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Amanda Belisário
Evandro de Araújo
Guilherme Afonso Pompeo
Guilherme Ferreira
Renaldo Mazaro
O romance, por seu turno, tendeu, numa fase inicial, a privilegiar a aura fatal da paixão.
Algumas das narrativas de maior impacto no dealbar do Romantismo tematizam amores
funestos que se desenvolvem de forma autodestrutiva e assombrada pela ideia da morte
(Eros-Thanatos é um mito persistente).
Libertação Estilística
O Romantismo é oposição ao Classicismo dada a liberdade da criação existente nesse
novo estilo que dispensa as regras exaltadas pelos clássicos e, inclusive, faz uso de uma
linguagem muito próxima à coloquial.
Subjetivismo
Valorização de opiniões e expressão de pensamento de acordo com as percepções
individuais em detrimento da objetividade.
Sentimentalismo
Exaltação dos sentimentos, em detrimento do racionalismo. Há uma forte expressão de
tristeza, melancolia e saudade.
Idealização
Visão ideal das coisas, que não são vistas de forma verdadeira, mas idealizadas,
perfeitas.
Nacionalismo ou Patriotismo
Como uma forma de recuperar o orgulho português e os seus valores, a pátria é
exaltada, destacando-se apenas suas qualidades.
Culto ao Fantástico
Forte tendência para a fantasia, para os sonhos, em detrimento à razão.
Culto à Natureza
Forte tendência para expressar sentimentos situando-os em ambientes naturais.
Saudosismo
Necessidade de refugiar-se no passado, com forte expressão de melancolia e saudade.
Segundo Sobreira, “Um dos aspectos que singulariza Camilo Castelo Branco é o
cabedal da sua obra. Além de ter publicado abundantemente, ele atuou em diversos
gêneros de escrita. Foi ao mesmo tempo poeta, teatrólogo, romancista, crítico, editor e
tradutor. A sua extensa produção supera uma centena de títulos. Para ilustrar, entre os
anos de 1863 e 1865 Camilo publica doze romances, oito volumes de memórias, críticas
e narrativas, dois volumes de poesia e uma comédia.
António José Saraiva e Óscar Lopes, em sua História da Literatura Portuguesa, traçam
um quadro evolutivo em que a ficção camiliana aparece dividia em três estágios. O
primeiro, que vigorou até meados de 1850, seria marcado por uma obra ainda pouco
distinta em relação às tendências de ficção em prosa vigentes em Portugal. Nesse
momento, Camilo teria escrito, sob a influência de Alexandre Herculano, alguns
folhetins de cunho histórico e moralista; dos escritores românticos franceses, obras em
que predominava o tom idealista; e dos pré-românticos ingleses, o romance negro de
aventuras e o melodrama.
redutor definir a
Gérard Genette (1987) considera
Zona que se situa, portanto, entre o texto e o além-texto, mas sem demarcação precisa, o
paratexto é um espaço onde se misturam duas séries de códigos: o social, em seu
aspecto publicitário, e os códigos produtores e reguladores do texto. Acerca desse
caráter ambivalente, Genette assinala que o paratexto não é somente uma zona de
transição, mas de transação, em que se operam estratégias pragmáticas cuja finalidade é
desencadear, no público, o acolhimento do texto e, consequente, leitura do mesmo. Sob
a ótica do autor e de seus aliados, espera-se que essa leitura seja a mais pertinente e
favorável. (p.01)
Na ficção camiliana sobejam
ocorrências paratextuais. (...) A
“Faz-me tristeza pensar que eu floresci nesta futilidade da novela quando as dores da
alma podiam ser descritas sem grande desaire da gramática e da decência. Usava-se
então a retórica de preferência ao calão. (...) quem me dera ter antes desabrochado hoje
com os punhos arregaçados para espremer o pus de muitas escrófulas à face do leitor!
Naquele tempo, enflorava-se a pústula; agora, a carne com vareja pendura-se na
escápula e vende-se bem, porque muita gente não desgosta de se narcisar num espelho
fiel”.
Camilo não hesita em reconhecer que Amor de perdição pertence a uma etapa
"romântica" de sua produção literária
"a gênese dos trágicos acontecimentos do Amor de perdição" está "no caráter
contraditório de Simão, de que a violência é um dos polos"; por conseguinte, importa
"compreender o herói como um espírito eminentemente dual, conduzido por forças
antagônicas representadas pela luta entre os valores pessoais e as normas sociais” -
Como sintetiza Lênia Márcia Mongelli, "o móbil do crime é o entrecruzamento
conflitante de várias e antitéticas características do herói, habilmente manipuladas ao
longo da trama, e que se podem resumir em Amor e Dever x Individualidade"
“os heróis de Camilo são, via de regra, seres cindidos por apelos antagônicos, a movê-
los ora para o Bem, ora para o Mal, simulacros de anti-heróis prisioneiros de uma
condenação que vem de dentro, da própria Consciência . (...) essa organização pendular
é determinante que a trama das novelas a ela se submete, girando, invariavelmente, em
tomo de duas heroínas, boa/má, loira/morena, rica/pobre, etc., verdadeira representação
exterior da ambigüidade interna do herói.” (SAMYN : 2015)
porém, que os dois procedimentos não são estanques ou paralelos, mas coexistem
através de mútua interferência, em que a tragédia garante muitos de seus efeitos através
da comédia e vice-versa. (...) em Camilo, toma-se quase impossível falar de tragédia ou
comédia “pura”, no sentido rigoroso do termo. Diante dessa dualidade sufocante e
insolúvel, não lhe restava outra alternativa senão optar pela ironia
Simão não se haveria perdido por amor, mas por sua própria índole –, argumentando
que a "perdição" deriva do conflito entre a concepção burguesa do amor e as propensões
inatas ao protagonista.