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DAVID CRYSTAL
Prefácio
Aconteceu tudo tão rapidamente. Em 1950, qualquer noção de Inglês como língua
internacional dominante era nada mais do que uma tênue, obscura e teórica possibilidade,
cercada pelas incertezas da Guerra Fria e carente de definição clara ou senso de direção.
Cinquenta anos depois, e o Inglês Mundial existe como uma realidade política e cultural.
Como uma mudança linguística tão dramática ocorreu, em percurso menor do que de uma
vida? E por que o Inglês, não outra língua, que alcançou tal posição? Essas são as
interrogações que o presente livro procura responder.
Estamos num momento oportuno para colocar essas questões. Graças aos avanços na
sociolinguística, nós sabemos agora muito mais sobre as circunstâncias sociais e culturais
que regem a condição e a variação de determinada língua; além dos vários levantamentos
enciclopédicos que tornaram disponíveis informações detalhadas a respeito do uso da língua
internacional. Há também uma crescente e urgente necessidade de discussão sensível. Em
vários países, o lugar do Inglês se tornou politicamente disputado, e argumentos foram
esbravejados no sentido de sua atualidade e posição futura. O assunto desenvolveu-se até
um ponto no qual a ascensão do Inglês como língua internacional é irrefreável? Para
debatê-lo, precisamos estar atentos aos fatores que influenciarão o resultado.
É difícil escrever um livro sobre esse tópico sem ser interpretado como partidário. Por
não existir algo mais íntimo e mais sensível de um índice de identidade que uma língua, o
tema é facilmente politizado, como tem sido em regiões tão diversas como Índia, Malásia e
Estados Unidos. Acima de tudo, um relato distanciado é desejável, e isso é o que tentei
escrever nestas páginas, em parte sustentado pela pesquisa histórica que levei a cabo em
minha Enciclopédia Cambridge da Língua Inglesa, mas estendido na intenção de fornecer
uma ampla e mais concentrada análise dos fatores culturais envolvidos. Assim, eu tentei
contar objetivamente a história do Inglês Mundial, sem assumir um lado político e sem certo
tom triunfalista, infelizmente tão comum quando se escreve sobre o Inglês em Inglês.
Entretanto, os autores deveriam sempre informar a seus leitores de onde falam,
quando tratam de tópicos espinhosos, daí o resumo subsequente. De maneira firme, creio em
dois princípios linguísticos, vistos como contraditórios por algumas pessoas mas apenas dois
lados da mesma moeda, para mim.
* Acredito no valor fundamental do multilinguismo, como um extraordinário recurso
internacional que nos apresenta a diferentes perspectivas e percepções, e assim nos permite
chegar a uma compreensão mais profunda da mente e do espírito humanos. No meu mundo
ideal, todos seriam ao menos bilíngues. Eu mesmo vivo numa comunidade na qual duas
línguas coexistem – Welsh e Inglês; o que tem me motivado a refletir constantemente sobre
os benefícios proporcionados por ser integrante de duas culturas. Uma considerável parte de
minha vida acadêmica, como pesquisador em linguística geral, tem sido dedicada a
convencer pessoas a levarem a linguagem e as línguas a sério, para que o máximo possível
de nosso patrimônio seja preservado.
* Acredito no valor fundamental de uma língua comum, como um extraordinário
recurso internacional que nos apresenta a inúmeras possibilidades para um mútuo
entendimento, e assim nos permite encontrar novas oportunidades em grandes corporações.
No meu mundo ideal, todos teriam proficiência numa língua internacional. Já estou nesta
situação privilegiada de dominar a língua mais inclinada a assumir tal posto, o que tem me
motivado a refletir constantemente sobre os benefícios de tê-la à disposição. Uma
considerável parte de minha vida acadêmica, como especialista em linguística aplicada ao
Inglês, tem sido dedicada a fazer com que esses benefícios sejam disponibilizados aos outros,
para que o legado de um patrimônio linguístico desfavorecido não deva conduzir
necessariamente à desvantagem.
Precisamos levar em conta os dois princípios para progredirmos na direção de uma
sociedade amável, pacífica e tolerante com a qual a maioria das pessoas sonha. O primeiro
princípio fomenta identidades históricas e promove uma situação de respeito mútuo. O
segundo princípio fomenta oportunidades culturais e promove uma situação de
inteligibilidade internacional. Eu odeio quando as pessoas dispõem um princípio contra o
outro, enxergando-os como contraditórios, em vez de complementares; mas posso entender
perfeitamente por que isso acontece. Não sou inocente quanto ao real bilinguismo
internacional. Vivendo numa comunidade bilíngue, e (quando não...