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Universidades federais mineiras:

análise da produção de pesquisa científica e conhecimento


no contexto do sistema mineiro de inovação

Tulio Chiarini Karina Pereira Vieira


Doutorando em Economia pela Unicamp Mestre em Economia pelo CEDEPLAR/UFMG
e professor do IEPG/UNIFEI. e analista econômico do IBGE/MG
Paola La Guardia Zorzin
Mestre em Demografia pelo CEDEPLAR/UFMG
e analista econômico do SEBRAE/MG

Palavras-chave Resumo Abstract


universidades, produção Neste trabalho buscou-se mapear as princi- In this study we mapped out the main features
de conhecimento, sistema pais características da alocação de recursos of the allocation of resources focused on
nacional de inovação. voltados para pesquisa acadêmica e ensino academic research and higher education in
Classificação JEL O33, I23, superior nas universidades federais mineiras. the federal universities in Minas Gerais. This
I28. Tal caracterização realizou-se por meio de da- characterization was carried out using data
dos referentes a tais instituições cedidos pelo from such institutions assigned by the Ministry
Ministério da Educação, bem como median- of Education, as well as information obtained
te informações obtidas nos Diretórios de through the directories of research groups
Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional of the National Counsel of Technological
de Desenvolvimento Científico e Tecnoló- and Scientific Development (CNPq). Not
gico (CNPq). Não surpreendentemente, a surprisingly, the Federal University of Minas
Universidade Federal de Minas Gerais apare- Gerais appears as a leading actor among the
ce como ator principal entre as universidades federal universities in Minas Gerais, and it
federais mineiras, sendo a principal recepto- is the main recipient of funds and a leader
ra de recursos e líder em produção científica in scientific production and higher education.
Key words
e oferta de ensino superior. Com base nas Based on the observed characteristics, there
universities, knowledge características observadas, surgem diversas are several questions that seek to advance the
production, national
questões que buscam avançar no amplo de- broader debate about the allocation of public
innovation system.
bate a respeito da alocação dos gastos públi- spending on higher education and academic
JEL Classification O33, I23, cos em educação de nível superior e pesquisa research in Brazil.
I28. acadêmica no Brasil.

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1_ Introdução (SI), de serem capazes de gerar conhe-


As Instituições de Ensino Superior (IES) cimento que possa fluir para os demais
são atores fundamentais no processo de agentes (sobretudo as empresas). O SI
criação e disseminação de novos conhe- consiste em instituições e organizações
cimentos e invenções, por meio de pes- distintas que se influenciam mutuamen-
quisa básica, pesquisa aplicada, desenvol- te no desenvolvimento, na absorção e
vimento e engenharia, não somente em na difusão de conhecimento, de modo
âmbito regional, mas também em âmbito a gerar inovação mediante o aprendiza-
nacional. As universidades, grosso modo, do e/ou a imitação, contribuindo para o
possuem duas funções sociais básicas: for- desenvolvimento e a difusão de tecnolo-
mar uma população mais educada, uma gias produtivas.
sociedade mais esclarecida e “iluminada” A abordagem tem suas raízes no
e culturalmente mais elevada, e produzir caráter evolucionário do capitalismo pro-
conhecimento científico (Nowotny et al., posto por Schumpeter (1911[1982]), o
2001). Dentro de um Sistema de Inovação qual ainda enfatizou as forças endógenas
(SI), o enfoque de uma IES deve ser sobre a presentes no processo de desenvolvimen-
produção de conhecimento, devendo ser- to, mas não se manifestam claramente e
vir como incubadoras de novas ideias que renovam a vida econômica (destruição
possam ser transbordadas para a socie- criadora). Essa perspectiva teórica revi-
dade e aplicadas em processos inovativos, talizou-se com as investiduras dos neoss-
já que a inovação é o principal dinamiza- chumpeterianos, como Freeman (1987),
dor da atividade capitalista, para muitos Dosi et al. (1988) e Lundvall (1992), e
economistas heterodoxos. dos evolucionários, como Nelson (1993).
O objetivo deste artigo é analisar a Mesmo sendo amplamente discutido,
capacidade de geração de conhecimento o SI é apenas um arranjo heurístico e
das universidades federais do Estado de não forma (ainda) uma teoria descriti-
Minas Gerais, o qual concentra o maior va, contudo serve como método analíti-
número de universidades públicas fede- co neste trabalho.
rais (20% de todas as universidades fe- A literatura nacional, recentemen-
derais do Brasil). A análise é feita enfo- te, tem apresentado um número crescen-
cando-se principalmente a função social te de estudos que buscam verificar o/a
desses atores institucionais, cujo papel é impacto/relação das IES brasileiras sobre/
fundamental nos Sistemas de Inovação com o Sistema Brasileiro de Inovação,

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como, por exemplo, Albuquerque (1996), Neste artigo, inicialmente, apre-


Albuquerque (1998), Cruz (2004), Albu- senta-se o papel das universidades na ge-
querque et al. (2005), Rapini (2007), Re- ração de conhecimento no contexto dos
nault et al. (2008), Póvoa e Rapini (2009), SI. Em seguida, faz-se uma análise des-
Rapini et al. (2009), Esteves e Meirelles critiva a respeito das IES brasileiras, ten-
(2009), Mello et al. (2009) e Suzigan e do como foco principal as universidades
Albuquerque (2009). O mesmo tem si- federais mineiras. Destaca-se também o
do feito em âmbito mineiro por Silva et papel-chave que a Universidade Federal
al. (2000), Rapini e Campos (2004), Al- de Minas Gerais (UFMG) desempenha
buquerque et al. (2005), Rapini et al. na produção de conhecimento no Siste-
(2006), Righi e Rapini (2006). Entretan- ma Mineiro de Inovação, uma vez que
to, esses trabalhos não tiveram como ob- quase metade dos investimentos realiza-
jetivo comparar a capacidade de geração dos pelas universidades federais mineiras
de conhecimento de um conjunto de IES foi realizada por ela. Além disso, a UFMG
ou universidades do Brasil ou mesmo de apresenta o maior volume de grupos de
uma determinada região, objetivo pro- pesquisa, de pesquisadores, de produ-
posto por este trabalho para Minas Ge- ção científica, e a maior porcentagem de
rais com base na análise de algumas es- doutores das federais mineiras estão ali
tatísticas propositalmente escolhidas com alocados. Ao final, algumas considera-
esse fim. ções são tecidas.

2_ Universidades e
1 custo relativamente baixo. Já
O conhecimento pode ser geração de conhecimento
classificado de acordo com a o conhecimento tácito ou
sua natureza: conhecimento conhecimento embedded O conhecimento1 pode ser entendido
codificado (explícito) ou tácito (aquele contido nas rotinas), como um bem híbrido (semipúblico)
(implícito). O primeiro pode ao contrário do primeiro, ou, nas palavras de Stiglitz (1999), um
ser facilmente transmitido não pode ser facilmente
por meio de infraestruturas disseminado objetivamente, bem público impuro. Conforme a teoria
informacionais, ou seja, pode uma vez que normalmente não microeconômica, um bem privado puro
ser transferido de maneira é exposto de maneira explícita é aquele cujo consumo é rival e exclusivo,
relativamente fácil através (documentada) e, portanto, enquanto um bem público puro, contra-
de longas distâncias e para não pode ser facilmente
além das fronteiras nacionais transformado em informação riamente, é aquele cujo consumo é não
e organizacionais, a um (Tigre, 2006, p.104). rival e não exclusivo. O conhecimento,

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apesar de geralmente ser não rival e não co e Engenharia contou com 45% desse
exclusivo, pode se tornar exclusivo, como valor (CGU, 2009).
é o caso dos segredos industriais e das É importante, no entanto, ressal-
patentes (Reis, 2008). tar que os outros atores potenciais na ge-
Com base nos argumentos de Pi- ração de conhecimento, como centros de
gou (1932), é possível reconhecer três me- pesquisa, agências governamentais, labo-
canismos de formação do conhecimento: ratórios industriais, consultorias e think-
i) por subsídios; ii) por pesquisa produ- tanks estão ligados às universidades e uns
zida diretamente pelo governo; e iii) pe- aos outros, formando uma rede de co-
lo “mercado do conhecimento”, este últi- municação e pesquisa conduzida com in-
mo se referindo ao estímulo por pesquisa teração mútua (Gibbons et al.,1994).
e inovação gerado pelas patentes. Este ar- A geração de novos conhecimen-
tigo concentra-se na produção de conhe- tos dentro das universidades tem sido, ca-
cimento por subsídios, tratando-se, nes- da vez mais, alvo do interesse de diversas
se caso, de subsídios governamentais, os empresas e do próprio Estado, na chama-
quais mantêm a geração de conhecimento, da “Era do Conhecimento”,2 e a atenção
por exemplo, pelas universidades federais. dada às interações entre Estado, universi-
Para se ter uma ideia, em 2009, fo-
ram orçados ao Ministério da Educação
(MEC) mais de R$ 15 bilhões para o Ensi- 2
O conhecimento torna- que o conhecimento é central
no Superior Federal e R$128 milhões para se elemento tão importante para o desenvolvimento
o desenvolvimento científico, de um to- que parte substancial da econômico (OECD, 1996;
economia gira ao redor de OECD, 1997; Foray; Lundvall,
tal de R$ 36 bilhões disponibilizados a es- 1998; Lastres; Ferraz, 1999;
atividades que o promovam,
se Ministério, ou seja, o total orçado para justificando-se, portanto, o Cimoli; Constantino, 2000;
o Ensino Superior Federal brasileiro cor- uso das expressões como Boekema; et al., 2000; Foray,
respondeu a mais de 40% de todo o orça- “Economia do Conhecimento” 2004; Lundvall, 2008a;
(knowledge-based economy), Lundvall, 2008b). Smith
mento do MEC (CGU, 2009). Além disso, “Sociedade do Conhecimento” (2002) questiona o termo
o governo federal injetou nas universi- e “Era do Conhecimento” knowledge-based economy, pois
dades outros recursos vindos, por exem- para caracterizar uma para ele o conhecimento
plo, do Ministério da Ciência e Tecnolo- dinâmica fortemente ancorada sempre foi importante no
em atividades intensivas escopo da economia capitalista.
gia, cujo orçamento autorizado da função na geração/difusão de Foi igualmente importante no
C&T, em 2009, foi de R$ 6 bilhões; a conhecimento. O termo foi século XIX, por exemplo.
subfunção Desenvolvimento Tecnológi- cunhado para demonstrar

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dade e empresa já havia sido levantada por ças ao transbordamento do conhecimen-


Sábato e Botana (1968). As universidades to proveniente da Pesquisa e Desenvolvi-
deixaram de ser, nas palavras de Mowery mento (P&D) realizada através de novos
e Sampat (2005), “torres de marfim” vol- produtos e processos aprimorados. Con-
tadas para a busca do conhecimento per tudo, esse transbordamento de conheci-
se e passaram a ser encaradas como ativos mento e a busca pela inovação a partir
estratégicos. O Estado tem buscado usar da relação universidade-empresa podem
as universidades como meio para se de- ser inibidos por atritos3 que retardam ou
senvolver nessa “Nova Era”: impedem a transferência, como sugere
Reis (2008).
Universities play important roles in
No que tange aos benefícios da re-
the ‘ knowledge-based’ economies of
modern industrial and industrializing
lação universidade-empresa, tem-se que,
states as sources of trained ‘ knowledge do lado das universidades, a parceria com
workers’ and ideas flowing from both empresas para a geração de conhecimen-
basic and more applied research activi- to possibilita novas fontes de recursos pa-
ties (Mowery; Sampat, 2005, p. 26). ra pesquisa. Do lado das empresas, a van-
tagem relaciona-se à maior capacidade
Os produtos/resultados de impor- inovativa e, consequentemente, à com-
tância econômica da pesquisa universitá- petitividade. Cohen et al. (2002), com
ria apresentam diversas formas e variam base em uma análise empírica para ava-
com o tempo e de acordo com a indús- liar a influência da pesquisa pública (uni-
tria. Informação científica e tecnológica, versidades e laboratórios governamentais
3
Segundo Davenport e
equipamentos e instrumentos, habilida- de P&D) sobre a P&D industrial do se-
Prusak (apud Reis, 2008), os
principais atritos seriam: falta des/capital humano, network de capaci- tor manufatureiro norte-americano, con-
de confiança mútua, diferenças dades científicas e tecnológicas e protó- cluíram que a pesquisa universitária con-
culturais, falta de tempo e de tipos de novos processos e produtos são tribui para que projetos industriais sejam
locais de encontro, falta de
alguns exemplos dessa gama de produtos concluídos e/ou auxiliem a implementa-
capacidade de absorção pelos
recipientes, crença de que o que são gerados com a pesquisa universi- ção de novos projetos na maioria das em-
conhecimento é prerrogativa tária (Mowery; Sampat, 2005). presas. Kim et al. (2005) registraram que
de determinados grupos, Quando se associa o ator univer- há evidências do crescimento da influên-
síndrome do not invented here,
sidade ao ator empresa, dentro de um SI, cia da pesquisa universitária na inovação
intolerância com erros ou
necessidade de ajuda, verificam-se ganhos de ambos os lados industrial, de 1985 a 1997, também nos
entre outros. e para a sociedade como um todo gra- Estados Unidos.

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A sociedade, por sua vez, é benefi- cia em pesquisa avançada e ao aumento


ciada pela parceria universidade-empresa do estoque de capital humano da região.
por meio da geração de outros produtos A combinação de crescimento nos esto-
e processos aprimorados. Além disso, as ques de conhecimento e oferta de capi-
universidades promovem a formação e o tal humano gera retornos crescentes na
aprimoramento de profissionais, median- região do sistema de produção de conhe-
te treinamentos, capacitando-os a traba- cimento e na comercialização das inven-
lhar de acordo com a demanda das em- ções (Premus, 2003).
presas, sendo ainda o único local para Portanto, é essencial a função das
treinamento de especialistas em número universidades como geradoras de conhe-
suficiente para sustentar as ciências, me- cimento dentro de um Sistema de Inova-
dicina, tecnologia e sistemas de comuni- ção (Mowery; Sampat, 2005; Mazzoleni,
cação globalizados (Nowotny et al., 2001). 2005; Mazzoleni; Nelson, 2005). Entre-
Dessa forma, as universidades, por tanto, são intrincadas as relações e os pa-
si sós, ao formarem pessoas qualifica- péis de todos os atores envolvidos na pro-
das, influenciam a capacidade de absor- dução de conhecimento em um SI, além
ção de conhecimentos pela sociedade, ou do papel essencial exercido pela própria
seja, elevam a capacidade de a socieda- sociedade na absorção desse. Neste ar-
de compreender tecnologias e conheci- tigo, a análise se restringe à capacidade
mentos externos (não produzidos nela) e, de geração de conhecimento dentro das
consequentemente, aumentam a capaci- universidades federais mineiras, não sen-
dade de a sociedade utilizar esses conhe- do abordadas as questões relacionadas à
cimentos. Isso possibilita que a socieda- capacidade da sociedade mineira ou bra-
de seja capaz também de produzir outros sileira de absorver esse conhecimento, o
conhecimentos e não apenas agir como que já envolveria análises muito mais
mera copiadora ou absorvedora do que as complexas, estando, por esse motivo, fo-
universidades criam (Rosenberg; Nelson, ra do escopo deste artigo. Nem faz parte
1994; Pavitt, 1998, Nowotny et al., 2001). do escopo analisar a produção de conhe-
Segundo Premus (2003), as universida- cimento em todas as IES mineiras; sen-
des acabam tendo impacto no crescimen- do assim, restringimos a análise somente
to econômico regional graças à excelên- sobre as universidades federais mineiras.

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3_ Retrato das universidades Em contrapartida, as universidades públi-


federais mineiras cas brasileiras estão engajadas, além da
As universidades federais brasileiras não knowledgeability, na produção de conhe-
formam um grupo homogêneo de cria- cimento científico per se.
ção de conhecimento, ou seja, existem Um fator que aponta para a dife-
universidades mais intensivas na geração rença de funções entre as universidades
e produção de conhecimento e invenções privadas e públicas é o diferencial em ter-
que outras. A maioria das instituições mos de recursos humanos. Valendo-se da
privadas nacionais4 de ensino superior Sinopse Estatística da Educação Superior
está focada apenas em ensino. Conside- de 2008 do Instituto Nacional de Estudos
rando-se que não é a intenção deste tra- e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira,
balho discutir a relevância ou a qualidade vê-se que, do total de docentes universi-
da formação oferecida pelas IES priva- tários brasileiros, 115.659 apresentam o
das brasileiras, cabe aqui apenas destacar título de mestrado ou doutorado, valor
que instituições privadas de ensino supe- que corresponde a 69% do total. Desa-
rior que se dedicam à pesquisa científica gregando esse valor entre as universidades,
são raras exceções, ficando a produção tem-se que 72.291 docentes nas univer-
de conhecimento científico a cargo prin- sidades públicas apresentam essas titu-
cipalmente das universidades públicas.5 lações, ou seja, 75% dos docentes dessas
Na linguagem de Nowotny et al. (2001), instituições. Nas universidades federais, a
pode-se dizer que as universidades pri- participação de docentes com o título de
vadas, grosso modo, estão preocupadas mestre ou doutor é ainda maior, 79%, re-
com a knowledgeability6, isto é, com a presentando um total de 42.304 docentes.
formação de uma população mais edu- Finalmente, nas universidades privadas, o
cada, uma sociedade mais esclarecida e número de mestres ou doutores docentes
“iluminada” e culturalmente mais elevada. é de 43.368, representando 61% da titu-
lação nessas instituições (Tabela 1). O fa-
4
Universidades privadas das universidades federais, to de haver maior representatividade de
correspondem ao somatório estaduais e municipais. mestres e doutores nas universidades fe-
das universidades particulares 6
Em português derais, quando comparadas às universi-
e Comunitária/Confessional/ knowledgeability pode
Filantrópica. dades privadas, reafirma a maior capaci-
ser traduzido como
5
Universidades públicas “cognoscibilidade”, ou seja, dade de produção de conhecimento pelas
correspondem ao somatório capacidade de entendimento. universidades públicas, já que aqueles são

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Tabela 1_ Total de docentes em exercício e porcentagem por grau de formação


no total das universidades brasileiras e por categoria administrativa da universidade – 30/6/2008

Total Sem graduação Graduação Especialização Mestrado Doutorado


Brasil 167.388 0,01% 11,44% 19,45% 32,29% 36,81%
Pública 9.676 0,02% 12,27% 13,00% 25,89% 48,82%
Federal 53.766 0,01% 14,02% 7,29% 24,23% 54,46%
Estadual 38.928 0,04% 10,36% 19,13% 26,39% 44,08%
Municipal 4.066   7,43% 29,83% 42,99% 19,75%
Privada 70.628 0,01% 10,30% 28,29% 41,06% 20,34%
Particular 25.17 11,54% 32,62% 40,23% 15,61%
Comum./Confes./
45.458 0,01% 9,61% 25,90% 41,52% 22,96%
Filant. (*)
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Sinopse Estatística da Educação Superior. 2008. INEP.
Nota: O mesmo professor pode exercer funções docentes em uma ou mais instituições. (*) Comunitária, Confessional e Filantrópica.

Tabela 2_ Número de universidades federais por região


e Estados selecionados e por localização (capital e interior) – 2008

Universidades
  Total Capital Interior
Brasil 55 31 24
Norte 8 8 -
Nordeste 14 9 5
Sudeste 19 5 14
Sul 9 5 4
Centro-Oeste 5 4 1
MG 11 1 10
ES 1 1 -
RJ 4 2 2
SP 3 1 2
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Sinopse Estatística da Educação Superior. 2008. INEP.

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profissionais altamente qualificados, con- dade Federal de Alfenas (UNIFAL) e Uni-


vivendo e trabalhando em um ambiente versidade Federal de Itajubá (UNIFEI).
propício à produção de conhecimento. Essas 11 universidades federais
Quando se observa a distribuição mineiras não formam um grupo homo-
de universidades federais pelo Brasil, no- gêneo. Isso pode ser comprovado anali-
ta-se que Minas Gerais é um Estado bra- sando-se indicadores bastante simples
sileiro atípico. Isso porque é o Estado da como, por exemplo, a porcentagem de
Federação com mais universidades públi- docentes em regime integral de dedica-
cas federais, representando 20% de todas ção exclusiva. O cargo efetivo de profes-
as universidades federais do Brasil. No sor de ensino superior em dedicação ex-
total, o país apresenta 55 universidades fe- clusiva determina que os docentes, além
derais e em Minas Gerais encontram-se 11 de ministrarem disciplinas, devem es-
dessas, valor esse superior ao número de tar envolvidos na execução de ativida-
universidades federais das regiões Nor- des pertinentes à pesquisa e à extensão,
te (com oito universidades federais), Sul que são indissociáveis. Temos que 87%
(com nove universidades federais) e Cen- dos docentes das universidades federais
tro-Oeste (com cinco universidades fede- mineiras estão em regime integral de de-
rais), como pode ser visto na Tabela 2. dicação exclusiva. UFLA, UFOP, UFU,
Encontramos as seguintes univer- UFVJM, UNIFAL e UNIFEI apresentam
sidades federais em Minas: Universidade mais de 95% do seu quadro de docen-
Federal de Juiz de Fora (UFJF), Universi- tes em regime de dedicação exclusiva. A
dade Federal de Lavras (UFLA), Univer- universidade federal mineira com menor
sidade Federal de Minas Gerais (UFMG), percentual é a UFTM, com 76% de do-
Universidade Federal de Ouro Preto centes nesse regime (Gráfico 1a). Verifi-
(UFOP), Universidade Federal de São cando-se a distribuição do total de do-
João del-Rei (UFSJ), Universidade Fede- centes em regime de dedicação exclusiva
ral do Triângulo Mineiro (UFTM), Uni- entre as universidades federais mineiras,
versidade Federal de Uberlândia (UFU), pode-se notar que a UFMG concentra a
Universidade Federal de Viçosa (UFV), maior quantidade de docentes, apresen-
Universidade Federal dos Vales do Jequiti- tando 31% do total, seguida pela UFU,
nhonha e do Mucuri (UFVJM), Universi- com 17% (Gráfico 1b).

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Gráfico 1_ (a) Porcentagem de docentes em regime integral de dedicação exclusiva por universidade federal de MG, 2008.
(b) Porcentagem de docentes em regime de dedicação exclusiva por universidade federal mineira em relação ao total
dessas universidades – 2008

(a) (b)
100% UFTM
UFSJ
90% 2%
4%
80%
UFOP UFU
70% 8% 17%
60%
UFV
50% 11%
UFMG
40%
31% UFVJM 4%
30%
UNIFAL 3%
UFJF
20% UNIFEI 3%
13%
10%
UFLA
0% 5%
UFJF UFLA UFMG UFOP UFSJ UFTM UFU UFV UFVJM UNIFAL UNIFEI

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do MEC/INEP, disponibilizados pelo INEP/DTDIE.

Do total de docentes mineiros, outro lado, do total de doutores em Mi-


64% possuem o título de doutor. A uni- nas Gerais, 38% estão alocados na UFMG,
versidade que apresenta a maior porcen- seguida da UFU, com 13% do total de
tagem de doutores é a UFLA, com 89% doutores mineiros (Gráfico 2b). Obvia-
do seu quadro de docentes com a titula- mente que a concentração de docentes e
ção de doutor, seguida da UNIFEI, com de doutores na UFMG gera impactos não
78%; da UFV, com 76%; e da UFMG, somente quanto ao volume de pesquisa
com 71,88%. Já a UFJF e a UFVJM são realizada, mas também quanto ao volu-
as que apresentam menos doutores: 49% me de investimentos realizados em pes-
e 50%, respectivamente (Gráfico 2a). Por quisa pela universidade.

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Gráfico2_ (a) Formação acadêmica dos docentes por universidade federal em Minas Gerais (%), 2008.
(b) Porcentagem de doutores por universidade federal mineira em relação ao total – 2008

(a) (b)
100%

90% UFTM UFU UFV UFVJM 2%


3% 13% 12%
80% UNIFAL 2%
UFSJ
UNIFEI
70% 4%
3%
60% UFOP
6% UFJF
50% 11%
40%
UFLA
30% UFMG 7%
20% 37%

10%

0%
UFJF UFLA UFMG UFOP UFSJ UFTM UFU UFV UFVJM UNIFAL UNIFEI

Grad. Esp. Mest. Dout.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do MEC/INEP, disponibilizados pelo INEP/DTDIE.

Outra variável de interesse que 16% pela UFMG. A UFTM, a UNIFAL e


atesta a heterogeneidade entre as uni- a UNIFEI são as que ofertam menos cur-
versidades mineiras é o número de cur- sos, apesar de haver planos de aumentar
sos presenciais ofertados. O número de a oferta nessas universidades nos próxi-
cursos presenciais pode estar relaciona- mos anos (Gráfico 3b). A oferta de va-
do ao maior número de docentes e, con- gas por universidade também difere: em
sequentemente, ao volume de produção 2008, houve um total de mais de 18 mil
científica. Dados do MEC/INEP mos- vagas ofertadas por tais instituições, das
tram que, dos 318 cursos totais ofereci- quais 4.774 foram oferecidas pela UFMG,
dos pelas universidades federais minei- ou seja, 30% do total. A UFTM foi a que
ras, 17% deles são oferecidos pela UFU e ofertou menos vagas: somente, 1% do

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318 Universidades federais mineiras: análise da produção de pesquisa científica e conhecimento no contexto do sistema mineiro de inovação

Gráfico 3_ (a) Porcentagem de vagas oferecidas (por vestibular + outro processo seletivo) por
universidade federal de MG em relação ao total, 2008. (b) Porcentagem de cursos presenciais por
universidade federal de MG em relação ao total – 2008

(a) (b)

UNIFEI 3% UFTM UNIFEI UFTM


UNIFAL 4% 2% 4% 3%
UNIFAL 5%
UFLA 5%
UFU
UFVJM 5% UFLA 5%
UFMG 17%
UFVJM
26%
UFSJ 6%
7% UFMG
UFSJ
UFOP 16%
UFU 8%
9% 16% UFOP
UFJF UFV
UFV 11%
11% UFJF 14%
12%
11%

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do MEC/INEP, disponibilizados pelo INEP/DTDIE.

total (Gráfico 3a). Como se vê, a UFU e a A demanda é também desigual entre as
UFMG, as faculdades com maior número universidades, e 32% dos inscritos foram
de docentes, também são as que apresen- aqueles que se candidataram a uma vaga
tam mais cursos presenciais e, como se- na UFMG ( mais de 65 mil candidatos),
rá visto adiante, também se destacam em 13% na UFJF (mais de 28 mil candidatos)
volume de artigos publicados. e 12% na UFOP (mais de 25 mil candida-
Com respeito à demanda por esses tos). As que tiveram menor porcentagem
318 cursos oferecidos (referentes a 18.706 de inscritos foram a UFVJM e a UNIFAL 7
Em geral há dupla (tripla
vagas) pelas universidades federais no com, respectivamente, 3% e 2% dos ins- ou mais) contagem no número
território mineiro, tem-se que, em 2008, critos totais mineiros, ou seja, 6.307 e de inscritos tendo em vista
que o estudante que participa
houve uma procura de mais de 217 mil 4.307 inscritos, respectivamente. Calcu- de mais de um vestibular (ou
inscritos,7 o que daria mais de 684 ins- lando o total de inscritos no vestibular (e outro processo de seleção) foi
critos/curso, ou 11,64 candidatos/vaga. outros processos seletivos) dividido pelo computado mais de uma vez.

Nova Economia_Belo Horizonte_22 (2)_307-332_maio-agosto de 2012


Tulio Chiarini_Karina Pereira Vieira_Paola La Guardia Zorzin 319

Gráfico 4_ Discrepância entre vagas por curso e inscritos por curso, por universidade federal mineira – 2008

1.400
1.294 1.322

1.200

1.000
822 832
800
703
575 559
600
412 427
350
400
287

200
61 61 94 50 50 54 50 56
48 43 41
0
UFJF UFLA UFMG UFOP UFSJ UFTM UFU UFV UFVJM UNIFAL UNIFEI

Vagas por Curso Inscritos por Curso

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do MEC/INEP, disponibilizados pelo INEP/DTDIE.

número de cursos (representando a de- alta demanda por curso nas universida-
manda por cursos), tem-se que a maior des federais mineiras pode ser interpreta-
procura por cursos ocorre na UFTM, se- da como fator positivo sobre a qualidade
guida da UFMG, com 1.322 e 1.294 ins- do aprendizado nessas instituições, bem
critos por curso. como sobre a capacidade de produção de
Analisando o total de vagas dispo- conhecimento delas. Isso porque a eleva-
nibilizadas pelo número de cursos (repre- da demanda por curso contra a oferta res-
sentando a oferta de cursos), tem-se que trita de vagas permite a seleção de can-
a maior oferta é da UFMG, com 94 va- didatos mais capacitados e que sinalizam
gas em média por curso (Gráfico 4). A alta capacidade de aprendizado e eleva-

Nova Economia_Belo Horizonte_22 (2)_307-332_maio-agosto de 2012


320 Universidades federais mineiras: análise da produção de pesquisa científica e conhecimento no contexto do sistema mineiro de inovação

da produtividade, que podem ser, obvia- tanto nos grupos de pesquisa, quanto no
mente, aproveitadas no desenvolvimento volume de pesquisadores (Tabela 3).
de pesquisas dentro da universidade. A importância dos dados dispo-
Baseando-se nesse retrato apresen- nibilizados pelo Diretório reside no fa-
tado das universidades mineiras, é possível to de apresentarem informações sobre os
analisar com mais detalhes suas diferenças recursos humanos constituintes de cada
em termos de produção de conhecimento, grupo (pesquisadores, estudantes e téc-
o que será feito na seção a seguir. nicos) às linhas de pesquisa em anda-
mento, aos setores envolvidos, à produ-
ção científica e tecnológica, por exemplo.
4_ Geração de conhecimento nas Dessa forma, é possível acompanhar e
universidades federais de MG avaliar a capacidade instalada de pesqui-
A distribuição de pesquisadores entre as sas nas universidades.
universidades federais mineiras também Pode-se ainda analisar a heteroge­
não é homogênea. Em 2008, dos mais neidade em termos de capacidade de
de 11 mil pesquisadores8 nas universida- produção de conhecimento das univer-
des mineiras, 71% encontravam-se aloca- sidades mineiras segundo a grande área
dos na UFMG, na UFV e na UFU. Nota- predominante dos grupos de pesquisa.
se, dessa forma, que há uma concentração Dessa forma, levaram-se em considera-
de pesquisadores em três universidades, o ção as seguintes áreas: Ciências Agrárias;
que provavelmente afeta a distribuição
dos grupos de pesquisa entre essas uni-
versidades. Nesse sentido, nas três univer- 8
De acordo com instituição diferente da do
informações do CNPq, líder do grupo. Caso haja
sidades também se encontravam 67% dos
pesquisador não é sinônimo de alguém matriculado em
grupos de pesquisa cadastrados no Dire- professor, já que, no Diretório um curso de graduação ou
tório dos Grupos de Pesquisa do CNPq. dos Grupos de Pesquisa, o pós-graduação (especialização,
Não obstante, é interessante notar que a termo pesquisador é usado mestrado ou doutorado), ele
para os membros graduados passa a ser incluído como
UFMG perdeu participação nos grupos
ou pós-graduados da equipe estudante, desde que seu
de pesquisa em Minas Gerais de 2000 a de pesquisa, diretamente orientador seja um pesquisador
2008, o mesmo tendo acontecido com envolvidos com a realização do grupo em questão.
o volume de pesquisadores. Em contra- de projetos e com a produção Estagiários pós-doutorais, por
científica, tecnológica e sua vez, são considerados
partida, a UFU, nesse mesmo período, artística do grupo, podendo como pesquisadores do grupo.
contou com aumento na participação o pesquisador ser de outra

Nova Economia_Belo Horizonte_22 (2)_307-332_maio-agosto de 2012


Tulio Chiarini_Karina Pereira Vieira_Paola La Guardia Zorzin 321

Tabela 3_ Evolução do número de grupos de pesquisa e pesquisadores


por universidade federal de MG – 2008

  Grupos de pesquisa (%) Pesquisadores (%)


  2000 2008 2000 2008
UFJF 7,1% 10,3% 8,7% 8,7%
UFLA 7,5% 4,4% 11,4% 6,3%
UFMG 49,1% 40,5% 46,3% 41,7%
UFOP 4,3% 4,3% 3,9% 3,4%
UFSJ 3,6% (*) 3,5% 2,5% (*) 2,9%
UFTM - 2,2% - 2,0%
UFU 9,0% 12,2% 7,7% 10,8%
UFV 15,4% 14,9% 15,9% 17,7%
UFVJM - 3,4% - 2,5%
UNIFAL 1,4% (**) 1,6% (**) 0,9% (**) 1,5% (**)
UNIFEI 2,7% (***) 2,8% 2,7% (***) 2,7%
Total 100 100 100 100
Fonte: Elaboração própria com base no Plano Tabular do Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq.
Notas: Em geral, há dupla contagem no número de pesquisadores tendo em vista que o indivíduo que participa de mais de um
grupo de pesquisa foi computado mais de uma vez. (*) FUNREI: Fundação de Ensino Superior de São João del-Rei transformou-
se na UFSJ, a partir de 2002, pela Lei nº 10.425; (**) EFOA: Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas transformou-se na
UNIFAL, a partir de 2005, pela Lei nº 11.154. (***) EFEI: Escola de Engenharia de Itajubá transformou-se na UNIFEI, a partir
de 2002, pela Lei nº 10.435.

Ciências Biológicas; Ciências da Saú- cujo predomínio é da UFV, conhecida


de; Ciências Exatas e da Terra; Ciências tradicionalmente pela sua pesquisa rural
Humanas; Ciências Sociais Aplicadas; e agrária (Tabela 4).
Engenharias; Linguística, Letras e Artes. Com exceção da pesquisa de Ci-
Mais uma vez, nota-se discrepância en- ências Agrárias, em que a UFV apresen-
tre as universidades: a UFMG apresenta ta tradição e também sinergias em razão
a maior quantidade de grupos de pesqui- da própria região onde se localiza, o que
sa em todas as áreas apresentadas, exce- também vale para a UFLA, a UFMG cons-
to na grande área das Ciências Agrárias, titui ator gerador principal de conheci-

Nova Economia_Belo Horizonte_22 (2)_307-332_maio-agosto de 2012


322 Universidades federais mineiras: análise da produção de pesquisa científica e conhecimento no contexto do sistema mineiro de inovação

Tabela 4_ Grupos de pesquisa por área e por universidade federal de MG, acumulado 2000-2008

Exatas Sociais Linguística,


  Agrárias Biológicas Saúde Humanas Engenharias
e da Terra Aplicadas Letras e Artes
UFJF - 8,11% 17,03% 11,17% 16,31% 12,16% 14,66% 8,62%
UFLA 20,42% 2,70% 1,31% 2,43% 0,43% 1,35% 3,45% -
UFMG 15,00% 47,57% 48,03% 43,20% 36,05% 43,24% 75,00% 62,07%
UFOP - 3,78% 2,62% 6,31% 6,01% 3,38% 13,79% 5,17%
UFSJ - 2,70% 0,44% 3,40% 6,44% 4,05% 11,21% 6,03%
UFTM - 3,78% 9,61% 0,49% 0,43% - - 2,59%
UFU 6,25% 14,05% 5,24% 12,62% 22,75% 16,89% 17,24% 11,21%
UFV 52,08% 10,27% 3,06% 12,14% 6,44% 14,86% 12,07% 4,31%
UFVJM 5,42% 2,70% 8,73% 2,43% 3,00% 2,03% - -
UNIFAL 0,42% 4,32% 3,93% 1,94% 0,86% - 0,86% -
UNIFEI 0,42% - - 3,88% 1,29% 2,03% 24,14% -
Total 240 185 229 206 233 148 200 116
Fonte: Elaboração própria com base no Plano Tabular do Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq.
Notas: Em geral, há dupla contagem no número de pesquisadores tendo em vista que o indivíduo que participa de mais de um grupo de pesquisa foi computado
mais de uma vez.

mento no Sistema Regional de Inovação manos e produtora de conhecimento. Na


Mineiro, com características de produ- área da Saúde, é possível destacar a UFJF
ção de pesquisa científica multifocada e e a UNIFAL.
caráter polivalente, destacando-se as áre- A distribuição desigual de pesqui-
as de Engenharia, Saúde e Ciências Bioló- sadores e grupos de pesquisas entre as
gicas, Exatas e da Terra, pela importância universidades mineiras impacta o núme-
do transbordamento de conhecimento ro de projetos realizados e o investimen-
dessas pesquisas, em especial, para o se- to realizado por universidade. Em 2008,
tor produtivo. No caso das Engenharias, dos 1.087 projetos realizados, 46% foram
há que se enfatizar o papel da UNIFEI co- feitos pela UFMG, 19% foram realizados
mo tradicional formadora de recursos hu- pela UFV, e 10%, pela UFLA. As que

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Tulio Chiarini_Karina Pereira Vieira_Paola La Guardia Zorzin 323

Tabela 5_ Número de projetos realizados por universidade federal de MG, acumulado 2001-2009(*)

  2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009(*)


UFJF 3,04% 2,80% 2,74% 4,22% 4,37% 5,93% 4,41% 4,42% 3,69%
UFLA 9,81% 9,35% 9,93% 8,18% 9,55% 8,90% 8,92% 10,49% 11,08%
UFMG 57,01% 55,61% 54,11% 53,30% 48,22% 45,90% 46,69% 46,27% 46,68%
UFOP 3,74% 4,67% 4,11% 2,90% 2,91% 2,79% 2,52% 4,78% 5,76%
UFSJ 0,47% - 0,34% 0,79% 0,97% 0,52% 1,26% 0,83% 1,33%
UFTM 0,93% 1,87% 1,71% 1,32% 1,13% 1,40% 1,05% 0,92% 1,18%
UFU 6,78% 6,54% 8,22% 8,97% 7,77% 7,16% 8,18% 8,46% 8,27%
UFV 15,89% 14,95% 16,44% 18,21% 21,68% 24,96% 24,03% 19,41% 17,28%
UFVJM - - 1,37% 0,79% 0,97% 0,52% 1,05% 1,84% 2,07%
UNIFAL 0,23% - - - 0,49% 0,52% 0,63% 1,20% 1,33%
UNIFEI 2,10% 4,21% 1,03% 1,32% 1,94% 1,40% 1,26% 1,38% 1,33%
Total 428 214 292 379 618 573 953 1.087 677
Fonte: Elaboração própria com base no CNPq/AEI (dados primários: DataWarehouse do CNPq).
Notas: Inclui bolsas custeadas com recursos dos fundos setoriais; não inclui bolsas de curta duração (fluxo contínuo). O número de bolsas-ano representa a média aritmética
do número de mensalidades pagas de janeiro a dezembro: nº de mensalidades pagas no ano/12 meses = número de bolsas-ano. (*) Dados de janeiro a setembro/2009.

menos realizaram projetos foram UFSJ, rais, não deve ser surpresa a maior con-
9
Investimentos do CNPq UFTM, UNIFAL e UNIFEI (Tabela 5). centração de recursos em tal instituição.
no fomento à pesquisa (ou
Assim, nota-se que a UFMG conta com Em 2009 (até setembro), dos mais de
no auxílio à pesquisa), que
incluem recursos para projetos uma gama de capital humano e físico su- R$ 61 milhões de investimentos9 realiza-
de pesquisa, para a promoção perior em muito às demais universidades dos nas universidades federais mineiras,
ou participação em congressos federais mineiras, o que constitui ao mes- aproximadamente 48% correspondiam
científicos, iniciação científica,
mo tempo causa e consequência do seu àqueles feitos à UFMG, 27%, à UFV, e
bolsa de produtividade de
pesquisa, bolsa de mestrado, papel de liderança na produção de co- 12%, à UFLA. O Gráfico 5 mostra a par-
bolsa de doutorado, bolsa de nhecimento científico em Minas Gerais. ticipação dos investimentos realizados
doutorado sanduiche, bolsa Considerando a liderança da às universidades federais mineiras des-
de pós-doutorado, bolsa
UFMG na produção de conhecimen- de 2001 até 2009. Tal aspecto deve se ex-
de recém-doutor, bolsa
especialista visitante, etc. to científico no Estado de Minas Ge- plicar pelo tamanho da universidade, por

Nova Economia_Belo Horizonte_22 (2)_307-332_maio-agosto de 2012


324 Universidades federais mineiras: análise da produção de pesquisa científica e conhecimento no contexto do sistema mineiro de inovação

Gráfico 5_ Valor total dos investimentos realizados pela UFLA, UFMG, UFU, UFV e demais
universidades federais mineiras, em mil R$ de 2009(*), 2001-2009(**)

70000

60000

50000

40000

30000

20000

10000

0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009(*)

UFLA UFMG UFU UFV Demais 10


O número de bolsas-ano
Fonte: Elaboração própria com base no CNPq/AEI (dados primários: DataWarehouse do CNPq). representa a média aritmética
Notas: Inclui bolsas custeadas com recursos dos fundos setoriais; não inclui bolsas de curta duração (fluxo contínuo). As “demais do número de mensalidades
universidades” referem-se à UNIFAL, UFVJM, UNIFEI, UFJF, UFOP, UFSJ, UFTM e UFU. (*) IPCA até setembro/2009, (**) pagas de janeiro a dezembro:
Dados de janeiro a setembro/2009. (nº de mensalidades pagas no
ano)/(12 meses) = número de
bolsas-ano. As bolsas incluem
todos os tipos disponibilizados
sua tradição no meio acadêmico, pela sua Em consonância com esses dados, pelo CNPq, como bolsa de
produtividade de pesquisa,
pluralidade quanto aos segmentos de en- não é de se surpreender que a UFMG
bolsa de mestrado, bolsa de
sino e pesquisa abrangidos, por sua in- apresente, historicamente, porcentagem doutorado, bolsa de doutorado
fraestrutura de pesquisa, bem como pela maior de bolsas-ano10 de pesquisa. Em sanduiche, bolsa de pós-
doutorado, bolsa de recém-
qualidade e produtividade científica dos 2001, a UFMG controlava 47% das bol-
doutor, bolsa especialista
seus pesquisadores. sas-ano mineiras, enquanto em 2008 es- visitante, etc.

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Tulio Chiarini_Karina Pereira Vieira_Paola La Guardia Zorzin 325

Gráfico 6_ Porcentagem de bolsas-ano da UFMG, UFLA, UFV e demais universidades federais de MG,
do total mineiro, 2001-2009(*)

0,5

0,45

0,4

0,35

0,3

0,25

0,2

0,15

0,1

0,05

0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009(*)

UFLA UFMG UFV Demais


Fonte: Elaboração própria com base no CNPq/AEI (dados primários: DataWarehouse do CNPq).
Notas: Inclui bolsas custeadas com recursos dos fundos setoriais; não inclui bolsas de curta duração (fluxo contínuo). O número
de bolsas-ano representa a média aritmética do número de mensalidades pagas de janeiro a dezembro: nº de mensalidades pagas
no ano/12 meses = número de bolsas-ano. As “demais universidades” referem-se à UNIFAL, UFVJM, UNIFEI, UFJF, UFOP,
UFSJ, UFTM e UFU. (*) Dados de janeiro a setembro/2009.

se valor caiu para 44%. Há ligeira que- a UFVJM, que apresentou em 2008 ape-
da da liderança da UFMG sobre as bolsas nas 24 bolsas, o que corresponde a 0,45%
de pesquisa; contudo, a UFMG ainda do total (Tabela 6). O provável é que is-
se apresenta em posição de destaque. O so se deva à sua criação recente, através da
Gráfico 6 mostra a tendência da apro- Lei nº 11.173 de 2005.
priação de bolsas-ano pelas universidades Uma proxy para verificar a produ-
mineiras. Além do fato de a UFMG ser a ção de conhecimento dentro da univer-
que mais possui bolsas, chama a atenção sidade federal pode ser conseguida pela

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326 Universidades federais mineiras: análise da produção de pesquisa científica e conhecimento no contexto do sistema mineiro de inovação

Tabela 6_ Bolsas-ano por universidade federal de MG, em %, 2001-2009(*)

  2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009(*)


UFJF 3,1% 3,8% 3,6% 3,2% 3,2% 3,5% 3,4% 2,9% 3,0%
UFLA 10,9% 10,9% 11,3% 11,5% 11,8% 12,0% 12,2% 12,5% 12,5%
UFMG 47,6% 46,9% 46,7% 47,0% 45,7% 45,4% 44,8% 44,6% 44,4%
UFOP 2,9% 3,0% 3,0% 3,0% 3,1% 3,0% 3,0% 3,1% 3,2%
UFSJ 0,9% 0,9% 1,0% 1,0% 1,0% 1,2% 1,4% 1,4% 1,6%
UFTM 1,2% 1,0% 0,9% 0,9% 0,9% 0,9% 0,9% 0,9% 1,0%
UFU 9,1% 8,7% 8,2% 8,3% 8,5% 8,4% 7,9% 7,5% 7,3%
UFV 21,6% 21,8% 22,8% 22,8% 23,2% 22,8% 23,5% 23,7% 23,3%
UFVJM 0,0% 0,0% 0,0% 0,2% 0,1% 0,0% 0,1% 0,4% 0,7%
UNIFAL 0,6% 0,5% 0,4% 0,4% 0,4% 0,6% 0,7% 0,9% 0,9%
UNIFEI 2,1% 2,3% 2,1% 1,7% 2,0% 2,3% 2,2% 1,9% 2,0%
Total 4.235 4.260 4.240 4.502 4.804 5.014 5.061 5.233 6.460
Fonte: Elaboração própria com base no CNPq/AEI (dados primários: DataWarehouse do CNPq).
Notas: Inclui bolsas custeadas com recursos dos fundos setoriais; não inclui bolsas de curta duração (fluxo contínuo). O número de bolsas-ano representa a média aritmética
do número de mensalidades pagas de janeiro a dezembro: (nº de mensalidades pagas no ano)/(12 meses) = número de bolsas-ano. (*)Dados de janeiro a setembro/2009.

produção bibliográfica. Dessa forma, de todos os artigos publicados em perió-


tem-se que, no período de 2005-2008, as dicos indexados nacionalmente, seguido
universidades federais de Minas Gerais pela UFV, com 28%, e pela UFLA, com
publicaram 36.891 (em valores acumula- 13%. Em se tratando de artigos publica-
dos) artigos científicos em âmbito nacio- dos em periódicos indexados internacio-
nal, enquanto, em âmbito internacional, nalmente, tem-se praticamente o mesmo
foram publicados, em valores acumula- quadro, ou seja, a UFMG lidera mais uma
dos, 26.532 artigos (Tabela 7). Não sur- vez: esta contou com 48% dos artigos pú-
preendentemente, o melhor desempenho blicos, seguida da UFV, com 17%, e da
em termos de produção de conhecimen- UFU, com 10% (Gráfico 7).
to científico foi o da UFMG, com 33%

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Tulio Chiarini_Karina Pereira Vieira_Paola La Guardia Zorzin 327

Tabela 7_ Produção bibliográfica segundo tipo e universidade federal de MG, acumulado 2005-2008

Artigos completos Artigos completos de


  Livros
de circulação nacional circulação internacional
UFJF 6,28% 6,80% 8,04%
UFLA 13,27% 5,60% 6,82%
UFMG 32,60% 47,80% 47,61%
UFOP 2,16% 0,70% 2,74%
UFSJ 1,47% 1,48% 2,25%
UFTM 1,52% 2,57% 0,49%
UFU 10,39% 9,55% 8,41%
UFV 28,42% 17,36% 20,42%
UFVJM 2,35% 1,57% 1,18%
UNIFAL 0,81% 1,61% 0,49%
UNIFEI 0,73% 1,55% 1,55%
Total 36.891 26.532 2.449
Fonte: Elaboração própria com base no Plano Tabular do Diretor de Grupos de Pesquisa do CNPq.
Nota: Produção bibliográfica refere-se ao somatório das produções de pesquisadores e estudantes. Artigos referem-se a artigos completos publicados em periódicos
especializados. Não há dupla contagem nos quantitativos da produção.

Gráfico 7_ Distribuição proporcional da produção bibliográfica segundo universidade federal mineira, acumulado 2005-2008
UNIFAL

UFVJM
UNIFEI

UFMG
UFTM
UFOP
UFSJ

UFLA
UFJF

UFU

2
UFV
UNIFAL

UFVJM

UFMG
UNIFEI
UFTM
UFJF

UFOP
UFSJ

UFLA

1
UFV
UFU
0%

0%
%

%
10

20

30

40

50

60

70

80

90

10
Fonte: Elaboração própria com base no Plano Tabular do Diretor de Grupos de Pesquisa do CNPq.
Nota: Produção bibliográfica refere-se ao somatório das produções de pesquisadores e estudantes. Artigos referem-se a artigos completos publicados em periódicos
especializados. Não há dupla contagem nos quantitativos da produção. (1) Publicação de artigos nacionais, (2) publicação de artigos internacionais.

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328 Universidades federais mineiras: análise da produção de pesquisa científica e conhecimento no contexto do sistema mineiro de inovação

5_ Considerações finais neiro de Inovação. Buscou-se, portanto,


Buscamos, neste artigo, inicialmente, mapear algumas características das uni-
apresentar que o conhecimento tem se versidades federais mineiras, a fim de
tornado fator de competitividade e ele- contribuir para o amplo debate a respeito
mento sine qua non tanto para a capa- da forma eficiente de alocação de recur-
cidade inovativa quanto para a capaci- sos públicos voltados para o ensino de ní-
dade de desenvolvimento. Características vel superior e para a pesquisa acadêmica.
sociais, políticas, culturais e institucionais Mediante tal caracterização, mos-
têm papel ativo em moldar o ambiente trou-se que há diferenças substanciais en-
inovativo, e muitos são os agentes que tre as universidades federais mineiras, no
devem ser levados em consideração. Um que tange ao número de cursos, número
desses atores é a universidade, enten- de alunos, número de vagas, número de
dida neste artigo como aquela instituição docentes, qualificação dos docentes, nú-
cujo papel social é formar uma popula- mero de bolsas de pesquisa, volume in-
ção mais “iluminada” e produzir conheci- vestido em pesquisa e volume de produ-
mento científico (Nowotny et al., 2001). ção científica. A UFMG apresentou-se
O enfoque dado, portanto, foi sobre o como líder de produção científica em
papel das universidades em gerar conhe- Minas Gerais. Isso levanta várias ques-
cimento científico, já que outros agentes tões as quais não são respondidas neste
podem se apropriar dele e conseguir ino- artigo, por não ter sido, a princípio, sua
var. Esse processo, no entanto, pode não preocupação, mas dará oportunidades a
ocorrer de forma direta, ou seja, podem novas pesquisas: seria mais/menos pro-
existir dificuldades tangentes à formação dutivo descentralizar a UFMG, criando
de links universidade-empresa relacio- outros campi em outras regiões do Esta-
nadas tanto às características do conhe- do, como já ocorre em Montes Claros?
cimento, entendido como bem semipú- A possível desconcentração (não) geraria
blico intangível, quanto aos problemas de transbordamentos de conhecimento pa-
sua apropriabilidade. ra regiões periféricas de Minas? A difu-
Com base nesse referencial teórico, são do conhecimento pode ser maior por
foi apresentado um retrato da alocação de meio da difusão de pessoas qualificadas,
recursos públicos nas universidades fede- em vez da difusão de universidades? Seria
rais mineiras a fim de ter maior conheci- vantajoso aproximar as unidades produ-
mento de um dos players do Sistema Mi- toras de conhecimento da população ou

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concentrar a produção de conhecimento Enfim, são muitas as questões que


e posteriormente descentralizar pessoas? surgem quando se olha mais de perto a
A presença de um agente capaz de alocação dos recursos públicos voltados
produzir conhecimento científico de alto para o ensino de nível superior e para a
nível em diferentes setores, como é o caso pesquisa acadêmica. Trata-se de questio-
da UFMG, além de ser importante para o namentos importantes, já que os recursos
Sistema Nacional de Inovação, pode au- voltados para a educação e a pesquisa aca-
xiliar as demais instituições de ensino su- dêmica, no Brasil, são escassos e devem ser
perior através do aproveitamento do co- direcionados da melhor forma possível.
nhecimento produzido pela UFMG em
suas pesquisas, que são muitas vezes vol-
tadas para as necessidades regionais. A
própria “especialização” de algumas uni-
versidades em determinados segmentos
de geração de ensino e conhecimento po-
de ser vista como uma busca pela forma
eficiente de prover ensino e conhecimen-
to científico à sociedade, uma vez que
procuram operar em segmentos que não
estejam totalmente abastecidos pelo líder
e cuja demanda da sociedade e do setor
produtivo continuem crescentes.
A partir desse ponto, é possível
perguntar: seria eficiente que essas uni-
versidades “menores” buscassem prover
maior número e variedade de cursos de
ensino superior e pesquisa científica fora
da sua especialidade? Até que ponto se-
ria eficiente deixar de alocar recursos em
uma instituição que já possui know-how
em diversas áreas de pesquisa para alocá-
los em instituições neófitas em determi-
nados setores?

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330 Universidades federais mineiras: análise da produção de pesquisa científica e conhecimento no contexto do sistema mineiro de inovação

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agradecer às contribuições
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anônimas dos pareceristas da
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Revista ‘Nova Economia’ da
ECONOMIA MINEIRA, 9.,
FACE/UFMG , os quais fizeram
2000, Diamantina. Anais...
uma avaliação criteriosa da
Belo Horizonte: Cedeplar/
primeira versão deste artigo.
UFMG, 2000.
NOTA: Os pensamentos e
SCHUMPETER, J. A. Teoria do
ideias expressos neste trabalho
Desenvolvimento Econômico.
não refletem necessariamente
São Paulo: Abril Cultural,
aqueles do IBGE ou do SEBRAE
1911 [1982].
e são de inteira responsabilidade
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‘knowledge economy’?
Knowledge intensity and E-mail de contato dos autores
distributed knowledge bases. tuliochiarini@yahoo.com.br
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paola _ zorzin@hotmail.com
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