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PRODUÇÃO DE TEXTOS
José Genésio Fernandes
Maria Emília Borges Daniel
ead
LICENCIATURA Universidade Federal Coordenadoria de Educação
de Mato Grosso do Sul Aberta e a Distância
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Luiz Inácio Lula da Silva
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Fernando Haddad
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Carlos Eduardo Bielschowsky
CÂMARA EDITORIAL
SÉRIE
Prezados aprendentes:
Imagem de capa:
Árvore de letras - óleo sobre cartão
Genésio Fernandes
SUMÁRIO
tância
Para começo de conversa 7
UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
EM BRANCO
VERSO DE PÁGINA
Leitura e Produção de Textos 7
• O que é linguagem?
• O que é língua?
• O que é texto?
• O que é gênero?
• O que é leitura?
OBJETIVOS
Geral:
Possibilitar o desenvolvimento de competências, habilidades e es-
tratégias essenciais para a leitura e a produção de textos, com vistas
à conscientização sobre a natureza sociointerativa da linguagem
no processo de formação integral do educador.
Específicos:
– dar condições para o aluno compreender o texto como um todo
de sentido, um tecido cujo fim é a produção de efeitos de sentido;
– possibilitar a compreensão do gênero de texto como forma de
ação social e historicamente situada;
– possibilitar a compreensão da leitura como um processo com-
plexo de construção de sentido;
– oferecer conhecimentos e exercícios para o aprimoramento da
capacidade de leitura e de produção de diferentes gêneros de tex-
tos, de maneira crítica.
TEMAS
Unidade II
O texto e suas condições de
produção e interpretação
EXPERIÊNCIAS DE APRENDIZAGEM
Ao longo de cada unidade serão propostas leituras e atividades a
serem desenvolvidas individualmente, discutidas com o Tutor e
socializadas, isto é, colocadas no FÓRUM para leitura e apreciação
de todos os participantes de todas as cidades.
Leituras: em cada unidade será apresentado um tema (Texto-base),
a ser estudado e debatido e a indicação de Leituras Complementa-
res (Saber mais). Para aprofundamento de subtemas, serão
indicadas obras ou páginas na Internet (Referências).
Interação: para discussão dos textos e das atividades, o aprendente
contará com o apoio do tutor, recorrendo a diferentes ferramentas
Leitura e Produção de Textos 11
Processo avaliativo
As atividades de aprendizagem encontradas nas unidades ser-
vem de auto-avaliação e são discutidas nos momentos do Fórum e
do Bate-Papo.
Ao final da disciplina, apoiado nas reflexões construídas ao lon-
go das leituras, o aprendente produzirá texto sobre bases teórico-
metodológicas do projeto pedagógico do curso a distância em que
vai atuar.
AMPLIANDO HORIZONTES
Como você pode observar no Plano do curso, o objetivo central
desta disciplina é colocar você em contato com um saber e um saber-
fazer específicos: leitura e produção de diferentes gêneros de texto, ou
seja, possibilitar-lhe o desenvolvimento de competências, habili-
dades e estratégias essenciais para a leitura e a produção de textos
de circulação geral e acadêmica, com vistas à conscientização so-
bre a natureza sociointerativa da linguagem no processo de sua
formação profissional integral.
Por isso, organizamos o seu percurso em 3 unidades temáticas:
Na unidade I – Fundamentos e pressupostos conceituais so-
bre o texto: faremos estudos do texto em suas dimensões teórica e
prática, enfocando seus aspectos constitutivos mais fundamentais,
desde as condições externas de produção e interpretação até os
elementos internos de configuração textual e enunciativa, demons-
trando que a leitura e a produção de textos são atividades de cons-
trução de sentido que pressupõem a interação autor-texto-leitor
Na unidade II – O texto e suas condições de produção e in-
terpretação: discutiremos que, além das pistas e sinalizações que o
texto oferece, entram em jogo, na construção do sentido, os co-
nhecimentos do leitor e do produtor. É desses conhecimentos que
trataremos nessa unidade.
Na unidade III – O texto e suas estratégias de construção e
interpretação: enfatizaremos que a referenciação é uma atividade
discursiva e que o processamento textual se dá numa oscilação entre
vários movimentos: um para a frente
(projetivo) e outro para trás (retrospec- Conforme Koch & Elias (2006, p. 135), “As-
tivo), representáveis parcialmente pela sim sendo, longe de se constituir como a soma
catáfora e pela anáfora, respectivamen- de elementos novos com outros já postos em
te, além dos movimentos abruptos, fu- etapas posteriores, o texto é um universo de
sões, alusões, etc. relações seqüenciadas, mas não lineares”.
12 LETRAS (Português e Espanhol) – Licenciatura
PONTO DE ENCONTRO
Esperamos que, ao final das leituras e discussões feitas ao longo
da Disciplina, você possa:
GLOSSÁRIO
A ser construído por todos ao longo das atividades do módulo.
– Linguagem: é uma faculdade, uma capacidade humana. É essa
capacidade que distingue os homens dos animais.
– Língua: é um conjunto de convenções, para permitir o exercício
da faculdade de linguagem – faculdade essa que, como vimos,
preexiste como entidade abstrata a todo e qualquer ato de
comunicação. Com a palavra língua, devemos entender o material,
léxico, gramatical, estocado em competência. A Língua, o conjunto
de convenções, é o que permite ao homem o exercício da linguagem
como uma capacidade humana. A língua é um produto social da
faculdade de linguagem.
– Texto: é um todo organizado de sentido. Dizer que ele é um todo
organizado de sentido implica afirmar que o texto é um conjunto
formado de partes solidárias, ou seja, que o sentido de uma
depende das outras.
Leitura e Produção de Textos 13
REFERÊNCIAS:
OBRAS A SEREM UTILIZADAS PELOS ALUNOS
1. KOCH, Ingedore G. Villaça. e ELIAS, Vanda Maria. Ler e
compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006.
2. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e
funcionalidade. In: DIONÍSIO, Ângela P., MACHADO, Anna R.
e BEZERRA, Maria A. (Orgs.) Gêneros textuais & ensino.
Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, p. 18 a 36.
3. ______ Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e
circulação. In; KARVNOSKI, Acir Mário & GRYDECZKA (Orgs).
Gêneros textuais: reflexões e ensino. Paraná: Haygangue, 2005.
4. SAVIOLI, Francisco Platão e FIORIN, José Luiz. Lições de
texto: leitura e redação. 4. ed., São Paulo: Ática, 2003.
REFERÊNCIAS:
OBRAS CONSULTADAS
ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo:
Parábola Editorial, 2005.
CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em construção: a escritura do texto. 2.
ed., São Paulo: Moderna, 2001.
CULIOLI, A. Pour une linguistique de l’énonciation. 3 vol. Paris: Opherys,
1990-1999.
DELL’ISOLA, Regina Lúcia P. Retextualização de gêneros escritos. Rio de
Janeiro: Lucerna, 2007.
DRUMMOND, Carlos Drummond de. O poder ultrajovem. São Paulo: Record,
1992, p. 49.
ILARI, Rodolfo. Introdução à semântica: brincando com a gramática. 2. ed.,
São Paulo: Contexto, 2001.
————. Introdução ao léxico: brincando com as palavras. São Paulo:
Contexto, 2002.
KOCH, Ingedore V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto,
2006.
_______ Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002.
LAKOFF, G. & JOHNSON, M. Metaphores we live by. Chicago: The Chicago
University Press, 1980.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de
retextualização. 6. ed., São Paulo: Cortez, 2005
NEVES, Maria Helena Moura. Gramática de usos do português. São Paulo:
Editora da Unesp, 2000.
Leitura e Produção de Textos 15
UNIDADE 1
Fundamentos e
pressupostos conceituais
sobre o texto
16 LETRAS (Português e Espanhol) – Licenciatura
Um exemplo!
gem. Sabe, sim, pois todos nós nos movemos nela e por meio dela,
como o peixe na água.
A linguagem é uma faculdade humana, uma capacidade que o
homem tem de se comunicar com seus semelhantes, é uma abs-
tração.
Há grandes estudiosos da linguagem. Um deles é Hjelmslev.
Vejamos o que ele diz na obra, intitulada Prolegômenos a uma teo-
ria da linguagem, Editora Perspectiva, pp. 1-5. É um dos mais be-
los textos sobre o estudo da linguagem:
Não é bonito?
Está entendendo?
Linguagem Língua
Não é demais repetir:
veja o quadro: uma capacidade humana conjunto de convenções e
regras, para permitir o
exercício da faculdade de
linguagem
uma conta de luz são textos? Se você pensou em afirmar que sim,
acertou. São textos verbais.
Mas e uma fotografia? É um texto? Uma escultura, um dese-
nho, uma partitura musical? Certamente você pensou que sim.
Pode até ter tido uma pequena dúvida, mas pensou que sim. São
textos, sem dúvida alguma! Não são textos verbais, mas são textos
visuais ou audiovisuais. E o outdoor, os programas de TV, as tirinhas
de jornal, as propagandas? São também textos? Sem dúvida. São
os chamados textos sincréticos, isto é, aqueles que utilizam várias
formas de expressão: o verbal e o audiovisual.
Texto 2
Genésio Fernandes
Desenho para a série
Figuras da folia
Nanquim sobre papel, 2007
12cm X 10cm
Texto 3
22 LETRAS (Português e Espanhol) – Licenciatura
Quer um exemplo?
Texto 4
Texto 5
Leitura e Produção de Textos 23
Texto 6
Texto vem do verbo tecer. Se digo que minha avó teceu uma
toalha de mesa, o que está implícito no que digo? Que ela amon-
toou um punhado de fios, de qualquer jeito? Não! Certamente,
não. Se você está pensando que o certo é dizer que ela organizou os
fios para formar a toalha, então acertou.
Leia novamente os dois textos acima: qual deles parece mais
um amontoado de palavras do que uma organização, com algum
propósito determinado? O Texto 5 ou o Texto 6? Certamente o
Texto 6. O Texto 6 é um amontoado de palavras, sem nexo. As
partes não formam um todo de sentido. Esse amontoado de pala-
vras é tão doido que não dá para perceber quem fala, o que fala,
para quem e com que objetivo. Se você acha que isso é coisa de
louco, acertou.
Quem vai a uma roça chamada Barra, em um dos grotões de
Minas, encontra um louco. Ele vai à janela do carro e fala assim. Os
visitantes do lugar, por educação, fingem que entendem e dizem:
sim, é... sim..., sim senhor!. Não deixa de ser uma cena de tentativa
de comunicação, mas quem participa dela não consegue construir
um sentido para o palavreado que ele vai amontoando na sua fala.
Um texto é, portanto, um todo organizado de sentido. É um todo
que faz sentido como um todo. Veja bem: não é uma soma de suas
partes. Não se trata de soma de partes.
cena e nem por que a imagem dela está diluída, pois não disporía-
mos das figuras que ela tem nos outros quadrinhos (primeiro e
segundo). Além disso, a primeira coisa que o texto perde, se for
recortado, é o contexto de produção. Nem mesmo saberíamos a
que gênero de texto pertenceria. Ou seja, ninguém saberia mais se
o terceiro quadrinho é uma tirinha de jornal ou uma ilustração
isolada de um livro. Não saberia também da relação do texto com
outro texto, o das histórias em quadrinhos da crítica Mafalda, cri-
ada pelo argentino Quino.
Lendo a parte, o leitor percebe um sentido que não é o mesmo
do todo. No seu todo, lemos que Mafalda lança a pergunta aos
colegas: “Para onde vocês acham que a humanidade está indo?”
Para dar a resposta, os dois meninos entram numa disputa verbal.
Eles discordam do sentido da palavra “frente”. Nenhum deles cede
à possibilidade de a “frente” significar o que o outro quer. O que o
todo do texto permite ler é que o entendimento entre as pessoas é
sempre difícil, mesmo quando as posições parecem convergir. Todo
mundo concorda que a humanidade tem de evoluir, de ir para a
frente, mas não consegue fechar acordo sobre o sentido/direção da
expressão “para frente”.
Portanto, o sentido do texto não é a soma do sentido de cada
parte isolada. O sentido do texto é o que resulta da construção do
todo do texto, pela relação entre as partes que o compõem. Não dá
para compreender o todo do texto, lendo somente partes isoladas.
Guarde esta palavra: relação. Tudo no texto significa por meio de
relações. Relação de muitas coisas. Você compreenderá isso cada
Saiba mais vez mais à medida que for estudando.
Acesse o site do cantor Odair José, no Google,
se quiser ouvir a música. É considerada brega,
mas não deixa de ser um documento do que Falta ainda dizer que um texto é sempre
aconteceu no Brasil, na época.
Se tiver interesse por estudos da cultura e da uma resposta a um discurso anterior sobre
história, por meio de letras como essa, veja o qualquer coisa. Quer um exemplo disso? Por
livro “Eu Não Sou Cachorro, Não” de Paulo
César de Araújo, que é referência obrigatória volta de 1970/1980, as rádios não paravam
no estudo da música popular brasileira. Veja: de tocar a música de um cantor popular
www.brasilcultura.com.br/
conteudo.php?id=480&menu=92&sub=518 – 29k. chamado Odair José, considerado brega.
Essa letra, Texto 7, convoca o povo a parar
de tomar a pílula. Esse discurso não surgiu do nada e por nada. Ele
surgiu em resposta a um outro discurso já existente na época.
Texto 7:
PARE DE TOMAR A PÍLULA
Resumindo...
Janice Florido
Editora
Janice num dos livros que comprei nestas férias, li a sua mensagem
para que nós disséssemos nossa opinião sobre as revistas, então ái vai
a minha.
Leio os romances de Júlia, Sabrina, Bianca e outra a muitos anos, qdo
posso, compro, qdo não troco as minhas revistas em bancas de troca.
E em todos esses anos, as únicas de quem eu não gostei, para ser
sincera detestei, odiei, foram aquelas escritas, que se passam na grécia,
onde o personagem é grego e arrogante, machista.
Para você ter uma idéia melhor eu ganhei de uma amiga, uma revista
com o título “As flechas de Cupido” número 176, Julia, novinha em
folha, e eu não consegui ler, por favor não coloque muitos romances de
grego nas bancas, a paisagem podem ser maravilhosa, o entardecer
divino, as ruínas dos templos maravilhosas, mas os romances destes
gregos são cansativos.
Espero não tê-la deixado chateada, pois sei que você e toda sua equipe
trabalha com afinco e carinho para que nós leitoras, possamos desfrutar
de momentos maravilhosos e mágicos.
É uma pena que eu não tenha condições de ir toda a semana na banca
para comprar os livros, pois infelizmente, estão caros. Mas se eu tivesse
condição financeira, também não iria comprar de romances de gregos.
Talvez eu não goste desses romances, pois já vivo há 20 anos com um
machão.
Adoro finais felizes, principalmente daqueles em que no final eles
acabam com bebezinhos. Mas fora isso, você está de parabéns pelos
romances publicados, pois sei o quanto é difícil contentar a todos.
Parabéns, felicidades de uma fã de romance:
Marisa Plim de Jesus.
das revistas femininas, das leis, das obras acadêmicas, dos quadri-
nhos – tanto impressos quanto na tela do computador. Essas práti-
cas gozam de maior ou menor prestígio na vida social, mas todas
elas possuem seus direitos e representam os seres humanos com
seus gestos e maneiras de apropriação e de uso particular e cada
vez único do que lhes cai na mão. Cada prática de leitura tem ob-
jetivos diferentes e exige habilidades diferentes.
UNIDADE 2
O texto e
suas condições de
produção e interpretação
34 LETRAS (Português e Espanhol) – Licenciatura
TEXTO-BASE
O texto como elemento de mediação entre os sujeitos envol-
vidos na produção de sentidos.
Ao iniciarmos esta seção, é necessário que comecemos a refletir
sobre o papel dos textos, orais e/ou escritos, verbais e não verbais,
sobre temas pertinentes às áreas de conhecimento a serem traba-
lhadas no desenvolvimento do curso, na modalidade EaD, no qual
você ingressou.
Acompanhe nossa reflexão a respeito.
conhecimento lingüístico
conhecimento enciclopédico
conhecimento interacional
Conhecimento lingüístico
Você saberia dizer o que significa um
conhecimento propriamente lingüístico?
Texto 1:
As cobras. Luís Fernando Veríssimo.
Conhecimento enciclopédico
ou conhecimento de mundo
Texto 2:
Níquel Náusea – Fernando Gonsales
Conhecimento interacional
O conhecimento interacional diz respeito à dimensão
interpessoal da linguagem, ou seja, às formas de interação por meio
da linguagem, e envolve os conhecimentos: ilocucional,
comunicacional, metacognitivo e superestrutural.
Conhecimento ilocucional: possibilita, de modo direto ou indi-
reto, o reconhecimento dos objetivos pretendidos pelo produtor
do texto em uma determinada situação interacional. Veja o exem-
plo, Texto 3.
40 LETRAS (Português e Espanhol) – Licenciatura
Texto 3:
Níquel Náusea – Fernando Gonsales
Saiba mais
Disponível em: http://www2.uol.com.br/niquel/benedito.shtml. Acesso em: 28/8/07.
frase feita ou
expressão idiomática:
locução ou frase
cristalizada numa
determinada língua, cujo Desta vez, é preciso que observemos o que o autor da tirinha
significado não é deduzível
dos significados das
propõe que consideremos na produção de sentido do texto. Você
palavras que a compõem e sabe por quê? Vejamos:
que geralmente não pode
ser entendida ao pé da
letra. [Dicionário Eletrônico • no primeiro quadrinho, a personagem Níquel Náusea dispõe-
Antônio Houaiss].
se a dizer uma “frase feita” para Gatinha, a rata que vive tendo
filhotinhos, e que ele acha uma “gata”;
• no segundo quadrinho, ele diz: “o importante é conservar a
criança que existe dentro de você”, em sentido figurado (“frase
feita”);
• no terceiro quadrinho, Gatinha, demonstra “falta” de conhe-
cimento ilocucional, ao responder: Eu tento, mas elas acabam
nascendo, em sentido literal, o que produz um efeito de sentido
humorístico.
Conhecimento comunicacional
Conhecimento metacognitivo.
Qual a função desse conhecimento? Registre
a sua resposta no caderno de anotações, antes de
acompanhar a nossa reflexão a esse respeito.
Texto 4:
Piratas do Tietê – Laerte
Conhecimento superestrutural ou
Conhecimento sobre gêneros textuais.
Vejamos.
O conhecimento superestrutural refere-se às superestruturas ou
modelos textuais globais, ou seja, os gêneros textuais. É esse co-
nhecimento que possibilita identificar textos como exemplares
adequados aos diversos eventos da vida social, assim como a orde-
nação ou seqüenciação textual de acordo com os objetivos preten-
didos. Exemplos de gêneros textuais: bilhete, carta, resumo, rela-
tório, horóscopo, fábula.
Esperamos ter evidenciado que a construção de sentidos na
leitura e na produção de textos, atividades altamente comple-
xas, depende de vários tipos de conhecimentos
socioculturalmente determinados e vivencialmente adquiridos
e que constituem o contexto, conceito que estudaremos na pró-
xima subnidade.
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
O que você pode dizer para atender o que é pedido nas três
questões abaixo? Coloque seus comentários no FORUM.
1) Ao ingressar num curso superior, na modalidade Educação a
Distância – EaD -, qual é a sua opinião sobre o papel dos textos,
falados e escritos, verbais e não verbais, considerando os temas
pertinentes às áreas de conhecimento a serem trabalhadas durante
esse curso e depois dele?
2) Depois dessas reflexões, recorde como foram as suas aulas de
Língua Portuguesa no Ensino Fundamental e Médio. Tente lem-
brar-se do discurso dos professores, para ver que concepção de
língua e de leitura (rever unidade I) eles adotavam no ensino da
disciplina. Se adotavam a primeira concepção, certamente pergun-
tavam, em algum momento de suas instruções de aula: o que o
autor quis dizer no texto? Se adotavam a segunda concepção, per-
guntavam: o que o texto quer dizer? Ou adotavam as duas concep-
ções, fazendo uma salada?
3) Suponhamos que você seja convidado a escrever um peque-
no artigo sobre o que é e de que depende a leitura, para publicar
Leitura e Produção de Textos 43
O que é isso: projeto de dizer? A gente faz projeto para dizer algu-
ma coisa? Parece estranho, mas não é. Nós projetamos, sim, o que
e como dizer as coisas, em cada contexto, considerando: quem fala,
com quem, quando, onde, em que condições, com que propósito
etc. E não é só na modalidade escrita, na falada também.
44 LETRAS (Português e Espanhol) – Licenciatura
Texto 5:
Continuemos!
concluem: Getúlio suicidou-se hoje! Você pode rir, pois, como sabe,
o suicídio ocorreu em 1954.
Podemos concluir que os sentidos de um texto não dependem
só da estrutura textual em si mesma, ou seja, do co-texto. Um lei-
tor que considerasse apenas a estrutura, não faria um boa leitura.
Por quê? Pelo fato de que os objetos-de-discurso a que o texto faz
referência são apresentados de forma incompleta. Muita coisa fica
implícita. Por isso, é comum, nos estudos de lingüística textual, a
comparação do texto com um iceberg. O que é um iceberg?
É um imenso pedaço de gelo que fica boiando no mar: uma
pequena parte aparente à flor da água e a maior parte submersa.
Assim também ocorre no texto: para entender o que está aparente,
na superfície dele (o explícito), precisamos do conhecimento do
que não está aparente (o implícito). A construção de um sentido
para o texto depende da consideração do todo, da mesma forma
que um comandante de navio só pode ter idéia precisa da dimen-
são de um iceberg, se considerar tanto o que aparece quanto o que
não aparece dessa montanha de gelo. Enfim, o contexto, como o
iceberg, é tudo aquilo que, de alguma forma, contribui para ou
determina a construção do sentido do texto.
Falta dizer o seguinte: depois que o texto sai das mãos do seu
autor, passa a ter uma existência independente. Como você viu
acima, o personagem do romance de Osman Lins lia, nos anos
1970, uma notícia escrita em 1954, sobre um acontecimento tam-
bém ocorrido nesse ano. Por falta de conhecimento e de traquejo
na prática de leitura em geral e de jornal em particular, trocou o
contexto de produção pelo de uso. Isso resultou num erro de leitu-
ra com efeito de sentido cômico ou absurdo: um fato ocorrido muito
antes foi compreendido como tendo acabado de ocorrer.
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM
Agora, convidamos você a ampliar os seus conhecimentos so-
bre o contexto, indispensável para a compreensão e para a cons-
Texto 6 trução dos sentidos do texto. Leia as páginas 66 a 71, do livro Ler e
compreender os sentidos do texto
(KOCH & ELIAS, 2006). Em se-
guida, escreva um pequeno tex-
to, dizendo o que é preciso saber
do contexto, para fazer uma lei-
tura da tirinha, texto 6.
Leitura e Produção de Textos 47
Para começar,
o que é intertextualidade?
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM
Nesta atividade, você vai ler o que está em “A” e em “B”, abaixo,
e depois fazer o que se pede em “C”:
O PODER ULTRAJOVEM
– Que é que tem trazer uma flor para casa?
– Veio do oculista e trouxe uma rosa. Acha direito?
– Por que não?
– Eu esperei, ela me disse que foi o oculista que deu a ela. Esta-
va num vaso, ela achou bonita, ele deu.
– E daí?
– Então uma senhora casada vai ao oculista e o oculista lhe dá
uma rosa? Que lhe parece?
– Que ele é gentil, apenas.
– Pois eu não vou nessa de gentileza de oculista. Não há rosas
nos consultórios de oftalmologia. E que houvesse. Tem pro-
pósito uma coisa dessas? Ela acabou chorando, dizendo que
eu sou um bruto, um rinoceronte. Engraçado. Minha mulher
vem com uma rosa para casa, uma rosa dada por um ho-
mem, e eu não devo achar ruim, eu tenho que achar muito
natural.
– Desde quando é proibido uma senhora ganhar flor de uma
pessoa atenciosa? Que sentido erótico tem isso?
– Tem muito. Principalmente se é rosa. Ora, não tente negar o
significado das ofertas florais entre dois sexos. O oculista não
podia dar essa flor, nem ela podia aceitar. O pior que não deve
ter sido o oculista.
– Quem foi, então?
– Sei lá. Numa cidade do tamanho do Rio, posso saber quem
deu uma rosa a minha mulher?
– Vai ver que ela comprou na loja de flores da esquina, e disse
aquilo só para fazer charminho.
– Ela nunca fez isso. Se fez agora, foi para preparar terreno,
quando chegar aqui uma corbelha de antúrios e hibiscos.
– Não diga uma coisa dessas.
– Digo o que penso. Estou inteiramente lúcido, só me conduzo
pelo raciocínio. Repare no encadeamento: os vestidos moder-
nos; os modos (só vendo a maneira dela sentar no sofá); a
rosa, que ela foi correndo levar para a mesinha de cabeceira
do quarto. Cada uma dessas coisas é um indício; reunidas,
são a evidência.
– Permita que eu discorde.
– Discorda sem argumentos. A Elsa não é mais a Elsa. Demora
mais tempo no espelho. Fica olhando um ponto no espaço,
abstrata. Depois, sorri. Estou decidido
Leitura e Produção de Textos 49
– A quê?
– Vou segui-la daqui por diante. Contrato um detetive. E logo
que tenha a prova, me desquito.
– Não vai ter prova nenhuma, juro. Ponho a mão no fogo por
Dona Elsa.
– Pensei que você fosse meu amigo. Fiz mal em me abrir. Va-
mos mudar de assunto, que ela vem chegando. Mas repare
só que olhos de Capitu que ela tem, eu nunca havia reparado
nisso!
Esquecia-me de dizer que meu amigo tem 82 anos, e Dona Elsa,
79.
Carlos Drummond de Andrade
Um exemplo!
Pois não.
O pai que faz três pedidos respeitosos para que o filho pare de
jogar bola na sala, se quer, mesmo, realizar a ação de interromper a
atividade imprópria do filho, não pode usar o gênero pedido respeito-
so pela quarta vez, mas dar uma ordem. Insistir no pedido é adotar o
gênero de texto impróprio para a situação. A mulher que já pediu
para o marido não a agredir não pode utilizar o pedido, de novo, se ele
insiste na agressão; a forma de ação adequada a ser realizada é a de-
núncia com o lavramento de um BO na delegacia. Não proceder da
maneira conveniente indica incompetência para agir socialmente por
meio da linguagem – e isso, muitas vezes, tem conseqüências lamen-
táveis e até trágicas. Observe, ainda, os textos “A”e “B”:
Texto A:
Texto B:
Folha de S. Paulo,
24 de setembro de 2005
52 LETRAS (Português e Espanhol) – Licenciatura
Texto C
Folha de S. Paulo.
Um exemplo!
Isso sempre ajuda.
No final do ano, o coordenador do pólo de EaD de
Chapadão do Sul queria fazer a direção central da UFMS saber da
situação do pólo. Para realizar essa ação (fazer saber sobre a situa-
ção do pólo), ele escolheu o gênero mais adequado: o relatório.
Veja-o no quadro abaixo, com seis partes enumeradas, correspon-
dentes a seis tipos de texto que nele se combinam:
7 ________________________________
A coordenação
Leitura e Produção de Textos 57
EM BRANCO
VERSO DE PÁGINA
Leitura e Produção de Textos 59
UNIDADE 3
O texto e
suas estratégias de
construção e interpretação
60 LETRAS (Português e Espanhol) – Licenciatura
Sim ou não?
Texto 1
Texto 2
Texto 4
Quadro 1
Os nexos coesivos do Texto 4.
Texto 5
EM BRANCO
VERSO DE PÁGINA
Leitura e Produção de Textos 71
COERÊNCIA TEXTUAL:
UM PRINCÍPIO DE INTERPRETABILIDADE
Texto 1
Texto 2
Amigão! Só, só, só. A mina lá. Este verão. Ricardão e mais
ricardão... Noite de cão. Você nos braços de Morfeu. Fui ma-
drugada alta. Adeus toda república! Betão.
Texto 3
Para fazer as duas tarefas, você precisa de três textos: primeiro, o capítulo 9 da obra Ler
e compreender os sentidos do texto (KOCH, 2006, pp. 183 a 211); segundo, a Lição 24 da
obra Lição de texto: leitura e redação (FIORIN (2003, pp. 367 a 392); e em terceiro lugar,
a Lição 25 da mesma obra (FIORIN (2003, pp. 393 a 411).
Tarefa 1:
Depois de ler o capitulo 9 da obra Ler e compreender os sentidos
do texto, escreva uma carta para um dos colegas de EaD, conten-
do: a) os objetivos do capítulo; b) uma definição de coerência e
de coesão; c) uma explicação do que seja coerência sintática, se-
mântica, temática, pragmática e estilística, apresentando exem-
plos de cada tipo. Escreva de forma que ele compreenda sua ex-
plicação. Coloque a carta no FÓRUM.
Tarefa 2:
A lição 25 da obra Lição de texto: leitura e redação apresenta o
poema Infância na página 395 e o poema Paviloviana, na pági-
na 409 e 410. Faça um comentário sobre os dois textos, do ponto
de vista da coerência e coesão, e coloque no FÓRUM. O que se
quer aqui é que leia a lição, pois o autor já faz isso.
Este é o Guia Didático da disciplina Leitura e Produção
de Textos, obrigatória para os alunos dos diferentes
Cursos de Graduação, na modalidade EaD, da UFMS.
O objetivo dele é contribuir para que o aluno tenha bom
desempenho em duas atividades de linguagem,
indispensáveis em qualquer área do conhecimento:
leitura e produção de textos.