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A Tradição Sacerdotal (I)

10JUN

“O Verbo” – n° 209 – Edição Especial –Catequetese – 2ª quinzena de Agosto 2005

Com a Tradição Sacerdotal, indicada pela letra “P“, do alemão Priester-kodex, “código
sacerdotal”, o Pentateuco, tal como o conhecemos hoje, estará praticamente concluído.
Sabemos que esse conjunto de livros se formou ao longo da caminhada do povo de Israel. É
fruto, pois, de tradições orais que remontam a Moisés, mas que foram redigidas muitos anos
mais tarde, em lugares diferentes e por autores (redatores) também diversos.

Vimos que o início da formação do Pentateuco se deu mediante a redação da Tradição Javista
(J) e da Eloísta (E). Mais tarde, com a queda do Reino do Norte, em 722, houve, no Sul, a fusão
dessas duas Tradições (J-E). Em seguida, apareceu a primeira redação do Deuteronômio (D), no
tempo de Ezequias (716-687). Então, ao núcleo constituído pela fusão J-E, vem se juntar P,
perto do fim do Exílio, em 538.

A história sacerdotal só se compreende em relação com o choque produzido pela queda de


Jerusalém e pelo Exílio. Ora, em 587 o rei de Babilônia, Nabucodonosor, toma Jerusalém e
deporta seus habitantes. Os exilados se viram atirados numa situação nova: seu rei estava
preso, o templo destruído e a terra, dom de Deus, ficara para trás. Como manter a fé e a
esperança no Deus de Israel, diante dos vencedores babilônios? Entre os exilados, houve quem
se desencorajasse e aderisse à religião babilônica. Houve, porém, aqueles que se mantiveram
firmes em sua fé e tentaram encontrar no passado de Israel motivações para uma esperança
capaz de fortalecê-los. Foi o que fizeram os sacerdotes de Jerusalém exilados em Babilônia,
entre os quais Ezequiel. Assim, antes do fim do Exílio (538) foi elaborada a história sacerdotal.

A Tradição Sacerdotal se empenha, pois, em procurar na herança do passado uma resposta


para a seguinte pergunta: em que se apoiar para continuar a viver no meio de uma nação
estrangeira sem se contaminar com sua religião e com seus ídolos? Daí, a insistência na idéia
de pertença a um povo, o que explica a importância das genealogias na história Sacerdotal:
trata-se de manter, por meio delas, a identidade de Israel na terra da Babilônia, a fim de evitar
a dissolução do povo e permitir a Deus a realização de suas promessas.

A Tradição Sacerdotal procura interpretar o desígnio de Deus, que permite a seu povo uma
situação tão adversa. Para tanto, integra a história de Israel à história da humanidade. A
releitura da história passada do povo e a meditação nas promessas divinas permitiam pensar
que, apesar da catástrofe de 587, a promessa de Iahweh não tinha cessado. O apelo à história
patriarcal mostrava que o que se vivia no Exílio não era algo totalmente inédito: Abraão fora
estrangeiro em Canaã (Gn 23). Jacó tinha apenas um pedaço de campo (Gn 33,18-22). O
próprio cativeiro não é uma situação nova. No passado, os israelitas também foram cativos no
Egito (Ex 1,1-5.7.13-14). Enfim, o início da história de Israel foi modesto, mas a promessa de
Deus se realizou. Assim, esses poucos exemplos, extraídos das mais antigas tradições do povo,
visavam iluminar a vida dos exilados do século VI. No próximo artigo, as características de “P”.

A Tradição Sacerdotal II: características principais

10JUN

“O Verbo” – n° 210 –1ª quinzena de Setembro 2005


A história sacerdotal é uma grande síntese dos acontecimentos primevos de Israel, expressos
mediante um estilo muito peculiar. Suas principais características são: “as narrações“, “a
cronologia“, “o vocabulário“, “o estilo“, “as genealogias“, “a tradição” e “o culto e o
sacerdócio“.

De fato, uma das características da história sacerdotal é a imbricação das leis nas narrações. As
leis e as instituições são ligadas a acontecimentos que realçam seu valor religioso, classificando
essa obra como “histórico-legal” (A. Lods). Alguns exemplos: em Gn 1,1-2,4a, são inseridas na
narração duas leis: a da fecundidade e dominação (1,28) e a do sábado (2,3); em Gn 9, no final
da narração do dilúvio, volta-se à lei da fecundidade (9,1) e à do respeito ao sangue; em Gn 17,
está inserida a lei sobre a circuncisão (17,9-14); em Ex 12,1-13, a legislação sobre a páscoa está
ligada à décima praga. E numerosos outros exemplos também podem ser encontrados nos
livros do Êxodo e dos Números. O material legislativo é assim repartido dentro do quadro
histórico da vida do povo.

A Tradição Sacerdotal (“P“) recorre freqüentemente ao emprego da cronologia. Os textos “P”


se caracterizam pelo uso de datas tiradas de um calendário sacerdotal que não é nem o
calendário usado na monarquia, nem o calendário babilônico. Os meses não são designados
por nomes, mas por números (Gn 7,11; 8,13; Ex 16,1; Nm 1,1).

O vocabulário é preciso e, muitas vezes, técnico. Alguns termos técnicos são próprios de “P“, e
o estilo se reconhece com relativa facilidade por ser desprovido de pitoresco. É frio e seco. O
apreço pelo uso abundante de números, de enumerações, de listas, surpreende, mas está a
serviço de uma teologia perfeitamente articulada.

A importância que a Tradição Sacerdotal confere às genealogias se explica pelo desejo de


estabelecer continuidade entre a criação e a história, visando apresentar as raízes do povo.
Preocupação legítima e bem compreensível num contexto de exílio como esse. Também o
interesse pelo casamento dos patriarcas tem a mesma explicação: o casamento com
estrangeiras, na Babilônia, punha em perigo o futuro de Israel.

A obra que os autores sacerdotais criaram não é fruto de pura imaginação, mas da reflexão
sobre a tradição do passado. Assim, a sua narração do dilúvio retoma a narração javista e a
amplia em função de sua perspectiva teológica própria. Na Tradição Sacerdotal, encontram-se
muitos exemplos disso, inclusive quando se trata de textos legislativos e cultuais.

Finalmente, uma grande parte das leis e prescrições é consagrada à organização do culto. Isso
se constata facilmente lendo os capítulos do Êxodo que tratam da construção do santuário e
das normas relativas ao sacerdócio (Ex 25-31 e 35-40). “Outro indício dessa importância é o
lugar de Aarão ao lado de Moisés; descobre-se que a instituição principal para a existência do
povo é o sacerdócio. A leitura do Êxodo e de Números mostra-o claramente” (J. Briend). No
próximo número: a teologia da Tradição Sacerdotal.

A Tradição Sacerdotal III: A Teologia de “P”

10JUN

“O Verbo” – n° 211 – Edição Especial – Bens Culturais da Igreja – 2ª quinzena de Setembro


2005
A origem do material da Tradição Sacertotal (“P”) é muito variada. É possível distinguir nela
elementos legislativos ou baseados em costumes do povo. Afirma-se que a compreensão da
mensagem de “P” se encontra na fórmula da seguinte bênção: Deus os abençoou, dizendo-
lhes: Reproduzi-vos e multiplicai-vos e povoai a terra, submetei-a e dominai sobre os peixes do
mar e sobre as aves do céu e sobre os animais que se movem sobre a terra (Gn 1,28).

Para a Tradição Sacerdotal, os cinco verbos dessa bênção constituem a base de sua fé. Tal
bênção é uma afirmação ousada e todo-poderosa pela qual Deus manifesta claramente Sua
intenção em relação à humanidade.

A forma imperativa dos verbos (reproduzi-vos, multiplicai-vos, povoai, submetei e dominai)


não significa que sejam mais ordens do que autorizações que habilitam os povos a crer e a agir
em vista do futuro. Deus reivindica, com essa bênção, Sua soberania sobre toda a criação, que
acabara de tirar do caos. Compreende-se melhor ainda o sentido dessa bênção divina vendo-
se nela como que uma refutação da situação concreta, de verdadeiro caos, que o povo está
vivenciando no Exílio. De fato, essa proclamação positiva se aplica de modo impressionante a
um povo exilado, que se vê sem raízes, longe de sua terra e em vias de perder a fé em Deus.

Encontramos essa fórmula também nas narrações do dilúvio: primeiro, para os pássaros e
animais (Gn 8,17= 1,22); mas principalmente para Noé e seus filhos (9,1) e para o homem feito
à imagem de Deus (9,7). Os exilados podiam vislumbrar aí, uma alusão ao retorno ao seu país.
Outro texto, que reforça a mesma idéia, diz respeito às palavras de Deus a propósito de Ismael
(17,20) que confirmam o que Deus quer fazer por meio de Isaac, segundo a promessa feita a
Abraão (17,2-4).

A mesma fórmula reaparece quando se narra o casamento de Jacó (28,1-4), que serve também
para fundamentar a esperança na posse da terra (28,4). A mesma promessa se repete em
35,11ss, onde os exilados podem ver que a Palavra de Deus continua válida também para eles.

Assim, constata-se que a fórmula da bênção perpassa toda a história sacerdotal. De fato, para
os exilados em Babilônia, a meditação sobre as suas origens oferecia sólido fundamento para
sua fé. Entretanto, “a expressão mais completa da fórmula da bênção se encontra em Gn 1,1-
2,4a, e dela derivam todos os seus empregos subseqüentes (…). Com isso se compreende que
a principal preocupação do escrito sacerdotal se orienta para o futuro, isto é, para o tempo no
qual a terra será, então, reativada” (J. Briend).

Dessa forma, o todo desses relatos está ligado por uma vigorosa teologia da esperança. A
história sacerdotal está, pois, em tensão entre a tradição do passado e a situação do presente.
Por isso, colhe subsídios em uma profissão de fé em torno da qual foi composto o Pentateuco.
Nosso próximo tema: “A Lei de Santidade (Lv 17-26)”.

A Tradição Sacerdotal IV: “A Lei de Santidade”

10JUN

“O Verbo” – n° 212 – Edição Especial – 1ª quinzena de Outubro 2005

A “Lei de Santidade” (Lv 17-26) forma um conjunto que inicialmente era separado do
Pentateuco. Esse conjunto reúne elementos diversos, alguns dos quais, provavelmente,
remontam à época nômade, como o cap. 18, por exemplo. Outros são ainda do período pré-
exílico, e outros, mais recentes. Uma primeira coleção dessas leis ter-se-ia formado em
Jerusalém, pouco antes do Exílio. O profeta Ezequiel a pôde ter conhecido. Contudo, sua
edição se deu somente no decurso do Exílio, antes de ser inserida no Pentateuco pelos
redatores sacerdotais, que a adaptaram ao resto do material que reuniram.

Pode-se afirmar que a estrutura da Lei de Santidade muito se aproxima da do “código


deuteronômico” (Dt 11,1-26,15). “Como o código deuteronômico, a Lei de Santidade se abre e
se encerra com prescrições cultuais (Lv 17,1-16 e 26,1-2); apresenta-se como um discurso de
Moisés ao povo (17,1-2) e é seguida de bênçãos e maldições (26,3-45). Por isso, a Lei de
Santidade, como o código deuteronômico, é uma compilação: as repetições que nele se
encontram denotam a existência de pequenas coleções primitivamente independentes” (J.
Briend). Todavia, enquanto o Deuteronômio enfatiza a eleição do povo de Israel por parte de
Iahweh, a Lei de Santidade se refere com insistência à santidade de Deus e à sua
transcendência. Como Deus é santo, o povo de Deus deve ser santo (19,2). Trata-se da
fórmula-chave dessa coleção. Ora, a santidade de Deus é uma santidade moral e se impõe ao
povo, que recebe o qualificativo de “santo”.

Para se determinar a data em que foi realizada essa compilação, pode ser tomado como ponto
de comparação o ministério do profeta Ezequiel, exilado em Babilônia em 597. Ele se refere à
Lei de Santidade (compare-se, por exemplo, Ez 18,6 e Lv 18,19 e também Ez 22,11 e Lv 20,12).
Ora, Ezequiel não pode ser o criador dessa Lei, porque em alguns pontos importantes ele se
distancia dela: o profeta combate, por exemplo, a retribuição coletiva (Lv 20,5; 26,39),
enfatizando a responsabilidade individual.

Muitos são os indícios que sugerem que a Lei de Santidade foi compilada paralelamente
ao Deuteronômio. A supracitada semelhança entre as estruturas de ambos os códigos tem se
constituído num argumento de grande peso a favorecer essa hipótese. Muitos afirmam que a
reforma de Josias levou os sacerdotes a proporem um conjunto de leis que viesse contrapor-se
ao código deuteronômico. Mas a Lei de Santidade não tem os desenvolvimentos
do Deuteronômio. Não se sente o peso da tradição mosaica, tão sensível nas tradições do
norte. Como no Deuteronômio, a Lei é a condição para se conseguir a bênção. Com a Lei de
Santidade o povo de Israel se acha, portanto, em fase anterior à esperança de uma Nova
Aliança (Jr 31,31-34), na qual a Lei ia ser um dom de Deus: Eis que dias virão em que concluirei
com a casa de Israel (e com a casa de Judá) uma aliança nova. (…) Porei minha lei no fundo de
seu ser e a escreverei no seu coração… No próximo número: “As Leis suplementares”.

A Tradição Sacerdotal V: “As Leis suplementares”

10JUN

“O Verbo” – n° 213 – Edição Especial – Juventude – 2ª quinzena de Outubro 2005

Ao lado do importante conjunto de leis elaborado pela Tradição Sacerdotal, que já vimos em
artigos anteriores, deve-se mencionar ainda a compilação de toda uma série de leis, mais ou
menos independentes de seus contextos, bem como “retoques” feitos em leis mais antigas,
fortemente influenciadas por Neemias e Esdras. Todo esse material foi introduzido no
Pentateuco, por ocasião de sua composição final. De fato, com essas “leis suplementares”, de
inspiração sacerdotal, temos a última etapa daquilo que os judeus designam como a “Torah” (5
primeiros livros da Bíblia), e que era o texto reconhecido por judeus e samaritanos como
divinamente inspirado. Entre os textos legislativos posteriores à Tradição Sacerdotal podem
ser citados os seguintes, mesmo que retomem tradições antigas: “a lei dos sacrifícios” (Lv 1- 7),
“a lei da pureza” (Lv 11-16) e as prescrições sobre as festas (Nm 28-29).

Ora, no ano 538 a.C, possibilitado pelo edito de Ciro, deu-se o retorno do povo de Deus do
Exílio da Babilônia. Com a restauração do templo, em 515, a comunidade judaica encontra, aos
poucos, a unidade em sua terra. “Essa época nos é obscura porque, para o período que vai de
515 a 450, os documentos históricos são raros. Depois, aparecem dois personagens: Neemias e
Esdras” (J. Briend).

Neemias (“Iahweh consola”) foi um dos organizadores mais enérgicos da restauração pós-
exílica. Pode ter exercido seu ministério no reinado de Artaxerxes I (445 a.C.). Fora a
Jerusalém, com autorização da corte persa, para reconstruir os muros da cidade. Apesar da
hostilidade dos samaritanos sob Sanbalat e de outros inimigos, conseguiu restaurar as
muralhas em pouco tempo (Ne 2-4). Como governador persa distinguiu-se pelo seu trabalho
desinteressado (Ne 5,14-19); defendeu os pobres contra a agiotagem dos latifundiários (Ne
5,1-13). Em 433, voltou para a corte persa (13,6); na sua segunda visita à Judéia tomou
medidas contra a profanação do sábado e contra os matrimônios de muitos israelitas com
mulheres estrangeiras (13,15-31).

Esdras (“[Deus é] auxílio”), sacerdote e “escriba da Lei do Deus dos céus” (Esd 7,1-5), foi um
dos judeus deportados para a Babilônia. Conselheiro do governo persa para negócios judaicos,
foi enviado da Pérsia para Jerusalém, com a incumbência de reorganizar a comunidade pós-
exílica. Não é certo a qual Artaxerxes se refere. Noth, Rowley e Rudolph datam-no nos últimos
anos de Artaxerxes I, considerando a data de Esd 7,7 como inexata. Esdras teria viajado para
Jerusalém na companhia de uns 1500 patrícios, aos quais se ajuntaram ainda 238 levitas e
servidores do templo, provindos de Cásfia (Esd 7-8). Encarregado pelo governo persa, em 398,
de elaborar uma constituição, Esdras não se contentou com a síntese das grandes tradições já
existente, mas completou essa obra com a inserção de toda uma legislação cultual posta em
prática no templo reconstruído. A perspectiva da história sacerdotal é mantida, mas, em
alguns pontos, há não pequena evolução. No próximo número: Síntese das ”tradições” e
“Mensagem do Pentateuco”.

Padre Lucas

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