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A Ancestralidade do Capitalismo

Ailton Benedito de Sousa

Chama-se capitalismo isso que resulta da proliferação, em escala planetária, de


pequenos arranjos produtivos de iniciativa individual, em pequena escala
aparentemente inocentes, dinâmicos e monetariamente rentáveis, cujas conseqüências
devastadoras para a humanidade e para toda a vida sobre o Planeta derivam da
absoluta negação da essência social das Espécies, especialmente da essência social da
Espécie Humana, por parte dos praticantes e defensores da iniciativa.

Seguindo os passos de Karl Polaniy, tentemos configurar o nascimento de


um “arranjo de produção” bem simples, numa cidade, aldeia ou vila da
Ásia, África ou Europa, numa época equivalente ao fim da idade média
européia – se quisermos precisar o século, digamos, século XIV, segundo
essa escala de tempo ardilosamente engendrada por esse estrategista do
reino das lendas racistas, o jesuíta Scaligiere... (procurem saber quem foi essa
figura) https://www.youtube.com/watch?v=71381T9T0vU

O chefe, responsável e interessado no bom sucesso desse “arranjo


produtivo”, logo o pai do capitalista moderno, é um aventureiro, pessoa
de muitas habilidades, de fato ou de boca, ex-artesão em vários ofícios ou
artes. Julgando-se à frente de seu tempo, ele não mais quer estabelecer-se
como artesão, quer descobrir oportunidades de aumentar seu alforje de
moedas, ganhando a vida de modo mais dinâmico, superando as restrições
das guildas (associações semi-religiosas medievais de trabalhadores),
onde todos os passos da vida do associado estão demarcados...

Andando a esmo, nosso aventureiro vê-se de repente numa região de


plantadores de trigo, em período de colheita. A comunidade tira seu
sustento da agricultura, o trigo, juntamente com outras colheitas de
subsistência, sendo o carro-chefe das atividades produtivas.

Nosso aventureiro vê que o povo é rico, isto é, dispõe de mais do que


necessário para viver e bem. Trocam o trigo produzido por vinho, azeite,
tecidos, animais, ferramentas etc. e ouro, em tênues lâminas, de modo que
ao fim do ano, sobram algumas pequenas lâminas, que amealham...
O aventureiro nota, porém, que falta a todos agasalhos para os pés, todos
andam descalços ou com tamancos grosseiros, o ter um par de sapatos
velhos é símbolo de destaque econômico e político...A guilda de sapateiros
mais próxima está a mais de 30 quilômetros de distância em região em
que se faz viagens a pé, o comprador vai ao mercado, mas o vendedor não
vem ao comprador. Para completar o quadro, nosso aventureiro vê que o
inverno se aproxima e que o frio vai ser rigoroso...

Sem mais delongas, que fazer? “Temos aqui 50 famílias, 400/500 pessoas,
250 homens, 300 mulheres...Ofereço a eles sapatos à troca de arroubas de
trigo, cujo preço aqui nesses confins fica em torno de meia grama de ouro
por arrouba, enquanto que nas populosas cidades do sul cifra-se em 2
gramas de ouro por arrouba, no inverno podendo ir a 6 ou mais”

Se vendo 200 pares de sapato, saio daqui com no mínimo 100 gramas de
ouro que no inverno pode chegar acima de 1.200 gramas!.. Justo?, sim..;
Legítimo, honesto?...claro.

“Eis meu “arranjo produtivo” para produzir 200 pares de sapatos de


homem e mulher, gastando em cada par de sapato masculino ou feminino
no máximo uma média de 0,1 gramas de ouro, tudo incluído, aplico coisa
de 100 gramas...Vendo a eles cada par de sapato pelo equivalente a 2
arroubas de trigo, ou seja, 1 grama de ouro. Saio daqui com 400 arroubas
de trigo que, a 6 gramas por arrouba podem me dar um montante de 2.400
gramas de ouro...Tô rico...adeus, trabalho!..

De que preciso pra produzir sapatos? Preciso tomar, pegar, arranjar, prender
(prehendere/entreprehenendre, arranger,) alguns factores: 1) uns 6
artesãos sapateiros que tragam suas ferramentas, coisa difícil por causa
das normas das guildas, mas a 10 quilômetros daqui consigo isso, sob o
engodo de lhes pagar diretamente em ouro. Se houver escravidão melhor,
compro 5 escravos sapateiros.. 2) Preciso comprar couro em peças curtidas,
em fio e prensado, para a sola, tenho moedas para isso. 3) Preciso do
material de acabamento, tinta, cera, cadarços etc., sem problemas. 4)
Preciso arranjar um local para a iniciar a produção, as instalações, ter essas
instalações plantadas num lugar (planta)...5) Trocado o sapato por arroba de
trigo, preciso de silo para guardar esse trigo e preciso de transporte que me
leva essa mercadoria à cidade onde o preço é mais compensador...Tudo sob
controle.,,”Não fosse eu um empreendedor empoderado”, dirá.
Nesse esboço estão demarcados os elementos básicos do arranjo
produtivo que vai receber o nome de capitalismo, quando o próprio
desenvolvimento desse arranjo produtivo tiver engendrado características
como as seguintes , comprováveis a partir de nosso conhecimento histórico:

1. O empreendedor que de início, eventualmente, era um forasteiro,


agora é membro da mais importante classe social do lugar onde
instala seu arranjo, obviamente depois dos nobres ou aristocratas. O
passo seguinte será sua hegemonia política absoluta apagando o
brilho de nobres e aristocratas primeiro nas novas nações que
fundam na Europa, depois, em nossos dias, no sistema planetário de
produção.

2. O empreendimento, a fábrica, a planta, a usina, a mina, o empório, o


banco, qualquer que seja o nome do “arranjo produtivo” torna-se
uma instituição permanente na sociedade, ou seja, deixa de ser feito
e desfeito ao aparecimento, na comunidade, de um volume de
necessidades que o justifiquem...Agora, as instalações não são
desfeitas após o sucesso ou malogro do arranjo produtivo. Agora as
instalações, quer como produtivas, quer como improdutivas são da
responsabilidade da sociedade como um todo. O empreendedor sabe
que ter sapatos para os indivíduos é necessidade social permanente,
logo tem que haver sempre consumidores de sapatos, os quais têm
que ter meios monetários para consumir...Não vale outro bem de
troca...tem que ser MOEDA, A “MINHA MOEDA”. Seu modo de
pensar é claro: “Para existir, a sociedade precisa de fábricas de
sapatos, portanto, que as monte para mim ou que me ajude a
montá-las e a mantê-las”.. Na visão do empresário e também na
visão de muitos, a sociedade, o estado, deve tornar-se responsável
por “criar”. “favorecer” as condições de existência da fábrica de
sapatos, cujo funcionamento rentável (com boa margem de lucro
privatizável) exige consumidores monetarizados... E a empresa
pública? – Ela será combatida se não se comportar como se privada
fosse, eis o neoliberalismo. E qual é a função do Estado? É a
sociedade, ou melhor seu estado eunuco, que deve reger toda a
atividade social que proporcione um ótimo (lucrativo)
funcionamento da economia, o conjunto dos arranjos produtivos
sociais, geridos como se fossem individuais, tivessem tido criadores,
gestores e beneficiários individuais. Todas as instituições sociais
devem ficar sob o controle dos capitalistas, para que sempre haja,
por um lado, consumidores segmentadamente monetarizados; por
outro lado, consumidores desprovidos de meios de subsistência que
pudessem trocar por bem, a não ser a força de trabalho, nem essa
podendo ser trocada por outra coisa senão pela moeda dos
capitalistas, único meio de se fazer o infinito número de arranjos
produtivos no nível planetário funcionarem de modo contínuo e
rentável, isto é, dando lucro aos que se colocam à testa dos
respectivos empreendimentos. Só louco pode imaginar uma
economia capitalista sem a ferrenha direção de um Estado de classe,
o imperialista burguês.

3. A competição e hierarquização dos empreendedores por tipo de


setor produtivo. O leitor notou que nosso primeiro empreendedor
acumula as funções de titular do financiamento do arranjo
produtivo – ele dispõe da base monetária (financiamento) para
compra, arrendamento, aluguel dos fatores de produção, pois sozinho
se encarrega da aquisição do trigo para revenda (comércio), e só
também se encarrega do transporte e distribuição (transporte) e se
encarrega de operar com a grama de ouro, tornando-a equivalente a
outras mercadorias e moedas (atividade cambial). No decorrer das
etapas do desenvolvimento capitalista, porém, cada um desses
grandes setores será “apropriado” (ao fim de guerras de competição)
por um grande empreendedor, que para não perder a primazia terá
que subordinar pelas armas todos abaixo de si. E o esquema vai ser
o mesmo qualquer que seja o setor: a sociedade e seu estado, que
precisa dos grandes financistas, vai ser a responsável por promover
políticas que gerem elevadas taxas de lucro para seus financistas e,
pior ainda, os indenize quando tiverem prejuízo...O mesmo
tratamento para o setor industrial, comercial, minerador, de
transporte, pesca, comunicação, ciência e tecnologia, tudo.
Proporcionar o estado ótimo de funcionamento desses setores tornar-
se-á a função da sociedade. O somatório da totalidade das diferentes
fontes de objetivos táticos e estratégicos, é a guerra permanente entre
as nações capitalistas.
3.1Generalização planetária da forma de estado nacional capitalista e
início da manipulação global do comportamento das grandes
massas no sentido da criação de grandes exércitos de
consumidores com habilitação apenas suficiente para a
operacionalização, mecanicamente, de função repetitiva do
sistema produtivo como um todo, a dita “educação pública”
observando as linhas de divisão social e econômica: uma
educação para operário, outra para camponês, outra para classes
médias, para aristocratas e burgueses.Tudo apresentado ao
homem comum como conquista social do estado democrático de
direito.

3.2 A um tempo serão os grandes comerciantes que mais importância


terão na direção de todo o processo produtivo das sociedades:
capitalismo comercial...logo após, os grandes magnatas da
indústria, com primazia para a indústria pesada...E logo a seguir,
em nossos dias principalmente, desponta o setor financeiro
como titular absoluto de todo o processo produtivo, político e
social... A característica diabólica do setor financeiro é que ele é o
último da linha dos fatores de produção, ele não tem
competidor... NÃO HÁ SETOR QUE VENHA DERRUBÁ-
LO... POIS EM SUAS MÃOS ESTÁ A “ISCA” IRRESISTÍVEL
– A MOEDA, PASSAPORTE PARA O PARAÍSO... PENSE
NISSO... O dito setor tecnológico não tem “isca”, esta seria o
“saber”, mas quem está a fim de saber ou do saber, senão os
loucos filósofos e sábios loucos?

4. O cúmulo da deformação processual do capitalismo é quando sua


moeda, que na sua etapa de hegemonia planetária tem que ser única,
perde referência a um lastro objetivo – um tesouro, um infinito
somatório de riquezas como as reservas em ouro, diamantes, o
petróleo etc...E passa a ter como lastro a posse de armas de
destruição planetária, como agora. Se os Estados Unidos, ou melhor,
Trump, quiser, por exemplo, fazer uma escada de plástico daqui até a
Lua, nada o impede disso fazer, pois tem o poder de emitir, sem
limites, cédulas de 500 dólares, tendo essas dois tipos de valor:
válido, conversível, para os alienados, tolos; papel em branco ou
explosivo, para outros...Para os primeiros são o que se poderia
chamar de “iscas virtuais”, cujo valor lembra miragens de um
homem alucinado e perdido no deserto...não representam nada...são
iscas virtuais, sem valor, picolé de fumaça na linguagem das
crianças... Quanto aos que têm qualquer coisa na cabeça, vão preferir
“apostar no caos”, a negociar com esses papéis...(Que o mais
despudorado economista canalha do sistema venha a público me
desmentir). Sem valer mais nada até que a vitória numa terceira
guerra mundial venha reconfirmá-lo, o dólar hoje se impõe pela
alienação de uns, e pelas armas dos exércitos norte-americano e da
Otan.

Conclusão

Ressalvando que o povo não pediu que nosso aventureiro lhe satisfizesse a
necessidade de sapato (o capitalismo não respeita o coletivo) observemos
que o arranjo produtivo original parte diretamente da constatação de um
tipo de necessidade entre o povo, ou seja, visa a atender as necessidades de
um importante segmento da sociedade, no caso, os agricultores produtores
de trigo. À medida que o esquema dá certo em todos os contextos, ou seja,
planetariza-se, o descobrir ou inventar necessidades manipulando o
imaginário do povo é rapidamente posto em prática pelos detentores de
capital, os financistas, que, de posse da moeda, sua “isca”, podem
controlar todas as variáveis do processo produtivo, todas as variáveis de
todos os processos sociais, para que as pessoas, em função da classe
social que lhes é atribuída, tenham pauta de necessidades POR ESTE
SETOR PRÉ-ELABORADA cuja satisfação seja fator/causador da auto-
regulação subordinada, isto é, da naturalização do viver sob escravidão:
– os que podem ter avião e comer caviar, naturalmente, pela naturalização
da relação senhor/escravo, se sentem à vontade, justos e íntegros diante
dos que não têm o que comer, que por seu turno evangelizam-se em massa
para considerarem o inferno de suas vidas como manifestação do sagrado.
É quando a vida das abelhas não têm nada a ver com a vida do verde na
Terra, ou a vida das baleias, com a vida infinitamente azul dos oceanos.

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