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Universidade Federal do Rio de Janeiro


Centro de Letras e Artes
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

FAP 612 - PROJETO DE EXECUÇÃO PARA RESTAURO Prof. Rosina Trevisan M. Ribeiro

PROJETO:
“Projeta quem quer que conceba cursos de ação com o objetivo de transformar
situações existentes em situações preferidas” Herbert Simon (apud SILVA, 1998, p. 30).

PROJETO DE ARQUITETURA
O projeto arquitetônico pode ser descrito como uma proposta de solução para um
específico problema de organização do entorno humano (SILVA, 1998, p. 35).
O problema básico do projeto se reduz em procurar estabelecer, para um
determinado contexto insatisfatório, a forma arquitetônica que se ajuste a esta satisfação,
neutralizando-a. Contexto insatisfatório: uma coleção finita de requisitos específicos, de
ordem material e imaterial, que, por definição, podem ser satisfeitos por um ou mais
aspectos da forma arquitetônica. (SILVA, 1998, p. 57/58)

O PROJETO DE RESTAURAÇÃO
No projeto de restauração, além do programa decorrente do uso futuro do imóvel, o
arquiteto está trabalhando sobre uma edificação já existente, e que possui um valor artístico
e/ou histórico, o qual pretende-se preservar. Este valor tem que ser pesquisado visando a
definição das diretrizes básicas do projeto de restauração que irão nortear as decisões
futuras de projeto. É necessário o estudo da teoria do restauro e a realização dos estudos
preliminares do projeto que são complexos e que o diferem de um projeto comum de
arquitetura.
Projeto de restauração é o conjunto de informações que permitem o
conhecimento da situação atual do bem, das medidas propostas para a sua
preservação assim como da sua situação após as intervenções. É a
descrição textual e gráfica do estado do bem, do ‘que’ se pretende fazer e
de ‘como’ se pretende fazer (IPHAN, 2000).
Sob o ponto de vista do arquiteto a intervenção em uma construção histórica
apresenta, além dos desafios comuns a qualquer elaboração de um projeto de arquitetura,
uma dificuldade a mais, pois a edificação (produto do projeto) além de objeto arquitetônico
é também um documento. Logo, antes da elaboração do projeto propriamente dito são
acrescentadas tarefas vitais para a confecção de projeto de restauração e/ou preservação de
um bem histórico.
Um monumento deve ser estudado como uma edificação construída como um todo,
incluindo as diferentes fases da construção e as intervenções subsequentes. Devem ser
analisadas todas as suas peculiaridades (internas e externas) com referências aos adornos,
mobiliário, etc., e deve-se considerar o edifício inserido no meio ambiente à sua volta.
A diferença entre os dois projetos (de arquitetura e de restauro) começa pela
postura do arquiteto frente a estes projetos, e principalmente na fase inicial dos mesmos.
Enquanto no projeto de arquitetura, a criação do arquiteto é livre, e ele pode projetar
segundo sua imaginação, deixando a “marca” da sua obra, tendo como único parâmetro o
programa e a legislação referente à taxa de ocupação, gabarito, etc., no projeto de restauro,

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o edifício já existe e possui um valor histórico e artístico que se sobressai sobre qualquer
outra coisa. É o edifício que deve prevalecer, não o artista (arquiteto).
Em um projeto de arquitetura o primeiro passo é o reconhecimento de um problema
e a decisão de se encontrar uma solução para ele. O problema constitui-se em um conjunto
formado por condições de natureza funcional, social, política e econômica e a solução é o
projeto de arquitetura proposto pelo arquiteto. No caso de uma edificação que será
recuperada, o projeto de arquitetura já foi formulado e materializado no seu produto que é
a própria edificação. Em algum lugar do passado este projeto constitui uma solução para
um conjunto de condições.
No caso do projeto de restauração, o objeto em estudo (a edificação) deve ser
pesquisado para se conhecer sua essência, sua história, seu estado de conservação e as
intervenções que sofreu ao longo de sua existência. Todas estas informações fazem parte
da fase inicial do trabalho, a fase de levantamento de dados. Estes dados deverão ser
analisados para se determinar um diagnóstico do que deverá ser feito na edificação visando
salvaguardá-la para outras gerações, o que se relaciona à visão de Brandi.

TEORIA DE ANGELIS D’ORSART:


Segundo o italiano Angelis D’Orsat, o estudo do monumento deve se basear em
elementos intrínsecos, provenientes da própria edificação, e elementos extrínsecos,
pertinentes à construção histórica. Os elementos intrínsecos úteis para o conhecimento do
edifício são:
• Dados exibidos pelo próprio monumento: epígrafes, assinaturas, siglas, murais
(estuques, afrescos, revestimentos, etc.); etc.
• Dados encontrados na estrutura: tipo de aparelhamento das pedras ou marcas nos
tijolos, cerâmicas ou azulejos; moedas e medalhas e documentação contidos nas
paredes e fundações;
• Dados deduzidos do monumento através do estudo da inspeção visual: observações
sobre as unidades de medidas utilizadas na construção; traçado geométrico, etc.
E os elementos extrínsecos são aqueles derivados de (1) fontes literárias, (2)
documentação gráfica e (3) manuscritos históricos e documentos relacionados com as
inaugurações, possíveis intervenções na edificação, a função original e os sucessivos usos
do edifício, contratos, recibos testamentos, doações, etc.

METODOLOGIA DO PROJETO DE RESTAURAÇÃO


D’Orsat propõe que o monumento seja estudado sob três pontos de vista, o (a)
histórico, o (b) artístico e o (c) estático-construtivo.
a) A análise do ponto de vista histórico utilizando como metodologia o estudo do caráter
econômico, social e político do período e local do edifício histórico; os acontecimentos
e os patrocinadores que serviram de base para a realização do projeto e do trabalho; a
cronologia dos eventos que se sucederam sobre o edifício.

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b) Análise do ponto de vista artístico: princípios estéticos, de proporção e composição, e


qualidade das formas artísticas. Pesquisa sobre os artistas que executaram e/ou
projetaram a obra.
c) Análise do ponto de vista estrutural: visando ilustrar as soluções adotadas, esclarecendo
seu alcance e resultados. Pesquisar sobre a natureza e o emprego dos materiais e sobre
as tecnologias adotadas.
Estes pontos deverão estar relacionados com (1) o edifício como um todo, incluindo
as diferentes fases da construção e as intervenções subsequentes; (2) as suas peculiaridades
(internas e externas), como adornos, mobiliário, etc.; e (3) em sua relação com o ambiente
a sua volta.
Ele propõe, ainda que se analise além do estado atual do monumento, os aspectos
eventualmente perdidos ou não realizados, e que se faça uma comparação com outras obras
históricas contemporâneas ou similares.
Com isto pode-se notar como é extensa e importante esta fase de coleta de dados
num projeto de restauração. Ela é uma das grandes responsáveis pelo sucesso ou fracasso
do projeto final.

PROPOSTA DO GRUPO DE RESTAURO DO PROARQ/FAU/UFRJ:


Com base nestas informações e na experiência prática da equipe deste trabalho em
relação a obras de restauro desenvolvidas no Brasil, propõem-se que o estudo dos
monumentos seja dividido em duas grandes vertentes com suas respectivas etapas e
divisões:
1) O monumento como Objeto Histórico: Levantamento Histórico e Artístico,
Arquitetônico, Iconográfico e da Legislação.
2) O monumento como Objeto Físico: Levantamento Arquitetônico e de Instalações,
Iconográfico, Arqueológico, Levantamento do Estado de Conservação e Estrutural.
Estes levantamentos podem e devem ser iniciados simultaneamente, com uma
coordenação geral, pois alguns dados de uma determinada etapa podem auxiliar na
pesquisa de outra. Por exemplo, se na pesquisa histórica se verifica que em determinada
época aquela edificação era uma prisão, isto vai direcionar as prospecções de alvenaria
para determinação de aberturas de vãos característicos.
Devido à grande variedade de tipo de edificações a serem restauradas, determinar
uma única metodologia a ser utilizada quando da execução de qualquer das etapas acima é
tarefa muito difícil, quase impossível, dado que cada monumento possui sua
individualidade, suas próprias características históricas e ou arquitetônicas. Tentar-se-á
detalhar a seguir cada etapa, visando abranger o máximo possível de situações, o que
significa que nem todas as ações terão que acontecer numa mesma restauração.
A. OBJETO HISTÓRICO:
• Levantamento do contexto histórico e artístico
- Contexto histórico – ponto de vista econômico, social e político.
- Estudo sobre o autor do projeto – estilo e projetos realizados

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- Estudo do uso original da edificação


• Levantamento da história da edificação
- Intervenções ao longo dos anos (mudança de uso e de estilo)
- Levantamento dos sistemas construtivos e materiais empregados
- Levantamento dos elementos integrados, autores e época de execução
- Determinação da tipologia arquitetônica e comparação com projetos de época
- Estudo da evolução do ambiente urbano do entorno (especulação imobiliária,
gabaritos e carga do tráfego da região)
- Levantamento atual do entorno do monumento
• Levantamento iconográfico
- Levantamento de fotos, desenhos, plantas e mapas.

B. OBJETO FÍSICO:
• Levantamento Arquitetônico
- Medições físicas da edificação
- Levantamento fotográfico
- Levantamento topográfico e/ou determinação de níveis
- Identificação do sistema construtivo
- Prospecções
- Levantamento do entorno (tipologia e gabarito)
- Estudo do micro-clima - Orientação (determinação do Norte), ventilação,
agentes poluentes, ventos dominantes.
• Levantamento das Instalações
- Identificação e localização das instalações elétricas, hidro-sanitárias, gás, etc.
- Levantamento fotográfico
- Prospecções
• Levantamento de elementos artísticos móveis e integrados
- Preenchimento de ficha de inventário de mobiliário, alfaias, imaginária, etc.
• Levantamento Estrutural
- Tipo de estrutura (fundações e estrutura portante) e estado de conservação
- Mapeamento, medição de fissuras e identificação provável da origem das
mesmas (fissuras estáveis ou ativas)
- Prospecções da estrutura e do tipo de solo
• Levantamento Arqueológico
- Prospecções
- Estudo e datação das peças
- Levantamento fotográfico
• Levantamento do Estado de Conservação
- Levantamento das patologias existentes e de suas causas (agentes de
degradação)

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- Avaliação da estanqueidade do edifício (esquadrias, embasamento, alvenarias e


coberturas)
- Determinação do percentual do dano e da necessidade de substituição ou
reaproveitamento do material
- Levantamento fotográfico
Paralelamente deverá ser realizado o Levantamento da Legislação:
- Legislação de tombamento ou preservação, e as conseqüentes exigências;
- Zoneamento municipal (determinação dos usos permitidos);
- Código de Obras Municipal;
- Plano Diretor.
Estes levantamentos são importantes para dar embasamento aos serviços de
conservação e restauração no patrimônio edificado, e deverão ser compatibilizados entre si
e, principalmente, com o programa do projeto de restauro, o qual é baseado no futuro uso
do monumento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
D'ORSAT, Angelis - Guia para o estudo metodológico dos monumentos e de suas
causas de deterioração - Trad. Thays Mendonça. /s.l./: Editado pelo ICCROM, /s.d./.
IPHAN (Brasil). Manual do IPHAN - Roteiro para apresentação de Projeto Executivo de
restauração do patrimônio edificado (Versão revisada). Rio de Janeiro: DEPROT/Divisão
de Apoio Técnico, 2000.
MENEZES, Ulpiano B. Identidade cultural e arqueologia. Revista do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, Rio de Janeiro, n. 20, p. 34, 1984.
RIBEIRO, Rosina Trevisan, et al. Projeto de Restauração. As fases preliminares de
pesquisa histórica e arqueológica: metodologia e influência no projeto final In: 3º
ENCORE - Encontro sobre conservação e reabilitação de edifícios, 2003, Liboa. Anais...,
3º ENCORE, Lisboa: LNEC, 2003. v.1. p.559 – 567
SILVA, Elvan. Uma introdução ao projeto arquitetônico. 2 ed. Porto Alegre: Ed. da
UFRS, 1998.

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