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No ano de 2013, o Brasil foi sacudido de cima a baixo por manifestações que começaram por
causa do aumento dos preços de transporte, mas serviram para mostrar toda indignação e
raiva das massas com a situação econômica e social do país. “Não é só pelos 20 centavos” se
transformou em um grito de guerra que arrastou os jovens e atingiu uma boa parte dos
trabalhadores. O governo Dilma nada resolveu, apoiou a repressão feita pelos governadores e
os problemas questionados continuaram a existir.
Cinco anos se passaram. O PT foi retirado do governo e Temer subiu. Mas o aparelho
burocrático da repressão continuou o seu trabalho. E isso se manifestou mais uma vez, agora,
com a condenação de 23 ativistas que estavam nas manifestações de 2013 no Rio de Janeiro.
A sentença
O Ministério Público tinha pedido a condenação de 18 pessoas e a absolvição de outras cinco.
O juiz Flávio Itabaiana decidiu ir muito além disso: condenou todos os processados em
sentenças de cinco a sete anos de prisão em regime fechado. Determinou ainda que os
sentenciados não devem ser presos de imediato, mas não podem abandonar a cidade do Rio
de Janeiro até o julgamento do recurso no Tribunal de Justiça.
Também incriminada no processo, a advogada dos direitos humanos, Eloisa Samy Santiago,
que participava do grupo de defesa dos manifestantes reunidos no acampamento “Ocupa
Cabral”, explica a sua condenação: “a acusação se baseia num único policial infiltrado que diz
ter me visto dando ordens para começar a quebradeira num ato pacífico em Copacabana… eu
apresentei 20 testemunhas que só me viram atuando como advogada. Aí vem a pena para
todos, sem individualização de conduta.” Isso diz tudo, a condenação foi feita para o
movimento e não para uma ação de um indivíduo.
A Esquerda Marxista já explicou que, desde o processo do “Mensalão”, mudou a forma como o
Judiciário funciona. Ao invés de a acusação provar que alguém é culpado, o acusado precisa
provar que é inocente. Isso se mostra cotidianamente, como nos chamados processos da Lava
Jato, no processo que condenou Rafael Braga e agora nos processos que sentenciaram os 23
ativistas do Rio.
Lembramos que também existem processos em São Paulo que atingem membros do
Movimento Passe Livre e outros jovens que nem participaram de manifestação alguma. No
entanto, organizaram-se para ir e foram presos por denúncia de algum policial infiltrado na
manifestação. A luta contra a condenação dos ativistas do Rio é, ao mesmo tempo, a luta para
impedir que outros também sejam condenados.
A máquina da repressão continua funcionando, e de uma forma burocrática atinge a todos que
se manifestaram e aos que vão se expressar. No Rio, além da repressão diária (o número de
mortos pelos agentes do Estado aumentou em 20% após intervenção na “segurança”!), o
Judiciário está mostrando o seu papel: tarda, mas não falha em culpar os manifestantes.