Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Resumo do artigo:
O conceito de “democracia racial” foi erguido no Brasil no começo do século XX e tem servido desde
então como forma de mascaramento do racismo brasileiro. Apesar das críticas surgidas
posteriormente, ainda hoje tal conceito influencia de forma profunda as práticas pedagógicas e o dia a
dia nas escolas brasileiras em pleno século XXI, sendo, inclusive, um sinal de que a escola também
pode ser utilizada como ferramenta de difusão das ideias aceitas pelas classes dominantes. Tendo em
vista o exposto, o presente artigo visa analisar o processo de construção das identidades e as
singularidades que atravessam a formação das subjetividades a partir das relações de poder dentro do
ambiente escolar brasileiro contemporâneo. A abordagem da pesquisa foi feita a partir de um estudo
analítico-descritivo, desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica, focando-se na análise da
genealogia do poder, presente na coletânea “Microfísica do Poder” de Michel Foucault, assim como na
genealogia da identidade, presente na obra “A identidade cultural na pós-modernidade” de Stuart Hall.
A partir das perspectivas de Boaventura Sousa Santos e Stuart Hall sobre a questão da identidade na
pós-modernidade, não se deve reduzi-la unicamente ao conceito de etnia, ou qualquer outro conceito
unificado e fixo, mas sim compreendê-la dentro de uma dimensão política que também perpassa pela
ideia de cultura, cujas lutas de determinados grupos pela sua autonomia cultural alteram-se em
sintonia com a realidade dada, que jamais é estática. De acordo com a visão de Foucault, pode-se
aferir que pensar a educação e a escola significa avaliar o processo de construção do modelo de escola
disciplinar a partir das disposições tanto epistemológicas quanto das relações de poder que se
instituíram a partir da modernidade, gerando subjetividades e individualidades. Sendo assim, educação
escolar de qualidade deve necessariamente ter em seu cerne um diálogo franco sobre as relações
possíveis entre as questões étnico-raciais e as questões das desigualdades sociais, e a partir desse
diálogo será possível estimular a formação da identidade individual e coletiva entre os estudantes.
INTRODUÇÃO
Pode-se dizer que, como uma tentativa de tratar da miscigenação étnica e cultural
na história brasileira,
(83) 3322.3222
contato@joinbr.com.br
www.joinbr.com.br
“(...) erigiu-se no Brasil o conceito de democracia racial; segundo esta, pretos e
brancos convivem harmoniosamente, desfrutando iguais oportunidades de
existência. (...) A existência dessa pretendida igualdade racial constitui o ‘maior
motivo de orgulho nacional’ (...) No entanto, devemos compreender democracia
racial como significando a metáfora perfeita para designar o racismo estilo
brasileiro: não tão óbvio como o racismo dos Estados Unidos e nem legalizado qual
o apartheid da África do Sul, mas eficazmente institucionalizado nos níveis oficiais
de governo assim como difuso no tecido social, psicológico, econômico, político e
cultural da sociedade do país.” (NASCIMENTO, 1978, pp 41 e 92)
Essa “democracia racial” ainda influencia de forma profunda as práticas
pedagógicas e o dia a dia nas escolas brasileiras em pleno século XXI, sendo, inclusive, um
sinal de que a escola também pode ser utilizada como ferramenta de difusão das ideias aceitas
pelas classes dominantes.
IDENTIDADE NA PÓS-MODERNIDADE
“as identidades culturais não são rígidas nem, muito menos, imutáveis. São
resultados sempre transitórios e fugazes de processo de identificação. Mesmo as
identidades aparentemente mais sólidas, como a de mulher, homem, país africano,
país latino-americano ou país europeu, escondem negociações de sentido, jogos de
polissemia, choques de temporalidades em constante processo de transformação,
responsáveis em última instância pela sucessão de configurações hermenêuticas que
de época para época dão corpo e vida a tais identidades. Identidades são, pois,
identificações em curso.”
Ao tratar da questão da identidade na pós-modernidade, Stuart Hall (2005) aponta
para um declínio das “velhas identidades”, o que gerou novas identidades que romperam e
fragmentaram o indivíduo moderno, tido como sujeito unificado até então, e com isso houve
ainda mais instabilidade nas referências sociais que norteavam os indivíduos.
“(...) as identidades nacionais não são coisas com as quais nós nascemos, mas são
formadas e transformadas no interior da representação. Nós só sabemos o que
significa ser inglês" devido ao modo como a "inglesidade" (Englishness) veio a ser
representada — como um conjunto de significados — pela cultura nacional inglesa.
Segue-se que a nação não é apenas uma entidade política mas algo que produz
sentidos — um sistema de representação cultural. As pessoas não são apenas
cidadãos/ãs legais de uma nação; elas participam da idéia da nação tal como
representada em sua cultura nacional. Uma nação é uma comunidade simbólica e é
isso que explica seu "poder para gerar um sentimento de identidade e lealdade"
(HALL, 2005, p. 48-49)
Sendo constituídas tanto de instituições culturais quanto de símbolos e
representações, as culturas nacionais são “um discurso — um modo de construir sentidos que
influencia e organiza tanto nossas ações quanto a concepção que temos de nós mesmos”
(HALL, 2005, p.50). Tem-se, então, que
“As culturas nacionais, ao produzir sentidos sobre "a nação", sentidos com os quais
podemos nos identificar, constroem identidades. Esses sentidos estão contidos nas
estórias que são contadas sobre a nação, memórias que conectam seu presente com
seu passado e imagens que dela são construídas.” (HALL, 2005, p. 51)
SUBJETIVIDADE E SUBJETIVAÇÃO
Esse cárcere em que a escola foi sendo moldada tem sua origem traçada por
Foucault nas sociedades disciplinares do século XVIII, quando deu-se início no mundo
ocidental a prática de distribuição dos indivíduos em locais desenvolvidos por meio de
técnicas de enclausuramento onde todas as atividades tinham tempo e espaço controlados por
uma organização hierarquizada. Neste contexto, o processo de ensino-aprendizagem pôde ser
normatizado, pois
METODOLOGIA
(83) 3322.3222
contato@joinbr.com.br
www.joinbr.com.br
identidade, presente na obra “A identidade cultural na pós-modernidade” de Stuart Hall.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
" (...) a mestiçagem, como articulada no pensamento brasileiro entre o fim do século
XIX e meados deste século, seja na sua forma biológica (miscigenação), seja na sua
forma cultural (sincretismo cultural) desembocaria numa sociedade inicial e
unicultural. Uma tal sociedade seria construída segundo o modelo hegemônico racial
e cultural branco, ao qual deveriam ser assimiladas todas as outras raças e suas
respectivas produções culturais. O que subentende o genocídio e o etnocídio de
todas as diferenças para criar uma nova raça e uma nova civilização brasileiras,
resultantes da mescla e da síntese das contribuições dos 'stocks' raciais originais. Em
nenhum momento se discutiu a possibilidade de consolidação de uma sociedade
plural em termos de futuro, já que o Brasil nasceu historicamente plural."
(MUNANGA, 1997, p.151)
Ainda sobre tais questões étnico-raciais Gadea aponta que
(83) 3322.3222
contato@joinbr.com.br
www.joinbr.com.br
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Se a escola tem como objetivo claro a formação integral de cidadãos, então, cabe
a instituição escolar o dever de proporcionar um ambiente onde o educando sinta-se
respeitado e aprenda a valorizar sua própria identidade porque, nas palavras de Paulo Freire
(2002), “ensinar exige reconhecimento e assunção da identidade cultural”. Assim sendo,
educação escolar de qualidade deve necessariamente ter em seu cerne um diálogo franco
sobre as relações possíveis entre as questões étnico-raciais e as questões das desigualdades
sociais, e a partir desse diálogo será possível estimular
(83) 3322.3222
contato@joinbr.com.br
www.joinbr.com.br
a formação da identidade individual e coletiva entre os estudantes.
REFERÊNCIAS
(83) 3322.3222
contato@joinbr.com.br
www.joinbr.com.br
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro - a formação e o sentido do Brasil. 2. ed. São Paulo,
Companhia das Letras, 1995.
___________. Os Brasileiros: Livro I – Teoria do Brasil. Petrópolis: Vozes, 1978.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela mão de Alice. O social e o político na pós-modernidade. 7.ed.
São Paulo: Cortez, 1999.
(83) 3322.3222
contato@joinbr.com.br
www.joinbr.com.br