ARTIGO
O presente artigo tem por objetivo promover um estudo no qual
PROJETO: OBJETO DE ESTUDO PARA AS ESCOLAS EM BUSCA
DE MELHORIA DE QUALIDADE NA FORMAÇÃO DO SER
Júnia da Silva Lima Almeida26
26 Licenciando em Pedagogia na Universidade Metodista Izabela
Hendrix em Belo Horizonte - MG, bacharel em teologia pela Faculdade
Evangélica de Teologia de Belo Horizonte, MG
RESUMO
apresenta os processos prévios que determinam o projeto e sua
elaboração. Não obstante, sua elaboração só termina na hora em
que a prática tem lugar. Na prática é que se manifesta o projeto e/
ou currículo como produto completo, resultado de um conjunto de
determinações como o programa escolar, as regulamentações vigentes
na instituição, a formação do professor, sua postura política, as
aprendizagens prévias dos alunos, o material utilizado e sua interação
com a realidade imediata, o ambiente físico, atuação da família, entre
outros. Sugere alguns passos a serem seguidos em um processo de
reflexão sobre o trabalho do educador e sua relação com a criança.
Além disso, mostra a importância da espontaneidade para o processo
de construção do conhecimento da criança.
Palavras-chave: escola, projeto pedagógico
ABSTRAT
This article aims to promote a study which shows the previous
processes that determine the project and its development. However,
their development only ends at the time the practice takes place. Into
the real life that the project and / or curriculum as entire product,
the result of a number of determinations and the school program, the
regulations prevailing in the institution, the training of teachers, their
political stance, the prior learning of students, the material used and
its interaction with the immediate reality, the physical environment,
role of family, among others. Suggests some steps to be followed in a
process of reflection on the work of the educator and their relationship
with the child. Furthermore, it shows the importance of spontaneity in
the process of knowledge construction of the child.
Keysword: School, Project pedagogic
28

[...] o possível não se encontra pronto: ele pode
estar presente imediatamente na situação,
mas também é construído a partir dela. [..]
Construir o possível significa explorar os limites,
no sentido de reduzi-los, e as alternativas de
ação, no sentido de ampliá-las.27
Dizer que a educação é uma prática social necessária e intencional
já se tornou lugar comum no discurso sociológico e pedagógico.
No entanto, não é demais explicitar o caráter de intencionalidade
social da educação escolarizada. Educar é, portanto, sob este ponto
de vista uma atividade para transformar as circunstâncias por meio
da transformação dos sujeitos, interferindo nos seus processos de
aprendizagem.
Transformar circunstâncias caracteriza previsão de necessidades
e racionalização de emprego dos meios materiais e dos recursos
humanos disponíveis, a fim de alcançar objetivos concretos, em
prazos determinados e em etapas definidas. Racionalizar é um
processo discursivo que se desenvolve a partir de proposições
ou colocações evidentes e bem definidas, através das quais se
pretende chegar a novas situações. Racionalizar é saber usar,
com sabedoria, a razão para se poder efetivar uma real previsão
de todas as condições e dos meios necessários, a fim de poder
executar, com eficiência, o projeto. É saber tomar decisões sobre o
27 RIOS, Terezinha Azeredo. Reflexões sobre a prática. Série Idéias n. 15.
São Paulo: FDE, 1992 p. 73
29
que se deve usar e sobre quem vai executar o projeto28.
O ato de projetar é uma preocupação que envolve toda a possível
ação ou qualquer empreendimento da pessoa. O homem sempre
sonhou, pensou e imaginou algo na sua vida. E sonhar, pensar
e imaginar algo de forma objetiva e clara é uma situação que
requer um ato de projetar, planejar.
O projeto tem sido objeto de estudos para professores,
pesquisadores e instituições educacionais em nível nacional, em
busca da melhoria da qualidade da formação do ser.
Pensar o viver é uma existencial que provoca e obriga,
constantemente, o homem atual. A educação, o ensino e a escola
são grandes meios que o homem busca para poder realizar o seu
projeto de vida.
A escola é o lugar de concepção, realização e avaliação de um
projeto, uma vez que, a escola desempenha um papel desafiador
na estruturação de cunho eminentemente social. Portanto, cabe
a escola e aos professores o dever de projetar, planejar a sua
ação educativa para construir o seu bem viver.
O que é um projeto?
No sentido etimológico, o termo projeto vem do latim projectu
particípio passado do verbo projicere, que significa lançar para
28 MENEGOLLA, 1991, p.19
diante. Plano, intento, desígnio. Empresa, empreendimento.
Redação provisória de lei. Plano geral de edificação.29
Para Fagundes30, “o projeto é uma atividade natural e intencional
que o ser humano utiliza para procurar solucionar problemas e
construir conhecimentos”31.
Boutinet32, em seu estudo sobre a antropologia do projeto,
explica que o termo projeto teve seu reconhecimento no final XVII
e a primeira tentativa de formalização de um projeto foi através
da criação arquitetônica, com o sentido semelhante ao que nele
se reconhece atualmente, apesar da marca do pensamento
medieval “no qual o presente pretende ser a reatualização de
um passado considerado como jamais decorrido.” 33
A construção do projeto é, exatamente, planejar o que se tem
intenção de fazer, de realizar. É lançar para diante, com base
no que se tem em mãos, buscando o possível. É antever um
29 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua
Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 5ª ed., p.1.153.
30 FAGUNDES, L. C doutora em Ciências- Psicologia pelo Instituto de Psi-
cologia da Universidade de São Paulo. É professora titular aposentada da Uni-
versidade Federal do Rio Grande do Sul, docente no Mestrado em Psicologia
Social e Instituciona/UFRGSl, docente no Programa de Pós Graduação Informá-
tica na Educação/UFRGS, coordenadora de pesquisa no Laboratório de Estudos
Cognitivos(LEC/UFRGS) e assessora do Ministério de Educação.
31 FAGUNDES, L. C., 1999, p. 19-28
32 BOUTINET, Jean-Pierre, é professor na Université Catholique de
l’Ouest, em Angers, no Institut de Psychologie et Sciences Sociales Appliquées
(IPSA). Disponível em: http://www.wook.pt/authors/detail/id/10783. Acesso
em 15/05/2009
33 BOUTINET, 2002, p. 34
futuro diferente do presente. O projeto vai além de um simples
agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas.
Nas palavras de Gadotti:
Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o
futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável
para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e
buscar uma nova estabilidade em função da promessa que
cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um
projeto educativo pode ser tomado como promessa frente a
determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos
de ação possível, comprometendo seus atores e autores.34
O projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado.
Ele é construído e vivenciado em todos os momentos e por todos
buscando um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com o
sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente.
O projeto deve ser um instrumento para o professor e para
o aluno, portanto, todo o projeto deve estar intimamente
articulado ao compromisso sociopolítico com interesses reais e
coletivos da população majoritária e com compromisso com a
formação do cidadão para um tipo de sociedade. “A dimensão
política se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto
prática especificamente pedagógica”. 35
E o projeto com a qualificação de pedagógico, qual é o seu
34 GADOTTI, 1994, p.579.
35 SAVIANI, 1983, p. 93.
30
 significado?
Em meados da década de 90, a idéia de projeto pedagógico vem
tomando corpo no discurso oficial e em quase todas as instituições
de ensino, espalhadas no Brasil. A Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional36, em seu artigo 12, Inciso I, prevê que “os
estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e
as do seu sistema de ensino, tem a incumbência de elaborar e
executar sua proposta pedagógica”, deixando explícita a idéia
de que a escola não pode prescindir da reflexão sobre sua
intencionalidade educativa. Assim sendo, o projeto pedagógico
passou a ser objeto prioritário de estudo e de muita discussão.
Para André37, o projeto pedagógico não é somente uma carta de
intenções, nem apenas uma exigência de ordem administrativa,
pois deve “expressar a reflexão e o trabalho realizado em
conjunto por todos os profissionais da escola, no sentido de
atender às diretrizes do sistema nacional de Educação, bem
como às necessidades locais e específicas da clientela da escola”;
ele é “a concretização da identidade da escola e do oferecimento
de garantias para um ensino de qualidade”. Segundo Libâneo38,
o projeto pedagógico “deve ser compreendido como
instrumento e processo de organização da escola”, tendo em
conta as características do instituído e do instituíste. Segundo
Vasconcellos39, o projeto pedagógico:
36 Lei 9394/94
37 ANDRÉ, 2001, p. 188
38 LIBÂNEO, 2001, p. 125
39 VASCONCELLOS, 1995, p. 143
31
[...] é um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a
enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma
refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial,
participativa. E uma metodologia de trabalho que possibilita
resignificar a ação de todos os agentes da instituição .
Para Ilma Veiga40, o projeto pedagógico não é um conjunto de
planos e projetos de professores, nem somente um documento
que trata das diretrizes pedagógicas da instituição educativa,
mas um produto específico que reflete a realidade da escola
situada em um contexto mais amplo que a influencia e que pode
ser por ela influenciado. Portanto, trata-se de um instrumento
que permite clarificar a ação educativa da instituição educacional
em sua totalidade. O projeto pedagógico tem como propósito
a explicitação dos fundamentos teórico-metodológicos, dos
objetivos, do tipo de organização e das formas de implementação
e de avaliação institucional
O projeto pedagógico não é modismo e nem é documento para
ficar engavetado em uma mesa na sala de direção da escola,
ele transcende o simples agrupamento de planos de ensino e
atividades diversificadas, pois é um instrumento do trabalho que
indica rumo, direção e construído com a participação de todos
os profissionais da instituição.
O projeto pedagógico tem duas dimensões, como explicam
40 VEIGA, 1998, p. 11-113
André41 e Veiga42: a política e a pedagógica. Ele “é político no
sentido de compromisso com a formação do cidadão para
um tipo de sociedade” e é pedagógico porque possibilita a
efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do
cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e
criativo”. Essa última é a dimensão que trata de definir as ações
educativas da escola, visando a efetivação de seus propósitos e
sua intencionalidade.
Ao organizarmos os projetos de nossas escolas, planejamos o
trabalho que temos intenção de realizar, lançamo-nos para diante,
olhamos para frente. Projetar-se é relacionar-se com o futuro,
é começar a fazê-lo. E só há um momento de fazer o futuro - no
presente.43
Para Ilma Veiga44, a concepção de um projeto pedagógico deve
nortear-se e apresentar características tais como:
a) ser processo participativo de decisões;
b) preocupar-se em instaurar uma forma de organização de
trabalho pedagógico que desvele os conflitos e as contradições;
c) explicitar princípios baseados na autonomia da escola,
na solidariedade entre os agentes educativos e no estímulo à
participação de todos no projeto comum e coletivo;
41 ANDRÉ, 2001, p. 189
42 VEIGA, 1998, p. 12
43 RIOS, Terezinha Azeredo. Reflexões sobre a prática. Série Idéias n. 15.
São Paulo: FDE, 1992 p. 74
44 VEIGA, 2001, p. 11
d) conter opções explícitas na direção de superar problemas
no decorrer do trabalho educativo voltado para uma realidade
especifica;
e) explicitar o compromisso com a formação do cidadão.
A execução de um projeto pedagógico de qualidade deve,
segundo a mesma autora:
a) nascer da própria realidade, tendo como suporte a
explicitação das causas dos problemas e das situações nas quais
tais problemas aparecem;
b) ser exeqüível e prever as condições necessárias ao
desenvolvimento e à avaliação;
c) ser uma ação articulada de todos os envolvidos com a
realidade da escola,
d) ser construído continuamente, pois com produto, é
também processo.
A escola e o projeto
De acordo com Ilma Veiga45 “o significado de autonomia remete-
nos para regras e orientações criadas pelos próprios sujeitos das
ações educativas, sem imposições externas”. A autonomia da
escola é uma questão importante para o delineamento de sua
identidade. A autonomia anula a dependência. Não é um valor
absoluto, fechado em si mesmo, e sim, um valor que determina
uma relação de interação social.
45 VEIGA, 1995, p. 19
32
 [...] o que requer dos educadores, para essa tarefa, é,
fundamentalmente, competência. Construir ética e politicamente
a autonomia não teria significado se não se aliassem à
perspectiva ético-política a dimensão técnica, domínio seguro
de conhecimentos específicos, a utilização de uma metodologia
eficaz, a consciência crítica e o propósito firme de ir ao encontro
das necessidades concretas de sua sociedade e de seu tempo.46
A autonomia é importante para a criação da identidade da
escola, é a substância de uma nova organização do trabalho
pedagógico na escola. Ela concebe sua proposta pedagógica ou
projeto pedagógico e tem autonomia para executá-lo e avaliá-lo
ao assumir uma nova atitude de liderança, no sentido de refletir
sobre as finalidades sociopolíticas e culturais da escola.
Segundo Veiga47, a autonomia é a questão fundamental numa
instituição educativa envolvendo quatro dimensões básicas,
relacionadas e articuladas entre si: administrativa, jurídica,
financeira e pedagógica.
A autonomia administrativa, consiste na elaboração e gerir seus
planos, programas e projetos. Envolve adequar sua estrutura
organizacional à realidade e ao momento histórico vivido. Refere-
se à organização da escola e nela destaca-se o estilo de gestão.
Traduz a garantia de indicação dos dirigentes por meio de processo
eleitoral verificando a competência profissional e a liderança dos
candidatos. Representa um espaço de negociação permanente por
46 RIOS, 1993, p.18
47 VEIGA, 1998, p. 16
33
parte dos atores mais diretamente envolvidos.
Lisandra Olinda Roberto Neves48 afirma que, o eixo administrativo
pode ser analisado por meio dos seguintes aspectos: formas de
gestão, controles normativo-burocráticos, racionalidade interna,
administração de pessoal e administração de material e controle
de natureza social.
A autonomia jurídica, a escola elabora suas próprias normas
e orientações escolares, como, por exemplo, matrícula,
transferência de alunos, admissão de professores, concessão de
graus. A instituição escolar deve policiar-se no sentido de não se
transformar numa instância burocrática, por meio de estatutos,
regimentos, portarias, resolução, avios, memorandos.
A autonomia financeira, existência de recursos financeiros
capazes de dar instituição educativa condições de funcionamento
efetivo. Podendo ser total ou parcial. É total quando a escola
administra todos os recursos a ela destinados pelo Poder Público
e é parcial quando a escola administra apenas parte dos recursos
repassados, mantendo-se no órgão central do sistema educativo
a gestão de pessoal e as despesas de capital.
A autonomia pedagógica, liberdade de ensino e pesquisa. Esta
autonomia está estreitamente ligada à identidade, à função social,
à clientela, à organização curricular, à avaliação, esta autonomia é,
portanto, a essência do projeto pedagógico da escola. Embora se
48 NEVES, Lisandra Olinda Roberto, O professor, sua formação e sua
prática. Disponível em : http://www.centrorefeducacional.com.br/profprat.
htm. Acesso em 30/04/09
relacione com as outras três dimensões, a autonomia pedagógica
diz respeito às medidas essencialmente pedagógicas necessárias
ao trabalho de elaboração, desenvolvimento e avaliação do
projeto, pois, cabe à escola:
Explicitar objetivos filosóficos, pedagógicos, científicos,
tecnológicos, artísticos e culturais; selecionar e organizar os
conhecimentos curriculares (observando as diretrizes gerais do
Conselho Nacional de Educação);
Os professores e o projeto
O professor detém um papel fundamental nesse cenário, exercendo
sua ação de modo a que tanto crianças, adolescentes e famílias
participem de forma interativa do processo de escolarização. Para
tanto, esse profissional da educação “profissionalizou-se” para
possuir condições de definir os melhores caminhos e condições
que garantam a aprendizagem dos alunos. Para os verdadeiros
profissionais da educação exercerem suas funções, devem ter
bem claro concepções de educação escolar; concepções de
ensino-aprendizagem, de infância, de adolescência e modos de
aprendizagem e por fim, função social da escola e concepções de
educação escolar.
Os funcionários não-docentes e o projeto
A falta de inserção e sensibilização dos funcionários
administrativos como parte integrante do processo de ensino/
aprendizagem tem sido uma constante nas instituições,
ocasionado assim grandes rupturas quanto a participação deste
funcionário nos vários segmentos de atuação, promovendo
dificuldades quanto ao relacionamento com à comunidade
escolar,  no conhecimento do seu papel como educador no
desenvolvimento de ações pedagógicas, nos cuidados com a
alimentação e higiene dos alunos, na manutenção e sensibilização
quanto ao uso dos equipamentos relacionados a infra-estrutura
e meio-ambiente escolar bem como ma manutenção e utilização
adequada dos equipamentos de multimeios didáticos. Nubea
Rodrigues Xavier, coordenadora do Comitê Setorial Núcleo de
Tecnologias Educacionais/NTE de Dourados e o Curso Técnico
Pro funcionário, afirma:
[...] Sendo assim, torna-se necessário uma participação mais ativa
e modificadora desse profissional não-docente em ambiente
escolar, tendo a possibilidade de elaborar uma reestruturação
de sua atuação profissional através de desenvolvimento de
projetos disciplinares e interdisciplinares como ação de mudança
e reconstrução de saber.
A família e o projeto
Escola e família constituem dois contextos de desenvolvimento
fundamentais para a trajetória de vida das pessoas. As contribuições
destes contextos para a promoção do desenvolvimento humano,
enfatizando suas implicações nos processos evolutivos. Questões
sobre configurações, vínculos familiares e a importância da rede
social de apoio para o desenvolvimento da família são discutidas.
34
 Focalizam-se as funções da escola, considerando sua influência nas
pessoas em desenvolvimento. Apontam-se algumas considerações
sobre a necessidade de compreender as inter-relações entre escola
e família, visando facilitar a aprendizagem e desenvolvimento
humano. A integração entre esses dois contextos é destacada
como desafio para a prática profissional e pesquisa empírica. No
entanto a colaboração de representantes das famílias no momento
da elaboração do projeto é de suma importância para relações de
poder.
Neste caso baseadas na categoria idade-geração, seja na família,
seja na escola o envolvimento ou participação dos pais na educação
dos filhos e filhas significa comparecimento às reuniões de pais
e mestres, atenção à comunicação escola–casa e, sobretudo,
acompanhamento dos deveres de casa e das notas. Esse
envolvimento pode ser espontâneo ou incentivado por políticas da
escola ou do sistema de ensino.49
Expectativa em torno do projeto pedagógico
Falar da construção do projeto pedagógico é falar de planejamento
no contexto de um processo participativo e usando as palavras
da Consultora em educação, pedagoga, mestre em educação,
palestrante e diretora do CRE, Vera Lúcia Camara Zacharias pode-
se entender perfeitamente o que é necessário fazer para que o
Projeto Pedagógico se torne realidade e dê frutos.
Para que um projeto pedagógico “torne-se uma realidade que
dê frutos” é preciso: uma compreensão clara de seus objetivos,
49 CARVALHO, 2000, p. 31.
35
de seu horizonte político pedagógico; acompanhamento e
avaliação de seus resultados, visando modificações quando
necessários; definição de fundamentação teórica; escolha de
práticas pedagógicas conseqüentes com esta fundamentação e
que integrem os conhecimentos das diferentes séries e disciplinas;
participação da equipe escolar e da comunidade; atualização
constante dos objetivos50
O currículo
Expressar o projeto pedagógico da escola, organizar e orientar
determinada prática educativa, elaborado pela escola levando
em consideração o aluno, a sociedade e a cultura. Cabe à escola
decidir acerca das experiências que deverão ser desenvolvidas
a partir das necessidades históricas colocadas pelo aluno e pela
sociedade, fundamentando-se em critérios de ordem filosófica,
política, econômica, cultural, social e pedagógica. Este conjunto
de definições sobre fins, objetivos, meios relativos ao processo
educativo é o que se pode denominar currículo.
É nesse processo de construção de relações sociais de tipo
novo que o adulto exerce um papel importante e educativo de
questionamento, de engajamento do aluno na construção dessa
organização, de envolvimento de todos nas tomadas de decisões,
nas definições de tarefas, no estabelecimento das prioridades,
50 ZACHARIAS, Vera Lúcia Camara. Consultora em educação, pedagoga,
mestre em educação, palestrante e diretora do CRE. No texto A construção de
um projeto pedagógico específico para uma escola. Disponível em http://www.
centrorefeducacional.com.br/projeconst.htm acesso em 05/05/09
entre outros aspectos51. Onde o passo inicial é a elaboração do
marco referencial, sendo este a luz que deverá iluminar o fazer
das demais etapas.
Atendendo às necessidades dos alunos e da sociedade, o
currículo deve considerar as exigências de um mundo de
relações complexas e diversificadas, proporcionando ao aluno
um conjunto de experiências que lhe assegure a compreensão
de sua realidade, uma fundamentação sólida em termos de
formação básica que instrumentalize o aluno para atuar sobre
esta realidade de forma crítica.
A escola, através do seu plano curricular, tem a missão de
transmitir às novas gerações todo o patrimônio cultural da
humanidade. O currículo deve ser um verdadeiro guia na
transformação da cultura e do saber estabelecendo uma relação
entre a herança cultural e o viver presente e futuro, expressando
e definindo quais objetivos a serem alcançados a longo, médio
e curto prazo, sempre em relação ao desenvolvimento do
indivíduo como pessoa humana.
educando possa promover a aplicação do aprendido na vida
prática.
Fases para o planejamento curricular
Baseando-se na opinião dos escritores Menegolla e Sant’Anna,
para compor o planejamento curricular é preciso dar três passos,
no qual se referem:
Primeiro: é um amplo e profundo estudo da realidade social,
política, econômica e religiosa da comunidade a que se destina o
pretendido currículo.
Segundo: estudo da filosofia que orienta a educação e que
estabelece os ideais e os valores humanos.
Terceiro: profundo estudo dos fatores sócio-culturais que
influenciam no comportamento das pessoas, no âmbito da
sociedade, e dos fatores psicológicos que podem interferir no
processo educacional.

Segundo Maximiliano Menegolla52, o currículo deve representar

Após o estudo destes elementos, há que se tomarem as seguintes
uma seqüência de conhecimentos significativos para a vida
decisões tais como:
presente, desenvolvendo habilidades, fornecendo princípios
1ª Estudo e análise dos objetivos amplos da educação: definição
e diretrizes, que possam ser úteis à vida futura do indivíduo.
dos objetivos, a nível de escola; definição dos objetivos das
Relacionar experiências e evidenciar todas as oportunidades
disciplinas e dos seus conteúdos.
de integração e correlação dos conhecimentos, para que o
51 SILVA, 1995 p. 63 2ª Seleção e organização das disciplinas e conteúdos mais
52 MENEGOLLA, 1991 p. 41

36
 significativos para atingir os objetivos.
3ª Seleção dos melhores procedimentos e técnicas de ensino
que mais facilmente favorecem a consecução dos objetivos.
4ª Seleção dos recursos materiais e humanos que mais favorecem
e auxiliam o professor e o aluno na efetivação do ensino e da
aprendizagem.
5ª Definição e organização de um processo de avaliação,
relacionado e adequado aos objetivos propostos no plano
curricular. Todos esses elementos estruturados, tendo como
meta o alcance dos objetivos, constituem as partes integrantes
de um plano curricular, sempre numa dependência lógica e
hierárquica com os objetivos, dão surgimento ao fluxograma.
Mas, o que é um fluxograma? Fluxograma é um tipo de diagrama,
e pode ser entendido como uma representação esquemática de
um processo, muitas vezes feito através de gráficos que ilustram
de forma descomplicada a transição de informações entre os
elementos que o compõem. Pode-se entendê-lo, na prática, como
a documentação dos passos necessários para a execução de um
processo qualquer. É uma das Sete Ferramentas da Qualidade.
Muito utilizada em fábricas e industrias para a organização de
produtos e processos, ou seja, mediante esta explicação, os
passos planejamento e os elementos para tomadas decisões,
entende-se que o plano curricular é um sistema de organização
de todo processo educacional. E para melhor exclarecimento,
segue exemplo de como ficaria um fluxograma depois de analisar
37
todo este processo.
Planos de curso e disciplinas
Em todo ato de verdadeira criação científica, quando uma nova
visão de mundo é criada, existe um salto qualitativo. É necessário
abandonar todos os auxílios do passado, porque o novo não é uma
versão melhorada do velho.53
Plano de curso é a organização de um conjunto de matérias, que
serão ensinadas e desenvolvidas na escola durante um período
relativo à extensão do curso em si, exigido pela legislação ou por
uma determinação explícita, que obedece a certas normas ou
princípios orientadores.
Segundo Menegolla e Sant’Anna, o plano de curso pode ser
considerado um conjunto de elementos que constituem a
organização estrutural de um determinado evento promocional,
em relação à educação, ao ensino ou à aprendizagem de
atividades ou desenvolvimento de habilidades específicas,
dentro de um campo geral ou específico. Os professores não
fazem o Plano de Curso porque ele já existe na escola, é aquele
elaborado quando o curso foi implantado. A não ser, que haja
implantação de um novo curso na escola, fora isso os professores
deve fazer e fazem, anual, semestral ou bimensalmente, os
planos de suas disciplinas.
53 ALVES, 1969, p. 53
O plano de disciplina é uma decorrência lógica do plano de curso
e do projeto curricular da escola. O plano de disciplina segue
uma metodologia própria e bem diferente do plano de curso.
Por sua vez, o plano de disciplina é bem mais específico, sendo
relativo a uma disciplina ou parte de conteúdos desta mesma
disciplina. Portanto, os planejamentos relativos às disciplinas
não são planejamentos de curso, mas de disciplinas. E deve ser
planejada, com a participação direta dos que vão sofrer a ação
do plano, dado que o aluno é um ser fundamental da ação, não
deve ser excluído do ato de planejar.
Plano de disciplina é um instrumento para sistematizar a ação
concreta do professor, a fim de que os objetivos da disciplina
sejam atingidos. A partir da filosofia educacional da escola, dos
objetivos específicos do curso, e dos objetivos da clientela, os
professores vão planejar as suas disciplinas para atender estes
aspectos fundamentais favorecendo um melhor e mais eficaz
ensino.
Maximiliano Menegolla em seu livro “Por que planejar? Como
planejar?” garante que ao planejar a disciplina, o que o professor
realmente faz é planejar o contexto geral da sua disciplina.
Mas este contexto deve estar intimamente relacionado a ser
uma decorrência lógica dos objetivos dos alunos e da escola,
expressando uma unidade de idéias de princípios de ação.
Para isso, o professor sempre deve ter em mente que os
conteúdos são meios para atingir os objetivos, pois eles não são
fins. O plano de disciplina é muito importante para o professor,
porque ele ajuda o professor a definir os objetivos que atendam
aos reais interesses dos alunos; possibilita ao professor
selecionar e organizar os conteúdos mais significativos; facilita
a organização dos conteúdos de forma lógica, obedecendo
a estrutura da disciplina; ajuda o professor a selecionar os
melhores procedimentos e os recursos; ajuda o professor a agir
com maior segurança na sala de aula.
Segundo Menegolla, para um bom plano de disciplina, o
professor deve seguir algumas características como: objetividade
e realismo, é o que deve caracterizar todo e qualquer plano de
curso, ser objetivo e ser realista para uma situação concreta e
determinada, é um dado e qualquer plano deve seguir para
uma realidade concreta. Funcionalidade, ele deve ser o mais
possível funcional, para que possa ser executado com facilidade
e objetividade.
Simplicidade, deverá ser simples para ser compreensível e
viável. Partindo da realidade escolar e dos alunos usando estilos,
esquemas e formas simples, o tornado mais lógico e coerente.
Flexibilidade, característica importante e fundamental, todo plano
que não obedece ao princípio da flexibilidade, está fadado ao
fracasso. Havendo necessidade de reestruturação, embora seja
agilizado, haja meio de mudança. Utilidade, a utilidade, a validade
e a profundidade são princípios que dão consistência a toda
estrutura do plano, ao seu conteúdo e à sua dinâmica.
O plano de disciplina, definidos os objetivos, deve expressar, em
termos gerais, quais os conteúdos básicos a serem trabalhados na
38
 sala de aula. Estes conteúdos devem ser significativos e realistas,
ou seja, conteúdos que tenham conteúdo e não simplesmente
conteúdos pelo conteúdo. Por isso, é necessário que estabeleçam
certos critérios e princípios para a seleção dos melhores conteúdos.
Harold T. Johnson e outros autores apresentam alguns critérios
54
gerais para seleção dos conteúdos das disciplinas, tais como:
significação, adequação às necessidades sociais e culturais,
interesse, validade, utilidade, possibilidade de reelaboração e
flexibilidade.
Ao se planejar a disciplina, deve ser evidenciado explicitamente
o modo como será realizada a avaliação, ou seja, quais as formas,
os métodos, as técnicas e instrumentos que vão ser empregados
para verificar o rendimento dos alunos em relação a todo o
aproveitamento escolar. A avaliação é importante para o aluno,
porque através dela ele pode conhecer a sua situação. “Pois, o
verdadeiro significado da avaliação resume-se em capacitar o
educando a se conhecer melhor”55
Considerada de que todas as características e critérios, aqui
citados, são de fundamental importância para elaboração de
um bom plano de disciplina, e uma vez executadas, o professor
terá em mãos uma ferramenta de trabalho que o dará recurso,
segurança e garantia de que o objetivo proposto no projeto
54 Harold T. Johnson (2 de dezembro de 1907 - 16 de março de 1988)
foi um político americano da Califórnia e um membro do Partido Democráti-
co. Disponível em http://en.wikipedia.org/wiki/Harold_T._Johnson. Acesso em
30/04/2009
55 FLEMING, 1970, p. 493
39
pedagógico da escola está sendo alcançado.
Projeto: objeto de estudo
Mundo é variado no seu igual. Os dias têm chuva e sol. Noite e
dia. Estrela e nuvens carregadas, tempestades e bonanças. Vida
tem saúde e doença, nascimento e velhice. As palavras são falsas e
verdadeiras. Os desejos são fortes e frágeis. Há grandeza, pequenez,
conflito, comunhão, solidariedade, solidão, alegria, angústia, paz,
guerra, amor, ódio, saber, ignorância, ontem, hoje, amanhã . 56
Todo ensinamento formal começou um dia, e os ensinantes
eram chamados de filósofos, donde surgiu a Filosofia. Logo,
seu campo de estudos foi se estendendo, e surgindo as várias
ciências que hoje conhecemos, ou que ainda estão por surgir.
O conhecimento é o grande capital da humanidade. Ele é básico
para a sobrevivência de todos e, por isso, não deve ser vendido
ou comprado, mas sim disponibilizado a todos. Esta é a função
de instituições que se dedicam ao exercício de possibilitar o
desenvolvimento contínuo educacional. A maior obrigação
da escola é educar. Ela é um dos fatores responsáveis pela
transformação e evolução da sociedade. Por tanto, precisa dar
a sua contribuição. Infelizmente, diante da falta de políticas
no setor, acabaram surgindo “indústrias do conhecimento”,
prejudicando uma possível visão humanista, tornando-o
instrumento de lucro e de poder econômico. Como diz Ladislau
56 RODRIGUES, 1998 p. 160