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Autor
Douglas Moacir Flor
2009
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© 2006 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor
dos direitos autorais.
ISBN: 85-7638-421-3
CDD 291
O fenômeno religioso..............................................................................................................17
Religião e Arte............................................................................................................................................17
Religião e Moral.........................................................................................................................................22
Religião e Ciência.......................................................................................................................................22
Religião e Filosofia.....................................................................................................................................23
Religião e Economia...................................................................................................................................23
Religião e Educação...................................................................................................................................24
O Cristianismo I......................................................................................................................79
Conhecer Jesus é fundamental....................................................................................................................79
O amor ágape.............................................................................................................................................79
A história.....................................................................................................................................................80
Jesus – o mestre..........................................................................................................................................81
Princípios de Ética................................................................................................................131
Algumas questões.....................................................................................................................................131
Ética – algumas reflexões de ordem geral ...............................................................................................131
Ética e Moral.............................................................................................................................................131
Consciência . ............................................................................................................................................134
O direito positivo e o senso de justiça .....................................................................................................135
Responsabilidade......................................................................................................................................135
O livre-arbítrio..........................................................................................................................................136
Referências............................................................................................................................157
E
stamos iniciando uma caminhada. Há mais de 15 anos trabalho com a disciplina de Cultura
Religiosa. O começo sempre é difícil. Existe uma resistência natural do aluno em estudar os
conteúdos. O “pré-conceito” fica claro quando se define a disciplina como aula de religião.
Outros ainda pensam em catequese. Mas não será este o nosso objetivo. Apenas quero caminhar com
vocês no sentido de construir uma reflexão madura sobre a vivência e o comportamento religioso das
pessoas e a influência que exercem sobre a vida de cada um de nós.
Ao final de cada semestre, fico surpreso com a reação dos alunos. A maioria considera a disci-
plina muito interessante. É claro, que alguns resistentes ficam indiferentes, pois não tiveram a cora-
gem de abrir o coração e aceitar conceitos essenciais para se viver uma boa vida.
Trabalho em uma Universidade Confessional, isso significa que a mesma está ligada a uma
Instituição Religiosa. Mas nem por isso queremos impor o que pensamos. Vamos apenas debater. Se
puder ajudá-los com essa reflexão, com certeza o farei.
Você irá encontrar neste livro um panorama das maiores religiões do mundo. Notará a plurali-
dade religiosa e terá uma idéia da riqueza de pensamento e valores das religiões estudadas. Também
iremos estudar mais detalhadamente o Cristianismo e a Reforma Luterana, pois são movimentos que
influenciaram diretamente na existência da Universidade Luterana do Brasil. Por fim, estudaremos
ética. Particularmente, a ética cristã e os valores que ela pode acrescentar na vida de cada um de nós.
Nesta caminhada, muitos dos textos têm a participação de professores de Cultura Religiosa que
nesses 15 anos estão ao meu lado. Citamos aqui Ronaldo Steffen, Jonas Dietrich, Valter Kuchenbecker,
Egon Seibert, Ricardo Rieth, Valter Steyer, Thomas Heimann, Nereu Haag e Bruno Muller. Além desses,
não podemos deixar de citar o Capelão Geral da Universidade Luterana do Brasil, pastor Gerhard Grasel
e o Diretor do curso de Teologia da Ulbra, pastor Leopoldo Heimann. São pessoas que têm ajudado não
somente a construir esta trajetória em Cultura Religiosa, como têm colaborado com o aprofundamento da
reflexão e ajudado muitas pessoas.
Douglas Moacir Flor
V
amos trabalhar duas grandes religiões do mundo. São religiões importantes no contexto in-
ternacional. Ao mesmo tempo, são duas religiões que dividem o mesmo espaço e têm como
cidade santa Jerusalém. Não é e nunca foi fácil manter a paz nesta cidade, já que ela é povoada
também por religiosos fundamentalistas, o que torna a tolerância um exercício de difícil execução.
Wikipédia.
Jerusalém.
Judaísmo
Hoje é fundamental você saber um pouco mais sobre o Judaísmo. Os judeus estão espalhados
pelo mundo. São importantes na história da humanidade e colaboraram muito para o desenvolvimen-
to de todos os lugares em que passaram. Foram perseguidos em muitas situações, mas na dispersão
sempre levaram a sua fé na certeza da existência de um Deus forte, que os acompanha, assim como
acompanhou o povo com Moisés na fuga do Egito em direção à Terra Prometida. É uma religião inti-
mamente ligada à história. Aqui, religião e nacionalismo se misturam, assim como acontece também
no Islamismo. Queremos levar você a alguns estudos. O principal dele é entender hoje os conflitos
entre judeus e palestinos, matéria apresentada diariamente pelos meios de comunicação de todo o
mundo. Embarque agora nessa leitura.
Wikipédia.
Muro das Lamentações.
História
A história do povo judaico começa por volta de 1700 a.C., com Abraão, que
parte de Ur da Caldéia, na Babilônia, para Canaã, e depois para o Egito. Abraão
gerou Isaac este gerou Jacó, que teve 12 filhos homens que deram origem às 12
tribos que constituíram a descendência de Abraão. Jacó se estabeleceu no Egito,
onde seu filho José era o primeiro-ministro do Faraó. Após a morte de José, o
povo descendente de Jacó e seus filhos foram oprimidos e escravizados. A liber-
tação se dá através de Moisés, líder escolhido por Deus para livrar o seu povo.
Foram 40 anos de caminhada pelo deserto até a chegada ao Monte Sinai, neste
local recebem os Dez Mandamentos (Decálogo) e as leis cerimoniais e civis a
serem observadas (Torá).
Recomendamos aqui uma leitura interessante. Na Bíblia você encontra a his-
tória completa no Êxodo1. É um panorama bem interessante sobre o povo judeu.
De 1200 a 1000 a.C., ocorre, em Canaã, o estabelecimento das tribos nôma-
des hebraicas, numa espécie de ocupação da terra prometida.
Entre 1000 a 587 a.C., ocorre a fase da monarquia, destacando-se os reis Davi, Salomão e o
profeta Samuel. A época é difícil, pois o povo, encantado com as constantes vitórias e con-
quistas contra os povos vizinhos, esquece com facilidade o Deus que os protegera e criara
até então. É então que surgem os profetas, com a finalidade de recordar o povo da aliança
feita com Deus. Os profetas denunciam os desvios dos reis e do povo, anunciando juízos
divinos, numa tentativa de fazê-los retornar à fé. Neste período também é estabelecida a
existência de dois reinos entre os descendentes de Jacó: o reino do Norte ou Israel, com ca-
pital em Samaria, e o reino do Sul, com capital em Jerusalém. O reino do Norte, já em 722
a.C., deixa de existir ao cair sob o poder dos assírios. (KUCHENBECKER, 2000).
Seguindo o curso da história, vamos para 539 a.C., quando ocorreu o cha-
1 Segundo livro da Bíblia,
no Antigo Testamento. mado cativeiro babilônico. Depois, de 587 a 539 a.C., o reino do Sul caiu em poder
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As grandes religiões III
Pontos principais
Deus criou e governa todos os seres.
Deus é uno.
Deus não tem corpo.
Deus é eterno.
Deus deve ser o único a ser adorado.
Todas as palavras dos profetas são verdadeiras.
Moisés é o maior dos profetas.
Toda a Torá (conjunto de leis) é a que foi dada a Moisés.
Esta lei não pode ser alterada.
Deus conhece todas as ações e todos os pensamentos dos homens.
Deus recompensa os que observam os seus mandamentos e pune os que
os transgridem.
Deus fará vir o Messias.
Deus fará reviver os mortos. (STEFFEN, 2000).
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Cultura Religiosa
Quatro tendências
Wikipédia.
Judeu ortodoxo.
Costumes
Os judeus têm costumes muito antigos relativos ao ciclo da vida. São os
seguintes:
Circuncisão – é feita oito dias após o nascimento. Somente os meninos
são circuncidados, de acordo com a Torá: “Deveis circuncidar a pele do
prepúcio, e este será o sinal da aliança entre nós”. A cerimônia é acom-
panhada pelos padrinhos. Junto são feitas orações numa cerimônia de
alegria e celebração.
Bar-Mizvá – aos treze anos, o menino judeu passa a ser um Bar-Mitzvá.
A expressão significa “filho do mandamento”. A cerimônia acontece na
sinagoga (templo judaico) no primeiro sábado após o seu 13.º aniver-
sário. Antes, ele recebe aulas com um rabino para aprender as leis e os
costumes judaicos. Também aprende um trecho da Torá, que será lido no
sábado. A partir daí, o menino passa a ser membro da congregação, com
todas as responsabilidades.
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As grandes religiões III
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Bar-Mitzvá.
Festas judaicas
As festas judaicas estão ligadas ao calendário judaico e são fundamentadas
em acontecimentos históricos. O calendário se apóia no ano lunar e tem 12 meses
de 29 ou 30 dias, com 354 dias ao todo. Acrescenta-se um mês extra sete vezes
durante cada ciclo de dezenove anos, para alinhar o ano lunar pelo ano solar.
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Cultura Religiosa
Desta forma, as datas festivas mudam a cada ano. O tempo é contado em relação
à criação do mundo, a qual, segundo o nosso calendário, ocorreu em 3761 a.C.
O Ano-novo (Rosh Hashaná, em hebraico): é celebrado em setembro ou
outubro, diferente do ano-novo cristão, os judeus comemoram a passa-
gem do ano judaico. É o momento de refletir sobre a vida, sobre as ações
e uma oportunidade para melhorar o que não saiu muito bem. Nesta pas-
sagem de ano é feita uma grande refeição preparada em casa, com diver-
sos pratos simbólicos. Não faltam as orações de arrependimento. A festa
de ano-novo também comemora Deus como Criador e Rei.
O Dia do Perdão, Iom Kipur (Dia da Expiação): termina o período de
dez dias de arrependimento iniciado no ano-novo. O Dia da Expiação
era o único dia do ano em que o sumo sacerdote entrava no Santo dos
Santos, o recinto mais sagrado do templo. Isso se dava após o sacri-
fício de um carneiro, como sinal de expiação pelos pecados do povo.
Hoje, o sacrifício já não é mais feito. Os pecados são confessados na
sinagoga e o indivíduo pede perdão a Deus depois de ter se reconcilia-
do com seus semelhantes.
A Festa dos Tabernáculos, Sukot (festa das tendas): acontece poucos dias
depois do Dia do Perdão. A festa acontece em memória das tendas nos
quais os judeus moraram durante a peregrinação no deserto e do cuidado
que Deus dedicou a eles. Para comemorar a data, os judeus constróem
cabanas de folhas no jardim da casa ou próximo à sinagoga. No último
dia se conclui o ciclo anual da leitura da Torá, e um novo ciclo se inicia,
recomeçando a leitura a partir do Gênesis.
A Festa da Inauguração (Chanuká): é comemorada em novembro ou de-
zembro, durante um período de oito dias. A festa acontece em come-
moração a uma grande vitória dos judeus ocorrida em 165 a.C., quando
inauguraram novamente o Templo de Jerusalém, depois que os invasores
sírios os haviam profanado e proibido o culto judaico.
A Páscoa: em hebraico é chamada Pessach, que significa “passar por
cima”. É uma referência ao relato da Torá sobre o anjo do Senhor que,
ao levar a décima praga ao Egito, “passou por cima” das casas dos isra-
elitas e, desse modo, só os primogênitos egípcios morreram. Esta festa
é comemorada em março ou abril e comemora o êxodo os judeus da
escravidão do Egito. Como ritual, antes da festa, os judeus devem fazer
uma limpeza na casa, usam um serviço especial de pratos para a comida
e não podem comer nem beber nada que contenha grãos ou farinha fer-
mentada. Os pratos feitos para a refeição da Páscoa têm um significado
simbólico. São mergulhados ramos de salsa numa tigela com água sal-
gada, simbolizando as lágrimas dos judeus no Egito. As ervas amargas
lembram a infelicidade da escravidão sob o domínio do faraó.
Festa das Semanas (Slavuot): a Festa de Pentecostes. Comemorada em
maio ou junho. É a lembrança do momento em que a Torá foi dada ao
povo no Monte Sinai.
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As grandes religiões III
Islamismo
Primeiras considerações
A fé islâmica é a que está mais próxima do Ocidente, tanto em termos geográficos como
ideológicos. Isto porque em termos religiosos pertence à família das religiões abraâmicas
e, em termos filosóficos, baseia-se nos gregos. Mesmo assim é a religião mais difícil de ser
compreendida pelos ocidentais.
Em certas épocas e lugares, cristãos, muçulmanos e judeus conviveram harmoniosamente
– basta pensar na Espanha Moura. Mas durante boa parte dos últimos 14 séculos, o Islã e
a Europa estiveram em guerra e as pessoas raramente formam uma imagem justa de seus
inimigos.
O termo maometismo não é aceito pelos muçulmanos. Além de inexato é ofensivo. Isso
porque para eles Maomé não criou essa religião; Deus a criou. Maomé foi apenas o porta-
voz de Deus. Além disso, é ofensivo porque transmite a impressão de que o Islã se con-
centra num homem e não em Deus.
Derivado da raiz s-l-m, que basicamente significa “paz”. Num sentido secundário, “entre-
ga”, sua plena conotação é “a paz que vem quando a pessoa entrega sua vida nas mãos de
Deus”. (SMITH, 1991, p. 261).
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Cultura Religiosa
Pano de fundo
Se perguntarmos como surgiu o Islamismo, eles vão responder que não foi
com Maomé na Arábia do século VI, mas com Deus. “No princípio Deus...”, diz o
livro de Gênesis. O Alcorão concorda. A única diferença está no uso da palavra Alá.
Alá é formado pela união do artigo definido al (que significa o) com Alah (Deus).
Literalmente, Alá significa “o Deus”. Não um Deus, porque existe apenas um.
Deus criou o mundo e, depois, os seres humanos. O nome do primeiro ho-
mem era Adão. A descendência de Adão chegou a Noé, que teve um filho cha-
mado Sem. É daqui que provém a palavra “semita”; literalmente, semita é do
descendente de Sem. Abraão desposou Sara. Como Sara não teve filhos, Abraão,
querendo continuar sua linhagem, tomou Agar como segunda esposa. Agar deu-
lhe um filho, Ismael. Depois, Sara concebeu e teve um filho, chamado Isaac. Sara
então exigiu que Abraão banisse Ismael e Agar da tribo. Chegamos aqui à pri-
meira divergência entre os corânicos e bíblicos. Segundo o Alcorão, Ismael foi
para o local onde se ergueria Meca. Seus descendentes, florescendo na Arábia,
tornaram-se muçulmanos; enquanto os descendentes de Isaac, que permaneceram
na Palestina, eram hebreus e se tornaram judeus.
Maomé
Nasceu na influente tribo de Meka, os Koreisch, aproximadamente em 570
d.C. e recebeu o nome de Maomé, “altamente louvado”.
A vida foi marcada por tragédias. Perdeu o pai poucos dias antes de nascer;
perdeu a mãe quando tinha oito anos. Foi adotado por um tio que, em declínio,
forçou o jovem a trabalhar duro cuidando dos rebanhos da casa. Mesmo assim foi
recebido calorosamente pela nova família.
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A missão
Numa época carregada de sobrenaturalismo, em que os milagres eram acei-
tos como as ferramentas características do santo mais comum, Maomé se recusou
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Cultura Religiosa
Yatrib logo passaria a ser conhecida como Medinat al-Nabi, a cidade do profeta e,
por contração, simplesmente Medina, “a cidade”.
Em Medina assumiu o papel de administrador. O pregador desprezado tor-
nou-se um político magistral; o profeta foi transformado em estadista. O povo via
nele um mestre a quem era tão difícil não amar quanto não obedecer. Ele possuía
“o dom de influenciar os homens, e também a nobreza de só influenciá-los para o
caminho do bem”. Ele conseguiu despertar nos cidadãos um espírito de coopera-
ção, desconhecido na história da cidade. Sua reputação se espalhou e as pessoas
começaram a vir de todas as partes da Arábia para ver o homem que tinha reali-
zado aquele milagre.
A caminho da famosa Caaba (o templo cúbico que se diz ter sido construído
por Abraão e que Maomé reconsagrou a Alá e adotou como foco central do Isla-
mismo) ele aceitou a conversão em massa de praticamente toda a cidade de Meca.
E então voltou para Medina.
Wikipédia.
Caaba.
Dez anos depois, em 632 (ou 10 d.H., “depois da Hégira”), Maomé morreu
tendo praticamente toda a Arábia sob o seu controle.
A combinação incomparável de influência secular e religiosa intitula Ma-
omé a ser considerada a pessoa mais influente da história humana. A explicação
dos muçulmanos para esse veredicto é simples: toda a obra de Maomé, dizem eles,
foi obra de Deus.
O milagre permanente
Maomé não foi apenas pastor, mercador, eremita, exilado, soldado, legis-
lador, profeta-sacerdote-rei e místico; foi também um órfão, o marido durante
muitos anos de uma mulher bem mais velha do que ele, o pai que sofreu a morte
de muitos dos seus filhos, um viúvo e finalmente um marido com várias esposas,
algumas bem mais jovens do que ele. Em todos estes papéis, ele foi exemplar.
Dizem os muçulmanos em gratidão: “que a paz esteja sobre ele”. Mas o
centro terreno da fé dos muçulmanos é o Alcorão.
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Cultura Religiosa
O Alcorão
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Alcorão.
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As grandes religiões III
Conceitos teológicos
Com poucas exceções, os conceitos teológicos básicos do Islamismo são
praticamente idênticos aos do Judaísmo e do Cristianismo, seus predecessores.
Deus é imaterial e, portanto, invisível. Os muçulmanos temem Alá. O
bem e o mal têm importância. As escolhas têm conseqüências, e des-
denhá-las seria tão desastroso quanto escalar uma montanha de olhos
vendados. A crença no Alcorão ocupa lugar tão decisivo por ser análoga
à avaliação do monte Everest pelo alpinista: sua majestade é evidente,
mas também são evidentes os perigos que apresenta. Qualquer erro seria
desastroso.
O mundo foi criado por um ato deliberado da vontade de Alá. Ele criou
céus e terra.
Ele criou o homem, lemos na Sura 16:4, e a primeira coisa que observa-
mos nessa criação é a sua constituição perfeita.
A idéia de entrega (rendição, capitulação) está tão carregada de conota-
ções militares que precisamos fazer um esforço consciente para perceber
que ela também significa uma absoluta e sincera doação de nós mesmos.
Para eles, ser um escravo de Alá significa libertar-se de outras formas de
escravidão. Abraão é decididamente a figura mais importante do Alco-
rão: ele passou no teste último de estar pronto a sacrificar o filho, se isso
lhe fosse pedido.
Toda vida é individual; não existe uma vida universal. Deus é, Ele pró-
prio, um indivíduo; Ele é o indivíduo mais singular. “Ó Filho de Adão, tu
morrerás sozinho, entrarás sozinho em teu túmulo e sozinho serás ressus-
citado, e será contigo, contigo sozinho, que se fará o ajuste de contas.”
“Quem cometer delitos, comete-os apenas por sua própria responsabilida-
de. Quem se desvia carrega consigo toda a responsabilidade por seu des-
norteamento”. (Sura 4:111 e Sura 10:103). O Alcorão apresenta a vida
como uma oportunidade breve, mas imensamente preciosa, que oferece
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Cultura Religiosa
Os cinco pilares
São como uma ordem aos islâmicos. Seguem esses pilares diariamente por
toda a vida. São eles:
caminho da retidão – Deus é um só e Maomé o profeta;
praticar as orações;
praticar a caridade. As pessoas que têm muito devem ajudar a aliviar o
fardo dos menos afortunados;
observar o mês de Ramadã. O jejum: jejuar obriga a pessoa a pensar;
ensina a autodisciplina; faz relembrar nossa fragilidade e dependência;
sensibiliza a compaixão;
a peregrinação.
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Peregrino em Meca.
Existem outras coisas que eles não podem fazer: jogar, roubar, mentir, co-
mer carne de porco, ingerir álcool e praticar a promiscuidade sexual.
A economia
Enquanto as necessidades básicas do corpo não forem satisfeitas, os inte-
resses mais elevados não conseguem florescer. O Islã não faz objeção ao lucro,
à concorrência econômica ou à ousadia empresarial. Vêem o Alcorão como um
manual de administração de empresas. A herança deve ser partilhada por todos
os herdeiros, filhas tanto quanto filhos. Um versículo do Alcorão proíbe a cobran-
ças de juros.
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As grandes religiões III
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O Islamismo santificou o casamento, transformando-o como úni-
co lugar legal para a prática do ato sexual. O Alcorão exige que
uma mulher dê seu livre consentimento antes de se casar; nem
mesmo um sultão poderá se casar sem a aprovação expressa de
sua noiva. (SMITH, 1991, p. 237).
Relações raciais
O Islã enfatiza a igualdade racial.
Abraão é um modelo para eles. Ele desposou Hagar, uma mulher Mulher islâmica.
de raça negra que é vista no Islã como a segunda esposa de Abraão e não
como uma concubina.
O uso da força
O Alcorão ensina a perdoar e a retribuir o mal com o bem quando as
circunstâncias o permitirem. “Afastai-vos o mal com algo melhor”, mas
isso é diferente de não resistir ao mal.
Quando se estende o princípio de justiça para a vida coletiva, temos, por
exemplo, a jihad, o conceito muçulmano de Guerra Santa, cujos mártires
têm assegurado o paraíso.
“Defendei-vos contra vossos inimigos, mas não o ataqueis primeiro:
Deus não ama o agressor”. (Sura 2:190).
O Islamismo, embora em certos momentos tenha sido difundido pela
espada, difundiu-se principalmente pela persuasão e pelo exemplo.
Eles negam que o registro de intolerância e agressão do Islã seja maior
que as outras grandes religiões.
Jihad significa, literalmente, esforço. (SMITH, 1991, p. 245).
Divisão
A principal divisão histórica foi entre os sunitas (tradicionalistas, de Sun-
nah – tradição), que compreedem 87% de todos os muçulmanos e os xiitas (lite-
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Cultura Religiosa
ralmente partidários de Ali, o genro de Maomé) que deveria ter sido o sucessor
direto de Maomé, mas foi preterido três vezes e, quando finalmente indicado líder
muçulmano, foi assassinado.
Xiitas – Irã, Iraque.
Sunitas – Oriente Médio, Turquia e África, Paquistão e Bangladesh, Malá-
sia, Indonésia, onde há mais muçulmanos do que em todo mundo árabe.
Há indicativos de que o Islã está despertando de muitos séculos de estag-
nação, exacerbada sem dúvida pela colonização. Contando com mais de 900 mi-
lhões de fiéis numa população global de seis bilhões, hoje em dia uma pessoa em
cada cinco ou seis pertence a esta religião.
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As grandes religiões III
3. Faça uma relação de valores que mais lhe agradaram neste texto.
1. Lendo o material apresentado, quais os preceitos do Judaísmo você conseguiria seguir sem
mudar seu estilo de vida?
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