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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.

314/2011-0

GRUPO I – CLASSE ___ – Primeira Câmara


TC 012.314/2011-0
Natureza: Aposentadoria
Entidade: Superintendência Estadual da Funasa em Santa Catarina
Interessados: Aurino Pedro Carvalho (082.277.729-00); Irineu
Angelo Seola (245.675.239-20); Joao Basilicio de Souza
(200.251.069-53); Jose Luiz Pereira (245.402.009-25); José Luiz
Pereira (245.402.009-25)
Advogado constituído nos autos: não há

SUMÁRIO: APOSENTADORIA. FUNASA/SC. PERDAS


DECORRENTES DE PLANOS ECONÔMICOS. SENTENÇA
JUDICIAL. OPONIBILIDADE DA “RES JUDICATA” AO
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. IMPOSSIBILIDADE DE
REDISCUSSÃO DE CONTROVÉRSIA JÁ APRECIADA EM
DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO. ABSOLUTA
IMPORTÂNCIA DA CONCRETA VERIFICAÇÃO DOS
LIMITES DA COISA JULGADA. A SENTENÇA TEM FORÇA
DE LEI APENAS NOS LIMITES DA LIDE E DAS QUESTÕES
NELA DECIDIDAS. ART. 486 DO CPC. A COISA JULGADA
APENAS ALCANÇA O ESTADO DE COISAS SOBRE O QUAL
INCIDE A SENTENÇA, NÃO SE ESTENDENDO A
INOVAÇÕES SUPERVENIENTES. TUDO O QUE OCORRE
APÓS A DECISÃO ESTÁ FORA DO ALCANCE DA
SENTENÇA E DA COISA JULGADA, POR TRATAR-SE DE
DADOS A CUJO RESPEITO NÃO SE EXERCEU A COGNITIO
E AINDA MENOS A IUDICIUM. NO CASO CONCRETO, A
COISA JULGADA NÃO CONSTITUI ÓBICE À POSTERIOR
ALTERAÇÃO DO REGIME JURÍDICO, NEM GERA DIREITO
ADQUIRIDO À SUA IMUTABILIDADE. LEI ULTERIOR PODE
ALTERAR A ORGANIZAÇÃO OU A ESTRUTURA DE
CARGOS E CARREIRAS. PARCELAS CONCEDIDAS POR
DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO PODEM SER
EXTINTAS OU ABSORVIDAS EM RAZÃO DE
MODIFICAÇÕES LEGISLATIVAS POSTERIORES, UMA VEZ
EVITADO O DECESSO REMUNERATÓRIO. AUSÊNCIA DE
COMPENSAÇÃO DAS RUBRICAS EM FACE DA
IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE CARREIRA
SUPERVENIENTES. NÃO IMPLEMENTO DOS REQUISITOS
PARA APOSENTADORIA COM FUNDAMENTO NA EC
20/1998. LEGALIDADE DE UMA CONCESSÃO. REGISTRO.
ILEGALIDADE DAS DEMAIS. NEGATIVA DE REGISTRO.
DETERMINAÇÕES.

1. A imutabilidade dos efeitos da sentença está vinculada à situação


existente ao tempo em que a decisão foi prolatada. Nem mesmo a
força do julgado pode impedir que fatos novos produzam as
consequências que lhes são próprias. Em hipótese nenhuma, coisa
julgada material pode significar imunidade a fatos supervenientes.

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2. A coisa julgada, como situação jurídica (res) regulada pela


sentença como norma singular e concreta (iudicata), alcança
apenas o estado de coisas sobre o qual incide a sentença, não se
estendendo a inovações supervenientes, como a que decorre de
lei ulterior que altere a organização ou a estrutura de cargos e
carreiras, cujo regime jurídico não é imutável e perpétuo, nem gera
direito adquirido à sua eterna permanência ou subsistência (RE
559.019/SC, Relator Min. Cezar Peluso).
3. Não havendo prova de desrespeito à garantia da irredutibilidade
de vencimentos, a coisa julgada não constitui óbice à alteração do
regime jurídico (MS nº 26980-DF, Relator Min. Carlos Ayres
Britto).
4. Uma vez alterado o regime jurídico de determinada carreira, não
há falar em direito adquirido à estrutura remuneratória, devendo ser
suprimidas as parcelas remuneratórias não albergadas pelo novo
regime, preservando-se, contudo, o montante nominal da
remuneração.
5. Não há ofensa à coisa julgada quando a antecipação de reajuste
decorrente de perdas de planos econômicos, determinada em
sentença, vem a ser absorvida pela instituição de nova estrutura de
carreira, cargos ou salários, devidamente preservados de decessos
remuneratórios.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, a instrução da Secretaria de Fiscalização de Pessoal, com quem se


manifestou de o Ministério Público:
“INTRODUÇÃO
1. O presente processo trata da análise dos atos de concessão de aposentadoria de AURINO
PEDRO CARVALHO (CPF: 082.277.729-00), IRINEU ANGELO SEOLA (CPF: 245.675.239-20),
JOAO BASILICIO DE SOUZA (CPF: 200.251.069-53) e JOSE LUIZ PEREIRA (CPF: 245.402.009-
25), ex-servidores da Superintendência Estadual da FUNASA em Santa Catarina. Os referidos atos
foram analisados de acordo com a sistemática implantada pela IN TCU 55/2007.
EXAME TÉCNICO
2. Nos atos em epígrafe foram constatadas as seguintes irregularidades:

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3. Cabe destacar que os atos constantes do processo em epígrafe deram entrada no TCU há
menos de cinco anos, motivo pelo qual não se faz necessária a realização de oitiva dos interessados
conforme o entendimento balizado por meio do Acórdão 587/2011-Plenário.
Ato de alteração de concessão de aposentadoria de Aurino Pedro Carvalho
4. Com relação ao ato de interesse de AURINO PEDRO CARVALHO (CPF: 082.277.729-
00), vale mencionar que o referido ex-servidor aposentou-se em 31/1/1996, com fundamento no art.
40, III, alínea ‘c’ da CF/88, qual seja: Aposentadoria voluntaria, com proventos proporcionais ao
tempo de serviço, aos trinta anos de serviço, se homem, e aos vinte e cinco, se mulher.
5. Por este fundamento, o interessado teve seus proventos de aposentadoria calculados com
base na remuneração do cargo efetivo em que se deu sua aposentadoria. Além disso, os referidos
proventos eram reajustados com paridade, na forma do art. 40, § 4º da CF/88, na sua redação original,
in verbis: Os proventos da aposentadoria serão revistos, na mesma proporção e na mesma data,
sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade, sendo também estendidos aos
inativos quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos servidores em atividade,
inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se deu
a aposentadoria, na forma da lei.
6. Cabe destacar que já há um ato inicial concedendo a referida aposentadoria em favor do
interessado. O referido ato, de nº 10236740-04-1996-000011-3, foi julgado legal nos autos do TC-
006.333/1997-4, concedendo aposentadoria à razão de 31/35 avos.
7. Contudo, em 15/6/2005, foi registrado o ato de alteração em análise, de nº 10236740-04-
2005-000007-6, com o objetivo de incluir em favor do interessado o tempo de 3 anos, 1 mês e 24 dias,
exercidos em atividade insalubre, relativo ao período compreendido entre 1/8/82 a 26/6/90, segundo as
informações do Controle Interno. Para maiores informações acerca do entendimento do TCU sobre a
contagem especial de atividade exercida em condições insalubres, penosas ou perigosas, recomenda-se
observar as considerações dos itens 66-73.
8. No caso em comento, de acordo com as informações do Controle Interno, a conversão do
tempo insalubre se deu em conformidade com a ORIENTAÇÃO NORMATIVA MPOG Nº 7, de 7 de
novembro de 2007, a qual estabelece orientação quanto aos procedimentos a serem adotados para a
contagem de tempo de serviço e de contribuição, especial ou não, para efeitos de aposentadoria do
servidor público regido pela Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
9. A Referida Orientação Normativa encontra-se plenamente alinhada ao entendimento do
Acórdão 2.008/2006 - TCU – Plenário, publicado no Diário Oficial da União de 6 de novembro de
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2006. Além disso, a averbação do tempo de 3 anos, 1 mês e 24 dias, se deu por força do Mandado de
Segurança nº 2001.72.001352-2, tramitado no TRF 4ª região.
10. Assim, a partir da averbação do referido tempo, o interessado passou a contar com os
seguintes tempos de serviço: 29 anos, 2 meses e 17 dias no órgão em que se deu a aposentadoria, 9
meses e 26 dias como militar, 6 meses de licença prêmio não gozada contada em dobro, além dos 3
anos, 1 mês e 24 dias já mencionados acima, obtidos por meio de justificação judicial. Somando-se os
referidos tempos, o ex-servidor pôde averbar o tempo total de serviço para a aposentadoria de 33 anos,
8 meses e 2 dias, fazendo jus a receber seus proventos de aposentadoria à razão de 33/35 avos.
11. Não é demais lembrar que o tempo de serviço militar é contado para todos os efeitos
(inclusive para aposentadoria), nos termos do art. 100 da Lei 8.112/1990. Quanto à possibilidade de se
contar em dobro a licença-prêmio, para fins de aposentadoria, convém considerar os comentários
constantes dos itens 80-87.
12. Vale destacar que, embora tenha sido registrado, no ato em análise, o tempo de 1 ano e 6
meses de licença-prêmio, o tempo correto da referida licença é de apenas 6 meses. Tal informação já
foi corrigida por meio de outro ato de alteração, que, embora já registrado no SISAC, com o nº
10236740-04-2012-000002-9, ainda encontra-se na pendência de parecer do Controle Interno.
13. Além disso, em consulta ao SIAPE (peça 1, pág. 1), esta Unidade Técnica constatou que o
interessado recebe atualmente seus proventos de aposentadoria à razão de 33/35 avos e com paridade,
conforme estabelecido pelo fundamento utilizado. Atualmente, a carreira da FUNASA é
regulamentada pela Lei 11.355, de 19/10/2006, a qual estruturou a carreira da Previdência, da Saúde e
do Trabalho, da qual são integrantes os servidores dos Quadros de Pessoal do Ministério da
Previdência Social, do Ministério da Saúde, do Ministério do Trabalho e Emprego e da Fundação
Nacional de Saúde (FUNASA).
14. Para maiores esclarecimentos acerca da carreira dos servidores da FUNASA, recomenda-
se considerar os comentários dos itens 88-107. Em síntese, convém dizer que os servidores ocupantes
dos cargos efetivos de Auxiliar de Saúde Pública, Agente de Saúde Pública e Guarda de Endemias da
FUNASA fazem jus às seguintes parcelas: Vencimento Básico, GDPST e GACEN.
15. No caso em comento, o ex-servidor ocupava, na atividade, o cargo de Agente de Saúde
Pública (Classe A – Padrão III), correspondente na Tabela de Correlação de Cargos (peça 2, pág. 2,
Anexo II - b) à Classe Especial, Padrão III. Além disso, o ex-servidor recebia uma parcela alusiva a
Gratificação de Adicional por Tempo de Serviço (GATS). Esta última rubrica está calculada como 30%
do Vencimento Básico.
16. Em consulta ao SIAPE (peça 1, pág. 1), esta Unidade Técnica constatou que o inativo está
recebendo seus proventos de aposentadoria com todas as parcelas calculadas de forma correta de
acordo com o fixado para a Classe Especial, Padrão III. Os cálculos foram realizados conforme
demonstrado por meio da tabela abaixo:

Parcela Vencimento GDPST GACEN GATS


Básico

Forma de Cálculo Anexo IV-A da Anexo IV-B da 50% do valor 30% do


Lei 11.355, Lei 11.355, constante no Art. Vencimento
Tabela-b (R$ Tabela-b (R$ 55-A da Lei Básico (R$
1.923,11) 11,94 x 50 = R$ 11.784/2008 (R$ R$ 1.923,11)
597,00) 721,00) = R$
360,50

Valor (R$) proporcionalizad proporcionalizad proporcionalizad 576,93


o (33/35 avos) o (33/35 avos) o (33/35 avos)

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1.813,21 562,88 339,90

17. Como não foram constatadas impropriedades ou irregularidades que maculem a concessão,
entendo ser possível propor o julgamento do ato em tela pela legalidade.
Ato inicial de concessão de aposentadoria de Irineu Angelo Seola
18. No que concerne ao ato inicial de IRINEU ANGELO SEOLA (CPF: 245.675.239-20), vale
dizer que o referido ex-servidor aposentou-se em 24/8/2005, com fundamento no art. 8º da EC 20/98,
qual seja: aposentadoria voluntária, com proventos integrais, atingida a idade mínima de 53 anos, se
homem, ou 48 anos, se mulher, cumprido o tempo mínimo de 5 anos no cargo em que se dará a
aposentadoria, contando com, no mínimo, 35 anos de contribuição, se homem, ou 30 anos, se mulher,
acrescido de um período adicional de contribuição equivalente a 20% do tempo de contribuição que
faltaria para a aposentadoria em 16.12.1998 (regras de transição).
19. Contudo, o referido fundamento esteve vigente apenas até a data de 31/12/2003, sendo que
até esta data, o interessado não atenderia satisfatoriamente a todos os requisitos necessários à
aposentadoria pelo fundamento utilizado.
20. Isto por que, até 31/12/2003, conforme se demonstra por meio da tabela abaixo, o
interessado não cumpriu o pedágio de 347 dias (faltaram 243 dias para tanto), nem a idade mínima de
53 anos.

Tempos Dias

Tempo de serviço antes da EC 20 11.038

Tempo de serviço após a EC 20 1.841

Tempo faltante, em 16/12/98, para a aposentadoria 1.737

Pedágio (20%) 347

Tempo faltante para o cumprimento do pedágio 243

Idade na data de 31/12/2003 52 anos, 3 meses e 15 dias

21. Assim, considerando que a aposentadoria se deu de forma voluntária, cabendo ao próprio
servidor escolher o fundamento que mais lhe convém, entendo não haver outro caminho senão propor
o julgamento do ato em tela pela ilegalidade, devendo-se esclarecer ao interessado que o mesmo
poderá retornar à atividade ou aposentar-se por outro fundamento.
22. Convém destacar que o interessado faz jus a aposentar-se pelo fundamento do art. 6º da EC
41/2003, in verbis:
Ressalvado o direito de opção à aposentadoria pelas normas estabelecidas pelo art. 40 da
Constituição Federal ou pelas regras estabelecidas pelo art. 2º desta Emenda, o servidor da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações,
que tenha ingressado no serviço público até a data de publicação desta Emenda poderá aposentar-
se com proventos integrais, que corresponderão à totalidade da remuneração do servidor no cargo
efetivo em que se der a aposentadoria, na forma da lei, quando, observadas as reduções de idade e
tempo de contribuição contidas no § 5º do art. 40 da Constituição Federal, vier a preencher,
cumulativamente, as seguintes condições:
I - sessenta anos de idade, se homem, e cinqüenta e cinco anos de idade, se mulher;
II - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;

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III - vinte anos de efetivo exercício no serviço público; e


IV - dez anos de carreira e cinco anos de efetivo exercício no cargo em que se der a aposentadoria.
23. Isto por que, na data de vigência da aposentadoria ora analisada, o ex-servidor contava com
36 anos, 11 meses e 11 dias de tempo de contribuição, satisfazendo as regras dos incisos I e II do
fundamento. Além disso, o interessado havia ingressado no cargo em 12/12/1990, e possuía mais de 29
anos de serviço público, quando da vigência da aposentadoria, cumprindo também os requisitos dos
incisos III e IV do fundamento do art. 6º da EC 41/2003.
24. Embora, na data da aposentadoria (24/8/2005), o interessado contasse com apenas 54 anos
de idade, o ex-servidor conta atualmente com mais 60 anos de idade, mais de 36 anos de tempo de
contribuição, mais de 29 anos no serviço público e mais de 14 anos no cargo em que se deu a
aposentadoria, cumprindo, na data atual, todos os requisitos para fazer jus à aposentadoria pelo
fundamento do art. 6º da EC 41/2003.
25. Por este fundamento, o servidor pode aposentar-se com a sua remuneração no cargo efetivo
em que se der a aposentadoria e com paridade, o que significa que seus proventos serão revistos na
mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em
atividade, sendo também estendidos ao mesmo quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente
concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou
reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria, tal qual como ocorre para o
fundamento do art. 8º da EC 20/98.
26. Contudo, devo ressalvar que o fundamento do art. 6º da EC 41/2003 não permite a
concessão de pensão civil com paridade, tendo em vista, que o referido benefício, ao ser instituído
após a data de 31/12/2003, será fundamentado no § 7º do art. 40 da CF/88, com a redação dada pela
EC 41/2003, c/c o art. 15 da Lei 10.887/2004, qual seja: Os proventos de aposentadoria e as pensões
de que tratam os arts. 1o e 2o desta Lei serão reajustados, a partir de janeiro de 2008, na mesma data
e índice em que se der o reajuste dos benefícios do regime geral de previdência social, ressalvados os
beneficiados pela garantia de paridade de revisão de proventos de aposentadoria e pensões de acordo
com a legislação vigente.
27. O interessado poderá pleitear ainda a aposentadoria pelo fundamento art. 3º da EC
47/2005, in verbis:

Art. 3º Ressalvado o direito de opção à aposentadoria pelas normas estabelecidas pelo art. 40 da
Constituição Federal ou pelas regras estabelecidas pelos arts. 2º e 6º da Emenda Constitucional nº
41, de 2003, o servidor da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas
suas autarquias e fundações, que tenha ingressado no serviço público até 16 de dezembro de 1998
poderá aposentar-se com proventos integrais, desde que preencha, cumulativamente, as seguintes
condições:

I- trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;

II- vinte e cinco anos de efetivo exercício no serviço público, quinze anos de carreira e cinco anos
no cargo em que se der a aposentadoria;

III- idade mínima resultante da redução, relativamente aos limites do art. 40, § 1º, inciso III,
alínea "a", da Constituição Federal, de um ano de idade para cada ano de contribuição que
exceder a condição prevista no inciso I do caput deste artigo.

Parágrafo único. Aplica-se ao valor dos proventos de aposentadorias concedidas com base neste
artigo o disposto no art. 7º da Emenda Constitucional nº 41, de 2003, observando-se igual critério

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de revisão às pensões derivadas dos proventos de servidores falecidos que tenham se aposentado
em conformidade com este artigo.

28. Neste caso, como já explicitado, o ex-servidor atende satisfatoriamente aos requisitos de
tempo de contribuição, tempo no cargo e tempo de efetivo exercício no serviço público. Quanto ao
requisito de tempo na carreira, o interessado também o atende satisfatoriamente, desde que considere o
tempo de serviço prestado à FUNASA em período anterior à Lei 8.112/1990. No que concerne ao
requisito de idade do servidor, aplica-se o mesmo raciocínio explicitado no item 24.
29. Pelo fundamento do art. 3º da EC 47/2005, o servidor pode aposentar-se com a sua
remuneração no cargo efetivo em que se der a aposentadoria e tanto os proventos de aposentadoria
como os de pensão futuramente instituídos serão reajustados com paridade, o que significa que serão
revistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores
em atividade, sendo também estendidos ao mesmo quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente
concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou
reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria, tal qual como ocorre para o
fundamento do art. 8º da EC 20/98.
30. Por fim, vale destacar também que foi averbado, em favor do interessado, o tempo de 6
anos, 9 meses e 11 dias, laborados em atividade insalubre, no período de 17/1/74 a 11/12/90, de
acordo com as informações do Controle Interno. No que tange à contagem especial de atividade
exercida em condições insalubres, penosas ou perigosas, vale considerar os comentários constantes dos
itens 66-73.
31. No caso em comento, de acordo com as informações do Controle Interno, a conversão do
tempo insalubre se deu em conformidade com a ORIENTAÇÃO NORMATIVA MPOG Nº 7, de 7 de
novembro de 2007, a qual estabelece orientação quanto aos procedimentos a serem adotados para a
contagem de tempo de serviço e de contribuição, especial ou não, para efeitos de aposentadoria do
servidor público regido pela Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
32. A Referida Orientação Normativa encontra-se plenamente alinhada ao entendimento do
Acórdão 2.008/2006 - TCU – Plenário, publicado no Diário Oficial da União de 6 de novembro de
2006. Além disso, a averbação do tempo de 6 anos, 9 meses e 11 dias, se deu por força do Mandado
de Segurança nº 2000.72.00.00.1628-2, tramitado no STF.
33. Por este motivo, entendo ser legal a conversão do tempo de 6 anos, 9 meses e 11 dias,
laborados em atividade insalubre, em favor do interessado, podendo o referido tempo ser averbado
para fins de sua aposentadoria.
Ato inicial de concessão de aposentadoria de João Basilicio de Souza
34. Com relação ao ato de interesse de JOAO BASILICIO DE SOUZA (CPF: 200.251.069-
53), vale dizer que o referido ex-servidor aposentou-se em 16/5/2005, com fundamento no art. 40, III,
alínea ‘a’ da CF/88 c/c art. 3º da EC 20/98, qual seja: Aposentadoria voluntária, com proventos
integrais, aos 35 anos de serviço, se homem, e aos 30 anos, se mulher. Direito assegurado aos
servidores públicos que até 16/12/98 tenham cumprido os requisitos para obtenção do benefício com
base nos critérios da legislação até então vigente (regra do direito adquirido).
35. Ocorre que, até a data de 16/12/1998, o interessado não cumpriria todos os requisitos para
aposentar-se pelo fundamento utilizado. Isto por que, em 16/12/1998, o interessado contava com
apenas 29 anos, 3 meses e 29 dias, não fazendo jus, na época, nem à aposentadoria com proventos
proporcionais.
36. Assim, considerando que a aposentadoria se deu de forma voluntária, cabendo ao próprio
servidor escolher o fundamento que mais lhe convém, entendo não haver outro caminho senão propor

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o julgamento do ato em tela pela ilegalidade, devendo-se esclarecer ao interessado que o mesmo
poderá retornar à atividade ou aposentar-se por outro fundamento.
37. Convém destacar que o interessado faz jus a aposentar-se pelo fundamento do art. 6º da EC
41/2003, in verbis:
Ressalvado o direito de opção à aposentadoria pelas normas estabelecidas pelo art. 40 da
Constituição Federal ou pelas regras estabelecidas pelo art. 2º desta Emenda, o servidor da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações,
que tenha ingressado no serviço público até a data de publicação desta Emenda poderá aposentar-
se com proventos integrais, que corresponderão à totalidade da remuneração do servidor no cargo
efetivo em que se der a aposentadoria, na forma da lei, quando, observadas as reduções de idade e
tempo de contribuição contidas no § 5º do art. 40 da Constituição Federal, vier a preencher,
cumulativamente, as seguintes condições:
I - sessenta anos de idade, se homem, e cinqüenta e cinco anos de idade, se mulher;
II - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;
III - vinte anos de efetivo exercício no serviço público; e
IV - dez anos de carreira e cinco anos de efetivo exercício no cargo em que se der a aposentadoria.
38. Isto por que, na data de vigência da aposentadoria ora analisada, o ex-servidor contava com
35 anos, 9 meses e 2 dias de tempo de contribuição, satisfazendo as regras dos incisos I e II do
fundamento. Além disso, o interessado havia ingressado no cargo em 12/12/1990, e possuía mais de
25 anos de serviço público, quando da vigência da aposentadoria, cumprindo também os requisitos dos
incisos III e IV do fundamento do art. 6º da EC 41/2003.
39. Embora, na data da aposentadoria (16/5/2005), o interessado contasse com apenas 54 anos
de idade, o ex-servidor conta atualmente com mais 60 anos de idade, quase 36 anos de tempo de
contribuição, mais de 25 anos no serviço público e mais de 14 anos no cargo em que se deu a
aposentadoria, cumprindo, na data atual, todos os requisitos para fazer jus à aposentadoria pelo
fundamento do art. 6º da EC 41/2003.
40. Por este fundamento, o servidor pode aposentar-se com a sua remuneração no cargo efetivo
em que se der a aposentadoria e com paridade, o que significa que seus proventos serão revistos na
mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em
atividade, sendo também estendidos ao mesmo quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente
concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou
reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria, tal qual como ocorre para o
fundamento do art. 8º da EC 20/98.
41. Contudo, devo ressalvar que o fundamento do art. 6º da EC 41/2003 não permite a
concessão de pensão civil com paridade, tendo em vista, que o referido benefício, ao ser instituído
após a data de 31/12/2003, será fundamentado no § 7º do art. 40 da CF/88, com a redação dada pela
EC 41/2003, c/c o art. 15 da Lei 10.887/2004, qual seja: Os proventos de aposentadoria e as pensões
de que tratam os arts. 1o e 2o desta Lei serão reajustados, a partir de janeiro de 2008, na mesma data
e índice em que se der o reajuste dos benefícios do regime geral de previdência social, ressalvados os
beneficiados pela garantia de paridade de revisão de proventos de aposentadoria e pensões de acordo
com a legislação vigente.
42. O interessado poderá pleitear ainda a aposentadoria pelo fundamento art. 3º da EC
47/2005, in verbis:

Art. 3º Ressalvado o direito de opção à aposentadoria pelas normas estabelecidas pelo art. 40 da
Constituição Federal ou pelas regras estabelecidas pelos arts. 2º e 6º da Emenda Constitucional nº
41, de 2003, o servidor da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas
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suas autarquias e fundações, que tenha ingressado no serviço público até 16 de dezembro de 1998
poderá aposentar-se com proventos integrais, desde que preencha, cumulativamente, as seguintes
condições:

I- trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;

II- vinte e cinco anos de efetivo exercício no serviço público, quinze anos de carreira e cinco anos
no cargo em que se der a aposentadoria;

III- idade mínima resultante da redução, relativamente aos limites do art. 40, § 1º, inciso III,
alínea "a", da Constituição Federal, de um ano de idade para cada ano de contribuição que
exceder a condição prevista no inciso I do caput deste artigo.

Parágrafo único. Aplica-se ao valor dos proventos de aposentadorias concedidas com base neste
artigo o disposto no art. 7º da Emenda Constitucional nº 41, de 2003, observando-se igual critério
de revisão às pensões derivadas dos proventos de servidores falecidos que tenham se aposentado
em conformidade com este artigo.

43. Neste caso, como já explicitado, o ex-servidor atende satisfatoriamente aos requisitos de
tempo de contribuição, tempo no cargo e tempo de efetivo exercício no serviço público. Quanto ao
requisito de tempo na carreira, o interessado também o atende satisfatoriamente, desde que considere o
tempo de serviço prestado à FUNASA em período anterior à Lei 8.112/1990. No que concerne ao
requisito de idade do servidor, aplica-se o mesmo raciocínio explicitado no item 39.
44. Pelo fundamento do art. 3º da EC 47/2005, o servidor pode aposentar-se com a sua
remuneração no cargo efetivo em que se der a aposentadoria e tanto os proventos de aposentadoria
como os de pensão futuramente instituídos serão reajustados com paridade, o que significa que serão
revistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores
em atividade, sendo também estendidos ao mesmo quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente
concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou
reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria, tal qual como ocorre para o
fundamento do art. 8º da EC 20/98.
45. Por fim, convém destacar ainda que foi averbado, em favor do interessado, o tempo de 6
anos, 11 meses e 17 dias, laborados em atividade insalubre, no período de 01/08/73 a 11/12/90, de
acordo com as informações do Controle Interno. No que tange à contagem especial de atividade
exercida em condições insalubres, penosas ou perigosas, vale considerar os mesmos comentários
constantes dos itens 66-73.
46. No caso em comento, de acordo com as informações do Controle Interno, a conversão do
tempo insalubre se deu em conformidade com a ORIENTAÇÃO NORMATIVA MPOG Nº 7, de 7 de
novembro de 2007, a qual estabelece orientação quanto aos procedimentos a serem adotados para a
contagem de tempo de serviço e de contribuição, especial ou não, para efeitos de aposentadoria do
servidor público regido pela Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
47. A Referida Orientação Normativa encontra-se plenamente alinhada ao entendimento do
Acórdão 2.008/2006 - TCU – Plenário, publicado no Diário Oficial da União de 6 de novembro de
2006. Além disso, a averbação do tempo de 6 anos, 11 meses e 17 dias, se deu por força do Mandado
de Segurança nº 2000.72.00.002426-6, tramitado no STF.
48. Por este motivo, entendo ser legal a conversão do tempo de 6 anos, 11 meses e 17 dias,
laborados em atividade insalubre, em favor do interessado, podendo o referido tempo ser averbado
para fins de sua aposentadoria.
Ato inicial de concessão de aposentadoria de José Luiz Pereira
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49. Com relação ao ato inicial de concessão de aposentadoria de JOSE LUIZ PEREIRA (CPF:
245.402.009-25), de nº 10236740-04-2003-000027-5, vale mencionar que o referido ex-servidor
aposentou-se em 1/9/2003, com fundamento no art. 40, §, I da CF/88, com a redação dada pela EC
20/98, qual seja: Aposentadoria por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo
de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave,
contagiosa ou incurável, especificadas em lei.
50. Por este fundamento, o interessado tem seus proventos de aposentadoria calculados com
base na remuneração do cargo efetivo em que se deu sua aposentadoria, na forma do art. 40, § 3º da
CF/88, com a redação dada pela EC 20/1998, in verbis: os proventos de aposentadoria, por ocasião da
sua concessão, serão calculados com base na remuneração do servidor no cargo efetivo em que se der
a aposentadoria e, na forma da lei, corresponderão à totalidade da remuneração.
51. Além disso, os referidos proventos são reajustados com paridade, na forma do art. 40, § 8º
da CF/88, com a redação dada pela EC 20/1998, in verbis: Observado o disposto no art. 37, XI, os
proventos de aposentadoria e as pensões serão revistos na mesma proporção e na mesma data, sempre
que se modificar a remuneração dos servidores em atividade, sendo também estendidos aos
aposentados e aos pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos
servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo
ou função em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão, na
forma da lei.
52. Vale destacar que, à época da aposentadoria, o interessado contava com o tempo de serviço
de 35 anos, 5 meses e 14 dias, sendo 1 ano laborado em atividade rural, sem a comprovação dos
respectivos recolhimentos previdenciários.
53. No que tange ao período em questão, basta mencionar o entendimento pacífico desta Corte
de Contas, expedido por meio da Súmula 268 - TCU, de 29/2/2012, in verbis:
“O tempo de atividade rural somente poderá ser averbado para fins de aposentadoria no serviço
público se recolhidas as respectivas contribuições previdenciárias na época própria ou,
posteriormente, de forma indenizada”.
54. Tal entendimento encontra-se alinhado à jurisprudência do STF, o qual, recentemente, ao
apreciar o MS-26.919/DF, indeferiu, por unanimidade, mandado de segurança impetrado contra
acórdão do TCU que, em sede de recurso, considerou ilegal aposentadoria, em face da exclusão do
tempo de serviço rural por ausência de contribuição. Na decisão que indeferiu o pedido, assim restou
resumida a espécie:
“APOSENTADORIA – SERVIDOR PÚBLICO – TEMPO DE TRABALHO RURAL – CONTAGEM
RECÍPROCA – CONTRIBUIÇÕES. Conforme disposto no § 9º do artigo 201 da Constituição
Federal, a contagem recíproca do tempo de serviço rural pressupõe ter havido o recolhimento
das contribuições.”(Grifei)
55. O referido ex-servidor contava com um tempo de serviço total de 35 anos, 5 meses e 14
dias. Ao se desconsiderar a averbação do tempo rural, o mesmo passaria a contar com um tempo de
serviço de 34 anos, 5 meses e 14 dias. Tal fato não alteraria a fração dos proventos recebidos pelo
interessado tendo em vista a averbação de tempo insalubre tratada a seguir no ato de alteração
registrado em favor do mesmo servidor.
56. Contudo, em consulta ao SIAPE (peça 1, pág. 3), esta Unidade Técnica constatou o
pagamento da rubrica “DECISAO JUDICIAL TRANS JUG APO”, no valor de R$ 440,08, alusiva ao
percentual de 28,86% sem considerar, para fins de absorção, as novas estruturas remuneratórias
implantadas após o provimento jurisdicional, tornando o ato em análise ilegal. A respeito da
mencionada irregularidade, cabe considerar os comentários constantes dos itens 74-79.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.314/2011-0

57. No ato em análise, além da contagem irregular de tempo rural, averbado para fins de
aposentadoria sem a comprovação dos respectivos recolhimentos previdenciários, há o registro da
parcela irregular alusiva ao percentual de 28,86%, motivo pelo qual entendo ser possível propor o
julgamento do ato em tela pela ilegalidade.
Ato de alteração de concessão de aposentadoria de José Luiz Pereira
58. Em 28/4/2004, foi registrado o ato de alteração de nº 10236740-04-2005-000026-2, em
favor de JOSE LUIZ PEREIRA (CPF: 245.402.009-25), também analisado no presente processo, com
o objetivo de averbar o tempo de 6 anos, 8 meses e 6 dias, exercidos em atividade insalubre, relativo
ao período compreendido entre 1/4/74 a 11/12/90, segundo as informações do Controle Interno. No
que tange à contagem especial de atividade exercida em condições insalubres, penosas ou perigosas,
vale considerar os mesmos comentários constantes dos itens 66-73.
59. No caso em comento, de acordo com as informações do Controle Interno, a conversão do
tempo insalubre se deu em conformidade com a ORIENTAÇÃO NORMATIVA MPOG Nº 7, de 7 de
novembro de 2007, a qual estabelece orientação quanto aos procedimentos a serem adotados para a
contagem de tempo de serviço e de contribuição, especial ou não, para efeitos de aposentadoria do
servidor público regido pela Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
60. A Referida Orientação Normativa encontra-se plenamente alinhada ao entendimento do
Acórdão 2.008/2006 - TCU – Plenário, publicado no Diário Oficial da União de 6 de novembro de
2006. Além disso, a averbação do tempo de 6 anos, 8 meses e 6 dias, se deu por força do Mandado de
Segurança nº 2000.72.00.002429-1/SC, tramitado no STF.
61. Por este motivo, entendo ser legal a conversão do tempo de 6 anos, 11 meses e 17 dias,
laborados em atividade insalubre, em favor do interessado, podendo o referido tempo ser averbado
para fins de sua aposentadoria.
62. Assim, a partir da averbação do referido tempo, o interessado passou a contar com o tempo
de serviço para a aposentadoria de 42 anos, 1 mês e 9 dias, o qual lhe permite receber proventos
integrais de aposentadoria.
63. Em que pese o fato de, no ato em análise, também ter sido averbado em favor do
interessado o tempo rural de 1 ano, entendo que tal averbação não macula a concessão em tela. Isto por
que, ao se desconsiderar a averbação do tempo rural, o interessado ainda contaria (após a averbação do
tempo insalubre) com um tempo de serviço para a aposentadoria de 41 anos, 1 mês e 9 dias, lhe
permitindo aposentar-se com proventos integrais.
64. Entretanto, ocorre que ainda permanece sendo pago nos proventos de aposentadoria do ex-
sevidor, conforme consta no SIAPE (peça 1, pág. 3), o pagamento da rubrica “DECISAO JUDICIAL
TRANS JUG APO”, no valor de R$ 440,08, alusiva ao percentual de 28,86% sem considerar, para fins
de absorção, as novas estruturas remuneratórias implantadas após o provimento jurisdicional, tornando
o ato em análise ilegal. A respeito da mencionada irregularidade, cabe considerar os comentários
constantes dos itens 74-79.
65. Dessa forma, tendo em vista que não há ato inicial julgado legal para a aposentadoria
concedida em favor do Sr. JOSE LUIZ PEREIRA, entendo ser possível propor o julgamento do ato de
alteração em tela pela ilegalidade, devendo ser determinado à Unidade Jurisdicionada que cesse o
pagamento da parcela alusiva ao percentual de 28,86% e que retire o tempo rural de 1 ano, averbado
irregularmente.
Considerações sobre a averbação de Tempo insalubre, perigoso ou penoso
66. No que tange à contagem especial de atividade exercida em condições insalubres, penosas
ou perigosas, é importante trazer à tona a evolução jurisprudencial do TCU acerca do tema. Ocorre que
anteriormente esta Corte entendia pela impossibilidade de se aplicar, para efeito de aposentadoria
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.314/2011-0

estatutária, a contagem ficta de tempo de atividades consideradas insalubres, penosas ou perigosas, in


verbis:
Não pode ser aplicada, para efeito de aposentadoria estatutária, na Administração Pública
Federal, a contagem ficta do tempo de atividades consideradas insalubres, penosas ou perigosas,
com o acréscimo previsto para as aposentadorias previdenciárias segundo legislação própria, nem
a contagem ponderada, para efeito de aposentadoria ordinária, do tempo relativo a atividades que
permitiriam aposentadoria especial com tempo reduzido.
67. No entanto, a EC 20/98 trouxe nova redação ao art. 40 da CF/88, dispondo do seguinte
modo:
É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos
abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados os casos de atividades exercidas
exclusivamente sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física,
definidos em lei complementar
68. Com base nesta nova redação, diversos servidores públicos ex-celetistas ganharam, nos
tribunais superiores, o direito à contagem especial do tempo de serviço prestado sob condições
insalubres, penosas e perigosas, regidas pela Consolidação das Leis Trabalhistas.
69. Neste ínterim, o Sr. Senador Renan Calheiros, então Presidente do Senado Federal,
formulou consulta a esta Corte de Contas acerca da possibilidade de contagem especial do tempo de
serviço prestado sob estas condições em relação aos servidores públicos ex-celetistas.
70. A referida consulta foi formulada nos seguintes termos:
É possível o reconhecimento aos atuais servidores estatutários do direito à contagem especial do
tempo de serviço prestado sob condições insalubres, penosas e perigosas, regido pela
Consolidação das Leis Trabalhistas e vinculado ao Regime Geral de Previdência, na forma e nos
limites constantes das certidões expedidas pelo INSS, por força da EC 20/98, que é superveniente
à Súmula 245-TCU, e conforme vem decidindo reiteradamente o Excelso Supremo Tribunal
Federal?
71. Assim, no sentido de alinhar-se aos entendimentos que vinham sendo firmados no âmbito
do STJ e do STF, este Tribunal prolatou o Acórdão 2.008/2006-TCU-Plenário, publicado em
6/11/2006, in verbis:
(...)
9.1. conhecer da consulta para respondê-la nos seguintes termos:

9.1.1. o servidor público que exerceu, como celetista, no serviço público, atividades insalubres,
penosas e perigosas, no período anterior à vigência da Lei 8.112/1990, tem direito à contagem
especial de tempo de serviço para efeito de aposentadoria; todavia, para o período posterior ao
advento da Lei 8.112/1990, é necessária a regulamentação do art. 40, § 4º, da Constituição
Federal, que definirá os critérios e requisitos para a respectiva aposentadoria;

9.2. remeter cópia deste Acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, à
Comissão Permanente de Jurisprudência para análise da possibilidade de revogação da
Súmula/TCU 245;
(...)
72. Em suma, esta Corte de Contas entendeu que o servidor público que exerceu, como
celetista, no serviço público, atividades insalubres, penosas ou perigosas, em período anterior à
vigência da Lei 8.112/90, tem direito à contagem especial de tempo de serviço para efeito de
aposentadoria.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.314/2011-0

73. Todavia, para o período posterior ao advento da Lei 8.112/90, é necessária a


regulamentação do art. 40, § 4º, da Constituição Federal, que definirá os critérios e requisitos para a
respectiva aposentadoria.
Considerações sobre a parcela alusiva ao percentual de 28,86%
74. No que se refere à rubrica alusiva ao percentual de 28,86%, não é demais lembrar que tal
vantagem decorre de sentenças judiciais que garantiram aos servidores civis o ganho da diferença
existente entre o reajuste salarial concedido aos referidos servidores e àquele concedido, na mesma
ocasião, aos servidores militares por meio da Lei 8.622/93.
75. Por mais que, inicialmente, esse percentual possa ser entendido como de fato devido, visto
que foi reconhecido por meio de decisão judicial favorável aos interessados, tal reajuste foi estendido
aos servidores públicos civis por meio da MP 1.704/1998, a qual encontra-se reeditada, atualmente,
pela MP 2.169-43/2000, in verbis:
“Art. 1o Fica estendida aos servidores públicos civis da Administração direta, autárquica
e fundacional do Poder Executivo Federal a vantagem de vinte e oito vírgula oitenta e seis
por cento, objeto da decisão do Supremo Tribunal Federal assentada no julgamento do
Recurso Ordinário no Mandado de Segurança no 22.307-7 - Distrito Federal, com a
explicitação contida no acórdão dos embargos de declaração.
Art. 2º A vantagem de que trata o artigo anterior será devida, a partir de 1º de janeiro de
1993, aos servidores públicos civis aos quais se aplicam as tabelas constantes dos anexos
da Lei nº 8.622, de 19 de janeiro de 1993.

§ 1º O percentual referido no artigo anterior, deduzidos os acréscimos percentuais


decorrentes da aplicação da Lei nº 8.627, de 19 de fevereiro de 1993, incidirá sobre os
vencimentos dos servidores.

§ 2º Os valores resultantes da aplicação do disposto no parágrafo anterior serão pagos


mediante rubrica específica e estarão sujeitos aos futuros reajustes gerais concedidos aos
servidores públicos”
76. Assim, a sentença judicial que assegurou aos interessados o pagamento do percentual de
28,86% não levou em consideração essa extensão do reajuste que foi dada pela referida Medida
Provisória. Tal fato fez com que os mencionados ex-servidores recebessem percentual de reajuste
superior a dos demais servidores públicos.
77. Dessa forma, não há mais razão para que o pagamento de tal parcela figure de forma
destacada nos proventos de aposentadoria dos referidos inativos, sob pena de consubstanciar-se, na
verdade, em pagamento em duplicidade.
78. Além disso, ainda que se pudesse admitir o pagamento em duplicidade da referida parcela,
tal rubrica deveria ter ficado limitada à data da implantação das diversas leis que reestruturaram as
carreiras dos servidores públicos federais. Logo, evidente que a situação que deu suporte à concessão
judicial da parcela em debate não subsiste após tais normas jurídicas que fixaram novos vencimentos
para servidores públicos da União.
79. Diversos entendimentos desta Corte de Contas alinham-se no sentido de considerar o
pagamento da referida parcela ilegal, conforme os Acórdãos 6.626/2009 e 6.031/2009 da 1ª Câmara e
2.872/2008 e 1.966/2012 da 2ª Câmara.
Considerações sobre a contagem em dobro da licença-prêmio por assiduidade não gozada pelo
servidor

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80. Não é demais lembrar que o instituto da licença-prêmio por assiduidade estava previsto no
revogado art. 87 da Lei 8.112/90, o qual permitia aos servidores usufruir 3 meses de licença a cada 5
anos ininterruptos de exercício, in verbis:
Art. 87. Após cada qüinqüênio ininterrupto de exercício, o servidor fará jus a 3 (três)
meses de licença, a título de prêmio por assiduidade, com a remuneração do cargo efetivo

81. Impende destacar que o direito do servidor público regido pela Lei 8.112/90 à licença a
título de prêmio por assiduidade deixou de existir a partir de 15/10/1996, entretanto, remanesceu a
possibilidade de contagem em dobro, para efeito de aposentadoria, do tempo da licença-prêmio não
usufruída, a teor do estatuído no art. 7º da Lei n.º 9.527/97, verbis:

"Art. 7º Os períodos de licença-prêmio, adquiridos na forma da Lei n.º 8.112/90, até 15 de outubro
de 1996, poderão ser usufruídos ou contados em dobro para efeito de aposentadoria ou
convertidos em pecúnia no caso de falecimento do servidor, observada a legislação em vigor até
15 de outubro de 1996".

82. Ocorre que, em 16/12/1998, entrou em vigor a EC 20/98, a qual adicionou ao art. 40 da
CF/88 o § 10, proibindo expressamente qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictício
estabelecido em lei, inclusive a contagem em dobro da licença-prêmio.

83. No entanto, no que atine àqueles servidores que computaram o aludido tempo de licença-
prêmio em período anterior à publicação da EC 20/98, não há óbice no cálculo deste tempo em dobro
para fins de aposentadoria, tendo em vista que a referida vantagem constituía direito adquirido dos
interessados. Por oportuno, permito-me transcrever o voto condutor da Decisão Administrativa
254/2000 - TCU - Plenário, relativa ao TC 927.740/1998-2, in verbis:

Relativamente à contagem em dobro da licença-prêmio para composição do tempo de serviço


necessário à sua aposentação, entendo que é direito adquirido da interessada.
Vejo, aí, dois direitos distintos: primeiro, o da contagem em dobro para aposentadoria do tempo de
licença-prêmio não usufruída; segundo, o direito de aposentadoria.
Uma vez completado o tempo para gozo de cada licença-prêmio, acha-se incorporado ao
patrimônio da servidora o direito do cômputo do respectivo período, em dobro, por ocasião de seu
aposentamento.
Interpretação diferente redundaria, a meu ver, em afronta ao princípio constitucional da
igualdade, visto que os servidores que, com prejuízo do lazer e, conseqüentemente, da própria
saúde, tenham guardado esse tempo para antecipação de sua aposentadoria, seriam, nessa
hipótese, igualados aos que optaram pelo abrandamento do esforço laboral ao longo da carreira,
mediante fruição da licença.
Seria igualizar os desiguais, quando se sabe que referido princípio aponta no sentido do
tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais.

84. A questão restou definitivamente resolvida a partir da consulta, formulada pela Câmara dos
Deputados a esta Corte de Contas, fazendo a seguinte indagação: "poderá o servidor que não contava
tempo de serviço suficiente para aposentadoria voluntária pelas regras então vigentes, na data de
publicação da Emenda Constitucional nº 20/98, e que posteriormente deseje se aposentar com base no
artigo 8º dessa norma, correspondente às regras de transição, ou pelas regras gerais estabelecidas no
artigo 40 da Constituição da República, utilizar para este fim a contagem em dobro da licença-prêmio
não usufruída".

85. O questionamento foi respondido por meio da Decisão 748/2000 – TCU – Plenário, exarada em
13/9/2000, a qual se manifestou nos seguintes termos, in verbis:

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8.2.1 para efeito de aposentadoria, com base no artigo 8º da Emenda Constitucional nº 20/98,
correspondente às regras de transição, ou pelas regras gerais estabelecidas no art. 40 da Constituição Federal,
é assegurada ao servidor a contagem em dobro de licença-prêmio não usufruída, ainda que ele, na data de
publicação da referida Emenda, não contasse tempo de serviço suficiente para a aposentadoria voluntária
pelas regras então vigentes;
8.2.2 para o servidor regido pela Lei nº 8.112/90, a contagem em dobro somente será possível se o
direito à licença-prêmio tiver sido adquirido até 15/10/96, a teor do estatuído no art. 7º da Lei nº 9.527/97;
8.2.3 a própria Emenda Constitucional nº 20/98, por intermédio do disposto em seu art. 4º,
estendeu aos demais servidores da Administração Pública, no âmbito das três esferas de Governo, o mesmo
direito já preservado aos servidores regidos pela Lei nº 8.112/90, contemplado no art. 7º da Lei nº 9.527/97,
sendo que a data-limite para a aquisição do direito, ante a nova redação conferida ao art. 40, § 10, da
Constituição Federal, deve ser a de 16/12/98;
8.2.4 os demais tempos fictos também poderão ser utilizados para efeito de aposentadoria, desde
que tenham sido incorporados ao patrimônio do servidor até 16/12/98, segundo a legislação vigente à época,
entendimento que se extrai do retrocitado art.4º da Emenda Constitucional nº 20/98;

86. Dessa forma, ficou assegurada a todos os servidores da Administração Pública, no âmbito
das três esferas de Governo, a contagem em dobro de licença-prêmio não usufruída, ainda que eles, na
data de publicação da Emenda Constitucional 20/98, não contassem com tempo de serviço suficiente
para a aposentadoria voluntária pelas regras então vigentes, sendo a data limite para a aquisição do
direito:
i) 15/10/1996, para os servidores regidos pela Lei 8.112/90;
ii) 16/12/1998, para os servidores regidos pelos demais regimes jurídicos.

87. Por fim, convém acrescentar ainda que, nos termos do subitem 8.2.4 da Decisão 748/2000
– TCU – Plenário, os demais tempos fictos existentes na legislação infraconstitucional podem ser
utilizados, para fins de aposentadoria, desde que incorporados ao patrimônio do servidor até a data de
16/12/1998.
Considerações sobre a Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho
88. Atualmente, a carreira da FUNASA é regida pela Lei 11.355, de 19/10/2006, conversão da
Medida Provisória 301, de 29/6/2006, que estruturou a carreira da Previdência, da Saúde e do
Trabalho, da qual são integrantes os servidores dos Quadros de Pessoal do Ministério da Previdência
Social, do Ministério da Saúde, do Ministério do Trabalho e Emprego e da Fundação Nacional de
Saúde (FUNASA), conforme disposto no art. 1º da referida Lei.
89. Segundo o § 2º do mesmo artigo, os cargos da carreira da Previdência, da Saúde e do
Trabalho serão agrupados em Classes e Padrões, na forma do Anexo I da Lei da Carreira, a qual criou
4 Classes (A, B, C e Especial), cada uma delas com 5 padrões (I, II, III, IV e V), à exceção da Classe
Especial, que contém apenas 3 Padrões, somando-se no total 15 padrões. Convém mencionar que o
ingresso nos cargos da aludida carreira far-se-á no padrão inicial da Classe inicial do respectivo cargo.
90. Nos termos do art. 2º da Lei 11.355/2006, o enquadramento os servidores relacionados no
seu art. 1º, na Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho se dará de acordo com as respectivas
atribuições, requisitos de formação profissional e posição relativa nas Tabelas de Correlação,
constantes do seu Anexo II, no prazo de 90 (noventa) dias, a contar da vigência da Medida Provisória
301/2006.
91. No que se refere à estrutura remuneratória da carreira da Previdência, da Saúde e do
Trabalho, é importante ressaltar que houve uma recente alteração, promovida pela Lei 11.784/2008, de
22/9/2008.

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92. De acordo com o novo texto, no período compreendido entre 1 o de março de 2008 e 31 de
janeiro de 2009, a estrutura remuneratória dos servidores da carreira em análise ficou composta das
seguintes parcelas:
I - Vencimento Básico;
II - Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho -
GDPST;
III - Gratificação Temporária de Nível Superior da Carreira da Previdência, da Saúde e do
Trabalho - GTNSPST;
IV - Gratificação de Atividade Executiva - GAE, de que trata a Lei Delegada 13/1992;
V - Vantagem Pecuniária Individual, de que trata a Lei 10.698/2003 – VPI da Lei
10.698/2003.
93. Após o período acima referido, conforme disposto no Art. 5o-A, in fine, a partir de 1o de
fevereiro de 2009, a estrutura remuneratória dos servidores integrantes da Carreira da Previdência, da
Saúde e do Trabalho passou a ser composta das seguintes parcelas:
I - Vencimento Básico;
II - Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho -
GDPST; e
III - Gratificação Específica de Atividades Auxiliares da Carreira da Previdência, da Saúde
e do Trabalho - GEAAPST.
94. Dessa forma, nos moldes do § 1o do aludido artigo, a partir de 1o de março de 2008, os
servidores integrantes da Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho deixaram de fazer jus à
percepção das seguintes parcelas remuneratórias, integrantes da estrutura anterior:
I - Gratificação de Desempenho de Atividade da Seguridade Social e do Trabalho -
GDASST, instituída pela Lei no 10.483, de 3 de julho de 2002; e
II - Gratificação Específica da Seguridade Social e do Trabalho - GESST, instituída pela
Lei no 10.971, de 25 de novembro de 2004.
95. E a partir de 1o de fevereiro de 2009, os aludidos servidores deixaram de fazer jus à
percepção das seguintes gratificações e vantagens:
I - Gratificação Temporária de Nível Superior da Carreira da Previdência, da Saúde e do
Trabalho - GTNSPST, observado o disposto no art. 5o-C desta Lei;
II - Vantagem Pecuniária Individual - VPI, de que trata a Lei n o 10.698, de 2 de julho de
2003 - VPI da Lei 10.698/2003; e
III - Gratificação de Atividade Executiva - GAE, de que trata a Lei Delegada no 13, de 27
de agosto de 1992.
96. É interessante observar alguns pontos no que diz respeito à estrutura remuneratória prevista
na Lei 11.355/2006, com a alteração dada pela Lei 11.784/2008:
a) Primeiramente, a Gratificação Temporária de Nível Superior da Carreira da Previdência,
da Saúde e do Trabalho - GTNSPST, devida exclusivamente aos titulares de cargos de
provimento efetivo de nível superior, pertencentes à carreira da Previdência, da Saúde e
do Trabalho, no valor de R$ 118,50 (cento e dezoito reais e cinqüenta centavos), foi
instituída pela referida Lei, para ser paga apenas no período compreendido entre 1o de
março de 2008 a 31 de janeiro de 2009. Após este período, a referida gratificação foi
extinta, tendo, a partir de 1o de fevereiro de 2009, seu valor será incorporado ao
16
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.314/2011-0

vencimento básico dos cargos de provimento efetivo de nível superior da Carreira da


Previdência, da Saúde e do Trabalho, conforme valores estabelecidos no Anexo IV-A da
Lei;
b) Da mesma forma, o valor da GAE, extinta a partir de 1 o de fevereiro de 2009, ficou
incorporado ao vencimento básico dos servidores integrantes da carreira da
Previdência, da Saúde e do Trabalho, conforme valores estabelecidos no Anexo IV-A
desta Lei;
c) O Incentivo Funcional de que tratam a Lei 6.433, de 15 de julho de 1977, e o Decreto-
Lei 2.195, de 26 de dezembro de 1984, não foi definitivamente extinto, pois permaneceu
sendo devido aos titulares do cargo de Sanitarista da Carreira da Previdência, da
Saúde e do Trabalho em função do desempenho obrigatório das atividades com
integral e exclusiva dedicação;
d) Foi instituída, a partir de 1o de fevereiro de 2009, a Gratificação Específica de
Atividades Auxiliares da Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho – GEAAPST.
A referida parcela é devida somente aos ocupantes dos cargos de provimento efetivo de
nível auxiliar pertencentes à Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho. Os
valores da GEAAPST são os estabelecidos no Anexo IV-C da Lei da Carreira e poderá
integrar os proventos da aposentadoria e as pensões;
e) Até 31 de janeiro de 2009, a GDPST foi paga em conjunto, de forma não cumulativa,
com a Gratificação de Atividade de que trata a Lei Delegada 13/1992, não servindo de
base de cálculo para quaisquer outros benefícios ou vantagens.
97. Além disso, a mesma Lei 11.784/2008 instituiu, a partir de 1 o de março de 2008, a
Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias - GACEN, devida aos ocupantes dos
cargos de Auxiliar de Saúde Pública, Agente de Saúde Pública e Guarda de Endemias, do Quadro de
Pessoal do Ministério da Saúde e do Quadro de Pessoal da Fundação Nacional de Saúde - FUNASA,
regidos pela Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
98. A GACEN é devida aos titulares de cargos públicos que, em caráter permanente,
realizarem atividades de combate e controle de endemias, em área urbana ou rural, inclusive em terras
indígenas e de remanescentes quilombolas, áreas extrativistas e ribeirinhas.
Para fins de incorporação da GACEN aos proventos de aposentadoria ou às pensões dos
servidores que a ela fazem jus, serão adotados os seguintes critérios:
I - para as aposentadorias e pensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004, a GACEN será:
correspondente a 50% (cinquenta por cento) do seu valor; e
II - para as aposentadorias e pensões instituídas após 19 de fevereiro de 2004:
a) quando aos servidores que lhes deram origem se aplicar o disposto nos arts.
3o e 6º da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, e no art.
3º da Emenda Constitucional nº 47, de 5 de julho de 2005, aplicar-se-ão os
percentuais constantes do inciso I deste parágrafo; e
b) aos demais aplicar-se-á, para fins de cálculo das aposentadorias e pensões, o
disposto na Lei no 10.887, de 18 de junho de 2004.
99. A GACEN não servirá de base de cálculo para quaisquer outros benefícios, parcelas
remuneratórias ou vantagens e terá seu valor reajustado na mesma época e na mesma proporção da
revisão geral da remuneração dos servidores públicos federais e, a partir de 1 o de julho de 2012, seu
valor será de R$ 721,00 (setecentos e vinte um reais) mensais.

17
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.314/2011-0

100. Convém asseverar que, nos termos da Portaria 630/2011 do Ministério da Saúde, A GACEN
será devida aos ocupantes dos cargos de Agente de Saúde, Auxiliar de Laboratório, Auxiliar de
Laboratório 8 (oito) horas, Auxiliar de Saneamento, Divulgador Sanitário, Educador em Saúde,
Laboratorista, Laboratorista Jornada 8 (oito) horas, Microscopista, Orientador em Saúde, Técnico de
Laboratório, Visitador Sanitário, Inspetor de Saneamento, Mestre de Lancha, Condutor de Lancha,
Agente de Transporte Marítimo e Fluvial, Auxiliar de Transporte Marítimo e Fluvial, Comandante de
Navio, Artífice de Mecânica, Cartógrafo e até de titular do cargo de Motorista ou de Motorista Oficial
que, em caráter permanente, realizar atividades de apoio e de transporte das equipes e dos insumos
necessários para o combate e controle das endemias fará jus à gratificação a que se refere o caput deste
artigo.
101. Além das parcelas acima referidas, alguns servidores da FUNASA fazem jus a uma parcela de
VPNI, prevista no Art. 7º, parágrafo único da Lei 10.483/2002, in verbis:
Parágrafo único. A partir da vigência desta Lei, o acréscimo de 40 (quarenta) pontos percentuais
à Gratificação de Atividade referida no caput, de que trata o art. 3o da Lei no 8.538, de 21 de
dezembro de 1992, devido aos servidores ocupantes de cargos efetivos de nível superior da
Funasa, que não estejam organizados em carreiras, quando observado o regime de dedicação
exclusiva, fica transformado em vantagem pessoal nominalmente identificada, sujeita
exclusivamente à atualização decorrente de revisão geral da remuneração dos servidores públicos
federais.
102. O art. 3º da Lei 8.538, de 21/12/1992 tratava de uma Gratificação de Atividade,
correspondente a 40% do vencimento básico dos servidores integrantes de cargos efetivos de nível
superior da FUNASA, in verbis:
Art. 3° A Gratificação de Atividade devida aos servidores ocupantes de cargos efetivos de
nível superior da Fundação Nacional de Saúde (FNS) fica elevada, a partir de 1° de
outubro de 1992, em quarenta pontos percentuais, quando observado o regime de
dedicação exclusiva.
103. Ou seja, para fazer jus à VPNI do prevista no Art. 7º, parágrafo único da Lei 10.483/2002,
o servidor deveria, na data de 3/7/2002 (data da publicação da Lei 10.483), satisfazer as seguintes
condições:
i) ser servidor da FUNASA;
ii) ser ocupante de cargo efetivo de nível superior que não estivesse organizado em carreira
na referida data;
iii) cumprir o regime de dedicação exclusiva.
104. Por fim, convém ressaltar que a parcela relativa à Gratificação de Desempenho da Carreira
da Previdência, da Saúde e do Trabalho (GDPST) é paga observado o limite máximo de 100 (cem)
pontos e o mínimo de 30 (trinta) pontos por servidor, correspondendo cada ponto, em seus respectivos
níveis, classes e padrões, ao valor estabelecido no Anexo IV-B da Lei 11.784/2008.
105. Assim, os valores a serem pagos a título de GDPST serão calculados multiplicando-se o
somatório dos pontos auferidos nas avaliações de desempenho individual e institucional pelo valor do
ponto constante do Anexo IV-B da aludida Lei de acordo com o respectivo nível, classe e padrão.
106. Para fins de incorporação da GDPST aos proventos de aposentadoria ou às pensões, serão
adotados os seguintes critérios:
I - para as aposentadorias e pensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004, a GDPST será
correspondente a 50% (cinquenta por cento) do valor máximo do respectivo nível; e
II - para as aposentadorias e pensões instituídas após 19 de fevereiro de 2004:
18
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.314/2011-0

a) quando aos servidores que lhes deram origem se aplicar o disposto nos arts.
3o e 6o da Emenda Constitucional 41, de 19 de dezembro de 2003, e no art. 3 o
da Emenda Constitucional 47, de 5 de julho de 2005, aplicar-se-ão os
percentuais constantes do inciso I deste parágrafo; e
b) aos demais aplicar-se-á, para fins de cálculo das aposentadorias e pensões, o
disposto na Lei 10.887, de 18 de junho de 2004.
107. Dessa forma, atualmente, os servidores ativos integrantes da Carreira, bem como os
servidores inativos e os pensionistas que gozarem do instituto da paridade, devem receber sua estrutura
remuneratória com base na composição demonstrada por meio da tabela abaixo:
Parcela Vencimento GDPST GEAAPST Incentivo VPNI do art. 7º GACEN
Básico Funcional da Lei da Lei
6.433/1977 e do 10.483/2002
Decreto-Lei
2.195/1984

A quem é Titulares de Titulares de Titulares de Titulares do cargo ocupante de Titulares dos


devida todos os cargos todos os cargos cargos de de Sanitarista da cargo efetivo de cargos de
de provimento de provimento provimento Carreira da nível superior Agente Auxiliar
efetivo efetivo efetivo de nível Previdência, da que não de Saúde
pertencentes à pertencentes à auxiliar Saúde e do estivesse Pública, Agente
Carreira da Carreira da pertencentes à Trabalho, com organizado em de Saúde
Previdência, da Previdência, da Carreira da integral e carreira na data Pública e
Saúde e do Saúde e do Previdência, da exclusiva de 3/7/2002, e Guarda de
Trabalho. Trabalho. Saúde e do dedicação que cumprisse Endemias, do
Trabalho. regime de Quadro de
dedicação Pessoal do
exclusiva. Ministério da
Saúde e da
FUNASA, que
realizarem
atividades de
combate e
controle de
endemias

Base de Anexo IV-A da Anexo IV-B da Anexo IV-C da - - R$ 721,00


Cálculo Lei 11.355/2006 Lei 11.355/2006 Lei 11.355/2006

CONCLUSÃO
108. Por todo o exposto, entendo ser possível propor o julgamento dos atos de AURINO
PEDRO CARVALHO (CPF: 082.277.729-00) pela legalidade, com o consequente registro por esta
Egrégia Corte.
109. No que diz respeito aos atos (inicial e de alteração) de concessão de aposentadoria de
JOSE LUIZ PEREIRA (CPF: 245.402.009-25), entendo ser possível propor o julgamento dos mesmos
pela ilegalidade, em razão do erro de execução na sentença judicial que determinou o pagamento da
vantagem alusiva ao percentual de 28,86%, que consiste no pagamento dessa parcela sem considerar,
para fins de absorção, as novas estruturas remuneratórias implantadas após o provimento jurisdicional.
110. No que tange aos atos de concessão de aposentadoria de IRINEU ANGELO SEOLA (CPF:
245.675.239-20) e JOAO BASILICIO DE SOUZA (CPF: 200.251.069-53), entendo ser possível
propor o julgamento dos mesmos pela ilegalidade, em razão de os referidos servidores não contarem
com tempo de serviço suficiente para fazer jus à aposentadoria pelos fundamentos utilizados, devendo
ser esclarecido aos referidos interessados que os mesmos:
a) poderão retornar à atividade;

19
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.314/2011-0

b) ou aposentar-se por outro fundamento de aposentadoria.


PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
111. De conformidade com o preceituado no artigo 71, inciso III, da Constituição Federal de
1.988; c/c os arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, da Lei nº 8.443/92, c/c os artigos 1º, inciso VIII, 260,
§§ 1º e 2º, do Regimento Interno/TCU, e tomando por base as informações prestadas pelo órgão de
controle interno e as verificações feitas pela unidade técnica, na forma prevista no artigo 260, caput,
do Regimento Interno-TCU, submeto o presente processo à consideração superior com a seguinte
proposta:
111.1. julgar legal, com o consequente registro por esta Egrégia Corte, o ato de alteração
de concessão de aposentadoria em favor de AURINO PEDRO CARVALHO (CPF:
082.277.729-00);
111.2. julgar ilegal os atos (inicial e de alteração) de concessão de aposentadoria em favor
de JOSE LUIZ PEREIRA (CPF: 245.402.009-25), em razão do erro de execução na
sentença judicial que determinou o pagamento da rubrica “DECISAO JUDICIAL N TRAN
JUG AP”, no valor de R$ 440,08 alusiva ao percentual de 28,86%, que consiste no
pagamento dessa parcela sem considerar, para fins de absorção, as novas estruturas
remuneratórias implantadas após o provimento jurisdicional;
111.3. julgar ilegais os atos iniciais de IRINEU ANGELO SEOLA (CPF: 245.675.239-20)
e JOAO BASILICIO DE SOUZA (CPF: 200.251.069-53) devendo ser esclarecido aos
referidos interessados que os mesmos:
a) poderão retornar à atividade;
b) ou aposentar-se por outro fundamento de aposentadoria, conforme
explicitado nos itens 22-29, no caso do Sr. IRINEU ANGELO SEOLA, e 37-
44, no caso do Sr. JOAO BASILICIO DE SOUZA;
111.4. dispensar a reposição dos valores indevidamente recebidos até a data do
conhecimento, pelo órgão de origem, do acórdão que vier a ser proferido, consoante o
Enunciado 106 da Súmula de Jurisprudência deste Tribunal;
111.5. determinar à Superintendência Estadual da FUNASA em Santa Catarina que:
a) faça cessar, no prazo de 15 (quinze) dias, o pagamento da rubrica
“DECISAO JUDICIAL N TRAN JUG AP”, no valor de R$ 440,08, alusiva ao
percentual de 28,86%, nos proventos de aposentadoria de JOSE LUIZ
PEREIRA (CPF: 245.402.009-25), contados a partir da ciência da deliberação
deste Tribunal, sob pena de responsabilidade solidária da autoridade
administrativa omissa, nos termos do art. 262 do Regimento Interno/TCU;
b) esclareça aos Srs. IRINEU ANGELO SEOLA e JOAO BASILICIO DE
SOUZA, que os mesmos poderão optar por retornar à atividade ou aposentar-se
por outro fundamento, tal como o art. 3º da EC 47/2003 ou o art. 6º da EC
41/2005;
c) dê ciência, no prazo de 15 (quinze) dias, contados da notificação, do inteiro
teor desta deliberação à interessada, alertando-a de que o efeito suspensivo
proveniente da interposição de eventuais recursos junto ao TCU não a exime da
devolução dos valores percebidos indevidamente, caso os recursos não sejam
providos e desde que não cumprido/observado o tempo de serviço/contribuição
faltante;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.314/2011-0

d) no prazo de trinta dias, encaminhar a este Tribunal, por cópia, comprovante


da data em que a interessada tomou conhecimento da decisão desta Corte;
e) emita novos atos, livre das irregularidades apontadas, no interesse dos
servidores JOSE LUIZ PEREIRA (CPF: 245.402.009-25) e, se não optarem
por retornar à atividade, também para os servidores IRINEU ANGELO
SEOLA (CPF: 245.675.239-20) e JOAO BASILICIO DE SOUZA (CPF:
200.251.069-53), e submeta-os à apreciação do Tribunal no prazo de trinta
dias, a contar da ciência da deliberação que declarou a ilegalidade do ato
original, nos termos do § 1º do art. 15 da IN/TCU nº 55/2007.”

É o relatório.

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VOTO

Trata-se de processo em que são apreciados atos de concessão inicial e de alteração de


aposentadoria a ex servidores da Superintendência Estadual da Funasa em Santa Catarina nos quais se
identifica pagamento de parcela decorrente de plano econômico, com fundamento em sentença judicial
e falta de implemento dos requisitos estabelecidos na EC 20/1998 e no art. 40, inciso III, alínea “a”, da
Constituição Federal.
Nos termos do relatório, o ato de alteração de aposentadoria de Aurino Pedro Carvalho é
legal, devendo-se ordenar o registro.
As concessões deferidas a Irineu Ângelo Seola e João Basilicio de Souza são ilegais
porque padecem do implemento dos requisitos estabelecidos na EC 20/1998 e no art. 40, inciso III,
alínea “a”, da Constituição Federal.
Os atos inicial e de alteração de aposentadoria de José Luiz Pereira apresentam parcela
decorrente de plano econômico, cujos valores foram calculados na forma de percentual, em
dissonância com a pacífica jurisprudência desta Corte de Contas e do Poder Judiciário, que considera
ilegal a aplicação contínua e automática de vantagens, oriundas de planos econômicos, deferidas com
base em sentenças judiciais transitadas em julgado, sob a forma de percentuais parametrizados,
incidentes sobre as parcelas salariais do servidor.
A matéria foi objeto da Súmula 279/2012, in verbis:
“As rubricas referentes a sentenças judiciais, enquanto subsistir fundamento para o seu
pagamento, devem ser pagas em valores nominais, sujeitas exclusivamente aos reajustes gerais do
funcionalismo, salvo se a sentença judicial dispuser de outra forma.”
Além disso, a Administração não promoveu a absorção de tais parcelas pelas estruturas
remuneratórias então adotadas, decorrentes de planos de carreira, supervenientes ao provimento
judicial, causando gravames financeiros em desfavor da União.
O Acórdão 2.161/2005, Plenário, reafirmou a necessidade de compensação dos valores
obtidos pela via judicial, na presença de nova estrutura remuneratória, e determinou a adoção de
medidas corretivas, in verbis:
9.2.1. determinar à Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão (SRH/MP) para que, na qualidade de gestora do sistema integrado de
recursos humanos do Poder Executivo Federal, em conjunto com as unidades pagadoras do
Siape, envide esforços no sentido de: (...)
9.2.1.2. recalcular, em cada caso, o valor nominal deferido por sentença judicial
relativa a planos econômicos, de tal forma que a quantia inicial seja apurada, quando
possível, na data do provimento jurisdicional, limitando-se essa revisão ao prazo de 5 anos
anteriores. Acrescentar ao valor nominal calculado na data da sentença, apenas os reajustes
gerais de salário do funcionalismo público federal ocorridos no período e subtrair as
sucessivas incorporações decorrentes de novas estruturas remuneratórias criadas por lei, até a
absorção integral dessa vantagem; (grifei)
Na mesma linha, o Acórdão 269/2012, Plenário, reafirmou que o valor das rubricas
decorrentes de sentença judicial, calculado na forma do subitem 9.2.1.2 do Acórdão 2.161/2005,
Plenário, “deverá ser absorvido pelas reestruturações de carreira posteriores” (subitem 9.2.2).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.314/2011-0

Esse, também, o entendimento sumulado pelo Tribunal, in verbis:


“As vantagens da estrutura remuneratória anterior não se incorporam à atual, exceto
quando expressamente consignadas em lei superveniente.” (Enunciado de Súmula 276/2012)
A ficha financeira dos beneficiários evidencia que as verbas remuneratórias, decorrentes de
sentenças judiciais, não estão sendo pagas em conformidade com o que dispõe o Acórdão 2.161/2005,
Plenário, porquanto os valores pertinentes não foram objeto de compensação, em face da implantação
de planos de carreira supervenientes à sentença, conforme registrado no relatório.
A natureza dos vícios, entretanto, permite que a Administração emita novos atos
concessórios, observando, quanto às parcelas judicialmente concedidas, as disposições insertas nos
subitens 9.2.1.2 do Acórdão 2.161/2005, Plenário, e 9.2.2 do Acórdão 269/2012, também do Plenário.
II
Não se discute, obviamente, que não cabe ao TCU questionar ou desconstituir decisões
judiciais transitadas em julgado. Constitui um truísmo evidente que não pode o TCU negar a força da
decisão judicial, por discordar de seus fundamentos e, muito menos, determinar o descumprimento da
sentença, ainda que ela seja flagrantemente ilegal, injusta e incorreta e ainda que meramente tenha
atendido o voluntarismo distorcido do julgador.
Tão intensa a intangibilidade da coisa julgada em nossa disciplina constitucional que nem
mesmo a lei posterior – alterando ou revogando prescrições normativas jurisdicionalmente aplicadas,
na resolução de litígio – tem o poder de afetar ou desconstituir a autoridade da coisa julgada.
Daí o preciso magistério de JOSÉ FREDERICO MARQUES (“Manual de Direito
Processual Civil”, vol. III/329, item n. 687, 2ª ed./2ª tir., 2000, Millennium Editora) em torno das
relações entre a coisa julgada e a Constituição:

“A coisa julgada cria, para a segurança dos direitos subjetivos, situação de imutabilidade
que nem mesmo a lei pode destruir ou vulnerar - é o que se infere do art. 5º, XXXVI, da
Lei Maior. E sob esse aspecto é que se pode qualificar a ‘res iudicata’ como garantia
constitucional de tutela a direito individual.
Por outro lado, essa garantia, outorgada na Constituição, dá mais ênfase e realce àquela
da tutela jurisdicional, constitucionalmente consagrada, no art. 5º, XXXV, para a defesa
de direito atingido por ato lesivo, visto que a torna intangível até mesmo em face de ‘lex
posterius’, depois que o Judiciário exaure o exercício da referida tutela, decidindo e
compondo a lide.”

Assentadas tais premissas, importante ressaltar que uma coisa é a lei posterior intentar
desconstituir a coisa julgada para reger os fatos e as questões examinadas na ação judicial. Outra, bem
diversa, é a lei posterior – que haja alterado (ou revogado) prescrições normativas jurisdicionalmente
aplicadas na resolução do litígio – vir a reger as situações de fato e de direito, ocorridas após o litígio
e, por tal razão, não alcançadas pela coisa julgada.
Desta forma, não há afronta à coisa julgada, em razão do cumprimento de lei nova,
aplicável apenas a fatos posteriores aos apreciados na ação judicial. A lei nova não retroage para
modificar os efeitos que a sentença possa ter produzido sobre fatos anteriores à inovação legislativa.
Os atos passados continuam regidos pela norma derivada do provimento judicial.
O acórdão proferido no âmbito do processo judicial, que transitou em julgado, permanece
existindo e não pode ser desconstituído, nem a decisão prolatada pode ter seu mérito rediscutido em
outra ação.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.314/2011-0

Tanto permanece a coisa julgada que restaria caracterizada sua violação, caso a lei nova
fosse editada para retroagir e dispor de forma contrária ao decidido na ação, em relação aos fatos nela
apreciados.
Bem se vê, portanto, que uma decisão judicial, que julga fatos pretéritos, não pode impedir
que fatos novos, em especial as inovações legislativas, produzam os efeitos que lhes são próprios.

Não havendo nas deliberações transitadas em julgado nenhuma determinação para que
essas parcelas – de natureza de antecipação de reajuste – não sejam absorvidas por aumentos e planos
de carreira instituídos por leis posteriores, deve-se dar cumprimento à nova legislação.
Essa a questão discutida nestes autos, a eficácia prospectiva da sentença transitada em
julgado. A propósito, a lição de Liebman, onde ele limita os efeitos da sentença à situação existente
ao tempo em que foi prolatada e admite que fatos novos poderiam afastar os efeitos da decisão
judicial.

“4 - Ainda é necessário esclarecer melhor o que se entende por imutabilidade (ou


incontestabilidade) dos efeitos da sentença.
Não significa, naturalmente, que fatos sucessivos não possam modificar a situação e as
relações entre as partes. Ao contrário, significa que, com referência à situação existente
ao tempo em que a sentença foi prolatada, os efeitos por ele produzidos são e permanecem
tais como nela estabelecidos, sem que se possa novamente discuti-los, em juízo ou fora
dele, até que fatos novos intervenham criando situação diversa, que tome o lugar
daquela que foi objeto da sentença.
Isso porque, nem mesmo a força do julgado pode obviamente impedir que fatos novos
produzam consequências que lhes são próprias. Assim, em primeiro lugar, as partes
podem, depois da sentença, exercer atos que modifiquem suas relações: o devedor pode
pagar o seu débito, extinguindo a obrigação declarada na sentença e tornando impossível
a execução forçada fundada, na sentença condenatória; as duas partes podem, mesmo
depois da sentença, entrar em acordo e acertar suas relações de modo diverso do
declarado pelo juiz, e assim por diante. Mas o que não poderiam fazer, é pretender um
novo juízo sobre o que foi validamente decidido por intermédio de uma sentença que
representa a disciplina concreta da relação jurídica controvertida, tal como resulta do
efetivo funcionamento dos mecanismos previstos e regulados pelo ordenamento jurídico.”
(Eficácia e Autoridade da Sentença e outros Escritos sobre a Coisa Julgada, Enrico Tullio
Liebman, Rio de Janeiro: Forense, 2006, pag. 281).

Reproduzida na íntegra a lição, verifica-se que Liebman afirma que a imutabilidade dos
efeitos da sentença está vinculada à situação existente ao tempo em que a decisão foi prolatada,
de modo que fatos supervenientes não estão com seus efeitos obstados pela sentença que lhes é
anterior.
Desta forma, a sentença judicial, transitada em julgado, determinando o pagamento de
dada vantagem trabalhista, deixa de produzir seus efeitos tão logo o contrato seja extinto, por exemplo,
em razão de demissão. Apesar do trânsito em julgado, já não está o empregador obrigado a pagar a
vantagem a que foi condenado em sentença para quem já não é seu empregado. A extinção da relação
de trabalho – evento posterior ao julgamento, tem como consequência direta e automática a cessação
dos efeitos da condenação.
Com muita propriedade, Tesheiner ressalta que a ideia de coisa julgada material não contém
em si a de imutabilidade, no sentido de que nada possa sobrevir que a modifique, pois “ em hipótese
nenhuma coisa julgada material significa imunidade a fatos supervenientes”. (Eficácia da Sentença e
Coisa Julgada no Processo Civil, José Maria Tesheiner, São Paulo: RT, 2001, pag. 167).

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E nisso não há menosprezo à coisa julgada, nem à atividade judicante, pois ela já cumpriu
sua função fundamental de resolução de conflitos de interesse com o retorno à paz social. Não se trata
de agressão à autonomia do Poder Judiciário ou à força de suas decisões, mas de pura aplicação lógica
de postulados jurídicos fundamentais que salvaguardam as relações jurídicas travadas na sociedade.
Adroaldo Furtado Fabrício expõe com clareza a questão: “O processo e a sentença
apanham sempre, como se fotografassem, imobilizando, determinado momento da relação jurídica
(momento que pode ser o da propositura da demanda, o da litiscontestatio, o do saneamento, o da
própria sentença ou outro, segundo variáveis que não cabe analisar aqui e de todo modo estarão
cristalizadas em disposição legislativa). Tudo o que venha a ocorrer depois desse momento — visto
que do juiz não se pode esperar poderes divinatórios — está fora do alcance da sentença e da coisa
julgada, por tratar-se de dados a cujo respeito, por hipótese, não se exerceu cognitio e ainda menos
iudicium”. (apud Tesheiner, Eficácia da Sentença e Coisa Julgada no Processo Civil, pag. 167)

Convém assentar, portanto, que a imutabilidade do dispositivo da decisão transitada em


julgada somente opera nos limites da lide apreciada, não podendo alcançar fatos e leis não existentes à
época do julgamento. Também que a coisa julgada, como norma concreta, apenas se interpreta e
complementa com as outras normas jurídicas abstratas que ela, no caso concreto, não contraditou.
Neste processo, a coisa julgada não constituiu óbice algum para que os responsáveis
dessem fiel cumprimento às leis supervenientes, em especial os planos de carreira posteriores que
vieram a ser editados.
Portanto, ao apreciar a legalidade de concessões de pensões, aposentadorias e reformas,
não está o TCU a desconstituir coisas julgadas, pois não se pretende modificar nenhuma situação
alcançada pela decisão judicial proferida.
Tampouco está o TCU a suspender pagamentos assegurados por sentença transitada em
julgado, pois não há sentença transitada em julgado a amparar os pagamentos irregulares, realizados
em desacordo com as leis que regem a matéria.

Na essência, o próprio E. STF reconhece a limitação temporal da eficácia da coisa


julgada frente à alteração de regime jurídico. Não havendo desrespeito à garantia da irredutibilidade
de vencimentos, a coisa julgada não constituiu óbice à alteração do regime jurídico, sob pena de
configurar direito adquirido a regime jurídico, o que sempre foi repelido tanto pela doutrina como pela
jurisprudência.
Segundo pacífica jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a alteração de regime
jurídico não enseja ofensa a direito adquirido, por não haver direito adquirido a regime jurídico. Essa
orientação tem sido aplicada também em relação à coisa julgada, uma vez que esta nada mais é que
uma das causas ou fontes geradoras do direito adquirido.
A Constituição Federal não confere à coisa julgada proteção maior do que confere ao
direito adquirido. Ambos estão amparados pelo mesmo regime de proteção que os resguarda dos
efeitos da legislação superveniente que não os poderá prejudicar.
Essa proteção constitucional encontra limites na conhecida fórmula, tantas vezes reiterada
pelo STF, no sentido de que não há direito adquirido a regime jurídico. Seja qual for a forma de
aquisição desse direito, se decorrente de ato jurídico perfeito, de situação definitivamente constituída
ou de coisa julgada, não são eles aptos a impedir os efeitos da modificação superveniente do regime
jurídico.
Em recente decisão, no RE 559.019/SC, o Relator, Min. Cezar Peluso indeferiu recurso
extraordinário, por entender não constituir afronta à coisa julgada a limitação de seus efeitos ante
a posterior reorganização ou reestruturação da carreira.
A propósito, assim se manifestou o Ministro (Julgamento em 17/02/2010, DJe-034, de
24/02/2010):

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“Ademais, é assente o entendimento que, por expressa disposição legal, após janeiro de
1995, eventual majoração do padrão de vencimento de cargos objeto de reestruturação,
implicaria absorção dos 3,17% incorporado à antiga remuneração.
Nesse sentido, a superveniência de legislação geraria alteração substancial da realidade
fática que culminara na procedência do pedido inicial de pagamento do saldo devedor,
pois, naquele momento, a remuneração dos servidores estaria sendo paga a menor.
Noutras palavras, a coisa julgada, como situação jurídica (res) regulada pela sentença
como norma singular e concreta (iudicata), alcança apenas o estado de coisas sobre o
qual incidira a sentença, não se estendendo a inovações supervenientes, como a que, no
caso e, por exemplo, decorra de lei ulterior que altere a organização ou a estrutura de
cargos e carreiras, cujo regime jurídico não é imutável e perpétuo, nem gera direito
adquirido à sua eterna permanência ou subsistência.
Assim, a limitação temporal não viola a coisa julgada, porque, uma vez implementada
mudança na política salarial, não há falar em continuidade de pagamento de novos
reajustes, nos termos da sentença. Essa pretensão esbarra na jurisprudência desta Corte,
que não reconhece direito adquirido do servidor público a regime jurídico-funcional,
nem à permanência do regime legal de reajuste de vantagem (RE nº 294.009-AgR, da
minha lavra, DJ de 2.3.2004)”(grifou-se).

No Mandado de Segurança nº 26980-DF, o Relator, Min. Carlos Ayres Britto, denegou a


liminar por entender que, com a instituição de um novo regime jurídico, cessaram os efeitos da coisa
julgada, no que tange à forma de cálculo de um determinado adicional, ante a inexistência de direito
adquirido a regime jurídico. Asseverou o Exmo. Ministro (DJe-152, divulgado em 29/11/2007):

“6. Nesta análise prefacial, típica das medidas cautelares, tenho por ausente a
plausibilidade jurídica do pedido (fumus boni juris). É que, embora a impetrante disponha
de sentença judicial transitada em julgado, garantindo o pagamento do adicional por
tempo de serviço sobre toda a remuneração, o título, datado de 13 de junho de 1989, teve
como parâmetro a Lei nº 1.711/52. Com a mudança de regime jurídico pela Lei nº
8.112/90, cessou a eficácia da coisa julgada, no que concerne à forma de cálculo do
adicional.
7. Explico: sob o molde do revogado estatuto jurídico dos servidores públicos federais,
proclamou o Poder Judiciário que o adicional por tempo de serviço haveria de incidir
sobre toda a remuneração da autora. Sobreveio, então, a Lei nº 8.112/90 e modificou o
suporte legal do referido cálculo, para referir expressamente a vencimento básico (e não
remuneração). É, pois, um caso típico de alteração de regime jurídico, que, segundo
pacífica jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal, não dá ensejo a direito
adquirido (RE-AgR 375.936/CE, Rel. Min. Carlos Britto, DJ 25/08/2006; RE-AgR
396.704/PB, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 03/12/2004).
8. Com efeito, o que se incorporou ao patrimônio jurídico da impetrante, em razão da
coisa julgada, foi o valor do adicional por tempo de serviço, resultante, à época, do
cálculo sobre toda a remuneração. O que fez a Lei nº 8.112/90, legitimamente, foi apenas
alterar a forma de cálculo (regime jurídico). Alteração, aliás, rimada com o inciso XIV do
art. 37 da Constituição Federal, tanto em sua redação originária quanto na da Emenda
Constitucional nº 19/98. E a autora não tem direito adquirido a ver o acessório
eternamente calculado sobre o principal da remuneração, se uma lei posterior dispuser de
modo contrário, contanto que preserve o todo vencimental (sem redução nominal de
vencimentos, portanto). Da mesma forma, já não lhe serve (a não ser para averiguar
possível redução nominal de vencimentos) a sentença que, com base em regime jurídico
ultrapassado, garantiu o cálculo do referido adicional sobre a remuneração.

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9. Anoto ainda que o caso dos autos em tudo se assemelha à jurisprudência firmada por
esta nossa Casa de Justiça quanto à limitação temporal da eficácia da coisa julgada
frente à alteração de regime jurídico (MS 24.381/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ
03/09/2004; RE-AgR 330.835/RS, Rel. Min. Carlos Britto, DJ 11/02/2005). Não havendo
prova de desrespeito à garantia da irredutibilidade de vencimentos – como neste caso
não há –, a coisa julgada não constitui óbice à alteração do regime jurídico. Para se
concluir diversamente, imprescindível seria analisar as fichas financeiras da impetrante,
antes e depois da Lei nº 8.112/90, documento que não se vê nos autos.
10. Por fim, quanto ao alegado desrespeito às garantias do contraditório e da ampla
defesa, parece não ter razão a autora. É que ela mesma dá notícia da interposição de
pedido de reexame e de embargos de declaração perante o Tribunal de Contas da União.
10. Ante o exposto, indefiro a liminar, sem prejuízo de uma análise mais detida quando do
julgamento do mérito da causa”. (grifos no original).

Nos Embargos de Declaração opostos ao MS 24.381, foi proferida decisão nos seguintes
termos:
EMENTA: Embargos de Declaração em Mandado de Segurança. 2. Alegada ocorrência de
obscuridade e contradição no Acórdão em relação a qual ato teria sido considerado legal
por esta Corte, se (a) o ato do tribunal de Contas da União que determinou à
Universidade Federal do Goiás a expedição de novo ato concessório de aposentadoria
com o valor da vantagem que a embargante faria jus ao momento de sua aposentação, ou
(b) se o ato da reitoria que retroagiu à data de implantação do regime Jurídico Único, e a
partir de então, deduziu dele todos os aumentos reais de remuneração concedidos aos
servidores. 3. Alegada caracterização de omissão quanto à redução nominal operada nos
proventos da embargante, diante dos princípios da irredutibilidade salarial (CF, arts. 7o,
VI, e 37, XV) e estabilidade das relações jurídicas. 4. Ausência de obscuridade e
contradição. O Acórdão embargado ao declarar a impossibilidade do pagamento de horas
extras considerou ambos os atos legais ao negar a segurança pretendida. 5. Ausência de
omissão. O Supremo Tribunal Federal pronunciou-se quanto à redução nominal,
afirmando que, com a conversão do regime celetista para o estatutário, operou-se a
extinção do contrato de trabalho, não sendo possível invocar coisa julgada nem direito
adquirido (CF, art. 5º, XXXV). Precedentes citados: MS no 22.094-DF, Pleno, unânime,
Rel. Min. Ellen Gracie, DJ de 02.02.2005, MS no 22.455-DF, Pleno, unânime, Rel. Min.
Néri da Silveira, DJ de 22.04.2002, MS no 22.160-DF, Pleno, unânime, Rel. Min. Sydney
Sanches, DJ de 22.02.1996. 6. Os Precedentes colacionados pela embargante MS 25.678-
DF, Rel. Min. Eros Grau, DJ de 05.12.2005 e MS no 25.009-DF, Pleno, maioria, Rel. Min.
Carlos Velloso, DJ de 01.12.2004 tratam de incorporação do percentual da URP de
26,05% (Plano Bresser). Hipótese distinta do caso em apreço, que trata da incorporação
de horas extras ante alteração da situação jurídica da embargante do regime celetista
para o estatutário. 7. Embargos de Declaração rejeitados. (MS-ED 24.381/DF, Rel. Min.
Gilmar Mendes, DJ 01/09/2006).

Na apreciação de Embargos de Divergência no Recurso Extraordinário 146.331/SP, o


Supremo sufragou a tese de que não é possível valer-se da coisa julgada para afastar disposição
constitucional superveniente, justamente porque não há direito adquirido a regime jurídico, e a
coisa julgada nada mais seria do que uma das causas ou fontes geradoras do direito adquirido.
Na ocasião, asseverou-se que o art. 5º, XXXVI, da CF, apenas veda a aplicação retroativa
de normas supervenientes à situação que, julgada na sentença, foi coberta pelo manto da coisa julgada.
Nas relações jurídicas de trato sucessivo, porém, a vedação decorrente da coisa julgada só alcança os
eventos que ocorreram até a data da alteração do estado ou da situação de fato ou de direito.

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EMENTA: SERVIDOR PÚBLICO. Vencimentos. Vantagens pecuniárias. Adicionais por


Tempo de Serviço e Sexta-Parte. Cálculo. Influência recíproca. Cumulação. Excesso.
Inadmissibilidade. Redução por ato da administração. Coisa julgada material anterior ao
início de vigência da atual Constituição da República. Direito adquirido. Não
oponibilidade. Ação julgada improcedente. Embargos de divergência conhecidos e
acolhidos para esse fim. Interpretação do art. 37, XIV, da CF, e do art. 17, caput, do
ADCT. Voto vencido. Não pode ser oposta à administração pública, para efeito de impedir
redução de excesso na percepção de adicionais e sexta-parte, calculados com influência
recíproca, coisa julgada material formada antes do início de vigência da atual
Constituição da República. (RE 146.331 EDv/SP, Relator Min. Cezar Peluso, Julgamento
em 23/11/2006, DJ de 20/04/2007)

A limitação temporal da eficácia da coisa julgada também encontrou guarida no RE


140.894, relatado pelo Ministro Ilmar Galvão:

EMENTA: ESTADO DE SÃO PAULO. SERVIDORES PÚBLICOS. INCIDÊNCIA


RECÍPROCA DE ADICIONAIS E SEXTA-PARTE. ART. 37, XIV, DA CF, C/C O ART. 17
DO ADCT/88. DIREITO JUDICIALMENTE RECONHECIDO ANTES DO ADVENTO DA
NOVA CARTA. SUPRESSÃO DA VANTAGEM POR ATO DA ADMINISTRAÇÃO.
ALEGADA OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA COISA JULGADA E DO DEVIDO
PROCESSO LEGAL. O constituinte, ao estabelecer a inviolabilidade do direito adquirido,
do ato jurídico perfeito e da coisa julgada, diante da lei (art. 5º, XXXVI), obviamente se
excluiu dessa limitação,razão pela qual nada o impedia de recusar a garantia à situação
jurídica em foco. Assim é que, além de vedar, no art. 37, XIV, a concessão de vantagens
funcionais "em cascata", determinou a imediata supressão de excessos da espécie, sem
consideração a "direito adquirido", expressão que há de ser entendida como
compreendendo, não apenas o direito adquirido propriamente dito, mas também o
decorrente do ato jurídico perfeito e da coisa julgada. Mandamento auto-exeqüível, para
a Administração, dispensando, na hipótese de coisa julgada, o exercício de ação
rescisória que, de resto, importaria esfumarem-se, ex tunc, os efeitos da sentença, de
legitimidade inconteste até o advento da nova Carta. Inconstitucionalidade não
configurada. Recurso não conhecido. (RE 140.894/SP, Relator Min. Ilmar Galvão,
Julgamento em 10/05/1994, DJ de 09/08/1996).

O Min. Celso de Mello bem evidenciou ser assente na doutrina que tanto o ato jurídico
perfeito como a coisa julgada estão abarcados pelo conceito de direito adquirido (MS 22.332, DJ
de 02/08/1995):

“Cumpre enfatizar, neste ponto - especialmente em face das razões invocadas pelos ora
impetrantes -, que a expressão direito adquirido designa todas as situações jurídicas
definitivamente consolidadas, tanto aquelas oriundas do ato jurídico perfeito quanto
aquelas emergentes da coisa julgada.
Na realidade, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada constituem a própria causa
geradora dos direitos adquiridos, os quais, fundados naqueles títulos, emergem, enquanto
efeitos consequenciais, como situações intangíveis à ação normativa superveniente do
legislador comum. Daí, a observação de JOÃO LÚIS ALVES (‘Código Civil Anotado’, p.
3, 1ª ed., 1917, Rio de Janeiro), para quem ‘Na noção de direito adquirido se compreende
a irretroatividade, em relação ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada, pois, aquele e

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esta, têm por objeto direitos, cuja aquisição se verifica pela perfeição do ato jurídico
perfeito e da coisa julgada’ (grifei).
Reflete esse mesmo entendimento o magistério de REYNALDO PORCHAT, cuja lição
acentua que a intangibilidade das situações jurídicas definitivamente consolidadas nada
mais significa, na perspectiva da res judicata, senão o respeito à própria coisa julgada,
que constitui, dentro dessa dimensão, uma das causas geradoras do direito adquirido:
‘Para se conhecer a natureza daquele que, em face dos quais a lei não retroage o seu
efeito, e a destes, diante dos quais a lei retroage, existe um só critério - o conceito do
direito adquirido que é o eixo em torno no qual gira toda a teoria da retroatívidade.
Usando de argumentação semelhante a respeito da coisa julgada, e dos efeitos dela
decorrentes, podemos concluir que bastava a expressão - direito adquirido - no texto do
citado art. 3º, para que ficasse extreme de dúvidas a boa doutrina acolhida pelo Código.’
(‘O Código Civil e a retroatividade’, In Revista de Direito, vol. 43/405-413, 412) o
registro desse magistério doutrinário acha-se exposto por RUBENS LIMONGI FRANÇA
que, em sua clássica monografia versando o tema, observa que ‘os autores têm assinalado
que a irretroatividade das leis, em relação ao instituto da res judicata ,já está
subentendida no respeito ao Direito adquirido, por isso que é este um efeito da Coisa
Julgada’ (‘A Irretroatívidade das Leis e o Direito Adquirido’, p. 237, 4ª ed., 1994, RT).
A doutrina, ao enfatizar que o direito adquirido representa a conseqüência derivada de
fato revestido de idoneidade para gerá-la, engloba, nesse conceito, o complexo de
situações jurídicas definitivamente consolidadas, resultante tanto do ato jurídico perfeito
quanto da autoridade da coisa julgada, identificando, com estas fórmulas expressionais -
vale dizer, com as expressões ‘ato jurídico perfeito’ e ‘coisa julgada’ -, os fatos idôneos,
necessários e suficientes à aquisição dos direitos.
Bem por isso, cumpre ter presente a advertência de EDUARDO ESPÍNOLA e de
EDUARDO ESPÍNOLA FILHO no sentido de que ‘a coisa julgada está compreendida
entre as situações jurídicas definitivamente constituídas’, fórmula esta que também
alcança, segundo esses mesmos autores, o ato jurídico perfeito (‘A Lei de introdução ao
Código Civil Brasileiro’, p. 281, item n. 110, 2ª ed., 1995, Renovar).
O fato irrecusável no contexto em que se delineia a teoria dos direitos adquiridos em
nosso sistema jurídico, consiste no reconhecimento de que a res judicata já está tutelada
pelo respeito ao direito adquirido (...), por força do fundamento de que, se não se atingem
as conseqüências dos fatos passados, com maior razão cumpre deixar intactos os direitos
subjetivos ou as situações jurídicas definitivamente estabelecidas, (MARIA HELENA
DINIZ, ‘Lei de introdução ao Código Civil Brasileiro Interpretada’ p. 189, 1994, Saraiva -
grifei). o entendimento - segundo o qual não há direito adquirido contra o disposto na
Constituição (RE 169.079, Rel. Min. CELSO DE MELLO) - assenta-se no postulado da
irrecusável supremacia das cláusulas constitucionais e reflete tanto a posição do
magistério doutrinário (CARLOS MAXIMILIANO, - Direito intertemporal, p. 325, item n.
280; PONTES DE MIRANDA, ‘Comentários à Constituição de 1967, com a Emenda nº 1
de 1969’, tomo VI/385-392, 2ª ed., 1974, RT; CELSO RIBEIRO BASTOS, ‘Comentários à
Constituição do Brasil’, vol. 2/191, 1989, Saraiva; PINTO FERREIRA, ‘Comentários à
Constituição Brasileira’, vol. 1/148-149, 1989, Saraiva; FRANCISCO CAMPOS,
‘Pareceres do Consultor-Geral da República’, vol. 29/386) quanto a orientação
jurisprudencial dos Tribunais, especialmente do Supremo Tribunal Federal (RDA 24/57 -
RDA 34/205 - RDA 38/259 - RDA 54/215 - RDA 108/65 - RF 134/423 RTJ 68/9-15).”

Nas relações continuadas, regidas por estatuto, de que é exemplo as relações tributárias e
os regimes jurídicos dos servidores públicos, a nova lei ou emenda constitucional aplica-se de
imediato, afastando automaticamente qualquer disposição normativa decorrente de comando

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prospectivo contido na sentença transitado em julgado, sem que isso implique retroatividade da lei ou
desconstituição do julgado, continuando a sentença a reger os atos até a incidência da modificação do
regime jurídico.
Assim não fosse, a coisa julgada haveria de assegurar direito a regime jurídico, o que
jamais foi admitido em nosso sistema constitucional.
Não por outra razão o Supremo editou a Súmula nº 239, segundo a qual “decisão que
declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício, não faz coisa julgada em relação
aos posteriores”.
Conquanto se trate de redação deveras criticada pela doutrina, o entendimento expresso
tem sido aplicado de forma mais restrita, restando pacífico no STJ que a coisa julgada prolonga-se para
os exercícios posteriores enquanto mantidas as situações de fato e de direito apreciadas pelo juiz. Os
efeitos da coisa julgada, nesses casos, opera até a superveniência de lei que venha a modificar a relação
tributária:

“PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL –


CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – ALCANCE DA SÚMULA 239/STF – COISA JULGADA:
VIOLAÇÃO – ART. 471, I DO CPC NÃO CONTRARIADO.
1. A Súmula 239/STF, segundo a qual "decisão que declara indevida a cobrança do
imposto em determinado exercício, não faz coisa julgada em relação aos posteriores",
aplica-se tão-somente no plano do direito tributário formal porque são independentes os
lançamentos em cada exercício financeiro. Não se aplica, entretanto, se a decisão tratou
da relação de direito material, declarando a inexistência de relação jurídico-tributária.
2. A coisa julgada afastando a cobrança do tributo produz efeitos até que sobrevenha
legislação a estabelecer nova relação jurídico-tributária.
3. Hipótese dos autos em que a decisão transitada em julgado afastou a cobrança da
contribuição social das Leis 7.689/88 e 7.787/89 por inconstitucionalidade (ofensa aos
arts. 146, III, 154, I, 165, § 5º, III, 195, §§ 4º e 6º, todos da CF/88).
4. As Leis 7.856/89 e 8.034/90, a LC 70/91 e as Leis 8.383/91 e 8.541/92 apenas
modificaram a alíquota e a base de cálculo da contribuição instituída pela Lei 7.689/88,
ou dispuseram sobre a forma de pagamento, alterações que não criaram nova relação
jurídico-tributária. Por isso, está impedido o Fisco cobrar a exação relativamente aos
exercícios de 1991 e 1992 em respeito à coisa julgada material.5. Violação ao art. 471, I
do CPC que se afasta.6. Recurso especial improvido.” (REsp 731.250/PE, Rel. Ministra
ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 17.04.2007, DJ 30.04.2007 p. 301)

Semelhantemente, a coisa julgada que determina ou proíbe o pagamento de determinada


vantagem do tributo produz efeitos até que sobrevenha legislação a estabelecer nova relação
jurídico-estatutária.
A título de ilustração, imagine-se uma lei que conceda uma gratificação unicamente às
carreiras “A”, “B” e “C”. Imagine-se, ainda, que os servidores de uma carreira “D”, semelhante às
referidas “A”, “B” e “C”, também recebessem a gratificação, o que levaria o Ministério Público a
ajuizar uma ação civil pública para impedir a continuidade desse pagamento.
Ao fim do litígio, transita em julgado a sentença que proíbe a União de pagar a referia
gratificação aos servidores da carreira “D”.
Passados alguns anos, lei nova modifica a original para estender a gratificação também à
carreira “D”.
Nessa situação, não há dúvida de que a lei tem efeitos imediatos e a gratificação deve ser
paga independentemente do ajuizamento de ação. Não há, portanto, necessidade de desconstituir a
sentença transitada em julgado, porque a lei nova não rege os fatos passados, não modifica as situações
examinadas no litígio composto pelo poder judiciário.

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Ainda a título de exemplo, imagine-se uma lei que conceda uma gratificação a ser paga a
todos os servidores, exceto os integrantes das carreiras “A”, “B” e “C”. Imagine-se, ainda, que haja lei
anterior disciplinando que determinados cargos integrariam a carreira “C”.
Nessa hipótese, os servidores ocupantes desses cargos ingressam em juízo intentando
perceber a gratificação e, ao fim do litígio, transita em julgado a sentença que proíbe a União de pagar
a referida gratificação a esses servidores por pertencerem eles à carreira “C”.
Passados os anos, lei nova revoga a norma que incluía determinados cargos na carreira “C”
e passa a disciplinar que esses cargos integrariam a carreira “D”.
Também nessa situação, é certo que a lei tem efeitos imediatos e a gratificação deve ser
paga independentemente do ajuizamento de ação. Não há necessidade de desconstituir a sentença
transitada em julgado, porque a lei nova não rege os fatos passados, não modifica as situações
examinadas no litígio composto pelo poder judiciário.
Se a administração não pagar a gratificação e os servidores ingressarem em juízo, é patente
que não há como alegar a existência de coisa julgada, uma vez que a situação posta em litígio é distinta
da anteriormente examinada pelo judiciário, mercê da inovação legislativa.
Importa destacar que a aplicação e os efeitos da lei nova ocorrem imediata e
automaticamente, sendo absolutamente desnecessário o manejo de qualquer ação visando à
modificação ou desconstituição da coisa julgada. Teori Albino Zawascki defende que, nesses casos,
ocorre um automático afastamento da eficácia “prospectiva” da coisa julgada, sem a necessidade da
ação revisional, prevista no art. 471 do CPC:

“A sentença vale rebus sic stantibus. Significa dizer enquanto permanecerem os mesmos
fatos e os mesmos fundamentos jurídicos que deram origem. Então, evidentemente, que, se
amanhã ou depois mudar a lei, aquela sentença, automaticamente, perderá eficácia para o
futuro. Se o contribuinte mudar de atividade, ou se enfim, aquela sentença, que teve efeitos
futuros, deixará de existir. (...) a ação de revisão não é sempre necessária. Pelo contrário,
a ação de revisão dessas sentenças de trato continuado só é necessária quando a lei exige.
Nos demais casos, há perda da eficácia prospectiva das sentenças, ela se dá
automaticamente. Se determinado contribuinte estava sujeito, por força de uma sentença,
a pagar determinado tributo, evidentemente que essa sentença vai deixar de existir se, por
alguma razão, vier uma lei criando uma isenção, enfim, não há necessidade de fazer uma
rescisão da sentença, muito menos uma revisão dessa sentença. Isso se opera
automaticamente.”

Idêntica a situação do servidor de determinada carreira cuja ação ordinária pleiteando o


direito a uma vantagem X transitou em julgado, com seu pedido indeferido. Passados alguns anos, é
editada nova lei que estende a vantagem X para a carreira do referido servidor. Verdadeiro absurdo
seria pretender que ele estaria impedido de receber a vantagem X por força da ação transitada em
julgado. Igualmente desarrazoado seria pretender que o servidor somente pudesse perceber a vantagem
caso manejasse ação rescisória ou revisional.
Evidente que decisões judiciais que asseguraram o direito de servidores perceberem certa
vantagem de forma alguma impedem ou afastam a aplicação da legislação superveniente, a exemplo da
emenda constitucional que instituiu o regime de subsídio e as normas subsequentes que o
regulamentaram.
A sentença produz todos os seus efeitos enquanto permanecerem íntegros os fatos e os
fundamentos jurídicos verificados no processo em que foi proferida, uma vez que a coisa julgada
alcança apenas o estado de coisas examinados no processo, não sendo possível estender esses efeitos a
situações de fato ou de direito supervenientes que jamais foram tratadas pelo judiciário.

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A tese contrária acaba por levar ao absurdo de reconhecer a existência de direito adquirido
a regime jurídico, o que permitiria que determinados servidores tivessem assegurados eternamente
parcela ou estrutura de remuneração indene a qualquer alteração legislativa.
Por ocasião da apreciação da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº
101, pelo STF, discutiu-se, dentre vários assuntos, o alcance da coisa julgada relacionada a processos
em que decisões judiciais pretéritas autorizaram, com indeterminação temporal, a importação de pneus
usados.
Na ocasião, a decisão do STF pautou-se pelas mesmas balizas aqui defendidas.
Reproduzo, a seguir, trecho do voto do Ministro Gilmar Mendes:

“Em segundo lugar, passo a analisar a possibilidade de os efeitos desta decisão alcançarem
decisões que eventualmente já estejam sob os efeitos da coisa julgada, no sentido de
permitir a importação de pneus usados de qualquer espécie num determinado momento.(...)
Não se trata nem de abolir a garantia constitucional da coisa julgada, nem de torná-la
absoluta temporalmente. (...). Isto porque o problema a ser aqui enfrentado não se refere
à existência de uma coisa julgada, mas ao alcance de seus efeitos, para que se preserve a
eficácia circunscrita ao âmbito específico de um caso já transitado em julgado.
Assim, a solução desta questão perpassa a consideração de que os efeitos da coisa julgada,
quanto à autorização judicial de operações de importação de pneus em um determinado
processo judicial transitado em julgado, prevalecem tão somente para aquela determinada
operação de importação relacionada a determinados bens e realizada num determinado
momento.
Dessa forma, aplica-se ao caso, de forma analógica, o entendimento jurisprudencial
firmado por esta Corte na Súmula 239, também considerado na doutrina que trata da
peculiaridade do alcance da coisa julgada em matéria tributária, de que se preserva a
coisa julgada em relação à determinada operação temporalmente identificada, mas não
necessariamente a todas as outras possíveis operações futuras de importação de pneus, que
podem vir a ser reguladas de forma distinta, diante de eventual modificação da orientação
jurídica segura sobre a matéria, em que se assenta a legitimidade e conformidade de uma
exclusiva interpretação constitucional como adequada.
Mutatis mutandis, a resolução da questão assemelha-se também à discussão de
inexistência de direito adquirido a determinado regime jurídico (v.g. RE 540819
AgR/PR, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 22.5.2009; RE 593711 AgR/PE, Rel. Min. Eros Grau,
DJ 17.3.2009; RE 563965/RN, Rel. Min. Carmen Lucia, DJ 2 0.3.2009; AI 609997
AgR/DF, Rel. Min. César Peluso, DJ 12 .3.2009) , ante o entendimento de que não se pode
alegar, eternamente, direito adquirido a urna determinada forma de regulação estatal de
operações de importação (de pneus), que podem mudar conforme as diretrizes político-
jurídicas do Estado brasileiro.
Assim, ressaltam-se no presente caso apenas os limites objetivos da coisa julgada em casos
judiciais transitados em julgado, referentes à autorização de importação de pneus, de forma
a compatibilizá-los com a declaração de constitucionalidade ex tunc proferida na presente
ADPF.”

A jurisprudência da Suprema Corte é firme ao asseverar que não há direito adquirido do


servidor público à manutenção de regime jurídico de composição e cálculo de parcelas de
remuneração ou proventos (MS 21.086, Rel. Min. Moreira Alves, DJ de 24/9/92; RE 146.749, Rel.
Min. Moreira Alves, RTJ 158/228; RE 164.750, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ de 13/2/98; RMS
23.362, Rel. Min. Octávio Gallotti, DJ de 28/5/99, etc.).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.314/2011-0

Veja-se a amplitude do entendimento esposado pelo Supremo Tribunal Federal nessa


matéria (RE 89.263, RTJ 92/832): "Ressalvado o caso dos funcionários que sejam protegidos pela
norma constitucional da irredutibilidade de vencimentos, nenhum outro adquire direito a um certo
quanto do vencimento ou de gratificação. Precedentes do STF".
Daí porque não é possível falar em direito adquirido do servidor ou magistrado aposentado
à inalterabilidade do regime jurídico pertinente à composição de seus vencimentos ou proventos,
mesmo que o direito tenha sido adquirido ou reconhecido na esfera judicial. A proteção que a
Constituição assegura, nesses casos, é a irredutibilidade da remuneração.
Nesse sentido manifestou-se o STF ao tratar da mudança de critério do cálculo de
proventos de magistrados aposentados, no âmbito do MS 24.875, Rel. o Min. Sepúlveda Pertence,
DJ de 06/10/2006:
EMENTA:
I. Ministros aposentados do Supremo Tribunal Federal: proventos (subsídios): teto remuneratório:
pretensão de imunidade à incidência do teto sobre o adicional por tempo de serviço (ATS), no percentual
máximo de 35% e sobre o acréscimo de 20% a que se refere o art. 184, III, da Lei 1711/52, combinado com o
art. 250 da L. 8.112/90: mandado de segurança deferido, em parte.
[...]
IV. Magistrados. Subsídios, adicional por tempo de serviço e o teto do subsídio ou dos proventos, após a EC
41/2003: argüição de inconstitucionalidade, por alegada irrazoabilidade da consideração do adicional por
tempo de serviço quer na apuração do teto (EC 41/03, art. 8º), quer na das remunerações a ele sujeitas (art.
37, XI, CF, cf EC 41/2003): rejeição. (...) 6. É da jurisprudência do Supremo Tribunal que não pode o
agente público opor, à guisa de direito adquirido, a pretensão de manter determinada fórmula de
composição de sua remuneração total, se, da alteração, não decorre a redução dela. 7. Se dessa forma se
firmou quanto a normas infraconstitucionais, o mesmo se há de entender, no caso, em relação à emenda
constitucional, na qual os preceitos impugnados, se efetivamente aboliram o adicional por tempo de serviço
na remuneração dos magistrados e servidores pagos mediante subsídio, é que neste - o subsídio - foi
absorvido o valor da vantagem. 8. Não procede, quanto ao ATS, a alegada ofensa ao princípio da isonomia,
já que, para ser acolhida, a argüição pressuporia que a Constituição mesma tivesse erigido o maior ou
menor tempo de serviço em fator compulsório do tratamento remuneratório dos servidores, o que não
ocorre, pois o adicional correspondente não resulta da Constituição, que apenas o admite - mas, sim, de
preceitos infraconstitucionais.[...]
Nessa mesma linha, por exemplo, o julgamento do AgR-AI 658.871, Relator Min. Eros
Grau, publicado no DJe 157, de 07/12/2007:
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. COMPLEMENTAÇÃO.
PROVENTOS. VANTAGEM INCORPORADA. CARGO EM COMISSÃO. LEI ESTADUAL N. 2.152/00.
REESTRUTURAÇÃO DE CARGOS E FUNÇÕES. OFENSA AO DIREITO ADQUIRIDO. AUSÊNCIA.
REEXAME DE LEGISLAÇÃO LOCAL. SÚMULA N. 280. IMPOSSIBILIDADE EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO.
1. O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento de que "é legítimo que por lei superveniente, sem ofensa
a direito adquirido, o cálculo da vantagem seja desvinculado, para o futuro, dos vencimentos do cargo em
comissão outrora ocupado pelo servidor, passando a quantia a ela correspondente a ser reajustada
segundo os critérios das revisões gerais de remuneração do funcionalismo. Ademais, não havendo 'decesso
de remuneração', não cabe a invocação da garantia da irredutibilidade de vencimentos". Precedentes.
2. Reexame de legislação local. Inviabilidade do recurso extraordinário. Incidência da Súmula n. 280 deste
Tribunal. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.
Merece menção, ainda, o julgado no RE 384.876, Relator o Min. Sepúlveda Pertence, DJ
de 17/12/2004:

EMENTA: Serventuário da Justiça do Estado do Rio Grande do Norte: aplicação de lei local (LC est.
212/01), que determinara nova fórmula de cálculo dos vencimentos dos membros do Ministério Público, aos
quais são atrelados os do recorrido, Escrivão aposentado: pretensão à preservação de gratificação de 20%
percebida anteriormente à nova lei: inexistência de violação do direito adquirido e da irredutibilidade de
vencimentos: inconstitucionalidade do § 1º do artigo 29 da Constituição estadual, do qual derivara o
acréscimo questionado, declarada pelo Supremo Tribunal no julgamento da ADIn 1730 (Moreira, DJ
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.314/2011-0

7.3.2003). 1. Não tem o servidor público direito adquirido à manutenção de determinado regime de
composição de vencimentos ou proventos; o que a Constituição lhe assegura é a irredutibilidade deles;
garantia respeitada sempre que, da aplicação do novo sistema legal, não advenha decréscimo da soma
total da remuneração paga. 2. Incontroverso, que, em função da lei nova, os proventos totais do servidor
não sofreram diminuição, mas, ao contrário, experimentaram elevação, deferir a preservação do acréscimo
de 20% sobre os novos proventos, já superiores ao total anteriormente percebido, seria possibilitar, contra
os princípios, o somatório de vantagens de regimes diversos. 3. Ademais, o acórdão local reconheceu o
direito adquirido do recorrido ao percentual de 20% acrescido aos seus proventos, com fundamento no art.
185 da L. 920/53, mantido pelo parágrafo primeiro do artigo 29 da Constituição estadual, cuja
inconstitucionalidade foi declarada pelo STF no julgamento da ADIn 1730.
Evidente que aposentados e pensionistas são titulares de direito adquirido a perceber os
devidos proventos, mas não possuem direito adquirido ao regime jurídico atinente ao cálculo,
composição ou fórmula dos respectivos valores.
Ao lecionar sobre o tema “direito adquirido e estatuto ou instituto jurídico”, Gilmar
Mendes afirma que “as duas principais teorias sobre a aplicação da lei no tempo — a teoria do
direito adquirido e a teoria do fato realizado, também chamada do fato passado — rechaçam, de
forma enfática, a possibilidade de subsistência de situação jurídica individual em face de uma
alteração substancial do regime ou de um estatuto jurídico” (Direitos Fundamentais e Controle de
Constitucionalidade. Saraiva. 3ª edição. 2006. p. 143).
Na abalizada opinião do Ministro da Suprema Corte, essa orientação uniforme da doutrina
encontrou acolhida na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que, reiteradamente, tem afirmado
a inexistência de direito adquirido à situação regida por estatuto, em casos como os de vencimentos,
aposentadoria, proventos, estrutura remuneratória, reajustes, planos econômicos e outros.
Daí suas afirmações de que “o princípio constitucional do direito adquirido não se mostra
apto a proteger as posições jurídicas contra eventuais mudanças dos institutos jurídicos ou dos
próprios estatutos jurídicos previamente fixados” e de que “A jurisprudência é enfática quanto à
inadmissibilidade da invocação do direito adquirido em relação a situações estatutárias e a institutos
jurídicos de forma geral” (Direitos Fundamentais e Controle de Constitucionalidade. Saraiva. 3ª
edição. 2006. pp. 148 e 163).
Cite-se ainda o Agr-RE 310.388, publicado do DJ em 26/03/2006, no qual o Relator,
Ministro Maurício Corrêa, resaltou que apesar da jurisprudência daquela Corte ser firme no sentido de
que a vantagem pessoal regularmente incorporada ao patrimônio do servidor não pode ser suprimida,
sob pena de ofensa a direito adquirido e ao principio da irredutibilidade de vencimentos, a situação
retratada nos autos era a de modificação do regime jurídico do cálculo de vencimentos (e proventos)
em razão de lei nova que promoveu a “absorção da verba de representação mensal pelas
remunerações constantes nas Tabelas nela mencionadas”.
O Acórdão restou assim ementado:
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.
ADMINISTRATIVO. SERVIDORES INATIVOS. VANTAGENS INCORPORADAS E ABSORÇÃO DESSAS
PARCELAS NA REMUNERAÇÃO. VIOLAÇÃO A DIREITO ADQUIRIDO E AO PRINCÍPIO DA
IRREDUTIBILIDADE. INEXISTÊNCIA.
Cálculo de parcelas que compõem a remuneração. Legislação superveniente que dá nova disciplina à
matéria e absorve as vantagens incorporadas aos vencimentos. Alegação de ofensa a direito adquirido e
vulneração ao princípio da irredutibilidade. Improcedência.
Agravo regimental a que se nega provimento.

Ainda quanto à inexistência de direito adquirido a certo regime jurídico de composição e


cálculo das parcelas da remuneração, pode-se mencionar o RE 164.750, Min. Rel. Sepúlveda
Pertence, DJ de 13/02/98, do qual reproduzo a ementa e trecho do voto do relator:
EMENTA:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.314/2011-0

I. Vencimentos do servidor público: teto: validade de seu estabelecimento, no regime constitucional anterior,
de modo a alcançar inclusive as vantagens pessoais: impertinência da invocação da jurisprudência hoje
firmada em sentido contrário, à vista, porém, de preceitos da Constituição vigente.
II. Vencimentos de servidor público: inexistência de direito adquirido a certo regime jurídico de
composição e cálculo das parcelas da remuneração, ainda quando incidente — o que não era o caso — a
garantia de irredutibilidade.
III. Recurso extraordinário: descabimento para interpretação de direito local, do que se ressalva, contudo,
conforme jurisprudência vetusta, a hipótese em que, para solver a questão de direito intertemporal, seja
necessário fixar o sentido da lei local cuja incidência se questiona.

VOTO: (...) Estou em que, no ponto, está subjacente à decisão recorrida a tese do direito adquirido a certo
regime jurídico de composição e cálculo das parcelas de remuneração do servidor público.
É tese, porém, que, de há muito, a jurisprudência do Supremo Tribunal já repudiava, ainda quando se
tratasse de magistrados, então, titulares exclusivos da garantia de irredutibilidade de vencimentos: aí, o que
se reclamava é que, da mudança do regime de cálculo de vencimentos, não resultasse decréscimo do quanto
anterior.

Na mesma linha colhem-se inúmeros outros precedentes:


RE 226.473, Min. Rel. Sepúlveda Pertence, DJ de 13/5/98
EMENTA: I - Servidor público estadual: teto constitucional: equivalência entre os tetos (CF, art. 37, XI). (...)
II - Teto: redução do limite remuneratório (L.C. est. 43/92-SC): inexistência de direito adquirido à
manutenção do limite previsto na legislação revogada, pois é axiomático não existir direito adquirido a
regime jurídico. (...)”

RE 222.480, Min. Rel. Moreira Alves, DJ de 01/9/2000


EMENTA: Recurso extraordinário. Estabilidade financeira. Gratificação complementar de vencimento.
Medida Provisória 61/95 convertida na Lei 9.847/95, ambas do Estado de Santa Catarina.
- A estabilidade financeira, que não se confunde com o instituto da agregação, não viola o princípio
constitucional da vedação de vinculação ou equiparação de vencimentos.
- Inexistência, no caso, de direito adquirido, porquanto é entendimento firme desta Corte o de que não há
direito adquirido a regime jurídico.(...)

RE 179.956, Min. Rel. Moreira Alves, DJ de 22/9/95


EMENTA: Funcionário Público. Reajuste.
- É indevido o reajuste correspondente à aplicação da URP no mês de fevereiro de 1989, por ter sido ele
revogado, sem afronta ao princípio do direito adquirido, pela Lei n. 7.730, de 31.01.89.
- Recentemente, o Plenário desta Corte, ao julgar o RE n. 146.749, decidiu que, não havendo direito
adquirido a vencimentos nem a regime jurídico, o artigo 12, "caput", do Decreto-lei 2.425/88 é de
aplicação imediata, tendo os funcionários direito apenas ao reajuste, calculado pelo sistema do artigo 82, §
19, do Decreto-lei 2.335, com relação aos dias do mês de abril anteriores ao da publicação daquele
Decreto-lei (ou seja, os sete primeiros dias do mês de abril de 1988, uma vez que o referido artigo 12,
"caput", entrou em vigor no dia oito de abril de 1988, data em que foi publicado, pois não sofreu alteração
na republicação feita no dia onze do mesmo mês), bem como ao de igual valor, não cumulativamente, no mês
de maio seguinte.
- Recurso extraordinário conhecido e, em parte, provido.

RE 218.989, Min. Rel. Min. Ilmar Galvão


EMENTA: SERVIDOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA. VENCIMENTOS. AGREGAÇÃO. DIREITO
ADQUIRIDO. INOCORRÊNCIA. SÚMULA 339.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 193.810, Rel. Min. Moreira Alves,
afastou a existência de direito adquirido à percepção de vencimentos do cargo correspondente ao que
deixou de existir, em razão de alteração no regime jurídico do reajuste dessa vantagem.
Recurso extraordinário conhecido e provido.
A longa e pacífica jurisprudência do STF encontra-se sobejamente demonstrada no RE
396.704, Rel. Min Celso de Mello, DJ de 03/12/2004, do qual reproduzo trecho do voto do relator:
“Não assiste razão à parte ora recorrente, eis que o acórdão, questionado em sede recursal extraordinária,
diverge da orientação jurisprudencial que o Supremo Tribunal Federal firmou na análise da matéria ora em

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.314/2011-0

exame (AI 303.088/PR, Rel. Min. SYDNEY SANCHES - AI 310.467/PR, Rel. Min. CARLOS VELLOSO - AI
338.691/PR, Rel. Min. NELSON JOBIM - RE 183.700/PR, Rel. Min. ILMAR GALVÃO - RE 205.481/PR, Rel.
Min. CARLOS VELLOSO - RE 244.610/PR, Rel. Min. MOREIRA ALVES - RE 249.415/SC, Rel. Min. NÉRI
DA SILVEIRA - RE 268.488/PR, Rel. Min. MOREIRA ALVES - RE 272.157/PR, Rel. Min. NÉRI DA
SILVEIRA - RE 274.008/PR, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA - RMS 23.458/DF, Rel. Min. MOREIRA
ALVES, v.g.):
‘AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.
ADMINISTRATIVO. SERVIDORES INATIVOS. VANTAGENS INCORPORADAS E
ABSORÇÃO DESSAS PARCELAS NA REMUNERAÇÃO. VIOLAÇÃO A DIREITO
ADQUIRIDO E AO PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE. INEXISTÊNCIA.
Cálculo de parcelas que compõem a remuneração. Legislação superveniente que dá nova
disciplina à matéria e absorve as vantagens incorporadas aos vencimentos. Alegação de
ofensa a direito adquirido e vulneração ao princípio da irredutibilidade. Improcedência.
Agravo regimental a que se nega provimento.
(RE 310.388-AgR/DF, Rel. Min. Maurício Corrêa - grifei)’

Cabe ter presente, neste ponto, na linha da jurisprudência prevalecente no Supremo Tribunal Federal (RTJ
76/276 - RTJ 99/1267 - RTJ 124/792 - RTJ 138/266), que não há direito adquirido do servidor público
estatutário à inalterabilidade do regime jurídico pertinente à composição dos vencimentos, (...)”
Dessa linha não se afastou o STF, conforme se verifica em recentes julgados:
EMENTA: 1. RECURSO. Extraordinário. Inadmissibilidade. Servidor Público. Estabilidade Financeira.
Cargo em Comissão. Lei Complementar nº 13/95, do Estado de Pernambuco. Direito adquirido. Não
ocorrência. Agravo Regimental não provido. O servidor público não tem direito adquirido ao atrelamento
do cálculo do valor da estabilidade financeira ao vencimento do respectivo cargo em comissão.(RE
345419-ED, Rel. Min. Cezar Peluzo, DJ de 13/5/2005)
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. PROCURADORES
AUTÁRQUICOS. REDUÇÃO DO PERÍODO DE FÉRIAS. DIREITO ADQUIRIDO.
1. O vínculo entre o servidor e a Administração é de direito público, definido em lei, por isso, não há que
se invocar direito adquirido para tornar imutável o regime jurídico. Jurisprudência pacífica deste Supremo
Tribunal Federal.
2. É vedado ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, estender a servidores públicos
prerrogativas que não lhes foram deferidas em lei, com base no princípio da isonomia. Aplicação do
enunciado da Súmula STF nº 339.
3. Impertinência da alegação de ofensa ao princípio da irredutibilidade de vencimentos. O abono de férias é
parcela acessória que deve ser paga quando o trabalhador goza o seu período de descanso anual.
Suprimidas as férias, desaparece o dever de pagar este abono.
4. Recurso extraordinário conhecido e improvido.
(RE 345.458, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ de 11/3/2005)
Registre-se o voto da Ministra Ellen Gracie no RE 345.458, acima referido:

“A jurisprudência desta Corte se consolidou no sentido de que não há direito adquirido a regime jurídico. O
vínculo entre o servidor e a Administração é de direito público, definido em lei, sendo inviável invocar este
postulado para tornar imutável o regime jurídico, ao contrário do que ocorre com vínculos de natureza
contratual, de direito privado, este sim protegido contra modificações posteriores da lei”.

Nesse mesmo processo, de todo eloqüente o voto do Ministro Gilmar Mendes:

“Sr. Presidente, na linha da jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal, é de se entender que não
há qualquer óbice à eventual mudança estatutária ou mudança de um dado estatuto jurídico, pelo menos na
perspectiva do tratamento do direito adquirido. Isso é mais ou menos comum nas doutrinas que dominam a
matéria, seja a do fato consolidado, seja a própria doutrina do direito adquirido.
[...]
E a opção que se tem, no caso de considerar um direito adquirido a um estatuto jurídico, a um dado instituto
é de fato a quase imutabilidade de um sistema jurídico de perfil institucional, estatutário. Daí por que toda a
doutrina do direito adquirido e mesmo a do fato consolidado acabam por repudiar essa possibilidade.
De modo que, com essas considerações, acompanho o douto voto da eminente Relatora”.

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Nos autos do TC 030.275/2008-9, discutiu-se o direito de magistrados do TJDFT à


percepção da VPNI, decorrente das parcelas incorporadas a título de Quintos ou Décimos, que vinham
sendo pagas adicionalmente ao subsídio, de forma contraditória com o dispositivo constitucional.
Evidente que o reconhecimento judicial, pelo próprio TJDF¨, do direito de o magistrado
perceber parcelas incorporadas à remuneração antes do ingresso na magistratura, em nada altera a
natureza dessa vantagem, nem afasta sua incorporação ao subsídio, salvo se a decisão judicial assim
expressamente o afirmar.
Não tendo a matéria sido objeto de pedido, nem de deliberação judicial, não há como
afastar do regime de subsídio a vantagem anteriormente adquirida e incorporada como quintos ou
décimos.
A sentença judicial cria a norma jurídica do caso concreto. Se ela não afirmou que o
dispositivo constitucional que trata do subsídio e incorpora todas as vantagens não se aplica aos
magistrados abarcados pela sentença, vale a norma constitucional, ou seja, a sentença, norma do caso
concreto, somente se aplica em conjunção com todas as normas gerais e abstratas existentes no sistema
jurídico pátrio.
Não se discute, portanto, se os magistrados possuíam ou não o direito a continuar a
perceber a vantagem que recebiam antes dos respectivos ingressos na magistratura. Isso é indiscutível,
ao menos nas ações que já transitaram em julgado.
Questão completamente diversa, não coberta pela coisa julgada, nem por provimento
judicial, diz respeito à não submissão dessas vantagens ao regime de subsídio instituído pela
Constituição Federal, posteriormente às deliberações judiciais.
Assim, o reconhecimento judicial da existência de direito à manutenção de
quintos/décimos incorporados antes do ingresso na magistratura não tem o condão de afastar a
aplicação de normas legais e constitucionais supervenientes, notadamente quando essas normas não
foram discutidas no processo judicial
Os magistrados do TJDFT lograram assegurar o direito de acrescer aos subsídios, a partir
da data em que ingressaram na magistratura, ou em data posterior, a VPNI decorrente das parcelas
incorporadas a título de Quintos ou Décimos. A percepção dessa parcela, assim como de qualquer
outra, somente poderia ocorrer enquanto não entrasse em vigor o regime de subsídios, previsto na
Constituição Federal, que dependia da edição de lei.
Repito, portanto, que a sentença só pode ser aplicada e interpretada em conformidade com
a legislação existente em cada momento.
Instituído o regime de parcela única, ocorre a absorção de todas as vantagens, sejam
asseguradas por sentença ou não, passando a auferir o magistrado apenas o subsídio legal, assegurada,
evidentemente, eventual parcela compensatória, destinada a evitar decesso remuneratório.
Nesse sentido, a deliberação do STF, na sessão plenária de 17/03/2010, em que a Corte
Suprema deu provimento a recurso de agravo, conheceu do agravo de instrumento e deu parcial
provimento ao recurso extraordinário intentado pelo União, negando a Ministro aposentado o direito a
perceber parcelas incorporadas de quintos junto com o subsídio de magistrado (AgR-AI 410.946).
No caso, o Ministro intentara manter em sua remuneração de magistrado o valor dos
quintos incorporados à época em que exercia cargo na Administração e obteve sentença favorável na
primeira instância, mas que foi reformada, por maioria, pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
No STJ, a decisão foi no sentido de que, se os quintos já foram incorporados aos
vencimentos do autor, quando membro do Ministério Público, não poderia tal parcela lhe ser negada na
nomeação para a magistratura, por ser vantagem de caráter pessoal, cuja supressão implicaria ofensa
ao direito adquirido. No STF a tese do direito adquirido não foi acolhida, decidindo-se pela
inexistência de direito à percepção dessa parcela, uma vez que os magistrados são remunerados por
subsídio, composto por parcela única, ou seja, sem adicionais.
Como visto, a lei nova a disciplinar regime estatutário tem aplicação imediata, razão pela
qual a instituição de subsídios no âmbito da magistratura atingiu a todos, ativos e inativos, extinguindo

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todas as demais parcelas de remuneração, sem decesso remuneratório. Não há falar em direito
adquirido ou de coisa julgada, a impedir a aplicação do novo regime.
Idêntica situação encontra-se nestes autos.
Não há nas decisões transitadas em julgado nenhuma determinação para que essas parcelas
– de natureza de antecipação de reajuste – não sejam absorvidas por aumentos e planos de carreira
instituídos por leis posteriores.
Não há falar em direito adquirido ou de coisa julgada a impedir a aplicação do novo
regime, com a absorção das parcelas de antecipação de reajustes.
Aliás, são tais as teses jurídicas que criam todo o tipo de distorções no serviço público,
dentro das mesmas carreiras, com servidores do mesmo nível, um ganhando até o triplo do outro, por
meio de interpretações equivocadas de sentenças judiciais.
III
Por fim, nos moldes da jurisprudência do E. STF, os atos de aposentadoria em análise
deram entrada no TCU em prazo inferior ao período de cinco anos, a eles não se aplicando o
procedimento definido pelo Acórdão TCU nº 587/2011-Plenário.
Ante o exposto, acolho os pareceres precedentes e voto no sentido de que seja adotado o
acórdão que ora submeto à deliberação deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 4 de dezembro de
2012.

WALTON ALENCAR RODRIGUES


Relator

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ACÓRDÃO Nº 7475/2012 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 012.314/2011-0.
2. Grupo I – Classe de Assunto: V – Aposentadoria.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessados: Aurino Pedro Carvalho (082.277.729-00); Irineu Ângelo Seola (245.675.239-20);
João Basilicio de Souza (200.251.069-53); José Luiz Pereira (245.402.009-25); José Luiz Pereira
(245.402.009-25).
4. Entidade: Superintendência Estadual da Funasa em Santa Catarina.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo de Vries Marsico.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip).
8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam da concessão de aposentadoria a ex
servidores da Superintendência Estadual da Funasa em Santa Catarina,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 1ª
Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, e com fundamento no art. 71, incisos III e IX, da
Constituição Federal, arts. 1º, inciso V, 39, inciso II, e 45 da Lei nº 8.443/1992, arts. 260, § 1º e 262, §
2º, Regimento Interno, e Súmula TCU nº 106, em:
9.1. considerar legal e ordenar o registro do ato de alteração de aposentadoria de Aurino
Pedro Carvalho (CPF: 082.277.729-00);
9.2. considerar ilegais os atos inicial e de alteração de aposentadoria de José Luiz Pereira
(CPF: 245.402.009-25), recusando o registro;
9.3. considerar ilegais os atos iniciais de aposentadoria de Irineu Ângelo Seola (CPF:
245.675.239-20) e João Basilicio de Souza (CPF: 200.251.069-53), recusando o registro;
9.4. dispensar o ressarcimento das quantias indevidamente recebidas de boa-fé pelos
interessados;
9.5. determinar à unidade jurisdicionada que adote medidas para:
9.5.1. dar ciência, no prazo de 15 (quinze) dias, do inteiro teor desta deliberação aos
interessados, alertando-os de que o efeito suspensivo proveniente da interposição de eventuais recursos
não os exime da devolução dos valores percebidos indevidamente após a respectiva notificação, caso
esses não sejam providos;
9.5.2. fazer cessar, no prazo de 15 (quinze) dias, o pagamento decorrente dos atos
considerados ilegais, sob pena de responsabilidade solidária da autoridade administrativa omissa;
9.5.3. encaminhar ao Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias contados da ciência da decisão,
documento apto a comprovar que os interessados tiveram conhecimento do acórdão;
9.6. esclarecer à unidade jurisdicionada que as concessões poderão prosperar, mediante
emissão de novos atos, livres das irregularidade apontadas e, em relação a Irineu Ângelo Seola e João
Basilicio de Souza, estes poderão retornar à atividade ou aposentar-se sob outro fundamento legal;
9.7. determinar à Sefip que adote medidas para monitorar o cumprimento da determinação
relativa à cessação dos pagamentos decorrentes das concessões consideradas ilegais, representando ao
Tribunal em caso de não atendimento.

10. Ata n° 44/2012 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 4/12/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-7475-44/12-1.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.314/2011-0

13. Especificação do quorum:


13.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Walton Alencar Rodrigues (Relator), José
Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)


VALMIR CAMPELO WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral

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