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Willy da Silva Bernardino - 101621

Título: Oportunidades e Desafios do Turismo Sustentável nas Comunidades


Indígenas de Porto Seguro – Bahia.

Linha de Pesquisa: Gestão, Política e Manejo Ambiental


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1. Contextualização da problemática e justificativa

Mundialmente, o turismo indígena vem ganhando popularidade como objeto de


pesquisa e está em contínuo crescimento. Projetos desenvolvidos em países como
Canadá e Austrália revelam a importância da atividade como fator de desenvolvimento
sustentável e fortalecimento da economia das comunidades (UNBC, 2012; CARR;
RUHANEN; WHITFORD, 2016). No Brasil, o assunto ainda é pouco estudado e as
iniciativas escassas, inexistindo regulamentação para o desenvolvimento da
atividade.
É inegável que a indústria do turismo seja responsável por geração de emprego
e renda, principalmente na região de Porto Seguro – Bahia, um dos destinos mais
conhecidos no Brasil e exterior (SETUR, 2016). Contudo, é uma indústria construída
sobre a fragilidade dos ambientes naturais e culturais, em que o mais inocente e
inconsequente gesto humano pode facilmente resultar em danos significantes
(ALAMPAY, 2005).
O turismo indígena surge como elemento favorável ao desenvolvimento
sustentável, entretanto, a literatura brasileira é falha em responder questões de
relevância nesse assunto. Por isso, é interessante averiguar a atual situação da
atividade nas comunidades indígenas brasileiras, bem como avaliar seu
potencial/obstáculos, a importância das parcerias público-privadas e quais os
impactos oriundos da interação turistas versus ambiente e comunidades.
Tendo em vista a relevância do turismo indígena no favorecimento do
desenvolvimento sustentável, na economia das comunidades e dado a carência de
estudos anteriores, é oportuno compreender os fatores que o influenciam. Os
resultados da pesquisa além de produzirem conhecimento, poderão servir de auxílio
para a regulamentação da atividade.
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2. Referencial teórico básico/Revisão da literatura

2.1 Turismo Sustentável

A situação do turismo no presente século apresenta desafios intensos para


todos os indivíduos envolvidos na indústria turística. A demanda por produtos de
qualidade aumentou nos últimos anos e os turistas atuais buscam novos destinos,
variedade e maior flexibilidade nas viagens, demonstrando interesse por atrações
turísticas em que seja possível o contato com a cultura, herança e história local
(EDGELL, 2016). É crescente o desejo por um turismo conservacionista
fundamentado nas ideias de equidade, estética e eficiência.
Em resposta a esta demanda, o setor turístico vem se transformando e criando
mecanismos voltados para atender as necessidades do desenvolvimento de um
turismo sustentável, em que os recursos naturais sejam vistos como a base do seu
sucesso. O propósito é uma gestão em que o turismo seja instrumento de garantia da
preservação da qualidade e variedade de produtos turísticos para as futuras gerações.
A adaptação a essa realidade ocorre de forma a atender os parâmetros da
sustentabilidade.
A princípio, o conceito de sustentabilidade foi introduzido no turismo como uma
consciência em se equilibrar a inter-relação entre turismo e meio ambiente, sendo
essencial o compromisso entre os vários conflitos e com o exercício do planejamento.
(BRANDAO; BARBIERI; SILVA, 2012).
A Organização Mundial do Turismo define turismo sustentável como “o turismo
que contribui para a gestão dos recursos e se atenta com os seus impactos sociais,
econômicos e ambientais, atuais e futuros, atendendo às necessidades dos visitantes,
da indústria, do ambiente e das comunidades” (UNEP/OMT, 2005). Esta definição
reitera os três pilares de sustentação do desenvolvimento sustentável e reconhece a
necessidade de agir com responsabilidade, como indicado no relatório Brundtland de
1987.
Swarbrooke (1999), evidencia a influência do conceito geral do
desenvolvimento sustentável sobre o turismo sustentável e afirma que os dois
conceitos não podem ser separados, uma vez que o turismo sustentável não diz
respeito apenas a proteção ambiental, mas também se preocupa com a viabilidade
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econômica a longo prazo e a justiça social. Para Koncul (2008) a sustentabilidade


deveria ser o cerne do desenvolvimento turístico, visto que a natureza representa seu
principal recurso.
Segundo Edgell (2016), a gestão sustentável do ambiente natural e físico deve,
mais do que nunca, coexistir com os objetivos econômicos, socioculturais, de saúde
e segurança das localidades e nações. Encontrar um ponto de equilíbrio entre o
crescimento e a proteção dos recursos naturais é um desafio para a gestão
governamental.

2.2 Turismo Indígena

Globalmente, o turismo indígena é considerado elemento favorável ao


desenvolvimento socioeconômico dos indivíduos, comunidades e áreas de
implantação. E, como todas as formas de turismo, seu desenvolvimento,
estabelecimento e gestão devem ser regidos pelos princípios de desenvolvimento
sustentável e gestão dos recursos naturais (CARR; RUHANEN; WHITFORD, 2016)
Butler e Hinch (2007) definem turismo indígena como a atividade turística em
que os povos indígenas se envolvem diretamente através do controle e usam sua
cultura como a essência da atração.
O controle da terra a partir da perspectiva dos indígenas é diferente da dos não-
indígenas (HINCH, 2001). Hewitt (2000), afirma que a relação destes povos com a
terra não se baseia no conceito de propriedade particular, a terra é reconhecida como
“mãe” e abomina-se qualquer desejo de compra ou venda.
Nesse sentido, o turismo gerido apropriadamente é considerado atividade
coerente com os valores indígenas sobre a santidade da terra e a relação das pessoas
com ela (BUTLER E HINCH, 2007). Em contraste com outras formas de contato, o
fato do turismo poder ser planejado e administrado implica na influência da população
indígena sobre a natureza das trocas econômicas e culturais.
Segundo Barreto (2007), essa interação intercultural promove o entendimento
entre povos indígenas e não indígenas, reduz as desigualdades entre as reservas,
recupera o orgulho das tradições e a comunicação intertribal e intergeracional, e ainda
influencia na geração de emprego e renda (Ryan, 2005).
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Neste tipo de turismo é oferecido aos diferentes tipos de turistas, diferentes


graus de integração com a cultura e revela-se que a cultura indígena não se restringe
a danças e artesanato, mas que inclui outros tipos de serviços turísticos.
A experiência turística consiste em estar em um meio onde o passado histórico
e as tradições convivem com os modos de produção do presente, onde a cultura
indígena convive com a cultura branca ocidental, mas não de maneira subordinada
em que os indígenas são atrações, mas dentro de uma integração horizontal
(BARRETO, 2007).

2.3 Parcerias público-privadas de turismo

Parcerias são reconhecidas como formas de cooperação de importante


relevância para a promoção de estratégias (FRANCO E ESTEVÃO, 2010). Descrevem
um processo de reuniões regulares e presenciais entre as partes, com base em regras
acordadas e sobre intenções de tratar questões compartilhadas (CARR; SELIN;
SCHUETT, 1998).
Nesses acordos, os setores público e privado, assim como grupos ambientais
e comunitários, se reúnem para discutir e adotar políticas sobre como o turismo deve
ser gerenciado e resolvido.
Uma definição específica de parceria de negócios indígenas é dada pelo
Government of Ontario (2000), que a define como: um acordo explícito e deliberado
entre os povos aborígines e o setor corporativo para combinar recursos de forma a
alcançar objetivos específicos e mutuamente acordados.
Para uma empresa de turismo não-indígena, a parceria com as comunidades
representa vantagem econômica onde há demanda por experiências autênticas e
culturais, ou onde a empresa busca oferecer produtos diferentes da concorrência
(VTIC, 2015). Para a comunidade indígena, a parceria fortalece as práticas culturais,
promove a cultura, produz emprego e renda.
Quanto ao poder público, sua função no desenvolvimento do turismo indígena
é criar condições para o progresso desta atividade, observar sua evolução e perceber
suas carências, garantindo a sua contínua evolução (ARANA; FAVARETO;
VALENTIM, 2004). Cabe ao poder público, uma visão holística do ambiente turístico,
atuando como articulador, mediador. Seu papel é o de instigar a geração de negócios.
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Os governos de todo o mundo fizeram grande uso de atores privados para


formular políticas públicas durante a última parte do século XX. As parcerias público-
privadas conciliam recursos do governo e de empresas privadas, visando alcançar os
objetivos sociais (SKELCHER, 2005).

3. Objetivos

Objetivo geral

Analisar as potencialidades e desafios do turismo indígena em Porto Seguro - BA,


com o intuito de identificar recursos e oportunidades de desenvolvimento sustentável,
levando em consideração a história, cultura, política, geografia e questões
socioeconômicas.

Objetivos específicos

1) Identificar as comunidades indígenas que praticam o turismo, sua atual


situação e características.
2) Investigar as formas de atuação do turismo indígena como instrumento de
favorecimento do turismo sustentável.
3) Conhecer a posição da comunidade indígena e das instituições indigenistas em
relação ao desenvolvimento da atividade.
4) Constatar a situação das parcerias público-privadas no desenvolvimento do
turismo indígena.
5) Avaliar os impactos ambientais, econômicos e sociais que porventura a
atividade possa originar.

4. Procedimentos metodológicos

A pesquisa será conduzida nas comunidades indígenas da região de Porto


Seguro – Bahia. A escolha desta região deu-se em função da mesma ser polo turístico
reconhecido nacional e internacionalmente e por ter forte representação indígena, e
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inclusive, a presença de comunidades indígenas que desenvolvem o turismo.


A metodologia da pesquisa será composta de revisão de literatura relativa ao
turismo sustentável e turismo indígena, tendo por base publicações que retratem essa
realidade. Também serão considerados documentos oriundos das comunidades e dos
órgãos indigenistas, como materiais publicados, relatórios e projetos.
A coleta de dados será feita usando-se as técnicas e ferramentas do
Diagnóstico Rural Participativo (DRP), vez que, por meio desta metodologia é
permitido que os membros da comunidade pensem sistematicamente em seus
problemas, nas possíveis soluções e os compartilhem. Sendo as prováveis soluções
analisadas em conjunto.
A escolha dessa técnica participativa se justifica por suas vantagens, como: a
participação de todos no processo do diagnóstico (indígenas, pesquisadores e
técnicos indigenistas); facilita a troca de informação e a verificação desta por todos os
grupos da comunidade; como metodologia, estabelece relação entre os setores; suas
ferramentas são adequadas na geração e fornecimento de informação a partir de uma
perspectiva local (VERDEJO, 2010).

5. Resultados esperados

Espera-se que o projeto de pesquisa sirva de auxílio às comunidades indígenas


no que diz respeito ao planejamento, execução e marketing do turismo sustentável,
visto que em posse de dados que demonstrem as suas oportunidades e limitações,
erros poderão ser corrigidos para que as oportunidades sejam reforçadas e as
dificuldades minimizadas.
Que também contribua para reduzir a escassez de material no campo de estudo
sobre turismo sustentável nas terras indígenas e que seja fator de disseminação da
conscientização ambiental.
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6. Referências

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Philippines. In: ALAMPAY, R.B.A. Sustainable tourism: challenges for the
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