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rebatê-la.

Talvez Mário tenha podido, ainda, reconhecer, ADMIN ISTR AÇÃ O PÚBLICA NO BRASIL:
no pequeno livro, o papel didático da carta de Rilke e UMA BREVE HISTÓRIA DOS CORREIOS.
associá-la a seu próprio empenho epistolar na formação João Pinheiro de Barros Neto.

dos moços.3 [S ã o Paulo: A n n a b l u m e , 2 0 0 4 , 2 0 2 p.]

No final da “Apresentação”, as organizadoras alertam Destaca-se o livro de João Pinheiro de Barros Neto
para a “am eaça constituída pelo correio eletrônico, devido à originalidade do tema: os correios no B ra­
que, ao que tudo indica, fará cair em desuso a carta” sil. Baseia-se na tese defendida pelo autor em C iên ­
(p. 10). Será mesm o? Ou será que a carta é apenas cias Sociais na p u c -sp. Funcionário dos Correios, em-
mais um capítulo da história da com unicação hum a­ penhou-se no estudo de sua história e, form ado em
na; história que tam bém deverá incluir form as con­ administração, tece reflexões teóricas sobre estratégias
temporâneas, como, por exemplo, o correio eletrônico, administrativas. Conform e sugere o título, é revelador
as mensagens enviadas por meio de telefones celula­ o modo como, ao expor e analisar os principais fatos
res, e mesmo as técnicas de interação através de meios da história postal brasileira, João Pinheiro oferece
audiovisuais? Noutras palavras, desde já os leitores de uma perspectiva histórica do país e de sua adm inis­
Prezado senhor, preza d a senhora estarão aguardando tração pública.
uma nova carta de Walnice N ogueira Galvão e Nádia A leitura do prim eiro capítulo, completada por in ­
Battella Gotlib. Esperam os que não demore a chegar.4 formações presentes nos demais, permite delinearem-
se alguns fatos significativos da “ H istória postal” do
Brasil. Os Correios mostraram -se necessários no país
desde 1500, quando Pero Vaz de Cam inha escreveu a
João Cezar de Castro Rocha é professor de Literatura Co m parada carta ao Rei D. Manuel. No Brasil colonial e no Im pé­
da U niversidade Estadual do Rio de Janeiro. rio, sua adm inistração era patrimonialista: não se dis­
sociavam o patrim ônio público e o privado, sendo os
cargos públicos doação do monarca. Em 1520, D. M a­
nuel outorgou a Luiz Homem o cargo de Correio-m or
do Reino, ou seja, concedeu-lhe o m onopólio postal.
Com o era impossível ao Correio-m or e a seus assis­
tentes atenderem toda a demanda por serviços postais,
foram estabelecidos em 1798 o Correio da Corte, geri­
do pela Fazenda Real, e a Adm inistração do Correio
3 Ibidem, p. 287-8.
no Rio de Janeiro. As cartas eram transportadas em
4 Versão da resenha De amantes, escritores, filósofos..., publicada no
Jornal da Tarde, Caderno de Sábado. São Paulo, 28.10.2000, p. 2D. paquetes, que faziam escalas de dois em dois meses

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nos portos do Rio de Janeiro, da Bahia e de Assu (que Se não o fizesse, todo dia i° teria o nom e publicado
servia as capitanias de Pernambuco, Paraíba, Parnaíba, nos Diários, até que, no décim o segundo mês, as car­
M aranhão, Piauí e Pará), para depois seguirem a Por­ tas atrasadas eram queimadas na porta do Correio.
tugal. As leis já previam punições para os crim es de Em 1842, com a distribuição dom iciliar de corres­
violar correspondência ou entregá-la maliciosamente pondências no Rio de Janeiro, nas capitais e principais
à pessoa errada. Também em 1798 foram criadas a p ri­ cidades brasileiras, os entregadores dos correios foram
m eira agência postal brasileira, no interior da cidade designados carteiros. É desse ano também o primeiro
de Cam pos, Rio de Janeiro, e a linha postal de Vila selo brasileiro, o “Olho de boi”.
Rica (Ouro Preto) ao Rio de Janeiro. Todas as linhas M esm o com a adm inistração patrim onialista, os
postais contavam com um escravo e uma cavalgadura correios passaram por acentuado processo de regula­
para cada estafeta. mentação no i Império. Já o 11 Império foi período de
Em 1808, com a chegada da fam ília real portugue­ expansão e m odernização dos serviços de com unica­
sa, criaram -se ligações postais com diversos países e ções no país, visto que D. Pedro 11 buscava trazer para
entre as províncias, porém faltava um a A dm in istra­ o Brasil conquistas tecnológicas (telégrafo, telefone).
ção Central dos Correios. As cartas do Real Serviço Com a República, os Correios passaram de uma
dirigidas a autoridades públicas e a reinos estrangei­ administração patrimonialista para uma administração
ros eram isentas de pagamento, as demais tinham seu burocrática. Em 1894, subordinaram-se ao Ministério
porte pago pelos destinatários e não pelos remetentes. da Indústria, Viação e Obras Públicas. Começou então
Era com um o destinatário recusar-se a receber a car­ o serviço de encomendas internacionais, emitiu-se a
ta e, por conseguinte, o serviço não ser remunerado, primeira série de selos comemorativos (40 Centenário
mesmo tendo a carta chegado ao destino. do Descobrimento do Brasil - 1900).
A 7 de setembro de 1822, uma carta de D. Leopoldi- Bem fundamentado na obra do sociólogo Alberto
na e outra de Lisboa precipitaram a declaração de in ­ Torres, João Pinheiro enfatiza que essa época, até a dé­
dependência do Brasil por D. Pedro. E os correios fo­ cada de 1930, marcou-se por baixa qualidade dos servi­
ram meio de comunicação fundamental para o projeto ços públicos, inclusive dos correios. Os serviços postais
da unidade do país. Finalmente, em 1829 foi instituído eram confiados a agentes semianalfabetos, a instituição
o Regulamento da Adm inistração-Geral dos Correios servia de encosto aos filhos-família; imperava a malan­
no Brasil, unificando as linhas postais por meio de dragem, como subtração de valores, furto de correspon­
uma A dm inistração-G eral da Corte e de A dm inistra­ dência, emissão de vales falsos. Apesar dos problemas, 0
ções Provinciais. Mediante pagamentos trimestrais ou telégrafo, introduzido no Brasil em 1852, era um meio de
semestrais e uma taxa anual, era possível receber em comunicação muito importante para a política.
casa a correspondência. Quem não dispunha desse Eis que, conforme aponta João Pinheiro, ainda na
serviço precisava buscar as cartas na Adm inistração. década de 1930 foram tomadas medidas que garantiram

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o soerguimento, a consolidação e o desenvolvim ento técnico e teórico do funcionalism o, até então “refúgio
dos Correios. O autor sublinha, em especial no segun­ da indolência im produtiva” (p. 72) dos protegidos de
do capítulo do livro (“Cultura organizacional: a con­ partidos oficiais.
tribuição da liderança m ilitar” ), o tradicional vínculo Ressaltando o uso de uniform e, João Pinheiro sa­
dos correios e telégrafos no Brasil com os militares. Tal lienta que no Estado Novo a adm inistração se tornou
vínculo constituiu-se desde antes da República, quan­ ainda m ais m arcadam ente militar. Em 1941, houve
do o então capitão do exército Cândido M ariano da várias realizações no d ct : a obrigatoriedade de in s­
Silva Rondon iniciou a construção de linhas telegrá­ peções nas agências; a publicação mensal do Boletim
ficas, para a segurança e integração nacional, do oeste Inform ativo, indicando irregularidades a corrigir e
com o litoral brasileiro. providências a generalizar; a mecanização do serviço
A partir da década de 1930, form ou-se nos C o r­ de telegramas na sede de várias diretorias regionais;
reios um a cultura de rígida disciplina e ordem . M e­ a criação de institutos particulares de venda de selos.
rece destaque a atuação de José A m érico de Alm eida, Também nesse ano, fundiram -se os Correios Aéreos
o rom ancista d’A bagaceira (1928), com o M inistro M ilitar e Civil num único serviço de correio aéreo, o
da Viação e Obras Públicas, de novembro de 1930 até Correio Aéreo Nacional ( c a n ).

julho de 1934. Novamente na década de 1960 verificaram -se gran­


O quadro era lamentável: aparelhos da com panhia de ineficiência e desorganização nos serviços pú b li­
telefônica brasileira, públicos, eram instalados em re­ cos, principalm ente os postais, que sofreram com a
sidências particulares; nom eavam -se e prom oviam -se defasagem de tarifas. O Departamento de Correios e
adm inistradores dos correios segundo interesses de Telégrafos (d ct ) estava superado operacional e adm i­
políticos, não por mérito. Contrário a esses desm an­ nistrativamente: faltavam uma política tarifária ade­
dos, José A m érico de A lm eida suprim iu despesas su­ quada, o preparo de funcionários, a manutenção de
pérfluas e o uso particular de bens públicos. Instituiu equipamentos. As pessoas se aproveitavam da desor­
concursos e um a com issão revisora, responsável por ganização dos correios para se desculparem de com ­
que as prom oções obedecessem aos requisitos de “zelo, promissos não cumpridos.
assiduidade e com petência” (p. 60). Assim , o em pe­ Então, em 1969, originada da transformação do dct,

nho por econom izar e com bater as relações de favor criou-se a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
foi a form a de moralizar. ( e c t ), possibilitando recuperar-se a instituição. H ou­
Datam de 1931 o Departam ento de Correios e Te­ ve um impulso m odernizador e acentuada m elhoria
légrafos (d ct ) e o prim eiro serviço regular de cor­ na qualidade, extensão e confiabilidade dos produtos
reio aéreo brasileiro, o Correio Aéreo M ilitar (c a m ). e serviços dos Correios. Os funcionários passaram ao
Em 1934, foi criada a Escola de Aperfeiçoam ento dos regime da Consolidação das Leis do Trabalho ( c l t ).

Correios e Telégrafos (e a ct ), voltada para o preparo Iniciou-se o processo de mecanização da triagem da

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correspondência, o serviço de distribuição dom iciliá­ fica no m eio-term o entre o público e o privado. A am ­
ria foi ampliado, padronizaram -se os envelopes, esta- biguidade se revela no nome: empresa (voltada para a
beleceram -se estratégias de marketing. produção, a exploração de um negócio) pública (refe­
Por m eio de depoim entos de fun cion ários dos rente ao coletivo, prestadora de serviço igualmente a
anos 1970, João Pinheiro m ostra a força dos militares, todos os cidadãos). Quanto à questão do lucro, o autor
determ inando um a ordenação nos serviços dos cor­ considera justo e esperado que uma empresa, mesmo
reios. Explica que a grande ação para firm ar a cultura pública, consiga trabalhar com retornos positivos para
e o m odo de adm inistração militares foi a criação do a sociedade, inclusive monetários.
Curso de Adm inistração Postal, em convênio com a Por isso, embora polêmica, a adoção do sistema de
Puc-R j, em 1971, e depois a Escola Superior de A dm i­ franquias, típico de empresa privada, segundo João Pi­
nistração Postal (e sa p ), que funcionou até 1998. nheiro revelou-se útil, em busca de desenvolvimento
Na década de 1980, a e c t começou a consolidar-se mais ágil e com custos menores. Possibilitou expandir-
com o agente da ação social do governo, atuando no se a rede de atendimento com investimento mínimo. O
pagam ento de aposentadorias, na distribuição de li­ quarto capítulo (“A estratégia: do estatal ao privado” )
vros didáticos, em campanhas de aleitamento materno. trata desse conflito entre o público e o privado. Como
Em 1982, criou-se o se d e x - Serviço de Encom enda observa o autor, os Correios já haviam experimentado
Expressa Nacional, com coleta e entrega domiciliar, de tal dilema desde o empenho por moralização e melho­
até 5 kg, em no m áxim o 24 horas, entre as principais ria financeira na década de 1930. E recorda também a
capitais do país. Também foram criados nos anos 1980 venda de selos por particulares nos anos 1940.
os postos de Correio Rural, atendendo as áreas rurais Em síntese, de acordo com o autor do livro, os
que ainda não dispunham de qualquer facilidade de Correios se consolidaram na década de 1930, no bojo
comunicação postal. de um Estado forte, que levou a instituição a se de­
No entanto, no fim dos anos 1980, essa imagem de senvolver e se modernizar. Decaíram depois de 1945,
eficiência não correspondia mais à realidade, marcada tendo-se recuperado desde 1969. E, no final dos anos
por falta de investimentos, greves, atrasos, reclamações. 1980, buscaram na iniciativa privada, com o sistema
Assim , em 1989, começou uma nova etapa na história de franquias, uma estratégia para manter alto nível de
dos Correios, com a implantação do sistema de fran ­ competitividade comercial.
quias para as agências da e c t . Conform e João Pinhei­ Identificam-se, pois, quatro fases na história postal
ro esclarece no terceiro capítulo (“O modelo de gestão: do Brasil, a partir de momentos importantes de reo-
entre o público e o privado” ), a Empresa Brasileira de rientação organizacional. É interessante o fato de 0
Correios e Telégrafos (e c t ) é um a empresa pública, autor apontar as correspondentes mudanças na con­
mas que se vale dos meios da iniciativa privada para cepção dos prédios dos Correios - vale lembrar que
atingir seus fins de interesse público. Ente paraestatal, a própria palavra correio pode designar o prédio ou

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a pessoa responsável pelas entregas. A prim eira fase, transita entre o público e o privado, desejando privile­
inaugurada em 1878 com o edifício da rua i° de M ar­ giar as melhores características de ambos.
ço no Rio de Janeiro, marcou-se pela suntuosidade das Essa imagem positiva de solidez se deve muito, se­
construções, semelhantes a palacetes. Na segunda fase, gundo João Pinheiro, a seu longo período de adm inis­
posterior à Revolução de 1930 e pautada pela criação do tração militar, iniciado na década de 1930, e à formação
d c t em 1931, os Correios passaram a construções mais de um corpo administrativo em escolas próprias. Os
baratas, padronizadas e funcionais. A terceira fase teve Correios desenvolveram-se por meio de um processo
início em 1969, quando se criou a e c t e se privilegia­ no qual a disciplina e a ordem constantes triunfaram
ram unidades intermediárias - centros de tratamento sobre as soluções rápidas. Sempre tiveram forte apelo
e distribuição. A quarta fase, a partir de 1989, é a das patriótico, visível até hoje no uniforme com a bandeira
agências franqueadas por pequenos empresários. nacional na manga esquerda, e a maioria de seus empre­
João Pinheiro julga muito boa a qualidade institu­ gados encaram sua função de entregar correspondência
cional dos Correios, com base em seis critérios: cida­ como socialmente importante, quase um dever cívico.
dania (são fonte de emprego e de ação social), exce­ Questão relevante atualmente é que, em bora a p o ­
lência (têm a confiança da população), m oralidade pularização da internet e do correio eletrônico pare­
(austeridade im plantada nos anos 1930, inspeção sis­ cesse o fim dos Correios, estes disponibilizaram em
tematizada nos anos 1940), ética (empenho para punir suas agências o acesso à rede m undial de com puta­
os culpados por irregularidades), inovação (por exem ­ dores e muito se beneficiaram do com ércio eletrôni­
plo, Aviso de Recebimento-AR, Registro) e continui­ co, que teve grande expansão no país. Já perceberam
dade (face empresarial mais intensa). Essas pondera­ que, se a simples correspondência tende a desaparecer,
ções são o cerne do quinto capítulo, “A qualidade: uma ao contrário permanece a necessidade de transportar
avaliação organizacional” objetos entre organizações e particulares. Também
Analisando as m udanças históricas brasileiras que a infraestrutura do m oderno sistema postal é usada
os Correios acom panharam, o autor observa que a or­ pelo governo para expandir serviços bancários.
ganização passou de instrum ento de efetivação de in ­ Apesar de toda a inform atização m oderna, os car­
teresses nacionais - a integração do território - a ins­ teiros continuam fundamentais para a entrega da cor­
trumento de expansão da nova lógica empresarial, das respondência. Guardam endereços na m em ória, co ­
agências como lojas de conveniência. Então, enfatiza nhecem seus destinatários e possibilitam alto nível de
que, no im aginário popular e no senso comum, a ins­ serviço na distribuição domiciliar. M esm o na cidade
tituição se distingue tanto da m assa de organizações de São Paulo, ainda há uma triagem manual da corres­
estatais, extremamente burocráticas e pouco eficientes, pondência pelos carteiros. O crescimento do número
quanto do padrão privado da busca do lucro pelo lu ­ deles (de 30.214 a 36.974, de 1994 a 1999) sinaliza a im ­
cro, visto ter forte ação social. Organização única que portância do fator humano para a organização.

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Dessa forma, sobressai a identidade positiva dos correspondências e entregas entre estados e países exi­
Correios e, portanto, das pessoas que neles trabalham. ge ordem e disciplina, o que não deve significar uma
O autor atribui a boa qualidade à cultura da institui­ postura autoritária e violenta. Nesse sentido, é rele­
ção, de formação militar, e à sua estratégia empresarial. vante o exemplo do escritor José Am érico de Almeida,
Destaca os sentidos de honra e patriotism o, o com ­ cujo objetivo foi combater o desperdício e os favoreci-
portamento acima de interesses pessoais e a não prio- mentos pessoais, indevidos numa instituição pública.
rização do retorno financeiro. Nas palavras de João Portanto, conform e destaca o próprio João Pinhei­
Pinheiro: “o valor real de uma organização pública ou ro, a história postal brasileira serve para m ostrar que
privada reside nos ativos intangíveis: a reputação, a uma organização estatal pode cum prir com eficiência
qualidade percebida, a credibilidade, continuidade e seus objetivos no país. E a significação dos Correios,
prestígio junto à comunidade” (p. 188). ambíguos entre o privado e o público, como empresa
Assim, o leitor amplia seus conhecimentos e ganha de serviço social que carrega com presteza e ética o
nova perspectiva para refletir sobre a história do país valor da com unicação, parece sintetizada em sua eti­
com A dm inistração pública no Brasil: uma breve his­ mologia controversa1: “bolsa de dinheiro”, “correr”
tória dos correios. Na apresentação do livro, Olivei-
ros da Silva Ferreira, professor na Pós-Graduação do
Departamento de Política da u sp e de Relações Inter­
nacionais da puc-sp, orientador de João Pinheiro, des­ leda Lebensztayn é doutoranda em Literatura Brasileira na Univer­
taca que este procurou com preender a evolução dos sidade de São Paulo, bolsista da FAPESP.

correios sem preconceitos em relação à influência dos


militares na instituição.
Ao mesmo tempo, para evitar o perigo de conclu­
1 Correio: "ETIM. esp. correo (1492), 'o q u e tem por ofício levar a corres­
sões apressadas ou generalizações - e o autor de fato pondência', s e g u n d o Corominas, voc. d e orig. contrv., q u e se prende
é cuidadoso e empenhado seriamente na pesquisa - , ao v. lat. currere 'correr'; o esp. d e v e provir d o cat. correu (dn96), pro-

cumpre relativizar o sentido da importância da adm i­ vç. corrieu (ciooo) 'm ensageiro, correio', q u e p a rec em ligar-se ao fr. ant.
corlieu 'id' co m p . no fr. d e corir 'correr' + lieu 'lugar', te n d o o voc. esp.
nistração militar dos correios. O próprio João Pinheiro,
abso rvid o 0 signf. d o antigo esp. correo 'bolsa d e levar dinheiro', h o m ô ­
ao aproximar modelo empresarial e modelo militar, re­
nimo de origem diferente, f. hist. sXV correo 'mensageiro, repartição que
conhece as limitações da analogia: se em ambas as esfe­ re ceb e e en trega correspondência', sXV correo, sXV correeyo 'saco, bolsa
ras se enfrentam situações competitivas com o intuito d e dinheiro'." (HOUAISS, Antonio e VILLAR, Mauro d e Salles. Dicionário

de vencer, a finalidade de comunicação dos Correios Houaiss da língua portuguesa. Rio d e Janeiro: Objetiva, 2001).
"É o h o m e m q u e leva a c o rr e s p o n d ê n c ia rapidam ente, a correr"
é o oposto do pendor bélico. E o pesquisador também
A etimologia da palavra é controversa, s e g u n d o M. Lübke. (NASCENTES,
indica que o poder militar, antes explícito, se tornou
Antenor. Dicionário etimológico da língua portuguesa. Com prefácio de
anônim o nos Correios. Ou seja, de fato adm inistrar W. M eyer Lübke. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1955).

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