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Aula 07
Cultura Negra
Objetivos Específicos
• Identificar a importância da cultura sob o ponto de vista histórico no Brasil,
a partir da matriz africana.
Temas
Introdução
1 Matriz africana no Brasil
2 Afro em cena
Considerações finais
Referências
Professora
Léia Andrade
Teorias da Cultura
Introdução
Nesta aula, vamos identificar a contribuição da cultura africana em vários segmentos da
cultura brasileira. Percebemos que o conceito de cultura tem sido discutido e abordado em
diversas formas e em diferentes campos e áreas das humanidades. Notamos também que a
cultura permeia o campo da construção da identidade de uma sociedade, seja no material ou
no espiritual, envolvendo seus aspectos simbólicos e físicos.
No Brasil, a raiz da cultura africana está presente em várias áreas da cultura e na maioria
das manifestações culturais tais como a música, dança, literatura, gastronomia, esporte,
política, religião, arte, cinema, entre outros. Esse enredo nos permite observar a força da
cultura afro em muitos momentos da nossa vida. Sua marca está impressa no modo de falar,
cantar, caminhar, comer, vestir, orar, celebrar, brincar, enfim, em toda parte. A seguir,
acompanharemos algumas contribuições da cultura afro que ocorrem dialética e
historicamente num processo de hibridação abarcando diversas culturas como a indígena,
europeia e outras.
Brasil porque representava fonte de lucro e também acúmulo de capital para a economia
brasileira. Conforme afirma Fernandes (1971), o declínio do sistema escravista no Brasil foi
acentuado pela pressão do governo inglês, isso porque a Inglaterra exercia influência nos
países subdesenvolvidos, para proibir o tráfico de escravos.
Sem ingenuidade, é importante que fique claro que o governo inglês tinha outras intenções
quando pressionou a proibição do tráfico de negros para o Brasil. O contexto histórico mostra
que a Inglaterra passava pela Revolução Industrial e, como toda revolução, era necessário
expandir os negócios. Como conseguir tal façanha? Incentivando a substituição da mão de
obra escrava pela livre e assim ampliar os seus consumidores. Ainda em Fernandes (1971),
a Inglaterra interveio de forma mais drástica sem considerações pela soberania brasileira a
partir de 1845.
Segundo Schwartz (2001), outro motivo que contribuiu com a queda da exploração dos
escravos no Brasil foram as diversas formas de resistência dos negros à instituição fundamental
da escravidão. O medo de suas rebeliões e o problema dos escravos fugitivos e os senhores,
que muitas vezes se deparavam com limitações impostas pelas ações dos escravos.
O negro no Brasil não era passivo nem apático, muito menos preguiçoso e conformista
diante da sua condição, pelo contrário, existia entre os negros uma organização mobilizadora e
corajosa em prol de um processo de luta e resistência contra o sistema escravista (MUNANGA
e GOMES, 2006). Prova do movimento de resistência se confirma com os Quilombos, os quais
serviam de refúgio dos escravos. Por sua organização social e resistência no período colonial,
o Quilombo mais conhecido foi o de Palmares, que tinha como líder o Zumbi dos Palmares.
1 No texto, o termo negro será utilizado tanto para denominar pessoas e/ou características da população do Brasil como para abranger pretos
e pardos, conforme dados realizados em pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), órgão responsável pela pesquisa nos
Censos.
Para conhecer e entender melhor quem foi Zumbi dos Palmares, ouça a
reportagem da Radioagência Nacional transmitida em 20/11/2012: “Há 317 anos,
morreu Zumbi dos Palmares”, com apresentação de José Carlos Andrade,
disponibilizado em link na midiateca.
Munanga e Gomes (2006, p. 71) definem a palavra “kilombo — como originária da língua
banto umbundu, falada pelo povo ovimbundo”, que representa “uma espécie de instituição
sociopolítica militar conhecida na África Central”. Ainda neste contexto, os autores alegam que
os quilombos no Brasil e na Africa foram formados simultaneamente e, apesar da distância
entre eles, há muita semelhança. Finalizam afirmando que os quilombos brasileiros, inspirados
nos africanos, resignificaram o contexto de local de refúgio com base na resistência ao regime
escravista para espaço de reunião com o intuito de resgate da liberdade, solidariedade,
fraternidade e dignidade.
Ainda de acordo com os autores Munanga e Gomes (2006), essa visão equivocada de
que o negro era passivo e apático dá-se pela falta de interesse e conhecimento da própria
história afro-brasileira, pela falta de pesquisas voltadas ao assunto que apresentem outra
visão do que as apresentadas no âmbito acadêmico. E ainda no viés do racismo, essa visão
dá-se em dois momentos: na disseminação negativa sobre o negro e por acreditar que o
país não é racista. Defendem os autores Munanga e Gomes “[...] a escravidão sempre foi
acompanhada de um forte movimento de resistência e várias revoltas tiveram a presença
negra como personagem central na luta pelo fim deste regime desumano e cruel” (2006, p.
26).
No Brasil, o governo apoiava os imigrantes que chegavam de várias partes da Europa para
trabalhar enquanto o negro não era valorizado para receber pela mesma função. Entende-se
que, neste contexto, a finalidade do governo brasileiro era a de construir uma nova sociedade
cultural e econômica. Esses estrangeiros chegavam e se instalavam por toda as regiões do
Brasil, inclusive em São Paulo. “[...] Os estrangeiros chegavam a São Paulo e outras regiões
do Brasil com um lugar na nova sociedade, integrando-se a estrutura ocupacional como
assalariados nas áreas urbanas” (SILVA, 2006, p.77-78).
Fernandes (1971, p. 62) afirma que os negros “abandonados à própria sorte passam pela
lenta reabsorção no mercado de trabalho a partir das ocupações mais simples e mal
remuneradas”. Apenas em 2003 o governo sanciona a Lei 10.639/03 de políticas de ação
afirmativa, que tenta reparar os anos de discriminação e desigualdade vivido pelos negros no
Brasil.
A lei sancionada de ação afirmativa obriga o ensino sobre História e Cultura Afro-
Brasileira no ensino fundamental e médio dos estabelecimentos oficiais e particulares do
Brasil. Contudo, é importante ressaltar que apenas a lei não é suficiente, é preciso outras
Nessa narrativa, o professor tem um papel fundamental. Cabe a ele observar com atenção
o material didático que será aplicado em sala de aula e se o mesmo não ressalta imagem,
ilustrações e texto que reforcem a discriminação racial no âmbito escolar. Ainda nesse
contexto, é importante que os estabelecimentos de ensino oficiais e particulares criem ou
adotem mecanismos para que a lei sancionada seja cumprida. Os estabelecimentos também
devem enxergar que o ensino sobre História da África e Cultura Afro-Brasileira nas escolas
tem o caráter de potencializar a luta contra a discriminação racial e em paralelo contribui
para a valorizar e elevar a autoestima da criança negra bem como construir a identidade.
A ação afirmativa visa a corrigir e compensar danos sofridos a uma parcela discriminada,
beneficiando seus descendentes. Independende da sua complexidade e atuação em diversas
áreas do conhecimento, Santos definirá a ação afirmativa como,
A ação afirmativa se faz necessária como passo inicial de medida, mas está longe de
conseguir a total eliminação na desigualdade acumulada ao longo da história. Nessa aula,
apresentamos as políticas de ação afirmativa no viés educacional de ensino básico, porém,
existem outras medidas atuando em demais campos da área humana tais como na sociologia,
na antropologia, na economia, na política, na educação universitária, entre outros.
2 Afro em cena
É inegável a contribuição da cultura afro à cultura brasileira. Debruçá-la e compreendê-
la é dedicar-se a entender e reconhecer a própria identidade brasileira ou melhor dizer
“identidade afro-brasileira”.
No contexto de Freyre,
Na dança e na luta não poderia ser diferente, mais uma vez encontramos a contribuição
afro inserida nesse contexto. Na mistura das duas (dança e luta) nasce a capoeira. Apesar da
mistura de dois estilos diferentes, a capoeira não é considerada nem dança e nem luta. Seus
praticantes jogam capoeira. Por ser difícil de defini-la, é fácil compreender como a capoeira,
no período da escravidão, conseguiu camuflar seu cárater de luta e defesa por meio dos
movimentos ritmados de dança. Com o auxílio de alguns instrumentos musicais tais como
berimbau e tambor, os escravos batucavam, cantavam, batiam palmas e treinavam capoeira,
tudo diante dos olhos dos senhores de engenho que acreditavam que eles estavam apenas
se divertindo. E na verdade estavam treinando o reflexo, a força, a musculatura e também a
agilidade.
entre outras; são crenças que nasceram na Bahia e são sinônimos de tradições religiosas
afro-brasileiras.
Considerações finais
Diante das ideias apresentadas, concluímos que a cultura de origem africana teve um
papel importante no processo de formação cultural da sociedade brasileira. A cultura afro
por meio da sua diversidade no âmbito dos costumes e tradições, dita e expressa a nossa
base cultural de ver e assimilar o mundo. Nesse enredo, apesar de ter sofrido diversas formas
de violência física, mental e cultural, a cultura africana nos deixou o legado de país que se
organiza por meio da participação coletiva e valoriza a presença do indivíduo nos processos
sociais.
Embora nem sempre foram e são respeitadas no contexto em que vivem, valorizam e
respeitam as experiências de pessoas mais experientes e das pessoas envolvidas em religiões.
No olhar de Freyre,
“[...] vivemos num Brasil mestiço, com uma identidade nacional singular, resultado
da mistura entre as “raças” branca, negra e índia. Nas suas palavras “todo brasileiro,
mesmo alvo, de cabelo louro, traz na alma, traz na alma quando não na alma e no
corpo, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena e do negro”. (FREYRE, 1993 apud
ALBUQUERQUE e FRAGA, 2006, p. 239)
Referências
ALBUQUERQUE, W. R. FRAGA, W.F. Uma história do negro no Brasil. Brasília: Fundação
Cultural Palmares. 2006. Disponível em: http://www.ceao.ufba.br/livrosevideos/pdf/uma%20
historia%20do%20negro%20no%20brasil.pdf Acesso em: 21 abr. 2014.
CANCLINI, N. G. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo:
Edusp, 2006.