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História Eclesiástica
Volume 1

Todas as vezes que pensamos sobre a história da Igreja Cristã ou a


história eclesiástica pode cair na tentação de acreditar que esse estudo é
irrelevante para a teologia como um todo, pois a maioria dos estudantes
acredita que a história da Igreja tem mais vinculo com a filosofia e a
história em geral.

Mas o que podemos dizer é que a teologia cristã tem como fundamento
estudar a revelação que Deus fez de si mesmo na pessoa do Cristo, mas
isso se deu de forma histórica, ou seja, os eventos narrados nas sagradas
escrituras e principalmente a encarnação tiveram os seus desfecho na
história.

Portanto examinar a história da Igreja não só é importante para o estu-


dante de teologia, mas para quem está apropriando dessa história terá
como fruto a não perda de identidade, ou seja, quando um cristão estu-
da a história da Igreja ele está olhando para o seu passado.
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Império Romano na época do


Nascimento de Cristo
Como era o senário ou o palco da história quando o Cristo nas-
ceu?, essa pergunta tentaremos expor de forma geral.

No primeiro momento podemos dizer que o Palco que nasceu a


Igreja era o Oriente do mundo antigo, que era perpassado desde
regiões das colunas de Hercules que é o atual Gibraltar, até os
rios Tigres e Eufrates, da Britânia até o Reno, o norte da África e
a região do Danúbio, essas regiões estavam todas sobre a égide
do Império Romano.

O Império Romano estava dividido em províncias e isso para fins


administrativos, as divisões que podemos mensurar são a) as
províncias imperiais dirigidas por um legatus Algusti pro praeto-
re, b) as províncias senatoriais dirigidas por um proconsul, c) as
províncias especiais dirigidas por um procurador, essas províncias
especiais traz esse nome por se tratarem de regiões de culturas
peculiares, exemplo disso são as províncias da Judeia e do Egito.
Cada província tinha uma assembleia denominada Concilium que
assessorava o Governador para resolver conflitos internos.

Situação Religiosa no Império


Romano
A situação religiosa por volta do nascimento do Cristo era bas-
tante diversificada, as religiões locais se espalharam por todo o
Império e tudo confluía para Roma que era a capital do Império, a
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tolerância religiosa era uma das marcas do Império, só os cultos


que tinha como base o sacrifício humano e as orgias foram proi-
bidos.

Os cultos que se destacaram nessa época foram chamados cul-


tos de mistério, tais cultos tinha um caráter panteísta, místico e
extático.

Depois que os Romanos se tornaram senhores do mundo o sin-


cretismo religioso ficou sendo a marca distintiva do desse Império.

O helenismo trouxe duas situações com o seu sincretismo, a pri-


meira que preparou o caminho para uma crença monoteísta nas
religiões não cristãs, outro fato é que esse mesmo sincretismo
levou alguns a uma espécie de ateísmo, pois a filosofia ocupou
o lugar da religião. Mas as pessoas não falavam abertamente so-
bre essa descrença para não cair em descredito diante dos seus
pares.

Palestina e Judaísmo palestino


um panorama histórico
Quando se encerra o Antigo Testamento os limites territoriais da
nação de Israel são bem pequenos. A maioria da população que
voltou do cativeiro babilônico está falando o aramaico, o povo
judeu está debaixo do domínio do império Medo-Persa e era o
sumo sacerdote quem governava o país. Quando iniciamos o
Novo Testamento encontramos a Palestina debaixo de uma reali-
dade completamente diferente. Os limites territoriais do país são
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bem mais amplos (próximos aos da época do rei Davi). Boa parte
da população ainda fala o aramaico, mas o grego é a língua dom-
inante em Israel. O povo judeu está, agora, debaixo do domínio
de outro império, o Império Romano e o Rei Herodes é quem está
governando o país.

Os quatrocentos anos decorridos desde a profecia de Malaquias


até a vinda de Cristo são conhecidos como Período Interbíblico.

Os livros de Macabeus, que descrevem a revolta macabeia e o


caos da Palestina e os escritos de Josefo, historiador do primeiro
século da era cristã, são as principais fontes de informação sobre
este período. O livro de Daniel deu uma visão prévia destes anos.

Através do olho da profecia, Daniel esboçou os principais aconte-


cimentos políticos dessa época. Daniel viveu durante a ascensão
da Babilônia como potência mundial. Ele viu o reino desaparecer
e ser substituído pelo governo medo-persa. Em sua visão proféti-
ca Daniel viu, portanto, a ascensão de outras forças que domi-
nariam o período intermediário dos testamentos: Alexandre, os
Ptolomeus do Egito, os Selêucidas da Síria, os Macabeus e os Ro-
manos.

O Antigo Testamento encerra-se com o Império Persa ainda no


poder. Ciro havia permitido aos judeus voltar a terra para re-
construir o templo (538 a.C.). Ester, judia, havia ascendido à pro-
eminência no palácio persa (470 a.C.). Esdras (456 a.C.) e Neemias
(443 a.C. haviam voltado ao país e instituído reformas. Nada acon-
teceu na Palestina de muito interesse internacional no restante
do governo persa. O sumo sacerdote judeu governava o país e o
ofício passou a ser altamente cobiçado.
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A Síria era uma das províncias mais exploradas do Império. Fazia


parte dessa província a Judéia. Seus habitantes eram Judeus, um
resto do antigo povo de Israel. Em 722 a.C, o rei assírio Sargão
havia deportado as dez tribos do Reino do norte; em 586 a.C, a Ju-
deia e Jerusalém foram conquistadas, e boa parte da população
foi deportada para a Babilônia. Essa deportação é a origem da
diáspora, da deportação judaica. Em 538 a. C, parte dos prisionei-
ros pôde voltar a Jerusalém e reconstruir o templo como o auxilio
dos persas. Em 335 a.C. Alexandre deu início a seu extraordinário
reinado de doze anos. Depois de consolidar o governo na Grécia,
ele rumou para o leste conquistando a Síria, a Palestina, o Egito
e, finalmente a própria Pérsia. Ele buscou conquistar terras mais
ao leste, porém suas tropas se recusaram a fazê-lo. Morreu na
Babilônia em 323 a.C. Em seus trinta e três anos de vida ele deix-
ou um grande marco na história. A repentina morte de Alexandre,
os temores e as rivalidades entre seus generais e o fato de não
ter designado o seu sucessor, precipitou uma situação caótica,
tendo como resultado a divisão do seu vasto império macedônio
em quatro reinos, (divididos entre 4 generais de Alexandre) sendo
Egito e Síria os reinos que estarão mais estreitamente vinculados
com a política da Palestina.

Depois de algumas lutas entre quatro dos generais de Alexandre,


o Egito caiu nas mãos de Ptolomeu Sóter. A Palestina foi acres-
centada ao seu quinhão. No início Ptolomeu Sóter foi duro com
os judeus. Mais tarde ele os empregou em várias partes do seu
reino, muitas vezes em altos postos. Seu sucessor, Ptolomeu Fi-
ladelfo, foi um dos mais eminentes deles. Amável para com os
judeus, promoveu as artes e desenvolveu o império em todos os
aspectos. As Escrituras Hebraicas foram traduzidas para o grego
durante seu reinado na cidade egípcia de Alexandria. A Septua-
ginta, como se denominou essa versão, podia ser lida, portanto,
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em todo o império.

Com o passar do tempo, cresceram as rivalidades entre os reis do


Egito (os ptolomeus) e os reis da Síria (os selêucidas). A rivalidade
atingiu o clímax nos reinados de Ptolomeu Filópater e de Antíoco,
o grande, da Síria. Filópater venceu a Antíoco numa batalha nas
proximidades de Gaza. Em sua volta da batalha, Filópater visitou
Jerusalém e decidiu entrar no Santo dos santos. Embora o su-
mo-sacerdote tentasse dissuadi-lo, ele fez a tentativa. Relata Jo-
sefo que ao aproximar-se do Santo Lugar, foi tomado de tal terror
que saiu do templo.

Visto que os judeus lhe faziam oposição, Filópater retirou-lhes os


privilégios, multou-os e começou a persegui-los sem dó nem pie-
dade. Capturando, em Alexandria, todos que judeus que pôde,
trancafiou-os num hipódromo, cheio de elefantes embriagados.
Esperava que os elefantes caíssem sobre os judeus, esmagan-
do-os. Não foi o que aconteceu. Enfurecidos, os elefantes es-
caparam, matando muito dos espectadores. Filópater interpretou
isto como um sinal de Deus a favor dos judeus e parou de perse-
gui-los. Ao morrer, em 204 a.C., sucedeu-o seu filho Ptolomeu
Epifânio, com apenas cinco anos de idade. Antíoco III aproveitou
a oportunidade para arrebatar do Egito o controle da Palestina.

Durante todo o tempo em que a Palestina esteve debaixo do


domínio sírio, tentou-se estabelecer com rigor a política de hele-
nização do país. Tentou-se de todas as maneiras imporem a cul-
tura e a religião grega aos judeus. Os velhos costumes hebreus e
suas práticas religiosas foram desestimulados; judeus foram en-
viados a Tiro a fim de tomar parte nos jogos em homenagem ao
deus pagão Hércules, e em seu altar foram oferecidos sacrifícios.
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Mas os judeus passaram a sofrer profundas dificuldades quando


Antíoco Epifânio (ou Antíoco IV) subiu ao poder. Ele foi terrível
para com os judeus e ele fez de tudo para helenizá-los e por cau-
sa disto o povo judeu tinha um ódio muito grande para com este
governante sírio.

Com a ida de Antíoco Epifânio para sufocar um levante, correu o


boato de que ele fora morto e os judeus começaram a celebrar o
fato com grande alegria. Sabedor disto, ele voltou para Jerusalém,
sitiou a cidade e massacrou quarenta mil judeus. Para mostrar
seu desprezo pela religião judaica, entrou no Santo dos santos,
sacrificou uma porca sobre o altar e espargiu o sangue pelo ed-
ifício. Por sua ordem o templo passou a ser templo do Zeus Olím-
pio. Proibiriam o culto e os sacrifícios judaicos que foram substi-
tuídos pelos ritos pagãos. Proibiu-se a circuncisão e a mera posse
de uma cópia da Lei se tornou ofensa punível de morte.

Os judeus resistiram. Um homem chamado Eleazar, idoso escriba


de elevada posição, foi morto porque se recusou a comer carne
de porco. Um após outro, a mãe e seus sete filhos tiveram a lín-
gua cortada, os dedos das mãos e dos pés amputados e lançados
num tacho fervente. Um grupo de resistentes, em número aprox-
imado de mil pessoas, foi atacado num sábado. Recusando-se a
quebrar as proibições sabáticas, foram mortos sem luta. A situ-
ação estava intolerável em Israel e este contexto provocou uma
revolta iniciada pelo veterano sacerdote Matatias Asmoneu. Ele,
junto com seus filhos, lançou à desesperada luta contra a audá-
cia dos opressores sírios, para reconquistar o direito de adorar a
Deus, conforme a Lei de Moisés.

Matatias iniciou a sua revolta conduzindo um bando à região


desértica onde Davi, por tantos anos, tinha fugido de Saul. Aos
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poucos cresceu o número dos que se puseram ao lado dos Ma-


cabeus. Os sírios lançaram três campanhas contra esses fiéis
judeus, uma pelo próprio Antíoco Epifânio. Mas nenhuma teve
êxito. Algum tempo depois morreu Epifânio e irrompeu a guerra
civil. Judas Macabeus, que sucedera seu pai Matatias, estendeu
seu poder sobre grande parte da Palestina. Em 164 a.C. domi-
nou toda a cidade de Jerusalém. Em seguida tratou de purificar o
templo e restaurar o ritual mosaico. Três anos após o dia de sua
profanação o tempo foi purificado e os sírios estabeleceram a paz
com os judeus e ao mesmo tempo concedeu liberdade religiosa
a eles.

Judas Macabeu não gozou de paz por muito tempo e sem mais
delongas fez uma aliança com os romanos, pedindo assistência
contra a Síria. Judas morreu em combate antes de chegar a aju-
da romana e seu irmão Jônatas tomou-lhe o lugar. Por causa da
fraqueza da Síria, Jônatas tornou-se o comandante da Judéia. Ao
morrer, foi sucedido por outro irmão, Simão. Simão adquiriu a
independência nacional e com ela a paz interna e a prosperidade
do país. Simão passou a ser governador da Judéia e o seu trono
passou a ser hereditário. Seu governo foi interrompido quando
ele foi assassinado, numa conspiração por seu genro. João Hirca-
no, seu filho mais novo, livrou-se da conspiração e foi reconhecido
pelo povo como legítimo herdeiro, tanto civil como religioso. Sua
ascensão ao poder marcou um período de expansão territorial
asmoneu. Hircano se apossou de Medeba ao leste do Jordão e da
região ao redor de Samaria e firmou seu domínio sobre o Esdrae-
lom. No reinado do seu filho Aristóbulo I, a Galileia foi incluída sob
o governo dos judeus, chegando ao máximo de suas possessões
no tempo de Alexandre Janeu, incluindo nelas novas áreas a leste
do Jordão e na Planície do Mediterrâneo.
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Apesar de toda conquista e expansão territorial dos Macabeus,


os seus sucessores não conseguiram manter a competência e a
dignidade dos seus primeiros representantes. O mau governo e
a discórdia religiosa caracterizaram os últimos anos da era ma-
cabeia. Os cercos, as batalhas, os homicídios e os massacres que
se seguiram marcam um período de turbulência na história judai-
ca. Embora presenteados com a oportunidade de restaurar Israel
a uma posição de grande poder e influência, desperdiçaram-na
com lutas entre famílias. Mas apesar de tudo isto os Macabeus
prestaram um grande serviço ao povo judeu, pois conseguiram
que por mais de um século a nação de Israel gozasse de inde-
pendência.

Pompeu, Crasso e Júlio César reinaram sobre Roma como o pri-


meiro triunvirato, mas Júlio César logo se tornou o governante
único. Ele recolocou Hircano no trono de Jerusalém e nomeou
Antípatro, cidadão da Iduméia, como procurador sob as ordens
de Hircano. Os dois filhos de Antípatro, Faselo e Herodes, tor-
naram-se governadores da Judéia e da Galileia. No ano seguinte,
Antípatro foi envenenado; três anos mais tarde, Júlio César foi as-
sassinado em Roma.

Um novo triunvirato - Otávio (sobrinho de César), Marco Antônio


e Lépido - passou a governar Roma. Antônio governava a Síria e o
Oriente. Favoreceu a Herodes, e esta amizade levou essa família
edomita à ascensão do poder. Herodes casou-se com Mariana,
neta de Hircano e tornou-se parte da família macabeia.

Mais ou menos por esse tempo surgiu um novo distúrbio no país.


Antígono, filho de Aristóbulo, conquistou sucesso passageiro ao
cortar as orelhas de Hircano, o sumo sacerdote, impossibilitan-
do-o de exercer o ofício. Na luta seguinte Herodes foi pressiona-
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do por Antígono e teve de fugir para a Fortaleza, chamada Mas-


sada em busca de segurança. Depois ele foi a Roma, descreveu
aos romanos a desordem dominante e foi nomeado rei. Antígono
foi morto e assim acabou para sempre o governo dos macabeus.
Pouco tempo depois do suicídio de Antônio no Egito, Herodes es-
tendeu seu poder na Judéia. Vivia sob o pavor de que um descen-
dente dos macabeus subisse no poder para tomar-lhe o trono.
Tendo Aristóbulo, irmão de Mariana, sido nomeado sumo sacer-
dote, sua popularidade fez com que Herodes mandasse afogá-
lo. Mariana ficou enfurecida e Herodes mandou executá-la. Nos
anos seguintes ele tornou-se cada vez mais vingativo e seus atos
sangrentos provocaram a ira dos judeus.

Para acalmar a hostilidade dos judeus, ele deu início a um pro-


grama de obras públicas. Seu principal empreendimento foi a
restauração do templo de Jerusalém. Mas com isso não termi-
naram os problemas de Herodes, nem os da nação. Ele estava
cercado por um grupo de homens que exploravam sua paranoia.
Seus dois filhos, à semelhança de sua mãe Mariana, vítimas da
ira paterna, foram estrangulados. Em certa ocasião, um grande
número de fariseus teve o mesmo destino. Outros atos igual-
mente sangrentos continuaram durante o seu reinado. Perto do
fim da vida, esse governante, dominado pelo medo de perder o
trono, ordenou o massacre das criancinhas de Belém, quando
nasceu Jesus, o rival Rei dos Judeus.
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A Plenitude do Tempo
Deus Prepara o Mundo para o Advento do Messias
Desde que o homem caiu no pecado, Deus começou a trabalhar
para salvá-lo, para redimi-lo. Aquele abençoado ano (4 a.C.) em
que Jesus nasceu na vila de Belém, não foi um acaso nos planos de
Deus, mas uma coisa multi-secular, que exigiu esforços da parte
do Senhor e do sacrifício de Seu Filho. Depois de Malaquias, não
temos registrado nenhuma revelação de Deus. O silêncio divino é
uma das contribuições para preparar o mundo para o advento do
Messias. Nesses quatrocentos anos de silêncio divino, ocorreram
milhares de sucessos que, somados, preparam o século em que
Jesus nasceu.

Por isso Paulo declarou em Gl 4.4: “Vindo, porém, a plenitude do


tempo, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a
lei”.

Contribuição dos Romanos As armas começaram por se impor


na Itália. Realizada a unificação voltou Roma suas armas contra
Cartago. Júlio César apodera-se da Gália e começa a dominar o
oriente. Seu sobrinho, Otávio, conclui a obra de conquista do ori-
ente. Quando Augusto, em 31 A.C. declarou-se Imperador Roma-
no, o mundo todo lhe estava sujeito, com exceção do extremo
oriente e alguns germanos, como os godos. Roma declarava-se
Protetora de todos os Estados. Aí, nessa dominação temos de
considerar alguns fatores: A Sociedade - Era a mais imoral que se
pode imaginar. Campeavam os vícios, os crimes, a vaidade, a lux-
úria e também a miséria. A mulher tinha um valor insignificante, a
criança nada valia. O divórcio alcançara o requinte de imoralidade
e o aborto era permitido.
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Governo provinciano - Roma era a capital do mundo, a sede do


grande império. Augusto, através de seus vassalos, juízes, reis e
governadores regia tudo. Em cada província havia um Procôn-
sul ou Procurador, conforme a importância, a fim de estar em
contato com as cidades do seu império. Por todos os lugares es-
tavam os publicanos, os arrecadadores de impostos. Roma dava
ampla liberdade religiosa, e às vezes até política aos vencidos. As-
sim, para a Palestina, o governo romano sob Herodes, o Grande
foi muito bom, pois seus termos foram dilatados e a Judéia, era,
quando Jesus nasceu, uma unidade semelhante ao Israel nos dias
de Salomão. Os romanos mantinham um exército em cada país
ocupado. Isso ajudou sobremaneira a manter a paz no mundo.
Comércio - A chamada “Pax Romana” trouxe um grande, intensís-
simo desenvolvimento comercial. As portas do Jano se fecharam,
mas abriram-se as portas do comércio de todo o mundo. O Egito
era o celeiro do Império. Os romanos faziam transações comerci-
ais com a índia, Espanha, Britânia, etc. Intensificou-se a navegação.
O comércio obrigou a construção de estradas famosas como a
“Via Ápia” e “Via Egnation”, superiores a muitas de hoje.

Contribuição dos Gregos Os romanos conquistaram os gregos,


mas, num certo sentido, os gregos conquistaram os romanos.
Quando os romanos dominaram o mundo, o mundo já estava
sendo helenizada, inclusive a cidade de Roma, onde profes-
sores gregos ensinavam na sua língua. Encontramos, também,
na metrópole do império, jogos e deuses gregos. As duas civi-
lizações se fundiram. Os principais elementos dessa civilização
são: A Língua - A língua oficial do império era o latim, mas o koiné
era a língua popular, usada em todo o mundo. Nos dias de Jesus,
em todos os países, falavam-se duas línguas, sendo uma delas o
grego. Quando Pilatos mandou botar a inscrição no topo da cruz,
a ordem foi para que se escrevesse em hebraico, latim e grego.
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O Novo Testamento foi escrito em grego. Paulo, o apóstolo dos


gentios, podia em qualquer país do mundo falar o grego e ser en-
tendido. Deus preparou de tal maneira o mundo para o advento
do Messias que a língua dos povos (com raras exceções) era uma.
Filosofia - A filosofia nos meandros do Império Romano deixara
sua fase inicial, nos moldes acadêmicos e alcançara a comple-
ta maturidade. Sócrates deu um golpe na filosofia especulativa
com o seu ponto máximo: “Conhece-te a ti mesmo”. Platão desen-
volveu o pensamento do seu mestre e chegou até a admitir a
existência de um deus. Aristóteles estudou o mundo tanto físico
como metafísico. Epicuro e Zenão, pais do “epicurismo” e “esto-
icismo” deram à filosofia uma feição prática, tornando-a popu-
lar. Esta pregava à absoluta austeridade e aquela a absoluta de-
pravação, sensualidade. Os adeptos de Zenão foram poucos e
numerosos em todo o mundo os de Epicuro. Os resultados desta
filosofia não se fizeram por esperar. Por toda parte germinou a
daninha semente da corrupção e imoralidade. Esta filosofia, a ep-
icurista, permeou o império todo. O mal consistiu, não em existir
tal filosofia, mas em certos homens praticarem seus princípios e
aceitarem como se fora uma religião. Paulo, em Atenas, discutiu
com os estóicos e epicureus, que disputavam a maioria do vulgo.
Duas são as contribuições da filosofia para o preparo do mundo
para a vinda de Jesus: Levou o homem a olhar introspectivamente
e a sentir necessidade de um Deus pessoal (O Deus desconheci-
do que Paulo encontrou em Atenas) e de um salvador. Desilusão,
porque a filosofia nada lhes deu, apenas fizeram sentir a necessi-
dade.

Contribuição dos Judeus Depois daquele período de glória dos


Macabeus domina a Palestina, Herodes, o Grande. Seu reina-
do estende-se por muitos anos. A Judéia está sob a proteção de
Roma. As contribuições judaicas para o advento de Cristo foram
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notáveis: Herodes, o Grande - Apesar de toda a crueldade de


Herodes, sua contribuição para o advento do Messias foi precio-
sa. Ele acabou com os Macabeus, que estavam em encarniçadas
lutas familiares, por causa do trono de Jerusalém. Os Macabeus
viviam de suas glórias passadas e disputariam, por certo, com Je-
sus e o eliminariam até. Herodes acabou com eles, houve paz
e prosperidade na Palestina e as boas relações do Idumeu com
Augusto trouxeram para Israel grandes benefícios, o que não se
verificou depois da morte do poderoso monarca. Jesus nasceu
quando Herodes reinava e havia paz em toda a Judéia.

Sinagogas - Por causa da fidelidade dos escribas e seu amor à Lei


do Senhor, nasceram as sinagogas. Elas concorreram para unir os
judeus em questões espirituais, cultivar o estudo da lei, alimentar
a esperança do Messias, preservá-los das influências pagas em
costumes e religião. Para o cristianismo constituem fortes alicerc-
es, bases, pontos de partida para a propagação do evangelho.

Septuaginta - A versão das escrituras para o grego, a língua uni-


versal nos dias de Jesus, foi um das maiores contribuições para o
advento de Cristo. Milhares e milhares de judeus moravam no es-
trangeiro, eram os da Dispersão ou Diáspora. Nada mais sabiam
de hebraico ou de aramaico. Desejavam ler o Torah, os Profetas,
os Salmos, mas não conseguiam por estes se acharem em hebra-
ico. A Septuaginta, portanto, permitiu-lhes a leitura do texto sa-
grado e ajudou-os a permanecer firmes em Deus e na esperança
das promessas do Senhor.
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Primeiro Século da era Cristã


A história da Igreja de Deus tem sido sempre, desde a era apos-
tólica até o presente, a história da graça divina no meio dos erros
dos homens. Muitas vezes se tem dito isso, e qualquer pessoa
que examine essa história com atenção não pode deixar de se
convencer que assim é.

Lendo as Epístolas do Novo Testamento vemos que mesmo nos


tempos apostólicos o erro se manifestou, e que a inimizade as
contenda, as iras, as brigas e as discór¬dias, com outros males,
tinham apagado o amor no coração de muitos crentes verda-
deiros.

Deixaram as suas primeiras obras e o seu primeiro amor e al-


guns que tinham principiado pelo espírito, pro¬curavam depois
ser aperfeiçoados pela carne.

Mas havia muito mais do que isso. Não somente exis¬tiam al-
guns verdadeiros crentes em cujas vidas se viam muitas irregular-
idades, e que procuravam, pelas suas pa-lavras, atrair discípulos
a si, como também havia outros que não eram de modo algum
cristãos, mas que entraram despercebidamente entre os irmãos,
semeando ali a discór¬dia. Isto descreve o estado de coisas a que
se referem os primeiros versículos do capítulo dois de Apocalipse,
na carta escrita ao anjo da igreja em Éfeso.
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Tempos de Perseguição
Porém estava para chegar um tempo de perseguição para a Igre-
ja, e isso foi permitido pelo Senhor, na sua graa, a fim de que se
pudessem distinguir os fiéis.
Esta perseguição, instigada pelo imperador romano Nero, foi a
primeira das dez perseguições gerais que conti¬nuaram, quase
sem interrupção, durante três séculos.

“Por que razão permite Deus que o seu povo amado so¬fra as-
sim?”Muitas vezes se tem feito esta pergunta, e a resposta é sim-
ples: é porque Ele ama esse povo. Podia ha¬ver, e sem dúvida
há, outras razões, porém a principal é esta - Ele o ama. “Porque o
Senhor corrige o que ama ‘ e se o coração se desviar, tornar-se-á
necessária a disciplina”.

Com que facilidade o mal se liga, mesmo ao melhor dos homens!


Mas, na fornalha da aflição, a escória separa-se do metal precio-
so, sendo aquela consumida. Ainda mais, quando suportamos a
correção de Deus, Ele nos trata como filhos; e se sofremos com
paciência, cada provocação pela qual Ele nos faz passar dará em
resultado mais uma bênção para a nossa alma. Tal experiência
não nos é agradável, nem seria uma provocação se o fosse, porém,
à noite de tristeza sucede a manhã de alegria, e dizemos com o
salmista Davi: “Foi bom para mim, ter sofrido aflição”.
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Roma Incendiada
Uma noite no mês de julho, no ano acima citado, os ha¬bitantes
de Roma foram despertados do sono pelo grito de “Fogo!” Esta
terrível palavra fez-se ouvir simultaneamen¬te em diversas par-
tes da cidade, e dentro de poucas horas a majestosa capital ficou
envolvida em chamas. A grande arena situada entre os montes
Palatinos e Aventino, onde cabiam 150.000 pessoas, em pouco
tempo estava ardendo, assim como a maior parte dos edifícios
públicos, os monu¬mentos, e casas particulares.

O fogo continuou por espaço de nove dias, e Nero, por cujas or-
dens se tinham praticado este ato tão monstruoso, presenciou
a cena da torre de Mecenas, onde manifestou o prazer que teve
em ver a beleza do espetáculo, e, vestido como um ator, acom-
panhando-se com a música da sua li¬ra, cantou o incêndio da
antiga Tróia!

O grande ódio que lhe votaram em conseqüência deste ato, en-


vergonhou-o e tornou-o receoso; e com a atividade que lhe deu
a sua consciência desassossegada, logo achou o meio de se livrar
dessa situação. O rápido desenvolvimento do cristianismo já tinha
levantado muitos inimigos contra essa nova doutrina. Muita gente
havia em Roma que esta¬va interessada na sua supressão - por
isso não podia haver nada mais oportuno, e ao mesmo tempo
mais simples para Nero, do que lançar a culpa do crime sobre os
inofensivos cristãos.

Tácito, um historiador pagão, que não era de modo al¬gum fa-


vorável ao cristianismo, fala da conduta de Nero da seguinte ma-
neira:
20 Instituto Êxito de Teologia

“Nem os seus esforços, nem a sua generosidade para com o povo,


nem as suas ofertas aos deuses, podiam pagar a infame acusação
que pesava sobre ele de ter ordenado que se lançasse fogo à ci-
dade. Portanto, para pôr termo a este boato, culpou do crime, e
infligiu os mais cruéis casti¬gos, a uns homens... a quem o vulgo
chamava cristãos”, e acrescenta: “quem lhes deu esse nome foi
Cristo, a quem Pôncio Pilatos, procurador do imperador Tibério,
deu a morte durante o reinado deste”.

“Esta superstição perniciosa, assim reprimida por al¬gum tempo,


rebentou de novo, e espalhou-se não só pela Judéia, onde o mal
começara, mas também por Roma, para onde tudo quanto é mau
na terra se encaminha e é praticado. Alguns que confessaram per-
tencer a essa seita foram os primeiros a ser presos; e em seguida,
por informa¬ções destes prenderam mais uma grande multidão
de pes¬soas, culpando-as, não tanto do crime de terem queima-
do Roma, mas de odiarem o gênero humano”.

É quase escusado dizer que os cristãos não nutriam ódio algum


pela humanidade, mas sim pela terrível idola¬tria que prevalecia
em todo o Império Romano; e só por este motivo eram consider-
ados como inimigos da raça humana.

Morte de Nero
O miserável Nero morreu às suas próprias mãos, no ano 63, cheio
de remorsos e de medo; depois da sua morte a igreja teve des-
canso por espaço de trinta anos. Contudo durante esse tempo
Domiciano (que podia quase levar a palma a Nero, quanto à intol-
erância e crueldade) subiu ao trono; e depois de quatorze anos
21 Instituto Êxito de Teologia

do seu reinado, rebentou a perseguição geral.

Tendo chegado aos ouvidos do imperador que alguém, descen-


dente de Davi, e de quem se tinha dito: “Com vara de ferro regerá
todas as nações”, vivia na Judéia, fez com que se procedesse a in-
vestigação, e dois netos de Judas, o irmão do Senhor Jesus, foram
presos e conduzidos à sua presença.

Quando ele, porém, olhou para as suas mãos, calosas e ásperas


pelo trabalho, e viu que eram uns homens pobres, que espera-
vam por um reino celeste, e nada queriam saber do reino terres-
tre, despediu-os com desprezo. Diz-se que eles foram corajosos
e fiéis em testemunhar a verdade pe¬rante o imperador, e que,
quando voltaram para sua terra natal, foram recebidos com am-
izade e honras pelos irmãos.

Segundo Século da era Cristã


Reinados de nerva, trajano e marco aurélio
Havia apenas dezoito meses que Domiciano tinha mor¬rido,
quando a igreja, que ficara isenta de perseguição du¬rante o cur-
to reinado de Coccei Nerva, seu sucessor, comeou novamente
a sofrer. Nerva era um homem de caráter brando e generoso, e
tratou bem os cristãos; e com uma benignidade digna de louvor
restabeleceu todos que tinham sido expatriados pela perseguição
de Domiciano. Porém, depois de um reinado de dezesseis meses,
foi atacado por uma febre, da qual nunca se curou.

O seu sucessor, Trajano, deixou os cristãos tranqüilos por algum


22 Instituto Êxito de Teologia

tempo, mas sendo levado a suspeitar deles, de¬terminou que se


renovasse a perseguição, e, sendo possível, que se exterminasse
a nova religião, por meios decisivos e severos. Parecia ao seu es-
pírito orgulhoso que o cristianis¬mo era uma ofensa, um insulto
para a natureza humana, e que o seu ensino era (como efetiva-
mente o era) inteiramente oposto à filosofia dos seus tempos:
uma filosofia que ele¬vava os homens a deuses, e tornava a hu-
mildade e brandura dos cristãos efeminada e desprezível.

Mas Trajano não tinha a crueldade de Nero, nem de Domiciano; e


podia-se notar nessa ocasião uma perplexi¬dade e indecisão na
sua conduta, que contrastava, de uma maneira notável, com a in-
flexibilidade de propósito que ordinariamente mostrava nos seus
atos. Pela sua carta a Plínio, governador de Bitínia e Ponto, pode-
se ver que ele não sentia prazer algum na tortura ou na execução
dos seus súditos. Nessa carta diz ele claramente: “Não se deve
andar a procura dessa gente” e acrescenta: “se alguém re-nunciar
ao cristianismo, e mostrar a sua sinceridade supli¬cando aos nos-
sos deuses, alcançará o perdão pelo seu arre¬pendimento”. Em
suma, era a religião, e não os seus adep¬tos, que Trajano odiava.

Trinta anos de Sossego


No ano 117 morreu Trajano, e o seu sucessor, Adriano, continuou
as perseguições. E foi só no ano 138, quando An¬tônio Pio subiu
ao trono, que os cristãos ficaram de alguma maneira aliviados
dessa opressão. Com o seu reinado bran¬do e pacífico começou
um período de sossego que durou perto de trinta anos; e duran-
te esse tempo a Palavra de Deus teve livre curso e Cristo foi glori-
ficado. E certo que houve alguns casos isolados de opressão, mas
23 Instituto Êxito de Teologia

a perseguição geral tinha desaparecido e o Evangelho depressa


se espa¬lhou por todas as províncias dos domínios romanos.
A gloriosa mensagem foi levada para o Ocidente até nas extremi-
dades da Gália e para o Oriente até a Armênia e a Assíria; e mil-
hares daqueles que em vão tinham procurado a paz de coração
nas mitologias de Roma e do Egito, escu¬taram avidamente as
palavras da vida, e espontaneamente se tornaram discípulos de
Cristo.

Dessa forma, a perseguição não tinha um caráter de política de


Estado, mas estava sempre presente, posto que somente em 313
(séc IV) o cristianismo passou a ser considerada uma religio lici-
ta. Assim, vários foram os mártires cristãos nesse início da igreja:
Simeão e Inácio, no período compreendido entre os reinados de
Trajano e Antonino Pio; Policarpo e Justino, o Mártir, sob o reina-
do de Marco Aurélio; Leônidas, Perpétua e Felícitas, sob o reina-
do de Séptimo Severo; Cipriano e Sexto, durante a perseguição
movida pelo imperador Valeriano. Perseguiram ainda a Igreja os
imperadores Décio, Diocleciano e Galério.

Basicamente havia duas linhas de oposição ao Cristianismo: pop-


ular e erudita. A oposição popular estava baseada em rumores
e falsas interpretações dos ritos cristãos. Era voz corrente entre
o povo que os cristãos participavam de festas onde havia orgias
com incestos, inclusive, interpretando mal o fato de os cristãos se
chamarem de irmãos e praticarem a “ágape”. Cria também o povo
que os cristãos comiam a carne de recém-nascidos, isto devido
ao que ouviam falar sobre a Ceia, na qual comiam a carne de Je-
sus, juntamente com os relatos do nascimento de Cristo.

Já os homens cultos da época faziam acusações a partir da própria


crença dos cristãos, tais como, “Por um lado dizem que é onipo-
24 Instituto Êxito de Teologia

tente, que é o ser supremo que se encontra acima de tudo. Mas


por outro o descrevem como um ser curioso, que se imiscui com
todos os assuntos humanos, que está em todas as casas vendo
o que se diz e até o que se cozinha. Esse modo de conceber a di-
vindade é uma irracionalidade. Ou se trata de um ser onipotente,
por cima de todos os outros seres, e portanto, apartado deste
mundo; ou se trata de um ser curioso e intrometido, para quem
as pequenezas humanas são interessantes.”

Ao povo em geral, a Igreja respondeu chamando-o a ver a condu-


ta moral dos cristãos, muito superior à dos pagãos. Aos cultos e
letrados, a igreja respondeu através dos Apologistas: Discurso a
Diogneto, Aristides, Justino Mártir, Taciano (Discurso aos gregos),
Atenágoras (Defesa dos Cristãos e Sobre a Ressurreição dos Mor-
tos), Teófilo (Três livros a Autólico), Orígenes (Contra Celso), Tertu-
liano (Apologia), Minúcio Félix (Otávio).

As Heresias
Ao lados das perseguições externas, o Cristianismo enfrentou um
inimigo muito mais terrível, posto que interno, através de here-
sias, algumas delas propostas por líderes da própria igreja.

As primeiras heresias enfrentadas pela Igreja vieram dos judeus


convertidos, problema já enfrentado por Paulo na igreja da Galá-
cia. Os ebionitas, eram farisaicos em sua natureza. Não reconhe-
ciam o apostolado de Paulo e exigiam que os cristãos gentios se
submetessem ao rito da circuncisão. No desejo de manterem o
monoteísmo do Antigo Testamento, os ebionitas negavam a di-
vindade de Cristo e seu nascimento virginal, afirmando que Ele só
25 Instituto Êxito de Teologia

se distinguia dos outros homens por sua estrita observância da


lei, tendo sido escolhido como Messias por causa de sua piedade
legal.

Os elquesaítas, por sua vez, apresentavam um tipo de cristianismo


judaico assinalado por especulações teosóficas e ascetismo estri-
to. Rejeitavam o nascimento virginal de Cristo, mas julgavam-no
um espírito ou anjo superior. A circuncisão e o sábado eram gran-
demente honrados; havia repetidas lavagens, sendo-lhes atribuí-
dos poderes mágicos de purificação e reconciliação; a mágica e a
astrologia eram praticadas entre eles. Com toda probabilidade se
referem a essas heresias a Epístola aos Colossenses e I Timóteo.

O ambiente gentílico também forneceu sua cota de heresias


que atingiram a Igreja. O Gnosticismo, muito embora não pos-
suísse uma liderança unificada e se apresentasse como um cor-
po doutrinário amorfo, foi terrível para a Igreja. Já vemos um
gnosticismo incipiente no próprio período apostólico (Cl 2.18 ss;
I Tm 1.3-7; 6.3ss; II Tm 2.14-18; Tt 1.10-16; II Pe 2.1-4; Jd 4,16; Ap
2.6,15,20ss). Nesse período, Celinto ensinava uma distinção entre
o Jesus humano e o Cristo, que seria um espírito superior que de-
scera sobre Jesus no momento do batismo e tê-lo-ia deixado an-
tes da crucificação. Vemos João combatendo indiretamente essa
heresia em João 1.14; 20.31; I João 2.22; 4.2,15; 5.1,5-6 e II João 7.

No segundo século, esses erros assumem uma forma mais desen-


volvida, muito embora continuassem como um corpo amorfo. A
bem da verdade poderíamos dizer que houve “gnosticismos”, mas
há pensamentos comuns às várias correntes gnósticas. Gnosti-
cismo vem do grego, “gnosis”, que significa “conhecimento”. Para
os gnósticos, a salvação era alcançada através do conhecimento
esotérico de mistérios, os quais só eram revelados aos iniciados.
26 Instituto Êxito de Teologia

Dividiam a humanidade em “pneumáticos”, “psíquicos” e “hílicos”.


Os primeiros eram a elite da igreja, os que alcançavam o conhe-
cimento que leva à salvação; os seguintes, eram os cristãos co-
muns, que poderiam alcançar a salvação através da fé e das boas
obras; os últimos eram os gentios, irremediavelmente perdidos.
Na cosmovisão gnóstica, tudo que era material era essencialmente
mau, e o que era espiritual era essencialmente bom. Logo, o Deus
do Novo Testamento não poderia ser o deus do Antigo Testa-
mento. O deus do AT era tido como Demiurgo, o criador do mun-
do visível. Ainda na visão gnóstica, entre o Deus bondoso que se
revelou em Cristo e o mundo material havia vários intermediários,
através dos quais o homem poderia achegar-se a Deus.

Sendo o corpo mau e o espírito bom, os gnósticos tendiam para


dois extremos: alguns seguiam um ascetismo rigoroso, mortifi-
cando a carne, enquanto outros se lançavam na mais desregrada
libertinagem.

Outra heresia que mereceu o combate da Igreja foi a heresia


de Márcion, filho do bispo de Sinope, que parece ter tido duas
grandes antipatias: Pelo Judaísmo e pelo mundo material. Ensina-
va Márcion, à semelhança dos gnósticos, que Iavé, o Deus do AT
não era o Deus do NT, este, o Deus supremo. Iavé era um deus
mau, ou pelo menos ignorante, vingativo, ciumento e arbitrário.
O mundo material e suas criaturas eram criação de Iavé e não do
Deus supremo. Este, entretanto, apiedou-se das criaturas de Iavé
e enviou Jesus, que não nasceu de uma mulher, posto que isso
faria com que passasse a ser criatura do deus inferior. Jesus sur-
giu como homem maduro no reinado de Tibério, na Galiléia.

Márcion rejeitou o Antigo Testamento, que até então eram as Es-


crituras aceitas na Igreja Cristã (o cânon do NT ainda não havia
27 Instituto Êxito de Teologia

sido elaborado) por serem a palavra de Iavé, o deus inferior, e


formulou um cânon para si e seus seguidores, que constava do
evangelho de Lucas, expurgado do que ele considerava “judaís-
mo”, e das cartas de Paulo.

Também ensinava Márcion que não haverá juízo final, posto que
o Deus amoroso a todos perdoará. Negava a criação, a encar-
nação e a ressurreição final.

Márcion chegou a formar uma igreja independente e seu ensino


foi de um perigo terrível para a igreja, que na época não possuía
um corpo doutrinário estabelecido e reconhecido por toda a cri-
standade.

Como se não bastasse essas heresias, houve também as heresias


dos Montanistas e dos Monarquistas. Os montanismo surgiu na
Frígia, por volta do ano 150. Montano afirmava que o último e
mais elevado estágio da revelação já fora atingido. Chegara a era
do Paracleto, que falava através de Montano, e que se caracteri-
zava pelos dons espirituais, especialmente a profecia. Montano e
seus colaboradores eram tidos como os últimos profetas, trazen-
do novas revelações. Eram ortodoxos no que diz respeito à reg-
ra de fé, mas afirmavam possuir revelações mais profundas que
as contidas nas Escrituras. Faziam estritas exigências morais, tais
como o celibato (quando muito, um único matrimônio), o jejum e
uma rígida disciplina moral.

Já o monarquianismo estava interessado na manutenção do


monoteísmo do AT. Seguiu duas vertentes: o monarquianismo
dinâmico e o monarquianismo modalista. O primeiro estava in-
teressado em manter a unidade de Deus, e estava alinhado com
a heresia ebionita. Para eles, Jesus teria sido tomado de maneira
28 Instituto Êxito de Teologia

especial pelo Logos de Deus, passando a merecer honras divinas,


mas sendo inferior a Deus. O segundo, também chamado de sa-
belianismo, concebia as três Pessoas da Trindade como os três
modos pelos quais Deus se manifestava aos homens.

Reação da Igreja
Em face de essas ameaças, internas e externas, a igreja respon-
deu de várias formas. Vá vimos que os apologistas responderam
às acusações assacadas pelos filósofos e pessoas cultas ao cris-
tianismo. No plano interno, a igreja primeiro tratou de definir um
Cânon, ou seja, uma lista dos livros considerados inspirados. Nesse
período, havia inúmeros evangelhos, cartas, apocalipses circulan-
do nas mais diversas igrejas. Alguns eram lidos em certas igrejas
e não eram lidos em outras. Com o desafio de Márcion e também
da perseguição sob Diocleciano, onde uma pessoa encontrada
com livros cristãos era passível de morte, era importante saber se
o livro pelo qual o cristão estava passível de morte era realmente
inspirado. Não houve um concílio para definir quais os livros nem
quantos formariam o NT. Tal escolha se deu por consenso, tendo
alguns livros sido reconhecidos com mais facilidade que outros.

Definiu também a igreja regras de fé, sendo a mais antiga o chama-


do Credo Apostólico, o qual resumia aqueles pontos de fé que o
cristão genuíno deveria subscrever, e era claramente trinitariano
(Creio em Deus Pai, todo poderoso, criador do céu e da terra.
Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi
concebido por obra do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e
sepultado; no terceiro dia ressurgiu dos mortos, subiu ao céu, e
29 Instituto Êxito de Teologia

está sentado à mão direita de Deus Pai, todo poderoso, de onde


há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo,
na santa igreja católica; na comunhão dos santos; na remissão
dos pecados, na ressurreição do corpo e na vida eterna).Parale-
lamente, a igreja percebeu que precisava organizar-se estrutural-
mente. Definiu então a sucessão apostólica e o bispo monárquico
para garantir a unidade da igreja, surgindo então o que é chama-
do de Igreja Católica Primitiva, significando o termo “católica” =
universal.Visto isso, podemos, até aqui, fazer um resumo gráfico
do início atribulado da Igreja Cristã no império romano:

Os Pais da Igreja
O Estado Romano e as heresias encontraram adversários à altura
no seio da Igreja Cristã, seja através de mártires anônimos, que
deram suas vidas mas não negaram a Jesus, seja nos homens que
começaram a formular as doutrinas muitas das quais esposamos
até hoje. Estes homens são chamados de Pais da Igreja,cujos en-
sinos passamos a resumir:

a)IRINEU:Nascido no Oriente e discípulo de Policarpo. Foi bispo


de Lion. Escreveu Contra Heresias, no qual investe principalmente
contra os gnósticos.

b)HIPÓLITO:Discípulo de Irineu; menos dotado que seu mestre;


gostava mais das idéias filosóficas que Irineu. Provavelmente sof-
reu o martírio em Roma. Sua principal obra se chama Refutação
de Todas as Heresias,na qual ele contesta os ensinos gnósticos.

c)TERTULIANO:Homem de grande erudição, vívida imaginação e


intensos sentimentos. De gênio explosivo, era naturalmente apa-
30 Instituto Êxito de Teologia

ixonado na apresentação do cristianismo. Era advogado e intro-


duziu termos e conceitos jurídicos na discussão teológica. Ten-
dia a deduzir que todas as heresias provinham da filosofia grega,
razão pela qual se tornou ardente opositor da filosofia. Seu fervor
o levou a unir-se ao montanismo no final da vida.

Os Pais Alexandrinos
A Teologia Alexandrina, ou Escola de Alexandria, foi uma forma
de teologia que apelou para a interpretação alegórica da Bíblia, e
foi formada pela combinação extravagante entre a erudição gre-
ga e as verdades do evangelho. A Escola de Alexandria chegou até
a lançar mão de especulações gnósticas na formulação de suas
interpretações escriturísticas. Seus principais expoentes foram
Clemente de Alexandria e Orígenes.

Clemente não era um cristão tão ortodoxo quanto Irineu ou Ter-


tuliano, mas como os apologistas, buscava uma ponte entre a filo-
sofia da época e a tradição cristã. Tinha como mananciais do con-
hecimento das coisas divinas tanto as Escrituras quanto a razão
humana.

Orígenes nasceu em lar cristão e foi discípulo de Clemente, a quem


sucedeu como catequista de Alexandria. Era o mais erudito dos
pensadores da Igreja Primitiva e seus ensinos eram de natureza
assaz especulativa. No final da vida foi condenado por heresia.
Formulou o primeiro compêndio de teologia sistemática, chama-
do De Principiis. Nessa formulação,combateu tanto os gnósticos
quanto os monarquianos. Conquanto tenha desejado ser orto-
doxo, seus escritos traziam sinais identificativos do neo-platonis-
31 Instituto Êxito de Teologia

mo, sem falar na sua interpretação alegórica, que abriu caminho


para todas as formas de especulação e interpretação arbitrárias.

A Igreja Imperial (313-590)


A Grande Transição

No ano 313, ocorreu um evento extraordinário que mudou dras-


ticamente os rumos da história da igreja. Esse evento foi o decid-
ido apoio do imperador Constantino ao cristianismo. Constantino
havia começado a governar em 308, mas só em 312 ele conse-
guiu vencer o seu rival Maxêncio, na batalha da Ponte Mílvia, per-
to de Roma, tornando-se o único imperador da parte ocidental
do império. Pouco antes da batalha ele tivera o famoso sonho em
que viu as duas primeiras letras do nome de Cristo em grego (χρ =
chi-rho) e as palavras “Com este sinal vencerás”. No ano seguinte,
ele e Licínio, o dirigente da seção oriental do império se encon-
trou e promulgou um decreto que ficou conhecido como Edito de
Milão. Esse famoso decreto legalizou o cristianismo, fez cessar as
perseguições e deu ampla liberdade religiosa a todas as pessoas.
Constantino passou a fazer generosas concessões à igreja e seus
líderes, em termos de doação de propriedades, isenção de tribu-
tos e outros privilégios. Um importante cronista dessa época foi
Eusébio de Cesaréia, que escreveu História Eclesiástica (300-325),
a primeira história da igreja. Em troca dos benefícios concedidos
à igreja, Constantino sentiuse no direito de intervir em questões
eclesiásticas, como no caso da controvérsia ariana, que veremos
a seguir. Começou assim o complexo e por vezes tumultuado rel-
acionamento entre a igreja e o estado que dura, de uma forma ou
de outra, até os nossos dias.
32 Instituto Êxito de Teologia

Na segunda metade do século IV, o imperador Juliano (361-63),


cognominado “o apóstata” por ter abandonado a fé cristã, fez a
última tentativa de restaurar o paganismo. Duas décadas depois,
o imperador Teodósio I (379-95), um espanhol, tornou o cristian-
ismo “católico” a religião oficial do Império Romano (ano 380). No
século seguinte, o Império Romano ocidental (latino) entrou em
declínio acentuado. No ano 476, o general germânico Odoacro
destronou Rômulo Augústulo, o último imperador do ocidente.
No oriente grego, o império continuou a existir por muitos sécu-
los, tendo sua capital em Constantinopla ou Bizâncio e sendo con-
hecido como Império Bizantino. Um notável líder desse império
foi Justiniano (527-565).

A Controvérsia Ariana (4o. século)


Por volta do ano 318, Ário, um presbítero de Alexandria (Egito),
começou a ensinar que Cristo, o Filho de Deus, foi criado pelo
Pai antes da existência do mundo, sendo portanto inferior ao Pai,
mas superior aos seres humanos. Esse ensino gerou uma enorme
controvérsia em toda a igreja. Constantino, temendo pela estab-
ilidade política do império, convocou um concílio de bispos para
resolver essa e outras questões. O Concílio de Nicéia, na Ásia
Menor, reuniu-se em 325, sendo presidido pelo próprio impera-
dor. Depois de muitas discussões, o concílio aprovou um credo, o
Credo de Nicéia, que afirmou a divindade de Jesus Cristo e conde-
nou as posições arianas. Uma palavra importante e controvertida
dessa declaração foi homoousios, isto é, “consubstancial”. Cristo
partilha da mesma substância que o Pai. Estava assim definida a
doutrina da trindade, ou seja: o Pai, o Filho e o Espírito Santo são
três “pessoas” que compartilham da mesma “substância” ou es-
33 Instituto Êxito de Teologia

sência divina, sendo, portanto, um só Deus.

Mais tarde, sempre por razões políticas, Constantino e seus fil-


hos apoiaram a posição condenada, o arianismo, gerando grande
problemas para a igreja, até que, como vimos 19 acima, o im-
perador Teodósio oficializou o cristianismo trinitário, niceno. No
ano seguinte, Teodósio convocou o Concílio de Constantinop-
la (381), que reafirmou plenamente as decisões do Concílio de
Nicéia. Esse concílio aprovou um novo credo que expandiu as
declarações de Nicéia e afirmou explicitamente a divindade do
Espírito Santo (Credo Niceno-Contantinopolitano). Na grande luta
em defesa das decisões de Nicéia, destacaram-se quatro impor-
tantes pais da igreja oriental: Atanásio (328-373), bispo de Alexan-
dria, que escreveu as obras Sobre a Encarnação do Verbo e Dis-
cursos Contra os Arianos (e foi exilado cinco vezes por causa de
suas posições), e três bispos e teólogos da Ásia Menor,conheci-
dos como os três capadócios: Basílio de Cesaréia (†379), Gregório
de Nazianzo(†c.389) e Gregório de Nissa (†c.394).

Invasões Germânicas e Missões


No século IV, vários povos que habitavam a Europa oriental
começaram a invadir o Império Romano ocidental. Em 378, os
visigodos derrotaram e mataram o imperador Valêncio. Poucas
décadas depois, sob o comando de Alarico, saquearam a própria
cidade de Roma (410). Também invadiram a Gália e o sul da Es-
panha. Os famigerados vândalos invadiram a Gália, a Espanha e
o norte da África, e saquearam Roma em 455. Outros invasores
foram os hunos, vindos das estepes da Ásia central e comanda-
dos pelo célebre Átila, “o flagelo de Deus”. Também foram impor-
34 Instituto Êxito de Teologia

tantes as ações dos anglos e saxões, que invadiram a Britânia (In-


glaterra) no ano 449. Esses e outros povos eventualmente deram
origem às modernas nações européias.

Alguns desses povos já haviam sido cristianizados quando invadi-


ram o Império Romano. Foi o caso dos godos do baixo Danúbio
ou visigodos, que foram evangelizados por Ulfilas (c. 311-383),
cuja mãe era daquele povo. Ulfilas traduziu as Escrituras para a
língua gótica e, sendo um adepto do arianismo, transmitiu essa
concepção da fé aos visigodos. Na França central, um dos pri-
meiros missionários foi Martinho de Tours (†397) e a Irlanda foi
evangelizada por Patrício (c.415-c.493), a partir de 460 (início do
cristianismo celta). A primeira nação germânica a abraçar o cris-
tianismo católico, ou seja, trinitário, foram os francos, mediante a
conversão do rei Clóvis em 496. Sua esposa, Clotilde, já era uma
cristã. Até 590, a maior parte das tribos germânicas havia deixado
o arianismo em favor do catolicismo. Na Escócia, foi muito atuante
o irlandês Columba (c.521-597), que, acompanhado de monges
celtas, fundou um influente centro missionário na pequena ilha
de Iona (557). Esse centro enviou missionários à Escócia, Inglater-
ra, França, Alemanha e Suíça.

Quatro Grandes Vultos


Os séculos IV e V são chamados a “idade de ouro” dos pais da
igreja. No final do século IV e início do V viveram quatro líderes e
escritores cristãos especialmente importantes. Dois deles foram
notáveis pregadores, um no ocidente latino e o outro no oriente
grego. O primeiro foi Ambrósio, bispo de Milão (374-397), no norte
da Itália, que ficou conhecido pela maneira corajosa como enfren-
tou o imperador Teodósio por causa de um massacre ocorrido
35 Instituto Êxito de Teologia

em Tessalônica. O outro foi o não menos ousado João Crisósto-


mo, patriarca de Constantinopla (397-407), o maior pregador da
igreja antiga e por isso mesmo apelidado de Crisóstomo, ou seja,
“boca de ouro”. Por causa de sua pregação profética, foi banido
pela imperatriz Eudóxia e morreu no exílio. Os outros dois vul-
tos eminentes do período foram Jerônimo e Agostinho. Jerônimo
(331- 420) foi o maior erudito da igreja ocidental antiga. Depois
de muitos estudos, no oriente, tornou-se secretário do papa Dâ-
maso, que o incentivou a fazer uma nova tradução da Bíblia para
o latim. Passou os últimos trinta e cinco anos de sua vida num
mosteiro em Belém, onde escreveu seus comentários bíblicos
e concluiu a tradução da Vulgata Latina, a Bíblia oficial da Igreja
Católica. Agostinho (354-430) converteu-se em Milão em 386, in-
fluenciado pela pregação de Ambrósio, e tornou-se bispo de Hi-
pona, no norte da África, em 395. É considerado o maior dos pais
da igreja e muito influenciou os reformadores protestantes. Das
94 obras que escreveu, as mais conhecidas são as Confissões e
A Cidade de Deus, esta última já referida na aula de introdução.
Agostinho lutou fortemente contra os cismáticos donatistas e
contra Pelágio, um monge inglês que afirmava que o homem na-
sce essencialmente bom e é capaz de fazer o bem sem o auxílio
de Deus. Agostinho, ao contrário, afirmou que o ser humano está
morto no pecado e, portanto, a salvação provém inteiramente da
graça de Deus, sendo concedida apenas aos eleitos.
36 Instituto Êxito de Teologia

Bibliografia
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