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Valeníim Facioli**
RESUMO
** São num eroso os estudos sobre Graciliano Ram os com os quais este estudo dialoga, direta ou
indirctatnetitc. Citá-los seria sobrecarregar inutilm ente o tacto dc m uitas notas, p or isso que
preferimos suprim i-las todas. Q uanto ás transcrições c referências às obras do próprio G ra
ciliano Ram os, d a s são facilm ente localizáreis nas edições correntes do escritor.
"Julgo que você entrou num mau caminho. Expôs uma criatura
simples, que lava roupa e faz renda, com as complicações inte
riores de menina habituada aos romances e ao colégio. As cabo
clas da nossa terra são meio selvagens, quase inteiramente selva
gens. Como pode você adivinhar o que se passa na alma delas?
Você não bate bilros nem lava roupa. Só conseguimos deitar no
papel os nossos sentimentos, a nossa vida. Arte é sangue, é
carne. Além disso não há nada. As nossas personagens são pe
daços de nós mesmos, só podemos expor o que somos. E você
não é Mariana, não é da classe dela. Fique na sua classe, apre
sente-se como é, nua, sem ocultar nada. Arte é isso. A técnica é
necessária, é claro. Mas se lhe faltar técnica, seja ao menos sin
cera. Diga o que é, mostre o que é. Você tem experiência e está
na idade de começar. A literatura é uma horrível profissão, em
que só podemos principiar tarde; indispensável muita observa
ção. Precocidade cm literatura é impossível: isto não é música,
não temos gênios de dez anos."
Mas não era e não foi pouco. Os três narradores que vamos
observar em seguida podem ser aproximados, apesar da enorme di
ferença de expressão e construção literárias entre cies, por um fio
comum: a relação ea compreensão que têm da propriedade burguesa e
a correspondente sociabilidade que ela engendra. A disputa pela pro
priedade e suas conseqüências sociais, políticas e éticas, parece cons
tituir o núcleo temático comum a 5. Bernardo, Angústias Memórias do
cárcere, não se tratando estritamcnle dos meios materiais de vida mas
também do capital simbólico; enfim, da economia política tomada em
suas múltiplas implicações. Pode-se dizer que Paulo Honório, Luís da
Silva e o próprio Graeiliano Ramos vivem condições concretas c par
ticulares que podem ser tomadas com significação geral do processo de
modernização da propriedade e da acumulação do capital privado no
Brasil.
" Creio que nem sempe fui egoísta e brutal. A profissão 6 que me
deu qualidades tão ruins.
E a desconfiança terrível que me aponta inimigos em toda
a parte!
A desconfiança é também conseqüência da profissão.'1
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