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2. Que é vida
Embora seja um dos vocábulos mais conhecidos e utilizados de nosso idioma, definir “vida” está longe de ser simples e,
menos ainda, consensual. Matéria degustada pela filosofia, pela ciência e pela arte, sua definição ainda não está sedimentada
porque sempre se perseguiu explicar a vida a partir de características comuns a tudo que seja vivo. Ocorre que os organismos
dificilmente se encaixam em atributos comuns, o que ficava mais patente à medida que evoluía a ciência. Mesmo em nossos dias,
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Última revisão em 8.8.2010.
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COSTA, Álvaro Mayrink da. Direito Penal: Parte Especial. 5ª edição, Rio de Janeiro, Forense, 2001, p. 20.
a) Definição fisiológica
Define-se o ser vivo a partir de sua capacidade de realizar algumas funções básicas: comer, metabolizar, excretar,
respirar, mover-se, crescer, reproduzir e reagir a estímulos externos. Outrora popular, atualmente esta abordagem se encontra
bastante superada. Até mesmo máquinas podem realizar todas as funções acima e nem por isso, obviamente, situam-se entre os
seres vivos. Um automóvel “come” e “metaboliza” a gasolina, após o que libera gases pelo escapamento. “Respira” oxigênio e
“expira” dióxido de carbono. Por outro lado, algumas bactérias vivem na completa ausência de oxigênio e, portanto, não respiram;
no entanto, são seres vivos.
b) Definição metabólica
Ainda popular entre muitos biólogos, compreende um ser vivo como um objeto finito, que troca matéria continuamente
com as vizinhanças, mas sem alterar as suas propriedades gerais. Embora correta, essa abordagem não se aplica a todos os
casos. Certas sementes e esporos são capazes de permanecer imutáveis, em estado de latência, até mesmo por séculos e,
depois, nascer ao serem semeados. De outra sorte, a chama de uma vela também tem uma forma definida e troca matéria
continuamente com as vizinhanças.
d) Definição genética
Baseada na contribuição de Charles Darwin à ciência, por meio de sua célebre obra A origem das espécies (1859),
considera vivo um sistema capaz de evolução através de seleção natural. Em linguagem mais atualizada, poderíamos dizer que a
informação hereditária é transportada por grandes moléculas conhecidas como genes. Diferentes genes acarretam diferentes
características no organismo. Na reprodução, o código genético é transmitido para o organismo gerado. Eventualmente, ocorrem
falhas na repetição do código, dando causa a indivíduos mutantes. Nem toda mutação é maléfica, pois algumas podem conferir
características especiais que tornem o organismo mais apto à sobrevivência, por se reproduzir com maior facilidade do que os
demais, podendo tornar-se uma espécie dominante.
3
In: http://web.rcts.pt/luisperna/vida.htm [Acesso em 20.7.2004]
4
In: http://www.str.com.br/Scientia/evolucao.htm [Acesso em 20.7.2004]
f) Definição religiosa5
Evidentemente, esta concepção não poderia ser ignorada nem sua ponderação compromete a presente abordagem.
Tanto do lado da ciência quanto do da religião horrendos crimes já foram perpetrados pelo erro de se opor ciência e religião de
forma absoluta6.7
Para as diferentes correntes religiosas, Deus – qualquer que seja a sua nomenclatura, natureza e objetivos – é o criador
do universo e de tudo que nele se encontra, onde se inclui, evidentemente, a vida em todas as suas formas. Numa visão
reducionista, a vida constitui uma exteriorização da vontade divina e, em boa parte das doutrinas religiosas, tal vontade, além de
não poder ser compreendida, não pode sequer ser questionada. Assim, se Deus é, a vida é o que o Deus quiser.
5
In: http://www.comp.pucpcaldas.br/~al550217901/oqe.html [Acesso em 20.7.2004]
6
Exemplificativamente, a Doutrina Espírita, codificada pelo intelectual francês Hipollyte Leon Denizard Rivail (Allan Kardec), sustenta que “Fé
inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”, cf. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o
Espiritismo. 115ª edição, Brasília: Federação Espírita Brasileira, 1998, p. 303.
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"Creio num Deus pessoal! Acreditem: nunca em minha vida cedi a uma ideologia atéia. Não existe oposição entre ciência e a religião... A
experiência cósmica religiosa é a mais forte e a mais nobre fonte de pesquisa científica". O homem antigo dava sentido divino a tudo: Existia um
Deus para os animais, outro para as pessoas, outro para o amor... O homem atual resume Deus em duas coisas: Criação e fim do mundo, ou seja,
o ser humano, por não saber explicar tudo, tem que se curvar, uma hora ou outra, à existência de Deus..."Deus começa onde nossa mente
termina". (Albert Einstein)
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In: http://www.bioetica.ufrgs.br/inivida.htm [Acesso em 15.8.2004]
O Prof. Dr. José Roberto Goldim, responsável pela sistematização acima, alerta que o “critério baseado na possibilidade
de ‘comportamento moral’ é extremamente controverso, mas defendido por alguns autores na área da Bioética, como Michael
Tooley”.
A eleição de qualquer um dos critérios acima enfrentará problemas de justificação, embora o mais usual, no Brasil, é o
que se baseia na fecundação. Isso está de acordo com o art. 2º do Código Civil de 2002: A personalidade civil da pessoa começa
com o nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Por conseguinte, desde a
fecundação o Direito reconhece o ser como merecedor de tutela. No entanto, não são poucos os que pretendem alterar essa
concepção, com vistas a, principalmente, viabilizar os abortamentos eugênico e voluntário. Nos últimos anos, a questão ganhou o
reforço da luta pela autorização governamental para pesquisas envolvendo células-tronco.
Para a ciência, o critério para constatação da vida humana extrauterina é a respiração autônoma do infante nascido
(indivíduo que completou o processo do parto, mas não recebeu cuidados especiais) ou do recém-nascido. A respiração provoca
alterações em diversos órgãos, tais como diafragma, pulmões, aparelho gastrointestinal, fígado, pleura, traquéia, nervo ótico e
ouvido interno, dentre outros, além de substâncias como saliva, sangue e urina. Essas alterações podem ser percebidas através
das chamadas docimásias. A mais antiga delas, que ainda é a mais usual, é a docimásia hidrostática de Galeno, a qual prova ter
havido respiração pelo fato de que os pulmões de quem respirou aumentam de densidade e flutuam, quando postos em meio
líquido adrede preparado9.
A definição do momento em que a vida extrauterina se inicia é fundamental por causa dos diferentes tipos penais
consignados em lei. Se a agressão contra a vida ocorrer até o início do parto, o crime será de abortamento. Este é o tipo
caracterizado mesmo nas hipóteses em que o feto nasce com vida, vindo a morrer já no meio exterior. Se iniciado o parto,
contudo, o delito já passa a ser de homicídio, mesmo que o feto ainda esteja no interior do útero materno. Questão ainda mais
melindrosa é a do infanticídio, que tem como uma de suas elementares o fato de ocorrer durante o parto ou logo após o mesmo.
Em 29.5.2008, o Supremo Tribunal Federal concluiu o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3510, que
tinha por objeto a Lei n. 11.105, de 2005 (“Lei de Biossegurança”). Trata-se de um julgamento histórico da maior relevância,
porque pela primeira vez a Suprema Corte se pronunciou acerca de um conceito juridicamente admissível para a vida. Na ementa
do julgado, encontramos este excerto:
A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO DIREITO À VIDA E OS DIREITOS INFRACONSTITUCIONAIS DO EMBRIÃO
PRÉ-IMPLANTO. O Magno Texto Federal não dispõe sobre o início da vida humana ou o preciso instante em que ela
começa. Não faz de todo e qualquer estádio da vida humana um autonomizado bem jurídico, mas da vida que já é própria
de uma concreta pessoa, porque nativiva (teoria "natalista", em contraposição às teorias "concepcionista" ou da
"personalidade condicional"). E quando se reporta a "direitos da pessoa humana" e até dos "direitos e garantias
individuais" como cláusula pétrea está falando de direitos e garantias do indivíduo-pessoa, que se faz destinatário dos
direitos fundamentais "à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade", entre outros direitos e garantias
igualmente distinguidos com o timbre da fundamentalidade (como direito à saúde e ao planejamento familiar). Mutismo
constitucional hermeneuticamente significante de transpasse de poder normativo para a legislação ordinária. A
potencialidade de algo para se tornar pessoa humana já é meritória o bastante para acobertá-la, infraconstitucionalmente,
9
FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina legal. 5ª edição, Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1998, pp. 244-248.
4. A morte
Tornou-se famosa a definição de Carmignani para o crime de homicídio, tradicionalmente considerado o mais grave
ataque aos interesses sociais tutelados pela norma penal: Homicidium est hominis coedes ab homine injuste patrata (homicídio é a
destruição de um homem por outro, por meio de uma ação injusta). Remeto o aluno aos tratadistas, a fim de conhecer as críticas
feitas a essa enunciação clássica. Por ora, impende fixar a noção de homicídio e demais delitos contra a vida como conduta capaz
de causar a morte de um ser vivo. Vencer a tautologia desta explicação exige, naturalmente, situar-se em que consiste a morte.
A morte pode ser entendida como um processo irreversível de perda da atividade altamente organizada que caracteriza a
10
vida . Como “atividade altamente organizada” é expressão bastante genérica e nada autoexplicativa, urge que se esmiúce a idéia.
Segundo França11, “a definição mais simples e tradicional de morte é aquela que a definia como a cessação total e
permanente das funções vitais”, posta em xeque com o advento das técnicas de transplante de órgãos e tecidos. Hoje se sabe que
o fenômeno morte ocorre em etapas sucessivas. Por isso, o avanço científico conduziu ao critério de morte cerebral, “baseado na
cessação da atividade elétrica do cérebro, tanto do córtex quanto das estruturas mais profundas”, que pode ser constatada através
de um eletroencefalograma (EEG) silencioso persistente. Todavia, demonstrou-se que esse critério ainda não era seguro, porque
intoxicações barbitúricas comprovaram que o EEG pode permanecer isoelétrico por dias, após o que o paciente se restabelece.
Avançou-se, assim, para o critério de morte encefálica, que reúne exames clínicos aos eletroencefalográficos. “Hoje, a tendência é
aceitar-se a morte encefálica, traduzida como aquela que compromete irreversivelmente a vida de relação e a coordenação da
vida vegetativa”.
Admitindo as dificuldades de sistematização, o mesmo autor oferece os seguintes padrões para a constatação da morte:
“1. Ausência total de resposta cerebral, como perda absoluta da consciência. Nos casos de coma irreversível, presença
de um eletroencefalograma plano (tendo cada registro a duração mínima de 30 minutos), separados por um intervalo
nunca inferior a 24 horas. Esse dado não deve prevalecer para crianças, ou em situações de hipotermia induzida
artificialmente, de administração de drogas depressivas do sistema nervoso central, de encefalites e de distúrbios
metabólicos ou endócrinos.
2. Abolição dos reflexos cefálicos, como hipotonia muscular e pupilas fixas e indiferentes a estímulo luminoso.
3. Ausência da respiração espontânea por cinco minutos, após hiperventilação com oxigênio 100%, seguida da
introdução de um cateter na traquéia, com fluxo de 6 litros de O2 por minuto.
4. Causa do coma conhecida.
5. Estruturas vitais do encéfalo lesadas irreversivelmente.”
No Brasil, a Lei n. 9.434, de 1997, que “dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins
de transplante a tratamento e dá outras providências”, consagra o critério da morte encefálica, comprovada mediante “critérios
clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina” (art. 3º).
O texto que se segue é de grande interesse para os estudiosos do tema e, por sua complexidade, é transcrito na íntegra,
respeitando-se a fonte12.
Logo depois da proposta do padrão de morte cerebral "neocorticalistas". Esses afirmaram que o limite legal da
(Beecher, 1968), formaram-se grupos para debater morte deveria ser o estado de inconsciência
quanto o cérebro precisa estar destruído para que um permanente, que marca a morte da pessoa.
paciente seja declarado morto. Veatch (1975) abriu a Em resposta, partidários do "cérebro inteiro" defenderam
discussão dizendo que seres humanos deveriam ser um padrão que exige a completa morte cerebral. Esse
declarados mortos quando tiverem perdido a capacidade padrão foi posteriormente endossado pela Comissão
de interagir significativamente com os outros humanos. Presidencial para o Estudo de Problemas Éticos na
Veatch recebeu o apoio de um pequeno grupo de Medicina e Pesquisa Biomédica e Comportamental, em
10
In: http://www.gphfecb.ufba.br/Portugues/Textos/Kawasaki1.pdf [Acesso em 20.7.2004]
11
Idem, pp. 281-283.
12
In: http://www.dhnet.org.br/desejos/sonhos/futuro_morte.htm [Acesso em 20.7.2004]
13
FRANÇA, idem, pp. 55, 84, 90, 94, 110 e 112-114.
14
FRANÇA, idem, p. 204.
15
A involução total do organismo feminino às condições que possuía antes da gravidez deve ser entendida, naturalmente, numa acepção médica e
não estética. É sabido que, normalmente, as formas femininas se alteram um pouco com a maternidade, sem que isso negue que o organismo
voltou completamente ao estado não gravídico.
16
Idem, p. 240.
ANEXO
O Suicídio nas civilizações: uma retomada histórica17
Patrícia Almeida Palhares
Saint-Clair Bahls
Resumo: Este artigo traz uma breve retomada histórica sobre a concepção do suicídio, que permeou diversos momentos
históricos. Iniciando nos primórdios da civilização humana até a atualidade, observa-se diferentes épocas e culturas, que ora
permitem ora repreendem o ato suicida. Além do aspecto cultural, percebe-se a influência das religiões na estruturação da forma
de se pensar e reagir ao suicídio. Em cada momento histórico havia um contexto social, econômico, político e religioso que
explicavam ou justificavam o ato suicida, da mesma forma como deve acontecer atualmente e possivelmente continuará no
decorrer dos tempos.
INTRODUÇÃO
O suicídio costuma ser interpretado como um ato isolado de um indivíduo descontente. As análises que procuram detectar a
motivação do suicida estão habitualmente voltadas apenas para a vida do suicida, seus hábitos, suas emoções e as dificuldades
pelas quais estava passando. Aparentemente, o suicídio é um ato individual, solitário, que destoa da vida em sociedade. Contudo,
alguns autores ressaltam a importância e a influência do meio sociocultural nas tentativas e nos modos como aconteciam e
acontecem os suicídios; isto pode ser observado a partir de uma retomada histórica do suicídio em diferentes civilizações. Autores
preocupados em remontar um histórico do suicídio encontraram material que permite rever o conceito de suicídio enquanto algo
com enorme influência do contexto social.
Desde os primórdios da vida humana o suicídio existe e em cada época e em cada civilização teve uma função e um significado.
A partir de uma breve análise histórica de como o homem e a sociedade lidavam e encaravam o suicídio, pode-se observar que
em algumas sociedades primitivas a religião impunha o suicídio como parte da vida; e em outras sociedades eram cometidos
suicídios em massa para fugir da violência de outras civilizações. Tendo em vista aspectos da sociedade grega, da sociedade
romana e ressaltando o suicídio do cristianismo primordial até o século XVIII, pode-se constatar a forte influência da sociedade,
não apenas na motivação, mas também na forma de execução do suicídio.
Sendo assim, este artigo visa uma retomada breve e parcial de como o suicídio foi encarado por diferentes sociedades em
diferentes épocas, levando-se em conta as questões e acontecimentos históricos e culturais destas sociedades e que,
provavelmente, justificam o modo de se lidar e pensar o suicídio que se observa atualmente.
O SUICÍDIO NO CRISTIANISMO
Do mesmo modo que para os romanos, a morte em si não tinha importância para os cristãos. É o revestimento teológico do
cristianismo que faz da vida terrena no mínimo desimportante e no máximo um mal: quanto mais tempo de vida, maior a tentação
de pecar. Para além da morte situou-se o paraíso, o lugar onde se poderia ser verdadeiramente feliz. Uma similaridade com os
vikings, no paraíso encontrar-se-iam com Deus.
No princípio, o cristianismo parece ter se aproveitado desta sede de sangue, demonstrada pelos romanos, junto à idéia do
suicídio, transformando-os em uma busca pelo martírio. Ao que parece, a Igreja primitiva incentivava o suicídio por aumentar o
valor do sofrimento, o que valia como entrada grátis ao reino dos céus. (12)
Outro aspecto romano incorporado pelos cristãos é a importância com o modo de morrer. Além da libertação deste vale de
lágrimas, pecados e tentações da vida, os padres falavam sobre a glória póstuma daqueles que morressem pela fé – de dias
celebrados para eles no calendário da Igreja, de suas coisas adoradas enquanto relíquias e missas celebradas em seu nome. O
martírio também foi associado a uma redenção certa. Tal qual o batismo purgava o pecado original, o martírio redimia
automaticamente os pecados deixados pelo mártir, uma verdadeira garantia de entrada no paraíso.
Deste modo, supõe-se que a perseguição romana ao cristianismo não foi tão acirrada quanto a Igreja apresenta. Os cristãos se
deixavam prender, se entregavam. Inácio, líder cristão na época, dizia: “Deixai-me desfrutar dessas feras, que por meu desejo
seriam ainda mais cruéis do que já são; e se elas não me quiserem atacar, eu as provocarei e as arrastarei à força”. (18) O Padre
Tertuliano proibia explicitamente seu rebanho de fugir da perseguição, exaltando não apenas a glória do martírio, mas
prometendo uma vingança no paraíso. Seu tema era: “Se Cristo-Deus é morto é porque deu seu consentimento; Deus não está à
mercê da carne”.(12)
O grupo cristão mais extremo era os donatistas, que entre os séculos IV e V d.C. batizavam-se para em seguida entregar-se à
decapitação ou à fogueira e ensinavam as crianças cristãs a perturbar os algozes para serem também lançadas ao fogo. O
objetivo de morrer tornou-se tão único que não importava mais o modo da execução. Profanavam templos pagãos, tumultuavam
festas, invadiam tribunais e até detinham viajantes nas estradas com o único intento de serem mortos, pois sua conduta seria
santificada apenas por sua intenção de felicidade eterna. Mas apenas em último recurso se enforcavam ou se lançavam de
precipícios.
CONCLUSÃO
Ao que parece, as discussões atuais sobre o suicídio nas civilizações envolvem a influência da cultura, dos valores e da moral
religiosa. Observam-se diferenciações entre a forma de lidar e de se encarar o suicídio entre as sociedades orientais e ocidentais,
por exemplo. As primeiras, desde seus primórdios aceitavam e até valorizavam os suicidas. O grande exemplo são os Harakiris,
cujo primeiro registro é de 1170, ficando marcante a atuação dos Kamikases durante a II Guerra Mundial. Para o povo japonês o
suicídio tinha um grande significado, pois, vencendo o medo da morte, o samurai destacava-se das outras classes. Hoje em dia, o
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