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Educação
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Fundamentos
da Educação mesma. Criou-se, inclusive, uma idéia de que pensar é coisa para quem
em Artes
estuda, sendo comum dizer que estudar é uma obrigação de quem vai à
Unidade 2
Arte e educação escola. Precisamos desmistificar essa questão. Segundo Brandão, ninguém
escapa da educação.
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Fundamentos
da Educação
compreender a inserção da arte nos processos educativos, sendo em Artes
exemplo, podemos chegar à seguinte pergunta: como pode haver uma Unidade 2
Arte e educação
educação libertadora numa sociedade desigual, onde as contradições
presentes na relação entre o capital e o trabalho se refletem na ação
pedagógica escolar? Não pretendemos respondê-la. Queremos apenas
deixá-la como ponto reflexivo. Deixaremos que Freire, novamente, nos
dê uma pista para que possamos perceber melhor o quanto se faz
urgente uma transformação prática no processo educativo formal e,
consequentemente, em nosso sistema educacional oficial. Este estudioso
da educação ao discorrer sobre o autoritarismo da escola, no caso do
Brasil, faz uma analogia com a própria política brasileira. Ele diz:
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A
Para os alunos a escola é um lugar no qual eles não se sentem
bem nem à vontade. Mesmo aqueles que, fora da escola, são
faladores, espertos, curiosos e alegres, dentro da sala de aula com
vão ficando calados, passivos e tristes [...]. Para a escola, só
existe e só tem valor o saber transmitido pela professora ou unic
então que está nos livros. O que é importante para a escola ação
é a língua bem falada e o raciocínio abstrato. É por isso que ela
valoriza tanto a gramática e a matemática. Ela também se calc
preocupa com a história, a geografia e as ciências naturais. Mas
todas essas matérias são ensinadas como se não tivesse nada que
ada
ver com a vida das pessoas. A escola não estimula ninguém para na
explorar e conhecer bem o lugar onde vive e prefere falar de
lugares longínquos. Ela não se interessa pelas coisas que estão lingu
acontecendo e prefere falar das coisas do passado. A escola não
age
procura conhecer nem valorizar tudo aquilo que a criança já sabe,
toda sua experiência de vida que ela aprendeu em casa e na rua e m
que ela traz para a escola. Para a escola, a criança não sabe nada,
não traz nada de positivo, bem ao contrário. Ela traz uma maneira verb
de falar e uma maneira de se comportar que precisam ser al
corrigidos. Sem se sentir apoiada e ajudada pela professora, a
criança, aos poucos, vai-se convencendo de que evid
é realmente incapaz de aprender. Ela se torna desinteressada e
distraída ou então rebelde e agressiva (1984, p. 62).
enci
a
conc
Há um ponto convergente entre os estudiosos da educação: a
eitos
escola precisa tornar-se democrática e dinamizar uma ação pedagógica
,
que valorize as experiências vividas pelo educando, sendo este o elo
class
comum entre os processos educativos formais e informais. Freire, por
ifica
exemplo, adverte:
ções
Somente uma escola centrada democrativamente no seu ,
educando e na sua comunidade local, vivendo as suas signi
circunstâncias, integrada com os seus problemas, levará os seus
estudantes a uma nova postura diante dos problemas de seu ficaç
contexto: a da intimidade com eles, a da pesquisa, em vez da
mera, perigosa e enfadonha repetição de trechos e de
ões
afirmações desconectadas das suas condições mesmas de vida e
(1982, p. 37).
valor
es
simb
ólico
Comunicação e expressão
s. A
Inicialmente, precisamos estabelecer a distinção entre as duas lingu
principais formas de comunicação: a linguagem verbal (inclui também a age
escrita) e a expressão (também chamada de comunicação não-verbal). m
Esta distinção se faz necessária porque precisamos situar a é fei
atividade artística como um meio de comunicação. É necessário ta
demonstrar de que forma a comunicação entre o artista e o apreciador, de
pela obra de arte, se dá e a qual a importância desse diálogo. símb
Os seres humanos se relacionam entre si por meio de um olos
processo de emissão e de recepção de mensagens. Nesse processo há, no e
mínimo, dois interlocutores: o agente que emite e o agente que recebe a sign
mensagem. Esse diálogo interativo e inteligível chama-se comunicação. os
convencionados pelos seres humanos, visando criar um modo único de Fundamentos
da Educação
Unidade 1
linguagem deve transmitir conceitos de modo a evitar ambiguidades e Concepções
sobre Arte
conotações duplas. Convencionou-se, por exemplo, que o signo
linguístico “mesa” (a palavra), em língua portuguesa, significa uma
determinada estrutura retangular, ou circular, basicamente de madeira
ou de ferro, cuja superfície serve como suporte para colocar objetos. Já
na língua inglesa, convencionou-se que o mesmo objeto fosse
representado pelo signo table (a palavra).
Neste sentido, se utilizarmos a linguagem para enviar uma
mensagem para dizer, por exemplo, que a mesa está cheia, só haverá
comunicação se o receptor da mensagem compreender os signos linguísticos
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Fundamentos
da Educação
em Artes (no caso palavras) empregadas. Mesmo assim, deve-se evitar
Unidade 1 ambiguidade ou duplo sentido no que foi dito.
Concepções
sobre Arte Em síntese, a comunicação através da linguagem deve ser
adequada àqueles que estão envolvidos neste processo, para que o receptor
da mensagem compreenda o significado explícito do que o emissor desejou
comunicar. Exatamente por isso, devem-se evitar, no uso da linguagem,
expressões que carreguem duplo sentido, como por exemplo, “fulano deu
um tiro no pé!”. De que pé se está falando: de fruta, da mesa ou da própria
pessoa? Outro exemplo: “Amarra-se o burro onde o pai do burro manda.” De
que burro o emissor está falando? Nesses casos, é melhor mudar os
exemplos para se fazer entendido. Ou seja, existem exemplos melhores.
Na comunicação através da expressão não há significado
explícito, exato. Há demonstração, indicação, gesto. Na expressão
sempre haverá margem para a interpretação do receptor. O riso, por
exemplo, não exprime só alegria, como a maioria das pessoas pensa. Ele
pode também indicar nervosismo, ironia, entre outras denotações.
Na expressão não se transmite um significado explícito, mas
se indicam sensações e sentimentos. A expressão é ambígua e depende
da interpretação daquele que a percebe. Assim, a expressão é uma
forma de comunicação perceptiva, sensível. Está ligada aos sentidos e às
possibilidades de transmissão de sentimentos, de desejos e ansiedades,
que não são necessariamente traduzíveis por linguagem. Aliás, como
comunicar sentimentos através da linguagem?
É comum presenciarmos situações em que pessoas não conseguem
dizer em palavras o que sentem. Existe até uma expressão bem
popular no Brasil que retrata bem o ápice da emoção de uma
pessoa: “eu não tenho nem palavras para explicar o que estou
sentindo neste momento!”. Desta forma, podemos concluir que a
expressão interage com a linguagem verbal, completando a
comunicação, isto é, ambos os conceitos não são estanques, já
que se dinamizam.
Dissemos que a linguagem é conceitual, portanto, incapaz de
descrever sentimentos. Ela pode até nomeá-los, classificá-los, mas não
explicitá-los. Desta forma, uma mãe poderia perguntar a um filho o
tamanho, a dimensão e a profundidade do seu amor, ou seja, o quanto
ele a ama. Isso seria impossível responder com palavras, com conceitos,
a menos que o filho pudesse utilizar-se de alguma unidade de medida
possível de ser inteligível, como dizer que ele a ama “20 DMS”, “80 km”
ou “500 ML”. Mas como isso não seria possível, certamente, gestos de
carinho, demonstrações de obediência, seria a indicação expressiva da
qualidade daquele sentimento.
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Pois bem, o sentido de expressão que estamos desenhando
tem a ver com emotividade e, consequentemente, com exprimir anseios,
desejos, sonhos e ideais. A expressão é uma necessidade vital do ser
humano. Mas o que tem a ver a arte com isso?
O entendimento de que a arte é expressão da sensibilidade
individual e coletiva (como símbolo e não como significado) confirma a
tese de Duarte Júnior quando afirma:
Referências
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Fundamentos
da Educação
em Artes DEWEY, J. Democracia e educação: introdução à filosofia da educação.
Referências São Paulo: Nacional, 1979.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS. Pró-reitoria de Ensino de
Graduação. Centro de Educação a Distância. Guia de referência para
produção de material didático em educação a distância. Organizado por
Zeina Rebouças Corrêa Thomé. Manaus: EDUA, 2007.