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A expressão “doutrina social da Igreja” designa o conjunto de orientações da Igreja Católica para os
temas sociais. Ela reúne os pronunciamentos do magistério católico sobre tudo que implica a presença
do homem na sociedade e no contexto internacional. Trata-se de uma reflexão feita à luz da fé e da
tradição eclesial.
A função da doutrina social é o anúncio de uma visão global do homem e da humanidade e a denúncia
do pecado de injustiça e de violência que de vários modos atravessa a sociedade.
A “doutrina social da igreja” não é uma ideologia, nem se confunde com as várias doutrinas políticas
construídas pelo homem ao longo da história. Ela poderá encontrar pontos de concordância com as
diversas ideologias e doutrinas políticas quando estas buscam a verdade e a construção do bem
comum, mas irá denunciá-las sempre que se afastarem destes ideais.
São João Paulo II dizia “A doutrina social da Igreja situa-se no cruzamento da vida e da consciência
cristã com as situações do mundo e exprime-se nos esforços que indivíduos, famílias, agentes
culturais e sociais, políticos e homens de Estado realizam para lhe dar forma e aplicação na história”
(Carta encicl. Centesimus annus, 59).
Ela busca o desenvolvimento humano integral, que é “o desenvolvimento do homem todo e de todos
os homens” (Paulo VI, Carta encicl. Populorum Progressio, 42; Bento XVI, Carta encicl. Caritas in
veritate, 8).
Ao anunciar o Evangelho à sociedade em seu ordenamento político, econômico, jurídico e cultural, a
Igreja está atualizando com fidelidade no curso da história a mensagem de Jesus Cristo. Ela esta
buscando colaborar na construção do bem comum, iluminando as relações sociais com a luz do
Evangelho obediente à missão que Jesus lhe confiou.
A expressão “doutrina social” é usada pela primeira vez por Pio XI (Carta encicl. Quadragesimo anno,
1931) e designa o corpus doutrinal referente à sociedade desenvolvido na Igreja a partir da encíclica
Rerum novarum (1891), de Leão XIII. Em 2004, foi publicado o Compêndio de Doutrina Social da
Igreja, organizado pelo Pontifício Conselho Justiça e Paz, que apresenta de forma sistemática o
conteúdo da doutrina social da Igreja produzido até aquela ocasião. A partir daí, este se tornou o
documento de referência obrigatório para quem deseja aprofundar-se neste campo.
Considerado o primeiro grande documento da doutrina social da Igreja, a Rerum novarum aborda a
questão operária no fim do século XIX. Leão XIII denuncia a penosa situação dos trabalhadores das
fábricas, afligidos pela miséria, num contexto profundamente transformado pela revolução
industrial. Depois da Rerum novarum, apareceram diversas encíclicas e mensagens referentes aos
problemas sociais.
Com sua doutrina social, a Igreja não quer impor-se à sociedade, mas sim fornecer critérios de
discernimento para a orientação e formação das consciências. Nesta perspectiva, a doutrina social
cumpre uma função de anúncio de uma visão global do homem e da humanidade, e também de
denúncia do pecado de injustiça e de violência que de vários modos atravessa a sociedade
(Compêndio da Doutrina Social da Igreja – CDSI –, 81). Não entra em aspectos técnicos nem se
apresenta como uma terceira via para substituir sistemas políticos ou econômicos.
Seu propósito é religioso, sendo matéria do campo da teologia moral. Sua finalidade é interpretar as
realidades da existência do homem, examinando a sua conformidade com as linhas do ensinamento
do Evangelho. É uma doutrina dirigida em especial a cada cristão que assume responsabilidades
sociais, para que atue com justiça e caridade. Ou seja, visa a orientar o comportamento cristão.
Por isso, a doutrina social implica “responsabilidades referentes à construção, à organização e ao
funcionamento da sociedade: obrigações políticas, econômicas, administrativas, vale dizer, de
natureza secular, que pertencem aos fiéis leigos, não aos sacerdotes e aos religiosos” (CDSI, 83).
Os direitos humanos, o bem comum, a vida social, o desenvolvimento, a justiça, a família, o trabalho,
a economia, a política, a comunidade internacional, o meio ambiente, a paz. Todos esses são campos
sobre os quais a Igreja dirige a sua reflexão no contexto da doutrina social.
Todo homem é um ser aberto à relação com os outros na sociedade. Para assegurar o seu bem
pessoal e familiar, cada pessoa é chamada a realizar-se plenamente, promovendo o
desenvolvimento e o bem da própria sociedade. Assim, a pessoa é o centro do ensinamento social
católico. Qualquer conteúdo da doutrina social encontra seu fundamento na dignidade da pessoa
humana. Outros princípios básicos do ensinamento social são: o bem comum, a subsidiariedade e
a solidariedade.