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RONALDO VAINFAS

Santo Antônio

na América

Portuguesa:

religiosidade e

política

DE FREI A SANTO

s
A primeira versão deste texto teve
por título “Saint Anthony in
Portuguese America: the Restoration
anto Antônio foi o mais português de

todos os santos e, um pouco por causa


disso, foi também o mais brasileiro deles.

Nasceu em Lisboa, em casa situada per-


to da catedral, hoje santuário, em 15 de

agosto de 1195. Nasceu em família


fidalga, filho de Martinho ou Martim

Bulhões e de Teresa Taveira, receben-


do o nome de batismo de Fernando.

Seus hagiógrafos contam que, na moci-


Saint” e foi preparada para o co- dade, quase foi seduzido por uma judia,
lóquio Colonial Saints : Hagio-
graphy and the Cult of Saints in the
Americas, 1500-1800, organiza-
da qual se livrou fazendo o sinal da cruz.
do pela University of Toronto, Ca-
nadá, 12-13/maio/2000. Manter-se-ia casto até a morte. Estu-

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dou na escola da catedral lisboeta e, na

altura de 1210, concluiu os estudos de

Humanidades, ingressando na Ordem

dos Cônegos Regulares de Santo Agos-

tinho, Mosteiro de São Vicente de Fora.

Em 1212, transferiu-se para o Mosteiro

de Santa Cruz, em Coimbra, dedican-

do-se ao estudo de Filosofia e Teolo-

gia. Especializou-se na Sagrada Escritu-

ra e tomou ordens sacras.

Um ano antes de Fernando ingres-

sar no Mosteiro dos Cônegos de Santo

Agostinho, havia sido fundada, em 1209,

na Itália, a Ordem dos Frades Menores,

uma das principais ordens mendicantes

medievais, se não a principal, obra de

Francisco de Assis. Dez anos depois,

em 1219, passaram por Coimbra cinco

Frades Menores que estavam a cami-

nho do Marrocos, onde iam missionar.

Fernando, porteiro do Mosteiro de

Santa Cruz, deu-lhes hospedagem. Em

1220, viu passar pela mesma Coimbra

os restos mortais dos cinco frades, mar-

tirizados pelos muçulmanos. Padre

Fernando se comoveu, entrou em con-

tato com os frades recém-instalados

no eremitério de Santo Antão dos

Olivais e pediu admissão na ordem

franciscana. Aceito, tomou o nome de

frei Antônio, talvez em homenagem a RONALDO VAINFAS


é professor titular de
Santo Antônio Magno, chamado em História Moderna na
Universidade Federal
Portugal de Santo Antão. Assim nasceu Fluminense.

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o frei Antônio, que não tardaria a se trans- sive selvagens, curas de variadas molés-
formar no segundo da ordem franciscana. tias. Atribui-se-lhe ter transformado um
Frei Antônio foi, sem dúvida, um reli- sapo num frango e depois um frango num
gioso obstinado na defesa do cristianismo. sapo para confundir um herege cátaro, o
Esteve no mesmo Marrocos para missionar poder da bilocação e ter dado o dom da fala
ou perder a vida em nome de Deus, de onde a um bebê para defender a honra da mãe. A
retornou muito doente. Na viagem de re- carreira taumatúrgica que a hagiografia atri-
gresso, uma tempestade lançou a nau nas buiu a Santo Antônio certamente pesou na
costas da Sicília, perto do Estreito de Mes- sua eleição como santo doméstico e cotidia-
sina. Iniciar-se-ia a fase italiana de frei An- no no mundo moderno.
tônio. Pregou em Rimini, Faenza, Ímola, Por outro lado, celebrizou-se pela obs-
Milão, Bolonha, celebrizando-se pelo alto tinação no combate ao islamismo, mais
conhecimento teológico. O próprio Fran- retórico do que prático, e sobretudo na luta
cisco de Assis o nomearia, por isso, profes- contra a heresia albigense, combate trava-
sor de Teologia dos Frades na escola do na pregação itinerante e nos debates
bolonhesa, função que ocupou por menos escolásticos. Daí Santo Antônio ser tam-
de um ano. Em 1224, pregou no sul da Fran- bém conhecido como “Martelo das Here-
ça, esforçando-se na defesa da cristandade sias”, do mesmo modo que o dominicano
romana contra a chamada heresia albigense Tomás de Aquino, também santo, acabaria
ou cátara, que grassava na região. Lecio- celebrizado, por suas virtudes doutorais,
nou teologia em Montpellier até que, em como o “Anjo das Escolas”. Esta virtude
1227, foi nomeado provincial das provín- de Santo Antônio como campeão da orto-
cias do norte italiano, fixando residência doxia romana contra o desvio heretical se-
em Pádua. Um ano antes, falecera Francis- ria essencial nos conflitos entre católicos e
co de Assis, canonizado pelo Papado em protestantes na Época Moderna. Essencial,
1228. Frei Antônio prosseguiu na sua mis- especialmente, para a divulgação portugue-
são abnegada de pregador e professor até sa de sua imagem na luta contra os holan-
1231, quando adoeceu de febres, possivel- deses calvinistas no Brasil. E, seja como
mente acometido de hidropisia, moléstia for, a maleabilidade ou plasticidade da
que quase não lhe permitia respirar. Em 13 devoção a Santo Antônio seria um traço
de junho, sexta-feira, sofreu forte crise e marcante das religiosidades coloniais.
morreu, aos 36 anos. No ano seguinte foi No início da Época Moderna, a face
canonizado pelo papa Gregório IX, tornan- doméstica e afetiva de Santo Antônio se
do-se Santo Antônio de Lisboa, também concentraria, no âmbito do catolicismo
chamado de Santo Antônio de Pádua. popular, em sua virtude de “casamenteiro”,
de santo promotor de matrimônios. “Casai-
me Santo Antônio, Casai-me!”, eis o que
aparece em várias orações. Mas tal virtude
SANTO ANTÔNIO NA DEVOÇÃO de frei Antônio, depois santo, mal aparece
em sua hagiografia ou nos relatos sobre seus
POPULAR poderes taumatúrgicos. Sobressai, sim – e
esta virtude é de longevidade extraordiná-
Professor, missionário, Santo Antônio ria –, seu imenso poder de recuperar “coi-
ficaria celebrizado em toda a cristandade sas perdidas”. Coisas e pessoas. Talvez
por duas outras virtudes que, posteriormen- decorra daí a virtude “casamenteira” atri-
te, lhe popularizariam a imagem. Por um buída a Santo Antônio, pois entre o perdido
lado, ficou afamado como poderoso e o desejado a fronteira é sempre muito
taumaturgo, constando oficialmente de sua tênue. De todo modo, já São Boaventura,
hagiografia a realização de mais de 50 também franciscano, destacara Santo An-
milagres: ressurreições, controle de forças tônio, ainda na Idade Média, como membra
naturais, domesticação de animais, inclu- resque perditas e Antônio Vieira o chama-

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ria de santo “deparador”, palavra hoje em se irritavam por perder coisas e não achá-
desuso, que no século XVII significava las. Antes mesmo da visitação inquisitorial,
aquele que depara, que encontra o perdido. nos anos 1540, o próprio donatário de Por-
De todo modo, a popularidade de Santo to Seguro seria denunciado por dizer, entre
Antônio e a difusão de seu culto em Portu- outras coisas, que daria a Santo Antônio
gal e no Brasil foram extraordinárias. Se- uma “candeia de merda”, ele que, por sinal,
gundo Armando Mattos em seu livro Santo vivia às turras com os franciscanos da nas-
Antônio de Lisboa na Tradição Popular, cente capitania.
57 hospícios e santas casas tiveram Santo As injúrias contra Santo Antônio não
Antônio como patrono, em Portugal, entre devem, porém, sugerir o desprestígio do
os séculos XV e XVIII, e somente nas igre- “Advogado das Causas Perdidas” entre os
jas do patriarcado de Lisboa havia dele 300 colonos. Pelo contrário, indicam a força de
imagens, em 1742. No Brasil repetiu-se o sua presença no cotidiano e o quanto se
fenômeno, pois Santo Antônio é de longe o acreditava que dele dependia ou devia de-
santo que mais emprestou seu nome à pender a resolução das mazelas diárias.
toponímia brasileira, batizando freguesias, Prevalecia sobre todas as evocações ou
vilas e cidades sem conta. Só em Minas, até imprecações a questão da perda e a expec-
o século XIX, foram 118 localidades tativa de recuperação de coisas perdidas.
dedicadas ao santo de Lisboa, seguido de Devia ser corriqueiro, portanto, o uso do
São Sebastião, com 88, e Santana, bem “Responso das coisas de Santo Antônio”,
abaixo, com 27 citações. No período colo- citada por Luiz Mott (1997, p. 127) num
nial, entre 1585 e 1650, dos 15 conventos caso inquisitorial de Lisboa, em 1694:
fundados no Brasil pelos franciscanos, oito
foram dedicados a Santo Antônio, dos quais “Milagroso santo Antônio
quatro no Nordeste. Quanto a capelas de pelo breviário que rezaste, pela cruz que
engenho em Pernambuco, Santo Antônio [levaste
patrocinou nove oragos, empatando com vos peço santo Antônio, façais aparecer
Nossa Senhora do Rosário, seguido de per- (o que se furtou, perdeu ou fugiu)”
to por São João. Seu prestígio em Pernam-
buco era particularmente grande, mas não A fórmula final variava conforme a natu-
foi pequeno em várias outras capitanias. reza do infortúnio: se roubo ou perda de algu-
No período colonial, as relações dos fiéis ma coisa; se fuga de alguém, marido ou
com Santo Antônio eram íntimas. Tão ín- mulher, noivo, amásia, escravos... O tal
timas quanto o eram com Cristo e com a “Responso” era, porém, proibido pela Igreja.
Virgem, sempre invocados a cada dificul-
dade ou simplesmente pontuando o voca-
bulário cotidiano, as frases, as conversas
sobre os mais variados assuntos. O melhor SANTO ANTÔNIO PELO AVESSO
campo de observação para essa inserção
das figuras sagradas no universo cotidiano O prestígio de Santo Antônio ultrapas-
colonial é a documentação inquisitorial, sou o território do catolicismo oficial ou
pois o Santo Ofício passou a se preocupar popular no Brasil para adentrar cultos e ritos
crescentemente com as blasfêmias dos fi- “heterodoxos”, por vezes rebeldes, perse-
éis, sobretudo a partir da segunda metade guidos pela Inquisição. Na Bahia do século
do século XVI, uma vez encerrado o Con- XVI esteve, de certo modo, associado à
cílio de Trento (1545-63), marco da Con- principal das santidades indígenas, movi-
tra-Reforma. Assim, encontramos na pri- mentos de morfologia híbrida, meio católi-
meira visitação do Santo Ofício enviada à cas, meio tupis, que desafiaram a coloniza-
Bahia e a Pernambuco (1591-95) uns e ção portuguesa. Refiro-me à santidade in-
outros a imprecar contra Santo Antônio, dígena de Jaguaripe, ao sul do Recôncavo
chamando-o de “velhaco”, sobretudo os que Baiano, cujo líder tinha o nome de batismo

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de Antônio e foi sem dúvida o promotor vino capitão-do-mato”, publicado em livro
da mescla católico-tupinambá tecida nos de justo título: Liberdade por um Fio. Des-
ritos e cultos da seita. Fora catequizado cobridor de coisas perdidas e de amores
pelos jesuítas no aldeamento de Tinharé, fugidios, Santo Antônio haveria também de
em Ilhéus, de onde fugira para se tornar o valer aos senhores desolados com a perda de
caraíba-mor da santidade. O que teria apren- seus escravos, como de fato valeu.
dido com os jesuítas acerca do santo de
Lisboa o índio Antônio, homem que tam-
bém dizia ser a encarnação do ancestral dos
tupinambás? O que lhe teriam ensinado, SANTO ANTÔNIO SOLDADO
com certeza em língua geral, sobre o santo
patrono dos iletrados, taumaturgo, divino, É justamente este aspecto militar que
descobridor de coisas perdidas (Vainfas, Santo Antônio adquiriu em terras luso-bra-
1995, pp. 111-7)? sileiras que me interessa destacar neste bre-
Se no caso da santidade quinhentista os ve artigo. Aspecto militar que se combina
registros sobre a presença de Santo Antônio com o traço essencial de membra resque
são apenas indiretos, o mesmo não ocorre perditas que celebrizou o santo na vida
com certos cultos afro-brasileiros, como cotidiana dos fiéis de aquém e além-mar.
indicam as fontes inquisitoriais, sobretudo O frei Antônio histórico nunca foi pro-
as do século XVIII. Aparece a imagem de priamente militar, embora combatesse com
Santo Antônio em alguns registros dos cha- as armas da palavra pelo cristianismo ro-
mados calundus de origem banto, bem como mano contra infiéis e hereges. Mas o Santo
no acontudá, em Minas Gerais, descoberto Antônio de Lisboa, ao menos no Brasil,
e estudado por Luiz Mott em belo artigo faria longa carreira de armas, batizando for-
sobre as “raízes do sincretismo afro-brasi- tes e regimentos, interferindo em batalhas
leiro”. Essa adoção de Santo Antônio por diretamente, e sendo ele mesmo – em ima-
certos cultos afro-brasileiros, processo ini- gem, é claro – condecorado, promovido e
ciado no período colonial, foi aliás de notá- reconhecido por serviços prestados a El-
vel longevidade. Santo Antônio talvez seja Rei. É mais que provável que Santo Antô-
o principal santo da umbanda atualmente nio tenha suplantado o santo guerreiro por
praticada no Rio de Janeiro, porque está excelência, ou seja, São Jorge, santo dinás-
associado aos exus (o “povo da rua”, que tico no tempo dos Avis que batizou, entre
alguns associam aos demônios), intermediá- outros sítios, a célebre fortaleza africana
rios entre os orixás e o mundo terreno. Basta de São Jorge da Mina, no século XV. No
dizer que no 13 de junho, dia da morte de frei Brasil, a união entre a cruz e a espada, que
Antônio e dia oficial do santo, os terreiros de Charles Boxer (1981) viu como típica da
umbanda celebram a grande festa dos exus. colonização ibérica, aparece desde cedo na
Santo Antônio foi também assimilado, figura de Santo Antônio. Aparece na fun-
portanto, por cultos sincréticos de matriz não dação da igreja e fortaleza de Santo Antô-
predominantemente católica, podendo mes- nio da Barra, local onde Francisco Pereira
mo funcionar, conforme sugeriu Roger Coutinho, primeiro donatário da Bahia,
Bastide (1985, pp. 141 e segs.) para o caso chantou o padrão de posse da capitania.
afro-brasileiro, como fenômeno de resistên- Pois foi exatamente na fortaleza baiana
cia cultural e religiosa. Mas nada disso im- da barra, ao que tudo indica, que Santo
pediu que o mesmo santo fosse algoz dos Antônio iniciou sua carreira militar em ter-
escravos ou, quando menos, forte protetor ras brasílicas, sendo incorporado a seu re-
dos capitães-do-mato, sertanistas dedica- gimento como soldado raso, ainda no final
dos à captura de escravos fugidos e aqui- do século XVI. Ali mesmo foi o santo pro-
lombados no Brasil escravista. É o que nos movido a capitão do forte por petição da
mostra Luiz Mott, uma vez mais, em deta- Câmara de Salvador, além de soldado raso
lhado artigo sobre Santo Antônio como “di- na Sé, alferes no presídio do Morro de São

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Paulo e alferes em sua igreja da Mouraria, onando reafirmar a influência portuguesa na
onde prevaleciam os ciganos. Em 1709 região. A iniciativa resultou em completo
ganhou o posto de soldado na Paraíba; em desastre, caindo morto o próprio rei na bata-
1717, em Pernambuco, ganhou a patente lha de Alcácer-Quibir e sendo seu numero-
de capitão de Artilharia; em 1750 assentou so exército completamente destroçado.
praça como soldado a pedido da Câmara de Como não tinha herdeiros diretos, pois não
Goiás. Em diversas capitanias, sobretudo se casara, o trono português foi assumido
no século XVIII, a imagem de Santo Antô- pelo tio-avô do malsinado rei, o cardeal D.
nio foi contemplada com postos castrenses Henrique, cujo maior esforço foi o de evitar
e galardões militares, para o que, vale di- que a Espanha de Felipe II anexasse Portu-
zer, ganhava o santo o correspondente sol- gal. E foi mesmo isso o que ocorreu quando
do em dinheiro. O Brasil colônia era, como da morte do cardeal, em 1580, apesar de
diria Antonio Candido (1977), um mundo algumas resistências internas.
de transfiguração barroca, mimetizando o Felipe II assumiu a Coroa portuguesa,
Portugal da mesma época. dando início ao que os castelhanos chama-
Mas o que pode parecer absolutamente ram de União Ibérica. Embora a maioria da
delirante aos olhos contemporâneos era as- nobreza e do clero português tenha aderido
sunto seriíssimo naqueles séculos, quer en- às ambições filipinas em Portugal e domí-
tre as camadas populares – a soldadesca, e nios ultramarinos, o ressentimento pela
mesmo a escravaria – quer entre letrados e perda da soberania deitou raízes na alma
pessoas gradas da Colônia. Basta dizer que, popular e nos setores nobiliárquicos dissi-
segundo nos conta Boxer, os moradores do dentes, reunidos em torno do principal
Recife chegaram a dar a alcunha de “santo opositor da entronização filipina, no caso o
Antônio” a Maurício de Nassau, governa- Prior do Crato – cujo nome era coinciden-
dor holandês de Pernambuco entre 1637 e temente D. Antônio. No âmbito do clero,
1644, simplesmente porque Nassau lhes dava se resistência houve desde os primeiros
total liberdade de culto e não cedia às pres- tempos, esta partiu das ordens religiosas,
sões dos ministros calvinistas, sempre pron- sobretudo da Companhia de Jesus, no mí-
tos a acusar a fradaria pernambucana de nimo porque o finado D. Sebastião havia
idólatra. Os católicos pernambucanos se sido educado pelos inacianos e, no máxi-
referiam amigavelmente a Nassau, por gra- mo, porque o período filipino reforçaria
tidão, como “o nosso Santo Antônio”… Ao imensamente o poder da Inquisição no rei-
menos é o que diz frei Manuel Calado no no, ofuscando o dos jesuítas.
Valeroso Lucideno (1646).
A militarização de Santo Antônio no
Brasil é o que mais nos interessa frisar, nesta
altura, em conexão com sua politização, SANTO ANTÔNIO RESTAURADOR:
especialmente no contexto dramático por que
passou a colonização portuguesa no Brasil a O SERMONÁRIO DE VIEIRA
partir de 1624, tempo em que os holandeses
primeiro assediaram Salvador, de onde a É o momento de colocar em cena aque-
custo foram expulsos, para depois triunfa- le que talvez tenha sido o artífice da eleva-
rem em Pernambuco e boa parte do Nordes- ção de Santo Antônio, não apenas à condi-
te, de 1630 em diante, de onde só seriam ção de padroeiro dos portugueses, mas à
definitivamente expulsos em 1654. posição de mentor político das guerras de
Se o contexto era dramático no Brasil, resistência contra os inimigos de Portugal.
era-o ainda mais no próprio reino e isto O inimigo explícito do ultramar, os holan-
desde 1580. A tragédia portuguesa iniciara deses, e o inimigo “oculto”, outrora figadal
em 1578 quando o jovem rei D. Sebastião – a Espanha –, que não tardaria a reassumir
(1554-78) optou por intervir nas disputas sua tradicional posição de rival dos portu-
entre os xarifes do norte da África, ambici- gueses antes mesmo que o conflito luso-

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holandês fosse resolvido no Brasil. “odor de judaísmo” e por usar abusada-
Pois o artífice a que me referia linhas mente a Sagrada Escritura. O processo que
atrás é ninguém menos que Antônio Vieira o levaria aos cárceres inquisitoriais entre
(1608-97), lisboeta que veio ao Brasil ain- os anos de 1665 e 1667 teve início em 1663.
da menino e aqui se formou, no colégio A Carta ao Bispo do Japão era uma inter-
inaciano da Bahia, tornando-se o mais pretação atualizada das Trovas do sapatei-
importante jesuíta da história luso-brasi- ro Bandarra, a quem Vieira atribuía espíri-
leira. Não seria o caso, aqui, de expor a to profético, e afirmava, dentre outras coi-
riquíssima e multifacetada carreira desse sas, a futura existência do Quinto Império,
jesuíta que foi defensor dos índios contra a cuja sede seria Portugal e o imperador D.
escravidão; legitimador da escravidão afri- João IV ressuscitado. A Carta ao Bispo do
cana para poupar os índios do cativeiro; Japão foi a base do que ficou conhecido
opositor da Inquisição em favor dos cris- como o “corpus profético vieiriano”, pre-
tãos-novos e mesmo dos judeus e, após a lúdio da famosa História do Futuro, só
Restauração portuguesa (1640), tornou-se publicada em 1718, e da inacabada Clavis
embaixador de D. João IV na França e na Prophetarum. Na História do Futuro Vieira
Holanda. levaria às últimas consequências seu pro-
Mas há um aspecto da biografia de jeto messiânico para a implantação do
Vieira que não pode ficar sem registro mais Quinto Império do Mundo, lugar de har-
detalhado, ou seja, sua vinculação ao monia e paz, onde todas as religiões e he-
milenarismo profético português, fenôme- resias se sujeitariam à verdadeira fé católi-
no muito acentuado após o desaparecimento ca, por um tempo indeterminado de, no
do rei D. Sebastião, em 1578. Vieira esbo- mínimo, mil anos. A Clavis Prophetarum
çaria sua face “sebastianista” em plena vi- seria a consumação da trilogia milenarista
gência da dominação castelhana (1580- e messiância de Vieira, quase um tratado
1640), num sermão pregado na Bahia, em teológico.
1634, no qual estabeleceu uma série de Vieira produziu nove sermões inteira-
analogias entre o rei D. Sebastião e o São mente dedicados a Santo Antônio, cinco
Sebastião, santo mártir da Igreja. Aludindo deles pregados no Brasil, sendo um na Bahia
à relação descoberto/encoberto para se re- e quatro em São Luís – e os demais na Eu-
ferir à história do santo, Vieira parecia es- ropa, um em Lisboa, três em Roma (este
timular a esperança de que o rei e a inde- último somente redigido). Foram todos co-
pendência do reino fossem recuperados, ligidos, introduzidos e acompanhados de
pois, segundo disse, “a morte de quem notas aclaratórias por frei Clarêncio Neotti,
morre por Deus e para Deus não é o que OFM, em edição magnífica da Editora Vo-
parece, é uma aparência da morte debaixo zes, publicada em 1997 (*). De todos esses
da realidade da vida” (Hermann, 1998, pp. sermões interessa-me comentar exatamen-
219 e segs.). Desde o primeiro sermão fei- te o primeiro, pregado na Bahia, em 1638,
to no paço, em 1641, Vieira defendeu o e não por outra razão senão porque perten-
caráter profético das Trovas atribuídas ao ce ao contexto do conflito luso-holandês
sapateiro Bandarra, possível cristão-novo no Brasil e de certo modo preludia a crise
processado pelo Santo Ofício no século luso-espanhola, que não tardaria a mostrar
XVI, trovas essas consideradas por muitos sua face.
como a “bíblia” do sebastianismo, espera Antônio Vieira pregou esse sermão em
messiânica de um rei encoberto para a fun- 13 de junho de 1638, dia de Santo Antônio,
dação do Quinto Império do Mundo. na igreja do mesmo santo, situada na colina
Em 1659, escreveria a célebre Carta ao em que se travara a batalha decisiva contra
Bispo do Japão, Esperança de Portugal, os holandeses em Salvador, em 16 de maio
(*) “Santo Antônio, em Nome de Quinto Império do Mundo, texto que lhe do mesmo ano, quando da segunda tentati-
Todos os Santos, protegeu a renderia sérios problemas com a Inquisição. va dos flamengos de tomarem a cidade. A
Bahia”, in Vieira, 1997, pp.30-
60. O escrito tinha sido condenado por conter primeira tentativa, igualmente rechaçada,

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ocorrera em 1624-25 e de certo modo en- “Mas não era menos digno de admiração,
saiou a conquista holandesa de Pernam- que no mesmo tempo em que as praças for-
buco, em 1630. Nessa batalha de 1638, tes artilhadas e presidiadas espontaneamen-
comandada pelo próprio Maurício de te se entregavam, só a trincheirinha de Santo
Nassau, os holandeses sofreram derrota Antônio, arruinada, aberta, e quase rasa com
acachapante: mais de 500 mortos e 700 fe- a terra, mostrasse sinais de resistência!”.
ridos.
Vieira contava então com apenas qua- Vieira não tinha dúvida: Santo Antônio
tro anos de padre professo quando pregou defendera a Bahia. E, mais: haveria de res-
esse sermão ao mesmo tempo celebratório gatar Pernambuco das mãos dos hereges
do santo e narrativo no que toca às batalhas que a dominavam. Tratou-se, portanto, de
luso-flamengas. O texto se inicia com uma um sermão restaurador, no sentido de que
louvação à resistência baiana, posta em louvava a conservação da Bahia e preconi-
armas, a lutar por 40 dias e 40 noites, para zava a reconquista de Pernambuco. O ini-
em seguida apresentar a chave do sermão: migo, no caso, era o herege holandês, ex-
o Livro Quarto dos Reis exatamente na plícito no sermão. Haveria, porém, alguma
altura em que aparece narrado o cerco de alusão ao outro inimigo, ao castelhano que
Jerusalém pelo rei assírio Senaqueribe (705- governava Portugal havia mais de meio
681 a.C.). Cerco do qual sairia vitorioso o século?
rei Davi, protegido de Deus. Vieira foi muito cuidadoso nesse ser-
Por meio da sistemática comparação mão e sem dúvida evitou celebrar a vitória
entre o cerco de Jerusalém e o de Salvador, como triunfo português. O triunfo celebra-
Vieira reconstruiu os fatos da então recente do é, militarmente, o da cidade do Salvador
batalha luso-flamenga, estabelecendo ana- e, mais amplamente, de Deus e de Santo
logias entre a intervenção divina a favor Antônio, em cujo dia pregava o jesuíta. Há,
dos hebreus na Antigüidade e a interven- porém, um detalhe no início do sermão que
ção de Santo Antônio a favor dos portugue- merece a devida atenção. Refiro-me ao fato
ses. Na altura em que introduziu a vida do de que, embora Vieira tenha celebrado Sua
santo, ressaltou suas virtudes de profeta, a Majestade – sem mencionar explicitamen-
quem Deus revelara até “os segredos te Felipe IV (III de Portugal, 1621-40) –,
ocultíssimos da predestinação das almas”; separou textualmente Portugal e Espanha
suas virtudes de apóstolo, pois pregara em na altura em que mencionou a monarquia
províncias distantes, França, Itália e com- vitoriosa. Em contexto de progressiva ero-
batera os hereges, daí ser conhecido como são da União Ibérica, a restauração de
“Martelo das Heresias”; suas virtudes de Pernambuco preconizada por Vieira guar-
mártir, pois se aventurara no Marrocos, e dava evidente parentesco com a restaura-
ainda que ali não derramasse sangue, “tão ção mais ampla da soberania portuguesa na
mártir foi como se o derramara”. Península, da qual Vieira seria aliás um
Isto posto, retornou à comparação entre expoente intelectual e político.
o cerco antigo e o ocorrido um mês antes, Anos antes, na altura em que fez todos
para frisar a singularidade da intervenção os votos na Companhia de Jesus, Vieira
divina no caso baiano. Pois se a vitória da pregara no Dia de São Sebastião, na Bahia,
Bahia sobre os hereges era glória de todos no ano de 1634. Trata-se de um sermão de
os santos, como a Bahia era de Todos os matiz claramente sebastianista, nas pala-
Santos, a defesa da cidade tinha sido obra vras de Jacqueline Hermann, que o anali-
de um santo só, Santo Antônio, a quem Deus sou em No Reino do Desejado. Um sermão
delegara a tarefa. E Vieira (1997, pp. 47-8) em que, por meio de metáforas e analogias,
pôs-se, ato contínuo, a demonstrar sua tese, São Sebastião funcionava como duplo de
descendo “ao particular”, indicando em que D. Sebastião, um e outro qualificados como
momentos da batalha interveio o santo, mes- “encobertos”. São Sebastião encoberto, tão
mo quando tudo parecia perdido: encoberto como o rei que desaparecera no

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Marrocos, em 1578, pondo a perder a sobe- coberto(!), no caso o próprio D. Sebastião.
rania portuguesa, e cujo regresso estimula- Seja como for, não é o pensamento os-
ra o chamado sebastianismo, fenômeno cilante de Antônio Vieira que se encontra
messiânico de longuíssima duração, a um aqui em discussão, senão o sentido restau-
só tempo letrado e popular, político e mís- rador de conjunto de seu sermonário nos
tico, secular e religioso. Sebastianismo que anos 1630-40. Sermonário que abandona-
certamente acalentou o sonho restaurador ria, pouco a pouco, São Sebastião e D.
em Portugal. Sebastião para concentrar-se na figura de
Nas palavras de Jacqueline Hermann Santo Antônio e, mais adiante, de D. João
(1998, p. 230): IV, o duque de Bragança, restaurador do
reino de Portugal.
“O Encoberto (no sermão) se chama Se- Não por acaso, num dos primeiros ser-
bastião, sacrificou-se pela defesa da fé cris- mões que Vieira pregou em Lisboa, Santo
tã, esteve aparentemente aliado aos inimi- Antônio figuraria como “Procurador do Céu
gos, e muitos o tomaram por morto numa nas Cortes”. Pregou-o Vieira em 14 de se-
batalha dirigida por oponentes do cristia- tembro de 1642, sob encomenda de D. João
nismo. Mas a sua aparência de morte só IV, com o propósito específico de preparar
confirma a força de sua vida...”. o ânimo da nobreza e do clero a pagar im-
postos para sustentar as guerras de restau-
Vieira expressou, nesse sermão lauda- ração contra a Espanha. Foi sermão dedi-
tório a São Sebastião, o sentimento nos- cado a Santo Antônio, o “Santo do Sal”, sal
tálgico em relação ao D. Sebastião histó- da terra “que conserva os bens conquista-
rico, bem como a expectativa de seu “re- dos”. Santo Antônio afirmar-se-ia progres-
torno”, com evidente sentido restaurador. sivamente como o santo da Restauração
Já o Santo Antônio que triunfara contra os portuguesa, quer na linguagem da corte e
holandeses em 1638 fizera-o, segundo do Estado, quer no imaginário popular.
Vieira, por Deus e pela Bahia, e um pouco Vieira, por sua vez, malgré suas dubieda-
pela monarquia, mencionada mais vaga- des, seria, no primeiro reinado brigantino,
mente e com o cuidado de separar Espanha o principal arquiteto dessa politização do
de Portugal. “divino seráfico”.
Mas se Vieira foi muito prudente no De santo “deparador” de coisas perdi-
sermão de Santo Antônio, como já disse das na miudeza do cotidiano, Santo Antô-
acima, sê-lo-ia ainda mais no sermão pre- nio seria elevado a “deparador” da sobera-
gado em 1641, no Dia de Reis, 6 de janeiro. nia portuguesa. Recuperador e conserva-
A Restauração portuguesa havia sido pro- dor das conquistas e reconquistas. Longe
clamada em 1o de dezembro de 1640, a guer- das cortes, e pouco antes da Restauração de
ra contra a Espanha estava já em curso, mas 1640, uma quadrinha popular exprimia a
tais notícias tardaram mais de um mês para missão desse novo campeão português:
chegar à Bahia. Pois nesse sermão, um
pouco por prudência, outro tanto por abso- “Santo Antônio é bom santo,
luta inadvertência, Vieira condenaria a re- que livra o pai dos arganos
volta da Catalunha contra a Espanha – uma também nos há de livrar
das várias rebeliões que marcaram a crise do poder dos castelhanos”
espanhola do meado do século XVII – e (apud Luiz Mott, 1997, p. 121).
desautorizaria os sebastianistas que prega-
vam a volta de D. Sebastião, considerando- Longe das cortes, de Lisboa e de Portu-
os como partidários de uma “quimera tola”. gal, Santo Antônio reapareceria nas guer-
Chegou mesmo a louvar Felipe IV, o últi- ras luso-holandesas, como a cumprir o va-
mo dos Habsburgos que governou Portu- ticínio de Vieira em 1638. Basta dizer que
gal, sob o título de Felipe III, dizendo que João Fernandes Vieira, líder da Insurreição
este herdara a coroa e o sangue do rei En- Pernambucana, decidiu por deflagrá-la, em

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1645, exatamente no 13 de junho, Dia de
Santo Antônio. Os sinais da intervenção do
CONCLUSÃO
santo foram inventariados por ninguém
menos que o franciscano Manuel Calado, Santo Antônio, de “Martelo das Here-
autor do Valeroso Lucideno, obra escrita no sias a Santo da Restauração”: eis uma cons-
calor dos combates travados entre 1645 e trução tipicamente luso-brasileira do sécu-
1646. É no Lucideno que encontramos a lo XVII. Foi o santo que, no imaginário
aparição de Santo Antônio, em sonho, a João político da época, “reencontrara” a sobera-
Fernandes Vieira, aconselhando-o a fazer nia de Portugal e recolocaria a América Por-
as ações militares necessárias à vitória. tuguesa outra vez nas mãos da antiga metró-
Santo Antônio, que fora padroeiro da pole. Não tardaria para que esta face militar-
Restauração portuguesa, sê-lo-ia também restauradora de Santo Antônio se espalhas-
da pernambucana, agindo como recupe- se por outras partes, na África cristianizada
rador das “liberdades” perdidas. Evaldo Ca- pelos portugueses, por exemplo. Pois foi no
bral de Melo (1997) interpretou muito bem reino do Congo, em fins do século XVII e
este sentido político atribuído a Santo An- inícios do XVIII, que uma profetiza bakongo,
tônio por Vieira e muitos outros em cone- egressa da nobreza congolesa, Kimpa Vita,
xão com a guerra pernambucana: preconizaria a restauração daquele reino,
então destroçado, dizendo-se ela mesma
“Deus dera o Brasil a Portugal; o herege encarnação de Santo Antônio, do que se
flamengo usurpara-o; Santo Antônio lho originou o peculiar movimento dos anto-
restituiria. Em vista da devoção geral por nianos. Os ecos do sermonário vieiriano no
Santo Antônio, era mister alistá-lo, mobi- Congo constituem hipótese plausível, em-
lizando o ânimo tíbio da população luso- bora ainda careçam de comprovação. O cer-
brasileira… A escolha de Santo Antônio to, porém, é que o imaginário político luso-
pressupôs o seu culto no Pernambuco ante brasileiro transformou o campeão da fé em
bellum. O êxito da ‘guerra da liberdade soldado da monarquia restaurada e de suas
divina’ consolidará sua preeminência no conquistas ultramarinas. Nisso reside, tal-
imaginário religioso da capitania, ao con- vez, a grande originalidade do taumaturgo
ferir-lhe o cariz de santo militar”. seráfico em nossa história.

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