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Conferência Internacional sobre Reabilitação de Estruturas Antigas de Alvenaria

CASOS PRÁTICOS DE REFORÇO DE EDIFÍCIOS DE ALVENARIA

Luís Moura
Engenheiro Mecânico
ZIRCOM ENGENHARIA SA
Palmela - Portugal

SUMÁRIO

A reabilitação de edifícios e outras estruturas de alvenaria é cada vez mais comum, sendo a aplicação de
ancoragens e tirantes metálicos uma solução muito utilizada.
Neste sentido apresentam-se casos práticos de reabilitação de estruturas utilizando este sistema, salientando as
principais dificuldades, mas também as soluções da empresa ZIRCOM, S.A. Para tal apresentam-se os seguintes
exemplos de reforço: fachada da antiga Igreja de S. Julião – Lisboa (Banco de Portugal), edifício na Av. 5 de
Outubro em Lisboa e de abóbadas em edifício de Portalegre.

1. BREVE APRESENTAÇÃO DO SISTEMA

O SISTEMA DE ANCORAGEM ZIRCOM® é composto por um conjunto de soluções para o reforço de


alvenarias e foi desenvolvido para solucionar problemas estruturais na reabilitação de edifícios.
O sistema é composto por um elemento estrutural (aço, aço inox ou outro) e por uma manga que tem a função de
conter a calda de injeção, obrigando-a a ganhar a morfologia do vazio criado pela furação. A manga apresenta a
porosidade necessária, para que a calda de ligante hidráulico possa migrar através desta, de forma a estabelecer
uma ligação com o suporte adjacente.
Desta forma consegue-se a ancoragem e proteção contra corrosão do varão, sem a fuga ou migração de calda
para o suporte, mesmo em suportes muito fissurados. A manga permite evitar contaminações (manchas, entre
outras) de alvenarias e rebocos, assim como a injeção em demasia de calda, situações frequentes em sistemas
sem a utilização de manga. O problema das contaminações é especialmente relevante quando a pregagem se
desenvolve em paredes ou fachadas com revestimentos decorativos, onde é fundamental manter o seu aspeto
original, e nas quais as contaminações se podem tornar irreversíveis.
A furação poderá ser realizada com arrefecimento a água, ou a seco para edifícios com suportes de revestimentos
de elevado valor arquitetónico. Após a furação, os tirantes embainhados são inseridos num sistema de dupla
camisa, isto é, são introduzidos no interior de um tubo que depois de colocado no interior da parede é retirado.
Este tubo protege a manga evitando que esta se rasgue e que ocorra a consequente fuga de calda para o resto da
parede durante a injeção.
O SISTEMA DE ANCORAGEM ZIRCOM® é constituído por várias tipologias e dimensões, variáveis com a
aplicação e com a patologia que se pretende corrigir: Pregagem Murus, Tirantes Ligabis e Fixações Clavis.

· PREGAGEM MURUS
Para a ligação de paredes de alvenaria, reforço de cunhais, arranques de elementos estruturais, cozimento de
paredes, reforço de pontes, de abóbadas, de paredes de tijolo maciço ou furado. Este sistema pode ser aplicado

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com ou sem placas de reação. As pregagens deste sistema têm, em geral, um comprimento que varia entre 1,2m e
6m. No entanto o sistema pode ser fabricado com outras medidas, tendo sido já aplicado pregagens com 23m.

· TIRANTES LIGABIS
Utilizados para o reforço da ligação entre paredes de alvenaria, especialmente fachadas, lajes, abóbadas etc. São
normalmente complementados por placas de reação nas extremidades. O comprimento dos tirantes pode chegar
aos 30m, com desvios relativamente ao eixo do furo muito reduzidos.

· FIXAÇÕES CLAVIS
Para garantir a ancoragem a elementos ocos ou com vazios, nomeadamente tijolo, abobadilhas, paredes de
alvenaria de pedra, entre outros. Este sistema garante a ancoragem a paredes de tijolo ou lajes aligeiradas e pode
ser utilizado para ancorar revestimento pétreo a fachadas, ligar uma armadura para projetar betão, amarrar parede
de tijolo a elementos estruturais, etc.

2. CASOS PRÁTICOS

Apresentam-se em seguida três casos práticos de obras de reabilitação, onde foram aplicadas diferentes soluções
do SISTEMA DE ANCORAGEM ZIRCOM®. Em cada um dos casos descreve-se o objetivo da obra, os
principais desafios encontrados e como se ultrapassaram esses mesmos desafios. São apresentados igualmente,
fotografias e representações esquemáticas das intervenções realizadas.

2.1. Fachada da Igreja São Julião – Lisboa

A Igreja de São Julião é um edifício de origem pombalina situado no Largo de São Julião. O projeto de
reabilitação contemplava a conversão da antiga Igreja num espaço de exposição e biblioteca no piso 0, enquanto
nos pisos elevados seriam construídos um museu e arquivos. Para além da adaptação do edifício às novas
funções que iria desempenhar, o projeto consistia também em garantir a segurança do edifício face à ocorrência
de sismos, reforçando a estrutura e as fundações existentes.
Nesta intervenção foram aplicados os TIRANTES LIGABIS e as PREGAGENS MURUS em três níveis da fachada,
figura 1.

(a) (b)
(a)– Esquema da colocação dos tirantes; (b) – Fachada da Igreja
Figura 48 - Igreja de São Julião

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2.1.1. Principais dificuldades

As dificuldades iniciais nesta intervenção prendiam-se com o comprimento dos furos, que inicialmente seriam
realizados com um comprimento de 20m, mas que depois se realizaram com cerca de 27m. Esta alteração deveu-
se ao reduzido espaço disponível entre o cunhal da fachada e a fachada das alas da igreja, o que implicou que a
furação fosse iniciada noutro local do edifício, figura 2.

Placa de
ancoragem

Placa de
ancoragem

Local onde se realizou a furação


Figura 49 - Planta da Igreja de São Julião

Outra das dificuldades desta intervenção relacionava-se com a importância da própria fachada. Dado se tratar de
um monumento com elevado valor histórico, era fundamental conservar e preservar toda a arquitetura exterior do
edifício. Este fator era de extrema relevância face ao alinhamento dos furos, visto que ao menor erro, poderia
provocar estragos irreversíveis na dita fachada.
Durante a realização dos trabalhos surgiu outra dificuldade extra, nomeadamente a existência de grandes espaços
de vazios no interior das paredes da fachada, alguns com 2m de comprimento, o que dificultou a furação.

2.1.2. Soluções adotadas

Os desafios desta intervenção foram ultrapassados através do conhecimento e da vasta experiência que a
ZIRCOM possui neste tipo de intervenções. Finalizada a furação da fachada registou-se um desvio vertical de
cerca de 14cm e de 4cm na horizontal. Estes desvios deveram-se sobretudo aos vazios encontrados no interior da
fachada, mas que no total da furação, 27m, não se podem considerar desvios significativos, figura 3.

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(a) (b)
(a) – Introdução do sistema de dupla
camisa; (b) – Pormenor do tirante introduzido na parede
Figura 50 - Furação da fachada

2.2. Edifício Av. 5 Outubro

Com as obras de demolição e construção de um prédio na Av. 5 de Outubro, começaram a surgir fendas com
algum relevo nos edifícios adjacentes. Num dos edifícios contíguos verificou-se igualmente um assentamento de
fundação, agravando as fendas existentes, figura 5. Para contrariar esta situação e evitar o colapso do edifício,
procedeu-se seu reforço, aplicando PREGAGENS MURUS com 4m de comprimento, introduzidas em 5 níveis
diferentes do edifício, figura 4.

(a) (b)
(a) – Fendas existentes no edifício; (b) – Disposição das pregagens ao longo da fachada
Figura 51 - Aspeto exterior do edifício
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2.2.1. Principais dificuldades

Como no caso anterior, também esta intervenção se realizou em altura e foram também encontrados vazios na
alvenaria, assim como outros materiais como a madeira.
Na figura 5 apresenta-se um esquema da solução utilizada nesta intervenção.

Figura 52 - Reforço dos cunhais (planta)

2.2.2. Soluções adotadas

Para se proceder à furação e à injeção da estrutura foi utilizada uma plataforma elevatória de forma a chegar aos
diferentes níveis da fachada. A montagem de andaimes implicava mais tempo de espera e sobrecargas para o
edifício, o que não era conveniente face ao elevado risco de colapso do mesmo. A opção recaiu então pela
furação através de uma plataforma elevatória, embora não seja uma solução muito comum. Perante a necessidade
de uma intervenção rápida foi também utilizada uma broca especial, de modo a que a furação demorasse o menor
tempo possível. Tratando-se de um edifício de habitação, a furação foi realizada com arrefecimento a ar, para
não danificar o interior das habitações.
Após o reforço deste edifício, verificou-se uma evolução do assentamento, mas desta vez ocorreu uma rotação
do edifício no seu conjunto, comprovando o poder e a eficácia da solução adotada na ligação das paredes -
PREGAGENS MURUS.

2.3. Fundação Robinson – Portalegre

Esta intervenção consistia na consolidação e reforço de abóbadas degradadas com um vão de 14m, de forma a
aumentar a sua capacidade resistente, utilizando as FIXAÇÕES CLAVIS anteriormente descritas.
As abóbadas eram constituídas por elementos de cerâmica que foram perfurados em todo o seu interior, sendo
introduzidos os elementos de reforço e posteriormente injetados com a calda, preenchendo assim grande parte do
interior destes elementos ocos, figura 6.

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(a) (b)
(a) – Interior das abóbadas; (b) - Fixações Clavis
Figura 53 - Intervenção nas abóbadas

2.3.1. Principais dificuldades

Visto que a zona inferior das abóbadas se encontrava em bom estado, cingiu-se a intervenção ao exterior das
mesmas, evitando também a montagem de andaimes por todo o interior das abóbadas.
Inicialmente, pensava-se que as abóbadas não eram totalmente ocas pelo que se tinha pensado numa simples
injeção de calda no interior das abóbadas. Esta hipótese revelou-se desajustada face ao elevado volume de calda
que teria de ser injetado, tendo-se então optado pela solução constituída pelas FIXAÇÕES CLAVIS.

2.3.2. Soluções adotadas

As fixações foram introduzidas espaçadas 1m entre si e permitiram a colocação de uma rede malhasol seguida de
uma lâmina de betão, reforçando assim a abóbada existente, figura 7.
A utilização do sistema de ancoragem da ZIRCOM permitiu a injeção controlada de calda, enquanto que a
aplicação de outro sistema iria levar à injeção de todo o interior das abóbadas, aumentando significativamente o
peso da estrutura, figura 8.

(a) (b)
(a) – Colocação de rede malhasol; (b) – Pormenor da Fixação Clavis
Figura 54 - Consolidação das abóbadas pelo exterior

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Figura 55 - Funcionamento das Fixações Clavis

3. AGRADECIMENTOS

O autor agradece ao Eng.º Pedro Daniel Freire da empresa ZIRCOM S.A, a colaboração prestada no
desenvolvimento desta comunicação.

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