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Sem mais delongas, que fazer? “Temos aqui 50 famílias, 400/500 pessoas,
250 homens, 300 mulheres...Ofereço a eles sapatos à troca de arroubas de
trigo, cujo preço aqui nesses confins fica em torno de meia grama de ouro
por arrouba, enquanto que nas populosas cidades do sul cifra-se em 2
gramas de ouro por arrouba, no inverno podendo ir a 6 ou mais”
Se vendo 200 pares de sapato, saio daqui com no mínimo 100 gramas de
ouro que no inverno pode chegar acima de 1.200 gramas!.. Justo?, sim..;
Legítimo, honesto?...claro.
De que preciso pra produzir sapatos? Preciso tomar, pegar, arranjar, prender
(prehendere/entreprehenendre, arranger,) alguns factores: 1) uns 6
artesãos sapateiros que tragam suas ferramentas, coisa difícil por causa
das normas das guildas, mas a 10 quilômetros daqui consigo isso, sob o
engodo de lhes pagar diretamente em ouro. Se houver escravidão melhor,
compro 5 escravos sapateiros.. 2) Preciso comprar couro em peças curtidas,
em fio e prensado, para a sola, tenho moedas para isso. 3) Preciso do
material de acabamento, tinta, cera, cadarços etc., sem problemas. 4)
Preciso arranjar um local para a iniciar a produção, as instalações, ter essas
instalações plantadas num lugar (planta)...5) Trocado o sapato por arroba de
trigo, preciso de silo para guardar esse trigo e preciso de transporte que me
leva essa mercadoria à cidade onde o preço é mais compensador...Tudo sob
controle.,,”Não fosse eu um empreendedor empoderado”, dirá.
Nesse esboço estão demarcados os elementos básicos do arranjo
produtivo que vai receber o nome de capitalismo, quando o próprio
desenvolvimento desse arranjo produtivo tiver engendrado características
como as seguintes , comprováveis a partir de nosso conhecimento histórico:
Conclusão
Ressalvando que o povo não pediu que nosso aventureiro lhe satisfizesse a
necessidade de sapato (o capitalismo não respeita o coletivo) observemos
que o arranjo produtivo original parte diretamente da constatação de um
tipo de necessidade entre o povo, ou seja, visa a atender as necessidades de
um importante segmento da sociedade, no caso, os agricultores produtores
de trigo. À medida que o esquema dá certo em todos os contextos, ou seja,
planetariza-se, o descobrir ou inventar necessidades manipulando o
imaginário do povo é rapidamente posto em prática pelos detentores de
capital, os financistas, que, de posse da moeda, sua “isca”, podem
controlar todas as variáveis do processo produtivo, todas as variáveis de
todos os processos sociais, para que as pessoas, em função da classe
social que lhes é atribuída, tenham pauta de necessidades POR ESTE
SETOR PRÉ-ELABORADA cuja satisfação seja fator/causador da auto-
regulação subordinada, isto é, da naturalização do viver sob escravidão:
– os que podem ter avião e comer caviar, naturalmente, pela naturalização
da relação senhor/escravo, se sentem à vontade, justos e íntegros diante
dos que não têm o que comer, que por seu turno evangelizam-se em massa
para considerarem o inferno de suas vidas como manifestação do sagrado.
É quando a vida das abelhas não têm nada a ver com a vida do verde na
Terra, ou a vida das baleias, com a vida infinitamente azul dos oceanos.