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Paulo de Martino Jannuzzi RSP

Indicadores para
diagnóstico, monitoramento
e avaliação de programas
sociais no Brasil*

Paulo de Martino Jannuzzi

Introdução

O interesse pela temática dos indicadores sociais e sua aplicação nas ativi-
dades ligadas ao planejamento governamental e ao ciclo de formulação e avali-
ação de políticas públicas vêm crescendo no País, nas diferentes esferas de
governo e nos diversos fóruns de discussão dessas questões. Tal fato deve-se,
em primeiro lugar, certamente, às mudanças institucionais por que a adminis-
tração pública tem passado no País, em especial com a consolidação da siste-
mática do planejamento plurianual, com o aprimoramento dos controles admi-
nistrativos dos ministérios, com a mudança da ênfase da auditoria dos Tribunais
de Contas da avaliação da conformidade legal para a avaliação do desempenho
dos programas, com a reforma gerencial da gestão pública em meados dos anos
1990 (G ARCIA, 2001. COSTA ; CASTANHAR , 2003). Esse interesse crescente pelo
uso de indicadores na administração pública também está relacionado ao apri-
moramento do controle social do Estado brasileiro nos últimos 20 anos. A mídia,

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os sindicatos e a sociedade civil passaram Indicadores nas políticas públi-


a ter maior poder de fiscalização do gasto cas: conceito e suas propriedades
público e a exigir o uso mais eficiente, eficaz
e efetivo dele, demandando a reorgani- No campo aplicado das políticas
zação das atividades de planejamento em públicas, os indicadores sociais são medidas
bases mais técnicas. usadas para permitir a operacionalização de
Também tem contribuído para a um conceito abstrato ou de uma demanda
disseminação do uso dos indicadores o de interesse programático. Os indicadores
acesso crescentemente facilitado às infor- apontam, indicam, aproximam, traduzem
mações mais estruturadas – de natureza em termos operacionais as dimensões
administrativa e estatística – que as novas sociais de interesse definidas a partir de
tecnologias de informação e comunicação escolhas teóricas ou políticas realizadas ante-
viabilizam. Dados cadastrais antes riormente. Prestam-se a subsidiar as ativi-
esquecidos em armários e fichários dades de planejamento público e a
passam a transitar pela Internet, trans- formulação de políticas sociais nas diferentes
formando-se em informação estruturada esferas de governo, possibilitam o monito-
para análise e tomada de decisão. Dados ramento das condições de vida e bem-estar
estatísticos antes inacessíveis em enormes da população por parte do poder público
arquivos digitais passam a ser “customi- e da sociedade civil e permitem o aprofun-
zados” na forma de tabelas, mapas e damento da investigação acadêmica sobre
modelos quantitativos construídos por a mudança social e sobre os determinantes
usuários não especializados. Sem dúvida, dos diferentes fenômenos sociais (MILES,
a Internet, os CD-ROMs inteligentes, os 1985. NAÇÕES UNIDAS, 1988). Taxas de anal-
arquivos de microdados potencializaram fabetismo, rendimento médio do trabalho,
muito a disseminação da informação taxas de mortalidade infantil, taxas de
administrativa compilada por órgãos desemprego, índice de Gini e proporção
públicos e a informação estatística produ- de crianças matriculadas em escolas são,
zida pelas agências especializadas. nesse sentido, indicadores sociais, ao tradu-
É com o objetivo de apresentar como zirem em cifras tangíveis e operacionais
essas informações estruturadas podem ser várias das dimensões relevantes, específicas
empregadas nas diferentes etapas do ciclo e dinâmicas da realidade social.
de formulação e avaliação de programas O processo de construção de um
públicos que se apresenta este texto. Para indicador social, ou melhor, de um sistema
isso, inicialmente, apresentam-se, nas duas de indicadores sociais, para uso no ciclo
primeiras seções, os aspectos conceituais de políticas públicas inicia-se a partir da
básicos acerca dos indicadores sociais, as explicitação da demanda de interesse
suas propriedades e as formas de classi- programático, tais como a proposição de
ficá-los. Depois, discute-se uma proposta um programa para ampliação do aten-
de estruturação de um sistema de indica- dimento à saúde, a redução do déficit
dores para subsidiar o processo de for- habitacional, o aprimoramento do desem-
mulação e avaliação de políticas e progra- penho escolar e a melhoria das condições
mas públicos no País. de vida de uma comunidade. A partir da
definição desse objetivo programático,
busca-se, então, delinear as dimensões, os

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componentes ou as ações operacionais A relevância para a agenda político-so-


vinculadas. Para o acompanhamento dessas cial é a primeira e uma das propriedades
ações em termos da eficiência no uso dos fundamentais de que devem gozar os indi-
recursos, da eficácia no cumprimento de cadores escolhidos em um sistema de
metas e da efetividade dos seus desdobra- formulação e avaliação de programas
mentos sociais mais abrangentes e perenes, sociais específicos. Indicadores como a taxa
buscam-se dados administrativos (gerados de mortalidade infantil, a proporção de
no âmbito dos programas ou em outros crianças com baixo peso ao nascer e a pro-
cadastros oficiais) e estatísticas públicas porção de domicílios com saneamento ade-
(produzidas pelo IBGE e outras institui- quado são, por exemplo, relevantes e perti-
ções), que, reorganizados na forma de nentes para acompanhamento de
taxas, proporções, índices ou mesmo em programas no campo da saúde pública no
valores absolutos, transformam-se em Brasil, na medida em que podem responder
indicadores sociais (Figura 1). Os indica- à demanda de monitoramento da agenda
dores guardam, pois, relação direta com governamental das prioridades definidas na
o objetivo programático original, na forma área nas últimas décadas. Indicadores de
operacionalizada pelas ações e viabilizada pobreza (no sentido de carência de
pelos dados administrativos e pelas estatís- rendimentos), por outro lado, só vieram a
ticas públicas disponíveis. ser regularmente produzidos quando

Figura 1: Construção de sistema de indicadores para ciclo de políticas públicas


A escolha de indicadores sociais para programas e ações focalizados em grupos
uso no processo de formulação e avaliação mais vulneráveis entraram na agenda da
de políticas públicas deve ser pautada pela política social, a partir dos anos 1980.
aderência deles a um conjunto de proprie- Validade é outro critério fundamental
dades desejáveis e pela lógica estruturante na escolha de indicadores, pois é desejável
da aplicação, que definirá a tipologia de que se disponha de medidas tão “próxi-
indicadores mais adequada (JANNUZZI, mas” quanto possível do conceito abstrato
2001). No Quadro 1, estão relacionadas ou da demanda política que lhes deram
12 propriedades cuja avaliação de aderência origem. Em um programa de combate à
(+) e de não aderência ou indiferença fome, por exemplo, indicadores antro-
deveria determinar o uso, ou não, do indi- pométricos ou do padrão de consumo
cador para os propósitos almejados. familiar de alimentos certamente gozam de

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maior validade que uma medida baseada – que aqueles passíveis de serem obtidos a
na renda disponível, como a proporção partir de pesquisas de vitimização, em que
de indigentes. Afinal, índice de massa se questionam os indivíduos acerca de
corpórea, baixo peso ao nascer ou quan- agravos sofridos em seu meio em deter-
tidade de alimentos efetivamente consu- minado período. Naturalmente, mesmo
midos estão mais diretamente relacionados nessas pesquisas, as pessoas podem-se
à nutrição adequada e à desnutrição que à sentir constrangidas a revelar situações de
disponibilidade de rendimentos. Por outro violência pessoal sofrida, por exemplo, no
lado, é operacionalmente mais complexo contexto doméstico, no assédio sexual ou
e custoso levantar informações para o na discriminação por raça e/ou cor.

Quadro 1: Avaliação da aderência dos indicadores às propriedades desejáveis

cálculo desses indicadores de maior Sempre que possível, deve-se procurar


validade, comprometendo o uso deles para empregar indicadores de boa cobertura
fins de monitoramento periódico do grau territorial ou populacional, que sejam
de “fome” na comunidade (daí o uso de representativos da realidade empírica em
indicadores de rendimento como medidas análise. Essa é uma das características
de acompanhamento). interessantes dos indicadores sociais produ-
Confiabilidade da medida é outra zidos a partir dos censos demográficos, o
propriedade importante para legitimar o que os tornam tão importantes para o
uso do indicador. Na avaliação do nível planejamento público no País. Mas mesmo
de violência em uma comunidade, por indicadores de cobertura parcial podem
exemplo, indicadores baseados nos regis- ser úteis. Os indicadores de mercado de
tros de ocorrências policiais ou mesmo de trabalho construídos a partir das bases de
mortalidade por causas violentas tendem dados administrativos do Ministério do
a ser menos confiáveis – e menos válidos Trabalho, por exemplo, não retratam a

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dinâmica conjuntural do mercado de tra- pelos administradores públicos e a com-


balho brasileiro, já que se referem apenas preensão delas por parte da população, dos
ao mercado de trabalho formal. Ainda jornalistas, dos representantes comunitários
assim, esses indicadores aportam conheci- e dos demais agentes públicos. Na discus-
mento relevante acerca da dinâmica são de planos de governo, orçamento
conjuntural da economia e do emprego, participativo, projetos urbanos, os técnicos
em especial em âmbito municipal. de planejamento deveriam valer-se, tanto
Sensibilidade e especificidade são quanto possível, de alguns indicadores
propriedades que também devem ser sociais mais facilmente compreendidos,
avaliadas quando da escolha de indicadores como a taxa de mortalidade infantil e a
para a elaboração de um sistema de moni- renda familiar, ou que o uso sistemático já
toramento e avaliação de programas
públicos. Afinal, é importante dispor de
medidas sensíveis e específicas às ações
previstas nos programas, que possibilitem “Indicadores sociais
avaliar rapidamente os efeitos (ou não-
efeitos) de determinada intervenção. Taxa permitem a operaciona-
de evasão ou freqüência escolar, por lização de um conceito
exemplo, são medidas sensíveis e com certa abstrato ou de uma
especificidade para monitoramento de demanda de interesse
programas de transferência de renda, na
medida em que se espera verificar, em curto programático. Eles
prazo, nas comunidades atendidas por tais apontam, indicam,
programas, maior engajamento das aproximam, traduzem
crianças na escola, como resultado direto em termos operacionais
de controles compulsórios previstos ou
mesmo como conseqüência indireta da as dimensões sociais de
mudança de comportamento ou da interesse definidas a partir
necessidade familiar. de escolhas teóricas ou
A boa prática da pesquisa social reco- políticas realizadas
menda que os procedimentos de cons-
trução dos indicadores sejam claros e anteriormente”
transparentes, que as decisões metodo-
lógicas sejam justificadas, que as escolhas
subjetivas – invariavelmente freqüentes – os consolidou, como o índice de preços e
sejam explicitadas de forma objetiva. a taxa de desemprego. Nessas situações, o
Transparência metodológica é certamente emprego de indicadores muito complexos
um atributo fundamental para que o indi- pode ser visto como abuso tecnocrático
cador goze de legitimidade nos meios dos formuladores de programas, primeiro
técnicos e científicos, ingrediente indispen- passo para o potencial fracasso na sua
sável para sua legitimidade política e social. implementação.
Comunicabilidade é outra propriedade A periodicidade com que o indicador
importante, com a finalidade de garantir a pode ser atualizado e a factibilidade de sua
transparência das decisões técnicas tomadas obtenção a custos módicos são outros

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aspectos cruciais na construção e seleção leiros, investigou-se a freqüência à creche,


de indicadores sociais para acompanha- à educação infantil, questão fundamental
mento de qualquer programa público. Para na agenda de discussão da política educa-
que se possa acompanhar a mudança social, cional nos municípios brasileiros. A carac-
avaliar o efeito de programas sociais terização do tipo e grau de deficiência física
implementados, corrigir eventuais distor- é outro aspecto que mereceu especial
ções de implementação, é necessário que atenção no levantamento, como resultado
se disponha de indicadores levantados da pressão de grupos organizados interes-
com certa regularidade. Essa é uma das sados em implementar, de fato, os direitos
grandes limitações do sistema estatístico assegurados na Constituição. Tentou-se,
brasileiro e, a bem da verdade, de muitos também, na fase de pré-teste do censo, apri-
países. Para algumas temáticas da política morar o levantamento da ascendência
social – trabalho, por exemplo –, é possível étnica da população, de forma a fornecer
dispor-se de boas estatísticas e indicadores subsídios mais precisos a políticas de dis-
de forma periódica (mensal), para alguns criminação positiva, de acesso compensa-
domínios territoriais (principais regiões tório a bens e serviços públicos (educação
metropolitanas). Para outras temáticas, em superior, por exemplo) de grupos histori-
escala estadual, é possível atualizar indica- camente desprivilegiados (negros, por
dores em bases anuais, por meio da Pesquisa exemplo). O acesso a programas de renda
Nacional por Amostra de Domicílios mínima, como o Bolsa Escola, e outras
(PNAD). Nos municípios, em geral, pela transferências governamentais também
falta de recursos, organização e compro- foram objeto de maior detalhamento no
misso com a manutenção periódica dos censo.
cadastros (de contribuintes, de imóveis, de A comparabilidade do indicador ao
favelas, etc.), só se dispõe de informações longo do tempo é uma característica
mais abrangentes a cada dez anos, por desejável, de modo a permitir a inferência
ocasião dos censos demográficos1. de tendências e a avaliar efeitos de eventuais
Também é preciso que os indicadores programas sociais implementados. O ideal
se refiram, tanto quanto possível, aos é que as cifras passadas sejam compatíveis
grupos sociais de interesse ou à população- do ponto de vista conceitual e com confia-
alvo dos programas, isto é, deve ser pos- bilidade similar à das medidas mais
sível construir indicadores sociais referentes recentes, o que nem sempre é possível.
a espaços geográficos reduzidos, grupos Afinal, também é desejável que a coleta dos
sociodemográficos (crianças, idosos, dados melhore ao longo do tempo, seja
homens, mulheres, brancos, negros, etc.), pela resolução dos problemas de cober-
ou grupos vulneráveis específicos (famílias tura espacial e organização da logística de
pobres, desempregados, analfabetos, etc.). campo, como pelas mudanças conceituais
O Censo Demográfico 2000 reflete, nesse que ajudem a precisar melhor o fenômeno
sentido, o esforço governamental em social em questão.
atender novas demandas informacionais Em uma perspectiva aplicada, dadas
para formulação e avaliação de políticas as características do sistema de produção
públicas, em especial as políticas compen- de estatísticas públicas no Brasil, é muito
satórias e as voltadas à discriminação raro dispor-se de indicadores sociais que
positiva. Pela primeira vez, em censos brasi- gozem plenamente de todas essas

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propriedades. Na prática, nem sempre o indicadores de segurança pública e justiça


indicador de maior validade é o mais (mortes por homicídios, roubos à mão
confiável; nem sempre o mais confiável é armada por cem mil habitantes, etc.), os
o mais sensível; nem sempre o mais sensí- indicadores de infra-estrutura urbana (taxa
vel é o mais específico; enfim, nem sem- de cobertura da rede de abastecimento de
pre o indicador que reúne todas essas qua- água, percentual de domicílios com esgota-
lidades é passível de ser obtido na escala mento sanitário ligado à rede pública, etc.),
territorial e na periodicidade requerida. O os indicadores de renda e desigualdade
importante é que a escolha dos indicado- (proporção de pobres, índice de Gini, etc.).
res seja fundamentada na avaliação crítica Outra classificação usual corresponde
das propriedades anteriormente discutidas à divisão dos indicadores entre objetivos e
e não simplesmente na tradição de uso subjetivos. Os indicadores objetivos refe-
deles. Há esforço significativo de diversas rem-se a ocorrências concretas ou a entes
instituições de disponibilizar novos conteú- empíricos da realidade social, construídos
dos e informações a partir de seus cadas- a partir das estatísticas públicas disponíveis,
tros, as quais podem ser usadas para a cons- como o percentual de domicílios com
trução de novos indicadores sociais. acesso à rede de água, a taxa de desem-
prego, a taxa de evasão escolar ou o risco
Taxonomia dos indicadores de acidentes de trabalho. Os indicadores
para fins de aplicação nas políticas subjetivos, por outro lado, correspondem
públicas a medidas construídas a partir da avaliação
dos indivíduos ou especialistas com relação
Além da observância às propriedades, a diferentes aspectos da realidade, levan-
a escolha de indicadores para uso no ciclo tados em pesquisas de opinião pública ou
de formulação e avaliação de programas grupos de discussão, como a avaliação da
também deveria pautar-se pela natureza ou qualidade de vida, o nível de confiança nas
pelo tipo dos indicadores requeridos. instituições, a percepção da corrupção, a
Há vários sistemas classificatórios para performance dos governantes. Ainda que
os indicadores sociais (CARLEY, 1985). A se refiram a dimensões sociais semelhantes,
classificação mais comum é a divisão dos indicadores objetivos e subjetivos podem
indicadores segundo a área temática da apontar tendências diferentes. Famílias de
realidade social a que se referem. Há, assim, baixa renda, quando instadas a avaliar suas
os indicadores de saúde (leitos por mil condições de vida, podem emitir juízos
habitantes, percentual de crianças nascidas paradoxalmente mais positivos que uma
com baixo peso, por exemplo), os indica- análise baseada em parâmetros normativos
dores educacionais (taxa de analfabetismo, e com indicadores objetivos de rendimen-
escolaridade média da população de 15 tos e de infra-estrutura domiciliar. Assim,
anos ou mais, etc.), os indicadores de a opinião da população atendida por um
mercado de trabalho (taxa de desempre- programa é certamente importante, dese-
go, rendimento médio real do trabalho, jável e complementar em qualquer siste-
etc.), os indicadores demográficos (espe- mática de monitoramento e avaliação,
rança de vida, etc.), os indicadores habita- trazendo subsídios para a correção e
cionais (posse de bens duráveis, densidade melhoria do processo de implementação
de moradores por domicílio, etc.), os dos programas e também indícios da

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efetividade social desses programas, espe- dores-insumo) para a obtenção de


cialmente aqueles difíceis de serem melhorias efetivas de bem-estar (indicado-
mensurados em uma escala quantitativa. res-resultado e indicadores-impacto),
Uma outra lógica de classificação, inte- como número de consultas pediátricas por
ressante de se usar na análise de políticas mês, merendas escolares distribuídas diaria-
públicas, é a diferenciação dos indicadores mente por aluno ou ainda homens-hora
entre indicador-insumo, indicador-proces- dedicados a um programa social.
so, indicador-resultado e indicador-impacto A distinção entre essas dimensões
(OMS, 1996. COHEN; FRANCO, 2000). Os operacionais – insumo, processo, resultado,
indicadores-insumo correspondem às impacto – pode não ser muito clara em
medidas associadas à disponibilidade de algumas situações, especialmente quando
recursos humanos, financeiros ou de os programas são muito específicos ou no
equipamentos alocados para um processo caso contrário, quando os objetivos dos
ou programa que afeta uma das dimensões programas são muito gerais. Mas é sempre
da realidade social. São tipicamente possível identificar indicadores mais
indicadores de alocação de recursos para vinculados aos esforços de políticas e
políticas sociais o número de leitos hospi- programas e aqueles referentes aos efeitos
talares por mil habitantes, o número de (ou não-efeitos) desses programas.
professores por quantidade de estudantes Na Figura 2, são apresentados alguns
ou ainda o gasto monetário per capita nas indicadores de acompanhamento de um
diversas áreas de política social. Os indica- suposto programa de transferência de renda,
dores-resultado são aqueles mais propria- cuja finalidade seja a de reduzir a parcela de
mente vinculados aos objetivos finais dos famílias em condição de indigência, isto é,
programas públicos, que permitem avaliar de famílias com recursos monetários insu-
a eficácia do cumprimento das metas ficientes para a compra de uma cesta de
especificadas, como, por exemplo, a taxa produtos para a alimentação de seus mem-
de mortalidade infantil, cuja diminuição bros: como indicador-insumo, o volume de
espera-se verificar com a implementação recursos do programa, com percentual do
de um programa de saúde materno- orçamento ou em bases per capita; como
infantil. Os indicadores-impacto referem- indicadores-processo, os percentuais de
se aos efeitos e desdobramentos mais famílias cadastradas pelas prefeituras e
gerais, antecipados ou não, positivos ou daquelas efetivamente atendidas, que podem
não, que decorrem da implantação dos fornecer elementos para a avaliação da
programas, como, no exemplo anterior, a eficiência do programa; como indicador-
redução da incidência de doenças na resultado, a proporção de famílias em situa-
infância ou a melhoria do desempenho ção de indigência, ou com rendimentos
escolar futura, efeitos decorrentes de abaixo de determinado valor, medida que
atendimento adequado da gestante e da deveria refletir o grau de eficácia com que
criança recém-nascida em passado recente. o programa atendeu ao objetivo esperado;
Os indicadores-processo ou fluxo são como indicadores-impacto, a taxa de
indicadores intermediários, que traduzem, evasão escolar e a desnutrição infantil, efeitos
em medidas quantitativas, o esforço potenciais do programa implementado que
operacional de alocação de recursos permitem dimensionar a sua efetividade
humanos, físicos ou financeiros (indica- social.

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Insumo Processo Resultado Impacto

Gasto público em % de famílias Taxa de evasão


programas de cadastradas escolar
Proporção de
transferência de Redução da
% de famílias indigentes
renda desnutrição
atendidas
infantil

Figura 2: Indicadores de acompanhamento de programas de transferência de renda

Os indicadores podem também ser “típica” dessa localidade em termos do


classificados como simples ou complexos, desenvolvimento humano, qualidade de
ou, na terminologia que se tem empregado
mais recentemente, como analíticos ou
sintéticos. O que os diferencia é, como as
denominações sugerem, o compromisso “Na prática, nem
com a expressão mais analítica ou de síntese sempre o indicador de
do indicador. Taxa de evasão escolar, taxa maior validade é o mais
de mortalidade infantil, taxa de desem-
prego são medidas comumente empre-
confiável; nem sempre o
gadas para análise de questões sociais mais confiável é o mais
específicas no campo da educação, da sensível; nem sempre o
saúde e do mercado de trabalho. Medidas mais sensível é o mais
como Índice de Preços ao Consumidor específico; enfim, nem
ou Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH), por outro lado, procuram sintetizar sempre o indicador que
várias dimensões empíricas da realidade reúne todas essas quali-
econômica e/ou social em uma única dades é passível de ser
medida. No primeiro caso, o índice de obtido na escala
preços corresponde a uma média ponde-
territorial e na periodici-
rada de variações relativas de preços de
diferentes tipos de produto (alimentação, dade requerida”
educação, transporte, etc.). No segundo
caso, o IDH corresponde a uma média de
medidas derivadas originalmente de indi-
cadores (simples ou analíticos) de escolari- vida, vulnerabilidade social ou outro con-
zação, alfabetização, renda média e ceito operacional que lhes deu origem.
esperança de vida. Como mostrado no Quadro 2, tem havido
Há uma idéia subjacente a essa diferen- muitas propostas de indicadores sintéticos
ciação entre indicadores analíticos e no Brasil, com maior ou menor grau de
sintéticos, de que estes últimos, ao contem- sofisticação metodológica, elaborados por
plarem no seu cômputo um conjunto mais pesquisadores de universidades, órgãos
amplo de medidas acerca da realidade social públicos e centros de pesquisa, motiva-
de uma localidade, tenderiam a refletir o das, por um lado, pela necessidade de
comportamento “médio” ou situação atender às demandas de informação para

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formulação de políticas e tomada de midade” entre a medida e o conceito origi-


decisões nas esferas públicas e, por outro, nal e da usual subsunção do último pela
pelo sucesso do IDH e seu impacto, primeira, em que o indicador adquire o status
nestes últimos 15 anos, na disseminação de conceito, como no caso da proporção
da cultura de uso de indicadores nos de famílias com renda abaixo de determi-
círculos políticos. nado valor, que passou a designar a popu-

Quadro 2: Alguns dos indicadores sintéticos propostos no Brasil

Instituição promotora Índice proposto


Fundação João Pinheiro/MG IDH-M: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
ICV: Índice de Condições de Vida Municipal
Fundação CIDE/RJ IQM: Índice de Qualidade Municipal - verde
IQM: Índice de Qualidade Municipal - carências
IQM: Índice de Qualidade Municipal - necessidades
habitacionais
IQM: Índice de Qualidade Municipal - sustentabilidade fiscal
Fundação SEADE/SP IPRS: Índice Paulista de Responsabilidade Social
IVJ: Índice de Vulnerabilidade Juvenil
IPVS: Índice Paulista de Vulnerabilidade Social
Fundação Economia e ISMA: Índice Social Municipal Ampliado
Estatística/RS
Superintendência de Estudos IDS: Índice de Desenvolvimento Social
Econômicos e Sociais da Bahia IDE: Índice de Desenvolvimento Econômico
(SEI/BA)
Prefeitura Municipal de Belo IQVU: Índice de Qualidade de Vida Urbana
Horizonte/PUC Minas/MG IVS: Índice de Vulnerabilidade Social
INEP/Cedeplar/NEPO IMDE: Indicador Municipal de Desenvolvimento
Educacional

Contudo, a aplicabilidade dos indi- lação indigente, que passa fome, etc. (ROCHA,
cadores sintéticos como instrumentos de 2002). Há questionamentos acerca do grau
avaliação da efetividade social das políticas de arbitrariedade com que se definem os
públicas ou como instrumentos de alocação pesos com os quais os indicadores devem
prioritária do gasto social está sujeita a fortes ser ponderados no cômputo da medida
questionamentos (RYTEN , 2000). Ao partir final. Há ainda críticas com relação às
da premissa de que é possível apreender o distorções na seleção de públicos-alvo a que
“social” por meio da combinação de o uso desses indicadores sintéticos podem
múltiplas medições dele, não se sabe – ao levar, sobretudo em casos de programas
fim e ao cabo – quais as mudanças especí- setoriais (GUIMARÃES; JANNUZZI, 2004).
ficas ocorridas e qual a contribuição ou o Por mais consistentes que sejam essas
efeito dos programas públicos específicos críticas, é preciso reconhecer que os indica-
sobre sua transformação. Além disso, há dores sintéticos acabaram por se legitimar
questionamento acerca do grau de “proxi- em diversos aspectos. A legitimidade social

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dessas propostas de indicadores tem-se forte contingenciamento e de corte de ver-


demonstrado pela visibilidade e freqüência bas no setor público, nos últimos 15 anos.
que os indicadores sintéticos têm conferido Além disso, como se discute mais à frente,
às questões sociais na mídia – pelo formato indicadores sintéticos podem ser úteis como
apropriado para a síntese jornalística – e à instrumentos de tomada de decisão no ciclo
instrumentalização política do movimento de programas sociais.
social e das ONGs no monitoramento dos Assim, além de avaliar a aderência de
programas sociais. O fato de que alguns cada indicador às propriedades relacionadas
desses indicadores foram criados sob enco- anteriormente, também pode ser útil fazer
menda – e mesmo com a participação – uma reflexão sobre a natureza de cada um
de gestores públicos e legisladores (Quadro 3), a fim de entender o seu papel

Quadro 3: Identificação da natureza dos indicadores

certamente lhes confere legitimidade política. informativo em um sistema de indicadores


O fato de que os índices acabam aparen- para formulação e avaliação de programas
temente “funcionando” bem, apontando o sociais, como se dirá na seção seguinte.
que se espera que apontassem – as iniqüi-
dades, os bolsões de pobreza, etc. –, Indicadores no ciclo de formula-
garante-lhes também legitimidade técnica. ção e avaliação de programas sociais
Também desfrutam de legitimidade cien-
tífica, já que vários desses projetos têm Apresentado o marco conceitual acerca
obtido financiamento de agências nacionais dos indicadores sociais, passa-se agora à
e internacionais de fomento à pesquisa. Por discussão a respeito do uso deles no ciclo
fim, a legitimidade institucional dessas de formulação e avaliação de políticas pú-
propostas sustenta-se no fato de terem blicas ou programas sociais (Figura 3).
servido de instrumento de garantia do Cada etapa do ciclo envolve o uso de um
espaço institucional das instituições de conjunto de indicadores de diferentes
estatística e planejamento em um quadro de naturezas e propriedades, em função das

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Figura 3: Representação clássica do ciclo de formulação e avaliação de programas sociais

necessidades intrínsecas das atividades aí possível acerca da situação social vivenciada


envolvidas (Quadro 4). pela população para orientar, posterior-
Assim, na etapa de elaboração do mente, as questões prioritárias a atender,
diagnóstico para a política ou programa os formatos dos programas a imple-
social, são necessários indicadores de boa mentar, as estratégias e ações a desenvol-
confiabilidade, validade e desagregabi- ver. Trata-se de caracterizar o marco zero,
lidade, cobrindo as diversas temáticas da a partir do qual se poderá avaliar se o
realidade social. Afinal, é preciso ter um programa está provocando as mudanças
retrato tão amplo e detalhado quanto sociais desejáveis. Os indicadores usados

Quadro 4: Indicadores requeridos em cada etapa do ciclo de programas sociais

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nessa etapa são construídos, em geral, a territorialmente, empregam-se, em geral,


partir do censo demográfico ou de indicadores médios computados para os
pesquisas amostrais multitemáticas (como municípios, “escondendo-se” os bolsões de
as PNADs), quando os dados do censo já iniqüidades presentes dentro de cada um dos
estiverem distantes do momento de municípios brasileiros. Os indicadores
elaboração do diagnóstico. médios de rendimentos ou de infra-estru-
Como observado anteriormente, o tura urbana do Município de São Paulo são,
Censo 2000 constitui-se em fonte muito por exemplo, bem melhores que a média
rica de indicadores de diagnóstico pelo geral dos municípios brasileiros. Contudo,
escopo temático, pela desagregabilidade se os indicadores forem computados em
territorial e populacional e pela compa- nível de setores censitários, poder-se-á cons-
rabilidade inter-regional. Foram levantados, tatar no território paulistano a diversidade
na amostra do censo, mais de 70 quesitos de situações de condições de vida encon-
de informação, cobrindo características trada pelo território nacional, ou seja, é pos-
domiciliares, infra-estrutura urbana, carac- sível encontrar bolsões de pobreza na
terísticas demográficas e educacionais dos capital paulistana com características de
indivíduos, inserção da mão-de-obra, ren- alguns municípios do Nordeste2.
dimentos, acesso a alguns programas Um dos recursos que têm auxiliado
públicos, etc. Os indicadores dessas dimen- na elaboração e apresentação de diagnós-
sões analíticas podem ser computados para ticos sociais é a proposição de tipologias,
diversos grupos sociodemográficos (por agrupamentos ou arquétipos sociais,
sexo, raça/cor, estratos de renda, etc.) e usados para classificar unidades territoriais
escalas territoriais que chegam ao nível de segundo um conjunto específico de indica-
agregações de bairros de municípios (áreas dores sociais e, portanto, apontando os
de ponderação, mais propriamente) e até déficits de serviços públicos, de programas
mesmo ao nível de setor censitário específicos, etc. O Índice Paulista de
(conjunto de cerca de 200 a 300 domicílios Resposabilidade Social é um exemplo
na zona urbana, para os quesitos levantados nesse sentido, ao classificar os municípios
no questionário básico, aplicados em todos paulistas em cinco grupos, de acordo com
os domicílios do País). Por meio de um os níveis observados de indicadores de
software de fácil manipulação – Estatcart – saúde, escolaridade e porte econômico
pode-se extrair estatísticas e cartogramas municipal (SEADE, 2002).
da quase totalidade dos municípios de Além dos indicadores multitemáticos
médio porte no País, em nível de setor para “retratar” as condições de vida, refe-
censitário ou áreas de ponderação, como rentes à saúde, à habitação, ao mercado de
ilustrado na Figura 4. trabalho, etc., também devem fazer parte
Essa possibilidade de dispor de infor- do diagnóstico os indicadores demográ-
mação estatística por setor censitário (ou ficos, em especial, aqueles que permitem
área de ponderação) não parece ter sido apresentar as tendências de crescimento
explorada em toda a sua potencialidade populacional passado e as projeções
por parte de formuladores e gestores de demográficas futuras (que dimensionam os
programas sociais, seja no âmbito federal, públicos-alvo dos diversos programas em
estadual ou municipal. Quando se trata de termos de idade e sexo no futuro). As
fazer diagnósticos sociais mais detalhados mudanças demográficas foram bastante

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RSP Indicadores para diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas sociais no Brasil

Chefes sem rendimento ou até 1 s.m. Chefes sem instrução ou até 1 ano de estudo

Pessoas de 7 a 14 anos analfabetas Domicílios urbanos sem acesso à rede de água

Figura 4: Cartogramas com indicadores sociais referidos em nível de setor censitário


Campinas/SP - 2000

intensas pelo País nos últimos 30 anos, com maior déficit de serviços urbanos, com
impacto significativo e regionalmente dife- maior parcela de crianças fora da escola,
renciado sobre a demanda de vagas esco- com maior número de responsáveis sujei-
lares, postos de trabalho, etc. (MARTINE; tos ao desemprego. Nessa etapa, requer-se
CARVALHO; ÁRIAS, 1994). definir, a partir da orientação político-go-
Na segunda etapa do ciclo de formu- vernamental, a natureza dos programas, as
lação e seleção de programas, requer-se um questões sociais prioritárias a enfrentar, os
conjunto mais reduzido de indicadores, sele- públicos-alvo a atender.
cionados a partir dos objetivos norteadores É nessa fase que os indicadores
dos programas definidos como prioritários sintéticos já mencionados podem ter
pela agenda político-social vigente. Já se maior aplicação, na medida em que
conhecem, em tese, por meio do diagnós- oferecem ao gestor uma medida-síntese
tico, os bolsões de pobreza, as áreas com das condições de vida, da vulnerabilidade,

150 Revista do Serviço Público Brasília 56 (2): 137-160 Abr/Jun 2005


Paulo de Martino Jannuzzi RSP

do desenvolvimento social de municípios, indigentes, mas ainda assim podem reunir


estados ou de outra unidade territorial em totais absolutos bastante significativos. Em
que há implementação de programas. O qual município devem-se priorizar as ações
IDH-municipal foi, por exemplo, o indi- de programas de transferência de renda:
cador empregado pelo Programa Comu- naquele em que a intensidade de indigên-
nidade Solidária para selecionar os muni- cia é elevada ou naquele em que o quanti-
cípios para suas ações, o que certamente tativo de indigentes é maior? Quando se
representou um avanço em termos de têm indicadores calculados para áreas com
critério técnico-político de priorização. totais populacionais mais compatíveis, os
Contudo, a escolha desse indicador rankings de priorização baseados em indi-
acabou por excluir do programa todas cadores relativos ou absolutos diferem
as cidades médias e populosas do pouco 3.
Sudeste, já que suas medidas sociais Idealmente, a tomada de decisão com
médias – calculadas para a totalidade do relação aos públicos-alvo a serem prio-
município – eram sempre mais altas que rizados deve-se pautar em um indicador
as dos municípios do Norte e Nordeste. mais específico e válido para o programa
Se fosse usado um indicador calculado em questão, mais relacionado aos seus
para domínios submunicipais (setor objetivos, como a taxa de mortalidade
censitário, bairros, áreas de ponderação, infantil em programas de saúde materno-
etc.), os municípios do Sudeste certamente infantil, o déficit de peso ou altura em
teriam bolsões que se enquadrariam programas de combate à fome ou a
entre os públicos-alvo prioritários do proporção de domicílios com baixa renda
programa. em programas de transferência de renda.
Esse exemplo deixa claro a impor- Se vários indicadores devem ser usados e
tância do diagnóstico microespacializado os critérios de elegibilidade referem-se a
comentado anteriormente, em especial o variáveis existentes no censo demográfico,
realizado em nível de setor censitário. é possível fazer processamentos especí-
É possível, dessa forma, não só garantir ficos, de forma relativamente rápida, por
maior precisão e eficiência na alocação dos meio de um pacote estatístico (com os
programas que devem ser focalizados, microdados do censo em 16 CD-ROMs)
como também acompanhar, posterior- ou mesmo por meio de uma ferramenta
mente, os seus efeitos. Além disso, o uso disponibilizada pela Internet (Banco
do setor censitário (ou área de ponderação) Multidimensional de Estatísticas) no sítio
garante, em alguma medida, a compati- do IBGE. Um desses indicadores
bilização dos quantitativos populacionais construídos pelo cruzamento de variáveis
de cada pequena área, amenizando os do Censo 2000 é o trazido na última tabela
efeitos potencialmente destoantes da da publicação Indicadores municipais do IBGE
tomada de decisão baseada em indicadores (2002). Trata-se de um indicador combi-
expressos em termos relativos. Dois muni- nado – construído a partir do cruzamento
cípios podem ter, por exemplo, percentual simultâneo dos diversos critérios –, repre-
similar de famílias indigentes, mas totais sentando a proporção dos domicílios
absolutos de indigentes muito distintos. particulares permanentes que não têm
Municípios populosos podem apresentar escoadouros ligados à rede geral ou fossa
cifras relativamente mais baixas de séptica, não são servidos de água por rede

Revista do Serviço Público Brasília 56 (2): 137-160 Abr/Jun 2005 151


RSP Indicadores para diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas sociais no Brasil

geral, não têm coleta regular de lixo, seus decisão seja pautada com base nos critérios
responsáveis (chefes) têm menos de quatro (indicadores) considerados relevantes para
anos de estudo e rendimento médio men- o programa em questão pelos agentes
sal até dois salários mínimos. Esse indi- decisores e que a importância dos critérios
cador – batizado informalmente de Indi- seja definida por eles, em um processo de
cador de Déficit Social – pode ser calculado interatividade com outros atores técnico-
também por áreas de ponderação do censo políticos. Alguns algoritmos que implemen-
e tem-se mostrado com grande poder de tam a técnica produzem soluções hierar-
discriminação e validade em representar quizadas – como um indicador sintético –
situações de carências de serviços públicos e robustas, não dependentes da escala de me-
básicos pelo território nacional. dida ou dispersão das variáveis (Figura 5).

Figura 5: Análise multicritério para tomada de decisão com base em indicadores sociais

Em alguns casos de programas inter- Na etapa de implementação e exe-


setoriais que envolvem esforços de equipes cução dos programas, são necessários
de diferentes áreas e o alcance de vários indicadores de monitoramento, que devem
objetivos, pode ser interessante tomar a primar pela sensibilidade, especificidade e,
decisão acerca das áreas prioritárias de sobretudo, pela periodicidade com que
implantação dos programas a partir da estão disponíveis. Esse é um grande
combinação de vários critérios (indicadores). problema, como já se observou anterior-
Nesse caso, pode-se empregar a análise mente, em especial se se necessita de indica-
multicritério, técnica estruturada para toma- dores em escala municipal. As informações
da de decisões em que interagem vários produzidas pelas agências estatísticas não
agentes, cada um com seus critérios e juízos são, em geral, específicas para os propó-
de valor acerca do que é mais importante sitos de monitoramento de programas, seja
considerar na decisão final (ENSSLIN, 2001). na escala territorial desejada, seja na regula-
A vantagem do uso dessa técnica em rela- ridade necessária.
ção a outras, como o emprego de indica- Contudo, procurando atender à
dores sintéticos, é que ela permite que a demanda por informações municipais mais

152 Revista do Serviço Público Brasília 56 (2): 137-160 Abr/Jun 2005


Paulo de Martino Jannuzzi RSP

periódicas, o IBGE tem realizado, de municípios brasileiros com a coleta de


forma mais regular, a Pesquisa Nacional dados sobre abastecimento de água,
de Assistência Médico-Sanitária (AMS), a esgotamento sanitário, limpeza urbana e
Pesquisa de Informações Básicas Munici- sistema de drenagem urbana. Pode-se, as-
pais (MUNIC) e a Pesquisa Nacional de sim, dispor de outros indicadores mais in-
Saneamento Básico (PNSB). A AMS formativos sobre a estrutura e qualidade
corresponde a um censo de estabeleci- dos serviços de infra-estrutura urbana, que
mentos de saúde no País, identificando não se limitam a apontar o grau de cober-
volume e qualificação de pessoal, equipa- tura populacional atendida. Com os dados
mentos e outros recursos disponibilizados levantados nessa pesquisa, é possível cons-
para atendimento médico-sanitário da truir indicadores do volume de água
população. Com isso, pode-se ter uma
idéia mais clara e precisa do nível e da
diversidade da oferta de serviços de saúde
pelo País, por meio da construção de
indicadores de esforços de políticas na área “Dois municípios podem
de saúde. A MUNIC contempla, anual- ter percentual similar de
mente, o levantamento de conjunto amplo famílias indigentes, mas
de informações nas prefeituras dos mais
totais absolutos de indigen-
de 5 mil municípios brasileiros. Nessa
pesquisa, levantam-se dados sobre a estru- tes muito distintos. Em qual
tura administrativa, o nível de participação município devem-se priori-
e formas de controle social (existência de zar as ações de programas
conselhos municipais), a existência de
de transferência de renda:
legislação e instrumentos de planejamento
municipal (como a institucionalização do naquele em que a intensi-
plano de governo, do plano plurianual de dade de indigência é elevada
investimentos, do plano diretor e da lei de ou naquele em que o
parcelamento do solo), a disponibilidade
quantitativo de indigentes
de recursos para promoção da justiça e
segurança (existência de delegacia da é maior?”
mulher, juizados de pequenas causas, etc.),
além da existência de equipamentos espe-
cíficos de comércio, serviços da indústria
cultural e de lazer, como bibliotecas ofertada per capita, do tipo de tratamento
públicas, livrarias, jornais locais e ginásios e do volume da água distribuída à popu-
de esporte. Essa pesquisa permite, pois, lação, do volume e destino do esgoto e
construir indicadores que permitem retratar lixo coletado, entre outros aspectos.
o grau de participação e controle popular Há também esforços louváveis de várias
da ação pública e caracterizar o estágio de instituições públicas, além do IBGE, em
desenvolvimento institucional das ativi- disponibilizar informações de seus cadastros
dades de planejamento e gestão municipal e registros de forma mais periódica, fato
pelo País. A PNSB veio complementar que se deve não só à necessidade de
esse quadro informacional sobre os monitoramentos da ação governamental,

Revista do Serviço Público Brasília 56 (2): 137-160 Abr/Jun 2005 153


RSP Indicadores para diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas sociais no Brasil

mas também às facilidades que as novas A lógica do acompanhamento de


tecnologias de informação e comunicação programas requer a estruturação de um
têm proporcionado. Os órgãos estaduais de sistema de indicadores que, além de especí-
estatística, os Ministérios da Saúde, da Edu- ficos, sensíveis e periódicos, permitam
cação, do Trabalho, do Desenvolvimento monitorar a implementação processual do
Social, da Previdência Social, das Cidades e a programa na lógica insumo-processo-
Secretaria do Tesouro Nacional disponi- resultado-impacto, isto é, são necessários
bilizam pela Internet informações bastante indicadores que permitam monitorar o
específicas – em escopo temático e escala dispêndio realizado por algum tipo de uni-
territorial – a partir de seus registros e sistemas dade operacional prestadora de serviços ou
de controle internos, que podem ser úteis para subprojeto; o uso operacional dos recursos
a construção de indicadores de monitora- humanos, financeiros e físicos; a geração de
mento de programas (Quadro 5). produtos e a percepção dos efeitos sociais

Quadro 5: Algumas das fontes oficiais para atualização periódica de indicadores

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Paulo de Martino Jannuzzi RSP

mais amplos dos programas. Assim, a existentes na região em que os programas


distinção entre a terceira e a quarta etapas estão funcionando. O que torna essa técnica
do ciclo de programas pode ser menos evi- particularmente interessante de ser aplicada
dente que nas demais, sobretudo em pro- é que se podem considerar os recursos e
gramas de longa duração, isto é, monito- resultados como vetores de indicadores em
ramento e avaliação de programas são suas escalas originais e não como variáveis
termos cunhados para designar procedi- representando valores monetários de custos
mentos de acompanhamento de progra- e benefícios.
mas, focados na análise da sua eficiência, Como ilustra a Figura 6, um progra-
eficácia e efetividade (COHEN; FRANCO, 2000). ma de saúde deve ser avaliado em relação
Monitoramento e avaliação são processos aos diversos resultados que produz em
analíticos organicamente articulados, suce- termos de redução das taxas de mortali-
dendo-se no tempo, com o propósito de dade e morbidade, a partir dos recursos
subsidiar o gestor público com informa- alocados (médicos por mil habitantes) e
ções acerca do ritmo e da forma de serviços de saúde prestados (consultas
implementação dos programas (indicado- atendidas), considerando as condições
res de monitoramento) e dos resultados e estruturais de vida existentes em cada local
efeitos almejados (indicadores de avaliação). de sua implementação (indicadores de
Como atividade de monitoramento ou renda e infra-estrutura de saneamento). Pela
de avaliação, é importante analisar os indi- técnica é possível identificar as “boas prá-
cadores de resultados a partir dos ticas” ou benchmarks reais, isto é, unidades
indicadores de esforços e recursos alocados, de implementação do programa em que
o que permite o dimensionamento da efi- os resultados são, de fato, compatíveis com
ciência dos programas. O emprego da Aná- o nível de esforço empreendido e de
lise Envoltória de Dados (DEA) pode recursos gastos.
representar grande avanço metodológico Os indicadores de desembolso de
nesse sentido (LINS; MEZA, 2000). A DEA recursos e produtos colocados à dispo-
é uma técnica derivada dos métodos de sição da população – construídos a partir
pesquisa operacional que visa à identificação de registros próprios da sistemática de
das unidades de operação mais eficientes, controle e gerenciamento dos programas
tendo em vista como os recursos (retratados – podem permitir uma avaliação indireta
por vários indicadores de insumo) são utili- da eficácia dos programas no alcance das
zados para gerar os resultados finais (me- metas estabelecidas, quando as estatísticas
didos por diversos indicadores-resultados), públicas ou os dados administrativos de
considerando as condições estruturais de ministérios e secretarias estaduais não forem
operação dos programas. Determinados mais específicos e periódicos na escala
programas implementados em regiões mais territorial desejada. Na falta de pesquisas
pobres, poderão não ter resultados tão amostrais regulares que contemplem
promissores como em outras mais desen- temáticas relativas, por exemplo, ao
volvidas. Assim, é preciso avaliar a eficiên- consumo de produtos culturais e aos
cia dos programas em função não apenas hábitos de lazer – ainda não incorporadas
em relação ao resultado obtido e à quanti- na agenda político-social nacional de forma
dade de recursos alocados, mas conside- imperativa –, a eficácia de programas na
rando as dificuldades ou potencialidades área, como os de fomento à leitura, terá

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RSP Indicadores para diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas sociais no Brasil

Figura 6: Aplicação da Análise Envoltória de Dados na avaliação de programas em saúde

de ser inferida a partir dos produtos âmbito dele possam ser imediatamente
previstos na ações desencadeadas, como impactantes sobre a sociedade. Programas
o volume de livros distribuídos às escolas de transferência de renda ou de distribuição
e bibliotecas. Nesse caso, indicadores de de leite ou cestas básicas em periferias de
resultados mais válidos para avaliar a grandes cidades do Sudeste proporcionam
eficiência do programa, como número impactos sociais comparativamente menos
médio de livros lidos no último ano, por intensos e rápidos que programas de inves-
exemplo, são apenas ocasionalmente timento em saneamento básico, por exem-
levantados pelo IBGE ou pela Câmara plo, no que diz respeito às condições de
Brasileira do Livro. mortalidade infantil. Contudo, ao longo do
Outra demanda no ciclo de programas, tempo, a transferência de renda ou a
em particular na etapa de avaliação, é a iden- distribuição de produtos estará contri-
tificação dos seus impactos. Para tanto, buindo para a melhoria da nutrição de
devem-se empregar indicadores de diferen- crianças, garantindo ganhos adicionais contra
tes naturezas e propriedades, de forma a a mortalidade infantil, assim como, mais a
conseguir garantir tanto quanto possível a médio prazo, para a melhoria do seu
vinculação das ações do programa com as desempenho escolar. Esse exemplo revela,
mudanças percebidas, ou não, nas condi- pois, a dificuldade de se atribuírem os
ções de vida da população, tarefa sempre efeitos de programas específicos sobre as
difícil de ser realizada (ROCHE, 2002). Em mudanças estruturais das condições sociais,
primeiro lugar, a menos que a realidade dificuldade que, paradoxalmente, cresce à
social vivenciada antes do início do medida que tais transformações – e os im-
programa (marco zero) fosse muito trágica, pactos – tendem a se tornar mais evidentes.
ou que o programa tenha recebido recursos A dificuldade é ainda maior quando se
muito expressivos para serem gastos em observam problemas de descontinuidades
curto espaço de tempo, não se pode esperar e de implementação nos programas
que os produtos e resultados gerados no públicos.

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Paulo de Martino Jannuzzi RSP

De modo a perceber mais claramente seja da perspectiva da avaliação somativa,


os impactos dos programas, deve-se buscar isto é, aquela mais ao final do processo de
medidas e indicadores mais específicos e sen- implementação, com propósitos mais
síveis aos efeitos por eles gerados. Uma das amplos e meritórios (CANO, 2002), o gestor
formas de se operacionalizar isso é avaliando de programas sociais defronta-se com a
efeitos sobre grupos específicos da popu- dificuldade de obter dados válidos, espe-
lação, seja em termos de renda, idade, raça, cíficos e regulares para seus propósitos.
sexo ou localização espacial. Se os programas Se é fato que as informações produ-
têm públicos-alvo preferenciais, localizados zidas pelas agências estatísticas são, em boa
em determinadas regiões ou estratos de renda, medida, pouco específicas para os propó-
deve-se não só buscar indicadores de impacto sitos de monitoramento de programas, não
que privilegiem a sua avaliação do conjunto provendo informação na escala territorial
da população, que pode estar, inclusive, sob desejada ou na regularidade necessária, é
o risco de efeitos estruturais mais gerais (que também verdade que elas podem-se
podem não afetar o público-alvo na mesma prestar à elaboração de diagnósticos bas-
intensidade), mas também desenvolver tante detalhados em escopo e escala, como
estratégias metodológicas avaliativas de no caso das informações provenientes dos
natureza qualitativa, com pesquisas de opinião censos demográficos. As informações
ou grupos de discussão, incorporando indi- produzidas no âmbito dos processos
cadores subjetivos na avaliação. Nesse senti- administrativos dos ministérios e das
do, os impactos podem ser avaliados em uma secretarias estaduais e municipais podem
perspectiva mais restrita ou mais ampla, con- também suprir boa parte da demanda de
siderando o tamanho da população afetada, dados para a construção de indicadores
o espaço de tempo considerado para a periódicos de monitoramento, requerendo,
referência dos indicadores e a natureza mais contudo, algum “retrabalho” de “custo-
objetiva ou subjetiva dos impactos percebidos mização” em função das necessidades de
pela população. delimitação territorial dos programas, desde
que exista um código de localização da
Considerações finais escola, do posto de saúde, da delegacia, etc.
De qualquer forma, as estatísticas e os
Uma das grandes dificuldades atuais dados do IBGE e de outros órgãos públicos
no acompanhamento de programas dificilmente atenderão todas as necessida-
públicos é dispor de informações perió- des informacionais requeridas para o
dicas e específicas acerca do processo de monitoramento e a avaliação de programas
sua implementação e do alcance dos públicos mais específicos. Assim, é necessá-
resultados e do impacto social que tais rio, quando da formulação desses progra-
programas estão tendo nos segmentos mas, prever a organização de procedimen-
sociodemográficos ou nas comunidades tos de coleta e tratamento de informações
focalizadas por eles. Seja da perspectiva da específicas e confiáveis em todas as fases
avaliação formativa, isto é, aquela com os do ciclo de implementação, que possam
propósitos de acompanhar e monitorar a permitir a construção dos indicadores de
implementação de programas, a fim de monitoramento desejados.
verificar se os rumos traçados estão sendo (Ar tigo recebido em maio de 2005. Versão
seguidos e permitir intervenções corretivas, definitiva em junho de 2005)

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RSP Indicadores para diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas sociais no Brasil

Notas

*
Texto submetido à editoria da Revista do Serviço Público em que se procura compilar e
reorganizar idéias expostas em três oportunidades anteriores (Jannuzzi , 2001, 2002. Guimarães;
Jannuzzi, 2004), a partir das experiências de capacitação de técnicos de ONGs e gestores do setor
público nos cursos de extensão de “Indicadores Sociais e Políticas Públicas”, desenvolvidos no
âmbito do convênio ENCE/IBGE e Fundação FORD, e nos cursos de formação da Escola Nacio-
nal de Administração Pública ao longo de 2003 e 2004.
1
Dada a inexistência e desorganização dos cadastros nos municípios brasileiros, os censos
demográficos acabam levantando um conjunto muito amplo de informações, o que o torna ainda
mais custoso e complexo.
2
De fato, é o que o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social – calculado por setor censitário –
permite constatar (vide em: www.seade.gov.br).
3
Vale observar, contudo, que os setores censitários apresentam variabilidade significativa em
termos de quantitativos populacionais pelos municípios brasileiros.

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RSP Indicadores para diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas sociais no Brasil

Resumo - Resumen - Abstract

Indicadores para diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas sociais no Brasil


Paulo de Martino Jannuzzi
O objetivo do texto é discutir as potencialidades e limitações do uso das informações estatísticas
produzidas pelo IBGE e os registros administrativos de órgãos públicos para a construção de
indicadores para diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas sociais no Br asil. Inicia-se
com uma apresentação sobre os aspectos conceituais básicos acerca dos indicadores sociais, suas
propriedades e formas de c lassificação. Depois, discute-se uma proposta de estruturação de um
sistema de indicadores para subsidiar o processo de formulação e avaliação de políticas e programas
públicos no País. Conclui-se o texto advogando-se a necessidade de estruturar sistemas de indicado-
res que se apóiem na busca de informações já existentes em fontes secundárias e na produção de
dados no âmbito dos próprios programas.
Palavras-chave: indicadores, monitoramento, políticas sociais

Los indicadores para formulación y evaluación de programas sociales en Brasil


Paulo de Martino Jannuzzi
El artículo discute las potencialidades y las limitaciones del uso de la información estadística
producida por el IBGE y los registros administrativos de las agencias públicas para la construcción de
los indicadores para la diagnosis, seguimiento y evaluación de programas sociales en Brasil. Comienza
presentando la base conceptual referente a los indicadores sociales, sus características y los sistemas de
clasificación. Después, presenta un marco del sistema de indicadores para subsidiar el proceso de
formulación y evaluación de programas públicos. El artículo concluye proponiendo la necesidad de
construir sistemas de indicadores basados en fuentes secundarias de datos y también en los datos
primarios recogidos en las etapas de los programas.
Palabras clave: indicadores, monitoreo, políticas sociales

Indicators for social policy making and evaluation in Brazil


Paulo de Martino Jannuzzi
The paper discusses the potentialities and limitations of the use of statistical information
produced by the IBGE and the administrative registers of public agencies for the construction of
indicators to be used in the diagnosis, monitoring and evaluation of social programs in Brazil. It
begins by presenting the conceptual basis for understanding the social indicators, their properties
and classification systems. It then outlines a framework of a system of indicators to support the
process of formulation and evaluation of public programs. The paper concludes by advocating the
need to structure systems of indicators based on secondary sources of data and also on primary data
collected in the scope of the programs.
Key words: indicators, monitoring, social policies

Paulo de Martino Jannuzzi


Assessor da Diretoria Executiva do SEADE, professor da ENCE/IBGE, pesquisador CNPq no
projeto de pesquisa “Informação estatística no ciclo de formulação, monitoramento e avaliação de
políticas públicas no Brasil”, com recursos do CNPq (Proc. 307101/2004-5). Contato:
pjannuzzi@ibge.gov.br

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