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Língua Portuguesa

e Literatura
Professor

Caderno de Atividades
Pedagógicas de
Aprendizagem
Autorregulada - 03
2ª Série | 3º Bimestre

Disciplina Curso Bimestre Série


Língua Portuguesa e Literatura Ensino Médio 3º 2ª

Habilidades Associadas

1. Estabelecer relações entre a estética parnasiana e os conceitos da Belle Époque e da Art Nouveau.

2. Analisar textos simbolistas, identificando recursos ligados à musicalidade.

3. Reconhecer o emprego de figuras de linguagem na construção de imagens sugestivas.

4. Identificar os recursos expressivos do gênero textual canção, reconhecendo sua relação com a
poesia e a música.
Apresentação

A Secretaria de Estado de Educação elaborou o presente material com o intuito de estimular o


envolvimento do estudante com situações concretas e contextualizadas de pesquisa, aprendizagem
colaborativa e construções coletivas entre os próprios estudantes e respectivos tutores – docentes
preparados para incentivar o desenvolvimento da autonomia do alunado.
A proposta de desenvolver atividades pedagógicas de aprendizagem autorregulada é mais uma
estratégia pedagógica para se contribuir para a formação de cidadãos do século XXI, capazes de explorar
suas competências cognitivas e não cognitivas. Assim, estimula-se a busca do conhecimento de forma
autônoma, por meio dos diversos recursos bibliográficos e tecnológicos, de modo a encontrar soluções
para desafios da contemporaneidade, na vida pessoal e profissional.
Estas atividades pedagógicas autorreguladas propiciam aos alunos o desenvolvimento das
habilidades e competências nucleares previstas no currículo mínimo, por meio de atividades
roteirizadas. Nesse contexto, o tutor será visto enquanto um mediador, um auxiliar. A aprendizagem é
efetivada na medida em que cada aluno autorregula sua aprendizagem.
Destarte, as atividades pedagógicas pautadas no princípio da autorregulação objetivam,
também, equipar os alunos, ajudá-los a desenvolver o seu conjunto de ferramentas mentais, ajudando-o
a tomar consciência dos processos e procedimentos de aprendizagem que ele pode colocar em prática.
Ao desenvolver as suas capacidades de auto-observação e autoanálise, ele passa ater maior
domínio daquilo que faz. Desse modo, partindo do que o aluno já domina, será possível contribuir para
o desenvolvimento de suas potencialidades originais e, assim, dominar plenamente todas as
ferramentas da autorregulação.
Por meio desse processo de aprendizagem pautada no princípio da autorregulação, contribui-se
para o desenvolvimento de habilidades e competências fundamentais para o aprender-a-aprender, o
aprender-a-conhecer, o aprender-a-fazer, o aprender-a-conviver e o aprender-a-ser.
A elaboração destas atividades foi conduzida pela Diretoria de Articulação Curricular, da
Superintendência Pedagógica desta SEEDUC, em conjunto com uma equipe de professores da rede
estadual. Este documento encontra-se disponível em nosso site www.conexaoprofessor.rj.gov.br, a fim
de que os professores de nossa rede também possam utilizá-lo como contribuição e complementação às
suas aulas.
Estamos à disposição através do e-mail curriculominimo@educacao.rj.gov.br para quaisquer
esclarecimentos necessários e críticas construtivas que contribuam com a elaboração deste material.

Secretaria de Estado de Educação

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Caro Tutor,
Neste caderno, você encontrará atividades diretamente relacionadas a algumas
habilidades e competências do 3º Bimestre do Currículo Mínimo de Língua Portuguesa e
Literatura da 2ª Série do Ensino Médio. Estas atividades correspondem aos estudos
durante o período de um mês.
A nossa proposta é que você atue como tutor na realização destas atividades
com a turma, estimulando a autonomia dos alunos nessa empreitada, mediando as
trocas de conhecimentos, reflexões, dúvidas e questionamentos que venham a surgir no
percurso. Esta é uma ótima oportunidade para você estimular o desenvolvimento da
disciplina e independência indispensáveis ao sucesso na vida pessoal e profissional de
nossos alunos no mundo do conhecimento do século XXI.
Neste Caderno de Atividades, os alunos vão aprender sobre as estéticas do
Parnasianismo e do Simbolismo e sobre o gênero canção. Na primeira parte deste
material, eles vão conhecer exemplares da produção poética parnasiana e simbolista e
compreender a importância dessas correntes literárias para a cultura brasileira. Na
segunda parte, vão aprender a reconhecer o modo de organização de uma canção, seus
recursos expressivos, suas figuras de linguagem mais frequentes, bem como sua relação
com a poesia.
Para os assuntos abordados em cada bimestre, vamos apresentar algumas
relações diretas com todos os materiais que estão disponibilizados em nosso portal
eletrônico Conexão Professor, fornecendo diversos recursos de apoio pedagógico para o
Professor Tutor.
Este documento apresenta 08 (oito) Aulas. As aulas podem ser compostas por
uma explicação base, para que você seja capaz de compreender as principais ideias
relacionadas às habilidades e competências principais do bimestre em questão, e
atividades respectivas. Estimule os alunos a ler o texto e, em seguida, resolver as
Atividades propostas. As Atividades são referentes a dois tempos de aulas. Para reforçar
a aprendizagem, propõe-se, ainda, uma pesquisa e uma avaliação sobre o assunto.

Um abraço e bom trabalho!


Equipe de Elaboração

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Sumário

Introdução ............................................................................................... 03
Objetivos Gerais ....................................................................................... 06
Materiais de Apoio Pedagógico ............................................................... 06
Orientação Didático-Pedagógica ............................................................. 07
Aula 1: A linguagem da poesia ................................................................. 07
Aula 2: Já ouviu falar em Belle Époque? .................................................. 14
Aula 3: A poesia do Parnasianismo .......................................................... 20
Aula 4: A poesia do Simbolismo ............................................................... 26
Aula 5: O que é uma canção? .................................................................. 33
Aula 6: Poesia e canção, tudo a ver ......................................................... 38
Avaliação .................................................................................................. 43
Pesquisa ................................................................................................... 48

Referências .............................................................................................. 50

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Objetivos Gerais

Na 2ª série do Ensino Médio, é fundamental que o aluno avance no estudo das


correntes literárias sem, contudo, abandonar o trabalho com os gêneros não literários.
Por essa razão, na tentativa de abarcar as principais habilidades previstas para o 3º
bimestre, segundo o Currículo Mínimo, foram reunidos, neste material, exemplos das
poéticas do Parnasianismo e do Simbolismo. Além disso, foi abordado o gênero textual
canção e explorada sua relação com a poesia. Com relação à literatura, poderá ser
desenvolvido um trabalho que busque contemplar as habilidades de “estabelecer
relações entre a estética parnasiana e os conceitos da Belle Époque e da Art Nouveau”
e “analisar textos simbolistas, identificando recursos ligados à musicalidade”. Quanto
ao gênero canção, o objetivo é o aluno saber “identificar os recursos expressivos do
gênero textual canção, reconhecendo sua relação com a poesia e a música”.

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Materiais de Apoio Pedagógico

No portal eletrônico Conexão Professor, é possível encontrar alguns materiais


que podem auxiliá-los. Vamos listar estes materiais a seguir:

Aula Teleaulas
Orientações Pedagógicas do CM Recursos Digitais
Referência Autonomia nº
http://www.conexaop
http://www.conexaoprofessor.rj.g rofessor.rj.gov.br/dow
Aula 1 --- ov.br/downloads/cm/cm_11_9_2S nloads/cm/cm_12_9_
_3.pdf 2S_3.pdf

http://www.conexaop
http://www.conexaoprofessor.rj.g rofessor.rj.gov.br/dow
Aula 2 67 – EM ov.br/downloads/cm/cm_11_9_2S nloads/cm/cm_12_9_
_3.pdf 2S_3.pdf

http://www.conexaop
http://www.conexaoprofessor.rj.g rofessor.rj.gov.br/dow
Aula 3 ov.br/downloads/cm/cm_11_9_2S nloads/cm/cm_12_9_
67 – EM _3.pdf 2S_3.pdf

http://www.conexaop
http://www.conexaoprofessor.rj.g rofessor.rj.gov.br/dow
Aula 4 --- ov.br/downloads/cm/cm_11_9_2S nloads/cm/cm_12_9_
_3.pdf 2S_3.pdf

http://www.conexaop
http://www.conexaoprofessor.rj.g rofessor.rj.gov.br/dow
Aula 5 --- ov.br/downloads/cm/cm_11_9_2S nloads/cm/cm_12_9_
_3.pdf 2S_3.pdf

http://www.conexaop
http://www.conexaoprofessor.rj.g rofessor.rj.gov.br/dow
Aula 6 --- ov.br/downloads/cm/cm_11_9_2S nloads/cm/cm_12_9_
_3.pdf 2S_3.pdf

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Orientação Didático-Pedagógica

Para que os alunos realizem as Atividades referentes a cada dia de aula,


sugerimos os seguintes procedimentos para cada uma das atividades propostas no
Caderno do Aluno:
1° - Explique aos alunos que o material foi elaborado que o aluno possa compreendê-lo
sem o auxílio de um professor.
2° - Leia para a turma a Carta aos Alunos, contida na página 3.
3° - Reproduza as atividades para que os alunos possam realizá-las de forma individual
ou em dupla.
4° - Se houver possibilidade de exibir vídeos ou páginas eletrônicas sugeridas na seção
Materiais de Apoio Pedagógico, faça-o.
5° - Peça que os alunos leiam o material e tentem compreender os conceitos
abordados no texto base.
6° - Após a leitura do material, os alunos devem resolver as questões propostas nas
ATIVIDADES.
7° - As respostas apresentadas pelos alunos devem ser comentadas e debatidas com
toda a turma. O gabarito pode ser exposto em algum quadro ou mural da sala para
que os alunos possam verificar se acertaram as questões propostas na Atividade.
Todas as atividades devem seguir esses passos para sua implementação.

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Aula 1: A linguagem da poesia

Poema do poeta curitibano Paulo Leminski pichado em muros de Curitiba


Disponível em: http://margaridaevioleta.wordpress.com/category/paulo-leminski/
Acesso em: 11/08/2013

Quem pelo menos já não ouviu ou leu um poema, não é mesmo? Ouvir de um
amigo na escola ou ler em algum muro da cidade e acabou decorando-o de tão sonoro
que ele era?
Nesta aula falaremos não só desses recursos sonoros mas de outros que
também costumam dar mais vida às palavras, principalmente aos poemas. Vamos
ajudá-lo a ler e identificar alguns desses recursos em vários textos e por que não
também a utilizar alguns.
Para iniciar, observe as estrofes do poema “A estrela”, de Manuel Bandeira:

Vi uma estrela tão alta,


Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta.


Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

O que nos chama a atenção nestes versos? Com certeza a repetição da mesma
expressão “vi uma estrela” e “era uma estrela”. A esse recurso, utilizado pelo poeta
Manuel Bandeira para sugerir o vazio da sua vida, chamamos de anáfora.

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A anáfora consiste em repetir uma palavra ou expressão a espaços regulares
durante o texto. É muito comum nas canções (trovas) populares, cordéis, poemas e,
eventualmente, em propagandas. Esse recurso faz parte do estudo de FIGURAS DE
LINGUAGEM.
Mas o que são figuras de linguagem?
As figuras de linguagem são recursos usados na fala ou na escrita para tornar
mais expressiva a mensagem transmitida, seja em um texto, em uma propaganda, seja
em poesia.
Como é mais comumente trabalhar as figuras de linguagem em textos poéticos,
importante é lembrar o que significa poesia. O dicionário Aurélio nos diz o que é:
Poesia - “Arte de criar imagens, de sugerir emoções por meio de uma linguagem
em que se combinam sons, ritmos e significados.”

E para que o poema possa criar imagens, sugerir emoções por meio da
linguagem, ele precisará utilizar algumas figuras de linguagem, já que são elas que
tornam a escrita mais expressiva. Serão elas que darão aos textos, poemas,
propagandas uma criatividade tal que permitirá a ele fugir daquela linguagem comum
utilizada no dia a dia.
Para que possamos, então, observar o que o recurso de figuras de linguagem
fornece de criatividade aos textos, vamos dividi-los em figuras de:
Som (recurso sonoro) – exemplos: assonância, aliteração, onomatopeias
Palavra (recurso sugere imagem) – exemplos: metáfora, sinestesia
Pensamento (recurso sugere imagem) – exemplos: prosopopeia, hipérbole

A seguir, trabalharemos somente algumas figuras de linguagem.

FIGURAS DE CONSTRUÇÃO de RECURSO SONORO

Assonância Aliteração Onomatopeia


É um recurso sonoro que É um recurso sonoro que É um recurso sonoro que
consiste em repetir sons de consiste em repetir sons de consiste em imitar o som da
vogais em um verso ou em consoantes idênticas ou coisa significada
uma frase, especialmente as semelhantes.
sílabas tônicas.
"Sou Ana, da cama “Quem com ferro fere, com “Passa tempo
da cana, fulana, bacana ferro será ferido.” Tic-tac

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Sou Ana de Amsterdam." Provérbio popular Tic-tac
Passa hora chega logo
(Chico Buarque) “o rato roeu a roupa do rei de Tic-tac
Roma e a rainha ficou com Tic-tac
raiva” E vai-te embora”
(Vinícius de Moraes)
comentário
Observe que o uso desse Observe que o uso desse Observe que o poeta faz
recurso sonoro põe em recurso sonoro põe em referência ao tempo. E quem
evidência o nome da evidência a palavra FERRO marca o tempo é o relógio
personagem ANA através da através da repetição da (coisa significada), e o som
repetição da vogal A em consoante F em quase todas que o relógio reproduz, é
todas as demais palavras. as palavras. No outro representado na escrita
exemplo, o R é posto em através do TIC-TAC que o
evidência para dar relógio faz.
expressividade ao ato de
ROER que remete ao som do
R.

FIGURAS DE PALAVRA com RECURSO na IMAGEM

Comparação Metáfora Sinestesia


É uma figura de palavra que É uma figura de palavra em É uma figura de palavra que
consiste em aproximar dois que um termo substitui outro consiste em aproximar, na
seres em função de alguma em vista de uma relação de mesma expressão, sensações
semelhança existente entre semelhança entre os percebidas por diferentes
eles, de maneira que seja elementos que esses termos órgãos dos sentidos como
possível atribuir as designam paladar e olfato, visão e
características de um a outro, Didaticamente, pode-se audição, tato e audição.
e sempre por meio de um considerá-la como uma
elemento comparativo comparação que não usa
explícito, que pode ser: como, conectivo (por exemplo,
que nem, semelhante a, tal "como")
qual.
“Para a florista, “Para a florista, “Uma melodia azul tomou
as flores são como beijos as flores são beijos conta dá sala.”
são como filhas, são filhas
são como fadas disfarçadas.” são fadas disfarçadas.”
(Roseana Murray)
comentário
Aqui a comparação se dá de Aqui a metáfora se dá através Aqui a sinestesia se dá
maneira explícita, com o de uma comparação implícita, através da mistura de
intuito de descrever o subjetiva, mas sem o sentidos: a sensação Auditiva
sentimento da florista em elemento comparativo (melodia) e Visual (azul)
relação às flores, “como”.
comparando-as com “beijos”
(demonstração de afeto),
“filhas” (instinto maternal,

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proteção) e com “fadas
disfarçadas” (mistério,
fantasia).

FIGURAS DE PENSAMENTO com RECURSO na IMAGEM

Prosopopeia ou Hipérbole Antítese


Personificação
Recurso que consiste em Recurso que consiste em Recurso que consiste na
atribuir características expressar uma ideia de exposição de ideias opostas.
próprias de seres animados a forma exagerada. Ocorre quando há uma
seres inanimados. aproximação de palavras ou
expressões de sentidos
opostos.
“Eu vi a Estrela Polar / "Rios te correrão dos olhos, “Nasce o Sol, e não dura mais
Chorando em cima do mar” se chorares!" que um dia; Depois da Luz se
Vinícius de Moraes Olavo Bilac segue à noite escura”
Gregório de Mattos
comentário
Aqui a intenção é atribuir Aqui a intenção é de mostrar Aqui temos a oposição em
características humanas à que tal qual um rio, as Nasce/morre (não dura) e em
Estrela, ou seja, a lágrimas correrão dos olhos. Luz/Noite para expressar a
possibilidade de chorar. Ou seja, se chorará muito. ideia de passagem do tempo,
da vida.

Atividade Comentada 1

1. Leia os fragmentos abaixo e identifique as figuras de linguagem:

a) Na música: “O vento beija meus cabelos”. (Lulu Santos)

Resposta: Prosopopeia

b) Na expressão: “Todos estão morrendo de sede”.

Resposta: Hipérbole

c) No fragmento literário: “Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere”. (Vieira)

Resposta: Anáfora.

d) Na música: “Plunct, plact, zum, você não vai a lugar nenhum.” (Raul Seixas)

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Resposta: Onomatopeia

e) No trecho: "O pavão é um arco-íris de plumas"

Resposta: Metáfora

2. Associe o número das figuras de linguagem aos fragmentos correspondentes:

02 “Teus olhos são negros, negros, / como as noites sem luar...”


01- metáfora 09 “... a natureza parece estar chorando..”
02- comparação 01 “Amor é fogo que arde sem se ver, / é ferida que dói e não se sente...”
03- antítese
03 “O mito é o nada que é tudo…”
04- hipérbole
10 “O cheiro doce e verde do capim traziam recordações da fazenda.”
05- onomatopeia
04 “O povo estourava de rir.”
06- aliteração
08 “Acorda, Maria, é dia / de matar formiga / de matar cascavel / de
07- assonância
matar estrangeiro”
08- anáfora
05 “Os pintinhos piam / Fazem piu-piu / O som do piar, / Faz-me acalmar”
09- personificação
06 “Chegamos de uma terra feia, fria, fétida, fútil.”
10- sinestesia
07 A mágica presença das estrelas!

3. As figuras de linguagem estão também presentes em capas de revista, em


manchetes e em slogans de propagandas. Observe as manchetes, slogans e identifique
a figura presente:

a) No slogan: Nescau - Energia que dá gosto. Que


figura está presente?

Resposta: Prosopopeia – energia não tem vida


para ter gosto.

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b) Na manchete: Vida após a morte. Que
figura está presente?
Resposta: Antítese – palavras vida x
morte.

c) Na propaganda abaixo: a Natura explora duas figuras de linguagem. Quais são?

Não se cubra, descubra


Não embace, desembarace
Não encolha, se atire
Não se feche, arrepie
Não gele, incendeie
Não amarele, avermelhe
Não trema, estremeça

Resposta: Anáfora (repetição do NÃO) e antítese (cubra x descubra).

d) Na manchete ao lado, que figura


está presente?

Resposta: Onomatopeia – blá, blá,


blá e glub, glub, glub

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Aula 2: Já ouviu falar em Belle Époque?

Você se lembra que, no 2º bimestre, falamos sobre o Realismo e o


Naturalismo? Na ocasião, comentamos sobre autores como Machado de Assis e Aluísio
Azevedo. Você também deve se lembrar que essas vertentes foram expressões em
prosa, por meio da produção de contos, crônicas e romances. Correspondendo a essas
manifestações, na poesia, desenvolveu-se a estética do Parnasianismo e que guarda
características muito particulares. Antes, porém, de comentarmos especificamente
sobre essa poética, é fundamental recordarmos o contexto sócio-histórico brasileiro da
época. Vamos lá?
Assim como hoje sofremos grande influência da cultura norte-americana,
através de filmes e música, com a língua inglesa dominando nas fachadas de lojas e
estampas de camiseta, no final do século XIX e início do século XX, a cultura que mais
influenciava o Brasil era a francesa. Os hábitos, costumes, moda e arquitetura
serviram, então de modelo para os brasileiros.
Apesar do extraordinário sucesso dos filmes de Holywood, o cinema surgiu na
França e, precisamente, nesse período. Além disso, o surgimento dos cabarés, o
sucesso do estilo de dança cancan e os famosos boulevares franceses contribuiram
para uma verdadeira efervescência cultural. Nos aspectos político e econômico, a
França estava num momento tranquilo, o que permitiu o culto da forma e a
valorização do belo. Por tais características, essa época ficou conhecida por Belle
Époque (Bela Época).
Em fase de modernização e sob forte influência da Europa, a cidade do Rio de
Janeiro também teve sua própria versão da Belle Époque. Diversas transformações
urbanísticas e culturais ocorreram na cidade naquele período. Entre elas, podemos
mencionar a atual Avenida Rio Branco, antes conhecida como Avenida Central e que
foi ampliada, e o Teatro Municipal, pensado a partir da luxuosa Casa de Ópera de Paris.
Compare as fachadas nas imagens a seguir.

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(http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Theatro_Mu (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Paris_Op
nicipal_do_Rio_22-05-2010-2.JPG) er_um_1900.jpg)
O luxuoso teatro carioca, construído entre A Casa de Ópera de Paris, também
os anos de 1905 e 1909. conhecida como Ópera Garnier

Mas nem só de belezas vive uma Belle Époque. Por trás dos grandes prédios,
dos novos monumentos e das gigantescas obras, a população mais humilde sofreu
bastante. Muitas construções antigas tiveram que ser derrubadas para ceder espaço às
novidades. Esse movimento, conhecido como “bota-abaixo” fez com que as pessoas
mais pobres fossem expulsas de suas moradias sem indenização e, sem alternativas,
tivessem que se deslocar para os morros, iniciando o processo de favelização.
Assim, pode-se dizer que a Belle Époque teve duas faces, a do progresso e a do
embelezamento da cidade e, por outro lado, a do aumento das desigualdades
sociais,visto que os mais pobres nada ganharam com essas transformações. Compare:

Derrubada de mais de 600 casas e prédios Marginalização dos mais pobres, expulsos
antigos (“Bota abaixo”); do centro da cidade;

Largas avenidas; Favelização;

Importação de artigos franceses; Carência de moradias;

Teatro Municipal; Baixos salários;

Escola de Belas Artes (hoje, Museu de Revoltas populares como a Revolta da


Belas Artes) e Biblioteca Nacional. Vacina.

Além da efervescência cultural, esse período também conheceu um notável


crescimento tecnológico. Ao lado do cinema, já citado, a eletricidade e o automóvel

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são outros importantes exemplos. Essa conquista tecnológica, até então, sem igual na
história, mudou a forma como as pessoas compreendiam o mundo e as artes. Depois
da fotografia e do cinema, por exemplo, ficou muito fácil retratar uma paisagem, uma
pessoa e reproduzir essa imagem à exaustão. Como forma de recuperar o valor do
artista plástico, os desenhos e esculturas começaram a trazer maior riqueza de
datallhes numa nova estética, chamada Art Nouveau (Arte Nova). Entre esses novos
detalhes, destacavam-se formas que remetiam à natureza, como folhas, flores e
insetos, formas arredondadas e referências à mulher. Outra inovação foi a presença
desse visual em objetos do cotidiano, como joias, abajures, escovas e cadeiras; na
arquitetura, em fachadas de prédios e escadas; em rótulos de produtos e cartazes
publicitários. Veja um exemplo de um cartaz da época.

Mucha, Alphonse (1897). Disponível em:


http://www.wikipaintings.org/en/alphonse-
mucha/champagne-printer-publisher-1897

Agora, você deve estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com
Literatura. Ora, o contexto de uma época influencia a produção literária. Os escritores

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irão refletir em seus textos, sejam em prosa ou em poesia, os hábitos, as preocupações
e as questões de seu tempo. Como a valorização da forma e da beleza estava em alta
no final do século XIX, a estética parnasiana também refletirá isso em seus poemas.
Como? Bem, isso já é assunto para outra aula.
Que tal revisar o que aprendemos até agora? Então, vamos para a atividade!

Atividade Comentada 2

1. Que vertente estética correspondeu, na poesia, ao Realismo e Naturalismo?


Resposta: O Parnasianismo.

2. Sobre o contexto social, político e cultural do final do século XIX e início do século
XX, responda:
a) Que cultura exerceu maior influência no Brasil nesse período?
Resposta comentada: A cultura francesa exerceu decisiva influência no Brasil e no
mundo naquele período.

b) Como ficou conhecido esse período? Explique suas características.


Resposta comentada: Esse período ficou conhecido como Belle Époque e foi marcado
por uma efervescência cultural, um clima de tranquilidade política e prosperidade
econômica.

c) O Brasil também teve uma versão própria dessa época. Explique o que ela
representou para o país, em especial para a cidade do Rio de Janeiro. Que
transformações ocorreram por aqui?
Resposta comentada: Para o Brasil, especialmente para a cidade do Rio de Janeiro,
então capital federal, a Belle Époque carioca foi um tempo de transformações
urbanísticas e culturais com reformas que resultaram no Teatro Municipal e na

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Avenida Rio Branco, por exemplo. Além disso, houve o acirramento das
desigualdades sociais.

d) Assim, como uma moeda, a Belle Époque também teve duas faces. Preencha o
quadro a seguir com o que ela trouxe de progresso para a cidade e de problemas para
a população.

PROGRESSO PROBLEMAS
Derrubada de mais de 600 casas e Marginalização dos mais pobres,
prédios antigos (“Bota abaixo”); expulsos do centro da cidade;
Importação de artigos franceses; Carência de moradias;
Largas avenidas; Favelização;
Teatro Municipal; Baixos salários;

3. As imagens, a seguir, são exemplos da produção Art Nouveau. Com base no que
aprendeu em nossa última aula, identifique as principais características dessa estética.
Cite, ao menos, 3 características para cada imagem.
IMAGEM CARACTERÍSTICAS

Presença da figura feminina;


Referência a elementos da
natureza (galhos, folhas e flores);
Riqueza de detalhes.

Rótulo

18
Referência a elementos da
natureza (galhos, folhas e flores);
Riqueza de detalhes;
Formas circulares

Abajur

Presença da figura feminina;


Riqueza de detalhes;
Formas circulares.

Cartaz

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Aula 3: A poesia do Parnasianismo

Na última aula, você viu um pouco do contexto social, político e cultural do final
do século XIX e início do século XX. Além disso, aprendeu o que foi a Belle Époque e a
estética Art Nouveau. Nesta aula, você vai entender como tudo isso esteve presente,
de um modo ou de outro, na poesia do Parnasianismo.
Vimos que essa época foi marcada por uma valorização da forma e da beleza.
Veremos, agora, que o mesmo ocorreu no modo como os poetas escreviam.
Observe o poema a seguir:

Profissão de fé

Não quero o Zeus Capitolino Torce, aprimora, alteia, lima


Hercúleo e belo, A frase; e, enfim,
Talhar no mármore divino No verso de ouro engasta a rima,
Com o camartelo. Como um rubim.

Que outro - não eu! - a pedra corte Quero que a estrofe cristalina,
Para, brutal, Dobrada ao jeito
Erguer de Atene o altivo porte Do ourives, saia da oficina
Descomunal. Sem um defeito:

Mais que esse vulto extraordinário, E que o lavor do verso, acaso,


Que assombra a vista, Por tão subtil,
Seduz-me um leve relicário Possa o lavor lembrar de um vaso
De fino artista. De Becerril.

Invejo o ourives quando escrevo: E horas sem conto passo, mudo,


Imito o amor O olhar atento,
Com que ele, em ouro, o alto relevo A trabalhar, longe de tudo
Faz de uma flor. O pensamento.

Imito-o. E, pois, nem de Carrara Porque o escrever - tanta perícia


A pedra firo: Tanta requer,
O alvo cristal, a pedra rara, Que oficio tal... nem há notícia
O ônix prefiro. De outro qualquer.

Por isso, corre, por servir-me, Assim procedo. Minha pena


Sobre o papel Segue esta norma,

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A pena, como em prata firme Por te servir, Deusa serena,
Corre o cinzel. Serena Forma!

Corre; desenha, enfeita a imagem, (...)


A ideia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla
roupagem
Azul-celeste. BILAC, Olavo. Disponível em:
http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=htt
p://www.biblio.com.br/conteudo/OlavoBilac/p
rofissaodefe.htm

Neste texto, um marco do Parnasianismo, Olavo Bilac expõe o que entende


como os princípios norteadores da produção literária dessa fase. É possível notar que
Bilac compara o ofício do poeta ao do ourives, ou seja, aquele profissional responsável
pelo fabrico de joias. Com isso, são sintetizados basicamente dois prinícipios
parnasianos. Primeiramente, a ênfase em objetos belos e artísticos. Diferente do
Romantismo e do Realismo, o foco na poesia parnasiana não está nas emoções, nem
mesmo na crítica da realidade, mas apenas no que é considerado belo e digno de
admiração. Esse princípio ficou conhecido como arte pela arte e tem forte relação com
a Belle Époque. Por essa razão, nos poemas dessa estética, encontraremos como
temas vasos, esculturas, entre outros objetos.
Outro traço notável na comparação entre o poeta e o ourives é o cuidado com
a construção, com a obra. Fabricar uma joia é um trabalho complexo, delicado, que
exige técnica e paciência. Para os parnasianos, assim também deve ser feita a poesia.
Esse traço responde pelo rigor formal, que tem influência da estética Art Nouveau.
A excessiva preocupação com a forma no Parnasianismo é manifesta pela
adoção do soneto (composição de 4 estrofes, dois quartetos e dois tercetos), pelo
emprego da norma culta da língua, pelas rimas ricas (com palavras de diferentes
classes gramaticais), pela métrica perfeita e pelo uso de figuras de linguagem como
hipérbato (inversão dos termos sintáticos de uma oração) e elipse (omissão de termos
compreendidos pelo contexto).

21
Hipérbato  Muitas compras, eu fiz ontem. (ordem inversa)
Eu fiz muitas compras hoje. (ordem direta)
Elipse  O meu carro é azul. O de Pedro, cinza. (verbo oculto)
O meu carro é azul. O de Pedro é cinza. (verbo subentendido)

Além disso, o rebuscamento dos desenhos e esculturas Art Nouveau


manifestam-se na poesia por meio de descrições detalhadas. Esse descritivismo fica
claro pelo uso de termos acessórios da oração como adjuntos adverbiais (expressam
tempo, modo, lugar etc.), adjuntos adnominais (acompanham nomes agregando
características) e aposto (termos explicativos colocados entre vírgulas).

Adjunto adnominal Eu vi o pobre rapaz.


Adjunto adverbial A pasta havia ficado sobre a escrivaninha. (lugar)
Aposto Essa cidade, uma das mais ricas do país, sofre a má
gestão pública.

Vale ainda destacar a referência a elementos da cultura clássica que serviu de


grande inspiração para os parnasianos. O próprio nome “Parnasianismo” é uma alusão
a uma montanha da Grécia, o Parnaso, considerada a morada do deus Apolo e das
musas da arte, segundo a mitologia. Por isso, é comum a menção de mitos ou de
personagens da tradição greco-romana.
No Parnasianismo, ao lado de Olavo Bilac, destacaram-se Alberto de Oliveira e
Raimundo Correia que, juntos, formaram a “tríade parnasiana”.
Para recapitular os principais traços dessa estética, veja o quadro a seguir:
1) Rigor formal Uso de rimas ricas e raras, métrica perfeita e
preferência por formas fixas, especialmente o
soneto.
2) “Arte pela arte” A arte como único fim
3) Purismo e conservadorismo Utilização do registro culto da língua com
construções refinadas e preciosismos
4) Tentativa de impassibilidade Objetividade nos temas, evitando os arroubos
românticos
5) Retomada de valores clássicos Inspiração nos temas da cultura clássica

22
6) Descritivismo Uso abundante de recursos descritivos, criação de
imagens plásticas

Agora, vamos verificar o que aprendemos? Chegou o momento da atividade.

Atividade Comentada 3

1. No poema “Profissão de fé”, Olavo Bilac destaca o valor do cuidado ao se escrever


poesia e compara o ofício do poeta ao do ourives. Agora, responda:
a) Retorne ao poema e cite cinco termos que façam referência direta ao fabrico de
joias.
Resposta comentada: Entre as possibilidades, o aluno pode mencionar “mámore”,
“relicário”, “ouro”, “ourives”, “pedra”, “fino artista”, “alto relevo”, “ônix”, “rubim”
(ou rubi), “oficina”, “perícia”, “prata” etc.

b) Agora, destaque cinco verbos que representem o trabalho com a palavra ou com a
joia.
Resposta comentada: O destaque de verbos ajuda a fixar a ideia da ação sobre a
palavra (ou joia) para o resultado estético pretendido. Como respostas possíveis,
temos: “talhar”, “corte” (cortar), “escrevo” (escrever), “firo” (ferir), “corre” (correr),
“enfeita” (enfeitar), “torce” (torcer), “aprimora” (aprimorar), “engasta” (engastar),
“trabalhar”, “segue” (seguir).

c) Qual a relação entre o trabalho de confeccionar uma joia e escrever poesia?


Resposta comentada: As duas atividades se debruçam sobre uma matéria de
inegável valor artístico e objetivam alcançar a máxima beleza. Os dois trabalhos
também são bastante complexos e delicados, exigindo muita dedicação.

d) Quais os princípios parnasianos que essa comparação sintetiza? Explique cada um


deles.

23
Resposta comentada: Os dois princípios são: a arte pela arte – ênfase em objetos de
valor artístico, aversão a temas políticos ou sociais; e o rigor formal – rebuscamento
da linguagem, emprego de rimas e métrica bem trabalhadas e figuras de linguagem
como hipérbatos e elipse.

2. A partir dos fragmentos a seguir, retire o que se pede:

a) Não quero o Zeus Capitolino


Hercúleo e belo,
Talhar no mármore divino
Com o camartelo

Um elemento da cultura greco-romana:


Resposta: A menção a Zeus, deus na mitologia grega. O termo “hercúleo” tem
relação com Hércules, célebre personagem da cultura grega.

b) E horas sem conto passo, mudo,


O olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo
O pensamento

Um exemplo de adjunto adverbial de lugar:


Resposta: “Longe de tudo”.

3. Leia mais esse exemplo da poesia de Bilac:

A um poeta

Longe do estéril turbilhão da rua,


Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego


Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

24
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,


Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.

BILAC, Olavo. Disponível em:


http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/literatura-infantil-olavo-
bilac/a-um-poeta.php

a) Considerando as características da estética parnasiana, comente o sentido do último


verso da primeira estrofe do poema “Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!”. O que o
eu poético quis expressar com isso?
Resposta comentada: O verso expressa o trabalho, o empenho e a dedicação
necessária para se atingir o efeito estético na poesia parnasiana. Assim como um
escultor ou ourives (lembrando o poema “Profissão de fé”), o eu poético enaltece a
valorização da forma e do belo.

b) Levando em conta as rimas e a forma de soneto (2 quartetos e dois tercetos) dada


ao poema acima, pode-se dizer que Bilac atingiu os preceitos da estética com “A um
poeta”? Explique.
Resposta comentada: Sim. Bilac atinge os preceitos da estética no poema, pois
consegue enaltecer a forma e o belo mediante rimas ricas (classes gramaticais
diferentes), como em “rua” (substantivo) e “sua” (verbo) e “emprego” (substantivo)
e “grego” (adjetivo) e adoção do soneto, modelo preferido pelos poetas parnasianos.

c) Retire um aposto do poema. A que termo esse aposto faz referência?


Resposta comentada: O aposto, termo explicativo, é “gêmea da Verdade” e se refere
à “Beleza”, no primeiro verso do último terceto.

25
Aula 4: A poesia do Simbolismo

Nas duas últimas aulas, falamos sobre os avanços ocorridos no final do século
XIX, o progresso e as transformações urbanas. Como nem tudo são flores, também não
tivemos apenas eventos positivos nessa época. Chegamos a comentar, por exemplo,
sobre o acirramento das desigualdades sociais no cenário carioca. De modo geral, o
mundo também testemunhou decepções com relação aos projetos de um futuro mais
justo e de desenvolvimento para todos, o que gerava um clima de pessimismo e
descrença.
No caso do Simbolismo, essa sensação afastou sua poesia de qualquer
possibilidade de engajamento social e, nesse aspecto, há importante semelhança com
o Parnasianismo, estudado na aula passada. Ambos, afinal, voltavam-se para o Belo e
para a valorização da arte em si mesma. Entrentanto, essas duas correntes também
apresentaram diferenças. Enquanto os parnasianismos alcançaram notável sucesso no
país, os simbolistas viram sua poesia marginalizada. Por que isso aconteceu? O
Simbolismo priorizou a sugestão, o símbolo, muito mais do que dizer ou se expressar
objetivamente, o que não despertou o gosto do público da época.
Mas como é isso de sugerir em vez de dizer?
Para facilitar, observe a imagem seguinte.

26
A catedral de Rouen (1893), de Claude Monet

Consegue identificar do que se trata a imagem? Com o que se parece? O que te


lembra? Sem dúvida, o próprio nome da obra nos ajuda bastante. É a representação de
uma catedral. Evidentemente, não é uma representação realista, com riqueza de
detalhes como uma foto, mas que parece apenas esboçada, formada por borrões e
que, a distância, dão a ideia da imagem de uma catedral. E esse era o objetivo.
A tela pertence ao Impressionismo, estética que guarda importantes relações
com o Simbolismo. Em ambas, o foco não está no retrato objetivo da realidade, mas
nas impressões com que ela pode ser capturada. A poesia simbolista buscou promover
um efeito semelhante ao que essa pintura gera no observador. Para isso, os poetas se
esforçaram para sugerir, despertar sensações sem jamais dizer objetivamente.
Vamos ver um exemplo dessa poética?

A Catedral

Entre brumas ao longe surge a aurora,


O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu risonho
Toda branca de sol.

27
E o sino canta em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"

O astro glorioso segue a eterna estrada.


Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
Recebe a benção de Jesus.

E o sino clama em lúgubres responsos:


"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"

Por entre lírios e lilases desce


A tarde esquiva: amargurada prece
Põe-se a luz a rezar.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu tristonho
Toda branca de luar.

E o sino chora em lúgubres responsos:


"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"

O céu e todo trevas: o vento uiva.


Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem acoitar o rosto meu.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu.

E o sino chora em lúgubres responsos:


"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"

Alphonsus de Guimaraens. Disponível em:


http://www.paralerepensar.com.br/a_guimaraes.htm

Você certamente observou que o poema igualmente mantém um tom


impreciso com relação à catedral. A descrição da localização da referida catedral na
primeira estrofe é bastante vaga. Os termos cuidadosamente escolhidos, como
“brumas”, “longe”, “evapora”, “sonho”, “céu” garantem esse efeito.
O poema também fala em lágrimas e choro. O sino da igreja lamenta pelo eu-
lírico ("Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"). Esses termos respondem pelo
pessimismo que também é um traço marcante da estética simbolista.

28
Vale destacar o recurso de figuras de linguagem que geram imagens muito
sugestivas, tais como “céu risonho” (1ª estrofe); “Por entre lírios e lilases” (5ª estrofe);
“céu tristonho” (5ª estrofe) e “o vento uiva” (7ª estrofe). Os simbolistas, então,
utilizavam-se de metáforas, metonímias e sinestesias (mistura de sentidos), entre
outros recursos para conseguir tais resultados poéticos.
A referência à morte e a presença de elementos como “luz” e “astro” conferem
um tom místico, sobrenatural ao poema. Esse aspecto também era um traço frequente
na produção dessa vertente.
Outra marca importante é a musicalidade. No caso específico desse poema,
destaca-se a repetição do verso "Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!", como se fosse o
refrão de uma canção. Além disso, na 7ª estrofe, a repetição dos fonemas “eu” nas
palavras “meu” (2 vezes) e “morreu” geram o efeito similar ao eco, como se fosse uma
voz do além, já distanciada. Com isso, notamos a exploração da sonoridade de
palavras, de figuras como a aliteração (repetição de som consonantal) e assonância
(repetição do som vocálico), do recurso da rima e do ritmo poético para gerar uma
musicalidade própria.
Entre os principais poetas simbolistas, merecem destaque Alphonsus de
Guimaraens e Cruz e Souza.
Vamos resumir as principais características do Simbolismo?

Subjetivismo Ênfase na expressão do eu, tentativa de apreensão dos


estados da alma
Pessimismo Tema da dor da existência, do sofrimento humano e da
morte.
Misticismo e Disposição para a crença no sobrenatural.
espiritualismo
Expressão vaga de Poesia marcada pela imprecisão e pela sugestão.
ideias e emoções
Aproximação entre poesia e música com uso de recursos
Musicalidade como aliterações, assonâncias e outras reiterações
fonéticas.

Agora, que tal praticarmos um pouco o que vimos até aqui? Então, vamos para
a atividade.

29
Atividade Comentada 4

1. A respeito das estéticas do Parnasianismo e do Simbolismo, explique:


a) Em que se assemelham?
Resposta comentada: As duas estéticas se assemelham pela valorização da arte em si
mesma e pelo afastamento de qualquer possibilidade de engajamento político ou
social.

b) Em que se diferenciam?
Resposta comentada: Enquanto o Parnasianismo se caracterizava pelo detalhamento
e descritivismo, o Simbolismo primava pela imprecisão e pela sugestão de imagens.

2. A partir do poema “A catedral”, de Alphonsus de Guimaraens, explique as seguintes


características simbolistas:
a) Pessimismo
Resposta comentada: O poema traz as marcas do pessimismo porque sugere a ideia
da morte, da partida. A repetição do verso “Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!” em
tom de lamento também contribui para esse traço. Além disso, nota-se que, ao longo
do poema, a luz vai se tornando mais fraca, indo do esplendor do sol ao luar.

b) Misticismo e espiritualismo
Resposta comentada: Esse traço manifesta-se pela referência à religiosidade,
representada pela própria catedral, pela menção a “Jesus” e à “reza”, combinada
com o uso da palavra “luz” e da repetição do verso “A catedral ebúrnea (de marfim)
do meu sonho”, denunciando que todo o poema poderia ser apenas produto da
imaginação do eu poético, sem conexão com a realidade.

30
3. Leia, a seguir, um poema de Cruz e Souza e responda às questões abaixo

Violões que choram

Ah! plangentes violões dormentes, mornos,


soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
bocas murmurejantes de lamento.

Noites de além, remotas, que eu recordo,


noites de solidão, noites remotas
que nos azuis das Fantasias bordo,
vou constelando de visões ignotas.

Sutis palpitações à luz da lua


anseio dos momentos mais saudosos,
quando lá choram na deserta rua
as cordas vivas dos violões chorosos.

Quando os sons dos violões vão soluçando,


quando os sons dos violões nas cordas gemem,
e vão dilacerando e deliciando,
rasgando as almas que nas sombras tremem.

Harmonias que pungem, que laceram,


dedos nervosos e ágeis que percorrem
cordas e um mundo de dolências geram,
gemidos, prantos, que no espaço morrem...

E sons soturnos, suspiradas mágoas,


mágoas amargas e melancolias,
no sussurro monótono das águas,
noturnamente, entre ramagens frias.

Vozes veladas, veludosas vozes,


volúpias dos violões, vozes veladas,
vagam nos velhos vórtices velozes
dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

Cruz e Souza

31
3. Além do próprio título “Violões que choram”, o poema traz outros termos e
expressões que respondem pela marca do pessimismo. Retire de todo o poema, ao
menos, dez termos ou expressões desse tipo.
Resposta comentada: Entre as respostas possíveis, os alunos podem citar “mornos”,
“soluços”, “choros”, “bocas murmurejantes”, “lamento”, “solidão”, “palpitação”,
“saudosos”, “chorosos”, “gemem”, “dilacerando”, “tremem”, “gemidos”, “prantos”,
“morrem”, “suspiradas mágoas”, “mágoas amargas”, “melancolia” etc.

4. Considerando a importância do traço da musicalidade na poesia simbolista, a partir


da última estrofe do poema, responda:
a) Que som consonantal (de consoante) se repete ao longo dessa estrofe?

Resposta comentada: O som que se repete é o v- (“Vozes veladas, veludosas vozes


...”).

b) Como é chamada a figura de linguagem responsável por esse efeito?

Resposta comentada: Essa figura é a aliteração. Para maior proveito da questão,


sugira que o aluno retome a aula 1 deste caderno.

c) Ainda nessa estrofe, que som vocálico se repete?

Resposta comentada: O som que se repete é o a- (“dos ventos, vivas, vãs,


vulcanizadas”).

d) Qual a figura de linguagem que gera esse efeito?

Resposta comentada: Essa figura é a assonância. Para maior proveito da questão,


sugira que o aluno retome a aula 1 deste caderno.

32
Aula 5: O que é uma canção?

“O concerto” (1490), Lorenzo Costa. Disponível em:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Lorenzo_Costa_-
_Un_concerto_(National_Gallery,_London).jpg

Com certeza, você ouve diariamente muitas canções populares como samba,
funk, rock, rap, por exemplo. Assim como já ouviu outras vertentes de canções como a
folclórica, a cantiga de ninar ou acalanto, as cantigas de roda e a erudita ou clássica.
Nesta aula, vamos estudar o gênero Canção. Comecemos, então, pela
definição:
A canção é uma composição musical para a voz humana, geralmente
acompanhada por instrumentos musicais e letras. Por isso, é considerado um gênero
híbrido, ou seja, mistura duas categorias: a escrita e a música.
É, acima de tudo, uma combinação harmoniosa dos sons dos instrumentos que
é acrescida da musicalidade das palavras.

33
SOM DOS MUSICALIDADE DAS
+ = CANÇÃO
INSTRUMENTOS PALAVRAS - LETRA

Como todo gênero textual, a canção também apresenta uma estrutura


definida. A estrutura tipicamente usada tem algumas seções e, geralmente, é
encontrada nesta ordem:
1. Introdução (Parte inicial de uma composição musical)
2. Verso (Cada linha da composição)
3. Refrão (Frase musical que se repete após cada estrofe de uma composição)
4. Verso
5. Refrão
6. Ponte Musical (parte instrumental da composição)
7. Conclusão (desfecho da ideia/argumento)
Logo, não devemos separar os elementos que a envolvem: o elemento
linguístico (verbal/textual) e dois extralinguísticos (a melodia e o ritmo). Por isso, é
importante ressaltar que a musicalidade que lhe é pertinente (tanto das palavras
quanto dos instrumentos) faz parte da construção de sentidos da canção como um
todo.
Além de perceber como se estrutura, o estudo da canção tem como objetivos:
Discutir temas (história, questões sociais, arte, poesia);
Dar forma às experiências humanas;
Resgatar a cultura, sensibilizar e trabalhar o aspecto crítico social;
Constituir mediação entre sujeito e mundo, entre imagem e objeto;
Socializar e ser fonte de conhecimento.

Para que possamos entender todas essas características (estrutura, verso,


refrão, musicalidade, temas e aspecto critico social), vamos praticar a análise de todas
essas características na atividade a seguir.

34
Atividade Comentada 5

Leia o fragmento da canção “Minha Alma”, do grupo O Rappa:

Minha Alma (A Paz Que Eu Não Às vezes eu falo com a vida,


Quero) Às vezes é ela quem diz:
A minha alma tá armada e apontada ''Qual a paz que eu não quero conservar
Para cara do sossego! Pra tentar ser feliz ? 2x
(Sêgo! Sêgo! Sêgo! Sêgo!) .......................................
Pois paz sem voz, paz sem voz As grades do condomínio
Não é paz, é medo! São pra trazer proteção
(Medo! Medo! Medo! Medo!) Mas também trazem a dúvida
Se é você que tá nessa prisão
Às vezes eu falo com a vida, ...................................................
Às vezes é ela quem diz: É pela paz que eu não quero seguir
"Qual a paz que eu não quero É pela paz que eu não quero seguir
conservar É pela paz que eu não quero seguir admitido.
Pra tentar ser feliz ? 2x 2x

A minha alma tá armada e apontada


Para a cara do sossego!
(Sêgo! Sêgo! Sêgo! Sêgo!)
Pois paz sem, paz sem voz,
Não é paz é medo
(Medo! Medo! Medo! Medo!)
YUCA, Marcelo / O Rappa. CD Lado B Lado A. WEA. 1999.

Você já parou para refletir sobre a mensagem que o autor quis transmitir? Leia
as questões a seguir e responda:

35
1. Segundo a letra da música, as grades dos condomínios ganharam sentidos
contraditórios. Determine em que consiste essa contradição.
Resposta comentada: O autor retrata a violência constante no nosso cotidiano. O
que ele fala na letra da música nos mostra claramente a realidade, ou seja, nós
somos as vítimas e, nessa busca por proteção, acabamos ficando “presos”. Aí, está a
contradição. Podemos entender pela letra que o homem, ao tentar se prevenir de
furtos, acaba se tornando preso da própria segurança. Tentando se proteger, ele está
se prendendo e deixa soltos os verdadeiros criminosos.

2. Releia o trecho: “A minha alma está armada / E apontada para a cara do / Sossego /
Pois paz sem voz / Não é paz é medo”. A palavra “sossego”, na música, apresenta um
valor positivo ou negativo? Justifique sua resposta com frases completas.
Resposta comentada: A palavra tem um valor negativo. Quando é citado na letra que
a “a alma está armada e apontada para a cara do sossego” o autor faz alusão à ideia
de repúdio ao conformismo, ou seja, a sua alma não admite o “sossego” (que é a
aceitação da realidade em que a sociedade vive, sem reclamar), “pois paz sem voz
não é paz é medo”. Nesse trecho, fica claro que paz sem voz (sem protesto, sem
contestação, sem crítica ao sistema) não é uma paz de verdade, “é medo”, é
preocupante!

3. O que o autor quis dizer com a expressão: “É pela paz que eu não quero seguir
admitindo…”?
Resposta comentada: É pela falsa paz, pela comodidade que ele não quer seguir
admitindo que ela exista, porque a verdadeira paz não existe, não enquanto eu estou
preso atrás das grades de um condomínio.

4. Leia os versos: “às vezes eu falo com a vida / às vezes é ela quem diz / qual a paz que
eu não quero conservar / para tentar ser feliz”. O que o autor destaca nestes versos?
Resposta comentada: O autor conversa com a vida e esta lhe responde o tipo de paz
que ele não deve conservar para tentar ser feliz.

36
5. A música apresenta refrãos distintos após algumas estrofes/versos. Transcreva-os.
Resposta comentada: “Às vezes eu falo com a vida, Às vezes é ela quem diz: "Qual a
paz que eu não quero conservar / Pra tentar ser feliz ?”; “Às vezes eu falo com a vida,
/ Às vezes é ela quem diz: ''Qual a paz que eu não quero conservar / Pra tentar ser
feliz ?”

37
Aula 6: Poesia e canção, tudo a ver

Vimos na aula sobre Figuras de Linguagem que a poesia é a arte de criar


imagens, de sugerir emoções por meio de uma linguagem (palavra) em que se
combinam sons, ritmos e significados, sem, no entanto, utilizar música.
Vimos depois que o gênero textual canção também combina sons e ritmos
(instrumentos) com a musicalidade da palavra.
Nesta aula, estudaremos a relação da poesia (palavra) e da música
(instrumento) com o gênero textual canção e iremos aprender a identificar os recursos
expressivos que contribuem para criar essa linguagem expressiva também na canção.
Antigamente, além do acompanhamento musical, a escrita de um poema era
feita na forma de versos e de forma não obrigatória poderia apresentar estrofes, rimas
e métrica, mas o acompanhamento musical era obrigatório. Até a Idade Média, os
poemas eram cantados. Mais tarde o texto foi separado do acompanhamento musical,
ficando somente o texto, somente a matéria-prima: a palavra para gerar o poema.
Para que essas ideias fiquem claras, observe o fragmento de um poema, escrito
originalmente sem música por um poeta português, do século XVI, chamado Luis de
Camões. Observe a estrutura: estrofe com quatro versos e dois tipos de rimas
(ver/doer; sente/descontente) dando ritmo ao todo.

Amor é fogo que arde sem se ver


É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
Estrutura do Poema

Verso Estrofes Rimas/Ritmo

É a coincidência de
sons entre palavras,
Cada linha do poema. Conjunto de versos especialmente no
final dos versos.

38
Amor é fogo que arde sem se
ver
É ferida que dói e não se Ver / doer
“Amor é fogo que arde sente
sem se ver” É um contentamento Sente / descontente
descontente
É dor que desatina sem doer

Vimos que esses recursos estruturais também estão presentes na canção:


verso, estrofe, rimas/ritmo. Séculos depois, Renato Russo, da Legião Urbana musicou o
poema de Camões, meio que “retomando” a ideia original de poemas serem
acompanhados por instrumentos, transformando-o em uma canção.
Agora, vamos estudar os recursos expressivos que contribuem para sugerir
imagens, sonoridade e emoção à canção. Para isso, retomemos a canção “Minha alma”
de O Rappa e o estudo de figuras de linguagem e observemos a utilização desses
recursos expressivos.

Fragmento – 1ª estrofe Recursos expressivos

Observe que nos dois primeiros versos o


autor se utiliza da PROSOPOPEIA na
estrofe para dar vida ao termo alma e
A minha alma tá armada e sossego. A alma está “armada” e o
apontada sossego tem “cara”.
Para cara do sossego!
Em seguida, ele utiliza a anáfora –
(Sêgo! Sêgo! Sêgo! Sêgo!)
repetição das últimas sílabas da palavra
Pois paz sem voz, paz sem voz
sossego ‘sêgo’ e a repetição da palavra
Não é paz, é medo!
medo. Além da repetição da expressão
(Medo! Medo! Medo! Medo!)
‘paz sem voz, paz sem voz’, isso dá ritmo
à canção.
Para dar sonoridade, ele utilizou a
assonância no primeiro verso com a
repetição da vogal A. E rimou a palavra
sossego com medo.

 Podemos, então, afirmar que os gêneros textuais poema e canção são bastante
semelhantes? Sim, porque ambos têm:
1) Como objetivo fazer da língua, da palavra, o instrumento artístico capaz de
tocar a sensibilidade do destinatário (leitor e ouvinte).

39
2) São similares também quanto ao formato, pois são constituídos de versos,
agrupados em estrofes e se caracterizam pelo ritmo.
3) Ambos trabalham com recursos expressivos, com a linguagem poética,
apóiam-se em métrica fixa ou não, em rimas regulares ou não, em figuras de
linguagem ou não.
4) Ambos têm no ritmo a sua marca essencial e visam a causar prazer estético.

O que os diferencia, então? Qual a particularidade da canção?


É no ritmo que a canção se distingue um pouco mais do poema, pois está
estreitamente vinculada ao ato de cantar. O ritmo é muito ligado à música, aos
instrumentos, aos arranjos.

Já que temos o conhecimento da estrutura do poema e da canção e dos


recursos expressivos que ambos utilizam, vamos, agora, identificar todos esses
recursos nas canções da atividade a seguir.

Atividade Comentada 6

Nas canções abaixo, além dos recursos estruturais (versos, estrofes e rimas) e
da forte atuação do som e do ritmo, os autores se utilizaram de outros recursos
expressivos como as figuras de linguagem para criar imagem, sonoridade e emoção.
Identifique as figuras de linguagem utilizadas pelos compositores nas canções:

Fragmento Recursos expressivos – figuras de


linguagem

40
1) A Canção de Saudade
Cartola

Antítese – no verso 1 (alegrias e tristezas)


“Tudo de alegrias e de tristezas conheci e no verso 4 (noite e dia)
Coisas do amor e do sofrer eu já senti
Nada me transforma a alegria de viver Prosopopeia – no verso 4 “noite sorrir”
Ver a noite vir e sorrir ao sol nascer
Vivo esperando o novo dia
Que irá trazer a luz que sempre ficará”
2) Cariocas
Adriana Calcanhoto
Anáfora – repetição da expressão
“Cariocas são bonitos “cariocas são”
Cariocas são bacanas
Cariocas são sacanas
Cariocas são dourados”
3) Exagerado
Cazuza

Hipérbole – no verso 3 “morrer de fome”


"Eu nunca mais vou respirar
Se você não me notar
Eu posso até morrer de fome
Se você não me amar."
4) Pra você
Paula Fernandes

Metáfora – no verso 3 Eu quero ser “clarão


"Eu quero ser pra você
trazendo o dia”
A alegria de uma chegada
Clarão trazendo o dia
Iluminando a sacada"

41
5) Medo da chuva
Raul Seixas

Prosopopeia – no verso 3 “pedras que


“Aprendi o segredo, o segredo
choram sozinhas”
O segredo da vida
Vendo as pedras que choram sozinhas
No mesmo lugar”

6) Qualquer coisa
Caetano Veloso

Assonância – repetição da vogal E.


“Berro pelo aterro
Pelo desterro
Berro por seu berro
Pelo seu erro”
7) Chove chuva
Jorge Ben Jor
Aliteração – repetição do dígrafo CH
(consoantes) imitando o som da chuva.
“Por favor, chuva ruim
Não molhe mais
O meu amor assim
Chove chuva
Chove sem parar”

42
Avaliação

Caro Professor Aplicador, sugerimos algumas diferentes formas de avaliar as


turmas que estão utilizando este material:
Nas disciplinas em que os alunos participam da Avaliação do Saerjinho, pode-se
utilizar a seguinte pontuação:
 Saerjinho: 2 pontos
 Avaliação: 5 pontos
 Pesquisa: 3 pontos

As disciplinas que não participam da Avaliação do Saerjinho podem utilizar a


participação dos alunos durante a leitura e execução das atividades do caderno como
uma das três notas. Neste caso, teríamos:
 Participação: 2 pontos
 Avaliação: 5 pontos
 Pesquisa: 3 pontos

Agora, você vai fazer uma pequena avaliação referente aos principais assuntos
abordados neste caderno. Boa sorte!

Leia o texto abaixo

Seus Olhos Seus olhos - que eu sei pintar


O que os meus olhos cegou –
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.

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Divino, eterno! - e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda a alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.
Garret, Almeida. Disponível em:
http://www.avozdapoesia.com.br/obras_ler.php?obra_id=739&poeta_id=
210

1) (P110139RJ) Nesse texto, a repetição das vogais no final dos versos contribui para a
A) construção de uma imagem.
B) formação das rimas
C) idealização do ser amado.
D) percepção da subjetividade.
E) repetição de uma idéia.

Leia o texto abaixo

Cárcere das almas

Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,


Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza


Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

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Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves,


que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!

CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do
Brasil, 1993.

2) (Enem 2009) Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do


Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são

A) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos.


B) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista.
C) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas
universais.
D) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens
poéticas inovadoras.
E) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais
em favor de temas do cotidiano.

3) (FESP) Com relação ao Parnasianismo, é correto afirmar:

A) É sentimentalista;
B) Assume uma visão crítica da sociedade;
C) Seus autores estiveram sempre atentos às transformações do final do século XIX e
início do seguinte;
D) O seu traço mais característico é o endeusamento da forma;
E) Seu poeta mais expressivo, Olavo Bilac, defendeu um retorno à arte barroca.

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Leia o texto abaixo

Indefiníveis músicas supremas,


Harmonias da cor do perfume...
Horas do ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do sol que a dor da luz resume...

Antífona, Cruz e Souza. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação
Banco do Brasil, 1993.

4) (UESPI) No poema ou na prosa, o escritor de uma obra literária explora


determinados recursos estilísticos, dentre os quais as figuras de linguagem. No
fragmento acima, a figura de linguagem dominante é a:
A) prosopopeia
B) onomatopeia
C) sinestesia
D) metonímia
E) antítese

Leia com atenção as duas estrofes abaixo e compare-as quanto ao conteúdo e


à forma:
I
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo que ninguém fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego.

II
Do Sonho as mais azuis diafaneidades
que fulijam, que na Estrofe se levantem
e as emoções, todas as castidades
Da alma do Verso, pelos versos cantem.
Comparando as duas estrofes, conclui-se que:

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5) (ITA-SP) Comparando as duas estrofes, conclui-se que:
A) I é parnasiana e II, simbolista.
B) I é simbolista e II, romântica.
C) I é árcade e II, parnasiana.
D) I e II são parnasianas
E) I e II são simbolistas

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Pesquisa

Caro professor, aplicador, para o desenvolvimento desta atividade, será


fundamental o acesso dos alunos ao laboratório de informática da escola com
disponibilidade de internet ou visitas à biblioteca. Se, por ventura, essas opções não
forem viáveis, tente separar previamente livros com poemas simbolistas e letras de
canções diversas. Para este último gênero, opte por exemplares clássicos da MPB, mais
rentáveis para a proposta que segue. Em último caso, é possível permitir a conclusão
da pesquisa em casa para entrega posterior. É ainda recomendável que os alunos
trabalhem em grupos com até 5 alunos.

Para esta seção, é importante que você se reúna com, no máximo, quatro
colegas e, juntos, pesquisem na internet ou na biblioteca da escola, seguindo as
orientações do professor aplicador deste material.
Depois de ter aprendido sobre as poéticas parnasiana e simbolista e estudado o
gênero canção, é chegado o momento de expandir as lições deste caderno e relacioná-
las com o seu dia a dia. Assim, desenvolva com o seu grupo uma pesquisa que revele a
inspiração da estética simbolista nas canções contemporâneas. Para isso, siga os
passos a seguir:
1) Selecione um poema simbolista;
2) Destaque os recursos estilísticos mais marcantes do poema. Preste especial
atenção às figuras de linguagem que geram interessantes efeitos sonoros
(aliterações, assonâncias etc.) e que produzam imagens sugestivas
(metáforas, sinestesias etc.), como as que aprendemos neste caderno;
3) Busque uma canção contemporânea que também explore alguns dos
recursos presentes no poema escolhido pelo grupo. Pode ser uma ou mais
figuras de linguagem;
4) Em folha separada, copie o poema e a canção;

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5) Explique, nesta folha, os recursos estilísticos comuns às duas produções e
comente o efeito desses recursos em cada obra, avaliando sua contribuição
para a leitura tanto do poema quanto da canção;
6) Lembre-se: o poema e a canção podem falar de temas diferentes.

Embora seja possível localizar recursos comuns à estética simbolista em muitas


canções contemporâneas, alguns compositores se destacaram por fazer esse trabalho
com resultados de grande beleza. Entre eles, podemos destacar: Gilberto Gil, Caetano
Veloso, Chico Buarque, Djavan, Lenine, Arnaldo Antunes, Nando Reis etc.

ATENÇÃO: A produção deve ser em folha separada para posterior avaliação do


professor.

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Referências

[1] ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M.; PONTARA, Marcela.
Português: contexto, interlocução e sentido. São Paulo: Moderna, 2010. 2º vol., p. 174-
230.
[2] BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994, p.
91-126.
[3] CABRAL, Ana Lúcia Tinoco. A força das palavras – dizer e argumentar. São Paulo,
Contexto, 2010, p. 85-110.
[4] CEREJA, W.R. & MAGALHÃES, T.C. Português Linguagens. Vol.1. 7ed. São Paulo:
Atual, 2009, p. 304-318.
[5] FIORIN, José Luiz, SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e
redação. 16 ed. São Paulo: Ática, 2006, p. 173-175.
[6] GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro, Ed. FGV, 1977,
p. 216-224.
[7] PEREIRA, Cilene da Cunha et alii. Gêneros textuais e modos de organização do
discurso: uma proposta para a sala de aula. In: PAULIUKONIS, Mª Aparecida Lino. &
SANTOS, Leonor Werneck. (Orgs.) Estratégias de Leitura – Texto e Ensino. Rio de
Janeiro, Lucerna, 2006.
[8] PROENÇA FILHO, Domício. Estilos de Época na Literatura. São Paulo, Ática, 1985, p.
149-158.

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Equipe de Elaboração

COORDENADORES DO PROJETO

Diretoria de Articulação Curricular

Adriana Tavares Maurício Lessa

Coordenação de Áreas do Conhecimento

Bianca Neuberger Leda


Raquel Costa da Silva Nascimento
Fabiano Farias de Souza
Peterson Soares da Silva
Marília Silva

PROFESSORES ELABORADORES

Andréia Alves Monteiro de Castro


Aline Barcellos Lopes Plácido
Flávia dos Santos Silva
Gisele Heffner
Leandro Nascimento Cristino
Lívia Cristina Pereira de Souza
Tatiana Jardim Gonçalves

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