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PNL e autoajuda corporativa

18/11/2014 - 10H11 - por Carlos Orsi

fonte: http://revistagalileu.globo.com/blogs/olhar-cetico/noticia/2014/11/pnl-autoajuda-
corporativa-funciona.html

Semana passada, escrevi sobre a massa de evidência científica de que a Programação


Neurolinguística (PNL) não funciona, mas encerrei o artigo notando que técnicas derivadas desse
tronco original ainda são populares no mundo corporativo. O que deixa no ar a questão: por
quê? O pessoal gosta de rasgar dinheiro?

Na verdade, há uma constatação antiga de que, em geral, doutrinas esotéricas, psicoterapêuticas


ou de autoajuda não precisam ser verdade para “funcionar” num certo nível superficial. Isso
acontece porque muitas vezes o cliente não tem nenhum problema que não fosse passar de
qualquer jeito, ou porque todo o jargão da tal “técnica científica avançada” não faz muito mais
do que disfarçar umas poucas pérolas de bom-senso, o tipo de conselho que a sua avó poderia
lhe dar, além de fornecer uma meia-dúzia de palavras de ordem motivadoras.

A diferença entre o bom-senso da vovó e os livros, palestras e “boot camps” da indústria


corporativa da autoajuda é, fundamentalmente, de embalagem. A vovó – ou, ao menos, a
maioria das vovós – não anda por aí de terno e gravata, não cobra por hora e não disfarça seus
pingos de sabedoria com linguagem pseudocientífica. Como escreve o filósofo Dale Beyerstein,
muita autoajuda “pega carona” em conceitos científicos legítimos, tensionando-os e
distorcendo-os até os limites da plausibilidade, e além.

Os problemas de toda essa “mistificação plausível” são vários. O mais óbvio é a questão da
alocação de recursos: já trabalhei em empresa que, ao mesmo tempo em que realizava
demissões em massa, pagava para a equipe de TI jogar paintball e mandava os executivos
passarem fins de semana em hotéis onde eram orientados a rugir como leões – para despertar a
agressividade necessária aos negócios, talvez?

O segundo é a ilusão de ganho de eficiência, que vem do aumento pontual na motivação e no


entusiasmo. “Praticamente qualquer esforço motivacional paga dividendos no moral de curto-
prazo”, escreve o jornalista Steve Salerno, autor do livro SHAM, uma reportagem-denúncia sobre
a indústria de autoajuda. “Mas a euforia não dura, e raramente aparece de modo demonstrável
no balanço, porque o esforço motivacional não mudou nada de específico na forma como as
pessoas executam suas tarefas”. Um guru de autoajuda entrevistado por Salerno disse os
benefícios de seu programa são “largamente inexprimíveis. Você sente alguma coisa se ligar
dentro de você”.

Companheiro constante da motivação fugaz, o entusiasmo exagerado, por sua vez, traz a ilusão
de potência – ou de “empoderamento”, para ficar no jargão atual. Convencer uma pessoa de que
ela é capaz de conseguir qualquer coisa, desde que se esforce o suficiente, é, além de falso,
profundamente cruel: ignora fatores como sorte e talento, para começo de conversa. E torna as
inevitáveis frustrações muito mais difíceis de engolir.

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