em tempera-
de redes e sua fiscalização. turas mais altas com risco de falhas mecânicas reduzido. Para buscar
Algumas dificuldades em relação às luvas de compressão estão co- entender o motivo das vulnerabilidades das redes e em particular das
locadas a seguir: emendas à compressão foram realizados estudos, simulações e en-
A instalação de emendas de compressão deve ser realizada com saios, o que será visto a seguir nos próximos capítulos. 1
profissionais especializados e sob rigorosa inspeção.
O peso da prensa e cabo obriga realizar a instalação das luvas no
chão e no caso de conserto do condutor rompido, obriga a desmontar
trechos da linha e efetuar ancoragem provisória do cabo.
Não é conveniente colocar as luvas durante o desenrolamento do
cabo, porque a dobra do cabo junto às bocas da polia pode causar
amassamento e cortes nos fios individuais.
Apesar do uso de manômetros que determinam a força da prensa-
gem da luva, não se consegue definir se ela foi corretamente instalada.
Os defeitos podem ser de compressão deficiente, falta de pasta anti-
-óxido, descentralização da luva de alma em relação ao manto, pren-
sagem do vazio sobre a luva da alma. A correta instalação pode ser
verificada somente com a gamagrafia (Raios X).
Outros aspectos negativos correspondem à danificação do cabo
junto às extremidades da luva pela forma inadequada, compressão
deficiente e vibrações eólicas.
Algumas recomendações são feitas:
- O monitoramento da temperatura da linha de transmissão e da
1 Estudos adicionais sobre conexões e cabos incluindo com operação em temperaturas mais elevadas
duração da operação em alta temperatura pode permitir melhor en- pode ser encontrado nas referências a seguir: Cigré (1979), Fonseca. e Cimini (2003), Michael (2007),
tendimento do estado do sistema de linha de transmissão aérea. Redu- Wang (2008), Wang (2011) e  Zhong (1986)

40 41
Capítulo 2

Desenvolvimento e implantação de pesquisa


Delphi em Moodle

Arquitetura e Recursos do Portal Web


A seguir, mostraremos como foi desenvolvido o sistema “Confiabili-
Figura 2.1 : Arquitetura do sistema e integração com a plataforma Moodle.
dade Estratégica CTEEP” com o intuito de fornecer uma documentação
que proporcione a possibilidade de manutenção e melhorias desta fer-
Neste contexto, é possível perceber que a base de desenvolvimento
ramenta. Para isto, mostraremos de forma muito intuitiva os principais
para o sistema foi a plataforma moodle.org. Os principais motivos para
aspectos do desenvolvimento.
adoção desta plataforma foram os seguintes:
– Trata-se de um software livre que pode ser usado comercialmente
Arquitetura
e modificado livremente;
A abordagem modular em camadas foi adotada para o desenvolvi-
– Possuiu um sistema de gestão de usuários muito completo e so-
mento do sistema cteep.prinsis.org. Como podemos ver na Figura 2.1,
fisticado;
temos uma descrição da arquitetura do sistema. Ainda assim, nesta fi-
– Permite compartilhar arquivos;
gura, as caixas pintadas em vermelho degradê correspondem aos mó-
– Permite a criação de fóruns de discussão;
dulos desenvolvidos pela Venidera e compreendem todos os recursos
– Promove naturalmente a interação entre os usuários.
requisitados pelo projeto de pesquisa. As caixas brancas correspon-
Vale salientar que este sistema foi usado como base e que várias
dem à base do sistema moodle.org.
modificações foram aplicadas a ele para que fosse melhor adequado à
este projeto de pesquisa.
Como já foi dito, este sistema foi desenvolvido em camadas, por
este motivo faz-se necessário sua apresentação:
– Camada de dados

42 43
Há uma grande quantidade de dados que servem como base para na Figura 2.2, o “administrador” é o usuário que tem acesso a todos
todo o software, elas estão disponibilizadas nos seguintes módulos os recursos (listados do lado direito com fonte pintada da cor preta):
(veja Figura 2.1):
-Base de dados moodle.org (MySQL);
-Base de dados Venidera (MySQL) integrada à base moodle.org;
-Sistema de rankeamento utilizando script SQL (MySQL).

Camada de interface
A camada de interface é responsável pela interação do usuário com
o sistema e, por este motivo, é a mais complexa. Ela contém os seguin-
tes recursos:
-Interfaces moodle.org;
-Arquivos;
-Fóruns;
-Interação; Figura 2.2 : Listagem dos recursos do sistema por nível de acesso.
-Outros.
-Interfaces de rankeamento: Ainda é importante frisar que os níveis de acesso correspondem às
-Visualização de ranking de elementos. fontes pintadas da cor azul.
-Interfaces de gestão:
-Cadastro e edição de áreas;
Acesso
-Cadastro e edição de elementos;
O acesso ao sistema cteep.prinsis.org é muito simples. Basta usar
-Associação de usuários às suas respectivas áreas;
um navegador, acessar o endereço web http://cteep.prinsis.org e se-
-Ponderação e cadastro dos impactos.
guir as instruções da Figura 2.3:
-Interfaces de levantamentos de elementos críticos:
-Faça login usando os campos do lado direito da tela Figura 2.3);
-Questionário Delphi;
-Você verá uma lista dos módulos aos quais você tem acesso. Clique
-Levantamento de causas de falhas;
em um módulo para acessar seus recursos (Figura 2.4).
-Levantamento de sugestões para mitigar as causas das falhas;

Recursos
Como já foi exposto anteriormente, o sistema desenvolvido neste
projeto possui uma gama de recursos que podem ser explorado pelos
usuários do sistema, sejam eles administradores, gerentes ou colabo-
radores. A Figura 2.2 elenca estes recursos e mostra de forma intuitiva
os recursos em relação aos níveis de acessos: níveis de acesso superio-
res podem acessar todos os recursos inferiores, portanto, como se vê

44 45
- Gestão de usuários (gestão de senhas e criação de novos usuários);
- Configuração dos módulos (gerenciar a inscrição dos usuários nos
módulos);
- Segurança (manutenção e gestão da segurança do sistema);
- Aparência (manipulação da aparência do sistema);
- Ativar/Desativar edição do sistema (botão no canto superior direito).

Figura 2.3 : Acesso ao portal web.

Figura 2.5 : Tela administrativa e seus recursos.

Gestor: Painel de Controle


Ao entrar na área de gestão (Figura 2.4, terceiro módulo: Painel de
Controle), o gerente tem acesso a quatro recursos principais (confor-
me Figura 2.6):
- Cadastro de áreas e seus elementos;
- Configuração dos pesos dos impactos;
Figura 2.4 : Lista dos módulos - Levantamentos de custos para as sugestões de melhoria;
- Realização de estudos (rankeamento).
Administrador
A área do administrador possui recursos como os que são vistos à
direita na Figura 2.5:

46 47
- Editar os elementos de uma área (clicando no link da área cor-
respondente).

Figura 2.7 : Configuração das áreas e seus elementos.


Figura 2.6 : Painel do Gestor.
Ao acessar uma área na Figura 2.7, ele tem acesso aos elementos da
Ao acessar o primeiro recurso da Figura 2.6, o usuário tem acesso à respectiva área e, em seguida, pode (conforme Figura 2.8):
lista de áreas cadastradas e ainda pode (conforme Figura 2.7): - Editar os nomes dos elementos já cadastrados;
- Inserir nova área; - Inserir novo elemento.

48 49
Figura 2.9 : Ajuste dos pesos dos impactos.

Ao acessar o terceiro recurso da Figura 2.6, o gerente poderá asso-


ciar os usuários às suas áreas de trabalho (Figura 2.10). É importante
salientar que um usuário pode ser associado a mais de uma área (con-
forme Figura 2.11).

Figura 2.8 : Edição de elementos em uma área.

Ao acessar o segundo recurso da Figura 2.6, o gerente tem acesso


aos impactos e pode (conforme Figura 2.9):
- Alterar os pesos dos impactos;
- Adicionar um novo impacto.

50 51
Acessando o quarto recurso da Figura 2.6 é possível colaborar le-
vantando as possíveis causas para as falhas dos elementos mais críti-
cos e, ainda, sugerir medidas para mitigar tais falhas (Figura 2.12).

Figura 2.10 : Associação de usuários às áreas.

Figura 2.12 : Levantando causas e sugestões para mitigação das falhas.

Ao acessar o quinto recurso da Figura 2.6, o gerente poderá avaliar


os custos e os benefícios das sugestões levantadas para as áreas da
CTEEP (conforme Figura 2.13):
- Escolher a área para a qual deseja avaliar as sugestões;
- Preencher o custo estimado para atender a cada sugestão;
- Avaliar o benefício para a área caso a sugestão seja acatada.

Figura 2.11 : Associando colaborador às suas áreas.

Figura 2.13 : Quantificação dos custos e benefícios das sugestões.

52 53
Ao acessar o sexto recurso da Figura 2.6, o gerente poderá visualizar
o ranking dos elementos mais críticos para a CTEEP (conforme Figura
2.14):

Figura 2.15 : Área de trabalho dos colaboradores.

Colaborador: Pesquisa Delphi


Ao entrar no módulo de pesquisa com os colaboradores (Figura 2.3,
segundo módulo), o colaborador tem acesso ao ambiente que possui
Figura 2.14 : Ranking dos elementos mais críticos. os seguintes recursos (veja Figura 2.16):
- Avaliar os impactos do elemento atual;
Colaborador: Arquivos e interação - Ir para o próximo elemento.
Ao entrar na área do colaborador (Figura 2.3, primeiro módulo), o
colaborador tem acesso ao ambiente que possui os seguintes recursos
(conforme Figura 2.15):
- Acesso aos arquivos, material de apoio, sala de chat e fóruns;
- Atualização do seu cadastro;
- Gerenciar o seu perfil.

54 55
Finalmente, ao final de ambos os treinamentos, a equipe deste P&D
recebeu uma excelente feedback dos funcionários da CTEEP, sendo
que foi possível perceber que os treinamentos foram extremamente
proveitosos tanto em termos de aquisição de novos conhecimentos
para os participantes quanto nos resultados obtidos para a evolução
deste projeto. Com relação a este último aspecto, este projeto foi ex-
tremamente beneficiado uma vez que já foi obtido um ranking dos ele-
mentos mais críticos em termos de falhas.

Ranking de elementos
A primeira etapa deste projeto compreende na avaliação dos ele-
mentos e componentes críticos em termos do seu potencial de falha
e, sobretudo, se almeja gerar diretrizes para que os colaboradores da
CTEEP possam focar nos elementos mais críticos evitando, assim, in-
terrupções no fornecimento de energia, o que prejudica muito a lucra-
tividade da empresa. Como este tipo de avaliação é muito subjetiva, foi
decidido usar o questionário Delphi para que os elementos pudessem
ser elencados.
Pesquisa Delphi
A pesquisa Delphi foi realizada com vários colaboradores da CTEEP.
Figura 2.16 : Questionário Delphi.
A seguir esta metodologia é explicada em detalhes.

Resultados Conceitos básicos da metodologia Delphi


Criado pela RAND Corporation durante a década de 50 para ajudar
Treinamentos especialistas a atingir melhores resultados nas previsões do que nas
Foram realizados dois treinamentos que tiveram o mesmo enfoque, reuniões de grupos a metodologia Delphi apresenta 4 características
sendo que no primeiro dia de treinamento era explicado aos partici- básicas:
pantes os objetivos do projeto e, com isto, foram expostas as bases -Anonimato
teóricas necessárias para que os colaboradores pudessem aprimorar -Iterações
seus conhecimentos sobre falhas e gestão de manutenção e, ainda, -Feedback controlado
pudessem contribuir com as atividades deste P&D. Na seqüência, no -Tratamento estatístico das respostas
segundo dia, foi ministrado um curso sobre a utilização, gestão e admi-
nistração da ferramenta Web “Confiabilidade Integrada CTEEP”.

56 57
O Delphi Standard Implicações
A 1ª Rodada não é estruturada, os especialistas identificam quais Boa alternativa quando especialistas estão geograficamente dispersos.
questões são importantes em relação ao tópico em questão. Elementos
Após cada rodada uma análise estatística resume as respostas e for- Uma lista dos elementos e componentes que fazem parte do sis-
nece um feedback aos respondentes. tema de transmissão da CTEEP foi compilada com ajuda dos próprios
Os respondentes podem mudar as respostas e os pesos. Se as res- colaboradores da CTEEP e, sobretudo, com a ajuda do gerente deste
postas caírem nos quartos superiores ou inferiores eles podem escre- P&D na CTEEP. Esta lista pode ser vista na Tabela 2.1.
ver os motivos.
Este procedimento continua até mostrar alguma estabilidade.

Princípios do uso do Delphi.


Tabela 2.1: Listagem dos elementos por área.
- Devem ser utilizados especialistas com domínio de conhecimento
Área Elemento
apropriado (generalistas).
Linhas de Transmissão Amortecedores helicoidais
- Utilizar entre 5 e 20 especialistas.
Linhas de Transmissão Amortecedores parafusados
- No feedback, deve ser fornecida a mediana ou a média das estima- Linhas de Transmissão Bobinas de bloqueio
tivas e os raciocínios dos participantes. Linhas de Transmissão Cabos condutores
- Em geral são utilizadas três rodadas (geralmente este número é Linhas de Transmissão Cabos pára-raios
suficiente). Linhas de Transmissão Cadeia de Isoladores
- Extremos podem distorcer a média, por isso usar a mediana é mais Linhas de Transmissão Chaves (seccionadores)
indicado Linhas de Transmissão Conexões aéreas
- “Pesar” especialistas. Por exemplo, a formação e experiência de Linhas de Transmissão Emendas à compressão
cada um dos respondentes. Linhas de Transmissão Emendas preformadas helicoidais
- Ao escrever as questões, usar definições sucintas, não ambíguas e Linhas de Transmissão Espaçadores com fixação helicoidal

evitar termos emotivos e irrelevantes. Linhas de Transmissão Espaçadores com garras parafusadas

Quando possível, fornecer estimativas de incertezas na forma de Linhas de Transmissão Ferragens de cadeias
Linhas de Transmissão Fundação
freqüência, não como probabilidades ou diferenças.
Linhas de Transmissão Grampos de suspensão e ancoragem
Linhas de Transmissão OPGW (Fibra)
Condições para o seu uso: Linhas de Transmissão Sistema de aterramento

- A análise de um especialista é necessária porque o uso de méto- Linhas de Transmissão Torres

dos estatísticos é inapropriado. Sistemas de


teleproteção Relés de Proteção
- Certo número de especialistas está disponível. Sistemas de
Quando as alternativas são o uso de reuniões de grupo ou a média teleproteção Sistemas eletrônicos
de previsões de alguns indivíduos (grupos estatísticos). Subestações Atuadores (disjuntores)
Subestações Bancos de capacitores
Subestações Bobinas de bloqueio

58 59
Subestações Buchas ção das perguntas), foi adicionado um texto explicativo para que a per-
Subestações Cabos condutores gunta fosse extremamente assertiva.
Subestações Cabos pára-raios
Tabela 2.2: Perguntas realizadas sobre os elementos
Subestações Cadeia de Isoladores
Impacto Explicação Peso
Subestações Chaves (seccionadores)
Indique o Lembre-se de que uma falha é caracterizada pelo fato de 2
Subestações Conexões aéreas potencial de falha que, quando ela acontece, o elemento deixa de ser capaz
Subestações Emendas à compressão deste elemento de realizar a sua função. Por exemplo:
Um cabo de energia elétrica só pode ser considerado como
Subestações Emendas preformadas helicoidais falho quando ele não é mais capaz de conduzir a corrente
elétrica.
Subestações Espaçadores com fixação preformada helicoidal
Assim, indique aqui o potencial de falha deste elemento,
Subestações Espaçadores com garras parafusadas baseando-se na sua experiência quanto à sua incidência
de falhas em linhas. É importante ressaltar que você deve
Subestações Ferragens de cadeias considerar o sistema CTEEP e não somente a sua regional,
Subestações Fundação uma vez que a ferramenta foi desenvolvida com o foco na
prospecção de falhas em todo o sistema CTEEP.
Subestações Grampos de suspensão e ancoragem Finalmente, é importante ressaltar que será considerada a
Subestações Isoladores de pedestal falha do elemento e não o causador.
Exemplo: rompimento do cabo provocado pelo espaçador.
Subestações OPGW (Fibra) Neste caso deve-se considerar falha do cabo.
Subestações pára-raios - PR Qual a Aponte aqui uma nota para as conseqüências, caso 4
Subestações Pórticos severidade das uma falha ocorra neste elemento, para o sistema CTEEP
conseqüências (desligamento da linha, custos para a CTEEP, ocorrência de
Subestações Reatores em caso de catástrofes, entre outros).
falha?
Subestações Sistemas de ar comprimido
Qual a incidência Lembre-se que um defeito não é uma falha. Um defeito 1
Subestações Sistemas de aterramento de defeitos em um elemento pode prejudicar a sua função, mas não
Subestações Terminações elimina sua função, ou seja, ele continua em operação
apesar do defeito.
Subestações Transformador de corrente - TC Assim, indique aqui uma nota para a sua incidência de
Subestações Transformador de potencial - TP defeitos.

Subestações Transformadores Resultados obtidos


Portanto, o objetivo inicial do portal cteep.prisis.org era o de ranke- A Tabela 2.3 mostra uma lista dos elementos mais críticos na vi-
ar esta lista de elementos em termos de suas importâncias para a CTE- são dos colaboradores da CTEEP. Esta lista está ordenada do elemento
EP. Para isto foi utilizado o questionário Delphi. mais crítico para o menos crítico.

Impactos Tabela 2.3: Ranking dos elementos mais críticos.


Para reduzir ainda mais a subjetividade do questionário Delphi, a Área Elemento Média Nº respostas

criticidade dos elementos foi avaliada em 3 dimensões, sendo que para Linhas de
Transmissão Cabos condutores 6,96 30
cada uma destas dimensões era dada uma nota (veja Figura 2.16) de
Linhas de
0 a 10. A Tabela 2.2: Perguntas realizadas sobre os elementos, mostra Transmissão Torres 6,96 30
como foram estas perguntas feitas aos colaboradores da CTEEP. Para Subestações Cabos condutores 6,19 27
reduzir a subjetividade das perguntas (caso houvesse má interpreta- Linhas de
Transmissão Cadeia de Isoladores 5,94 30

60 61
Linhas de
Transmissão Emendas à compressão 5,79 30
Linhas de Conclusões e perspectivas
Transmissão Grampos de suspensão e ancoragem 5,60 30 Foi possível avaliar que o sistema desenvolvido para este projeto de
Subestações Conexões aéreas 5,44 27 P&D tem um grande potencial de utilização no ambiente corporativo
Linhas de
Transmissão Emendas preformadas helicoidais 5,41 30
da CTEEP devido aos recursos extremamente poderosos que ele pode
Linhas de proporcionar ao se decidir alocar recursos para determinadas áreas ou
Transmissão Cabos pára-raios 5,33 30 sugestões de melhorias, uma vez que este sistema aponta os elemen-
Linhas de tos mais críticos ao gestor e, com isto, dá um bom respaldo à tomada
Transmissão Espaçadores com garras parafusadas 5,23 30
Linhas de
de decisão, já que ela deixa de ser baseada somente no conhecimento
Transmissão Conexões aéreas 5,19 30 empírico do gestor e passa a ser baseada em dados reais.
Subestações Cadeia de Isoladores 4,75 27 Não menos importante, ainda foi possível avaliar esta ferramenta
Subestações Emendas à compressão 4,69 25 como sendo extremamente intuitiva e de fácil utilização. Este feedback
Linhas de foi fornecido para a nossa equipe durante os treinamentos realizados
Transmissão Ferragens de cadeias 4,67 30
Subestações Emendas preformadas helicoidais 4,21 24
para esta ferramenta nas dependências da CTEEP.
Subestações Pórticos 4,20 24 Vale destacar que os resultados obtidos com o questionário Delphi
Subestações Cabos pára-raios 4,10 27 foram muito interessantes, uma vez que foi possível convergir muito
Linhas de rapidamente as respostas dos participantes, pois o feedback dado a
Transmissão OPGW (Fibra) 4,05 24
eles era o desvio padrão e a média das respostas para um mesmo ele-
Subestações Grampos de suspensão e ancoragem 3,76 27
mento (veja Figura 2.16: Questionário Delphi). e este era ajustado em
Linhas de
Transmissão Fundação 3,76 30 tempo real conforme os questionários iam sendo respondidos. Este
Linhas de resultado somente pode ser alcançado através da adoção de uma fer-
Transmissão Espaçadores com fixação helicoidal 3,16 27 ramenta Web e participativa, sendo que isto, por si só, já pode ser ca-
Subestações Bobinas de bloqueio 3,14 9
racterizado como uma grande inovação para o projeto, uma vez que a
Subestações Ferragens de cadeias 3,13 27
realização do questionário Delphi tradicional não tem este dinamismo
Linhas de
Transmissão Amortecedores parafusados 2,99 30 e, em muitos casos, acaba sendo tediosa e desestimulante, pois pode
Linhas de requerer muitas rodadas de respostas em papel para que seja possível
Transmissão Bobinas de bloqueio 2,82 24
convergir as respostas dos especialistas.
Subestações Fundação 2,82 24
Finalmente, é importante dizer que a equipe de pesquisadores des-
Linhas de
Transmissão Sistema de aterramento 2,59 30 te P&D estava muito otimista para as próximas etapas deste projeto
Subestações OPGW (Fibra) 2,31 18 nas quais eram avaliadas as causas das falhas dos elementos mais críti-
Espaçadores com fixação preformada cos e, em seguida, levantadas sugestões e seus respectivos custos para
Subestações helicoidal 2,29 21
mitigação das causas mais comuns. Tudo isto deu à CTEEP um arcabou-
Linhas de
Transmissão Chaves (seccionadores) 2,27 27 ço de diretrizes para atuar mais eficientemente em suas políticas de
Subestações Sistemas de aterramento 2,14 6 manutenção, melhorando, assim, a lucratividade da empresa.
Linhas de
Transmissão Amortecedores helicoidais 1,83 30
Subestações Espaçadores com garras parafusadas 1,53 21
Subestações pára-raios - PR 0,00 2

62 63
Capítulo 3 Vale salientar que, para fazer este “congelamento” basta que o usu-
ário clique no botão “Atualizar os 5 elementos críticos para Falhas e
Sugestões” (Figura 3.1 : “Congelamento” dos 5 elementos críticos).

Pesquisa Multicritério e análise integrada com


Simulação forçada e novas tecnologias.

Introdução
Como já foi discutido no relatório da etapa E3, a metodologia mul-
ticritério proposta neste trabalho pretende avaliar os modos de falhas
dos elementos mais críticos (aqueles que tiveram notas mais altas na
pesquisa Delphi) e quais as sugestões que os colaboradores da CTEEP
poderiam elencar para mitigar tais modos de falhas.
Por este motivo, e pelo fato do portal desenvolvido neste proje-
to ser totalmente interativo, foi preciso implementar um recurso no
qual o “Painel de Controle” do portal cteep.prinsis.org passa a dis-
ponibilizar aos gestores do sistema web de confiabilidade integrada
uma opção para “congelar” a lista atual dos 5 elementos mais críticos
Figura 3.1 : "Congelamento“ dos 5 elementos críticos.
(definidos pelo estado da pesquisa Delphi no momento deste “con-
gelamento”) o que faz com que o sistema de levantamento de modos
Realização de estudo baseado em FMEA/FMECA
de falhas e sugestões de mitigação funcione com base somente nes-
Diversas técnicas podem ser utilizadas para a realização da análise
tes 5 elementos “congelados” por um gestor habilitado. Desta forma,
de riscos. Entre elas podem ser citados o Processo Quadrifásico de
estes 5 elementos poderão ser analisados até a execução do modelo
Medição de Risco Operacional, a Análise da Árvore de Falhas – (Failu-
multicritério sem que novas interações com o questionário Delphi
re Tree Analysis), o Estudo do Perigo e da Operabilidade, HAZOP, e a
afetem seus resultados.
Análise de Modos de Falha e Efeitos, FMEA.

64 65
A identificação de perigos e problemas operacionais, partindo de
uma revisão completa e detalhada da operação do produto buscando
os desvios ocorridos nos processos chama-se HAZOP. A FMEA é uma
técnica para a identificação e a avaliação sistemática dos efeitos do
modo de falha de um produto. Quando se amplia a técnica incorporan-
do um levantamento do nível de gravidade dos efeitos e suas probabi-
lidades de ocorrência, a técnica passa a ser chamada de Análise Crítica
de Modos de Falha e Efeitos, FMECA.
Neste contexto, o presente trabalho fará uma análise inspirada em
alguns aspectos da FMECA, já que se propõem como proposta uma
nova metodologia, cuja principal característica é que ela possa ser re-
alizada de forma intuitiva e participativa, através de um portal web.
Além disto, vale destacar que a metodologia ora citada tem como prin-
cipal objetivo levantar as sugestões mais potenciais que, se adotadas,
serão eficazes na mitigação do maior número de modos de falha pre-
sentes no ambiente da CTEEP. A seguir a metodologia será exposta em
detalhes.
Figura 3.2 : Acessando o painel de falhas/sugestões.

O portal web
Como foi visto na seção anterior, após o “congelamento” dos 5 ele-
mentos mais críticos, os usuários cadastrados no portal poderão inte-
ragir com o painel interativo de levantamento de modos de falhas e
sugestões.
Como pode ser visto na Figura 3.2, quando o usuário acessa o mó-
dulo de “Pesquisa com os colaboradores”, ele logo vê uma seção para
cadastro de possíveis falhas e sugestões para mitigação. Assim, ao
acessar esta seção, o usuário é conduzido ao painel interativo de le-
vantamento de falhas/sugestões (Figura 3.3). Além disto, é possível ver
que o cadastro de possíveis falhas é bem simples; basta clicar no ícone Figura 3.3 : Vista inicial do painel de falhas/sugestões.
com o sinal “+” para adicionar uma falha ou uma sugestão.
Depois de cadastrar, por exemplo, um modo de falha, ele verá que
o seu cadastro foi efetivado no próprio painel. Desta forma, caso ele
queira, logo em seguida, adicionar uma sugestão de mitigação para o
modo de falha recém cadastrado, é possível (Figura 3.4), se esta su-
gestão já estiver previamente cadastrada no painel (possivelmente in-
serida por outro usuário e de outra área). Caso haja uma sugestão, o

66 67
usuário pode cadastrar uma nova sugestão simplesmente clicando no
sinal “+” correspondente (Figura 3.3) e, em seguida, fazer a associação
ao modo de falha cadastrado (Figura 3.4).

Figura 3.5 : Associando ou desassociando modos de falha.

Não é muito difícil perceber que os recursos de associação de su-


Figura 3.4 : Associando ou desassociando sugestões. gestões a falhas e de associação de falhas a sugestões se trata de uma
ferramenta eficaz, uma vez que é possível, por exemplo, levantar o nú-
Ademais, caso o usuário queira associar modos de falhas a suges- mero de modos de falha associados a uma determinada sugestão, o
tões já existentes, basta ele clicar no sinal de “+” (Figura 3.5). que pode evidenciar uma potencial sugestão de mitigação de falhas,
como será visto mais adiante.

68 69
Modos de Falha Falha da emenda à compressão
Através de um processo interativo com os colaboradores da CTEEP Causas: Mau contato entre a emenda e o cabo, causado por exem-
foi possível levantar um conjunto de modos de falha mais relevantes plo pela oxidação interna má aplicação da emenda, provocando maior
no contexto da CTEEP. É importante dizer que, estes modos de falha já aquecimento na emenda e portanto maior dilatação desta em relação
são muito conhecidos dos colaboradores da CTEEP, por este motivo, a aos tentos de alumínio do cabo e consequentemente o possível escor-
consolidação deles foi muito precisa e bem definida. regamento do cabo.
Desta forma, a seguir são levantados os principais modos de falha Elemento Crítico:Emendas à compressão
do ambiente da CTEEP e suas causas. Estes resultados são provenien- Área: 1 - Linhas de Transmissão
tes da elaboração do diagrama de Ishikawa:
Sugestões: 5
Queda de estruturas Ruptura em cabos condutores
Causas: Velocidade do vento superior a prevista no projeto; Danos Causas: Rompimento do cabo devido a fadiga aos esforços provoca-
em componentes da estrutura e estai pela ação da corrosão; Tração do pela vibração eólica, nas emendas e conexões, rompimento do cabo
nos estais fora do especificado pela ação de vibrações, intempéries provocado por mau contato nas conexões afrouxadas por vibração, es-
normais; Furto ou danificação de peças e componentes por ações de corregamento dos tentos do cabo dentro da emenda devido a diferen-
vandalismo; Abalroamento de estruturas ou estai Erosão; Formigueiro; ça de temperatura entre cabo/emenda ou má aplicação da emenda,
Alagamento; Próximo à estrutura ou estai; Retirada de terra próximo à rompimento do cabo provocado por incompatibilidade eletroquímica
estrutura ou estai; Corrosão da grelha. ou mecânica de materiais, quando da montagem das conexões, rom-
pimento do cabo devido a rompimento de tentos por descarga atmos-
Elemento Crítico:Torres férica, rompimento do cabo devido a fadiga aos esforços provocado
Área: 1 - Linhas de Transmissão pela vibração eólica, nas conexões com espaçadores, rompimento do
cabo por desgaste na conexão afrouxada com espaçadores parafusa-
Sugestões: 7 dos, rompimento do cabo por desgaste na conexão com espaçadores
Alteração da verticalidade ou estabilidade da estrutura pré-formados, rompimento do cabo por vibração devido a deficiência
Causas: - danos em componentes da estrutura e estai pela ação da do sistema de amortecimento do espaçador, rompimento do cabo por
corrosão; - tração nos estais fora do especificado pela ação de vibra- corrosão da alma de aço.
ções, intempéries normais; - furto ou danificação de peças e compo- Elemento Crítico: Cabos condutores
nentes por ações de vandalismo; - abalroamento de estruturas ou es- Área: 1 - Linhas de Tranmisão
tai; - erosão, formigueiro, alagamento, próximo à estrutura ou estai;
- retirada de terra próximo à estrutura ou estai; - corrosão da grelha.
Elemento Crítico:Torres Sugestões: 7
Área: 1 - Linhas de Transmissão Abalroamento de aeronave ou embarcação
Causas: Inexistência ou deficiência de sinalização.
Sugestões: 7 Elemento Crítico: Cabos condutores

70 71
Sugestões: 1
Tensões perigosas induzidas em elementos metálicos próximo a Li- Sugestões para o Modo de Falha: Alteração da verticalidade ou
nha de Transmissão. estabilidade da estrutura
Causas: Distância reduzida entre o ponto energizado e ao ponto Substituição de componentes corroídos.
metálico sem aterramento. Monitoramento de vibrações em estruturas.
Elemento Crítico: Cabos condutores Retracionar os estais das estruturas.
Instalar parafusos antifurtos.
Sugestões: 4 Instalação de barreiras de proteção (guard rail).
Diminuição da distância de segurança. Instalar demarcadores nas faixas das LTs.
Causas: Crescimento de vegetação, aglomeração de pessoas e/ou Contratação de empresa para inspeção visual periódica, a fim de
equipamentos, alteração de nível do solo, ocupação indevida da área detectar início ou possibilidade de ocorrência de erosão, alagamento e
sob a LT; aglomeração de aves sobre as fases nas estruturas ao longo existência de formigueiro, próximo à estrutura ou estai.
da LT.
Sugestões para o Modo de Falha: Falha da emenda à compressão
Elemento Crítico: Cabos condutores Substituição de componentes corroídos.
Substituição de emenda à compressão comum por emenda à im-
Sugestões: 5 plosão.
Sugestões para mitigar os modos de falhas levantados Implantar sistema automatizado de inspeção interna de emendas
Após o levantamento dos modos de falha e suas causas, foram le- para detecção de possíveis falhas internas, com possibilidade de exe-
vantadas as sugestões para mitigação de cada modo de falha. cução com a linha energizada.
A seguir é mostrada uma lista das sugestões correspondentes a Implantação de procedimento para melhoria na instalação em cam-
cada modo de falha. po das emendas à compressão e para a fabricação.

Sugestões para o Modo de Falha: Queda de estruturas Falha em cabos condutores


Substituição de componentes corroídos. Fazer inspeções com termovisor nas emendas e conexões com pe-
Monitoramento de vibrações em estruturas. riocidade de 01 ano. Instalar festão no cabo condutor onde foi realiza-
Retracionar os estais das estruturas. da a emenda. Realizar inspeções com periocidade, nos cabos conduto-
Instalar parafusos antifurtos. res com amortecedores parafusados. Nos casos com cabos condutores
Instalação de barreiras de proteção (guard rail) em regiões sujeitas com tentos rompidos, antes de instalar reparo analisar estado da alma
a albaroamento. de aço.
Estudos de reforço de estruturas ou das linhas de transmissão es-
pecificamente para regiões com maior incidência de ocorrências de Sugestões para o Modo de Falha: Ruptura em cabos condutores
quedas de estruturas. Substituição de componentes corroídos.
Instalar demarcadores nas faixas das LTs. Substituição de emenda à compressão comum por emenda à im-
plosão.

72 73
Fazer o aterramento das partes metálicas de elementos não aterra-
Monitoramento de vibrações em estruturas dos que estão sujeitas a tensões induzidas.
Implantar sistema automatizado de inspeção interna de emendas
para detecção de possíveis falhas internas, com possibilidade de exe- Implementar sistema de medição de campos eletromagnéticos.
cução com a linha energizada. Implementar sistema de medição de campos eletromagnéticos para
Implantação de procedimento para melhoria na instalação em cam- acompanhamento dos valores verificando se estão dentro dos padrões
po das emendas à compressão e para a fabricação. estabelecidos por norma.
Medição da distância entre o cabo condutor e o ponto metálico.
Falha em cabos condutores Fazer verificações das distâncias dos pontos metálicos não aterra-
Fazer inspeções com termovisor nas emendas e conexões com pe- dos a linha de transmissão, com objetivo de detectar situações que
riocidade de 01 ano. Instalar festão no cabo condutor onde foi realiza- possam ocorrer risco de choque elétrico.
da a emenda. Realizar inspeções com periocidade, nos cabos conduto-
res com amortecedores parafusados. Nos casos com cabos condutores Sugestões para o Modo de Falha: Diminuição da distância de se-
com tentos rompidos, antes de instalar reparo analisar estado da alma gurança.
de aço. Instalar demarcadores nas faixas das LTs
Implantar sistema de inspeção automatizada para detecção de cor-
rosão interna de cabos condutores, com possibilidade de execução Contratação de empresa para inspeção periódica
com a linha energizada Contratação de empresa para inspeção visual periódica, a fim de
detectar início ou possibilidade de ocorrência de erosão, alagamento e
Sugestões para o Modo de Falha: Abalroamento de aeronave ou existência de formigueiro, próximo à estrutura ou estai.
embarcação
Formalizar junto aos órgãos competentes (aviação e navegação) o Falha em cabos condutores
traçado da Linha de Transmissão com interferência nas rotas aéreas e Fazer inspeções com termovisor nas emendas e conexões com pe-
fluviais e em portos e aeroportos. riocidade de 01 ano. Instalar festão no cabo condutor onde foi realiza-
da a emenda. Realizar inspeções com periocidade, nos cabos conduto-
Sugestões para o Modo de Falha: Tensões perigosas induzidas em res com amortecedores parafusados. Nos casos com cabos condutores
elementos metálicos próximo a Linha de Transmissão. com tentos rompidos, antes de instalar reparo analisar estado da alma
Falha em cabos condutores de aço.
Fazer inspeções com termovisor nas emendas e conexões com perio- Formalizar junto aos orgãos competentes (aviação e navegação)o
cidade de 01 ano. Instalar festão no cabo condutor onde foi realizada a traçado da Linha de Transmissão com interferência nas rotas aéreas e
emenda. Realizar inspeções com periocidade, nos cabos condutores com fluviais e em portos e aeroportos.
amortecedores parafusados. Nos casos com cabos condutores com tentos
rompidos, antes de instalar reparo analisar estado da alma de aço. Medição da distância entre o cabo condutor e o ponto metálico.

Aterramento de elementos metálicos

74 75
Fazer verificações das distâncias dos pontos metálicos não aterra-
dos a linha de transmissão, com objetivo de detectar situações que Finalmente, a Figura 3.8 mostra a interface de preenchimento de
possam ocorrer risco de choque elétrico. custos e seus respectivos benefícios para as respectivas áreas. Além
disto, o gestor pode ainda escrever os comentários que julgar perti-
Levantamento dos custos para atender às sugestões nentes sobre a avaliação que está fazendo.
Assim que o sistema web foi capaz de coletar as sugestões citadas
acima, foi pedido aos gerentes de área da CTEEP que avaliassem os
custos para atender a cada uma das sugestões e, além disto, tentar
estimar de forma empírica qual seria o benefício para sua área, caso
uma determinada sugestão fosse adotada e o montante definido por
eles fosse gasto com tais sugestões.
Neste contexto, a Figura 3.6 mostra como um gestor acessa o levan-
tamento de custos através do “Painel de Controle”.

Figura 3.6 : Levantamento de custos para atender às sugestões através


do "Painel de controle“. Figura 3.8 : Levantamento de custos

Ao acessar o painel de levantamento de custos, o gestor preenche Metodologia multicritério


os custos somente das áreas pertinentes (Figura 3.7). Após o levantamento de custos e benefícios, a metodologia propos-
ta está pronta (em termos de dados) para que o modelo multicritério
proposto seja aplicado. Além disto, é importante destacar que, como
pode ser visto no relatório da Etapa E3, o algoritmo usado para otimi-
zação multicritério é a programação de compromisso.
Neste sentido, é necessário definir, a priori, em quais dimensões
as sugestões de mitigação serão analisadas, para que assim, o mode-
lo multicritério seja aplicado. A Figura 3.9 ilustra estas dimensões de
análise e como elas impactam para que uma sugestão seja mais inte-
Figura 3.7 : Levantamento de custos por área.
ressante do que outra.

76 77
Com isto, fica claro que há dimensões de análise antagônicas, uma
vez que, por exemplo, a adoção de determinada sugestão que impacta
em um grande número de elementos críticos pode não ser desejável
se o seu custo for muito alto.

Execução da metodologia via web


O processo de otimização multicritério nas dimensões mostradas
na Figura 3.9 pode ser executado via web. A Figura 3.10 mostra como
um gestor pode acessar a otimização multicritério através do “Painel
de controle”.

Figura 3.10 : Execução da metodologia multicritério através do “Painel de


controle”.

Ao acessar o modelo multicritério, o gestor pode decidir entre “Ro-


Figura 3.9 : Sugestões e suas dimensões de análise. dar um novo estudo” ou “Analisar um estudo já executado”, como
mostra a Figura 3.11.
Como é possível notar, devido à grande abrangência da interação
com os colaboradores da CTEEP através do portal cteep.prinsis.org,
foi possível consolidar várias dimensões de análise muito relevantes,
o que contribuiu para o sucesso da implementação do modelo multi-
critério.
Como se vê no diagrama da Figura 3.9, as sugestões foram analisa-
das com respeito aos seguintes aspectos:
- Número de modos de falha que são mitigados por ela (quanto
maior este valor, melhor);
- Benefício estimado a partir de sua adoção (quanto maior este va-
lor, melhor);
- Número de elementos críticos (e seus modos de falha) que serão
afetados pela sua adoção (quanto maior este valor, melhor);
- Custo para adotar uma determinada sugestão (quanto menor este Figura 3.11 : Interface para execução ou análise de um estudo multicritério.
valor, melhor)

78 79
Para executar um novo estudo multicritério, o usuário pode sim-
plesmente clicar no botão “Executar” (Figura 3.12) ou pode, eventu-
almente, configurar alguns parâmetros de execução, como o nome do
estudo e ainda pode escolher com quais áreas será realizado o estudo.

Figura 3.13 : Visualizando registros da execução da otimização multicritério.

Finalmente, após executar um estudo, o usuário pode analisar os


resultados obtidos (ranking das sugestões), como mostra a Figura 3.14.
O resultado de um estudo básico realizado neste projeto é mostrado
na Tabela 3.1.

Figura 3.12 : Configurando um estudo multicritério.

Após executar um novo estudo, o usuário é conduzido a uma nova


interface (Figura 3.13) na qual ele pode checar se tudo transcorreu
normalmente com o processo de otimização através da visualização
dos detalhes e do log de execução.

80 81
Tabela 3.1 : Ranking das melhores sugestões obtido através da aplica-
ção da metodologia multicritério proposta.

elementos associados
Número de modos de
Número da sugestão

Título da sugestão
falhas associados

Descrição da
Número de
Benefício

sugestão

Escore
Custo

Rank
Monitoramento de vibrações

Monitoramento de vibrações
em estruturas.
em estruturas
R$90.000,00

66,67%

0,951
7

1
demarcadores nas

demarcadores nas
faixas das LTs.
R$130.000,00

faixas das LTs


56,67%

Instalar

Instalar

0,977
12

2
Figura 3.14 : Analisando os resultados obtidos

Como pode ser visto na Tabela 3.1, as duas últimas colunas são pro-

pontos metálicos não

possam ocorrer risco


Medição da distância

objetivo de detectar
aterrados a linha de
condutor e o ponto

de choque elétrico.
das distâncias dos
Fazer verificações

transmissão, com
venientes da programação de compromisso, sendo que escores meno-

situações que
R$55.000,00

entre o cabo

metálico.
50,50%
res são melhores e valores de rank menores também são melhores.

1,204
22

3
Além disto, este estudo revelou características muito interessantes,
como se pode ver na quarta sugestão do ranking que evidencia que
mesmo alternativas muito caras não foram totalmente descartadas.
Além disto, outras conclusões podem ser traçadas a partir da análise
da Tabela 3.1.

82 83
84
9 15 16 20

2 2 4 2

R$100.000,00 R$100.000,00 R$450.000,00 R$515.000,00

70,00% 80,00% 66,25% 65,00%

2 2 4 2

Implantação de procedimento para melhoria


Instalar parafusos Formalizar junto aos
na instalação em campo das emendas à Falha em cabos condutores
antifurtos órgãos competentes
compressão e para a fabricação

Fazer inspeções com termovisor


nas emendas e conexões com
periocidade de 01 ano. Formalizar junto aos
Instalar festão no cabo condutor órgãos competentes
onde foi realizado a emenda. (aviação e navegação)
Implantação de procedimento para melhoria
Instalar parafusos Realizar inspeções com periocidade, o traçado da Linha
na instalação em campo das emendas à
antifurtos. nos cabos condutores com de Transmissão com
compressão e para a fabricação
amortecedores parafusados. interferência nas rotas
Nos casos com cabos condutores aéreas e fluviais e em
com tentos rompidos, antes de portos e aeroportos.
instalar reparo analisar estado da
alma de aço.

1,494 1,484 1,479 1,403

7 6 5 4

14 13 8 10

2 2 2 2

R$350.000,00 R$300.000,00 R$200.000,00 R$100.000,00

70,00% 70,00% 70,00% 70,00%

2 2 2 2

Contratação de empresa para Implantar sistema de inspeção Retracionar os estais das Instalação de barreiras
inspeção periódica de emendas estruturas de proteção (guard rail)

Contratação de empresa para


inspeção visual periódica, a fim Implantar sistema automatizado
de detectar de inspeção interna de emendas Instalação de barreiras
início ou possibilidade para detecção de possíveis falhas Retracionar os estais das de proteção (guard rail)
de ocorrência de erosão, internas, com possibilidade estruturas. em regiões sujeitas a
alagamento e existência de de execução com a linha albaroamento.
formigueiro, próximo à estrutura energizada.
ou estai.

1,568 1,546 1,513 1,494

11 10 9 8
85
86
11 17 18 6

1 1 1 2

R$110.000,00 R$200.000,00 R$10.000,00 R$500.000,00

70,00% 90,00% 80,00% 80,00%

1 1 1 2

Implantar sistema de inspeção


Estudos de reforço Substituição de emenda à
automatizada para detecção Aterramento de
de estruturas ou das compressão comum por
de corrosão interna de cabos elementos metálicos
linhas de transmissão emenda à implosão
condutores

Estudos de reforço
de estruturas ou das
Implantar sistema de inspeção Fazer o aterramento
linhas de transmissão
automatizada para detecção das partes metálicas de Substituição de emenda à
especificamente
de corrosão interna de cabos elementos não aterrados compressão comum por
para regiões com
condutores, com possibilidade de que estão sujeitas a emenda à implosão
maior incidência
execução com a linha energizada tensões induzidas.
de ocorrências de
quedas de estruturas

1,671 1,669 1,655 1,64

15 14 13 12

21 5

1 4

R$30.000,00 R$700.000,00

1,00% 37,50%

1 4
Gestão de ocorrências

Implementar sistema
Substituição de
de medição de campos
componentes corroídos
eletromagnéticos.
muito a análise de falhas já ocorridas.

Implementar sistema
de medição de campos
eletromagnéticos para
Substituição de
acompanhamento dos
componentes
valores verificando
corroídos.
Figura 3.15 : Novo módulo na página inicial do portal.

se estão dentro dos


padrões estabelecidos
por norma.

1,732 1,696
ocorrências” está disponível no portal cteep.prinsis.org.

17 16
A Figura 3.14 mostra que um novo módulo chamado “Registro de
do para a CTEEP. Isto foi necessário, pois até então a CTEEP não possui

87
nenhum sistema de gestão de ocorrências centralizado, o que dificulta
Finalmente, um sistema para gestão de ocorrências foi desenvolvi-
Ao escolher a opção de adicionar uma nova ocorrência, o usuário é
Ao acessar o novo módulo, o usuário logo vê a interface com o re- conduzido à interface de registro de ocorrências (Figura 3.17).
gistro das ocorrências mais recentes. Esta interface também lhe dá a
possibilidade de abrir uma nova ocorrência (Figura 3.16).

Figura 3.17 : Registrando uma ocorrência.

Após registrada uma ocorrência, ela passa a ser apresentada no pai-


nel de ocorrências (Figura 3.15) e são dadas ao usuário as opções de
bloquear a edição da ocorrência, enviar o relatório da ocorrência para
seu e-mail ou editá-la, respectivamente, conforma os ícones da Figura
3.18.

Figura 3.16 : Registro de ocorrências.

Figura 3.18 : Ações sobre uma ocorrência.

88 89
Ao escolher, por exemplo, a opção de editar a ocorrência, o usuário
é conduzido à interface de edição de ocorrências (Figura 3.19). Capítulo 4

Simulação de elementos finitos

Introdução
Para melhor compreensão do comportamento de uma emenda de
cabos de transmissão de energia em serviço, é necessário estimar seu
desempenho e seu tempo efetivo de duração. Para isso, é preciso o
entendimento dos efeitos sob os quais o cabo estará sujeito durante
sua vida útil. O efeito de maior importância na duração de uma emen-
da corresponde às tensões residuais geradas durante sua conformação
Figura 3.19 : Editando uma ocorrência mecânica. Com o passar do tempo, as oscilações de temperatura ge-
ram o relaxamento da interface luva-cabo, reduzindo a tensão residual
da emenda.
A tensão residual gerada no processo de prensagem do conector
proporciona a estabilidade da emenda e o relaxamento destas tensões
residuais ocorrerá em estado de serviço, especialmente em picos de
temperatura. O estudo e análise da geração dessas tensões no proces-
so de conformação mecânica estabelece o ponto de referência para
prevenir futura falha da emenda.
Os tópicos deste capítulo serão divididos em seis tópicos princi-
pais. O primeiro diz respeito a montagem do problema de elementos
finitos, detalhes da malha, dos elementos empregados, dos materiais
e condições de contorno. Em segundo, são apresentados os resulta-
dos da simulação para a seção de aço da emenda. Em terceiro, são

90 91
apresentados os resultados comparativos da queda na resistência da
emenda de aço com a variação no tamanho da prensa. Em quarto são
apresentados os resultados das simulações da seção de alumínio. Em
quinto, são mostrados os resultados comparativos da queda da resis-
tência da emenda de alumínio com uma variação no tamanho da pren-
sa. Em sexto, são simulados os efeitos da temperatura na resistência
da emenda. Por último é feita a conclusão.

Metodologia de simulação
A metodologia de simulação seguiu a seguinte sistemática:
● Ajuste dos elementos de contato;
● Definição de uma geometria adequada ao suporte de elementos
de contato;
● Definição da disposição geométrica dos elementos de contato;
● Escolha do modelo elastoplástico ideal para os metais em questão; Figura 4.1 Elementos de contato.
● Definição das condições de contorno;
● Escolha das ferramentas numéricas ideais para a solução das equações. Definição da Geometria
Esta etapa consistiu na modelagem geométrica do problema. Por
Elementos de Contato ser um problema envolvendo elementos de contato, foi necessária
O elemento de contato é um tipo específico de elemento finito, que uma grande precisão na criação da geometria, a fim de evitar peque-
representa bem o contato dinâmico entre duas superfícies, impedindo nos defeitos geométricos, os quais poderiam prejudicar o desempe-
que elas se sobreponham. O elemento de contato também possui a nho esperado por esses elementos.
capacidade de pós-processar pressões, que é importante na quantifi-
cação da força aderente entre os cabos e a luva da emenda.
A disposição dos elementos de contato foi cuidadosamente planejada
para que a transferência de esforços entre fios não sofresse distorção. Na
Figura 4.1, observa-se a disposição dos elementos de contato:

Figura 4.2 Seção do cabo utilizada na simulação da conformação mecânica.

92 93
Geração da Malha de Elementos Finitos
A geração da malha foi planejada para atender a complexidade des-
se problema (grandes deformações plásticas e elementos de contato)
de forma satisfatória. A malha foi gerada visando melhor desempenho
computacional e boa precisão.
O elemento finito padrão que for utilizado para composição da ma-
lha sobre dada geometria é o PLANE183 ilustrado na Figura 4.3:

Figura 4.4 Malha da simulação.

Modelo do Material Elastoplástico


A resposta elastoplástica possibilitou o cálculo das tensões residu-
Figura 4.3 Elemento utilizado na simulação: PLANE183. ais produzidas pela deformação excessiva da emenda. Os materiais
considerados para a simulação foram: aço e alumínio. As curvas de
Este elemento tem um comportamento de deslocamento quadráti- tensão-deformação empregadas na caracterização do material estão
co e é definido por 6 nós com dois graus de liberdade em cada: trans- ilustradas na Figura 4.5, Figura 4.6 e Figura 4.7:
lação na direção x e y. O elemento pode ser usado como estado plano ● Aço: O material da luva de aço tem ruptura de 400 MPa e o mate-
de tensão ou estado plano de deformação. Além do mais, contempla rial do cabo de aço tem ruptura em torno de 1100 MPa.
plasticidade, hiperelasticidade e grandes deformações. Nesta simula-
ção foi utilizado o estado plano de tensões, com a finalidade de permi-
tir a deformação na direção perpendicular ao plano.
A Figura 4.4 a seguir ilustra a malha geométrica gerada pelo Ansys:

94 95
Figura 4.5 Curva tensão-deformação para a luva de aço.

Figura 4.6 Curva tensão-deformação para o cabo de aço.

Figura 4.8 Restrições impostas ao modelo.

Simulação da conformação mecânica da luva de aço


Nesta seção são mostradas as simulações da conformação me-
cânica do conjunto luva-cabo em seções da emenda. Matrizes de ta-
manhos variados foram utilizadas com o objetivo de verificar a influên-
cia da variação do tamanho da prensa no comportamento da tensão
residual na interface luva-cabo.

Dados da emenda
O cabo escolhido para as simulações foi o Grosbeak. A luva escolhi-
da foi a Forjasul ilustrada na figura abaixo.
Figura 4.7 Curva tensão-deformação para o cabo e a luva de alumínio.

Condições de Contorno
Foi aplicado um deslocamento na direção y, de modo que a matriz
de compressão se fechasse por completo, conforme a Figura 4.8.

96 97
Simulação da matriz de compressão correta
A simulação numérica é realizada em dois passos. No primeiro pas-
so, a luva é comprimida, e em seguida, descomprimida.
Ao final da compressão, a máxima tensão de von Mises atuando
na luva de aço é de cerca de 400 MPa, com uma deformação de von
Mises em torno de 0,3 atingindo picos de 0,64. A deformação plástica
é bastante acentuada, em especial na direção perpendicular ao plano
simulado. A força da prensa necessária para essa conformação, obtida
na simulação foi de aproximadamente 32 toneladas. As figuras a se-
guir mostram a deformação de von Mises e a pressão nos contatos ao
final da compressão.

Figura 4.9 Luva de aço e cabo de aço (medidas em mm)

A geometria das matrizes de compressão simuladas é apresen-


tada na Figura 4.10. Foram simuladas 5 geometrias diferentes: a matriz
correta; matrizes 5% e 10% maiores; e matrizes 5% e 10% menores. Na
Figura 4.10, a matriz de compressão do centro é a indicada pelo fabri-
cante da luva como a adequada. À esquerda estão as matrizes maiores,
e a direita, as menores.

Figura 4.11 Deformação de von Mises ao final da compressão variando de


0 a 67%.

Figura 4.10 Matrizes de compressão da luva de aço (medidas em mm).

98 99
A grandeza importante para a resistência ao escorregamento da
emenda é a pressão de contato entre os cabos e a luva. A pressão nos
contatos entre os cabos de aço e a luva após a descompressão, é mos-
trada na figura abaixo. É possível observar que a pressão residual entre
os cabos e a luva tem valores importantes. Essa pressão será responsá-
vel pela força de atrito atuante na emenda, já que a força de atrito é o
produto da força normal pelo coeficiente de atrito.

Figura 4.12 Pressão nos contatos cabos-luva e luva-matriz ao final da


compressão. Na escala, a cor azul indica zero e a cor vermelha indica 913
MPa de pressão de contato.

Após a descompressão, as tensões de von Mises na luva de aço se redu-


zem para valores com picos de até 360 MPa, como mostra a Figura 4.13.

Figura 4.14 Pressão nos contatos cabos-luva após a descompressão. Azul


indica zero de pressão e vermelho indica 360 MPa de pressão residual.

Simulação da matriz de compressão 5% e 10% maior


Nesta seção são apresentadas as simulações com matrizes de com-
pressão maiores do que a recomendada pelo fabricante da emenda. O
objetivo é quantificar a perda de pressão residual no contato entre os
fios e a luva devido ao emprego de matrizes de compressão incorretas.
Foram realizadas duas simulações para prensas que tiveram seu ta-
manho aumentado em relação a prensa correta:
● Todas as dimensões da prensa foram aumentadas em 5%.
● Todas as dimensões da prensa foram aumentadas em 10%.
Figura 4.13 Tensão residual de von Mises . Máxima de 360 MPa.

100 101
A força da prensa necessária para a conformação foi calculada em de aço e a luva após a descompressão é mostrada na Figura 4.16. É
aproximadamente 25,4 toneladas para a matriz 5% maior e de 17,6 possível observar que os níveis de pressão após a descompressão são
toneladas para a matriz 10% maior. A figura abaixo traz a pressão nos inferiores aos do final da compressão.
contatos ao final da compressão para as duas matrizes maiores na Comparando os resultados apresentados na Figura 4.16, novamen-
mesma escala de cores. Observa-se que a pressão residual é inferior te observa-se que a pressão residual na matriz 10% maior é inferior à
na matriz 10% maior. pressão residual da matriz 5% maior.

Figura 4.15 Pressão nos contatos ao final da compressão: (acima) 5% Figura 4.16 Pressão nos contatos após a descompressão: (acima) 5%
maior; (abaixo) 10% maior. A cor azul indica zero e a cor vermelha indica maior; (abaixo) 10% maior. A cor azul indica zero e a cor vermelha indica
913 MPa de pressão nos contatos. 360 MPa de pressão nos contatos.
Simulação da matriz de compressão 5% e 10% menor
Uma vez concluída a simulação da compressão mecânica, é feita a Nesta seção são apresentadas as simulações com matrizes de com-
simulação da descompressão, visando observar as tensões residuais pressão menores do que a recomendada pelo fabricante da emenda. O
decorrentes da conformação. A pressão nos contatos entre os cabos objetivo é quantificar a viabilidade de uso dessas matrizes em campo.

102 103
Foram realizadas duas simulações:
● matriz de compressão 5% menor do que a correta
● matriz de compressão 10% menor do que a correta.
A simulação das matrizes de compressão 5% e 10% menores do que
a adequada à luva não puderam ser executadas até o final. O programa
Ansys interrompeu a execução após alguns passos de carga. As figuras
abaixo mostram a deformação de von Mises no passo de carga ante-
rior à interrupção da simulação. É possível observar que a falha ocorre
porque as matrizes são pequenas demais. A matriz 10% menor parece
“rasgar” a luva e na simulação da matriz 5% parece escoar pelas la-
terais durante a compressão. O mesmo pode acontecer em campo.
Logo, matrizes tão pequenas não devem ser utilizadas em campo em
hipótese alguma, sob o risco de se danificar a luva. Outro argumento
contrário à utilização de matrizes menores do que a recomendada é
que, ao final da compressão, a luva terá uma área de seção transversal
inferior à de projeto, reduzindo a resistência à tração da emenda. Des- Figura 4.18 Emenda de aço com matriz 5% menor – deformação de von
se modo, preconiza-se que matrizes de tamanho menor não devem Mises variando de 0 a 52,6%.
ser utilizadas.
Integração das pressões nos contatos
Um avanço significativo na quantificação da perda de resistência ao
deslizamento da emenda é obtido com o cálculo da integral da pressão
nos contatos, pois esta mede o total da carga distribuída na interface.
Foi realizada a integração das pressões residuais nos contatos de-
finidos pelo caminho ilustrado na Figura 4.19. A pressão nos contatos
ilustrada ao longo do caminho destacado em vermelho na Figura 4.19,
toma a forma da Figura 4.20. No Ansys na seção de pós-processamen-
to, existe uma operação chamada Path-Operations, que permite fazer
o cálculo das integrais das variáveis pós-processadas ao longo de cami-
nhos definidos pelo usuário.
Com objetivo em analisar a variação da força resistente que está
associada a mudança no tamanho da matriz de compressão, foram re-
alizadas a integração na seção da luva de aço para matrizes: correta,
1%, 2%, 3%, 4%, 5% e 10% maiores. Com isso foi possível quantificar a
Figura 4.17 Emenda de aço com matriz 10% menor – deformação de von força perdida conforme o tamanho da prensa aumenta. Os resultados
Mises variando de 0 a 14.7%. podem ser visualizados na figura Figura 4.21. Na Figura 4.21, o valor da

104 105
integral na prensa correta representa o valor de referência, que é igual
a 1, as demais prensas, tiveram o valor de suas integrais relativizadas
pela primeira. É interessante observar que a redução da tensão decres-
ce linearmente com o aumento da matriz de compressão.

Figura 4.20 Pressão residual nos contatos ao longo da interface fios-luva


para a matriz correta na seção da luva de aço.

Figura 4.19 Caminho de realização da integral.

Figura 4.21 Redução na pressão residual na seção da luva de aço, para


matrizes de compressão com tamanhos variando de 1% a 10% maiores.

106 107
Simulação da conformação mecânica da luva de alumínio
O processo de conformação mecânica é simulado para duas matri-
zes de compressão de forma análoga às simulações realizadas na seção
de aço. Primeiro é simulada a conformação mecânica com a matriz de
compressão indicada pelo fabricante. Em seguida, são simuladas mais
duas situações: uma matriz 5% maior e uma 10% maior.

Dados da emenda
O cabo adotado nas simulações é o cabo Grosbeak. A luva da Forja-
sul para emenda desse cabo tem a geometria como mostrada na figura
Figura 4.23 Prensas consideradas nas simulações: (figura à esquerda) ma-
abaixo. triz 10% maior; (figura central) matriz 5% maior; (figura à direita) matriz
correta (medidas em mm)

Simulação da matriz de compressão correta


Ao final da compressão, a máxima tensão de von Mises atuando
na luva de alumínio é de cerca de 175 MPa com uma deformação de
von Mises atingindo picos de 0,50. A deformação plástica é bastante
acentuada, em especial na direção perpendicular ao plano simulado. A
força da prensa necessária para essa conformação foi calculada como
sendo de aproximadamente 49 toneladas.
A figura abaixo mostra o campo de tensão de von Mises ao final da
Figura 4.22 Geometria da luva de alumínio. (medidas em mm)
simulação da compressão mecânica.

A geometria das matrizes de compressão simuladas é apresentada


na figura a seguir.

108 109
Figura 4.25 Tensão de von Mises após a descompressão. Na escala, azul
indica zero e vermelho indica 80 MPa de tensão.

Figura 4.24 Tensão de von Mises ao final da compressão. Na escala, azul


indica zero e vermelho indica 900 MPa de tensão. A pressão residual no contato, a qual é responsável pelo atrito entre
os cabos e a luva, é mostrada na figura abaixo.
Ao final da compressão, é feita a simulação da descompressão, afas-
tando a matriz de compressão. Após a descompressão, as tensões de
von Mises na luva de alumínio se reduzem para valores da ordem de
40 MPa, com picos localizados de até 80 MPa. A figura abaixo mostra
esse campo de tensões.

Figura 4.26 Pressão residual nos contatos cabo – luva. Na escala, azul
indica zero e vermelho indica 80 MPa de pressão.

110 111
Simulação da matriz de compressão 5% maior
Nesta seção é apresentada a simulação da matriz de compressão
5% maior do que a recomendada pelo fabricante da emenda (ver Fi-
gura 4.23).
Ao final da compressão a máxima tensão de von Mises atuando na
luva de alumínio é de 160 MPa com uma deformação de von Mises
atingindo picos de 0,39. A força da prensa necessária para essa confor-
mação, obtida na simulação foi de aproximadamente 40 toneladas.
A figura a seguir mostra o campo de tensões de von Mises após a
compressão.

Figura 4.28 Campo de tensões de von Mises após a descompressão

Figura 4.27 Tensão de von Mises após a compressão. Na escala, azul indi-
ca zero e vermelho indica 900 MPa de tensão.

Após a descompressão, as tensões de von Mises na luva de alumí-


nio se reduzem. A Figura 4.28 mostra esse campo de tensões.

Figura 4.29 Pressão no contato cabo – luva. Na escala, azul indica zero e
vermelho indica 80 MPa de pressão.

112 113
Simulação da matriz de compressão 10% maior A mesma tendência de redução na resistência da emenda foi ob-
Nesta seção é apresentada a simulação com a matriz de compres- servada na seção de alumínio. A Figura 4.31 mostra a redução da ten-
são 10% maior do que a recomendada pelo fabricante da emenda (ver são residual com o aumento da matriz de compressão e confirma a
Figura 4.23). tendência de redução acentuada na resistência ao escorregamento da
Ao final da simulação da compressão mecânica, a máxima tensão emenda, visto que para matrizes 10% maiores perdas de 50% foram
de von Mises atuando na luva de alumínio é de 150 MPa com uma identificadas.
deformação de von Mises atingindo picos de 0,32. A força da prensa
necessária para essa conformação, obtida na simulação foi de aproxi-
madamente 31 toneladas.
Para esta matriz houve uma redução significativa na pressão de con-
tato entre a luva e os cabos de alumínio. Observa-se também a ausên-
cia de contato entre alguns fios e a luva.

Figura 4.31 Redução na pressão residual na seção da luva de aço, para


matrizes de compressão.

Simulação das tensões térmicas


Esta seção trata do cálculo da influência de efeitos térmicos no es-
tado de tensão das emendas de aço e alumínio. As emendas simuladas
nesta seção foram conformadas utilizando as matrizes de compressão
corretas (recomendadas pelo fabricante). A simulação consiste de três
Figura 4.30 Pressão no contato cabo – luva. Na escala, azul indica zero e
vermelho indica 80 MPa de pressão. partes:
● Compressão mecânica da luva.
Integração das pressões nos contatos luva de alumínio ● Afastamento da matriz de compressão e consequente descom-
O mesmo procedimento de integração da variável pós processada pressão da luva, restando-se apenas as tensões residuais.
que foi feito para a seção da luva de aço também foi realizado para a ● Imposição de um campo de temperaturas definidas verificando-
seção de alumínio. -se a alteração do campo de tensões.

114 115
Para a simulação das tensões térmicas, adotamos a temperatura os cabos e a luva se dilatam da mesma forma. Se estivéssemos estu-
de confecção da emenda igual a 20 0C. Os campos de temperaturas dando um caso em que a emenda do cabo de aço é feita com um core
de operação normal e em emergência para emendas corretamente grip de alumínio, teríamos diferenciais de dilatação entre os cabos e o
montadas (sem falhas de montagem) foram definidos em relatório do core grip, fazendo com que a resistência ao deslizamento da emenda
P&D1. Esse relatório definiu a temperatura como sendo: fosse mais sensível aos efeitos térmicos.
Outro fator importante de efeitos térmicos está relacionado a ciclos
▪ Operação normal de temperaturas elevadas e resfriamento. A emenda, quando tem fa-
● Emenda de aço: lhas de fabricação, opera em temperaturas mais elevadas do que as de
▫ Cabo de aço: 53,790C projeto, podendo-se ocasionar um recozimento do material. Esse fator
▫ Luva de aço: 53,790C não é analisado neste estudo.
▫ Emenda de alumínio:
▫ Cabo de aço: 53,790C Emenda de alumínio operação normal
▫ Cabo de alumínio: 52,190C Nesta seção são apresentados os resultados da simulação térmica
▫ Luva de alumínio: 52,190C da emenda de alumínio em condição de operação normal. Para esta
análise, o campo de temperaturas utilizado é de:
▪ Operação em emergência ▫ Cabo de aço: 53,790C
● Emenda de aço: ▫ Cabo de alumínio: 52,190C
▫ Cabo de aço: 61,260C ▫ Luva de alumínio: 52,190C
▫ Luva de aço: 61,260C A informação mais relevante para a resistência ao escorregamento
▫ Emenda de alumínio: da emenda é a pressão de contato entre os cabos de alumínio e a luva.
▫ Cabo de aço: 61,260C A figura 4.32 compara a pressão de contato para os instantes em que
▫ Cabo de alumínio: 59,040C a emenda está com a temperatura constante de 20° C e quando ela
▫ Luva de alumínio: 59,040C apresenta a temperatura de operação normal. Pode-se notar que não
O aquecimento provoca uma dilatação dos elementos constituin- houve redução das pressões após o aquecimento.
tes da emenda. A dilatação relativa entre os elementos pode reduzir a A dilatação da emenda foi observada, mas não se observou altera-
pressão de contato entre os cabos e a luva da emenda, reduzindo sua ção nas pressões de contato. A justificativa encontrada foi a de que a
resistência ao deslizamento. Com as simulações, busca-se quantificar dilatação ocorreu de maneira uniforme em todo o conjunto.
os efeitos térmicos na pressão de contato para as condições de opera-
ção definidas.
É importante observar que as emendas estudadas neste trabalho
são confeccionadas com material semelhante ao material do cabo
emendado. A emenda dos cabos de aço é feita com uma luva de aço e
a emenda dos cabos de alumínio é feita com uma luva de alumínio. O
fato dos materiais serem iguais favorece a resistência da emenda, pois
1 O campo de temperaturas foi definido em relatório de Edson José Rezende Luciano e Carlos
David Franco Barbosa.

116 117
Figura 4.32 Pressão residual nos contatos antes e após o aquecimento. Na
escala, azul indica zero e vermelho indica 60 MPa de pressão.

Emenda de alumínio situação de emergência


Nesta seção são apresentados os resultados da simulação térmica
da emenda de alumínio em condição de operação de emergência. Para
esta análise, o campo de temperaturas utilizado é de:
▫ Cabo de aço: 61,26°C
▫ Cabo de alumínio: 59,04°C
▫ Luva de alumínio: 59,04°C
A figura 4.32 compara a pressão de contato para os instantes em que
a emenda está com a temperatura constante de 20° C e quando ela apre-
senta a temperatura de operação de emergência. Pode-se, novamente, Figura 4.33 Pressão residual nos contatos antes e após o aquecimento em
notar que não houve redução das pressões após o aquecimento. situação de emergência. Na escala, azul indica zero e vermelho indica 60
MPa de pressão.

Visando a melhor quantificar a redução das pressões de contato, foi


confeccionado o gráfico da figura 4.33, a qual traz a pressão de contato
em alguns pontos ao longo da evolução da temperatura. Nela é possí-
vel observar que a queda na tensão residual ocasionada pelo aumento
da temperatura em emergência é pequena.

118 119
A figura 4.35 compara a pressão de contato para os instantes em
que a emenda está com a temperatura constante de 20° C e quando
ela apresenta a temperatura de operação normal. Pode-se notar que
não houve redução das pressões após o aquecimento.

Figura 4.34 Pressão residual nos contatos durante o aquecimento para


diferentes pontos de contato.

Emenda de aço operação normal e emergência:


Nesta seção são apresentados os resultados da simulação térmica
da emenda de aço em condição de operação normal e de emergência.
Para esta análise, o campo de temperaturas utilizado é de:

▪ Operação normal
▫ Cabo de aço: 53,79°C
▫ Luva de aço: 53,79°C Figura 4.35 Pressão residual nos contatos antes e após o aquecimento em
▫ Operação em emergência operação normal. Na escala, azul indica zero e vermelho indica 330 MPa
▫ Cabo de aço: 61,26°C de pressão.
▫ Luva de aço: 61,26°C
A figura 4.36 compara a pressão de contato para os instantes em
Na simulação do efeito térmico para a luva de aço verificou-se que
que a emenda está com a temperatura constante de 20° C e quando
houve apenas uma alteração muito pequena na pressão residual do
ela apresenta a temperatura de operação de emergência. Pode-se no-
contato, podendo este efeito ser desconsiderado.
tar que não houve redução significativa das pressões após o aqueci-
mento.

120 121
Figura 4.37 Pressão residual nos contatos durante o aquecimento para
diferentes pontos de contato.

Simulação com diferencial de temperatura entre cabos e luva


Nesta seção é simulada uma emenda com um diferencial de tempe-
ratura mais acentuado entre os cabos de alumínio e a luva. É adotado
que os cabos de alumínio e aço se aquecem até a temperatura de 120°
C enquanto a luva de alumínio se aquece até 150° C. Esse diferencial
Figura 4.36 Pressão residual nos contatos antes e após o aquecimento em de temperaturas deve ocasionar uma redução acentuada da pressão
operação de emergência. Na escala, azul indica zero e vermelho indica
330 MPa de pressão.
de contato.
A figura 4.38 mostra a queda da pressão de contato em vários pon-
Visando a melhor quantificar a redução das pressões de contato, foi tos de contato cabo e luva. É possível notar a queda da pressão de con-
confeccionado o gráfico da figura 4.37, a qual traz a pressão de contato tato devido ao campo de temperaturas imposto. A queda é bastante
em alguns pontos ao longo da evolução da temperatura. Nela é possí- acentuada e é possível concluir que a resistência ao deslizamento seria
vel observar que a queda na tensão residual ocasionada pelo aumento severamente reduzida com o campo de temperaturas imposto.
da temperatura em emergência é pequena.

122 123
campo de temperaturas de operação já que as pressões de contato não
sofreram redução significativa. Não foi estudada a influência de ciclos de
temperatura.
Um campo de temperaturas adicional foi proposto para ser analisa-
do. Nesse campo de temperaturas, a luva de alumínio é aquecida até
150°C, enquanto os cabos são aquecidos a 120°C. A diferença de 30°C
imposta acarretou em uma queda significativa da pressão de contato
entre os cabos e a luva de alumínio. A factibilidade de um campo de
temperaturas como o proposto permanece em questão, mas o exercí-
cio evidencia que a resistência ao deslizamento da emenda é sensível
a diferenciais de temperatura externa e interna.

Figura 4.38 Pressão residual nos contatos durante o aquecimento para


diferentes pontos de contato.

Conclusões
O capítulo descreve algumas definições importantes acerca da ge-
ometria e geração da malha de elementos finitos. Detalhes sobre a
utilização e aplicação dos elementos de contato foram descritos, assim
como o modelo elastoplástico empregado nos materiais. Essa descri-
ção se encontra na seção de Metodologia de simulação.
O processo de compressão da emenda foi simulado utilizando-se ma-
trizes diferentes. Uma indicada pelo fabricante Forjasul e outras maio-
res ou menores, com o objetivo de se verificar se matrizes um pouco
diferentes podem ser utilizadas sem comprometimento da resistência
da emenda.
Matrizes maiores não devem ser utilizadas, pois reduzem a resistência
ao deslizamento. Matrizes menores do que a recomendada foram testa-
das para a luva de aço e falharam. Portanto, matrizes menores do que as
indicadas pelo fabricante não são adequadas e devem ser evitadas.
A influência do campo de temperaturas nas condições de operação
normal e de emergência foi avaliada com respeito aos níveis de pressão
de contato entre os cabos e a luva. Os resultados indicaram que a re-
sistência ao deslizamento não deve ser afetada substancialmente pelo

124 125
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condutores e avaliação das implicações decorrentes da utilização das
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necessária para uma operação econômica da rede.
Wang, J. J., Lara-Curzio, E., King, T. Effective Lifetime Estimate of
A despeito dos avanços já conquistados através de diferentes po-
Crimped Powerline Splice Connector Operated at High Temperature.
líticas de contingência e mitigação, ainda há um enorme espaço para
ASME 2008 Pressure Vessels and Piping Conference, July 27-31, 2008,
aprimoramentos devido a gama de tecnologias de informação e comu-
Chicago, llinois, USA.
nicação atualmente disponíveis, que habilitam a sua adoção em razão
Wang, J. J., Lara-Curzio, E., King, T., Graziano, J., Chan, J. K., Goo-
da progressiva redução dos custos.
dwin, T. The Effective Lifetime of ACSR Full Tension Splice Connector
Nesta etapa são analisadas amostras de emendas retiradas de cam-
Operated at Higher Temperature. 2008 IEEE Power Engineering Society
po para verificação da vida útil remanescente (cabo emenda), através
Joint Technical Committee Meeting, 2009, Atlanta, GA, USA.
de ensaios de tração até a ruptura da emenda ou cabo. Os ensaios
fomentam a pesquisa básica dirigida, com resultados práticos nos
procedimentos operacionais das empresas do setor de transmissão
de energia elétrica, proporcionando maior qualidade, confiabilidade,

126 127
segurança, inovação, economia e competitividade, além de apoiar a resistência de atrito pode-se calcular os valores de força de prensagem
formação educacional e “know-how” nacionais. e comprimento da junta.

Considerações Gerais Sobre os Ensaios


Distribuição de Tensões e Ruptura da Emenda à Tração
A análise da ruptura à tração deve ser realizada na luva de aço e
na luva de alumínio. A Fig. 5.1 abaixo mostra esquematicamente as
áreas de seção transversal que podem ser consideradas para o cálculo
da resistência à tração na emenda do cabo de aço. Observa-se que as
seções A e B são críticas para o cabo de aço e junta respectivamente, Figura 5.2 - Estado de Tensão na Região da Luva de Aço
uma vez que na seção A o cabo sofreu uma redução de seu diâmetro
em função da prensagem e na seção B, no centro da emenda, não há Com a compressão da junta de aço, essa se alonga diminuindo sua
contribuição dos cabos na resistência à tração, caso que ocorre na se- espessura, e consequentemente, a área da seção transversal. A área da
ção C onde ambos atuam solidariamente. seção prensada deve ser a área utilizada no cálculo da resistência de
ruptura à tração da conexão.
Análise similar deve ser feita para a junção de alumínio, devendo-se
também verificar o escorregamento e obter em laboratório a relação
força de prensagem versus resistência de atrito. Com essa relação calcu-
la-se o comprimento da luva e pode-se também verificar a redução da
espessura da parede da luva e sua resistência final a tração.

Defeitos de Execução / Prensagem


Durante o processo de prensagem pode ocorrer o desalinhamen-
to das luvas e emendas; quando em operação, o cabo é tracionado,
provocando um momento fletor na conexão (que tende a realinhar a
emenda). Esse momento fletor, em função da excentricidade gerada
Figura 5.1 – Seções Transversais da Luva de Aço em emendas de cabos
ACSR pelo desalinhamento, não é previsto na operação usual da peça, deven-
do assim verificar-se o efeito na resistência. O projeto deve considerar
Escorregamento os limites construtivos aceitáveis nos quais os efeitos de excentricidade
A Fig. 5.2 mostra o esquema estático da luva de aço onde a força não venham a comprometer a segurança operacional. A Figura 5.3 abai-
de tração atuante no cabo é transmitida à luva por aderência e para xo mostra um esquema das tensões atuantes nas paredes da junção.
que não ocorra escorregamento, deve-se garantir que a integral das Note que a conexão de alumínio, quando desalinhada, é submetida a
forcas de atrito seja equivalente a tração no cabo. A força de atrito é duas tensões: uma proveniente da força de tração e outra proveniente
função da força de prensagem da luva e essa relação deve ser obtida do momento fletor. A sobreposição dos efeitos leva a uma tração maior
em ensaios de laboratório. Conhecendo a força de prensagem versus em uma região da parede. Esse aumento na tensão de tração é função

128 129
do desalinhamento e pode levar à ruína da luva. Então, o desalinha- mais proeminentes nas emendas que nos cabos devido sua maior ri-
mento máximo admissível deve ser considerado no projeto. gidez e as tensões residuais introduzidas no processo de prensagem.
A emenda prensada trabalha em regime inelástico e está sujeita
a fenômenos de encruamento e efeito Baushinger (fenômeno da re-
Efeitos térmicos
dução da tensão limite de escoamento no carregamento reverso em
Os módulos de elasticidade do aço e do alumínio são sensíveis a
materiais) e em emendas mal executadas (com desalinhamento com
temperaturas elevadas; com a queda do módulo de elasticidade, a de-
flecha) há a intensificação desses efeitos.
formação axial aumenta, para uma mesma tração, o que é conhecido
como fenômeno de fluência. Esse alongamento axial implica em uma
diminuição da seção transversal acarretando perda de resistência da Propriedades Mecânicas em Tração
peça. A Figura 5.4 apresenta os fatores de redução do módulo de elas- Na definição da tensão e deformações convencionais, considera-se
ticidade de um dado aço em função da temperatura. uma barra cilíndrica e uniforme que é submetida a uma carga de tra-
O dimensionamento estrutural deve contemplar as solicitações tér- ção uniaxial crescente, conforme mostra a Fig. 5.5. Tal figura mostra o
micas da linha em operação. esboço da curva típica obtida em um ensaio de tração, onde as seguin-
tes regiões podem ser caracterizadas:
a) Trecho OA: região de comportamento elástico entre tensão-de-
formação
b) Trecho AB: região de deslizamentos de discordâncias
c) Ponto C: Inicio do processo de ruptura
d) Ponto D: Ruptura total

Figura 5.3 - Análise não linear do comportamento termomecânico de com-


ponentes em aço sujeitas ao fogo. (Fonte: Fonseca, E. e Vila Real, P.)
Fadiga
A força de tração atuante nos cabos e consequentemente na cone-
xão é dimensionada no projeto dos cabos. As ações solicitantes prin- Figura 5.4 – Resultado Típico de um Ensaio de Tração
cipais são o peso próprio e as ações dinâmicas do vento atuante nos
cabos. A característica dinâmica das ações dos ventos pode ocasionar A tensão convencional (σc), ou ainda tensão nominal, aplicada ao
fadiga nos cabos e nas conexões e estes efeitos de fadiga devem ser corpo de prova é dada por:
considerados no cálculo. Além disso, os efeitos de fadiga devem ser
σc = F / S0 (5.1)

130 131
Onde: σ: Tensão mecânica aplicada;
F: Carga aplicada (N); E: Modulo de Young (ou módulo de elasticidade);
S0: Seção transversal original (m2). ε: Deformação elástica.

A deformação (δc)) convencional é dada por: As principais tensões definidas na região elástica são:
σa: Limite de elasticidade: máxima tensão que o material pode su-
δc = ( l – l0 ) / l0 (5.2) portar sem apresentar deformação permanente após a retirada da car-
ga (descarregado);
Onde: σp: Limite de proporcionalidade: máxima tensão acima da qual o
δc: Deformação (adimensional normalmente expresso em %); material não mais obedece à lei de Hooke, ou seja, perde a linearidade
l0 : Comprimento inicial de referência (carga zero); na relação tensão deformação.
l : Comprimento do corpo de prova sob carga diferente de zero (carga F). O limite de elasticidade pode ser igualado ao limite de proporciona-
lidade para efeitos práticos.
Para um material de alta capacidade de deformação permanente, O módulo de elasticidade fornece uma indicação da rigidez do ma-
o diâmetro do corpo-de-prova começa a decrescer rapidamente ao ul- terial e depende fundamentalmente das forças de ligação interatômi-
trapassar a carga máxima (ponto D) e a carga necessária para continuar cas, o que explica seu comportamento inversamente proporcional à
a deformação diminui até a ruptura total. Observa-se, na prática, uma temperatura.
grande variação nas características das curvas de tensão para diferen- É determinado pelo quociente da tensão convencional ou alonga-
tes tipos de materiais. mento específico na região linear do diagrama tensão-deformação,
Quando uma amostra de um material solicitado por uma força sofre conforme a Fig. 4.5, e dado por:
uma deformação e, após a retirada da força aplicada, recupera suas di-
mensões originais, esta deformação é definida como deformação elás- E = σ / ε = ( F. l0 ) / S0 . ( l – l0 ) (5.5)
tica. Esse comportamento é descrito matematicamente pela equação
da elasticidade de uma mola, dada por: Onde:
E: Módulo de elasticidade (Pa).
F = k . X (5.3)
Onde: Quanto maior o módulo de elasticidade, menor a deformação elás-
F: Força aplicada que causou o deslocamento; tica resultante de uma determinada carga, conforme mostra esquema-
k: Constante da mola; ticamente a Fig. 5.6. O módulo de elasticidade (E) do aço é cerca de
X: Deslocamento. três vezes maior que o correspondente para ligas de alumínio, ou seja,
esta diferença é importante e deve ser considerada na emenda de aço
De modo semelhante, a deformação elástica de um corpo-de-prova com o alumínio estudado neste trabalho, uma vez que sendo submeti-
é dada pela lei de Hooke: da aos mesmos esforços, a reação dos componentes (alumínio e aço)
σ = E. ε (5.4) é bastante diferente.
Onde:

132 133
A determinação de n é indicada esquematicamente na Fig. 5.7,
onde foi traçada uma perpendicular ao eixo de deformações a par-
tir da deformação especificada, até atingir a curva tensão-deformação
(ponto A). Em alguns casos, há dificuldade e imprecisão porque a curva
tensão-deformação não apresenta a região linear (região elástica) bem
definida, o que torna impreciso o traçado de uma linha paralela para a
determinação do limite n de escoamento.
A partir do ponto (B) da curva da Fig. 5.5, o material entra na re-
gião plástica, que é caracterizada pela presença de deformações per-
manentes no corpo-de-prova. Para materiais de alta capacidade de
Figura 5.5 - Diagrama tensão-deformação esquemático para o alumínio e deformação, o diagrama tensão-deformação apresenta variações rela-
o aço.
tivamente pequenas na tensão, acompanhadas de grandes variações
na deformação. Nessa região, pode-se determinar uma série de carac-
O escoamento é um fenômeno localizado, caracterizado por um au-
terísticas do material ensaiado, tais como:
mento relativamente grande na deformação, devido a uma pequena
a) Limite de resistência à tração: tensão correspondente ao ponto
variação na tensão. A principal tensão definida na região de escoamen-
de máxima carga atingida durante o ensaio, igual à carga máxima divi-
to é o limite de escoamento, que é a máxima tensão atingida na região
dida pela área inicial do corpo- de-prova. Após o ponto B, tem início a
de escoamento.
fase de ruptura, caracterizada por uma rápida redução local da seção
O escoamento pode ser bastante nítido, como apresentado na cur-
de fratura (fenômeno de estricção).
va tensão deformação da Fig. 5.6, ou pode ser imperceptível. Para os
b) Limite de ruptura: última tensão suportada pelo material antes
casos de escoamento imperceptível, convencionou-se adotar uma de-
da fratura.
formação-padrão que corresponda ao limite de escoamento, conhe-
cida como limite n de escoamento (σc). Por exemplo, o procedimento
Deformação
para se determinar o limite de escoamento para o caso de (n = 0,2%)
[ASTM Standard E8-69] é:
1. Obter uma curva tensão-deformação de engenharia por meio de
tração;
2. Construir uma linha paralela à região elástica da curva, partindo
de uma deformação de 0,002 ou 0,2%;
3. Definir σc na interseção da reta paralela com a curva tensão de-
formação, conforme se pode observar na Fig. 5.7.
O valor de n pode assumir diversos valores em função do campo
plástico do material, por exemplo:
- metais e ligas em geral: n = 0,2% (ε = 0,002)
- cobre e suas ligas: n = 0,5% (ε = 0,005)
Figura 5.6 Diagrama tensão-deformação com σc para deformação = 0,2%

134 135
A necessidade de aumentar a tensão para continuar a deformação A Norma DIN 48085-3 é aplicada em linhas de cabos de alumínio
plástica do material decorre de um fenômeno denominado encrua- com alma de aço (ACSR) diretamente a emendas prensadas com luvas
mento na região de escoamento, onde o material sofre deformações de alumínio e aço e é interessante verificar a precisão das dimensões
permanentes e ocorre endurecimento por deformação a frio. previstas nesta norma com as dimensões de fabricantes, indicando
Esse fenômeno resulta da interação entre discordâncias e suas inte- se ela foi usada como referência técnica para dimensionamento das
rações com outros obstáculos, como solutos, contornos de grãos, etc., emendas.
que impedem a livre movimentação das discordâncias. É preciso uma
energia cada vez maior para que ocorra essa movimentação, e, con- Normatização do Ensaio de Tração e Informações Adicionais
sequentemente deformação plástica, até o limite onde a fratura tem A norma técnica utilizada no Brasil para materiais metálicos é a
início. ABNT NBR ISO 6892 (antiga NBR-6152), da Associação Brasileira de
A tenacidade é a capacidade do material em absorver energia até a Normas Técnicas – ABNT. Há também a norma internacional sobre en-
fratura e é representada quantitativamente pelo módulo de tenacida- saios de tração: ASTM E-8/69.
de, que é a energia absorvida por unidade de volume, desde o início do Embora o Sistema Internacional de Unidades seja o oficialmente
ensaio de tração até a fratura. adotado no país, a grande maioria das máquinas de ensaio de tração
Uma maneira de avaliar a tenacidade do material é considerar a convencional em operação utiliza o kgf como unidade de carga. Nos
área total sob a curva tensão-deformação; quanto maior a área abaixo textos de língua inglesa, também é bastante comum à utilização da
da curva, maior a tenacidade. libra como unidade de carga e do psi como carga de tensão.
Assim sendo, é conveniente ter as relações de conversões entre es-
Ensaios durante e após a instalação tas unidades de medida para que se possam fazer comparações quan-
Os ensaios em cabos de energia podem ser classificados em en- titativas, conforme se segue:
saios de desenvolvimento, ensaios de tipos, ensaios de recebimento, 1 kgf = 0,454 lb = 9,807 N
ensaios de controle e ensaios durante e após a instalação. 1 kgf / mm2 = 1.422,27 psi = 9,807 MPa = 9,807 N / mm2
No escopo deste capítulo (ensaios de amostras de campo), os en- A temperatura pode influenciar significativamente nas proprieda-
saios de interesse são os ensaios durante e após a instalação que são des mecânicas levantadas pelo ensaio de tração. Em geral, a resistên-
feitos para demonstrar a integridade dos cabos e acessórios (emendas cia mecânica diminui e a ductilidade aumenta conforme o aumento da
e terminais) durante e após a instalação. temperatura do ensaio; o teor de soluto da liga também influencia os
valores das propriedades levantadas no ensaio de tração.
Dimensionamento de emendas e Norma DIN 48085-3 A deformação elástica é homogênea, envolvendo somente peque-
Diversos fabricantes nacionais e internacionais foram consultados, nos deslocamentos de átomos e é reversível; porém a deformação
para saber os parâmetros e metodologia de dimensionamento das plástica é não homogênea e envolve deslocamentos grandes e irre-
emendas. Dois deles, SAE-Towers e SADEL, informaram ser processo versíveis. A deformação elástica pode ser interpretada em termos de
mais empírico que teórico, sendo observado: estruturas perfeitas, ao passo que a deformação plástica está relacio-
a) a única solicitação (carga) considerada é a de tração;
b) as dimensões das luvas devem garantir a resistência mecânica e
manter a resistividade elétrica abaixo da do cabo condutor.

136 137
nada com o movimento de discordâncias. A deformação plástica geral- área da seção transversal “A” então sua resistência elétrica “R” é dada
mente ocorre por meio de um mecanismo de escorregamento no qual pela equação (segunda lei de Ohm):
os planos atômicos mais densamente compactados se movem uns so-
bre os outros. Para um determinado conjunto de planos densamente
compactados e de direções, o escorregamento ocorre nos planos onde [Ohm]
a tensão de cisalhamento é máxima, o que corresponde a uma direção
a 45° do eixo de aplicação da tensão de tração. Resistividade também chamada de “resistência elétrica específica”
A fratura é a separação ou fragmentação de um corpo sólido em é uma propriedade elétrica característica do material, dependente da
duas ou mais partes, sob a ação de uma tensão, e pode ser conside- temperatura, porém em muitos casos práticos, a resistividade pode ser
rada como sendo constituída de duas partes – nucleação da trinca e considerada constante dentro de uma faixa de temperaturas.
coalescimento (propagação) da trinca. A fratura pode ser classificada A resistividade em função da temperatura pode ser expressa pela
em duas categorias gerais: fratura frágil e fratura dúctil. equação: ρ = ρ0 [1 + α(t-t0)], onde ρ0 é resistividade à temperatura t0, e
A fratura dúctil é caracterizada pela ocorrência de uma apreciável α o coeficiente de temperatura.
deformação plástica antes e durante a propagação da trinca. A fratu- A resistividade indica a dificuldade intrínseca que um material tem
ra frágil nos metais e caracterizada pela rápida propagação da trinca, em conduzir corrente elétrica. Quanto menor a resistividade de um
com nenhuma deformação macroscópica e muito pouca micro defor- material, melhor condutor ele é.
mação. A unidade de resistividade no Sistema Internacional de Unidades
A porcentagem de carbono nos aços e, consequentemente, a varia- (SI) é o ohm vezes metro (Ω.m).
ção de micro constituintes presentes na microestrutura tem influência O valor da resistividade de um determinado material, a uma dada
significativa sobre propriedades mecânicas tais como a resistência à temperatura, medido em [Ω.m], é igual ao valor da resistência elétrica
tração e o alongamento. Para todos os materiais, em particular para os medida em [ohms], de 1 metro de comprimento de uma barra homo-
metais, as principais variáveis externas que afetam o comportamento gênea do material, com seção transversal de área igual a 1 m2 .
durante a deformação e, consequentemente, as características da fra- O valor da resistividade de um determinado material, a uma dada
tura são temperatura, presença de entalhes favorecendo a formação temperatura, medido em [ohms x mm2 / m], é igual ao valor da resis-
de uma região de concentração de tensão, triaxialidade de tensões e tência elétrica medida em [ohms], de 1 metro de comprimento de uma
altas taxas de deformação, além da agressividade do meio ambiente. barra homogênea do material, com seção transversal de área igual a
1 mm2 .
Glossário Na prática, devido à área, da seção transversal dos cabos elétricos,
ser medida em mm2, é mais fácil realizar cálculos de resistências elé-
tricas utilizando-se [ohms x mm2 / m] como unidade de resistividade.
Resistência elétrica – é uma grandeza física medida em [ohms] ou
[Ω] no Sistema Internacional de Unidades (SI). É a capacidade de um Convertendo-se escalas: 1 mm2 = 10-2 cm2 = 10-6 m2; 1 m = 102 cm.
resistor oferecer resistência à passagem da corrente elétrica. Assim: 1 [ohms x mm2 / m] = 10-4 [Ω.cm] = 10-6 [Ω.m]
Se um resistor feito de material uniforme e isotrópico com resistivi- Como a resistividade é dependente da temperatura, ela é comu-
dade “ρ”, tiver a forma geométrica de uma barra de comprimento “l” e mente tabelada à temperatura de 20 °C.

138 139
I é a intensidade da corrente elétrica medida em Amperes(A).
Resistividade
Material [Ω.mm2 / m]
Resistividade [Ω.m] Coeficiente de A Lei de Ohm foi assim designada em homenagem ao físico alemão
a 20°C. temperatura α [oC-1 ]
a 20°C. Georg Simon Ohm (1787-1854), formulador dessa lei.
Alumínio 0,0282 2,82×10−8 0,0039
Ferro 0,10 - 0,15 1,0×10−7 0,005
Efeito Joule – é o fenômeno de transformação de energia elétrica
em energia térmica, quando um condutor é aquecido ao ser percorri-
do por uma corrente elétrica. Esse fenômeno ocorre devido ao encon-
Fonte de corrente constante – É um dispositivo eletrônico que im-
tro dos elétrons da corrente elétrica com as partículas do condutor.
põe uma determinada corrente elétrica constante (contínua ou eficaz,
Os elétrons colidem com os átomos do condutor e parte da energia
no caso de corrente alternada) a uma carga, normalmente resistiva,
cinética (energia de movimento) dos elétrons é transferida para os áto-
independentemente do valor de sua resistência elétrica.
mos, aumentando seus estados de agitação, consequentemente suas
Termopar – Os termopares são transdutores termoelétricos com
temperaturas. Assim, a energia elétrica é transformada em energia
larga utilização industrial na medição de temperaturas. Cobrem uma
térmica (calor).
larga faixa de temperaturas a um custo relativamente baixo. São senso-
Corpo de prova – amostra significativa do material.
res constituídos de junções bimetálicas que geram força eletromotriz
Lei de Joule (também conhecida como efeito Joule) é uma lei física
em função de sua temperatura.
que expressa a relação entre o calor gerado e a corrente elétrica que
Corrente elétrica - Fluxo ordenado de partículas portadoras de car-
percorre um condutor em determinado tempo. O nome é devido a
ga elétrica.
James Prescott Joule (1818-1889) que estudou o fenômeno em 1840.
Resistor – É um componente elétrico que oferece resistência à pas-
O aquecimento no fio pode ser calculado pela lei de Joule, que é
sagem de corrente elétrica.
expressa por:
Condutividade (σ) ou condutância específica do material é o inver-
Q = i2 . R . t
so da resistividade. Indica a facilidade com a qual um material é capaz
Onde:
de conduzir corrente elétrica:
Q = calor gerado pela corrente i percorrendo a resistência R
σ = 1 / ρ [(Ω.m)-1] ou [Siemens/metro],
pelo tempo t (J)
Onde: 1 Siemens = (Ω)-1
i = intensidade da corrente elétrica (A)
R = resistência elétrica do condutor (Ω)
Lei de Ohm (primeira lei) – estabelece que a razão entre a diferença
t = tempo em que a corrente percorre o condutor (s)
de potencial e a corrente elétrica em um condutor é igual à resistência
Observação: Q = i2 . R . t = P . t [Joules] no Sist. Int. de Medidas (SI).
elétrica desse condutor. Se essa razão for constante, ou seja, o condu-
Onde: P= potência dissipada em R.
tor possui resistência constante, esse condutor é chamado de condu-
tor ôhmico ou linear.
Ensaios Fase 1
Assim, a primeira lei de Ohm estabelece que:
Dados de ensaio de ruptura e temperaturas com aumento da cor-
V= R.I
rente (labor. da empresa B). Emendas Sade (empenadas) e retilíneas
Onde:
Forjasul ASCR para cabo Drake.
V é a diferença de potencial elétrico (tensão ou voltagem) me-
Tamanho e tranças 795 kcmil, 26 x 7 ACSR; Diâmetro externo 1,108
dida em Volts (V).
polegada
R é a resistência elétrica do condutor, medida em Ohms (Ω).
Tensão de ruptura 14,2882 kgf, Massa especifica 1,093 lb./ft.

140 141
Ampacidade (corrente admissível típica) 907 Amperes (condições Ensaios de Ruptura (fase 1)
de temperatura de 20 graus Celsius, insolação e brisa padrões no Esta- Os ensaios foram feitos no laboratório da Burndy em São Paulo;
do de São Paulo) obtendo-se os seguintes resultados:
a) Emendas retilíneas Forjasul novas Cabo Drake
É importante observar que a prensa usada só conseguia chegar à
tensão de 16.000 kgf; então a média é superior a 16.000 kgf.

Tabela 5.2 Ensaios de tensão de emendas retilíneas ACSR DRAKE


Forjasul
Emenda Tensão de ruptura (1000xkgf)
1 Acima de 16
2 Acima de 16
3 Acima de 16
Figura 5.7 Características básicas do cabo DRAKE 4 Acima de 16
5 Acima de 16

Medidas da resistência elétrica e temperatura de emenda (fase 1)


Usando-se um nano voltímetro Keithley (*) foram medidas as re- b) Emendas empenadas SADE retiradas de estoque onde estavam
sistências da emenda com variação da corrente de operação (e con- armazenadas por um longo período. As flechas mencionadas foram
sequente variação da temperatura dentro de laboratório fechado). Os medidas e observadas nas luvas externas de alumínio, mas as luvas de
resultados estão apresentados na Tabela 5.1, evidenciando um efeito aço internas também poderiam estar com deslocamentos e flechas.
não linear no comportamento da resistência em função da corrente. Observa-se que a emenda 4 com flecha de 3% rompeu abaixo da
Isto indica que o aumento de corrente acima do especificado como pa- especificação mínima do fabricante, decorrente da não uniformidade
drão normal pode levar a um processo de avalanche e falha da emen- de tensão na seção reta do cabo, devido ao empenamento. Observa-se
da. também que a emenda 5 ficou muito próxima da especificação míni-
(*) Para descrição detalhada do método de medidas precisas de re- ma do fabricante (14.288 kgf), consequentemente um valor máximo
sistência, ver Keithley (2004) de tolerância de flecha seria 2% que concorda com o valor adotado
na República da China. Observa-se ainda que a média, das medidas
em emendas empenadas, foi muito pouco acima da tensão de ruptura
Tabela 5.1 - Medidas da variação da resistência elétrica com a corren-
fornecida pelo fabricante.
te e temperatura
Comparando-se as medidas das emendas retilíneas com as empe-
Corrente (A) Temperatura (oC) Resistencia (micro Ohm)
0 20 58
nadas verifica-se uma grande diferença, superior a 10% que é devi do à
265 27 70
ocorrência da não conformidade de empenamento. Essa variação jus-
610 56 77
tifica a necessidade de uma profunda revisão dos procedimentos da
instalação e montagem.

142 143
tante, mas acentuando-se exponencialmente em temperaturas mais
Tabela 5.3 Ensaios de tensão em emendas empenadas DRAKE SADE elevadas. Isto significa que possíveis problemas de oxidação na emen-
2 da, que elevem a resistência elétrica da emenda, podem ocasionar
Emenda empenada Flecha1 Tensão de ruptura (kgf)
aumento excessivo de dissipação de potência na mesma e por conse-
1 1 15.850
quência, pelo efeito Joule, provocar aumento excessivo de tempera-
2 1 15.617 tura. O aumento de temperatura por sua vez aumenta a resistividade,
3 1 14.700 que aumenta a energia térmica dissipada, que aumenta ainda mais a
4 3 13.450* temperatura, numa realimentação positiva, enfraquecendo o material
5 2,5 14.350 até o recozimento e comprometimento de sua resistência mecânica ou
1
Obs. Flecha em porcentual Deslocamento da Flecha / Comprimento rompimento.
da emenda A ideia de se medir a resistência elétrica da emenda e de um trecho
2
Obs. Media de 14.400kgf e Desvio Padrão de 424,26 kgf. de igual comprimento do cabo é a de se constatar se a emenda está
* Na emenda empenada 4 ocorreu ruptura com 13.450 kgf, o pri- eletricamente comprometida. Se a resistência elétrica da emenda for
meiro tento rompeu com 9.750 kgf, o deslocamento-deformação foi menor que a do trecho de cabo, teoricamente a emenda ainda está em
de 29 mm, no rompimento havia tido mais 7 mm de deformação-des- boas condições elétricas.
locamento e a flecha era de 3%. Não se consegue visualizar a posição Preparação da amostra
do tento rompido no cabo antes da ruptura total por questões de se- Foram tomados alguns cuidados na execução da montagem de tes-
gurança. tes: Escovação com escova de aço para limpeza dos contatos; spray lim-
Ensaios Fase 2 pador de contatos; aperto da conexão do cabo com o borne da fonte
Medidas da resistência elétrica e temperatura de emenda (fase 2) de corrente; limpeza do cabo e fios de cobre com escovas de aço, nos
pontos de medida de tensão; montagem sobre cavaletes de madeira.
Considerações Foram introduzidos três termopares (TP1, TP2 e TP3), na amostra,
Foi utilizada neste ensaio a amostra identificada como BSA1, prove- para medidas de temperatura. TP1 foi introduzido a 1 m, de uma das
niente da Baixada Santista/Tijuco Preto – Circuito 3, cujo comprimento extremidades do cabo, TP2 em uma das extremidades da emenda e
da emenda é de 0,80 m, e cujo cabo é do tipo ACSR Drake (Φ: 28,14 TP3 na outra extremidade da emenda.
mm).
Foi escolhida uma amostra da Baixada Santista por se considerar
que sendo a mesma exposta ao ambiente mais agressivo em termos de
poluição do ar, chuva ácida e salinidade, provavelmente pode ter a sua
vida útil mais comprometida, sendo assim uma amostra significativa.
A ideia é verificar se as emendas não estão eletricamente compro-
metidas e se sim, quantificar esse comprometimento.
Teoricamente a resistividade dos metais aumenta com o aumento
de temperatura, porém esse aumento é pouco significativo em tem-
peraturas mais baixas, podendo ser considerada praticamente cons-

144 145
Figura 5.8 - Fonte de alta corrente e montagem realizada para os testes. Atenção: Convém ressaltar que o maior risco de operação da fonte
de corrente de alta intensidade é quando o circuito está aberto e uma
Foi montado o seguinte esquema: alta corrente ligada, pois nesse caso, se uma pessoa tocar nos bornes
da fonte de corrente, pode fechar o circuito com seu próprio corpo e
isso é letal.
Como se sabe, a temperatura do condutor de corrente elétrica aumen-
ta com a passagem da corrente elétrica, devido ao efeito Joule. A resistivi-
dade elétrica dos materiais também é dependente da temperatura.
Assim, ao se ajustar a corrente nos valores estabelecidos, aguardou-
-se no mínimo meia hora para estabilização da temperatura. Foram
então feitas as medições de temperatura nos termopares TP1, TP2 e
TP3. Desligou-se a corrente alternada e logo em seguida foi ajustada
na fonte de corrente, uma corrente contínua de aproximadamente
15A para medidas de tensão sobre a emenda e trecho do cabo, para
determinação indireta da resistência elétrica desses trechos (R=V/I).

Obs.: À temperatura ambiente (corrente AC = 0), foi utilizada a


corrente DC de 4,43A, para a medida da resistência elétrica. Usa-se
a corrente DC ao invés da AC para se evitar a componente reativa da
Figura 5.9 Esquema de testes para medidas das resistências elétricas da
impedância.
emenda e de trecho do cabo, de comprimento igual ao da emenda, após
a circulação de corrente alternada 60hz de 0; 265 e 600 Amperes, após Resultados
estabilização da temperatura.
Os valores obtidos estão na tabela a seguir:
Medidas
Foram realizadas três medidas indiretas da resistência elétrica da
Tabela 5.4 Medidas de Resistências Elétricas e Temperaturas em
emenda e de trecho do cabo, de igual comprimento da emenda:
Amostra de Emenda de Cabo ACSR retirada de Campo
- sem passagem de corrente elétrica, à temperatura ambiente.
Corrente TP1 TP2 TP3 Corrente Tensão Tensão Resist. Resist.
- imediatamente após a circulação de corrente AC constante, de AC (°C) (°C) (°C) DC Emenda Cabo Emenda Cabo
(A) (A) (mv) (mv) (μΩ) (μΩ)
265A e 610A, após estabilização da temperatura.
0 23,9 20,5 20,8 4,43 0,25 0,29 56,4 65,5
Esses valores foram escolhidos para poder comparar com resulta-
265 31,0 28,3 28,4 14,35 0,78 0,92 54,4 64,1
dos obtidos na fase anterior.
610 56,1 43,7 44,7 17,45 0,99 1,18 56,7 67,6
Os instrumentos de medida utilizados no teste foram:
- Amperímetro alicate: Fluke 355 - AC/DC Clamp Meter
- Milivoltímetro: Fluke 289 True RMS Multimeter Análise dos resultados
- Medidor de temperatura: Fluke 289 True RMS Multimeter + ter- Observando-se os valores de temperatura dos termopares TP2 e
mopares + adaptador TP3 observa-se que são praticamente iguais, pois cada termopar está
em uma das extremidades da emenda com luva de alumínio e a emen-
da é simétrica, se não ocorreu nenhuma falha significativa na emenda.
146 147
Observe também que em cada linha da tabela, a temperatura em sitivo, ou seja, a sua resistividade aumenta com a temperatura, o que
TP1 é maior que em TP2 ou TP3, pois a luva de alumínio é um bom significa que a resistência elétrica (ôhmica) do cabo ACSR, ou emenda
dissipador térmico. Obs.: TP1 foi colocado a mais de 1 metro do borne convencional, aumenta com a temperatura e consequentemente a po-
de cobre para evitar influência deste na dissipação térmica. tência dissipada, para uma dada corrente que circule pelo mesmo.
Teoricamente era de se esperar que a resistência medida a tempe- Considerando que as correntes que circulam nos cabos de alta ten-
raturas mais altas fosse maior, pois a resistividade elétrica dos metais são (ACSR) são elevadíssimas, chegando a cerca de 500A, a dissipação
aumenta com a temperatura, porém a resistência medida, à tempera- térmica por efeito Joule se torna significativa principalmente quando
tura de 20°C, foi ligeiramente superior que a 28°C. Isso se deve prova- existem emendas ou conexões eletromecânicas com mau contato elé-
velmente porque nessa faixa de temperaturas, a resistividade é prati- trico.
camente constante e deve ter ocorrido alguma imprecisão de medidas O mau contato elétrico na emenda provoca um aumento de resis-
ao se utilizar correntes DC diferentes para as medidas (4,43A; 14,35A; tência ôhmica nessa emenda, que provoca uma maior dissipação de
17,45A). potência na mesma que por sua vez provoca aumento de sua tempera-
Os valores de resistência de emenda, obtidos por esse processo, tura, que provoca aumento da resistividade elétrica do aço e alumínio,
foram da mesma ordem de grandeza dos valores obtidos em ensaios que aumenta ainda mais a resistência ôhmica da emenda, levando a
anteriores, utilizando cabos novos e métodos de medidas mais preci- um processo de realimentação positiva, de tal forma que se a dissipa-
sos, indicando que o cabo e a emenda não estão eletricamente com- ção térmica não for suficiente leva à ruptura da emenda.
prometidos. Em laboratório, embora observado o coeficiente positivo de tem-
A observação mais importante, além da constatação acima, é que a peratura e temperaturas que atingiram 56°C a 610 Amperes, esses va-
resistência medida da emenda foi sempre menor que a de igual com- lores representam situação normal de uso e não de mau contato que
primento de cabo, indicando que a emenda se encontra eletricamente pudesse levar à ruptura da emenda.
ainda em boas condições.
Atenção: Ensaios envolvendo mau contato elétrico e altas corren-
Conclusões e considerações tes elétricas exigem muita cautela devido às altas temperaturas e ten-
Sabe-se que a resistividade elétrica dos metais é bastante baixa a sões que podem desenvolver no instante da ruptura. Outro ponto a
20 oC, o que os torna excelentes condutores à temperatura ambien- observar é que embora não existam evidências de efeitos biológicos
te. Em especial temos o alumínio e o aço, que são os materiais que danosos, em curto prazo, quanto à exposição humana a fortes campos
compõem os cabos ACSR (Aluminum Core Steel Reinforced), ou em eletromagnéticos de baixa frequência, exceto quando a pessoa porta
português CAA (Cabo de Alumínio com Alma de Aço). Embora existam equipamentos eletrônicos, como marca-passo, etc., devido à interfe-
materiais com maior condutividade, como a prata, ouro e cobre, exis- rência eletromagnética (EMI), eles podem existir e este é um ponto
tem grandes vantagens em se utilizar esses materiais, quando se leva que vem sendo muito estudado atualmente, porém não há nada con-
em consideração o preço dos materiais, disponibilidade na natureza, clusivo.
resistência mecânica, ductilidade, condutividade elétrica, coeficiente
de temperatura, resistência à corrosão e dissipação térmica. Chega-se às conclusões:
Embora o alumínio e aço apresentem uma baixa condutividade elé- Emendas bem montadas podem operar sem problemas por déca-
trica (alumínio: 2.82×10−8 Ω.m; ferro puro: 9.6×10−8 Ω.m, a 20 oC.) e das.
tenham um baixo coeficiente de temperatura, esse coeficiente é po-

148 149
O bom contato elétrico é fundamental para a resistência e confiabi- e feitas marcações com caneta marcadora, nessas extremidades, para
lidade mecânica das emendas e para evitar desperdício de energia por verificação de possíveis escorregamentos.
efeito Joule, ou seja, para a eficiência energética, na transmissão de As tampas e grades de proteção foram posicionadas, por motivo de
energia elétrica. segurança, para evitar o chicoteamento ou projeção de estilhaços nas
Deve-se considerar que a fadiga mecânica, sobrecargas elétricas, pessoas, no momento da ruptura da amostra.
ferrugem, ausência de pasta antioxidante ou outros fatores podem A máquina de tração foi acionada tracionando-se até 75% da carga
comprometer o contato elétrico de emendas. de ruptura nominal. A partir daí continuou-se tracionando a uma velo-
Ensaios de ruptura de conjunto cabo-grampo de ancoragem pas- cidade menor, porém uniforme, até o escoamento e em seguida a rup-
sante (fase 2) tura da amostra, verificando-se se ocorreu escorregamento do cabo no
grampo de ancoragem. Repetiu-se o ensaio para algumas amos-
tras, contemplando cabos CAA de três tipos largamente utilizados.
Objetivo
O principal objetivo destes ensaios é verificar a resistência mecâni- Resultados
ca dos conjuntos cabo-conexão de linhas de alta-tensão, no caso, cabo
- grampo de ancoragem passante, para avaliar a confiabilidade do con- Tabela 5.5 Informações tabeladas da “Carga de Ruptura Nominal” e
junto, principalmente em relação à tensão de ruptura. diâmetro dos cabos CAA: Rail, Grosbeak e Drake
Diâmetro
RMC ** RMC **
Tipo do Cabo CAA nominal do cabo
[Kgf] [KN]
Preparação das amostras [mm]
Rail 11750 115,23 29,59
Os ensaios foram realizados no laboratório de tração da Burndy do
Grosbeak 11429 112,08 25,15
Brasil. Esse laboratório possui uma máquina de tração de aprox. 8 me-
Drake 14268 139,93 28,14
tros, com medidor digital em Kgf. Tração máxima: 20 ton.
Antes de realizar as medidas foi feito o “setup” das amostras. Para ** RMC = Resistência Mecânica Calculada = Carga de Ruptura Nominal
prender as amostras de cabos na máquina de tração foram instalados
os grampos de ancoragem passantes, para formar os corpos de prova,
como mostra a foto a seguir. Em alguns casos utilizou-se o grampo de
ancoragem à compressão em uma das extremidades.
Os excessos de cabos puderam facilmente ser cortados com a pisto-
la portátil “PATRIOT PATCUT 129 ACSR-18v 2,6A Ni-MH” tomando-se o
cuidado de passar uma fita crepe antes, para segurar os tentos do cabo.

Ensaios
Posicionada a amostra na máquina de tração, esta foi tensionada
até um valor próximo de 8% da carga de ruptura nominal (RMC – Re-
sistência Mecânica Calculada) fornecida pelo fabricante. Então, foi uti-
lizada uma escova de aço para limpeza das extremidades das emendas

150 151
abaixo das nominais dos cabos e dos grampos, quando submetidos aos
Tabela 5.6 Medidas de Carga de Ruptura ensaios de tração.
Carga de
A maioria dos rompimentos ocorreu do lado do controle da Máqui-
Tipo do
Carga de ruptura
Localização na de Ensaio de Tração, porém ao inverter o lado de grampo suspeito,
Identif. ruptura medida
da amostra
cabo
nominal (conjunto
da ruptura OBS. o rompimento ocorreu do lado oposto, ou seja, junto a esse grampo.
CAA
[kgf] completo) Isso indica que grampos com mesma especificação podem ter diferen-
[kgf] e %
11.070 GA passante
tes confiabilidades devido a pequenos defeitos.
R2 Rail 11.750
94,2% Convém dar especial atenção à amostra G2, com cabo ACSR Gros-
G2 Grosbeak 11.429
7.000
GA passante Efeito gaiola beak, que se rompeu a uma tensão significativamente inferior às das
61,2%
11.000
demais amostras (aprox. 60% da carga de ruptura nominal do cabo),
D2 Drake 14.268 GA passante Efeito gaiola
77,1% devido principalmente ao menor diâmetro.
G1 Grosbeak 11.429
8.700
GA passante No ensaio da amostra G3 ficou mais nítido que a carga de ruptura
76,12%
ocorreu após uma tensão máxima, fato previsto na teoria da deforma-
G2 6.700
Grosbeak 11.429 GA passante ção dos materiais nos testes de tração. Na maioria dos ensaios, essa
(novamente) 58,6%

R1 Rail 11.750
8.900
GA passante
diferença foi imperceptível. Ao romper um tento, os demais, tendo de
75,7%
suportar individualmente maior carga, se rompem em cadeia, quase si-
* Estourou
D1 Drake 14.268
11.300 GA passante
o GA multaneamente.
79,2%
passante
Em alguns casos ocorreu a ruptura também da alma de aço e em
Chegou a
8.500; outros não. Quando ocorre a ruptura do cabo de alumínio, ocorre um
GA passante
G3 Grosbeak 11.429 Rompeu a afrouxamento da estrutura do cabo e dependendo do atrito entre o
8.300
72,6% alumínio e a alma de aço pode haver o escorregamento entre ambos.

Conversão de unidades:
1N = 0,102 Kgf 1 Kgf = 0,454 lb = 9,807 N
1 MPA = 1 N/mm2 = 0,102 Kgf/mm2
1 Kgf/mm2 = 1422,27 psi = 9,807 MPA = 9,807 N/mm2

Análise dos Resultados


Os cabos se romperam sempre junto aos grampos de ancoragem
Figura 5.10 - Rompimento do cabo junto ao grampo de ancoragem passante
passantes e nunca em sua extensão. A vantagem da utilização desses
grampos é que são reutilizáveis e não necessitam de ferramentas es-
peciais para sua instalação, além de ser possível mudar a direção do Quando da ruptura de um cabo, ocorre um som semelhante a um
cabo, porém, devido à curvatura dos cabos, esses são comprimidos de tiro de arma de fogo e um efeito interessante: na ponta oposta à rup-
um lado e esticados do outro, além de estrangulados não uniforme- tura, junto à primeira emenda, forma-se uma espécie de gaiola. Isso
mente, provocando a ruptura dos mesmos junto ao grampo, a tensões ocorre quando o cabo de alumínio se rompe. O cabo tensionado, ao se
romper, funciona como um estilingue. Libera uma onda de energia que

152 153
percorre o cabo e ao encontrar o anteparo da emenda, bate e volta. -se dar o aperto adequado nas porcas para não ocorrer escorregamen-
Na volta essa energia é dissipada deformando os tentos de alumínio na to do cabo.
forma de uma gaiola. Quando o grampo de ancoragem passante estiver em uso, com o
cabo tensionado, nunca se devem dar pancadas no mesmo, por exem-
No ensaio da amostra D1 ao invés de romper o cabo ocorreu o es- plo, marteladas, que podem ser muito perigosas, pois o grampo pode
touro do grampo da ancoragem passante, em aprox. 110 kN, com pro- estourar e lançar estilhaços.
jeção de fragmento do mesmo, embora o grampo seja especificado Os grampos de ancoragem mais modernos normalmente embutem
para cargas de até 132 kN. Embora a causa possa ter sido defeito de maiores avanços tecnológicos e de materiais, proporcionando maior
fabricação, de material ou defeito produzido, o mais provável é que o qualidade e confiabilidade. É possível que ainda existam muitos gram-
problema ocorreu devido à barra extensora de ferro utilizada, que não pos antigos em campo e grampos de materiais diversos. É importante,
se ajustava perfeitamente (era mais estreita) ao grampo, ficando assim então, que as pessoas que os utilizam tenham conhecimento das limi-
descentralizado, ou ao parafuso de tracionamento do grampo de anco- tações de cada um.
ragem passante, levemente torto, provocando maior força em um dos Embora o grampo de ancoragem passante e o cabo de aço CAA te-
lados, que no outro, produzindo uma força de cisalhamento. nham uma determinada tensão nominal de ruptura especificada, o
conjunto “cabo-grampo de ancoragem passante” apresenta uma carga
Foram também realizados ensaios com montagem irregular, do de ruptura real bem inferior às especificadas individualmente, além de
grampo de ancoragem, que produziram trincas mesmo com forças de apresentar uma grande variância na carga de ruptura.
tração bem inferiores às especificadas. Quanto menor o diâmetro maior é o efeito do estrangulamento e
estiramento das partes externas do cabo ao ser tencionado em curva,
Comentários e Recomendações provocando a ruptura do cabo em tensões bem abaixo da nominal.
Ao utilizar os grampos de ancoragem passantes a carga de ruptu- Os grampos passantes de ferro fundido, embora apresentem boa
ra nominal do cabo fica consideravelmente menor que a especificada resistência à tração, não resistem muito a impactos e forças de cisalha-
para o cabo, chegando a ficar em aprox. 60% da carga nominal no en- mento, pois são mais frágeis que dúcteis. Nesse caso, deve-se evitar
saio da amostra G2 (cabo ACSR Grosbeak com grampo de ancoragem que os mesmos sofram pancadas e ao serem montados não se utilizem
passante). parafusos tortos e os pontos de tração não estejam descentralizados.
Os grampos de ferro fundido, dependendo da composição, podem Conclui-se principalmente que para o cálculo do fator de segurança
apresentar alta resistência à tração e baixo custo, porém são mais frágeis a ser utilizado nos projetos, deve-se considerar o conjunto: “cabo +
que dúcteis. Assim, deve-se tomar muito cuidado na montagem, utilizan- grampo de ancoragem passante” e não apenas os valores individuais
do-se parafusos e suportes de materiais e dimensões apropriadas para de carga de ruptura nominais.
evitar forças de cisalhamento que podem: trincar, quebrar ou mesmo es- Ensaios de ruptura de emenda à compressão em cabo CAA (fase 2)
tourar o grampo, neste último caso, muito perigoso devido à projeção de
estilhaços. Deve-se dar preferência a grampos feitos de ferro fundido no- Objetivo
dular ou ligas de alumínio que apresentam maior ductilidade. O principal objetivo destes ensaios é verificar a resistência mecâni-
Deve-se atentar que antes de instalar o grampo de ancoragem pas- ca das emendas à compressão de linhas de alta-tensão, para avaliar a
sante deve-se inspecioná-lo antes, mesmo que visualmente, quanto a sua confiabilidade, principalmente em relação à carga de ruptura, após
trincas ou quebras que comprometem sua resistência mecânica. Deve- décadas de operação em campo.

154 155
tos e as tampas de proteção fechadas. Elas foram tracionadas até a
Preparação das amostras ruptura e os valores da carga de ruptura foram anotados.
Antes de realizar as medidas foi feito o “setup” das amostras. Para Resultados
prender as amostras de cabos na máquina de tração foram instalados Tabela 5.7 Medidas de tensão de ruptura de amostras de emendas
os grampos de ancoragem à compressão, para formar os corpos de retiradas de campo.
prova, como mostram as fotos a seguir.
ENSAIOS DE TRAÇÃO DE EMENDAS À COMPRESÃO ATÉ RUPTURA

OBSERVAÇÕES
CARGA DE CARGA DE
TIPO DO RUPTURA RUPTURA (todas as emendas
ENSAIO AMOSTRA
CABO NOMINAL OBSERVADA e grampos de
[Kgf] [Kgf] e %CRN ancoragem são à
compressão)
Em ensaio anterior
ocorreu o efeito
gaiola. Com
5.000 Kgf ocorreu
7.000 um forte estalo
1 2 1 INT/XAV 2 RAIL 11.750 (desengaiolamento).
59,6% A ruptura ocorreu
a 7.000 Kgf, numa
ponta dentro do
grampo de ancoragem
retirado de campo.
A ruptura ocorreu
11.000
numa ponta dentro do
2 INT/XAV 6 RAIL 11.750
grampo de ancoragem
93,6%
retirado de campo.
Chegou à tensão
de 10.700 Kgf sem
romper. Não foi
3 4 3 STO_A GROSBEAK 11.429 > 93,6%
possível tracionar mais
porque atingiu o fim
de curso da máquina.
A ruptura ocorreu
11.000
numa ponta dentro do
4 INT/XAV 5 RAIL 11.750
Figura 5.11 Preparação (setup1) das amostras (corpos de prova) para grampo de ancoragem
93,6%
retirado de campo.
os ensaios de tração: 1- Corte de tentos de alumínio com serra manual,
expondo a alma de aço; 2- Introdução das luvas do grampo de ancora- A ruptura ocorreu
11.300
numa ponta dentro da
gem; 3- luva da alma de aço posicionada dentro da matriz de tamanho 5 STO_5 GROSBEAK 11.429
emenda retirada de
adequado para prensagem; 4- luva externa de alumínio, do grampo de 98,9%
campo.
ancoragem, sendo comprimida no cabo ACSR, por meio de uma prensa
Foi utilizada a roldana
hidráulica. da máquina de
tração para permitir
13.900 comprimentos de
Ensaios 6 BSA 1 DRAKE 14.268 cabos maiores.
97,4% A ruptura ocorreu
As amostras foram colocadas dentro da máquina de tração, as bor- numa ponta dentro da
das das emendas foram marcadas para observação de escorregamen- emenda retirada de
campo.

156 157
ção e montagem, justificam a necessidade de uma profunda revisão
Os cabos se romperam sempre junto às emendas e nunca em sua dos procedimentos da instalação, montagem e manutenção e avalia-
extensão. Pôde-se observar que as tensões de ruptura das emendas ção da resistência elétrica dos diversos tipos de emendas empregados
ficaram num patamar acima de 90% das respectivas tensões nominais e sua variação no decorrer do tempo.
dos cabos, mas não acima destas, exceto a amostra (INT/XAV 2) que Recomenda-se também a avaliação amostral, em ensaios de tração
rompeu a aproximadamente 60% do valor da carga de ruptura nominal e de medidas de resistência elétrica e temperatura, para aceitação de
do cabo, ressaltando que essa amostra já havia sido altamente estres- lotes, dos diversos fornecedores de cabos e emendas (ensaios de rece-
sada em ensaio anterior que produziu o efeito de gaiola. bimento) e verificação de suas recomendações e certificados de qua-
lidade.
Conclusões e Considerações
Verificou-se que as medidas das emendas à compressão retilíneas Ensaios de ruptura de emendas pré-formadas em cabo CAA (fase 2)
resistem mais que as empenadas em diferença superior a 10%.
A ocorrência da não conformidade de empenamento decorre nor- Ensaios de tração em emendas pré-formadas até ruptura
malmente devido à má execução de instalação e montagem. As três amostras de emendas pré-formadas com aproximadamente
Mesmo por longo tempo em operação (décadas), as emendas à 6,7m de comprimento, já foram levadas ao local de ensaio montadas,
compressão bem montadas (executadas) e em condições normais de com grampos de ancoragem à compressão nas extremidades. A pri-
uso, de diferentes fornecedores, apresentaram boa resistência mecâ- meira amostra foi montada conforme especificação do fabricante. A
nica (maior que 90% da tensão nominal de ruptura do cabo) e boa segunda foi montada com a emenda mais curta em aprox. 20 cm e a
condutividade elétrica. Note-se, entretanto, que emendas novas apre- terceira amostra com corte nos tentos de alumínio, simulando-se as-
sentaram resistência mecânica acima da nominal como mostraram os sim, possíveis defeitos que podem ocorrer na montagem em campo.
ensaios o que mostra que os cabos e emendas de campo vêm sofrendo Os cabos foram identificados e foram feitas marcações nos cabos
um processo de fadiga mecânica. com caneta marcadora, junto às extremidades das emendas, para ser
Aconselha-se também, atentar para os casos de cabos e emendas possível observar possíveis escorregamentos e onde os mesmos ocor-
expostos à forte fadiga contínua ou grande fadiga instantânea, como rem.
por exemplo, quando ocorre a queda de uma árvore sobre linha de A máquina de tração utilizada comporta um comprimento útil de
transmissão. Essa fadiga diminui consideravelmente o valor da carga corpo de prova de até 8 metros. Tem capacidade de tracionar até 200
de ruptura do cabo e emendas do trecho comprometido. A fadiga tam- toneladas e possui uma precisão de 1%.
bém pode ser elétrica, como no caso de sobrecargas frequentes de A máquina de tração possui um sistema hidráulico para transmissão
corrente elétrica. Nos ensaios verificou-se uma queda para menos de da informação de carga de tração até o medidor de ponteiro e um sis-
60% do valor de carga de ruptura nominal do cabo, no caso de fadiga tema de pêndulo para calibração. É possível o registro da medida, por
mecânica provocada. Nas amostras ensaiadas não foram constatados meio de um traço de caneta sobre uma folha de papel.
problemas de fadiga de origem elétrica. Os ensaios foram realizados pelos técnicos do IPT. Durante os testes,
Ressalte-se ainda que, não foram detectadas falhas de fabricação, como medida de segurança foram utilizados EPIs (Equipamentos de Pro-
de processo, ou de material nas amostras ensaiadas. teção Individual) como capacete, luvas e óculos de proteção, tábuas para
As constatações de que as principais causas de falhas em emendas tampar a máquina de tração e cabines de proteção com janelas de vidro
estão associadas ao mau contato elétrico e à má execução de instala- para evitar possíveis estilhaços durante a ruptura dos corpos de prova.

158 159
Os visitantes observaram os ensaios de uma sala protegida com ja- Resultados
nelas de vidro espesso. Aos visitantes foram fornecidos capacetes de Tabela 5.8
proteção. ENSAIOS DE TRAÇÃO DE EMENDAS PRÉ-FORMADAS ATÉ RUPTURA
Nos ensaios das três emendas, os cabos se romperam junto aos CARGA DE CARGA DE
OBSERVAÇÕES
grampos de ancoragem à compressão e não na emenda pré-formada, ENSAIO AMOSTRA TIPO DO CABO
RUPTURA
NOMINAL
RUPTURA
OBSERVADA
(grampos de ancoragem
são à compressão)
a uma tensão aproximada de 12.500 Kgf (122,6 kN), superior à carga [Kgf] [Kgf]

de ruptura nominal (11.429 Kgf) . As emendas pré-formadas se manti- Compr. da emenda =


LEME 162 3,28 m.
veram íntegras em todas as situações. 1 01/12 GROSBEAK 11.429
12.500
Ocorreu ruptura de tentos
NORMAL e escorregamento junto
ao grampo de ancoragem.
Compr. da emenda = 3,30
m. com cortes nos tentos
de alumínio à 20 cm. da
LEME 162
12.500 borda.
2 02/12 GROSBEAK 11.429
CORTE
Ocorreu ruptura de tentos
e escorregamento junto
ao grampo de ancoragem.
Compr. da emenda =
3,10 m.
LEME 162
3 03/12 GROSBEAK 11.429 12.600
Ocorreu ruptura de tentos
CURTA
e escorregamento junto
ao grampo de ancoragem.

Figura 5.12 À esquerda: detalhe do grampo de ancoragem à compressão


e ocorrência de escorregamento do cabo. À direita: borda de emenda pré- Conclusão
-formada (parte mais larga) e efeito gaiola formado no cabo CAA (Condu-
tor de Alumínio com Alma de Aço).
As emendas pré-formadas novas apresentaram carga de ruptura su-
perior à carga de ruptura nominal do cabo, o que é muito bom. Não
ocorreu nenhuma ruptura ou escorregamento nas emendas pré-for-
madas, mesmo com pequenas falhas de montagem (exemplo: emenda
pouco mais curta).
Não foi possível determinar quantitativamente a carga de ruptura
das emendas pré-formadas porque, nos ensaios, a ruptura dos cabos
das amostras sempre ocorreu antes junto aos grampos de ancoragem
à compressão.
Não foram realizados ensaios com emendas pré-formadas usadas,
retiradas de campo.

160 161
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-conductors, for overhead lines”; Deutsches Institut Fur Normung E.V.
(German National Standard) / 01-Apr-1985 / 4 pages

162 163
Capítulo 6 O conhecimento de novas tecnologias e avaliação de potencial subs-
tituição dos atuais procedimentos é importante para o aperfeiçoamen-
to de procedimentos de monitoramento tal que sejam principalmente
mais eficientes, seguros e confiáveis.

Palavras-chave (Keywords)
Palavras-chave
Monitoramento de Linhas de Transmissão de Alta Tensão; Proteção
de Sistemas de Energia; Tecnologias Avançadas de Transmissão; Novas
Tecnologias em Linhas de Transmissão; Rede Inteligente; Manutenção
em linha viva; Sistema Robótico para inspeção de Linhas Aéreas de
Transmissão de Energia Elétrica; Inspeção térmica por infravermelho;
Novos monitoramentos e tecnologias Inspeção termográfica de linhas de transmissão; Inspeção por Radio-
emergentes grafia Digital;

Motivação Keywords
As inspeções em linhas aéreas vivas (energizadas) de transmissão High Voltage Transmission Line Monitoring; Power System Protec-
de alta tensão e suas emendas, conexões e isoladores são regularmen- tion and Control; Advanced Transmission Technologies; Transmission
te feitas à distância, de duas formas, em situações preventivas e emer- Line New Technologies; Smart Grid; live-power line maintenance; Ro-
genciais: botic powerline inspection; thermal IR inspection; Infrared Thermogra-
- Inspeção geral, onde os eletricistas detectam anomalias a olho nu phy; Power Line Thermal Imaging; thermographic inspections of elec-
ou através de binóculos. trical transmission; industrial digital x-ray radiography;
- Inspeção aérea utilizando-se helicópteros tripulados.
Em casos de manutenção e instalações muitas vezes os eletricistas Definições
escalam as linhas de alta tensão. Inspeção de rotina – Tipicamente realizada de forma periódica em
Com o envelhecimento das linhas aéreas de alta tensão, de trans- equipamentos em uso para diagnosticar deteriorações ou defeitos, an-
missão de energia elétrica, em operação há décadas, é crescente a tes que se tornem muito graves a ponto de não poder ser aplicada
preocupação com a inspeção mais rigorosa dos cabos e conexões, pre- manutenção preventiva ou identificada falha intermitente a tempo;
ferencialmente em menores intervalos de tempo ou em tempo real,
considerando o tempo de vida útil e confiabilidade das mesmas. Monitoramento - Observar em determinado período de tempo se
No mundo todo vêm sendo aperfeiçoados novos equipamentos e as condições de um objeto/equipamento estão dentro dos padrões, se
tecnologias para melhorar o processo de monitoramento, principal- sua condição é aceitável ou não aos padrões que se espera dele
mente com a utilização de robôs e evolução para smart grids (redes .
elétricas inteligentes). Radiologia Digital - A Radiografia digital é um sistema em que o
sensor é conectado ao computador por meio de um cabo e, através de

164 165
um aparelho digital de RX se obtém com extrema rapidez imagens de Exemplo: teste de carga de ruptura de uma seção de cabo.
ótima qualidade. Utiliza sensores digitais ao invés de películas.
Radiação Infravermelha (IV) - é uma radiação não ionizante na por- Teste não destrutivo – Ensaios não destrutivos são supostamente
ção invisível do espectro eletromagnético com frequências logo abaixo para não causar danos ou indevida deterioração do equipamento. A
do vermelho no espectro da luz visível. A radiação infravermelha foi palavra “supostamente” é usada aqui porque há uma preocupação em
descoberta em 1800 por William Herschel, um astrônomo inglês de alguns setores, sobre o teste não destrutivo. Há vários procedimentos
origem alemã. O calor é irradiado nessa faixa de frequências e é detec- que são suspeitos de colocar o equipamento a ser testado em estresse
tado pelas câmeras termográficas. considerável.

Raio gama (γ) - é um tipo de radiação eletromagnética ionizante de Visitas Realizadas a Empresas com Tecnologias Emergentes
alta energia, produzida geralmente por elementos radioativos. Possui Júlio Verne RX-Industrial
comprimentos de onda menores que 10− m ou frequências superio-
11

19
res a 3x10 Hz. É capaz de penetrar profundamente na matéria. Devi- Introdução
do à sua elevada energia pode causar danos às células. Foram ensaiadas na Júlio Verne RX-Industrial, amostras de emendas
Normalmente os raios-X são fótons com energia entre 100 eV e 100 contemplando três tipos diferentes de cabos ACSR (Rail, Drake e Gros-
keV, enquanto que raios gama são fótons com energias acima de cerca beak 636 MCM) de três regiões geográficas com características am-
de 100 keV. bientais distintas (Interlagos/Xavantes; Baixada Santista/Tijuco Preto
– Circuito 3; Seccionamento Salto da L.T. Baurú/Cabreúva), que ficaram
Raios-X - são radiações eletromagnéticas com frequências superio- por aproximadamente 30 anos em campo.
res às radiações ultravioletas, com energia para atravessar materiais Na Baixada Santista, por exemplo, o ambiente é bastante agressivo
de baixa densidade. em termos de poluição do ar, chuva ácida e salinidade. Em outras regi-
Hoje o “raio-X” possui vasto campo de aplicação. Além da aplica- ões, talvez a ação de chuvas, ventos ou sobrecarga de corrente elétri-
ção nas radiografias humanas, é utilizado no tratamento de câncer, na ca, sejam preponderantes para a vida útil do material.
pesquisa de estrutura cristalina dos sólidos, na indústria, na inspeção Os ensaios de Raios-X formam a primeira etapa, por ser um ensaio
interna de materiais e em muitos outros campos da ciência e da tec- não destrutivo, de um conjunto de ensaios, para avaliação da condição
nologia. dos cabos e emendas que permaneceram por décadas em uso.
Vale lembrar que, assim como outras coisas, esse raio possui ações
benéficas e maléficas. A exposição prolongada deste raio no corpo hu-
mano pode causar sérios danos à saúde como, por exemplo, disfun- Preparação das amostras
ções e morte de células, câncer, leucemia, entre outros. Cada amostra (corpo de prova) recebeu uma identificação em re-
levo da região de onde foram retiradas, além de identificações indivi-
Robô de monitoramento: equipamento que possibilita o monitora- duais, por meio de caneta atômica com tinta industrial vermelha não
mento com movimentos sistemáticos. lavável.
Teste destrutivo - Ensaios destrutivos estragam ou danificam o dis- Para associá-las às imagens digitais de radiografia, os técnicos radio-
positivo ou equipamento, podendo destruí-lo completamente. logistas acrescentaram identificações numéricas de chumbo.

166 167
provavelmente ocorreram na montagem e que não podem ser confi-
gurados como falhas de emendas.
Ensaios de Raios-X Os ensaios de Raios-X realizados nas amostras retiradas de campo
As amostras foram adequadamente enroladas e amarradas com de emendas à compressão de cabos de Linhas de Transmissão Aéreas
arame para que pudessem ser introduzidas nas câmaras e movimen- de Alta Tensão, que estiveram em operação por décadas, serviram para
tadas. uma primeira avaliação das condições internas dos cabos e emendas.
Em uma rápida análise visual, constatou-se que existiam certos des-
Obs.: As paredes e portas das câmaras são isoladas com placas de locamentos longitudinais nas emendas que talvez pudessem ter sido
chumbo entre placas de aço, para evitar o vazamento de radiação pre- causados por escorregamento. Entretanto, deduziu-se que ocorreram
judicial à saúde humana. na montagem, e que isso não se caracterizava como falha, já que não
causaram nenhum problema de operação ou de confiabilidade.
Verificou-se também que entre as luvas, interna e externa, havia
uma região com bolhas, semelhante a um queijo suíço, que foi consi-
derada normal, pois é a região da pasta antioxidante.
No conjunto, concluiu-se que no lote de amostras aparentemente
só existiam emendas bem executadas e sem nenhum problema inter-
no, como escorregamentos, defeitos de material, desgaste interno ou
defeitos de execução que pudessem causar falhas iminentes.

INTRON - Inspeção eletromagnética de cabos de aço


Objetivo
A visita à INTRON BRASIL (empresa de transferência de tecnologia
entre o Brasil e a Rússia que atua há mais de 30 anos no desenvolvi-
mento de tecnologias de inspeção não destrutivas eletromagnéticas)
Figura 6.1 Setor de uma amostra de emenda de LT, na tela LCD, sen- ocorreu no CONAEND 2012 (Congresso Nacional de Ensaios Não Des-
do inspecionada através de Raios-X. O número “1” é uma identificação
de chumbo. O traço horizontal mais escuro é a alma de aço que fica na
trutivos e Inspeção), promovido pelo PROMAI (Projeto Multinacional
parte interna do cabo. A parte mais estreita envolvendo a alma de aço de Avaliação de Integridade e Extensão de Vida de Equipamentos In-
são os tentos de alumínio e a parte mais larga é uma das pontas da luva dustriais).
da emenda à compressão. A parte escura e a mais larga é a base sobre
a qual a amostra é apoiada. O equipamento gera arquivos digitais dos O objetivo desta visita foi o de conhecer o “Sistema de Inspeção Ele-
ensaios. tromagnética em Cabos de Aço”, cuja principal finalidade atual é o de
inspecionar cabos de aço em pontes estaiadas, com vistas à utilização
Resultados como “Sistema de Monitoramento de Cabos ACSR” em linha viva.
Constatou-se que as emendas foram bem executadas, porém, fo-
ram observados em alguns casos, deslocamentos nas emendas, que A visita
O “Sistema de Inspeção Eletromagnética em Cabos de Aço” apre-
sentado é composto basicamente, por uma braçadeira que envolve o
168 169
cabo de aço e desliza sobre o mesmo a uma dada velocidade constante,
contendo ímãs permanentes e sensores de efeito Hall que detectam as
variações de fluxo de campo magnético e de um notebook contendo
software dedicado para armazenar dados e mostrar de forma gráfica ENTENDENDO O EFEITO HALL
as variações de fluxo magnético ao longo do cabo, os quais são propor- A figura esquematiza o arranjo experimental para o estudo do efei-
cionais às variações da área da seção transversal do cabo de aço. to Hall, onde há uma barra condutora com seção transversal A e pela
Antes da operação, é necessário calibrar os sensores Hall. Para tal, qual circula um feixe de elétrons com velocidade v.
utiliza-se um trecho de cabo padrão (amostra de controle), onde exis-
tem dois segmentos com diferentes áreas exatamente conhecidas.
O sistema se baseia no fato de que o cabo de aço possui elevada
permeabilidade magnética e em boas condições apresenta homoge-
neidade de material e de secção transversal, gerando um resultado
esperado. Os resultados não esperados se configuram como falhas.
Além de conseguir constatar outras anomalias, consegue detectar
nitidamente rompimento de tentos internos ou não, utilizando uma
técnica de posicionamento de sensores de efeito Hall em oposição.

O Sensor de Efeito Hall


EFEITO HALL
Em 1879, durante experiências feitas para se medir o sinal dos por-
tadores de carga em um condutor, o físico norte-americano Edwin Her-
bert Hall (1855-1938) percebeu a produção de uma força eletromo- Figura 6.2 Modelo didático para explicar o efeito Hall

triz (f.e.m.) numa placa metálica percorrida por uma corrente, situada
num campo magnético perpendicular a ela. Aplicando-se um campo magnético (B) na direção horizontal (Figu-
Já se sabia que quando um fio percorrido por corrente elétrica era ra 6.3) nota-se o surgimento de uma força magnética (FB) na direção
exposto a um campo magnético, as cargas presentes neste condutor perpendicular ao movimento dos elétrons, no sentido de cima para
eram submetidas a uma força magnética perpendicular que fazia com baixo. Esta força faz com que o movimento dos elétrons seja desviado
que seu movimento fosse alterado. para baixo. As cargas negativas acumulam-se na face inferior, e cargas
No entanto, o que Edwin Hall descreveu foi o surgimento de regiões positivas na face superior.
com carga negativa e outras com carga positiva no condutor, criando É importante notar que o campo magnético não exerce forças sobre
um campo elétrico que produz uma força elétrica sobre os portadores cargas elétricas em repouso.
de carga até o ponto de se equilibrar com a força magnética. O acúmulo de cargas positivas e negativas funciona como um ca-
Em sua homenagem este efeito ficou conhecido como Efeito Hall. pacitor de placas paralelas, criando um campo elétrico (EH) conhecido
como campo Hall. Esse campo gera uma força elétrica (FE) do efeito
Hall que se equilibra com a força magnética.

170 171
As características da força magnética foram determinadas pelo fí- que o atravessa. O ganho dessa tensão depende da posição relativa à
sico Hendrick Antoon Lorentz (1853-1920), e a força eletromagnética direção e sentido do fluxo magnético.
exercida sobre portadores de carga foi estabelecida por Lorentz. Esse dispositivo é o sensor de efeito Hall que serve para detecção
Força de Lorentz é a soma das forças devido às interações da carga ou medidas de campos magnéticos, inclusive determinando seu senti-
com o campo elétrico e com o campo magnético. Assim, obtemos: do. Por exemplo, é capaz de detectar a aproximação de um imã identi-
F = q.E + q . (v x B) ficando seus polos magnéticos (Norte ou Sul).
No equilíbrio:
FE = FB Sistema de Inspeção Eletromagnética em Cabos de Aço - Efeito Hall
A Inspeção Eletromagnética em Cabo de Aço Ferromagnético é pa-
q . EH = q.v.B ==> EH = v.B dronizada pela ASTM E 1571. O sistema apresentado utiliza o efeito
Hall para detecção das distorções dos fluxos magnéticos ocasionados
Sendo a densidade de corrente J = n.q.v, e a definição, J = i / A, por defeitos localizados, tanto na capa externa como no interior do
tem-se que: cabo. Por meio da medida da variação da intensidade do fluxo magné-
J = n.q.v = i / A ==> v = i / (n.q.A) tico que passa por fora do cabo pode-se indiretamente medir a perda
de seção transversal ao longo do cabo.
Então: EH = i.B / (n.q.A) O sistema funciona com a produção de campo magnético gerado a
onde: partir de imãs permanentes que atravessa o cabo de aço. Falhas na se-
EH = campo elétrico do efeito Hall; ção transversal do cabo causam distorções no fluxo magnético externo
i = corrente elétrica; que podem ser detectadas pelos sensores de efeito Hall.
B = densidade de fluxo magnético;
n = densidade de portadores de carga; Resumo da visita ao CPqD
q = carga do portador de carga; Conforme agenda, em setembro de 2012, compareceu a equipe do
A = área da seção transversal P&D para conhecer o protótipo SDC (Sistema de Detecção de Corrosão
v = velocidade dos portadores de carga em linhas), que atualmente é um protótipo de robô desenvolvido pelo
CPqD. Em sua terceira geração, já gerou patente, e hoje está sendo
A tensão elétrica produzida entre os planos superior e inferior, se- divulgado no mercado de distribuição de transmissão pela empresa
gundo a lei de Faraday-Neumann-Lenz, ou lei da indução eletromagné- “ENGELMIG - Transmissão & Distribuição”.
tica é dada por: O equipamento, que pesa 16 kg e opera a uma velocidade média de
b 30m/min, pode trabalhar em linha energizada e contém duas partes
Va - Vb = ∫a E . dl distintas: uma unidade móvel e uma unidade de controle (velocidade),
de coleta de dados e de verificação do sistema mecânico.
SENSOR DE EFEITO HALL O objetivo da visita foi o de verificar a possibilidade de utilizar o
Conforme visto, pode-se verificar que mantendo todos os parâme- equipamento na detecção de corrosão em emendas, porém, foi des-
tros constantes, pode-se produzir um dispositivo eletrônico capaz de cartada, devido a fatores como: o equipamento foi dimensionado so-
gerar uma tensão (f.e.m.) proporcional à densidade de fluxo magnético mente para cabos de forma que atualmente o SDC não comporta as

172 173
dimensões das emendas e o equipamento não reconhece o material que protegem a alma de aço da corrosão, detectando-a nos estágios
empregado na emenda. iniciais.

Desafios do projeto “Robô fase 3”:


Sistema de Detecção de Corrosão em Cabos - Vencer inclinações
de Linhas de Transmissão (SDC) - Percorrer linha viva (energizada)
O Sistema SDC - Instalação sobre a linha de alta tensão
- Diminuir o peso (atualmente em 16 Kg.)
Como mostra a Figura 6.4, o Sistema é composto por uma unidade - Autonomia da bateria. A bateria portátil pode ser carregada a par-
telecomandada (robô) e uma unidade de controle. O robô é instalado tir da bateria de um carro, por exemplo, durante o almoço.
no cabo e se desloca ao longo do mesmo até a torre vizinha. Durante - Testes em alta tensão (138 kV.)
o trajeto, o robô aplica um campo magnético que atravessa os tentos - Integração do Software em execução
de alumínio e atinge os tentos de aço. A resposta dos tentos de aço ao -Realização de testes em área externa
campo magnético, que varia de acordo com o estado da tinta protetora - Atualmente só caminha sobre condutores singelos e não consegue
à base de Zinco, é detectada pelo robô, que envia esta informação em transpor emendas e espaçadores, por exemplo.
tempo real para a unidade de controle. A unidade de controle é cons- Alternativas e tendências de soluções de monitoramento de linhas
tituída por um computador, um software dedicado e um rádio. Esta de alta tensão e suas conexões
unidade controla os movimentos do robô, registra as medidas realiza-
das e as analisa, emitindo um diagnóstico sobre a integridade do cabo. Sistema de Termovisão (Infravermelho)
A radiação de luz infravermelha é uma radiação eletromagnética
Apresentação fora do espectro visível, porém sensível às câmeras infravermelho.
O projeto do “Robô fase 1” ocorreu entre 2004 e 2006 (18 meses) As modernas câmeras infravermelhas medem com precisão a tem-
para cabos CAA 110,8 MCM a 1113,0 MCM, sendo o projeto bem suce- peratura dos objetos e a distribuição de temperatura, mesmo de pe-
dido, o que gerou patente e motivou a sua evolução. quenos objetos em movimento.
No “Robô fase 2” foi inserida a câmera para inspeção visual adicio- Elas podem ser acopladas a softwares de imagem térmica que mos-
nal. Já no projeto do “Robô fase 3”, de 2010 a 2013 (32 meses), o Robô tram a aquisição de dados em tempo real e têm capacidade de analisar
percorre uma linha singela energizada sem emendas, entre torres de as imagens.
alta tensão, a uma velocidade de até 30 m/min, e em uma situação Em linhas de transmissão de energia elétrica, as falhas em conexões
real percorre 300 m em aprox. 18 a 20 min. O sistema é provido de provocam o aumento de resistência ôhmica com consequente aumen-
para-raios e radiocomunicação a 2.4 GHz. A tecnologia empregada é to de dissipação de energia e temperatura.
inovadora. Não se baseia numa pura inspeção eletromagnética, onde A termovisão permite constatar diferenças de temperatura, mas
se detecta a variação de permeabilidade magnética quando a alma de não falhas internas e uma termovisão à distância, ao ar livre, tem re-
aço já está seriamente comprometida, mas utiliza técnicas de variação sultados fortemente mascarados por sol e ventos, como no caso de
de frequência, que permitem verificar o estado das camadas de Zinco, linhas de transmissão aéreas.

174 175
Embora a termografia seja uma excepcional ferramenta de inspeção Os Raios-X e Raios Gama são radiações de alta frequência e energia,
de linhas de transmissão, sem contato, vários cuidados, que afetam os capazes de atravessar estruturas da matéria, permitindo visualizar o
resultados das medições devem ser tomados: interior da mesma.
O equipamento de Raios-X digital utiliza sensores eletrônicos ao invés
1) Condições ambientais: Vento, temperatura, umidade, poluição, da tradicional película fotossensível, permitindo a visualização de ima-
absorção, sujeira, fumaça, reflexões; gens em tempo real, bem como o armazenamento das mesmas.
2) Procedimentos de medição: Número de imagens, hora do dia, O monitoramento em linhas energizadas (linha viva) com a utilização
período do ano, distância, corrente elétrica e estabilidade no momen- de robôs portáteis de teste é promissor, porém ainda existem grandes
to da medição; dificuldades a serem vencidas, para sua viabilização, como por exemplo,
3) Termocâmera: Calibração, estabilidade, temperatura do detec- a fonte de alta tensão que é pesada e consome muita energia.
tor, ajuste de emissividade, linearização, filtro;
4) Materiais: Rugosidade, emissividade, transmitância, reflectância,
cavidade, fluorescência;

Outros pontos a considerar:


Este tipo de inspeção é periódico (semestral, anual, etc.) e não de-
tecta contingências súbitas.
Detecta as anomalias quando já são relativamente consideráveis.
A linha deve estar em operação para que haja dissipação elétrica e
o consequente aumento de temperatura.

Sistema de monitoramento por ultrassom (convencional)


Figura 6.3 Espectro de radiação eletromagnética
Princípio físico:
O som é propagado no material. Quando há descontinuidades o Relações:
som refletido produz diferentes fases. c=λ.f
Embora esse sistema seja simples e não ofereça riscos não se pode E=h.f
precisar os tipos de descontinuidades e os resultados são de difícil in- onde:
terpretação, no caso de inspeções industriais. c = veloc. da luz = 3x108 m/s; λ = compr. de onda; f = frequência;
Existem novas tecnologias, como o phased array que oferece mui- E = Energia do fóton; h = constante de Planck = 4,135 x 10-15 eV.s
tas vantagens, mas além de cara, ainda não foi totalmente aprovada e
conserva muitas limitações.
Sistema de Raios-X (X ray) e de radiação gama X (Gamma ray)

176 177
Tabela 6.1 Espectro de Radiação Eletromagnética apresentando apro- Essa foi a primeira vez que uma radiação que atravessa a matéria foi
ximadamente a faixa de comprimento de onda, frequência e energia, observada.
de cada região Logo surgiram aplicações práticas para os raios-X. Também se veri-
ficou que dependendo da intensidade podem ser muito prejudiciais à
saúde, desta forma, foi constatada a necessidade de se utilizar radio-
Espectro de Radiação Eletromagnética
proteção.
No âmbito das aplicações industriais, devemos salientar seis pro-
Compr. Onda Compr. Onda Frequência Energia
Região
(Angstroms) (centímetros) (Hz) (eV)
priedades das radiações penetrantes que são de particular importân-
cia:
Rádio > 10
9
> 10 < 3 x 10
9
< 10
-5
- Deslocam-se em linha reta;
- Podem impressionar películas fotográficas, formando imagens;
9 6 9 12 -5
Micro-ondas 10 - 10 10 - 0.01 3x10 -3x10 10 - 0.01 - Provocam o fenômeno da fluorescência;
- Podem atravessar materiais opacos à luz e ao fazê-lo, são parcial-
Infravermelho
6
10 - 7000 0.01 - 7 x 10
-5 12
3x10 -4.3x10
14
0.01 - 2 mente absorvidos por esses materiais; têm a propriedade de atraves-
sar materiais de baixa densidade e são absorvidos por materiais mais
densos;
Visível 7000 - 4000
-5
7x10 - 4x10
-5 14
4.3x10 -7.5x10
14
2-3
Provocam efeitos genéticos;
Provocam ionizações nos átomos.
Tanto a radiação X como a Gama são ondas eletromagnéticas, por-
-5 -7 14 17 3
tanto, não têm matéria e se propagam tanto no ar como no vácuo.
Ultravioleta 4000 - 10 4x10 - 10 7.5x10 - 3x10 3 - 10
Diferentemente das demais ondas, conseguem atravessar muitos ma-
teriais opacos, sendo seletivamente absorvidos por eles durante sua
Raios-X 10 - 0.1
-7
10 - 10
-9
3x10
17
- 3x10
19 3
10 - 10 (*)
5
travessia. São radiações de altíssima frequência e energia, principal-
-9 19 5
mente os raios Gama. Ambas são ondas eletromagnéticas ionizantes,
Raios Gama < 0.1 < 10 > 3 x 10 > 10
capazes de mudar a estrutura da matéria. Assim, sua exposição em
(*) Embora não seja usual, na realidade os raios-X não estão limitados a 105 eV. Eles humanos pode ser altamente danosa à saúde. Ao se lidar com essas
podem teoricamente chegar a ter mais energia que os raios Gama. radiações, é muito importante o conhecimento e cuidados com a ra-
dioproteção, adicionando-se o fato de que são radiações fora do es-
Os raios-X foram descobertos pelo físico alemão Wilhelm Conrad pectro visível.
Röntgen (William Roentgen) (1845-1923) em 1895. Roentgen verificou Embora os raios-X e raios Gama sejam semelhantes, diferem na
que quando um tubo de raios catódicos era submetido a uma eleva- energia, na frequência e na forma de geração. O comprimento de
díssima tensão, uma tela ficou iluminada mesmo estando isolado por onda da radiação Gama é de dimensões subatômicas. A geração de
um pesado quadro negro que deveria impedir que a radiação eletro- raios-X necessita de fontes de alta-tensão. Os Raios-X de alta energia,
magnética chegasse à tela. Notou que mesmo pondo outros materiais geralmente produzidos com tensão superiores a 120 kV, são também
entre o tubo e a tela a radiação os atravessava. Colocou então sua mão chamados de raios “duros”. Os Raios-X gerados com tensão inferiores
entre o tubo e a tela e foi capaz de ver a sombra de seus ossos na tela. a 50 kV são chamados Raios-X “moles”. Devido à forma de geração

178 179
quantizada de energia são também comuns os termos quantum de ra- Existe a possibilidade de inspeção de linhas vivas de alta tensão,
diação eletromagnética e fóton (termo cunhado por Gilbert N. Lewis ainda em desenvolvimento.
em 1926) que é o quantum elementar. O Sistema de Inspeção Eletromagnética em Cabos de Aço - Efeito
Já para a produção de raios Gama utilizam-se isótopos radioativos Hall é uma alternativa razoavelmente simples e economicamente viá-
que emitem radioatividade mesmo quando o aparelho está desligado, vel para detecção de cabos já comprometidos, como por exemplo, com
requer extremos cuidados de conhecimento, segurança e proteção. rompimentos ou trincas de tentos internos, na alma de aço, pois se de-
A radiografia convencional utiliza película foto sensível ao passo tecta variações na área da secção transversal do cabo de aço, porém,
que os modernos equipamentos utilizam sensores de radiografia digi- precisa ser aperfeiçoado para aplicações em linha viva.
tal para a aquisição de imagens digitais em tempo real. Outra observação importante é que atualmente não é apropria-
A radiografia é um dos mais importantes e versáteis métodos de en- do para inspeção de emendas em linha viva, pois as emendas não
saios não destrutivos na indústria moderna, empregando os altamente são homogêneas e têm características e dimensões particulares.
penetrantes raios-x e raios gama, para localização de falhas internas de Existem estudos que ainda se encontram no campo teórico ou ex-
diferentes objetos de diversos tamanhos (micro componentes a gigan- perimental.
tescos) e materiais (fundidos, soldagens, montagens, materiais orgâni-
cos e inorgânicos, sólidos, líquidos e até gases), garantindo a confiabi- “Sistema de Inspeção Robotizada de Linhas de Transmissão Ener-
lidade do produto. gizadas (Linhas Vivas)”
No entanto, como a radiação X e Gama são ionizantes e prejudiciais Atualmente existem dois sistemas específicos, que se encontram
à saúde humana, dependendo da intensidade e tempo de exposição, em estágio mais avançado de desenvolvimento ou mesmo operacio-
além de serem invisíveis à olho nu, devem ser tomados os devidos cui- nais: O Expliner, robô japonês e o LineScout, robô canadense, que são
dados de proteção quanto à exposição humana a essas radiações. acrobáticos e capazes de transpor as barreiras existentes ao longo das
A radiografia industrial é economicamente viável tanto para exame linhas de transmissão.
ocasional de uma ou várias peças quanto para análise de centenas de Esses robôs podem carregar equipamentos de monitoração como
amostras por hora e mesmo para linhas de produção. câmeras comuns e infravermelhas e diversos sensores.
A inspeção por raios-X em linha viva é possível, porém cara e com- No futuro poderão se integrar à rede inteligente por meio de comu-
plexa no estágio atual. Com o rápido avanço das tecnologias de ro- nicação sem fio.
bôs telecomandados de inspeção em linha viva, e de equipamentos Existe o projeto SDC, de um robô brasileiro bem mais simples, para
de raios-X portáteis, alavancados por investimentos de P&D, é possí- detecção de ferrugem na alma de aço.
vel que no futuro esse tipo de monitoramento se torne uma realidade
técnico-econômica. Veículos aéreos não tripulados para inspeção de linhas de transmissão 
Existem vários projetos desse tipo em desenvolvimento.
“Sistema de Inspeção Eletromagnética em Cabos de Aço - sensor São destaque o Aibotix alemão, que é um hexacóptero telecoman-
de efeito Hall” dado e o Asa Branca, avião de tecnologia brasileira, não tripulado, pro-
O “Sistema de Inspeção Eletromagnética em Cabos de Aço - senso- jetado pelo ITA, para inspeção de linhas de transmissão e apresentado
res de efeito Hall” é um equipamento com tecnologia russa, para ins- na Rio+20.
peção de cabos de aço, principalmente de elevação de carga e pontes
estaiadas.

180 181
A Eletrobrás Chesf, em parceria com o Centro de Estudos e Sistemas padronização como a União Internacional das Telecomunicações (UIT),
Avançados do Recife (Cesar) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica o National Institute of Standards and Technology (NIST), a American
(ITA), desenvolveu dois veículos aéreos não tripulados, um avião e um National Standards Institute (ANSI) e International Electrotechnical
helicóptero, para o trabalho de inspeção técnica de linhas de transmis- Commission (IEC).
são. A tecnologia permite reduzir em até dez vezes custos com esse O medidor inteligente (Smart Meter) substituirá os velhos medido-
tipo de monitoramento. As aeronaves foram expostas no estande da res de energia elétrica e é o primeiro passo na implantação da rede
Eletrobrás na conferência internacional Rio+20. inteligente no Brasil, que já se iniciou com a implantação de projetos-
-piloto, com destaque para as cidades de APARECIDA,SP e BÚZIOS,RJ.
SMART GRID e monitoração Ele eliminará a necessidade do “leiturista” para emitir as contas de
As “smart grids” são as redes elétricas inteligentes do futuro. Vários energia e terá interatividade com os usuários. Ele permitirá levantar o
países, já começaram a desenvolvê-las, inclusive o Brasil e quando es- perfil de consumo, verificar desvios de energia, controlar picos de con-
tiverem num estágio mais avançado já embutirão o monitoramento de sumo e várias outras coisas que proporcionarão economia, facilidades
toda a rede. É importante considerá-las nas decisões sobre monitora- operacionais e eficiência energética.
mento. Como provavelmente serão anos até que isso aconteça é con- As redes elétricas inteligentes (Smart Grid) com sensores e câmeras
veniente investir em tecnologias que futuramente poderão se integrar inteligentes de monitoramento, estrategicamente posicionados na rede,
às smart grids. promoverão a inspeção, supervisão e controle em tempo real com a gera-
Resumidamente, as “smart grids” ou redes inteligentes são redes ção de alarmes e acionamentos automáticos quando pertinente.
de energia elétrica integradas com sistemas de telecomunicações e As Smart Grids são uma tendência mundial, porém, existe um lon-
informática e que agregam várias tecnologias. go caminho até que sejam totalmente operacionalizadas. É necessário
Uma rede inteligente englobando geração, transmissão, conversão, que as padronizações, regulamentações, aprovações e cadeia de fa-
distribuição e consumo de energia elétrica agrega tecnologias de mo- bricantes e fornecedores as viabilizem. As implementações ocorrem
nitoramento, automação, telecomando, compensação, repotenciação, em etapas, conforme a tecnologia vai avançando e os riscos vão sendo
geração distribuída, proteção, geração alternativa, principalmente de mitigados.
fontes renováveis, armazenamento, medidor inteligente, etc. para pro- Até lá, as monitorações convencionais utilizando helicópteros, ins-
mover a eficiência energética (diminui perdas), confiabilidade (evita peção visual e termovisão infravermelha continuam figurando entre as
sobrecarga e indisponibilidade da rede), segurança (aciona sistemas de principais ferramentas de monitoramento, concomitantemente a pro-
proteção automaticamente), redução de custos operacionais (manu- jetos pilotos e desenvolvimentos independentes de pesquisa básica e
tenção; planejamento de rede; mercado; equilibrio da oferta/deman- aplicada, em busca de novos monitoramentos e tecnologias emergen-
da; transporte de energia), sustentabilidade do ecossistema (diminui tes.
emissão de CO2 e preserva a natureza) e do sistema elétrico (garante o
desenvolvimento atual sem comprometer o futuro). Tecnologias emergentes em linhas de transmissão
Quanto ao software, a rede inteligente é um sistema distribuído, Geração de energia distribuída
orientado a objetos. Quanto ao hardware, é um sistema distribuído Da crescente preocupação mundial com a sustentabilidade e a ne-
com diversos dispositivos eletrônicos inteligentes (IED) interoperáveis, cessidade de geração de energia limpa e renovável decorrem a eficiên-
distribuídos pela rede, que devem seguir padrões e normas interna- cia energética e geração distribuída.
cionais para Smart Grid, muitos ainda em elaboração por órgãos de O atual estágio da tecnologia permite que pequenas gerações de
energia (Potências < 1 MW) sejam geradas a partir de geradores eóli-
182 183
cos, solares, biomassa e hidráulicos, que podem ser integrados à rede Em 1960 foi desenvolvida uma liga de alumínio (TAL) com recozi-
de energia elétrica e que num futuro próximo, com os medidores inteli- mento e fluência, em altas temperaturas, melhorados em relação à liga
gentes, possam ser contabilizados para créditos de energia. Aliás, essa de alumínio 1350 convencional.
prática é incentivada pelo governo brasileiro, pois além de representar A diferença básica entre da liga TAL está na composição química,
maior disponibilidade de energia, benefício ao consumidor, estimula a com um maior percentual do elemento químico zircônio, que propor-
pesquisa, desenvolvimento e economia para o país e será possível com cionou a redução da perda de resistência mecânica dos cabos de trans-
a implantação da rede inteligente. missão, mesmo a elevadas temperaturas aumentando assim sua vida
útil, nessas circunstâncias.
Flexible AC Transmission Systems (FACTS) Os condutores são identificados com a letra T no início.
Visando melhorar o aproveitamento dos sistemas CA existentes Exemplos:
através do aumento de suas capacidades de transmissão, têm surgi- TACSR - Termo resistente (636 MCM – T-Grosbeak)
do diversos equipamentos da tecnologia da eletrônica de potência T-CAA Condutor de Liga de Alumínio Termo Resistente com Alma
que possibilitam reduzir os investimentos em expansão de sistemas de Aço
de transmissão. Este conjunto de novos equipamentos tem sido desig- Estruturalmente os cabos termo resistentes e convencionais são se-
nado FACTS, indicando o objetivo maior de sua aplicação: a obtenção melhantes e podem ser utilizadas as mesmas ferramentas na instala-
da flexibilidade do sistema de transmissão (Flexible AC Transmisson ção das emendas.
System). Tais equipamentos são normalmente compensadores de rea-
tivos em série ou/e em derivação com as linhas e são controlados por Atenção: No caso de aplicação de emenda implosiva deve-se sem-
tiristores. pre seguir as recomendações do fabricante porque neste caso a emen-
da depende muito da composição química e física dos materiais. Nesse
Emendas implosivas (implosive splicing) tipo de emenda os materiais vão se fundir, sendo muito importante
As emendas implosivas apresentam ótima qualidade de conexão o processo considerando a carga de explosivos, materiais incluídos e
elétrica e mecânica e não usam equipamentos de compressão, o que duração da implosão.
faz a tecnologia de emendas à implosão ser uma alternativa para a
prática de emendas em linhas de transmissão. Supercondutores
Essa tecnologia aplicada a emendas de linhas de transmissão é re- Uma das principais características dos supercondutores é que têm
lativamente recente o que provoca uma barreira à sua aceitação ime- a resistividade nula, portanto numa linha de transmissão não teriam
diata pelas concessionárias de energia elétrica. Outras barreiras são nenhuma perda térmica. Seriam os condutores ideais.
as necessidades especiais de treinamento e autorizações necessárias A resistividade elétrica dos condutores metálicos decresce gradu-
para manuseio, armazenamento e transporte de explosivos. Há tam- almente quando se diminui a temperatura. No entanto, em conduto-
bém o som explosivo na instalação que embora dure menos que um res normais como o cobre e a prata, esse decréscimo é limitado por
segundo, pode requerer licença ambiental. impurezas e outros defeitos. Mesmo próximo ao zero absoluto, uma
amostra de cobre apresenta resistência, mas num supercondutor a re-
Cabos termo resistentes sistência cai abruptamente a zero quando o material é resfriado abaixo
de sua temperatura crítica.

184 185
O efeito da supercondutividade foi descoberto em 1911 pelo físi- Linhas de Transmissão com Potência Natural Elevada (LPNE)
co holandês Heike Kamerlingh Onnes, que percebeu que o mercúrio A Linha de Transmissão com Potência Natural Elevada (LPNE) é uma
perdeu toda resistência elétrica quando a temperatura caiu abaixo de tecnologia que pode até triplicar a capacidade de transmissão de uma
4 graus Kelvin, próximo do zero absoluto ou -269 graus Celsius. Desde linha e que, no entanto, está sendo utilizada em apenas 3% do sistema
então outras importantes propriedades dos supercondutores foram nacional de transmissão elétrica. Originária da Rússia, a LPNE, também
descobertas e explicadas, como o de repulsão magnética, batizado de conhecida como HSIL (High Surge Impedance Loading Line), foi trazida
Efeito Meissner que é tão intenso que um ímã levita sobre o material para o Brasil em 1992 e teve um alto grau de desenvolvimento nacio-
que está superconduzindo. Outro efeito importante é o Efeito Joseph- nal nos laboratórios do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel),
son, descoberto em 1962 por Brian David Josephson que fez a previsão no Rio de Janeiro, ligado à Eletrobrás. Para que a técnica se adaptasse
teórica de que a corrente elétrica pode fluir entre dois supercondu- ao Brasil, foram necessários alguns anos de pesquisa e a criação de
tores, mesmo quando os mesmos estão separados por um material softwares específicos para as LPNE nacionais, o que aumentou a capa-
isolante. citação brasileira no desenvolvimento de distribuição de energia.
Prêmio Nobel de 1972, os físicos estadunidenses John Bardeen,
Leon Cooper e Robert Schrieffer, desenvolveram a teoria clássica bati- RMLT - Estações meteorológicas em torres de alta tensão para
zada por teoria BCS, as iniciais dos respectivos sobrenomes, para des- monitoramento de condições ambientais
crever o fenômeno da supercondutividade nos metais, ou materiais O RMLT é um projeto desenvolvido pela UFSC com auxílio da FI-
condutores de corrente elétrica. NEP para definir requisitos e metodologia para a utilização de estações
Johannes Georg Bednorz e Karl Alex Mueller, pesquisadores do La- meteorológicas instaladas em torres de alta tensão para a medição e
boratório da IBM na Suíça, vencedores do Prêmio Nobel em 1987, ob- transmissão em tempo real de dados de velocidade e direção do ven-
tiveram a supercondutividade em compostos cerâmicos, que são iso- to, umidade, temperatura de bulbo seco do ar, radiação solar, pressão
lantes à temperatura ambiente, a 35 graus Kelvin. atmosférica, e precipitação, com a finalidade de determinar os limites
Muitas pesquisas continuam sendo realizadas, mas ainda não se de carregamento dinâmico de LTs, e aprimorar a determinação dos li-
conseguiu supercondutores à temperatura ambiente. mites de carregamento a serem utilizados em estudos de expansão da
rede elétrica, programação e planejamento da operação e operação
Cabo OPGW (Optical Ground Wire) em tempo real.
O cabo OPGW é um cabo pára-raios, instalado no topo das torres de
transmissão, com fibras ópticas em seu interior, protegidas por tubos Considerações finais sobre tecnologias emergentes para linhas de
de aço ou alumínio. O cabo OPGW, como o próprio nome diz, é um fio transmissão
terra que protege as linhas de transmissão e seu entorno. Existem novas tecnologias que possibilitam o aumento da robus-
A conjugação das fibras ópticas das próprias Linhas de Transmissão tez e da resiliência do sistema e que podem minimizar o impacto da
(cabos OPGW) com a malha do sistema de distribuição elétrica e óptica ocorrência de não conformidades. Algumas formas de mitigar estes
contribui efetivamente na convergência das redes elétricas e ópticas possíveis riscos são gerações distribuídas de energia elétrica (com
que são fundamentais na implantação das redes inteligentes (smart menor uso da rede de transmissão), FACTS (Flexible AC Transmission
grids). Systems), LPNE (Linhas de Transmissão com Potência Natural Elevada),
emendas implosivas e cabos termo resistentes.

186 187
O cabo OPGW, que é instalado em torres de transmissão de energia por meio de helicópteros tripulados, equipados com câmeras infraver-
não é mais novidade, mas é uma das alternativas de mercado para melho. Os relatórios são manuais.
fortalecer o backbone, a espinha dorsal da internet, e para construir o Os monitoramentos nas terminações das linhas de transmissão são
backhaul, a rede que liga essa estrutura central às cidades. feitas por meio de subestações automatizadas com acionamento auto-
Atenção: O lançamento de cabos de transmissão deve ser feito com mático de circuitos de proteção e sistemas SCADA (supervisory control
cuidado e com procedimentos, ferramentas e treinamentos adequa- and data acquisition). Os Sistemas de Supervisão, Controle e Aquisição
dos, pois já ocorreu acidente devido à forte energia torçora que nor- de Dados (SCADA) servem de interface para o operador e destinam-se
malmente armazenam e que é liberada quando o cabo é cortado. ao controle e monitoração das redes de energia elétrica, ao passo que
A geração distribuída, o uso de FACTS e do cabo OPGW estão em ex- o Sistema de Gestão de Distribuição (DMS) ajuda no controle da rede
pansão. A tecnologia das emendas implosivas é relativamente recente de distribuição elétrica. Esses sistemas permitem, aos operadores de
e o seu uso no Brasil ainda encontra restrições, pois há necessidade de redes elétricas, controlar a gestão da rede e do fluxo de energia e ajuda
treinamento, armazenamento, transporte e manuseio de explosivos a reduzir os custos de manutenção e a acelerar a pesquisa e eliminar
por pessoas qualificadas e autorizadas. de avarias.
Os cabos termoresistentes apresentam maior confiabilidade térmi- Na supervisão de linhas de transmissão os sistemas de automação,
ca a um maior custo, sendo adequado para linhas de transmissão que controle e proteção devem ser eficientes, pois há falhas que devem
operam em regime contínuo ou em locais de alto trânsito de pessoas. ser resolvidas em frações de segundo ou segundos, para evitar, por
Nas recapacitações (ampliação da capacidade ou substituição de cabos exemplo, a ruptura de um cabo de energia elétrica. Os sistemas antigos
antigos), muitas concessionárias têm optado por esse tipo de cabo, podem ser ineficientes em alguns casos.
lembrando que em altas temperaturas seu desempenho elétrico é me- Novas tecnologias
lhor que o dos convencionais de mesma bitola. O momento é propício para a modernização das redes de energia
Quanto aos supercondutores, apesar das pesquisas, ainda não são elétrica no mundo todo. Diversos workshops (reuniões de trabalho),
capazes de operar à temperatura ambiente. palestras, projetos de P&D, publicações, teses, pesquisas, projetos pi-
Análise de novos monitoramentos e tecnologias no contexto brasi- loto, inovações, etc. estão simultaneamente ocorrendo ao redor do
leiro mundo. Trata-se de uma revolução no setor energético de grande im-
portância econômica, ambiental e social.
Monitoramento de Linhas Aéreas de Alta Tensão no Brasil Tecnicamente, os rumos dos novos monitoramentos e redes elé-
Cenário atual tricas inteligentes (smart grids), no Brasil, estão sendo definidos por
A confiabilidade, proteção e manutenção da rede alta tensão de instituições ligadas aos setores de energia elétrica e de tecnologias de
forma preditiva (que prediz antecipadamente) depende de monitora- informação e comunicação (TIC). Dentre elas o CPqD, que participa de
mentos. um plano nacional de smart grid, detentor de know-how em TIC, den-
Atualmente, no Brasil, os monitoramentos in loco, ao longo das li- tre elas a tecnologia de fibra óptica.
nhas de transmissão, são realizados na maioria dos casos por meio de Existem diversas e importantes instituições e empresas ligadas ao
inspetores que vão a campo e visualmente inspecionam as linhas de setor, porém para que haja convergência em relação aos rumos a se-
transmissão utilizando recursos como binóculos e filmadoras. Periodi- guir, nada melhor que workshops envolvendo os principais players
camente, com menor frequência, também são executadas inspeções (participantes ativos):

188 189
Nos dias 5 e 6 de dezembro de 2012, no Auditório do CPqD, ocorreu São destaques, o projeto de Aparecida/SP, que utiliza o primeiro smart
o Workshop Internacional CIGRÉ BRASIL – “Estado da Arte em Tecno- meter com tecnologia nacional e o projeto Cidade Inteligente Búzios.
logias para Monitoramento em Tempo Real (RTM) de Linhas de Trans- Eles incorporam conceitos de microgrid (micro smart grid) com micro
missão”, com especialistas nacionais e internacionais. geração de energia eólica e solar, como se fossem sistemas de geração
Política e economicamente, as diretrizes e regulação estão princi- independente de energia elétrica, conectados ao SIN (Sistema Interli-
palmente atreladas ao Ministério de Minas e Energia (MME) e à Agên- gado Nacional). Neste caso, em caso de “apagão1” generalizado, a cida-
cia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). de não fica às escuras, podendo inclusive fornecer energia para o SIN.
Em relação aos novos monitoramentos de linhas aéreas de alta ten-
são, no contexto brasileiro, é fato que as definições sobre a rede inte-
ligente brasileira irão impactar em como os monitoramentos serão re-
alizados no futuro próximo. A prioridade na implantação da smart grid
tem sido dada às redes de distribuição, com os medidores inteligentes
(smart meters) e gerações alternativas de energia elétrica.
No monitoramento dos sistemas de transmissão, o monitoramento
em tempo real (RTM) e tecnologias como o sistema de informações
georeferenciadas (GIS) e de processamento digital de imagens (PDI),
para localização e análise de faltas1 estão em evolução.
Quanto ao uso de veículos aéreos não tripulados para inspeção de
linhas de transmissão, existem vários trabalhos e desenvolvimentos
isolados que ainda precisam ser aprimorados para uso profissional,
com destaque para o VANT do IAE-CTA com tecnologia nacional.
Quanto à utilização de robôs de monitoração, são destaques o pro-
jeto japonês Expliner e o canadense LineScout. Com tecnologia nacio-
nal, destaque para o SDC, porém bem mais limitado. Podem ser utiliza-
dos em casos específicos.
Os projetos de inspeção eletromagnética e por raios-x em linha viva
ainda estão no campo exploratório.
Vale lembrar que os novos equipamentos devem atender à proto-
colos padrão e ter qualidade e precisão certificadas pelo INMETRO e
receber aprovação da ANEEL, para se integrarem à rede inteligente.
Quanto aos projetos piloto de smart grid no Brasil, existem vários,
principalmente relacionados à implantação de medidores inteligentes
na rede de distribuição de energia elétrica, utilizando os incentivos
de P&D, promovido pelo governo federal por meio da lei 9.991/2000.
1 Apagão: Blecaute; Falta de energia generalizada; Escurecimento completo.
1 Falta: Falha imprevisível

190 191
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194 195
Capítulo 7 Conceitos fundamentais de confiabilidade de componentes e sistemas.
Entende-se por Análise de Confiabilidade como sendo uma ciên-
cia que possui ferramentas teóricas (modelos estatísticos e probabi-
lísticos) e práticas por meio das quais a probabilidade e a capacidade
dos itens (componentes, equipamentos, sistemas, etc.) podem ser es-
timados, considerando-se: 1) a função requerida em um determina-
do período de tempo; 2) a não existência de falhas; 3) as condições
ambientais (pressão, temperatura, vibração, etc.) especificadas. Os
valores dos indicadores de confiabilidade (MTBF, Mediana, Percentil,
etc.) devem conter intervalos de confiança desejados pelo analista -
modificados de Kececcioglu (2002, p.2 ). Neste conceito ainda se inclui
a necessidade de desenvolver testes de demonstração, características
Simulação de confiabilidade de empacotamento, transporte, monitoramento de performance e co-
municação para toda a corporação.
Introdução A metodologia para análise estatística dos dados de variáveis, tais
Todos os equipamentos falham. E nós, como vivemos em um mun- como vida de componentes, tempo de duração de manutenções, tem-
do permeado por tecnologia e equipamentos, somos co-participantes po de transporte de peças de reposição, vida de sub-sistemas, vida de
de seu bom ou mau funcionamento. Ao longo do último ano, o leitor sistemas, etc., bem como as suas funções como taxa de falha, medidas
pode estimar e concluir que verificou falhas em veículos automotores, de confiabilidade e risco, são importantes em um estudo. No entanto,
telefones celulares, aparelhos de microondas, etc. No setor de trans- nesta etapa do Projeto de Pesquisa destaca-se a parte de análise de
missão de energia elétrica há um complexo sistema composto por ca- confiabilidade em emendas de cabos suspensos utilizados na transmis-
bos, emendas, subestações, transformadores, ou seja, um sistema no são de energia elétrica.
qual o problema de falhas também existe. Inicialmente, faz-se uma discussão sobre os tipos de dados que
Uma vez que temos que conviver com as falhas, a próxima ques- surgem nas análises de confiabilidade de componentes e sistemas.
tão é saber como prevê-las e como gerenciar as suas consequências. E Mostra-se como deve ser realizada uma análise mais rigorosa e suas
mais, não podemos prever exatamente quando as falhas ocorrem, mas aplicações como fonte de informações para a tomada de decisões.
sim estimar as probabilidades de suas ocorrências. Esta informação é Os tipos de dados comuns em modelagem de confiabilidade: com-
importante para um tomador de decisões, uma vez que as escolhas pletos, censurados e intervalos
entre alternativas sempre são realizadas em ambientes de incerteza. Nos cursos tradicionais de engenharia, normalmente, apenas o
Nesta etapa do Projeto de Pesquisa pretende-se desenvolver as se- estudo dos dados completos faz parte das grades curriculares. Talvez
guintes metas: (a) conceituar confiabilidade, (b) desenvolver os mode- esta seja uma das razões de análise de confiabilidade de sistemas estar
los quantitativos fundamentais, (c) desenvolver modelos para análise ausente de dos cursos de graduação no Brasil1. Por isso, nesta etapa do
de dados gerados dentro do projeto denominado CONFIABILIDADE IN- Projeto de Pesquisa mostraremos o conceito dos diferentes tipos de
TEGRADA ESTRATÉGICA EM CONEXÕES DE CABOS DE LINHAS AÉREAS
DE ALTA TENSÃO em desenvolvimento. 1 Nos cursos de pós-graduação nota-se algumas disciplinas isoladas associadas à Análise de Confiabilidade
de sistemas, mas ainda de forma bastante dispersa.

196 197
dados presentes em estudos de confiabilidade: completos, censurados já é clara, mas em outras, podem ocorrer termos ambíguos. Há alguns
e em intervalos1. Assim, além de esclarecer o arcabouço metodológico, exemplos que esclarecem:
contribui para a disseminação da metodologia entre os profissionais Os fabricantes de produtos alimentícios desejam saber informações
da CTEEP que atuam, de alguma forma, diretamente com análises de sobre o tempo de vida de seus produtos expostos em balcões frigorí-
confiabilidade de emendas de cabos suspensos. ficos de supermercados. Neste caso, o tempo de falha vai do tempo
inicial de exposição (chegada ao supermercado) até o produto ficar
Os dados completos. “inapropriado ao consumo”. Por isso, o evento deve ser claramente
Os três pontos principais que devem ser bem definidos no início definido antes de iniciar o estudo.
de um estudo de confiabilidade para que a análise final não seja com- Os fabricantes de alimentos podem se interessar em saber em que
prometida, e que compreende: (1) o tempo de início do estudo, (2) a condições que o produto fica inapropriado para o consumo decorren-
escala de medida dos dados e a (3) definição do evento de interesse te de uma determinada concentração de microorganismos por mm2
que é caracterizado como a falha, sendo o ponto mais importante2. de área do produto. O evento de interesse (falha) pode ainda ocorrer
O tempo de início do estudo deve ser claramente definido e os itens devido a uma única causa ou devido a duas ou mais. Situações em que
devem ser comparáveis na origem de suas vidas operacionais. A data causas de falha competem entre si são denominadas na literatura de
do estudo, ou do início da análise, também são escolhas possíveis, sen- riscos competitivos1, sendo essas as comuns em engenharia, pois um
do o caso mais simples quando se trata de dados obtidos por meio de componente mecânico pode apresentar mais de um modo de falha.
ensaios de bancadas de testes. Neste caso, sabe-se exatamento quan-
Os dados suspensos.
do se inicia a vida do componente e a incerteza repousa sobre quando
Nos estudos de confiabilidade podem ocorrer casos onde o tempo
a sua falha ocorrerá.
do estudo termina antes que todos os itens em estudo falhem. Portan-
A escala de medida é quase sempre o tempo real, medido em ho-
to, surge uma característica decorrente destes estudos que é a presen-
ras, apesar de existirem outras alternativas; no entanto, em engenha-
ça de observações incompletas ou parciais. Estas, denominadas sus-
ria podem surgir outras escalas de medida, como o número de ciclos,
pensões ou censuras, podem ocorrem por uma variedade de razões2.
a quilometragem de um carro ou qualquer outra medida para quan-
Em engenharia é mais comum o termo suspensão e na área clínica é
tificar a vida do item. No caso das emendas de cabos suspensos para
mais comum utilizar o termo censura, mas ambas caracterizadas pela
a transmissão de energia, uma variável importante é a razão entre a
não ocorrência do evento de interesse até o término do experimento.
tensão aplicada que causa a ruptura e a tensão nominal das emendas.
Toda informação obtida e existente sobre estes itens observados é a
O terceiro elemento, que é o evento de interesse é, na maioria dos
seguinte: o seu tempo até o evento é superior ao tempo registrado até
casos, indesejável e, geralmente ele pode consistir de uma falha. É im-
o último acompanhamento. Mas, mesmo assim, os dados suspensos
portante, em estudos de confiabilidade, definir de forma clara e preci-
são importantes e não devem ser ignorados nos estudos de confiabi-
sa o que vem a ser a falha. Em algumas situações a definição de falha
1 Os modelos de riscos competitivos são empregados em diferentes áreas tais como medida, en-
1 Para uma análise rigorosa do tratamento estatístico de tais dados, pode-se consultar referências clássicas genharia, etc. No caso de falha de emendas em cabos suspensos, há várias variáveis que atuam simultanea-
como Nelson (1982), Meeker e Escobar (1998), Kapur e Lamberson (1977), Barlow e Proschan (1965). mente para a falha tais como temperatura, ventos, umidade, etc. Atualmente, trata-se de um grande desafio
o desenvolvimento de modelos para análise destes problemas.
2 Ressalta-se para que ocorra uma falha, basta que a emenda deixe de cumprir a sua função corre-
tamente, ou seja, que ocorra interrupção na transmissão de energia elétrica da forma especificada. De forma 2 Na prática são muitas as situações em que ocorrem as censuras, tais como manutenções preven-
alguma há necessidade de que ocorra a ruptura física para caracterizar falha. tivas, tempo de teste insuficiente para ocorrer as falhas, etc.

198 199
lidade via análise estatística. Duas razões justificam tal procedimento:
(i) mesmo sendo incompletas, as observações suspensas nos fornecem
informações sobre o tempo de vida dos itens; (ii) a omissão das sus-
pensões no cálculo das estatísticas de interesse pode acarretar conclu-
sões viciadas no sentido de maior conservadorismo.
Alguns mecanismos de suspensões são diferenciados. Suspensão
do tipo I é aquela em que o estudo termina após um período pré-esta-
belecido de tempo. Suspensão do tipo II é aquela em que o estudo será
terminado após ter ocorrido o evento de interesse em um número pré-
-estabelecido de indivíduos. Um terceiro mecanismo de suspensão, o
do tipo aleatório, é o que mais ocorre na prática. Isto acontece quando
um item é retirado no decorrer do estudo sem ter ocorrido a falha. Isto
também ocorre, por exemplo, se um determinado item que apresenta
dois modos de falhas A e B, falha devido o modo de falha B, mas o
modo de falha A é o evento de interesse, ou seja, uma razão diferente Figura 7.1 : Casos em que podem ocorrer as suspensões, (Carvalho, 2009).
da estudada.
Uma representação simples do mecanismo de suspensão randômi- Como mostrado na Figura 7.1, o símbolo “•” representa a falha e
ca é feita usando duas variáveis aleatórias. Seja T uma variável aleató- “○” representa a suspensão (final da reta paralela ao eixo do tempo).
ria representando o tempo até a falha de um item e seja C uma variável Para o conjunto de telas da Figura 7.1, tem-se:
aleatória independente de T, representando o seu possível tempo de (i) todos os itens experimentaram o evento antes do final do estudo,
suspensão. Os dados observados são: (ii) alguns itens não experimentaram o evento até o final do estudo,
(iii) o estudo foi finalizado após a ocorrência de um número pré-
(7.1) -estabelecido de falhas e
e (iv) o acompanhamento de alguns itens foi interrompido por algu-
ma razão e alguns itens não experimentaram o evento até o final do

(7.2) estudo.

Suponha que os pares (Ti, Ci), i = 1,...,n, formam uma amostra ale- Os dados em intervalos (dados de inspeção)
atória de n itens. Observe que se todos Ci = C, uma constante fixa sob Há casos em que os dados são coletados a partir de inspeções nos
o controle do pesquisador, têm-se a suspensão do tipo I, ou seja, a equipamentos. Por exemplo, suponhamos o caso de uma emenda em
suspensão do tipo I é um caso particular da aleatória. Na Figura 7.1 cabo suspenso que é inspecionada a cada 180 dias. No caso em que a
encontra-se uma ilustração dos tipos de dados que surgem em análi- falha seja encontrada na segunda inspeção, a única informação dispo-
ses de confiabilidade. nível é que a falha ocorreu quando a válvula possuía entre 180 a 360
dias de operação.

200 201
A análise deste tipo de dados requer uma abordagem metodológica
que envolve, não raro, o uso de estimadores de máxima verossimilhan-
ça, os quais serão abordados neste Relatório.

Conceitos básicos para processos de falha com tempo contínuo


A medida mais utilizada para descrever a confiabilidade de um item
é através das distribuições de probabilidades contínuas que represen-
tam o comportamento dos tempos de falhas.
A distribuição de probabilidade para o tempo de falha T pode ser
caracterizado por uma função acumulada, uma função densidade de
probabilidade, uma função de confiabilidade ou uma função de risco.
Essas funções são ilustradas e descritas com mais detalhes nos próximos
tópicos, mas assumindo uma distribuição no tempo qualquer. A escolha
de qual função ou funções a utilizar depende da conveniência de espe-
cificação do modelo e da interpretação ou do desenvolvimento técnico.
Todas estas funções são importantes para um determinado fim.

Função densidade de probabilidade de variáveis aleatórias


A função densidade de probabilidade (f.d.p.) para uma variável ale- Figura 7.2 : Função densidade de probabilidade de uma variável aleatória.

atória contínua T é definida como a derivada da função de probabilida-


de acumulada, F(t), em relação a t: Na Figura 7.2 nota-se claramente uma fdp de uma variável aleatória
é uma distribuição simétrica, ou seja, as suas caldas não são alongadas
(7.3) de forma desproporcional à esquerda ou direita. Esta distribuição é
muito usada na modelagem de vida de itens, cujos modos de falha são
A f.d.p. pode ser usada para representar a freqüência relativa de típicos de final de vida tais como fadiga, corrosão, desgastes, etc..
variáveis como tempos de falhas, tempo de reparo, tempo de preven-
tiva, tempo de transporte de peças, etc., como uma função do tempo. Função distribuição acumulada crescente
A partir desta função, pode-se calcular a sua área de 0 à t, a qual re- A função acumulada de T, F(t) = Pr(T<t), fornece a probabilidade
presenta a probabilidade de que uma falha ocorra antes de t. Ou seja, de um item falhar antes do tempo t. Alternativamente, F(t) pode ser
interpretado como a proporção de itens na população que irá falhar
(7.4) antes de tempo t. Na Figura 7.3 encontra-se uma ilustração da função
de probabilidade acumulada crescente da variável aleatória tempo até
Na Figura 7.2 encontra-se uma ilustração da função densidade de a falha.
probabilidade de uma determinada variável aleatória X.

202 203
como a probabilidade de um item não falhar até um certo tempo t, ou
seja, a probabilidade de um item sobreviver ao tempo t. Em termos
probabilísticos, isto é definido como:
R(t ) = P(T ≥ t ) (7.5)

Em conseqüência, a função acumulada, isto é, F(t) = 1– R(t) , é


definida como a probabilidade de uma observação não sobreviver ao
tempo t.

Figura 7.3 Função de probabilidade acumulada

A função de probabilidade acumulada crescente permite estimar a


probabilidade de falha (ou risco) de que ocorra uma falha em algum
momento até um tempo t. No caso da Figura 7.3, por exemplo, proba-
bilidade de ocorrer um determinado evento de falha até 1500 horas é
84.13%. Além disso, pode-se estimar em 58,89% a probabilidade de
ocorrer uma falha entre 1000 h e 1500 h de operação. Estas informa-
ções são importantes para os tomadores de decisão no sentido de co-
nhecer a exposição ao risco, e também fazer o gerenciamento de riscos Figura 7.4 Função de probabilidade acumulada decrescente (confiabilidade)

(via estoques, manutenções, etc).


Note-se que a função confiabilidade é o complemento da função
Função de probabilidade acumulada decrescente (função confia- probabilidade de falha. Ou seja, há uma identidade fundamental: R(t)
bilidade) + F(t) = 1. Isto decorre do fato de que os eventos estado de falha e
Esta é uma das principais funções probabilísticas usadas para des- estado de funcionamento são mutuamente excludentes. A função con-
crever estudos de confiabilidade. A função de confiabilidade é definida fiabilidade é também chamada de função de sobrevivência porque re-
presenta a fração de um grupo de N elementos que sobrevivem a um

204 205
determinado tempo de operação, de vida, etc. Por exemplo, na Figura
7.4 nota-se que a probabilidade de uma emenda funcionar por pelo P(t ≤ T < (t + ∆t ) | T ≥ t )
h(t ) = lim (7.8)
menos de 800h é 90,88%. ∆t →0 ∆t
Deve ser observado que as informações fornecidas pelas funções
A função risco pode assumir diferentes formas tais como constante,
confiabilidade e probabilidade de falha são as mesmas, uma vez que
crescente ou mesmo decrescente. Na Figura 7.5 encontra-se uma re-
se trata de funções complementares.
presentação de tais curvas para descrever a dinâmica de falhas de uma
população de componentes, sistemas, etc.
Função risco ou função taxa instantânea de falha
As funções probabilidade e densidade de probabilidade são fami-
liares a muitos dos leitores. No entanto, pode-se empregar uma nova
função denominada de taxa instantânea de falha para caracterizar o
perfil de falhas de itens ao longo do tempo de uso.
A função risco é definida como a probabilidade da falha ocorrer em
um intervalo de tempo [t1; t2) dado que não ocorreu antes de t1, dividi-
da pelo comprimento do intervalo – Nelson (1982), Kapur e Lamberson
(1977). Assim a função risco, h(t) no intervalo [t1; t2) é expressa por

R (t1 ) − R (t 2 )
h(t ) = (7.6)
(t 2 − t1 ) R (t1 )

A equação 7.6 representa a média da taxa de falha no intervalo entre


t1 e t2. De uma forma geral, redefinindo o intervalo como [t ; t + ∆t ) , a

expressão 7.6 pode ser expressa por meio de:


Figura 7.5 : Ilustração de função risco crescente ao longo do tempo.

(7.7)
Na Figura 7.5, a curva “a” mostra um risco crescente com o tempo,
indicando comportamento com um efeito gradual de envelhecimento,
Se Δt for bem pequeno, a função risco, h(t), representa a taxa de
a curva “a” um risco decrescente onde a falha diminui a medida que
falha instantânea no tempo t condicionado à sobrevivência de, pelo
o tempo passa e a curva “b” um risco constante com o tempo, não se
menos, o tempo t. Esta descreve a forma em que a taxa instantânea
alterando com o passar do tempo, indicando uma função com falta de
de falha muda com o tempo, ou seja, trata-se de uma representação
“memória”.
de como as falhas ocorrem nas unidades sobreviventes ao longo do
Se puder fazer o acompanhamento de um população de itens desde
tempo. Desta forma, a função risco de uma variável T pode ser definida
o início de operação até o seu final, pode-se obter uma curva compos-
por

206 207
ta pela combinação entre as diferentes curvas que são mostradas de
forma genérica e teórica na Figura 7.6. Principais distribuições de probabilidade aplicadas à confiabilidade
Na análise estatística de dados de variáveis como tempo de vida,
tempo de reparo, razão entre tensão aplicada e tensão nominal, etc.,
pode-se utilizar modelos probabilísticos para descrever como o fenô-
meno ocorre. Os modelos paramétricos, quando utilizados nessa área,
levam uma certa vantagem aos de outras áreas, como a médica. A
principal razão deste fato é que estudos envolvendo componentes e
equipamentos industriais podem ser planejados e, conseqüentemen-
te, as fontes de perturbações (heterogeneidade) podem ser controla-
das. Nestas condições, a busca por um modelo paramétrico adequado
facilita e a análise estatística dos dados fica mais precisa. Além disso,
com o modeo paramétrico torna-se possível a realização de previsões
para valores fora da região amostrada.
Algumas distribuições de probabilidade mais conhecidas, como o
Figura 7.6 : Função risco que representa “curva da banheira” típica. caso da normal e da binomial, podem descrever de forma adequada
certas variáveis clínicas ou industriais. Por outro lado, quando se tra-
A curva mostrada Figura 7.6 é conhecida como “curva da banheira" ta de descrever a variável “tempo até a falha”, outras distribuições se
e tem um risco decrescente no período inicial, representando a morta- mostram mais adequadas tais como Exponencial, Weibull, Normal,
lidade infantil, constante na faixa intermediária e crescente na porção Lognormal, Gama, Gama Generalizada, Logística e Valor Extremo.
final. Na prática, a curva da banheira serve para indicar a natureza dos
modos de falha predominantes (degradação, aleatoriedade, prematu-
A distribuição Weibull
ridade). Além disso, pode ser empregada para se analisar e encontrar
A distribuição de probabilidade Weibull é usada extensivamente em
as políticas ótimas de burn-in de produtos.
análise de dados de vida. Com o nome do inventor, Waloddi Weibull,
Por exemplo, se a taxa instantânea de falha das emendas for cres-
esta distribuição é usada na área de confiabilidade, análise de sobre-
cente, então pode-se melhorar a confiabilidade do sistema, como um
vivência e em outras áreas devido a sua versatilidade e simplicidade
todo, por meio de trocas preventivas. Caso contrário, o aumento de
- Nelson (1982). A sua f.d.p. com três-parâmetros é:
confiabilidade somente pode ocorrer por meio de adição de redun- β
β −1  t −γ 
dâncias. β t −γ  − 
(7.9)
 η
No entanto, o problema prático é, muitas vezes, de natureza eco- f (t ) =   e 
η η 
nômica e, por isso, a curva de taxa instantânea de falha isoladamen-
te não fornece a informação necessária. Para isso, faz-se necessário o
onde: f (t ) ≥ 0 , t ou γ ≥ 0 , β ≥ 0 , η > 0 e − ∞ < γ < ∞
emprego de considerações de custos, função confiabilidade, etc para
se tomar a decisão. Mais detalhes podem ser encontrados em Barlow
e: base do logaritmo natural;
e Hunter (1960), Lam e Yeh (1994).

208 209
β é o parâmetro de forma, conhecido também como inclinação da de distribuição de probabilidade (fdp) pode tomar uma variedade de
distribuição Weibull; formas baseado no valor de β.
η é o parâmetro de escala;
g é o parâmetro de posição.
Freqüentemente, o parâmetro de posição não é utilizado1, e o seu
valor pode ser considerado como zero. Quando temos esse caso, a
f.d.p. se reduz para distribuição Weibull de dois parâmetros.
β
β −1 t 
βt − 
η  (7.10)
f (t ) =   e
η η 

Há também o caso onde pode-se reduzi-la à distribuição Weibull


um-parâmetro. Esta de fato, toma a mesma forma da função de dis-
tribuição de probabilidade (fdp) Weibull de dois-parâmetros, a única
diferença é que o valor de β é suposto de antemão. Esta suposição sig-
nifica que somente o parâmetro de escala precisa ser estimado, possi-
bilitando uma análise com poucos dados. Recomenda-se que ao fazer
isso se tenha uma estimativa muito boa e justificável para β antes de Figura 7.7 : Efeitos dos diferentes valores de β na função densidade de
usar a distribuição Weibull um-parâmetro na análise, pois, o uso quan- probabilidade
do inadequado pode-se levar a tomar conclusões equivocadas.
O parâmetro de forma, β, da distribuição Weibull é conhecido tam- Outra característica da distribuição Weibull onde o valor de β tem
bém como a inclinação da distribuição Weibull. Os diferentes valores um efeito distinto é na função de risco ou taxa de falha. A Figura 7.8
do parâmetro de forma podem indicar efeitos no comportamento da seguinte mostra o efeito do valor de β na função risco da distribuição
distribuição e alguns valores do parâmetro de forma farão com que Weibull.
as equações da distribuição reduzam-se à outras distribuições. Por
exemplo, quando β=1, a f.d.p. Weibull de três-parâmetros se reduzirá
a distribuição Exponencial de dois-parâmetros. O parâmetro β é um
número puro, isto é, adimensional.
A Figura 7.7 abaixo mostra o efeito dos diferentes valores do parâ-
metro de forma, β, na forma da função de distribuição de probabilida-
de (fdp). (mantendo constante o η). Pode-se ver que a forma da função

1 O parâmetro de localização da distribuição é chamado de vida mínima e deve ser empregado nos casos
em que se observa que o modo de falha somente se manifesta depois de um determinado limite crítico. Por
exemplo, a falha por desgaste somente ocorre depois que um determinado componente é submetido ao
um nível mínimo de uso. Este, possivelmente, deve ser o caso das emendas de cabos suspensos usados na
transmissão de energia elétrica.

210 211
β −1
f (t ) β  t − γ  (7.12)
h(t ) = =  
R(t ) η  η 

A distribuição Exponencial
A distribuição exponencial possui uma forma simples, mas é muito
empregada na modelagem de fenômenos como vida de componen-
tes, tempo de permanência de pessoas numa fila, etc. Nelson (1982)
mostra que a função de distribuição probabilidade (fdp) da distribui-
ção Exponencial com apenas um parâmetro (obtida atribuindo γ = 0),
e é dada por:
1
1 −mt (7.13)
f (t ) = λe −λt = e
m
Figura 7.8 : Efeitos dos diferentes valores de β na função taxa instantânea
de falha. t ≥ 0, λ > 0e m > 0

Este é um dos aspectos mais importantes do efeito de β na distri- onde:


buição Weibull. Como visto pela Figura 7.8, as distribuições Weibull λ = taxa de falha, em falhas por unidade de medida, isto é, falhas
com o β<1 têm um risco que diminui com tempo, conhecido também por hora, ciclos, etc.
como falha infantil ou prematura. As distribuições de Weibull com o β m = tempo médio até a falha.
próximo ou igual a 1 têm um risco razoavelmente constante, indican- λ = 1/m
do a vida útil ou falta de memória do evento estudado. As distribui- t = tempo de operação, vida, idade, ciclos, atuações, etc.
ções de Weibull com o β>1 têm um risco que aumenta com o tempo, Na distribuição Exponencial, a exigência é do conhecimento de ape-
conhecido também como falhas de desgaste. Estes betas abrangem as nas um parâmetro, λ, para a sua aplicação. Algumas das características
três fases da "clássica curva da banheira“, exibida na Figura 7.6, quan- do parâmetro de uma distribuição exponencial são:
do a distribuição Weibull mista composta de 3 sub-populações com o O parâmetro de posição, γ, é zero,
β<1, uma sub-população com o β=1 e uma outra com o β>1. O parâmetro de escala é 1
A função de Confiabilidade da distribuição Weibull, Nelson (1982), =m
λ
é dada por:
 t −γ 
β Quando o valor de λ decresce, a distribuição é mais esticada para
−  (7.11)
R(t ) = e  η  direita e quando λ cresce, a distribuição é mais próxima do eixo da
origem.
A função risco da distribuição Weibull é dada por:

212 213
A distribuição Exponencial, não possui parâmetro de forma, pois
tem apenas uma forma, ou seja, a exponencial, e o único parâmetro 1  t −µ 
2

∞ 1 −  
que possui, é a taxa de falha, λ. R(t ) = ∫ e 2 σ 
(7.17)
A distribuição inicia em t = 0, no nível de f(t = 0) = λ e decresce ex-
t
σ 2π
ponencialmente e posteriormente é convexa monotonicamente com o A função risco da distribuição Normal é dada por:
aumento de T.
A f.d.p. é um caso especial da distribuição f.d.p. da distribuição Wei-
bull quando γ = 0 e β = 1.
A função de Confiabilidade da distribuição Exponencial, é dada por: (7.18)
R (t ) = e − λt (7.14)

A função risco da distribuição Exponencial é dada por:


f (t ) (7.15) A função risco da distribuição normal é sempre crescente, ou seja,
h(t ) = =λ
R (t ) deve ser empregada para a modelagem de durabilidade de componen-
tes cujo modo de falha é a velhice.
Veja que a função risco da distribuição exponencial independe do
tempo e seu valor é constante e igual ao parâmetro λ. A distribuição Lognormal
A distribuição Lognormal é diretamente ligada à Normal, mas é bas-
A distribuição Normal (Gaussiana) tante assimétrica e possui curtose com valor diferente. De acordo com
A distribuição normal é, certamente, a mais empregada para a mo- Nelson (1982) a função lognormal possui dois parâmetros (μ e σ ) e a
delagem da variabilidade de fenômenos naturais. Como mostra Kapur sua função densidade de probabilidade (f.d.p.) é dada por:
e Lamberson (1977), a função densidade de probabilidade (f.d.p.) da
2
1  t , −µ , 
−  
1 2 σ , 
distribuição Normal é dada por: f (t , ) = e 
(7.19)
tσ ,

2
1  t −µ 
1 − 
σ 

(7.16)
f (t ) = e 2 onde t , = ln(t), e:
σ 2π

f (t ) ≥ 0 , − ∞ < t < ∞ e σ ≥ 0 µ = média do logaritmo natural do tempo até a falha;


σ = desvio padrão do logaritmo natural do tempo até a falha.
onde:
μ = média da normal do tempo até a falha; A função de Confiabilidade da distribuição Lognormal, é dada por:
σ = desvio padrão do tempo até a falha.
A distribuição Normal trata-se de uma distribuição com dois parâ- (7.20)
metros, μ e σ, isto é, a média e o desvio padrão respectivamente.
A função de Confiabilidade da distribuição Normal é dada por:

214 215
A função risco da distribuição Lognormal é dada por A função risco ou taxa de falha instantânea da distribuição gama é:
2
1  t −µ 
−  
1 2  σ  (7.24)
e 
f (t ) tσ 2π (7.21)
h(t ) = = Além destas distribuições selecionadas, há outras que podem ser
R(t )
2
1  t −µ 
−  
∞ 1 
empregadas na modelagem do tempo de durabilidade de ativos da

2 σ
e  td
t
tσ 2π CTEEP, tais como Weibull bi e trifásicas, Weibull Bayesiana. Estas se-
rão apresentadas à medida que se avança com o presente relatório de
A função risco da lognormal possui um comportamento que depen- pesquisa.
de, além do tempo, também dos parâmetros mi e sigma. Por exemplo,
há casos em que, para determinado valor de sigma a taxa de falha é Os métodos para a estimativa dos parâmetros dos modelos proba-
crescente ao longo do tempo, enquanto que para outro valor de sigma bilísticos (distribuições de probabilidade)
esta pode ser decrescente ou mesmo constante. O ajuste de um modelo particular a um conjunto de dados é deter-
minado pelas estimativas de seus parâmetros, sendo, portanto, uma
A distribuição Gama das fases mais importantes da análise estatística paramétrica dos da-
A função densidade de probabilidade da distribuição Gama é dada dos. Em cada estudo envolvendo tempo de falha, os parâmetros de-
por: z vem ser estimados a partir das observações amostrais para que o mo-
ek z - e delo fique determinado e, assim, seja possível responder às perguntas
f (t ) = (7.22)
tG ( k ) de interesse. Existem alguns métodos na literatura estatística, como
onde: z = ln(t ) − µ e as demais variáveis são: o método de mínimos quadrados e o método de máxima verossimi-
lhança. O método de mínimos quadrados apresenta uma incapacida-
e: logaritmo neperiano; de de incorporar censuras em seu processo de estimação, tornando-o
ez = é o parâmetro de escala; inapropriado para estas situações. Por outro lado, o método de máxi-
k = é o parâmetro de forma; ma verossimilhança surge como uma opção para estes tipos de dados,

Γ(k ) = ∫ s k −1e − s s d .
pois incorpora estas informações.
0 O método de máxima verossimilhança trata o problema de estima-
onde 0 < t < ∞ , − ∞ < µ < ∞ e k> 0. ção da seguinte forma: baseado nos resultados obtidos pela amostra,
qual é a distribuição entre todas aquelas definidas pelos possíveis va-
Como mostra Nelson (1982), a partir da distribuição gama pode-se lores de seus parâmetros, com maior possibilidade de ter gerado tal
derivar uma família de distribuições e, dentre estas, se destacam a log- amostra?
normal, exponencial e Weibull.
A função de confiabilidade, dada pela distribuição gama é: O estimador de Máxima Verossimilhança
(7.23) O método de máxima verossimilhança, segundo Colosimo e Giolo
(2006), estima os valores dos parâmetros da distribuição que maximiza
a função de verossimilhança. Em outras palavras, se os dados seguem

216 217
um comportamento da distribuição Weibull, para cada combinação empregada nesta etapa do Projeto de Pesquisa, de modo a estimar a
diferente de beta e eta, tem-se diferentes distribuições Weibull, e o probabilidade de falha, ou confiabilidade das emendas de cabos sus-
estimador de máxima verossimilhança selecionará o par de beta e eta pensos, com relação à variável razão entre tensão aplicada e tensão
que melhor explica a amostra observada. A função de verossimilhan- nominal.
ça é baseada na função densidade de probabilidade (f.d.p.) para uma
dada distribuição. Como exemplo, consideremos uma f.d.p.genérica: Modelagem da relação parâmetro de distribuição e variável de
f ( x;θ1 , θ 2 ,..., θ k ) (7.25) severidade
A falha de um item pode ocorrer sempre que um esforço que for
onde x representa os dados (tempo até a falha), e  Ɵ1, Ɵ2, ..., Ɵk, são aplicado, superar a sua resistência. A sua resistência, por sua vez, de-
os parâmetros a serem estimados. Para a distribuição Weibull 2-pa- pende das condições em que se encontra o material (intacto, degra-
râmetros, por exemplo, temos que encontrar beta (β) e eta (η). Para dado, etc.). Uma forma comum de degradação é por meio de reações
conjuntos de dados não censurados, a função de verossimilhança é o químicas que causem perda de materiais (corrosão, oxidação, etc) e,
produto das funções de densidades de probabilidades de cada obser- estas, por sua vez, dependem fortemente da temperatura. Com base
vação do conjunto de dados: nesta premissa, pode-se estabelecer a seguinte relação:
n
L = ∏ f ( xi ;θ1 , θ 2 ,..., θ k ) (7.26) (7.28)
i =1

onde n é o número de falhas do conjunto de dados, e xi é o i-ésimo Portanto, tem, se:


tempo de falha. Matematicamente, é mais conveniente trabalhar com (7.29)
o logaritmo da função de verossimilhança. A função log-verossimilhan-
ça é dada por:
n A equação (3.1) é muito similar à equação de Arrhenius para mode-
Λ = ln L = ∑ f ( xi ;θ1 ,θ 2 ,...,θ k ) (7.27) lar a taxa de reação química de primeira ordem:
i =1

Agora é só encontrar os valores dos parâmetros que maximizam a (7.30)


função, isto é, achar o valor de Ɵ que maximiza a função L.
Isto pode ser uma tarefa relativamente simples se houver somente Onde A é uma constante que depende do mecanismo de falha, tipo
um parâmetro a ser estimado. No entanto, em muitas situações onde de material, geometria, tamanho, etc.; T é a temperatura em Celsius; B
este não é o caso, as técnicas numéricas necessitam ser empregadas é a constante de Boltzmann (8,671x10-5 eV/C) e E é a energia de ativa-
para resolver o sistema de equações. ção da reação química (eV).
Portanto, a partir deste modelo, a degradação das emendas em
O método de regressão linear cabos suspensos pode ser estimada e, depois, também utilizar as in-
Uma alternativa consiste em se empregar modelos de regressão formações da equação (7.23) na modelagem de confiabilidade. Ini-
para a estimativa dos parâmetros da distribuição selecionada. Para cialmente, deve-se reconhecer que a relação entre um determinado
isso, deve-se transformar a equação da função confiabilidade que é ge- parâmetro de uma distribuição de probabilidade e as variáveis de se-
ralmente não-linear, em equação do tipo linear. Esta abordagem será

218 219
veridade (temperatura, fadiga, pressão, etc.) pode ser estimada de de, enquanto que ele tende a se reduzir com o aumento do nível de
forma empírica, a partir de simples gráficos, empregando-se os dados severidade.
obtidos em testes. Portanto, a partir desta relação empírica mostrada na Figura 7.9, o
Por exemplo, considere que a vida de emendas de cabos suspen- problema consiste em desenvolver um modelo para previsão de valor
sos usados para transmissão de energia elétrica possa ser modelada esperado de vida (vida média) de emendas em diferentes condições
por meio de uma distribuição normal com média µ e desvio-padrão �. de temperatura. Para a modelagem da vida média da distribuição, em
A partir de dados empíricos pode-se notar que a média depende da função da temperatura, há vários modelos tais como Arrhenius, Eyring,
variável temperatura, ou seja, a média devida das emendas dos cabos inverso da potência, polinomial, etc. Há vários estudos sobre a relação
decresce com o aumento da temperatura. Na Figura 7.9 encontra-se entre vida da distribuição e um fator de severidade, tais como Goba
uma ilustração de uma relação linear entre a média da distribuição (1969), Grange (1971), Meeker e Hahn (1978), Lu e Meeker (1989),
normal e o logaritmo natural da variável temperatura. Meeker e Hahn (1985).

Modelo de Arrhenius
O modelo de Arrhenius mostrado na equação (7.31) é empregado
para a modelagem do parâmetro característico das distribuições da va-
riável associada com a falha de componentes. No caso de emendas,
pode-se empregar a variável razão entre a tensão aplicada sobre a ten-
são nominal das emendas de cabos suspensos para a transmissão de
energia elétrica.
Se a distribuição normal for empregada, a sua função densidade de
probabilidade considerando-se o modelo de Arrhenius é:
(7.31)

Figura 7.9 : Relação entre o valor esperado da distribuição normal e o Nota-se na equação (7.31) onde a função densidade de probabi-
logaritmo da temperatura
lidade depende de duas variáveis: t que é o tempo de operação da
A partir da Figura 7.9 nota-se que o aumento da temperatura causa emenda e T a sua temperatura.
uma redução no valor esperado da vida da emenda. Mas, por outro No caso em que se empregar a distribuição Weibull, deve-se mode-
lado, assume-se também que o valor do desvio padrão independe da lar o parâmetro de escala (eta) em função do nível de temperatura das
intensidade da temperatura em si, mas somente do tipo de severida- emendas. Assim, tem-se:
(7.32)
de1, ou seja, se trata de fadiga, desgastes, etc. Além isso, Nelson (1990,
p. 71) afirma que o maior desvio ocorre em baixos níveis de severida- A função confiabilidade da distribuição considerando-se tempo de
1 A premissa é que o modo de falha não muda com o aumento da temperatura. No entanto, a presença do operação e também o nível de temperatura é:
aumento de temperatura causa uma redução no tempo até a falha, sem mudar o modo de falha. Por exem-
plo, se o modo de falha for corrosão, o aumento da temperatura não altera o modo de falha, mas apenas faz
R(t,T)= (7.33)
com que as falhas, devido à corrosão, possam ocorrer de forma mais rápida.

220 221
Veja que a equação (7.33) permite ao analista estimar a confiabili- emendas de cabos suspensos em relação aos esforços de tração. Estes
dade das emendas considerando-se diferentes condições de tempera- testes foram realizados com base no objetivo de identificar os níveis de
tura e tempo de operação. degradação das emendas por meio de testes com amostras seleciona-
das em diferentes pontos da rede de transmissão de energia elétrica
Modelo de inverso da potência da CTEEP.
A premissa central de um modelo de inverso da potência consis- Foram selecionadas amostras em 3 diferentes localidades: cidade
te em admitir que o aumento do nível de severidade reduz a curva de São Paulo, região da costa e interior do Estado de São Paulo. Os
de confiabilidade do item. Mas, para isso, deve-se modelar algum pa- resultados dos testes de tração para as amostras de emendas de cabos
râmetro da distribuição de probabilidade em relação a variáveis, tais suspensos se encontram descritas na Tabela 7.1.
como temperatura, voltagem, pressão, umidade, etc. Se L for um pa- Tabela 7.1 : Resultados de testes de resistência à tração em amostras
râmetro de vida da distribuição e V for a variável de stress, então deve de emendas de cabos suspensos
haver uma relação do tipo: Amostras Ruptura (ton) F/S
1 16 S

(7.34) 2 16 S
3 16 S
,
4 16 S
onde A e n são constantes que devem ser estimadas a partir de
5 16 S
resultados de testes e dependem de tipo de material, modo de falha, 6 16 S
etc.
Ao se empregar o modelo inverso da potência para a modelagem da
Nota-se que não ocorreu falha para tensões inferiores a 16 tonela-
relação entre parâmetro típico da distribuição e nível de severidade,
das-força. Não foi aplicada uma tensão superior por limitação do equi-
juntamente com a distribuição Weibull, a função confiabilidade é:
pamento de teste, ou seja, este somente possui capacidade de aplicar
força máxima de 16 toneladas-força.
R(t,V) = (7.35)
Do ponto de visa estatístico, todos os resultados se constituem de
onde o parâmetro β é o parâmetro que depende do nível de severi- dados censurados à direita e não há nenhuma falha. Logo, com esta
dade. No caso do problema de estimativa de confiabilidade das emen- informação não é possível realizar uma análise confiabilidade tradicio-
das em cabos suspensos, a variável de severidade pode ser temperatu- nal. Mas, por outro lado, há uma informação que deve ser considerada
ra, voltagem, corrosão, etc. e que consiste em considerar que nenhuma unidade falhou antes da
De forma semelhante à função confiabilidade da distribuição Wei- aplicação de 16 toneladas-força.
bull, para as demais distribuições pode-se determinar as suas funções Se o analista empregar os resultados da Tabela 7.1 para uma esti-
confiabilidade de forma semelhante, considerando-se os níveis de se- mativa de MTBF, por exemplo, o resultado seria um MTBF infinito. Isto
veridade. porque o tempo total de teste foi de 96 horas, mas o número de falhas
Análise da confiabilidade de dados de emendas em cabos suspen- foi zero. Logo, esta abordagem tradicional de estimativa do MTBF não
sos de transmissão de energia funciona; MTBF de um componente não é a mesma coisa que vida útil.
No desenvolvimento dos trabalhos de pesquisa foram realizados Neste caso, o MTBF é infinito, mas todos os profissionais da área sa-
ensaios de laboratório no sentido de se conhecer a resistência das bem que nenhuma emenda possui vida infinita.

222 223
coeficiente e ajuste ε1 que mede a soma dos quadrados dos desvios
Tabela 7.2 : Resultados de tensão de ruptura de emendas empenadas entre a previsão de falha paramétrica da distribuição Normal e a não-
DRAKE SADE -paramétrica.
Emendas (σ): Tensão de ruptura
A partir destas informações, pode-se obter uma série de informa-
Flecha
testadas (kgf) ções úteis para um tomador de decisões na área de gestão de emen-
1 1,0 15.850,00 das de cabos suspensos usados na transmissão de energia elétrica, no
2 1,0 15.617,00 sentido de aumentar a confiabilidade. A função confiabilidade em rela-
3 1,0 14.700,00 ção à variável tensão aplicada (σ) é mostrada na Figura 7.11.
4 3,0 13.450,00
5 2,5 14.350,00

Despois de obter estes dados, a próxima etapa consiste em realizar


uma análise estatística e selecionar um modelo para descrever a va-
riabilidade nas tensões que causam a falha. Para isso, foi empregado
o software Isograph AWB1 cujos resultados se encontram na Figura
7.10.

Figura 7.11 : Função densidade de probabilidade da variável tensão de


ruptura da emenda

Figura 7.10 : Resultados da análise de dados da tensão de falha das emendas


Como mostrado na Figura 7.11, veja que a densidade de probabili-
Nota-se que a distribuição selecionada é Normal e seus parâmetros dade até em torno de 12.000 kgf é zero, ou seja, não houve registro de
são média de 14.793,00 Kgf e desvio padrão de 1.147,00 Kgf. A esco- falhas nesta região. Mas, também, deve-se observar que no período
lha da distribuição Normal em relação às demais se deve ao valor do entre 12.000 kgf a 20.000 kgf todas as unidades falham. Logo, o inter-

1 Define o coeficiente de ajuste por meio de. Nota-se que se trata da difença entre a estimativa de probabi-
lidade de falha paramétrica com a distribuição Normal (yi) e a estimativa não-paramétrica a probabilidade
1 O software AWB (Availability WorkBench) e´desenvolvido e comercializado pela empresa ingle- de falha (yi-chapéu). Assim, quanto menor o valor de melhor o ajuste da distribuição selecionado aos dados
sa Isograph Inc (www.isograph.com). sob análise.

224 225
valo em que as falhas ocorrem é bem preciso com amplitude de 8.000 lhas ocorrem em decorrência de força aplicada, necessidade de unida-
kgf. des de reposição, etc. Portanto, sob o ponto de vista de planejamento,
Na Figura 7.12 encontra-se a curva de confiabilidade (probabilidade a alta inclinação da curva de confiabilidade entre 12.000 kgf e 20.000
acumulada decrescente) em função da tensão aplicada até alcançar a kgf é positiva.
ruptura da emenda.
Implicações de custo. As falhas ocorrem em um intervalo curto de
tempo e, por isso, torna-se necessário um grande esforço em termos
de atividades de manutenção para a restauração do sistema de trans-
missão de energia elétrica. Desta forma, um curto intervalo de tensão
em que as falhas ocorrem é bom para previsões, mas gera custos ele-
vados.

Prevenção de não-conformidade. A especificação nominal é 13.500


kgf. Os resultados estão baixos. Por que? Pelas não conformidades tais
como erros inseridos na instalação, na implantação, erros de matrizes
colocadas pelas pessoas, uso de procedimento não adequado e falta
de fiscalização. Logo, recomenda-se que para se descolocar a curva de
confiabilidade deve-se melhorar tudo isso!
Embora a alta inclinação da curva de confiabilidade possa causar
boa previsibilidade de um lado e alto custo de outro, deve ser notado
Figura 7.12 : Curva de confiabilidade em função da tensão de ruptura das
que estas informações são imprescindíveis para uma tomada de de-
emendas
cisões com a missão de assegurar a funcionalidade de um sistema de
transmissão de energia elétrica. Por exemplo, ao se conhecer o custo
A curva de confiabilidade é plana e estacionada em 100% até cerca
de cada atividade de manutenção preventiva e corretiva, o profissio-
de 12.000 kgf, ou seja, há 100% de probabilidade de que uma emen-
nal de planejamento pode realizar previsões de orçamento necessárias
da possa suportar uma tração desta natureza. A confiabilidade cai de
para se assegurar de um nível mínimo de confiabilidade & disponibili-
100% para 0 em 20.000 kgf, ou seja, nenhuma unidade da população1
dade do sistema de transmissão de energia elétrica.
sobrevive a esta tensão. Logo, há um intervalo de 8.000 kgf onde todos
Na Figura 7.13 encontra-se uma curva que mostra o comportamen-
os eventos de falha ocorrem. Quais as consequências para um toma-
to da taxa instantânea de falha das emendas em relação à variável ten-
dor de decisões? Pode-se discorrer sobre 2 delas:
são aplicada.
Boa previsibilidade das falhas. Um vez que o intervalo em que as
falhas ocorrem é curto, isso facilita realizar previsões de quando as fa-

1 É importante deixar claro que as análises estatísticas são feitas com as informações das amostras (única
fonte possível ao pesquisador), mas as previsões são realizadas sobre a população (parte inacessível ao pes-
quisador). Portanto, quando se diz que a confiabilidade é 100% em 12.000 kgf isto se refere à população de
emendas e não ao grupo amostral que é restrito.

226 227
Nota-se na Tabela 7.3 que em todas as amostras a resistência `a tra-
ção foi superior a 90% daquela nominal especificada pelo fabricante.
Além disso, deve ser observado que na amostra 2 houve uma suspen-
são, ou seja, tudo que se sabe é que a tração de ruptura ocorre acima
de 93,60% da tração de ruptura nominal especificada pelo fabricante.
Na Figura 7.14 encontra-se curva de confiabilidade (empregando-se
uma distribuição normal1) encontrada para a variável tração aplicada,
e tensão nominal especificada pelo fabricante.

Figura 7.13 : Taxa instantânea de falha das emendas em relação à tensão


aplicada

Na Figura 7.13 pode-se ver que até uma tensão de 12.000 kgf a taxa
instantânea de falha é zero, ou seja, não ocorrem falhas das unidades
sobreviventes as que se encontram em operação. No entanto, a partir
de 12.000 Kgf, a taxa instantânea de falhas aumenta e isso implica que
das unidades sobreviventes uma fração delas cada vez maior falha.
No campo, a curva de confiabilidade pode ser pior devido à presen-
ça de outras variáveis, tais como corrente elétrica, ventos, etc., que
podem se combinar nas piores condições e fazer ocorrer a falha da
emenda.
Figura 7.14 : Curva de confiabilidade da variável razão entre tensão aplica-
Na Tabela 7.3 encontram-se os resultados de testes laboratoriais da e tensão nominal
de forças aplicadas sobre emendas e compressão obtidas em ligas de
transmissão da CTEEP que ocasionaram as suas falhas. Nota-se Figura 7.14 que a confiabilidade é 100% para tensões in-
feriores a 90% da tensão nominal. Depois disso, ocorre um rápido de-
Tabela 7.3 : Resultados de testes laboratoriais realizados créscimo da curva de confiabilidade de modo que, quando a tensão
aplicada for 5% superior à nominal, cerca de 100% das unidades de-
em laboratório
vem falhar.
Tensão aplicada / Tensão
Amostras
nominal
F ou S Na Tabela 7.4 foram realizados estudos no sentido de medir a re-
2 93,60% F sistência à tração em diferentes posições da emenda, empregando-se
3 93,60% S simulação por elementos finitos.
4 93,60% F
5 98,90% F 1 A distribuição foi selecionada uma vez que foi a que apresentou o melhor coeficiente de ajuste (ε) quando
comparado com as demais distribuições como Weibull, Exponencial e Lognormal.
6 97,40% F

228 229
Tabela 7.4 : Resultados de simulação de resistência à tração em fun-
ção da temperatura por meio de elementos finitos
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
Temperatura
(Mpa) (Mpa) (Mpa) (Mpa) (Mpa) (Mpa) (Mpa) (Mpa)
120 38,00 32,00 25,50 25,00 22,50 22,00 12,00 5,00
123 35,00 29,00 23,00 21,00 18,50 18,00 9,00 3,50
126 32,00 26,00 21,00 20,00 19,00 15,50 5,00 1,00
129 29,00 23,50 17,00 16,00 15,00 12,00 3,00 0,00
132 25,00 22,00 14,00 13,50 14,00 10,00 2,00 0,00
135 22,80 18,50 12,00 11,00 12,00 8,00 0,00 0,00
138 19,00 15,50 8,80 6,00 9,00 6,00 0,00 0,00
141 16,00 13,00 5,00 4,00 6,00 3,00 0,00 0,00
144 12,00 9,00 3,00 2,00 3,00 1,00 0,00 0,00
147 9,00 7,00 2,00 0,50 1,00 0,00 0,00 0,00
150 6,00 3,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Figura 7.15 : Curva de confiabilidade considerando-se a resistência à tra-


Intercepto 167,80 145,48 132,50 130,48 114,61 109,93 51,50 18,05
ção de cada um dos pontos amostrados na emenda
Inclinação -1,08 -0,94 -0,89 -0,89 -0,77 -0,75 -0,36 -0,13
Temperatura
de falha
143,96 140,87 134,37 133,10 132,93 129,91 108,15 43,57 Veja que, para a temperatura de 120 graus Celsius, 75% dos pontos
Nível crítico 12,50 12,50 12,50 12,50 12,50 12,50 12,50 12,50 amostrados não falham, mas se a temperatura se elevar para 138 graus
Celsius, somente 25% dos pontos amostrados na emenda resistem.
Nota-se que o aumento da temperatura reduz a resistência à tração Isso quer dizer que a confiabilidade emenda se encontra em nível
em diferentes pontos da emenda. Mas, como pode-se ver na Tabela confortável? A resposta é: NÃO NECESSARIAMENTE. Para entender,
7.4 cada ponto da amostra responde de forma diferente ao aumen- observe-se que foram analisados 11 pontos na amostra, sendo que
to de temperatura, em função dos diferentes valores de intercepto uma pergunta importante é o número mínimo de pontos da amostra
e coeficiente angular. Para um nível crítico de resistência à tração de que sejam necessários para que a emenda funcione corretamente.
12,5 Mpa, na amostra 1 a falha ocorre quando a temperatura alcançar Para uma temperatura de 120 graus Celsius, há 8 pontos cuja resistên-
143,96 graus Celsius, enquanto que na amostra 6 uma temperatura de cia é superior a 12,5 Mpa. Se for necessário que todos eles funcionem,
129 graus Celsius se torna suficiente. então a confiabilidade é (0,75)8 = 10,01%; mas se apenas 1 ponto da
A partir das informações geradas na Tabela 7.4 por meio de elemen- amostra for necessário, então a confiabilidade será 99,99%. Na Figura
tos finitos, pode-se estimar uma curva de confiabilidade considerando- 7.16 encontram-se duas curvas de confiabilidade em função da tem-
-se que cada ponto falha, ou não, em relação à redução na resistência à peratura.
tração pelo aumento de temperatura. Esta curva se encontra na Figura
7.15.

230 231
Portanto, nota-se que a temperatura é uma variável importante em
todas as análises e, sem dúvida, deve ser considerada nos programas
de gestão de ativos da empresa.
Além da análise de confiabilidade em função das cargas aplicadas
nas emendas em testes de laboratório, também há informações sobre
os seus tempos até as falhas que foram obtidas em registros da CTE-
EP. Na Figura 7.17, encontra-se informações de tempo até a falha de
emendas à compressão e pré-formadas obtidos a partir dos registros
da CTEEP.

Figura 7.16 : Curva de confiabilidade em função da temperatura

Os resultados na Figura 7.16 ilustram duas situações importantes


que merecem uma melhor discussão, bem como as suas implicações
para a tomada de decisões:
O aumento da temperatura tende a reduzir a confiabilidade das
emendas, uma vez que a confiabilidade em cada um dos seus pontos
é reduzida. Isto ocorre porque a resistência aos esforços de tração é
reduzida, conforme mostrado na etapa 2 deste Projeto de Pesquisa,
pela análise empregando-se elementos finitos.
O número de pontos da emenda necessários para o seu funciona-
mento é fundamental para a sua confiabilidade operacional. Por exem-
plo, se apenas um ponto for suficiente para a estabilidade da amostra, a
confiabilidade da emenda na temperatura de 120 graus é 10 vezes maior,
ao caso em que se necessite que todos os pontos amostrados resistam
a pelo menos 12,5 Mpa. No entanto, observe que, com o aumento da Figura 7.17 : Informações sobre os tempos até a falha de emendas à
compressão e pré-formadas em campos
temperatura para 141 graus, a confiabilidade da amostra, no caso em
que apenas um de seus pontos seja suficiente, é 35.826 vezes superior Depois de uma análise de dados de vida (modelagem de Weibull),
ao caso em que todos os pontos amostrados sejam necessários. foi possível obter a curva de taxa de falha das emendas à compressão
e pré-formadas que se encontra na Figura 7.18.

232 233
Figura 7.18 : Comportamento da taxa instantânea de falha em função do
tempo

Veja na Figura 7.18 que foi ajustada uma distribuição Weibull com
2 parâmetros (beta = 2,63 e eta = 256.000 horas). Isto significa com
características intermediárias entre compressão e pré-formadas, há
uma probabilidade de 63,21% de que ocorra uma falha em até 256.000
horas de operação. Além disso, uma vez que a taxa instantânea é cres-
cente então há possibilidade de agregar confiabilidade por meio de
manutenção preventiva1.
Nas Figura 7.19 e Figura 7.20 encontram-se informações sobre os Figura 7.19 : Informações de tempo até a falha de emendas pré-formadas
tempos até as falhas de emendas à compressão e pré-formadas.

1 Neste projeto não se faz estudos para encontrar o intervalo ótimo para se realizar as manutenções pre-
ventivas nas emendas. No entanto, este é um problema importante e que deve ser estudo em oportunidades
futuras.

234 235
Figura 7.21 Curvas de confiabilidade das emendas considerando-se dife-
rentes configurações de dados

Na Figura 7.21, o leitor nota que, as curvas de confiabilidade das


emendas quando se consideram dados de tempo até a falha de emen-
das à compressão e à compressão juntamente com pré-formada, as
curvas são muito simulares. Por outro lado, quando se considera so-
mente a pré-formada, a curva de confiabilidade é próxima de 100%,
até algo em torno de 220 mil horas de operação, mas depois ela de-
cresce imediatamente até 0, em torno de 300 mil horas de operação.

Figura 7.20: Informações de tempo até a falha de emendas à compressão


Discussões gerais sobre os resultados e objetivos propostos
A parte de degradação dos cabos pode ser medida por meio de
Assim, para o caso das emendas à compressão foi ajustada uma comparação de suas curvas de confiabilidade. No entanto, no Proje-
distribuição Weibull cujos parâmetros são beta = 18 e eta = 269.300 to de Pesquisa foi possível fazer testes laboratoriais para conhecer a
horas. Já para o caso das emendas pré-formadas foi ajustada uma dis- resistência das emendas à tração. Embora tenham sido empregadas
tribuição de Weibull cujos parâmetros são beta = 1,999 e eta = 252.400 amostras de diferentes localidades, não foi possível a comparação di-
horas. Logo, nota-se que há 63,21% de chance de uma falha ocorrer reta pelo pequeno número analisado.
nas emendas pré-formadas até 252,4 mil horas, enquanto que no caso Mas, deve-se notar que uma das razões que podem reduzir a con-
das emendas à compressão esta probabilidade ocorre para uma falha fiabilidade das emendas pode ser devido às não-conformidades na
em até 269,3 mil horas de operação. execução dos serviços em tais emendas. Neste sentido, algumas ações
Na Figura 7.21 encontram-se curvas de confiabilidade das emendas de melhoria podem contribuir para o aumento de confiabilidade, tais
nas 3 situações analisadas: (1) somente dados de emendas à compres- como, melhora nos serviços de execução das emendas, melhor fisca-
são; (2) somente dados de emendas pré-formadas e (3) dados juntos lização dos serviços, melhor projeto, etc. No entanto, a quantificação
de emendas à compressão e pré-formadas. destas melhorias em termos de confiabilidade, quando se compara
com as práticas correntes, requer mais trabalho laboratorial.

236 237
Um produto importante desta etapa é fornecer informações e in- Destaca-se que um dos produtos deste Projeto de Pesquisa con-
sumos para elaborar políticas de manutenção, substituição, etc. Neste siste de transmissão do conhecimento por meio de treinamentos e
sentido, as informações de confiabilidade e risco de falha, em função workshop para os profissionais da CTEEP de modo que tal metodologia
de esforço aplicado, permitem estimar em que exposição ao risco má- possa se tornar familiar para os tomadores de decisão.
xima que o gerente deve tomar a decisão de substitir uma emenda em
uso no campo, de forma prioritária em relação às demais, de modo a
atender às restrições de mão-de-obra, orçamento, segurança, restri-
ções ambientais, etc.
A partir do conhecimento das curvas de confiabilidade e conheci-
mento das condições de tensão aplicada, o tomador de decisão pode
escolher o momento de substituição das emendas e, assim, estimar a
necessidade de investimento para reposição destes ativos. Por exem-
plo, consideremos que existam 3.000 emendas no sistema de transmis-
são de energia elétrica e que o custo de substituição seja R$ 6.000,00.
A partir das informações de probabilidade de falha da Figura 7.6, se a
a temperatura de operação for 126 0C, o custo será R$ 4,5 milhões ((1-
75%)*3000*750), mas se houver uma elevação de temperatura para
138 0C, a necessidade de investimento sobe para R$ 13,50 milhões (
(1-25%)*3000*750). Portanto, as informações possuem aplicabilidade
diretamente para melhor planejamento de orçamento e necessidade
de capital físico e financeiro.
Ao final deste projeto, pode-se sugerir algumas linhas de pesquisa
que podem complementar os resultados encontrados e gerar mais in-
formações para os tomadores de decisões na CTEEP, tais como:
Realizar mais testes no sentido de se medir, não apenas a resistên-
cia à tração das emendas, mas também conhecer o tempo até ocorrer
as falhas;
Elaborar testes para se obter medir o tempo até a falha sobre dife-
rentes condições de tensão aplicada;
Realizar testes em emendas novas, usadas e de diferentes fabrican-
tes de modo que se possa medir as diferenças em termos de confiabi-
lidade, caso existam;
Realizar uma análise econômica comparativa entre emendas de di-
ferentes características (novas, usadas, localidades distintas, etc) de
modo que seja possível verificar possibilidade de economia de custos
juntamente com quantificação de riscos;

238 239
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240 241
Capítulo 8 pudesse ser gerado rapidamente, com a execução de apenas poucas
iterações do questionário Delphi.

Desenvolvimento de ações de planejamento de gestão e confiabi-


lidade (Ferramenta de Pesquisa Delphi)

Visão geral
O desenvolvimento deste P&D contemplou a implementação
de uma ferramenta que fosse capaz, ao final do processo, obter um
ranking de sugestões potenciais que, se adotadas pela direção da CTE-
EP, seriam aquelas que maximizariam a mitigação de falhas em linhas
de transmissão a um custo mínimo. Para isto, foi adotada a metodolo-
gia como ilustrada na Figura 8.1.
Como pode ser visto na Figura 8.1, inicialmente foi preciso levan-
tar uma lista de elementos (equipamentos) da CTEEP para, depois,
hierarquizá-los por nível de criticidade quanto à incidência de falhas.
Para isto foi utilizada a metodologia de pesquisa chamada Delphi. Em
seguida, os elementos mais críticos foram selecionados para que seus
modos de falhas, as causas destes modos de falhas e sugestões de mi-
tigação fossem levantadas. Finalmente, foi utilizado um algoritmo de
otimização multicritério para que as melhores sugestões em termos de
custo/benefício fossem elencadas.

Pesquisa Delphi
Os colaboradores inicialmente acessaram um ambiente colabora-
tivo para responder à pesquisa Delphi (veja Figura 8.2). Este recurso
se mostrou muito ágil e fez com que o ranking de elementos críticos

242 243
Figura 8.1: Metodologia proposta. questionários iam sendo respondidos. Este resultado somente pode
ser alcançado através da adoção de uma ferramenta Web e partici-
pativa, sendo que isto, por si só, já pode ser caracterizado como uma
grande inovação para o projeto, uma vez que a realização do questio-
nário Delphi tradicional não tem este dinamismo e, em muitos casos,
acaba sendo tediosa e desestimulante, pois pode requerer muitas ro-
dadas de respostas em folha de papel para que seja possível convergir
as respostas dos especialistas.

Metodologia FMEA
Seguindo a linha da pesquisa Delphi, ainda seria necessário levan-
tar as sugestões para mitigação das falhas nos elementos mais críticos
(elencados através da pesquisa Delphi) e seus custos. Por este motivo,
foi implementado no portal cteep.prinsis.org uma ferramenta para fa-
zer este levantamento de forma interativa e dinâmica.
Neste contexto, o fluxo de trabalho no portal cteep.prinsis.org pode
ser visto na Figura 8.3.

Figura 8.2: Questionário Delphi.

Resultados obtidos
Assim que o questionário Delphi convergiu para as respostas defi-
nitivas, foi possível realizar um ranking de elementos críticos através
da ponderação das respostas deste questionário. A Tabela 8.1 mostra
uma lista dos elementos mais críticos na visão dos colaboradores da
CTEEP. Esta lista está ordenada do elemento mais crítico para o menos
crítico.

Conclusões
Vale destacar que os resultados obtidos com o questionário Delphi
foram muito interessantes, uma vez que foi possível convergir muito
rapidamente as respostas dos participantes, pois o feedback dado a
eles era o desvio padrão e a média das respostas para um mesmo ele-
mento (veja Figura 8.2) e este era ajustado em tempo real conforme os

244 245
Tabela 8.1: Ranking dos elementos mais críticos.


Área Elemento Média
respostas
Linhas de Transmissão Cabos condutores 6,96 30
Linhas de Transmissão Torres 6,96 30
Subestações Cabos condutores 6,19 27
Linhas de Transmissão Cadeia de Isoladores 5,94 30
Linhas de Transmissão Emendas à compressão 5,79 30
Linhas de Transmissão Grampos de suspensão e ancoragem 5,60 30
Subestações Conexões aéreas 5,44 27
Linhas de Transmissão Emendas preformadas helicoidais 5,41 30
Linhas de Transmissão Cabos pára-raios 5,33 30
Linhas de Transmissão Espaçadores com garras parafusadas 5,23 30
Linhas de Transmissão Conexões aéreas 5,19 30
Subestações Cadeia de Isoladores 4,75 27
Subestações Emendas à compressão 4,69 25
Linhas de Transmissão Ferragens de cadeias 4,67 30
Subestações Emendas preformadas helicoidais 4,21 24
Subestações Pórticos 4,20 24
Figura 8.3: Fluxo de trabalho no portal cteep.prinsis.org
Subestações Cabos pára-raios 4,10 27
Linhas de Transmissão OPGW (Fibra) 4,05 24
Subestações Grampos de suspensão e ancoragem 3,76 27 Para automatizar o processo da Figura 8.3, foi criada uma seção no
Linhas de Transmissão Fundação 3,76 30 portal cteep.prinsis.org onde os usuários cadastrados no portal pude-
Linhas de Transmissão Espaçadores com fixação helicoidal 3,16 27 ram interagir com o painel de levantamento de modos de falhas e su-
Subestações Bobinas de bloqueio 3,14 9 gestões.
Subestações Ferragens de cadeias 3,13 27 Como pode ser visto na Figura 8.4, quando o usuário acessa o mó-
Linhas de Transmissão Amortecedores parafusados 2,99 30 dulo de “Pesquisa com os colaboradores”, ele logo vê uma seção para
Linhas de Transmissão Bobinas de bloqueio 2,82 24 cadastro de possíveis falhas e sugestões para mitigação. Assim, ao
Subestações Fundação 2,82 24 acessar esta seção, o usuário é conduzido ao painel interativo de levan-
Linhas de Transmissão Sistema de aterramento 2,59 30 tamento de falhas/sugestões, como pode ser visto na Figura 8.5. Além
Subestações OPGW (Fibra) 2,31 18
disto é possível ver que o cadastro de possíveis falhas é bem simples.
Espaçadores com fixação preformada
Subestações
helicoidal
2,29 21 Basta clicar no ícone com o sinal “+” para adicionar uma falha ou uma
Linhas de Transmissão Chaves (seccionadores) 2,27 27 sugestão.
Subestações Sistemas de aterramento 2,14 6
Linhas de Transmissão Amortecedores helicoidais 1,83 30
Subestações Espaçadores com garras parafusadas 1,53 21
Subestações pára-raios - PR 0,00 2

246 247
Otimização Multicritério
Desta forma, foi necessário que fossem escolhidas as sugestões
potenciais que maximizem a disponibilidade das linhas da CTEEP (au-
mentando, assim, sua lucratividade) e, ao mesmo tempo, minimizem
os custos (associados às sugestões). Assim, fica claro que há dois obje-
tivos conflitantes: aumento da disponibilidade do sistema versus dimi-
nuição dos custos de manutenção. Ainda assim, é fácil perceber que,
se quisermos somente minimizar os custos de manutenção, por exem-
plo, a lucratividade da empresa aumenta muito no curto prazo, mas
a disponibilidade de suas linhas ficará comprometida no longo prazo
pela falta de manutenção e, consequentemente, sua lucratividade.
Portanto, o problema que está sendo abordado neste trabalho é o
de elencar um conjunto de sugestões que maximize a disponibilidade
das linhas com um custo mínimo. Isto caracteriza, consequentemente,
um problema de otimização multicritério que, neste projeto, será re-
Figura 8.4: Acessando o painel de falhas/sugestões. solvido utilizando a programação de compromisso.

Metodologia proposta
Após o levantamento de custos e benefícios, a metodologia propos-
ta estava pronta (em termos de dados) para que o modelo multicrité-
rio proposto fosse aplicado. Além disto, é importante destacar que,
o algoritmo usado para otimização multicritério é a programação de
compromisso.
Neste sentido, é necessário definir a priori, quais e em quais dimen-
sões, as sugestões de mitigação serão analisadas para que, assim, o
modelo multicritério seja aplicado. A Figura 8.6 ilustra estas dimensões
Figura 8.5: Vista inicial do painel de falhas/sugestões.
de análise e como elas impactam para que uma sugestão seja mais
interessante do que outra.
Este recurso, implementado para levantamento de modos de falhas,
causas e sugestões para mitigação, foi responsável pelo levantamento
de dados para a análise FMEA deste projeto.
Entretanto, fica evidente, pela Figura 8.3, que se a CTEEP resolvesse
acatar todas as sugestões levantadas pelo portal cteep.prinsis.org ela
resolveria praticamente todos os problemas que levam os seus ele-
mentos mais críticos a falharem, entretanto, o custo disto seria extre-
mamente alto, senão, impraticável.

248 249
em um grande número de elementos críticos pode não ser desejável
se o seu custo for muito alto.

Resultados obtidos
A partir da aplicação do algoritmo de programação de compromis-
so no problema modelado de acordo com o diagrama da Figura 8.6,
foi obtido um ranking das melhores sugestões em termos de custo/
benefício. Este ranking pode ser visualizado em detalhes na Tabela 8-2.
Nela, as duas últimas colunas são provenientes da programação de
compromisso, sendo que escores menores são melhores e valores de
rank menores, também são melhores.

Conclusões
Foi possível avaliar que o sistema desenvolvido para este projeto de
P&D tem um grande potencial de utilização no ambiente corporativo
da CTEEP, devido aos recursos extremamente poderosos que ele pode
proporcionar ao se decidir alocar recursos para determinadas áreas ou
Figura 8.6: Sugestões e suas dimensões de análise. sugestões de melhorias, uma vez que este sistema aponta os elemen-
tos mais críticos ao gestor e, com isto, dá um bom respaldo à tomada
Como é possível ver, devido à grande abrangência da interação com de decisão, já que ela deixa de ser baseada somente no conhecimento
os colaboradores da CTEEP através do portal cteep.prinsis.org, foi pos- empírico do gestor e passa a ser baseada em dados reais.
sível consolidar várias dimensões de análise muito relevantes, o que Não menos importante, ainda foi possível avaliar esta ferramenta
contribuiu para o sucesso da implementação do modelo multicritério. como sendo extremamente intuitiva e de fácil utilização. Este feedback
Como se vê no diagrama da Figura 8.6, as sugestões foram analisa- foi fornecido para a nossa equipe durante os treinamentos realizados
das com respeito aos seguintes aspectos: para esta ferramenta nas dependências da CTEEP.
- Número de modos de falha que são mitigados por ela (quanto Além disto, os resultados obtidos ao final deste projeto de P&D mos-
maior este valor, melhor); trou que características muito interessantes puderam ser levantadas.
- Benefício estimado a partir de sua adoção (quanto maior este va- Para exemplificar, como se pode ver na quarta sugestão do ranking que
lor, melhor); mesmo sugestões muito caras não foram totalmente descartadas. Além
- Número de elementos críticos (e seus modos de falha) que serão disto, outras conclusões podem ser traçadas a partir da análise da Tabela
afetados pela sua adoção (quanto maior este valor, melhor); 8.2.
- Custo para adotar uma determinada sugestão (quanto menor este Além disto, foi muito interessante confirmar com a equipe de cola-
valor, melhor). boradores da CTEEP que as 2 primeiras sugestões hierarquizadas neste
Com isto, fica claro que há dimensões de análise antagônicas, uma estudo são, realmente, duas sugestões muito relevantes para a melho-
vez que, por exemplo, a adoção de determinada sugestão que impacta ria do desempenho dos sistemas da CTEEP.

250 251
Número da

252
20 22 12 7
sugestão

Número de
modos de
2 2 3 3
falhas asso-
ciados

R$515.000,00 R$55.000,00 R$130.000,00 R$90.000,00 Custo

65,00% 50,50% 56,67% 66,67% Benefício

Número de
2 2 3 3 elementos
associados

Medição da distância Monitoramento de


Formalizar junto aos Instalar demarcadores Título da
entre o cabo condutor e vibrações em es-
orgãos competentes nas faixas das LTs sugestão
o ponto metálico. truturas

Formalizar junto aos Fazer verificações das


orgãos competentes distâncias dos pontos
às decisões de investimentos em melhorias.

(aviação e navegação) metálicos não aterrados


Monitoramento de
o traçado da Linha de a linha de transmissão, Instalar demarcadores Descrição da
vibrações em estru-
Transmissão com interfe- com objetivo de detectar nas faixas das LTs. sugestão
turas.
rência nas rotas aéreas situações que possam
e fluviais e em portos e ocorrer risco de choque
aeroportos. elétrico.
ção da metodologia multicritério proposta.

1,403 1,204 0,977 0,951 Escore

4 3 2 1 Rank
Tabela 8.2: Ranking das melhores sugestões obtido através da aplica-
há excelentes perspectivas que este sistema seja adotado para apoio
da CTEEP e, como a sua manutenção e atualização são muito simples,
senvolvido neste projeto foi muito bem recebido pelos colaboradores
Finalmente, vale destacar que o sistema de mitigação de falhas de-

13 8 10 9 15 16

2 2 2 2 2 4

R$300.000,00 R$200.000,00 R$100.000,00 R$100.000,00 R$100.000,00 R$450.000,00

70,00% 70,00% 70,00% 70,00% 80,00% 66,25%

2 2 2 2 2 4

Implantação de procedimento
Retracionar os Instalação de bar- para melhoria na instalação
Implantar sistema de Instalar parafu-
estais das estru- reiras de proteção em campo das emendas à Falha em cabos condutores
inspeção de emendas sos antifurtos
turas (guard rail) compressão e para a fabri-
cação

Fazer inspeções com termovisor nas emendas e


Implantar sistema auto- conexões com periocidade de 01 ano.
matizado de inspeção Instalação de bar- Implantação de procedimento Instalar festão no cabo condutor onde foi realizado
interna de emendas para Retracionar os reiras de proteção para melhoria na instalação a emenda.
Instalar parafu-
detecção de possíveis fa- estais das estru- (guard rail) em em campo das emendas à Realizar inspeções com periocidade, nos cabos
sos antifurtos.
lhas internas, com possi- turas. regiões sujeitas a compressão e para a fabri- condutores com amortecedores parafusados.
bilidade de execução com albaroamento. cação Nos casos com cabos condutores com tentos rompi-
a linha energizada. dos, antes de instalar reparo analisar estado da alma
de aço.

1,546 1,513 1,494 1,494 1,484 1,479

10 9 7 7 6 5
253
254
21 5 11 17 18 6 14

1 4 1 1 1 2 2

R$30.000,00 R$700.000,00 R$110.000,00 R$200.000,00 R$10.000,00 R$500.000,00 R$350.000,00

1,00% 37,50% 70,00% 90,00% 80,00% 80,00% 70,00%

1 4 1 1 1 2 2

Implantar sistema de Substituição de


Estudos de reforço
Implementar sistema de Substituição de inspeção automatizada emenda à com-
de estruturas ou Aterramento de ele- Contratação de empresa
medição de campos eletromag- componentes para detecção de cor- pressão comum
das linhas de trans- mentos metálicos para inspeção periódica
néticos. corroídos rosão interna de cabos por emenda à
missão
condutores implosão

Contratação de empresa
Estudos de reforço
Implantar sistema de ins- para inspeção visual
Implementar sistema de medi- de estruturas ou das Fazer o aterramento
peção automatizada para Substituição de periódica, a fim de
ção de campos eletromagnéti- linhas de transmis- das partes metálicas
Substituição de detecção de corrosão emenda à com- detectar
cos para acompanhamento dos são especificamente de elementos não
componentes interna de cabos condu- pressão comum início ou possibilidade
valores verificando se estão para regiões com aterrados que estão
corroídos. tores, com possibilidade por emenda à de ocorrência de erosão,
dentro dos padrões estabeleci- maior incidência de sujeitas a tensões
de execução com a linha implosão alagamento e existência
dos por norma. ocorrências de que- induzidas.
energizada de formigueiro, próximo
das de estruturas
à estrutura ou estai.

1,732 1,696 1,671 1,669 1,655 1,64 1,568

17 16 15 14 13 12 11

de.
Capítulo 9

na e de indisponibilidade de energia elétrica.


gestão e confiabilidade
(Procedimentos conceituais)

clássicas perguntas: Quem? Quando? Onde? Como? Por quê?


Desenvolvimento de ações de planejamento de

assunto é mais complexo do que parece a princípio e ações isoladas


falha singela já causa grande preocupação quando as consequências

255
de confiabilidade muitas vezes levam a altos custos para pouco bene-
tretanto, é altamente compensador se adequadamente aplicado. O
A obtenção de alta confiabilidade exige alto investimento que, en-
senvolver ações de planejamento de gestão relativas à confiabilida-
Esta etapa visa ajudar o gestor a responder essas perguntas ou de-
possíveis é infinita. Depende do gestor a definição das respostas às
para obter alta confiabilidade. Isso porque a combinação de ações
confiabilidade do sistema” e executar os melhores conjuntos de ações
para tal é fundamental conhecer os “principais fatores que afetam a
te escopo, o objetivo é garantir uma alta confiabilidade ao sistema e
Quanto maior a confiabilidade, menores são os riscos. Assim, nes-
linhas de alta tensão que atualmente provoca altos riscos à vida huma-
são ou podem ser graves, como é o caso de ruptura de emendas de
No mundo real tudo está sujeito a falhas, mas a ocorrência de uma
fício. É importante conhecer o assunto e saber avaliar onde e como in- Em condições críticas a manutenção preditiva é mais eficaz, pois é
vestir em confiabilidade, para obter custo benefício competitivo além feita a monitoração e a detecção do problema antes da ocorrência da
de usar ferramentas adequadas para isso, como a ferramenta “web”: falha e quando há necessidade de manutenção. É o caso, por exemplo,
“Confiabilidade Estratégica CTEEP” que contempla a Pesquisa Delphi, da manutenção de uma turbina de avião.
a Metodologia FMEA e a Otimização Multicritério, que auxilia o gestor Em casos intermediários, a manutenção preventiva pode ser mais
a tomar decisões objetivas principalmente respondendo às perguntas: conveniente, pois previne a ocorrência de falha sem o custo de moni-
Quando? Onde? Por que? toração. É o caso, por exemplo, da troca de óleo de um carro, baseado
No capítulo a seguir é apresentada uma lista com os “principais fa- na sua quilometragem.
tores que afetam a confiabilidade do sistema” de forma conceitual. No caso de linhas de transmissão, substituir os cabos e emendas a
Pode servir de insumo para a percepção de elementos que podem ser cada 30 anos é manutenção preventiva. Monitorar as emendas e subs-
introduzidos na Pesquisa Delphi. tituí-las quando necessário é manutenção preditiva e substituir uma
Num sistema em operação, grande parcela da confiabilidade está emenda ou trecho de cabo depois da ruptura é manutenção corretiva.
associada à operação e manutenção (O&M) e ampliação da rede ou Cabe ao gestor decidir sobre as melhores escolhas. Objetiva-se mini-
repotenciação. Os capítulos adiante tratam em particular desses as- mizar os custos e maximizar a confiabilidade.
suntos.
A seguir há uma referência resumida da atual proposta para uma
confiabilidade integrada. Repotenciação de linhas de transmissão
No Anexo I são apresentadas sugestões para mitigação de falhas A repotenciação, recapacitação ou reconstrução de linhas de trans-
em emendas pré-formadas helicoidais, cujas informações poderão ser missão são reforços na rede de transmissão de energia elétrica. Eles
futuramente inseridas na ferramenta de pesquisa Delphi: “Confiabi- são planejados e executados pelo ONS (Operador Nacional do Siste-
lidade Estratégica CTEEP” (site na Internet: http://cteep.prinsis.org/) ma).
Os trabalhos são conduzidos pelo ONS e abertos à participação das
empresas transmissoras, distribuidoras, geradoras e demais agentes
Manutenção preventiva, preditiva e corretiva. diretamente envolvidos, no âmbito dos Grupos Especiais de Estudo,
Manutenção preventiva é uma manutenção planejada que previne visando enriquecer os trabalhos e legitimar seus resultados.
a ocorrência corretiva. A mera substituição dos cabos das linhas de transmissão a cada 30
Manutenção preditiva é baseada na análise de dados coletados anos para garantir a confiabilidade é uma medida preventiva de alto
através de monitoração ou inspeções em campo. custo. Com a ampliação da carga nas redes de transmissão cresce a
Manutenção corretiva é aquela realizada após a ocorrência de uma preocupação com a confiabilidade das mesmas porque, à medida que
falha e visa restaurar a capacidade produtiva de um equipamento ou a temperatura média de operação das linhas de transmissão vai cres-
instalação, que esteja com sua capacidade de exercer as suas funções cendo, a vida útil dos cabos e conexões vai diminuindo.
reduzida ou cessada. Sugere-se considerar um novo projeto de disposição de condutores
Em condições não críticas a manutenção corretiva pode ser vanta- elétricos em pacotes (bundle) para redução de perdas e aumento de
josa. É o caso, por exemplo, da manutenção de um ventilador residen- capacidade de transmissão, lembrando que os condutores devem ser
cial. iguais para não desbalancear as fases. Sugere-se também a utilização

256 257
dos novos cabos termoresistentes que apresentam maior eficiência e Principais fatores que afetam a confiabilidade do sistema
confiabilidade e seu custo inicial é rapidamente absorvido. Tabela 9.1
Atualmente existem vários estudos sendo conduzidos para apri-
morar a determinação dos limites de carregamento a serem utilizados
na expansão da rede elétrica, pelo ONS e ANEEL, em conjunto com Principais fatores que afetam a confiabilidade do sistema

centros de pesquisa e universidades de todo o país. São destaques na Nro. Fator Comentários e exemplos
repotenciação, o projeto “RMLT - Estações meteorológicas em torres Cabos condutores, Torres, Cabos condutores, Cadeia
Qualidade dos
de Isoladores, Emendas à compressão, Grampos de
de alta tensão para monitoramento de condições ambientais” (Lepten- 1 componentes ou
suspensão e ancoragem, Conexões aéreas, Emendas
elementos
-UFSC) e o projeto LPNE - Linhas de Transmissão com Potência Natural pré-formadas helicoidais, etc.

Elevada (Cepel Eletrobrás-Chesf). Vida útil dos componentes, Causas e efeitos das falhas,
Sugestões para mitigação de falhas, Simulações,
Sugere-se que o gestor trabalhe em sinergia com os players (partici- 2 Conhecimentos
Ensaios em laboratório, Metodologias, Estudos, P&D,
pantes ativos) do setor, para tomar as melhores decisões. Projetos, etc.

1) Manutenções: Preventiva e/ou Preditiva (inspeções)


nos pontos críticos (que não podem falhar). Manut.
Confiabilidade Integrada (resumo) Planos de Manutenção Corretiva quando ocorrer falha (coleta de material para
3
O atual projeto de P&D teve por foco a “confiabilidade integrada adequados análise)
2) Ações: retracionamento de estais, substituição de
estratégica em conexões de cabos de linhas aéreas de alta tensão”, cabos e emendas, etc.
contudo o conceito pode ser estendido a todo o sistema. Para uma 1) Capacitação do trabalhador
confiabilidade integrada são importantes os conhecimentos teóricos e 4 Manutenções 2) Planos, procedimentos e relatórios (registro de
dados) (Internet)
práticos cobertos pelas várias etapas do projeto, a saber:
==> Falha simples não deve provocar indisponibilidade
5 Redundâncias
- Por redundâncias em pontos críticos.

Dimensionamento Garantir operação segura. Ex.: Carga de ruptura


6 adequado e Margem nominal dos cabos > 4 X maior carga real;
de segurança Balanceamento da oferta/demanda de energia elétrica.

Sistemas de proteção Chaves seccionadoras automáticas, Para raios,


7 contra contingências Monitoramentos, Automação, Reconfiguração
(imprevistos) automática da rede, alarmes antifurto, etc.

Planos de contingência ==> rápida solução dos problemas e falhas, sem


8
e eficiência improvisações ou falta de recursos.

Ferramenta de cteep.prinsis.org (portal na Internet)


9 confiabilidade Pesquisa Delphi, Metodologia FMEA e a Otimização
estratégica Multicritério,

Atenuadores de Compensadores de fase FACTS, LPNE, cadeia de


problemas, melhoria isoladores, amortecedores, - Excesso de consumo:
10
de qualidade e vida (Ideia) Abaixar automaticamente em 5% a tensão da
útil. rede para suportar momentaneamente a demanda, etc.

258 259
Monitoramento de pontos estratégicos e críticos da rede Avaliação de vida útil e atual margem
Tecnologias e Novas tecnologias de segurança. Etapa 5: Ensaios de amostras de campo
Automação Dados analíticos
11 Operação
Rede Inteligente
Normas Avaliação em tempo real do estado dos
Etapa 6: Novos Monitoramentos e
Cultura e capacitação componentes da rede elétrica e suas
tecnologias emergentes
conexões e opções tecnológicas
Rede de energia elétrica integrada com rede de
telecomunicações, informática e nós inteligentes: Etapa 7: Pesquisa Multicritério e análise
Rede Inteligente Previsão teórica em situações anômalas
12 monitoramentos, medidores, automação, energia integrada com Simulação forçada e novas
(Compatibilidade) e melhores soluções
alternativa, etc. (quando possível, seguir esse padrão tecnologias
para compatibilidade futura)
Etapa 8: Análise de novos
Viabilidade de novos monitoramentos e
==> Responder às perguntas: monitoramentos e tecnologias no
13 Capacidade de gestão tecnologias no Brasil
Quem? Quando? Onde? Como? Por quê? contexto brasileiro

- Sinalização e demarcadores na extensão da rede com Orientações ao gestor de ações de Etapa 9: Desenvolvimento ações de
tensão > 220 volts confiabilidade planejamento de gestão e confiabilidade
- Mapas das L.T.s para aeronautas. Incluir em GPS.
- Campanhas educativas
- Fio terra onde necessário
- Evitar fazer emendas em locais povoados e sobre
Ações de gestão da confiabilidade (resumo)
Prevenção de
rodovias. “CONFIABILIDADE” é a palavra chave. Um sistema confiável de rede
14 - Mitigar os riscos socioambientais
acidentes
- Inspeção das estruturas das torres de alta tensão de energia elétrica mitiga, por exemplo, a ocorrência de “apagões” e
- Instalação de guard rails em locais da rede sujeitos a
abalroamentos
mortes por choque elétrico.
- Desligamento automático imediato de tensão de linha O investimento em “CONFIABILIDADE” é alto, porém vale muito a
rompida.
- Fiscalização das áreas de servidão povoadas, sob a pena se investido com critério, caso contrário, as despesas podem ser
rede de alta tensão.
vultosas com resultados insatisfatórios.
15 Etc. Outros No planejamento e gestão da confiabilidade, são importantes:
- Conhecer os principais fatores que afetam a confiabilidade;
- Elencar os modos de falha;
Tabela 9.2 - Usar ferramentas de decisão e planejamento adequados, com
avançadas metodologias de gestão como pesquisa Delphi, FMEA e
Multicritério, integrando eficientemente o conhecimento dos especia-
Conhecimento Etapa listas e decisão otimizada por algoritmos computacionais.
Ferramenta “web” de Banco de Dados Etapa 1: Desenvolvimento e implantação Obs.: Ferramenta web desenvolvida no projeto: “Confiabilidade es-
(BD), know-how e decisão, para de pesquisa Delphi em Moodle tratégica CTEEP” Site: http://cteep.prinsis.org/
confiabilidade estratégica. (http://cteep.prinsis.org/)
- Levantar dados de confiabilidade integrada
Comportamento de emendas
à compressão diante de não
Etapa 2: Simulação com elementos - Decisões baseadas em dados concretos: Ensaios de amostras de
finitos de conexão de linha aérea
conformidades campo.
Otimização.
Etapa 3: Análise multicritério e Melhores soluções e tendências:
Melhores escolhas.
Treinamento
Capacitação - Conhecer as tecnologias consagradas.
Etapa 4: Simulação de confiabilidade em
- Conhecer o estado da arte: Novos monitoramentos e tecnologias
Previsão teórica em situações anômalas
operação forçada emergentes

260 261
- Simulações para estimativas de desempenho e entendimento das
possíveis causas de falha Capítulo 10
- Trabalhos cooperativos em sinergia.

Conclusões

No trabalho desenvolvido, foram identificados os principais pontos


necessários para serem considerados no dimensionamento de emen-
das a compressão, sendo que a ABNT apresenta superficialmente a
NBR-7095 (“Ferragens Eletrotécnicas para Linhas de Transmissão e
Subestações de Alta Tensão e Extra Alta Tensão”) e com as regras e
diretrizes para o desenvolvimento de Emendas de Cabos Condutores
para Linhas de Transmissão pouco desenvolvidas. Verificou-se também
que quase não existe literatura técnica sobre o assunto, que precisaria
ser discutido com maior profundidade para satisfazer as necessidades
técnicas de definição das emendas mencionadas, no âmbito da ABNT.
A simulação de elementos mostrou a concentração de tensão na
região de encontro do cabo com a luva e na região em que as extre-
midades dos cabos de aço se encontram. A necessidade de atenção
ao dimensionamento dessas regiões deve ser considerada no projeto,
desenvolvimento e implantação destas emendas. O projeto deve con-
siderar os critérios definidos no dimensionamento da emenda e esta-
belecer os limites dos defeitos de fabricação e as decisões de limites de
não conformidade aceitáveis em campo. Dessa forma, e possível pro-
ceder ao desenvolvimento de uma metodologia de dimensionamento
de emendas de compressão.

262 263
A simulação com elementos finitos mostrou que, além da emenda A análise dos modos de falha (FMEA) feita mostrou, de forma con-
estar com um lado trabalhando com compressão, e dai favorecendo cisa, os fatores causadores de falhas de montagens e instalações, tais
aumento da probabilidade de ocorrência de ruptura devido ao aumen- como a sobrecarga operacional, o tamanho do vão, a sobre corrente
to da tensão nos terminais da emenda, o aumento da densidade de elétrica e o aumento da tração na linha, que devem ser revisados e
material no lado comprimido pode provocar uma diminuição da resis- ajustados para valores adequados, principalmente em interconexões
tência elétrica deste lado e uma distribuição de corrente não homo- críticas, de muita importância para o sistema interligado nacional, com
gênea na secção reta da emenda. Este aumento da corrente no lado possibilidade de efeito cascata e interrupção em larga escala.
que apresenta compressão ira provocar maior perda de potência nesta A utilização de novas tecnologias é muito importante para obtenção
parte (efeito Joule) sem área suficiente para dissipação e poderá haver de diferencial de melhoria técnica e de necessidade de treinamento
aumento de temperatura nesta região, com aumento ainda maior na e capacitação de pessoal, que certamente trará maiores índices de
probabilidade de ruptura. qualidade na implantação, monitoramento e manutenção das linhas
Em um caso mais crítico, uma falha na prensagem pode formar um aéreas.
vinco na emenda. Isso implica em um efeito de tensões de plastifica- As emendas implosivas à compressão tem instalação mais fácil que
ção localizados, os quais podem fragilizar a emenda. As especificações as emendas convencionais, melhor qualidade de conexão, menores re-
técnicas do fabricante devem também, apresentar os limites aceitáveis quisitos de trabalho, encadeamento mais rápido e não necessitam de
para esse tipo de falha. equipamentos de compressão o que faz da tecnologia de emendas à
Outra não conformidade observada a ser considerada nos procedi- implosão, uma alternativa de solução para a prática de emendas em
mentos de construção de redes de transmissão, é a descentralização linhas de transmissão.
da luva de alumínio que é colocada sobre o cabo. A corrente elétri- O monitoramento das linhas com núcleo de aço usando a inspeção
ca precisa de um comprimento de pelo menos 5 vezes o diâmetro do eletromagnética por efeito Hall pode atender as necessidades de ma-
cabo para garantir densidade homogênea na condução de corrente. nutenção e inspeção em cabos com alma de aço, trazendo segurança
Caso isto não ocorra haverá falha da emenda. e confiabilidade no suprimento de energia elétrica, evitando tragédias
Das análises microscópicas realizadas verificou-se que as emendas como as observadas nas recentes falhas de linhas de transmissão.
parecem ser fabricadas com procedimentos e materiais adequados e O uso de cabos termo resistentes em climas tropicais é muito inte-
qualidade, que não justificam sua falha em campo. Poderiam ser feitas ressante em linha curta, mantendo a confiabilidade da linha e aumen-
análises químicas qualitativas e quantitativas adicionais que pudessem tando a capacidade de transmissão em 50 % relativamente a um cabo
trazer informações mais detalhadas e confiáveis, para confirmar as de liga tradicional Al 1350 com a mesma característica construtiva (bi-
análises realizadas, devendo-se realizar análises com espectrômetro tola). Para linhas longas e médias, o ganho maior é na confiabilidade
de massa e até em síncroton, caso necessário. da linha em condições de emergência e em altas temperaturas.
Dos ensaios de ruptura percebeu-se a significativa diferença entre Os supercondutores também indicam grande potencial para aplica-
as médias de tensão de ruptura de emendas retilíneas e empenadas, ções em cabos de transmissão mas ainda permanece a necessidade de
chegando a valores considerados inadequados nos cálculos de projeto um supercondutor funcionando à temperatura ambiente.
da linha e que certamente se forem implantadas, as emendas empe- Algumas observações são feitas:
nadas irão resultar em eventos de falha. Isto ressalta a falta de proce- O monitoramento da temperatura da linha de transmissão e a dura-
dimentos adequados de implantação em campo e de qualidade nestes ção da operação em altas correntes e temperaturas pode permitir um
procedimentos. melhor entendimento do estado do sistema de linha de transmissão

264 265
aérea. Reduzindo o tempo de exposição em altas temperaturas para Outros pontos vulneráveis a não conformidade devido à aceleração
um valor mínimo pode permitir a resistência de o condutor ser manti- de velocidade de entrega na montagem de sistemas de transmissão.
da estável e baixa por períodos maiores de operação. Os resultados dos estudos, simulações, pesquisas e ensaios foram
O aumento da margem de segurança ou da área transversal do con- analisados conjuntamente com as analises microscópicas e as conclu-
dutor em áreas críticas para assegurar a operação em altas temperatu- sões obtidas mostraram a necessidade de investimentos e mudanças
ras irá reduzir a ocorrência de falhas mecânicas. Isto também pode ser na regulamentação que podem trazer benefícios significativos ao siste-
conseguido com tecnologias de cabos termo resistentes. ma de energia elétrico brasileiro.
Os climas tropicais de fatores extremos podem aumentar a incidên- Alguns investimentos e mudanças podem ser listados:
cia de raios e induções de sobre tensões na linha. Eventos anormais de Melhoria na capacitação e fiscalização de pessoal de implantação
sobre tensões induzem falhas mais prejudiciais que envelhecimento de campo,
em longo prazo. Revisão de normas de planejamento, implantação, manutenção e
Estudos futuros podem ser pensados para continuidade do trabalho de operação de sistemas de transmissão,
tais como: Alteração nas estruturas tarifária para reduzir distorções de preços
Maior número de Ensaios em emendas em uso e metalografia de de transmissão,
amostras em falha, Adoção de metodologias operacionais com margens de segurança
Ensaios dinâmicos de ruptura para considerar efeitos eólicos, eficazes em situações de carga limite ou adversidades climáticas.
Análise com FEM dinâmica considerando efeitos eólicos e não con- Com essas alterações podem-se obter maiores robustez, resiliência
formidades de montagem (empenamentos e descentralizações), além e confiabilidade do sistema interligado nacional. Deve-se lembrar de
de condições operacionais inadequadas com altas correntes e tempe- que a operação interligada deste sistema por um órgão centralizado no
raturas, setor elétrico reestruturado e competitivo e recente, requerendo-se
Retirada de emendas funcionais em campo para determinação de maiores experiência e tradição.
vida útil residual e fadiga (simulações), As principais contribuições do trabalho são:
Necessidade de aumento da fiscalização da regulação na cadeia de A metodologia de análise e busca de soluções de mínimo custo em
suprimento, problemas complexos com as seguintes etapas: pesquisa bibliográfi-
O uso de depreciação acelerada dos ativos por ocorrência de viola- ca nacional e internacional, pesquisa estruturada em campo, revisão
ções pedidas pelo operador do sistema, de metodologias e normas de planejamento, projeto, implementação,
Estudo de impactos de eventos climáticos diferentes dos planejados legislação (regulação) , simulações, ensaios análise de ensaios , desen-
com ocorrência após construção, volvimento de critérios e soluções de menor custo;
Indicadores de desempenho de sistemas de transmissão, Critério de aceitação das emendas empenadas;
Análise de confiabilidade e fadiga de conexões e cabos com aumen- Desenvolvimento de monitoramento da condição da alma de aço
to de corrente e volatilidade dos fluxos e temperaturas, dos cabos usando efeito eletromagnético;
Impactos de uso de metodologia de gerenciamento de projetos e Sugestão de novas tecnologias para solucionar as dificuldades de
de qualidade total nas taxas de falhas dos sistemas de transmissão; campo;
redes de transmissão flexíveis. Sugestão de critérios e procedimentos para melhoria das dificulda-
Interdependência de redes de infraestrutura crítica e custos de não des evitando as não-conformidades.
atendimentos.

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Finalizando, os resultados obtidos foram condizentes com os obje- Hipóteses para a ocorrência de mau contato elétrico:
tivos propostos e trouxeram significativas contribuições aos sistemas a) Falhas de montagem (fora da especificação do fabricante)
de transmissão. b) Esquecimento de por a graxa antioxidante na montagem da
emenda
ANEXO I: Sugestões para mitigação de falhas em emendas pré- c) Perda das propriedades condutivas da graxa antioxidante com o
-formadas helicoidais passar do tempo ou condições de uso.
Introdução de dados na ferramenta de pesquisa Delphi: d) Exposição ao tempo: Pode ocorrer a perda de massa de graxa
Avaliação de criticidade dos elementos antioxidante devido estar relativamente exposta, como lavagem em
Elemento: Emenda pré-formada helicoidal chuvas ou mesmo evaporação. Outro ponto a observar é que pela sua
Potencial de falha desse elemento: própria forma a emenda pré-formada está sujeita a acúmulo de sujei-
Falha: Ruptura em emenda pré-formada ra, prejudicando a dissipação térmica.
Ideia: Verificar se a utilização de luvas termocontráteis melhoram o
Um dos pontos críticos identificados, em relação às emendas de ca- desempenho e a confiabilidade.
bos de transmissão aéreos de alta tensão é a emenda pré-formada que e) As pontas dos tentos são arredondadas para evitar atritos cortan-
apesar de ser um invento genial e versátil na instalação e manutenção, tes nas bordas das emendas. Pode ocorrer de técnicos de manutenção
ainda gera receios, devido uma ocorrência de ruptura em campo, após ou instalação, mal treinados, improvisarem para aproveitar algum ma-
aproximadamente duas décadas de uso. terial e cortarem alguma(s) ponta(s) que ficará altamente cortante(s).
Constatou-se por meio de ensaios que as emendas pré-formadas f) As emendas devem ser transportadas com cuidado e ser prote-
novas são mais resistentes que a própria carga nominal de ruptura gidas para não amassarem. Emendas amassadas, ao serem instaladas
do cabo, mas ainda não se tem certeza do motivo do rompimento da não se acomodarão corretamente e provocarão maus contatos elétri-
emenda pré-formada em campo e esse fato não pode ser desprezado. cos entre os tentos, além de menor resistência mecânica.
g) As emendas devem ser transportadas com cuidado e ser prote-
Hipóteses das causas de ruptura de emendas pré-formadas em gidas para não sujarem. A sujeira, nos tentos das emendas, pode pro-
campo vocar mau contato elétrico, além de poder reagir quimicamente com a
Tendo por objetivo reduzir os “IMPACTOS DO DESEMPENHO DAS graxa antioxidante.
EMENDAS DOS CABOS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO NA CONFIABILI- h) Grau de liberdade na movimentação dos tentos:
DADE DE REDES ELÉTRICAS”, ajudar os fabricantes a melhorarem seus Diferentemente das emendas à compressão os tentos estão mais
produtos e às operadoras tomarem as decisões adequadas, principal- soltos, podendo ocorrer maior atrito entre os mesmos principalmente
mente no que tange à confiabilidade das emendas, abaixo estão algu- devido ao movimento oscilatório provocado pelos ventos. Isso pode
mas hipóteses de possíveis causas: provocar maior desgaste de material e maior fadiga mecânica, além de
poder ser um possível agravante do mau contato elétrico.
Outra questão é que as bordas das emendas possuem tentos que
Mau contato elétrico podem ficar levantados, formando pontas que deixam a emenda pré-
Provavelmente é o problema principal na ruptura da emenda, pois -formada mais susceptível às descargas elétricas do efeito corona.
dele decorre o aquecimento por efeito Joule até o recozimento, fusão Ideia: Verificar se o uso de braçadeiras reduz esse grau de liberdade.
e ruptura da emenda. i) Qualidade e tipo do material, dimensionamento e vida útil.

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j) Temperatura de operação. Os cabos e emendas que operam em
regime contínuo atingem temperaturas superiores a 50 graus Celsius.
Os ensaios em laboratórios muitas vezes são realizados à temperatura
ambiente. Pode ser interessante considerar a possibilidade de utiliza-
ção de simulações numéricas para cálculos estimativos de vida útil.

Baixa Resistência mecânica


a) Falha estrutural ou mecânica (falha na estrutura interna do mate-
rial ou erro de projeto)
b) Fadiga do material (ruptura progressiva)

Sugestão para mitigação de falha em caso de ruptura de emenda


Ao se constatar a ruptura de uma emenda em uma linha de trans-
missão convém determinar, o melhor possível, a causa da ruptura para
saber se esse foi um caso único ou se todas as emendas da linha estão
na eminência de apresentar o mesmo defeito.
Se for constatada a existência de mau contato elétrico, sugere-se
uma análise minuciosa da causa, considerando as hipóteses elenca-
das.
Algumas amostras estratégicas da linha de transmissão devem ser
monitoradas e outras retiradas e ensaiadas em laboratórios, princi-
palmente usando máquinas de tração, dentre outros processos, para
avaliar a resistência mecânica, falhas estruturais, fadiga do material e
vida útil das emendas. No futuro, as redes inteligentes possibilitarão a
monitoração dos parâmetros das emendas e da rede, em tempo real,
a partir de um centro de operação. Alarmes serão gerados automa-
ticamente quando houver necessidade de manutenção. Muitos pro-
blemas serão resolvidos com a reconfiguração automática da rede até
que as devidas manutenções sejam realizadas.

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Este livro foi impresso na cidade de São
Paulo/SP, em maio de 2015. A família tipo-
gráfica utilizada na composição do texto
foi calibri 12. O projeto gráfico – miolo e
capa foi feito pela Editora Nelpa.

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