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À guisa de introdução
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Pós-graduando em História Sociocultural pela Faculdade do Médio Parnaíba (Famep) e Licenciado em
História pela Universidade Estadual do Piauí (Uespi). Teresina – Piauí, e-mail: lucasrgb95@gmail.com.
através de pesquisa de relatórios do Dnocs, da Sudene e da CPT, em seus respectivos
acervos, sobre as frentes de obras e planos de emergência, bem como entrevistas com
trabalhadores das frentes de serviço e com aqueles que puderam vivenciar aquela seca.
Como nos anos anteriores, em 1979, os prefeitos além de pedir frentes de obra,
reivindicam carros-pipa. No final de 1978, foram entregues carros-pipa para os prefeitos
de Jaicós, Simões e Valença, porém, “agora a grita maior é pela criação de frentes de
serviço, vez que os lavradores nada esperam, em termos de produção agrícola”. Assim,
as obras seriam o meio de garantir o sustento das famílias. Porém, ronda também nas
páginas do noticiário que os flagelados ameaçam abandonar as frentes de serviço,
deixando de trabalhar pela falta de pagamento (O DIA, 1979, ano 27, nº 7088, p. 04). Ao
mesmo tempo, ainda se noticia que os flagelados ameaçam fazer saque ao comércio em
Fronteiras - Piauí.
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Segundo Espedita Araújo, 60 anos de idade, ex-agente da Comissão Pastoral da
Terra (CPT), as políticas de assistências não eram direcionadas objetivamente para
regiões isoladas, mas para o Nordeste como um todo.
Também corroborado pela Dona Espedita Araújo que não havia uma concentração
restrita das ameaças de saques ao comércio apenas nas áreas da seca propriamente dita,
mas que tais consequências seriam sentidas inclusive nas cidades grandes, onde a
população de retirantes2 buscava refúgio e sofria cada vez mais de fome, chegando a
medidas extremas para garantir a sobrevivência:
Essa questão dos ataques [saques ao comércio] era mais questão das
cidades maiores, porque nas cidades pequenas podia deixar a bodega
aberta [...] o pessoal dizia que era descendência de Lampião [...] lembro
que o pessoal comentava [...]. A seca poderia até contribuir, pela
necessidade, até porque quem fazia mais essa prática eram as pessoas
da cidade, principalmente cidades que estavam se inchando, porque no
campo as pessoas não tinham condição de plantar mais, a cada dia a
concentração ia ficando mais forte [...]. A concentração de terra estava
mais forte [...] todo esse quadro [...] obrigava as pessoas, muitas vezes,
muitos das periferias nas cidades grandes, no caso que praticavam
saques nas cidades maiores [...]. Pegavam armazéns [...], não eram
saques de lojas de móveis [...] era fome mesmo [...] os saques mais
comuns eram nos armazéns [...]
Desse modo, este artigo se volta a se destacar as frentes de emergência, bem como
o cotidiano desses trabalhadores nos espaços de obras de combate aos efeitos das secas,
sendo esse conjunto compreendido como “formas históricas de ação empreendidas pelo
Estado e pelas populações rurais nordestinas para garantir alimento e trabalho nos
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Ao tratar do tema Inchaço Urbano, Zózimo Tavares diz que “Os contingentes populacionais que se
deslocaram para Teresina eram, em sua maioria fugitivos da seca [...] e o período de estiagem prolongada,
entre 79 e 83, reforçou o fluxo migratório. (TAVARES, 2000, p. 103-104).
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períodos de estiagem (FAUSTO NETO, 1985. p. 4-5)”. Enquanto as ameaças de saques
significam formas de denúncias e são fundamentalmente manifestadoras de tensões
sociais, as Frentes expressam formas de controle e de ‘abafamento’ dessas mesmas
contradições e tensões entre a população de trabalhadores submetidos a precárias
condições de alimentação, trabalho e vida.
Como se percebe, ainda falta muito para se falar sobre a temática da seca,
principalmente se tratando do território piauiense. Na historiografia local, além de poucas
produções e discussões, são limitadas, pois focam em apenas alguns aspectos, como o
fator econômico, por exemplo. A maioria das análises também se volta para o final do
século XIX e primeira metade do século XX. A obra de maior impacto é Seca Seculorum,
de Domingos Neto (1987) que constitui um marco na literatura piauiense, sendo a
primeira obra de caráter histórico objetivando explicar o fenômeno da seca no Piauí e
entende o fenômeno como resultado de uma série de fatores, destacando as questões de
ordem social e política, antes da questão climática.
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Na pesquisa, situamos como recorte espacial todo o território piauiense, haja vista
que tanto as Frentes de Emergência de Combate à Seca quanto o movimento da multidão
de flagelados não estão circunscritos num cenário estático, mas em várias regiões e
lugares. Ao estabelecer um recorte temporal para a pesquisa, vimos que entre os anos
1979 e 1983 o momento de seca foi constante e o maior em duração. Estes cinco anos de
seca ainda possibilita que se utilize da metodologia da história oral, bem como a consulta
de material jornalístico do período.
No que tange a investigação sobre o dia a dia e organização dos trabalhadores nas
frentes de serviço, a metodologia utilizada foi a da História Oral. Para tanto, realizamos
entrevistas com ex-trabalhadores das frentes de emergências, logo, o uso das fontes orais
nos possibilitou compreender as formas de pensar e as ações dos sujeitos no contexto
abordado. Em particular, a subjetividade captada nesse tipo de fonte desvela a condição
humana dos sujeitos, além disso, o diálogo e confronto com outros tipos de fontes permite
ao pesquisador uma visão mais ampla dos acontecimentos.
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da entrevista, também ex-lavrador, trabalharam na construção de açudes, dentre outras
atividades, financiadas à Fundo Perdido3, durante a realização das obras do Programa de
Emergência de Combate à Seca. Dona Maria Pereira é bastante espontânea nos seus
comentários e começa a entrevista dizendo:
O relato de Dona Maria Pereira indica uma clara divisão do trabalho. Sua fala está
situada ainda antes mesmo de ela ser alistada nos trabalhos das frentes de serviço. Ela,
procurando meios de sustentar a família, pois a lavoura nada produzia, por conta própria
passou a vender lanches no campo de obras. O pagamento ela recebia dos próprios
trabalhadores, no final do mês, quando eles também recebiam o salário das frentes. Isso
evidencia as estratégias de sobrevivência da família rural, que se organizava em torno das
frentes para manter o sustento da prole.
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Recurso disponibilizado sem perspectiva de reembolso.
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dificuldades, para se cadastrar nesse programa do governo, que tinha na
época. Chamavam de Dnocs, outros até brincavam, chamavam de
Magnu, que o cabra entrava magro e saía nu (risos). Então, foi pelo ano
de 1982, 1983, até o começo 1984 que foi quando o inverno voltou de
novo.
Raimundo Fernandes, 57 anos, disse não ter certeza quanto ao valor exato do
pagamento, mas arrisca estipular uma faixa de 15 mil cruzeiros (moeda corrente na época)
por mês. Na região que ele trabalhou, a partir da metade do programa, passaram a receber
também alimentos, no caso, apenas feijão, “agora em algumas regiões até saía cesta
completa, o café, o açúcar também, mas aqui não saiu. Aqui só saiu o feijão!”. O
pagamento era realizado pelo Dnocs em datas já preestabelecidas. A dinâmica do serviço
era organizada metodicamente, como ele detalha:
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E na frente de serviço se trabalhava, se juntava depois do alistamento,
fazia uma reunião, eram as turmas de 20 homens até 25 homens, outras
com 15. Aí se escolhia um cabo de turma, entre aqueles ali, os
trabalhadores mesmo escolhiam um que achavam melhor, aquela
pessoa era o apontador. Apontava, marcava as diárias dos trabalhadores
e era quem comandava mais o serviço, era aquele cabo de turma. Era
quem apontava as diárias dos trabalhadores, a gente não ia se importar
em dizer ‘eu trabalhei tantos dias’ não, o apontador estava lá, todo dia
que você estava lá ele marcava lá na cadernetazinha, na agenda ele
marcava os dias. E isso foi até meados de 1984 quando terminou.
Vimos que existe uma divisão das atividades e uma solidariedade entre os
trabalhadores, que formam estratégias para se manterem no trabalho. Há uma organização
em quantificar a totalidade de trabalhadores em um grupo, este sendo regido pela figura
de um líder eleito entre eles mesmos. E para participar do processo de seleção, teria que
apresentar testemunho que não era comerciante, proprietário ou dono de grandes criações
de animais4. O início do serviço era conturbado, consistindo no momento de maior
concentração de mão de obra para conter a “avalanche de flagelados”.
Porque na roça era o seguinte, digamos que eu vou trabalhar pra mim
mesmo, eu posso chegar lá 9h. O horário de eu sair da roça no meio dia,
quem vai dizer sou eu. Eu posso sair 12h, 13h. Muitas vezes eu só quero
ir uma vez durante o dia, porque a tarde o sol é muito quente, eu só faço
um horário. Aí saio da roça 12h, 12h30min, 13h e venho pra casa fazer
o almoço. Porque num período desse que está quente não é todo ser
humano que aguente trabalhar o dia todo. [...] Chegar cedo, antes do sol
esquentar, porque se passar mal quem é que vai socorrer?
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De acordo com a entrevista fornecida pelo senhor Raimundo Fernandes de Lima Neto.
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Quadro – O tempo de trabalho em cada localidade / frente de serviço
Os operários assim vivenciaram uma experiência histórica que lhes foi singular.
A condição limite foi o diferencial para que múltiplas relações de trabalho fossem
estabelecidas. O local distinto de trabalho, o cotidiano e o aprendizado compõem o rico
arsenal das vivências desses indivíduos. A rotina se altera, pois o tempo de trabalho
também é modificado. Conforme Thompson (1998, p. 269), no seio das sociedades
camponesas, “a medição do tempo está comumente relacionada com os processos
familiares no ciclo de trabalho ou das tarefas domésticas”, exemplificando que na rotina
das tarefas pastorais, o relógio diário é o do gado, as horas do dia e a passagem do tempo
são basicamente a sucessão dessas tarefas e a relação mútua.
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Depois o encarregado do serviço aumentou mais 30 minutos, os trabalhadores saindo apenas às 17h30min.
Não receberam aumento salarial.
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Saía mais cedo no turno da manhã, para cuidar nas tarefas domésticas. Não especificou se trabalhava no
turno da tarde.
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Da mesma forma, segundo o autor, o trabalho do amanhecer até o anoitecer pode
parecer “natural” numa comunidade de agricultores, principalmente nos meses da
colheita, quando a natureza exige que os grãos sejam colhidos antes que comecem as
tempestades. Concluindo, assim, que o tempo nesses contextos é notado como orientação
pelas tarefas e/ou observando os ritmos de trabalho “naturais”.
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o cabo foi quem comeu! [...] Mas essa meia hora podia levar de qualquer maneira, 30
minutos você leva até conversando, né?”. Para Scott (2002), essas estratégias de
resistência são testadas no cotidiano das relações de poder em que estão envolvidos,
ligadas por um senso de justiça. Os trabalhadores se considerando demasiadamente
explorados no serviço passam a fazer corpo-mole no campo de obra, através da enrolação.
Desse modo, nota-se que o quanto podia ser rigoroso o sistema de trabalho
vivenciado pelos operários nas obras e construções de combate as secas. O dia a dia
pautado pela hierarquia, divisão do trabalho, horário rígido, nova lógica temporal (quando
comparada com o tempo de trabalho no roçado) e uma sociedade que se prende nos
valores da moral, bons costumes, ordem e disciplina.
Conclusão
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manterem no trabalho. A vida desses trabalhadores também seria modificada em outro
aspecto, aquele que tange o tempo e a disciplina de trabalho.
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