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Apostila de Vodun – Ancestralidade do Povo Ewe Fon

Vodun Nae Igbayn (A Mãe Universal)

Nae Igbayn ou Nànàn é considerada por todos os adeptos do culto ao vodun como
Mãe Universal, que ajudou na criação do mundo e deu vida aos demais voduns.
Senhora da lama, matéria primordial e fecunda da qual o homem em especial, foi
tirado. Mistura de água e terra, a lama une o princípio receptivo e matricial (a terra) ao
princípio dinâmico da mutação e das transformações. Sua ligação com a água e a
lama, associa Nànàn à agricultura, a fertilidade e aos grãos (vide simbologia dos grãos
e favas). Nànàn representa a dogbê (vida) e a doku (morte). Ela recebe em seu seio os
ghedes (mortos) e os prepara para o leko (lêcô - retorno, renascimento). Quando uma
mulher não consegue engravidar, recorre a Nànàn que ensina a "fórmula mágica", o
remédio de ervas que deve tomar, os ègbós e oferendas que devem ser feitos. Se um
doente recorre a Nànàn, imediatamente obtém o remédio curador.

Na África quando uma família ou alguém obtém um favor de Nànàn, fica com o
compromisso de oferecer um membro da família ao culto de Nànàn e esse, após sua
iniciação, receberá na frente de seu nome a palavra Nànàn; assim como a criança que
nasce com a ajuda da Grande Mãe também. Todos os sacerdotes e sacerdotisas de
Nànàn têm na frente de seus nomes a palavra Nànàn.

Nànàn é a maior conhecedora do uso terapêutico das ervas. Alguns de


seus sacerdotes e sacerdotisas são preparados para serem curandeiros. Em Ghana
existe a Sociedade dos Jou-Jou, em Allada e Dahomey a Sociedade do Bo, etc.. Nessas
sociedades as pessoas escolhidas são preparadas para a prática da medicina através
das ervas. Nànán diz que além do uso terapêutico das folhas e de alguns produtos
animais, as doenças devem que ser tratadas em sua origem espiritual, para que a cura
seja concretizada. É lastimável que no Brasil essa parte do culto a Nànàn não tenha
sido trazida. Em outros países como Estados Unidos, Canadá, Jamaica e Haiti
encontramos essa prática. O Culto de iniciação de uma filha ou filho de Nànàn requer
uma série de cuidados especiais, tanto na África, como no Brasil, sendo o mais
perigoso vodun a ser iniciado. Existem vários Voduns da linhagem de Nànàn, que são
feitos nos iniciados. Todos esses Voduns seguem a tradição de Nànàn e são tão
exigentes quanto Ela. Para iniciar um processo de feitura de uma Nànàn, é exigido a
abstinência de sexo, bebidas alcoolicas e outros prazeres carnais, pelo menos dois
meses antes (na África são exigidos 3 meses), de todos que irão participar do processo
de renascimento do iniciado. Nesse período, são feitos vários ègbós no iniciado e
alguns poucos nos participantes e na casa de santo. A bogami (bôgâmi - menstruação)
é outro beko de Nànàn. Se durante o processo de iniciação a vodunsi ficar
menstruada, deve ser afastada imediatamente de Nànàn e ficar reclusa em um lugar
especial, fora do templo, até que cesse esse período. Na África as mulheres
menstruada são proibidas de entrar no Templo de Nànàn ou de participar de qualquer
preceito, seja de rituais ou simplesmente fazer uma comida de santo. Nànàn diz que a
bogami é um sangue impuro e aconselha as mulheres não cozinharem para seus
maridos nesse período. Por ter muita ligação com egungum é necessário saber tratar
muito bem de Buku, entidade assistente de Nànàn e Sakpata. Em uma feitura, não é
permitido a sua presença, mas, ele deve ficar aposto, sua função será tomar conta de
todos, para que nenhuma exigência da grande Mãe seja desobedecida, principalmente
a abstinência de sexo. Assim como Buku, Legba Aghamasa (agramassá) devem ser
tratados corretamente para garantir a paz, tranqüilidade e segurança nos rituais e
preceitos. Ègbós e oferendas específicas devem ser feitos para essas duas entidades.
Os ancestrais dos Voduns, do iniciado, dos participantes e da casa de santo não podem
ser esquecidos em hipótese alguma. Antes, durante e depois da iniciação de uma
Nànàn devemos fazer muitos ègbós, oferendas e preceitos. Uma Nànàn bem feita é
caminho de prosperidade e crescimento para a casa de santo, do iniciado e dos
participantes. O não uso da faca e outros metais nos nahunos e preceitos de Nànàn
devem-se ao fato de Ela ser muito mais velha que esses metais. Por seu caráter
conservador, quando o ferro e outros metais apareceram, ela preferiu manter o que já
conhecia em seus ritos. Na África, todos os sacerdotes da deusa lua (Mawú), recebiam
o nome de Nànàn ou Nànà, inclusive Nae Igbayn recebeu tal título, com a qual, ficou
conhecida em quase toda África, sendo chamada de Nànàn Buluku ou Buruku. Outros
voduns que serviam a deusa lua também receberam o título de Nànàn. Vejamos abaixo
alguns voduns pertencentes ao panteão de Nànàn:
Nànàn Densu ou apenas Densu – Segundo os Fons esse Vodun é um deus andrógino e
seria o lado macho ou marido de Nànàn Buluku. É muito cultuado nos rituais de Mami
Wata onde é considerado o maior de todos os deuses, os Fons o compara a Òlòkún.
Muitos antropólogos têm atribuído erronêamente Densu a um deus hindu, devido
seus fetíches e assentamentos apresentarem três cabeças. Esse Vodun é muito rico e
farto. Costuma presentear seus adeptos com suas riquezas. Não é feito na cabeça de
ninguém.

Nànàn Asuo Gyebi – Vodun masculino velho, que habita os rios. Muito popular em
Ghana e tido como o protetor das crianças africanas que foram escravizadas. Esse
Vodun pediu aos seus sacerdotes que o levasse para os países onde os africanos foram
escravizados afim de que pudesse resgatar suas crianças. Ele já foi assentado em
templos de Akonedi nos Estados Unidos e no Canadá.

Nànàn Esi Ketewa – Vodun feminina muito velha, cultuada em Ghana, Cotonou e
Allada. Dizem os mais velhos que essa Vodun morreu de parto e que por isso a missão
dela é proteger e tratar as mulheres grávidas assim como seus filhos. Senhora dos
ágbíkús, espíritos de crianças que não deveriam nascer e que nascem através da morte
de alguém.

Nànàn Adade Kofi – Vodun masculino, tem a função de proteger e defender todos os
templos de Nànàn. É um Vodun guerreiro, ligado ao ferro e outros metais. Cultuado
em Ghana, Allada, Cotonou, Porto Novo, etc. É o Vodun da força e perseverança. Sua
espada é usada pelos adeptos de Nànàn, para prestarem juramentos de obediência,
submissão e devoção a Grande Mãe. Nànàn Tegahe– Vodun feminina jovem, cultuada
em Ghana. Tem o poder de tirar feitíços das pessoas e lugares. Tem grande
conhecimento no uso terapêutico e ritualístico das ervas. Muito alegre e faceira, gosta
de dançar e cantar, mas fica muito séria e aborrecida quando encontra malfeitores e
ladrões; ela os mata.

Nànàn Obo Kwesi – Vodun feminina guerreira, cultuada na região Fanti em


Ghana. Protege e ajuda os kuhatô (pobres) e os azon (doentes). Detesta quem faz azé
(bruxarias) ou qualquer mau a um ser humano.

Nànàn Tongô ou Nànàn Wangô – Vodun feminina, cultuada em Togo. Grande


curandeira, que trata das pessoas com ervas, ègbós e gri-gris. É uma grande Azétó
(feiticeira) e seu culto talvez seje um dos mais complexos. Em seus nahunos, os
sacerdotes prostam-se no chão ao lado dos bichos mortos e fingem estarem mortos
também, assim permanecem até que Tongô incorpore em um deles e os ressuscite.
Todos levantam, os bichos são suspensos e preparados. Nànàn Tongô dança com
muita alegria, vestida em suas roupas confeccionadas com as peles dos bichos
sacrificados para ela. Seus adeptos costumam presentear Tongô com muitas jóias,
enfeites, roupas e talismãs que a agradam. Antes de começar os nahunos para Tongô,
corujas são atadas às árvores.

Nànàn Akonedi Abena – Vodun feminina jovem, cultuada em diversas partes da África.
Seu principal templo fica em Later, cidade de Ghana. Quando Akonedi chega ela
percorre a vila, esconde-se em arbustos e sobe em telhados à procura de feitíços,
feiticeiros e malfeitores. Atende os moradores locais, fazendo libações e curando os
doentes. Em Ghana é considerada a Deusa da Justiça. Seu corpo é coberto com um pó
branco sagrado, usa saia de palha, seu rosto é descoberto, na cabeça usa um torço, no
corpo muitos brajás e nas mãos trás um feixe de lenha. Sua dança é selvagem e
desenvolve-se dentro de um quadrado divino, dividido em outros quadrados menores
feito com riscos do mesmo pó que cobre seu corpo. Esse conjunto de quadrado
também é usado por suas sacerdotisas durante as danças. Seu assentamento fica em
um buraco dentro da terra, ficando somente a tampa deste aparecendo.

Mmoetea – Aldeia de pigmeus que vivem nas florestas de Ghana. Formam uma
sociedade secreta especializada no uso das ervas para diversos fins. Desenvolveram a
capacidade de curar qualquer doença física, mental e espiritual. Trabalham com os
espíritos da natureza e seu maior deus é Nànàn. Os espíritos da floresta deram aos
Mmoeta o poder de ler a mente dos homens e dos animais. São grandes curandeiros e
poderosos feiticeiros. Buku – Assistente de Nànàn e Sakpata que mata os doentes
infectados pela varíola. “Toma conta e presta conta” do comportamento moral das
pessoas durante os cultos de Nánàn e Sakpata.

Legba Aghamasa – Vodun Legba que reina nos portais da morte onde reside Nànàn
Buluku.
Família de Mawu-Lissa

Para falarmos em Mawu-Lisa temos que falar na religião Fon e vice-versa. Os Fons
reconhecem a existência de um único Deus supremo e criador de todas as coisas a
quem eles chamam de Mawu. Segundo suas crenças, Mawu enviou os Voduns à terra
para auxiliá-lo a governar o mundo e dar assistência aos seres humanos. Embora
muitos pesquisadores (padres, antropólogos, sociólogos, etc.) venham usando a
terminologia “deus” para definir os Voduns e outras divindades africanas, o africano de
um modo geral e em especial o povo Fon consideram essas como divindades
secundárias e algumas como ancestres. Podemos observar que existem algumas
divergências nos relatos dos pesquisadores sobre Mawu-Lisa, mas todos concordam
que esse Deus faz parte do cotidiano dos Fons. Para quem visita o Benin é natural ouvir
a todo momento o nome de Mawu:

- Mawu we faz Vodun – “Mawu está entre nós”.


- Ku faz Mawu’zo – “Deus te pague, obrigado”.
- Mawu ni fon mi – “Durma com Deus” “Durmo com Deus”
- Mawu’fe we – “Deus nos ama.
- Mawu na biy – “Deus vai ajudar”.

Porém, esse fato se contradiz, assim como grande parte de toda mitologia dahomeana,
inclusive no que se diz respeito a origem do mundo. Algumas lendas dizem que Dan
gbé criou o mundo e mandou para terra Mawu, Lisá, Dan gballa e Aido wedo. Mawu e
Lisá teriam tido como primeira filha Nae Igbayn (Nànàn) que também ajudara na
criação dos seres humanos. Outras lendas dizem que Nae Igbayn seria a filha de Dan
gbé e dela nascera Mawu, Lisá, Dan gballa e Aido Wedo. Sabe-se também que, Nànàn
ou Nana seria o cargo dado a mulheres e homens divinizados que foram sacerdotes da
deusa lua, Mawu. Como pode Nànàn ou Nae Igbayn ser mãe de Mawu se ela era uma
divindade que cultuava Mawu aqui na terra?

Logo, a primeira lenda é a que mais se encaixa e a que mais tem nexo: Dan gbé deu
origem à Mawu, Lisá, Dan gballa, e Aido Wedo e Nae Igbayn seria filha de Mawú e Lisá.
Exclarecendo tal fato, podemos então explicar por que Mawu acabou por ser
classificada como o Deus ou Deusa suprema dos dahomeanos em algumas lendas.
Mawu e Lisá sempre estão juntos em todas as lendas dahomeanas. Mawú seria o
principio feminino, a suavidade, a fertilidade, a compreensão, a ponderação, a
reconciliação e o perdão. Lisá seria o princípio masculino, o julgador, a impaciência, a
força cósmica que castiga os homens e os corrige. Apesar de estarem sempre juntos,
ambos eram muitos diferentes e representavam um o oposto do outro. Logo, Lisá foi
morar no sol para que pudesse ver com mais clareza os erros dos homens e julgá-los
antes de castigá-los e Mawú foi morar na lua para ser a luz que iluminaria a terra
durante a noite e suavizaria os sofrimentos dos seres humanos, projetando fé e amor
sobra o planeta. Lisá ainda vinha a terra algumas vezes ao ano para entender as
necessidades dos seres humanos para ajudá-los e corrigi-los e, nessas passagens
terrena, Lisá deixou alguns descendentes que mais tarde foram divinizados. Mawú
nunca mais veio a terra e por esse motivo e,por ser bondosa e compreensiva, os
homens sempre clamavam mais a Mawú do que a Lisá e, de tanto invocar Mawú, os
visitantes de dahomey acharam erroneamente que Mawú seria o Deus supremo de
Dahomey, correspondente ao Deus único do cristianismo. Os fons dizem que Mawú e
Lisá só se encontram quando há eclipse e nessa ocasião eles fazem amor, gerando
mais voduns para ajudarem os homens. Na África, existem três grandes templos de
Mawu-Lisá, todos fundados por Wanjele que era sacerdotisa de Lisá, esposa do rei e
mãe do futuro rei Tegbesu.Certa ocasião Tegbesu ficou muito doente, Wanjele
consultou Fá e através desse, Lisá ordenou que ela erguesse um templo para ele em
Abomey e trouxesse seus assentamentos. Wanjele mandou buscar o filho doente e foi
para sua cidade natal (Adja) buscar seus assentamentos. Após instalar Lisá no novo
templo em Abomey, Tegbesu ficou curado. Lisá é associado ao sagaman (camaleão) e
ao topodun (crocodilo). Algum tempo depois Wanjele fundou outros templos para
Lisá, um em Ghana e outro em Ouidah. Vejamos agora alguns Voduns filhos de Mawu-
Lisá e outros somente de Lisá. São esses os Voduns cultuados ou feitos nos iniciados. A
pessoa feita de Lisá é chamada inicialmente de agamavi e após seis meses de iniciação
passa a ser chamado de anagônu. Mawu não é feito na cabeça de ninguém e nem
recebe oferendas como os demais voduns.

Lisá ganman - vodun masculino velho. É filho de Mawú e Lisá e veste branco ao
extremo. Usa cajado. Representa a hierarquia dentro do culto e a supremacia. Senhor
da paz e muito parecido com òsáàlúfón dos mitos yorubas.

Lisá Lumêji- vodun masculino jovem e guerreiro. Veste branco e prata e vive a baixo da
terra. Usa muito metal e é parecido com òsóòguíàn dos mitos yorubas.

Oulisá- vodun masculino pertencente ao panteão do trovão. Habita as águas frias e


calmas do oceano. É um vodun guerreiro, filho de Lisá. Veste branco e prateado e usa
ágbègbé.

Lisá Agbajú- vodun masculino filho de Mawú e Lisá e, é portador das mensagens de
Lisá. Veste branco e é velho.

Lisá akazun- vodun masculino filho de Mawú e Lisá. Veste branco e assim como Agbajú
traz as respostas de Lisá para a humanidade.

Lisá Aiyzú- vodun masculino, filho de Mawú e Lisá, portador das mensagens de Mawú
aos homens. Recebe suas oferendas à noite. Veste branco e prata.
Lisá Molú- vodun masculino, filho de mawú e Lisá e é responsável por procurar as
coisas perdidas. Responsável também por não deixar que a cultura se perca ao longo
dos tempos. Veste branco.

Lisá wete- vodun masculino filho de Mawú e Lisá. É um tohousu, coberto de acnes
(espinhas). Não é feito na cabeça de ninguém e é responsável de cuidar dos
deficientes.

Lisá Gwêgwê- vodun masculino filho de Lisa. É tão genioso quanto o pai e castiga a
humanidade juntamente com o mesmo quando ela se encontra errada para com os
deuses. É guerreiro e veste azul e branco.

Azapá- vodun masculino, velho e filho de Lisá. É o vodun do crocodilo e anda lado a
lado com ele, tanto na terra quanto na água. Seus adeptos tem o corpo coberto com
èfún e usam na cabeça a imagem de um crocodilo esculpida em madeira clara. Veste
branco.

Akazun- filha de Mawú e Lisá. É velha e é uma das guardiãs dos armazéns e dos
tesouros de sua mãe. Irmã de Aiyzan.

Aláfia- vodun masculino filho de Lisá. Aprecia muito o ògbí que é espetado em sua
espada, com a qual combate os feitiços de seus adeptos, purificando-os. A cão é muito
importante para esse vodun pois acredita-se que a alma desse animal transmite a
mensagens de seus adeptos quando ultrapassam a outro mundo. Veste branco.

Agoíyê- vodun masculino filho de Mawú e Lisá. É o deus dos conselhos e não é feito na
cabeça de ninguém. Seu templo é em Ouidah, onde existe uma escultura e um
assentamento desse vodun, sentado em cima de um cálice confeccionado com barro
vermelho.

Gê- vodun filho de Mawú e Lisá. É um deus da lua, também considerado o deus dos
camaleões. Conta-se as lendas que foi Gê que enviou essas criaturas para os seres
humanos expandirem a crença nos voduns. Veste branco. Após as tentativas de
evangelizar os Fons com os dogmas do catolicismo, muitos Fons passaram a associar
(sincretismo) Mawú-Lisá-Gê como a santíssima trindade (Pai-filho-espírito santo).

Adjápá- vodun feminino filha de Mawú e Lisá. É responsável pela água potável
necessária para os seres humanos. Veste branco e usa àgbègbè prateado.

Ayagbá- vodun feminino filha de Mawú e Lisá. É a divindade do lar, cuida dos
alimentos dos seres humanos. É a filha mais jovem, veste branco com panos azuis
listrados ou estampados.
Wele- vodun masculino filho de Lisá. É velho e detêm as chaves dos tesouros e
depósitos de Lisá. Veste branco com detalhes coloridos.

Alawe- vodun masculino filho de Lisá. É velho e junto com seu irmão Wele guarda as
chaves dos tesouros e depósitos de Lisá.
Elegba guardião do Kwe

Legba - por ser o preferido de Mawu e aprontar muito com brincadeiras perigosas, foi
mantido no espaço sagrado juntamente com seus pais Mawu e Lisa. É o mensageiro de
Fá (vodun correspondente a òrúnmíllá da cultura yorubá) respondendo a todos os
oráculos e mantendo o contato entre os humanos e as divindades. Muito parecido
com Èsú da cultura yorubá, por ter basicamente a mesma missão. Recebeu o dom de
saber todos os idiomas e dialetos para escutar tudo e contar pra seus pais no espaço
sagrado. É um vodun muito arredio e perigoso, extremamente quente e, cultuado no
início do culto, juntamente com Lègbárà. É assentado juntamente a Sohokwê nos
portões da casa de djédjè, tendo a função de guardar o kwê e manter o fluxo rotativo
de pessoas sejam clientes ou filhos de santo. Seu principal ritual é Legba lé-lé (parecido
com ípádè), sua cor o preto e vermelho, suas oferendas grãos, sementes, frutas, doces
e farofas e sua saudação aho gbo gboy, assim como todos os demais voduns.

LEGBA, GUARDIAO DO PATRIMONIO

Este papel é ambíguo. Legbá faz parte do sistema do panteão Mawu Lissa,
menos para conservá-lo que para pô-lo em ação. Desde que ele próprio ficou "fora do
jogo" na partilha do patrimônio, denuncia ele a fixidez de um jogo que se
desejaria imutável e eterno.
E de preferência Fa, o Vodun da adivinhação, socialmente representado como a
palavra do criador (Mawu-Lissa), que melhor representaria o papel de guardião. Fa,
como já dissemos, aplica a ordem exata instaurada por Mawu-Lissa.
Se, portanto, a mitologia atribui a função de guardião a Legbá, é, sem dúvida
alguma a fim de salientar a exigência da mobilidade e da manipulação, inerentes a
toda instauração da ordem e com mais razão, à manutenção dessa ordem
determinada.
O ensinamento que colhemos dos mitos em que Lega é considerado guardião,
apesar da ênfase dada, correlativamente, ao seu caráter vivo, malicioso, livre de
qualquer restrição, e t c., é o seguinte: - na concepção do mundo dos Dahomeanos, o
que se conserva estritamente ao nível do espiritual, não é o já consagrado ou, em
outros termos, a letra morta; é o espírito de relação, sem a fixidez dos elementos
concernentes. Nessa ordem de pensamentos, Legbá é um bom guardião.

LEGBA, MEDIADOR ENTRE OS VODUN

Eis um papel delicado e dramático, visto que a ordem estabelecida pode ser
posta em dúvida pelo mediador. Sobretudo quando se sabe que cada Vodun tem seu
idioma particular e que nenhum deles compreende a língua dos outros, pode-se avaliar
a importância da posição tomada por Mawu-Lissa, confiando o papel de intérprete e
mensageiro a Legbá. São inúmeros os mitos que relatam como Legbá usou o seu
conhecimento das línguas dos diversos Vodun para enganá-los.
Dessa forma, muitas vezes, atiraram uns contra os outros. Assim fazendo,
impôs-se como chefe e cabeça de jogo, beneficiando se das contendas constantes
entre os Vodun. Outro privilégio de Legbá: - nenhuma comunicação pode existir entre
o Criador e tal ou qual Vodun sem sua intervenção.
Cabe a ele assegurar a permanência das relações entre o Criador e os Vodun,
cada um deles gerindo um domínio particular. Isto significa que k g b á assegura o
controle e o domínio das vias de comunicações no mundo divino.
Esse controle por parte do servidor tem sido bem compreendido em
numerosos mitos onde se trata da metamorfose do servo mensageiro em patrão
mensageiro. Realmente, nos ritos específicos em honra dos Vodun, assiste-se à
dramatização dessa função: Legbá, mensageiro dos Vodun, é sempre invocado antes
daqueles a quem deve levar a mensagem.
Na mesma ordem de ideias, recebe ele as oferendas e libações, antes de todas
as outras divindades.
Segundo as interpretações ou justificações que certos especialistas autóctones
dos mitos dão dessas práticas e rituais, trata-se de destruir as maquinações eventuais
de Legbá e apaziguar lhe as cóleras imprevisíveis. Efetivamente, uma das frases
consagradas com o fim de caracterizar o personagem sem caráter determinado que
seja Legbá é a seguinte: - Agbo hanyan hanyan gba!
Ou seja, "Agbo, em torno dele está à desordem!" E assim, o mensageiro e
intérprete da esfera divina é mais temido e respeitado do que todas as outras
divindades.
(Hanyan, hanyan gba, hanyan, hanyan gba. Hanyan hanyan Vodun Elebará. Hanyan,
hanya gba)

LEGBA, INTERMIDIARIO ENTRE OS VODUN E OS HOMENS.

É o Vodun mais popular. Contam os mitos que ele toma parte deliberadamente
em favor dos homens nos choques com as divindades. Todo homem que é envolvido
em uma situação crítica recorre a seus bons serviços. São-lhe destinados sacrifícios em
todos os lugares em que se ergue sua efígie: nas entradas das aldeias (TÔ-Legbá), em
todas as encruzilhadas e bifurcações de estradas, em todos os lugares de
concentração, tais como os mercados (Ahi-Legbá), diante das fachadas (Agbo-
nouhossou), diante dos santuários das outras divindades (Houn-Legbá).
Sua efígie é representada por uma figura estranha e impressionante, da qual
diz-se muito mal; mas não nos detenhamos aqui em todas essas considerações.
Digamos que Legbá inspira aos dahomeanos, não o temor, mas a afeição. É a
divindade mais próxima, à qual contam eles tudo que encerra o seu inconsciente e a
quem fazem promessa como a um amigo.
O animal que lhe é consagrado é o cão e quando os dahomeanos veem um cão
a comer o alimento oferecido a Legbá, ficam maravilhados. Tal espetáculo do cão a
devorar a oferenda prodigaliza uma enorme segurança.
Esses sinais de afeto e de simplicidade no culto de Legbá, desprendimento (já
que Legbá não tem casa de culto, nem sacerdote, ao contrário das outras
divindades), traduzem a grande familiaridade dessa divindade com os homens.
Também lhe são dirigidas exclamações de grande intimidade: "Nou hanya
hanyan!" - a boca em desordem; "Ma mon Legbá tacho nou chocho, e na gblé!" - já
viram alguma vez Legbá gastar azeite, sem que se assista a um tumulto?"
Relembremos alguns de seus nomes fortes e constatemos tal familiaridade: - Rei
Destruidor de todas as cousas - Aquele que come e sai com a boca suja - Aquele
que tem lábios grossos, etc. . .
E, pois, sem qualquer dissimulação que o indivíduo aflito dele se aproxima. E é
com confiança que espera sua intercessão junto aos Vodun interessados por tal ou
qual caso de infelicidade.
Na medida em que Legbá é mediador entre os homens e os deuses, os
dahomeanos que querem assegurar-se da sua cumplicidade ou da sua benevolência,
antes de qualquer outra manifestação, deduzem que de suas fantasias depende o
resultado de uma situação crítica. Assim, frente ao Vodun onisciente Mawu-Lissa,
surge à silhueta familiar do Vodun eficiente e representante da mudança ainda não
realizada: - Legba.

LEGBA AGHAMASA (leba agramassá) – Vodum Legba masculino, reina nos portais da morte
onde reside Nanã Buruku.

Bará –

Elegbará –

Odin –

Crebára –

Obarainan –

Ajelu–

Ossatiniko –

Elegbá – Deus das encruzilhadas, protetor das casas, mulheres e crianças. É o intermediário
entre os deuses e os humanos, emitindo todas as mensagens.

Lalu –

Iangui
Sòhòkwè

Sòhòkwè (lê-se Soroquê) é um vodun filho de Mawu e Lissá, cujo elemento


principal é o fogo. Muitas são as dúvidas relacionadas a esse vodun. Devido a mistura
de cultos, já explicada em outros tópicos, Sòhòkwè passou a ser aglutinado na cultura
yorubá, passando a ser confundido com um dos caminhos de Ògún. Segundo o mito
yorubá, Ògún Sòhòkè (lê-se Xoroquê) é o Ògún que desceu as montanhas, sendo o
senhor das trilhas e do fogo líquido onde, Xòrò deriva do termo yorubá “Sòròrò” ou
“Xòròrò” que significa descer ou escorrer e,” òkè” significa montanha. Segundo os
mais velhos é um Ògún muito arredio, sendo muito coligado ao seu irmão Èsú e tendo
todas oferendas e fundamentações com o mesmo. Dizem ainda que essa “qualidade”
de Ògún tem muito fundamento com ègún, sendo ele responsável por todos aqueles
que desencarnam em acidentes na estrada ou linha férrea. Em outras casas, Sòròkè
deixou de ser uma qualidade de Ògún e passou a ser um Èsú , com as mesmas
características do Ògún Sòròkè porém, sendo fundamentado como qualidade de Èsú e
passando a ser cultuado como o mesmo. Mas para nós de jeje, Sòhòkwè não é nem
Èsú nem Ògún e, sim um vòdún independente, com culto próprio e de características
próprias que acabou por ser fundido a cultura desses dois òrísás por ter coisas em
comum. Isso ocorreu também com outras divindades como Agbé, Aboto, Azansu,
Sogbo, Intoto e outros mais que acabaram aglutinados a cultura de outras cidades
africanas, talvez por falta de estudos ou fundamentos. Sòhòkwè é o guardião das casas
de jeje, onde Sòhò(lê-se sorrô) significa guardião e kwè(lê-se Qüê) significa casa. Seu
assentamento é fixado ao chão, cravado na terra, ao lado do assentamento do vodun
Légbà, vodun Ayizan e do vodun Gú (Ogun). Sòhòkwè não é iniciado na cabeça de
nenhum adepto pois o mesmo não incorpora. É iniciado apenas na cabeça de ogans e
ekedis e possui a função de manter a ordem dentro das casas de jeje, punindo e
cobrando quem as derrespeita. Sòhòkwè é o caminho formado pela lava após ser
expelida do vulcão, possuindo muito fundamento com Badé, Sògbò e outros voduns
que moram nos vulcões e que estão ligados ao fogo e também com Oyá. Sua cor é o
Azul escuro e o vermelho, seu dia da semana a segunda-feira . Geralmente quando
aparece um filho rodante com arquétipo de Sòhòkwè geralmente é iniciado para Gu.
Família de Dã

Aido wedo e Dan gballa são para os dahomeanos os maiores deuses. Aido wedo é o
arco íris e Dan gballa o reflexo dele nas águas oceânicas. O Dan gbé é a serpente
sagrada que representa o espírito do vodun Dan. Dan tanto pode ser um vodun
masculino quanto feminino porém, para trazê-lo, assentá-lo e cuidá-lo temos que
sempre tratar do casal. Como dizem os antigos dahomeanos, cobra não anda sozinha,
seu parceiro está sempre por perto. No Brasil encontramos mais de 48 voduns Dans e
na África encontramos muito mais pois essa família é muito grande. Dan gbèsén é o
vodun Dan mais conhecido, sendo considerado o rei da nação djédjè e patrono de
dahomey. É o vodun da devolução e da riqueza, sendo responsável pelo retorno da
água à terra em forma de chuva. Foi englobado na cultura yorubá porém, teve seu
nome mudado, passando a ser chamado nas terras de Álákétú de Òsúmárè. Sua cor é o
preto e amarelo ou verde e amarelo, seu dia da semana a terça-feira, é ofertado com
batata doce, sementes, frutas, doces; seu principal ritual é o gbòitá, onde todos os
demais voduns Dan são louvados dentro na nação djédjè. Sua saudação é aho gbo
gboy!
Dan é o próprio espírito da serpente. O principal vodun Dan é Dan gbé, a serpente da
vida, que segundo os dahomeanos seria equivalente ao Deus supremo e teria dado
origem ao mundo e aos demais voduns. Segundo as lendas, Dan gbé deu origem ao
movimento de rotação e translação da terra, após ter mordido sua própria cauda e,
com isso deu origem a vida no planeta e as estações do ano. A partir de Dan gbé foi
que toda a história do panteão dahomeano se inicia, sendo este o deus mais poderoso
de todo dahomey e, os outros deuses que compõe a família Dan os mais importantes,
sendo os reis da nação djèdjè. Dan gballa e Aido Wedo seriam abaixo de Dan gbé os
deuses mais importantes do dahomey, sendo pais dos demais voduns Dan. Aido Wedo
seria o arco-íris e Dan gballa seu reflexo nas águas oceânicas. Dan é um vodun muito
exigente em seu preceito, sendo muito orgulhoso e teimoso. Quando tratado
corretamente, dá tudo aos seus filhos e a casa de santo, mas se for tratado de forma
errado ou esquecido, castiga severamente, chegando a fechar a casa. Todos os voduns
Dan são muito fiéis a casa em que foi iniciados e, raramente permitem que seus filhos
saiam da mesma. Os símbolos de Dan são o arco-íris, a serpente pithon, o traken ou
draká (espécie de ferramenta que Dan trás nas mãos em forma de duas serpentes
enroladas numa seta), o takará (espécie de espada) e o Asôn (chocalho feito de cabaça
e de vértebras de serpente). Seu principal atinsá (árvore devidamente fundamentada
que serve como um assentamento externo do vodun) é denominado Dan-gbi, que
representa o local onde o arco-íris se encontra com a terra e onde fica a panela
lendária do tesouro. Dan usa muitos brajás (contas feitas de búzios estrategicamente
colocados de forma que lembre uma serpente).

Ao se iniciar um filho de Dan, preceitos são feitos para que esse vodun nunca se
manifeste na forma serpente e sim na forma humana pois, entendemos que na forma
humana ele é menos perigoso e entende melhor o ser humano, podendo assim
atender as suas necessidades e supri-las. No geral, os filhos de Dan são muito
chegados a doenças, principalmente de olhos e de origem psicológica. São pessoas
vaidosas, ambiciosas, “perigosas”, espertas e inteligentes. São muito dedicados ao
santo e dificilmente saem da casa que foram feitos.

Os voduns Dan vestem branco em sua maioria. Alguns usam verde claro, dourado,
prateado, ou tecidos com arco-íris estampados. Seus fios de conta vão de acordo com
cada vodun, variando em preto e amarelo, verde e amarelo e até mesmo na cor do
arco-íris. Abaixo citaremos os mais conhecidos e cultuados voduns Dan iniciados no
Brasil:
Dan gballa- esse vodun está sempre coligado à Aido Wedo e alguns acreditam ser um
só Deus, chamado de Dan gballa-wedo representando assim um deus superior na
hierarquia espiritual. Dan gballa também é conhecida como daidah, a cobra mãe. Esse
vodun não pode ser feito em mais de duas pessoas num mesmo país. Dan gballa e Aido
wedo são quem sustentam o mundo e quando eles se agitam causam catástrofes
como terremotos. Eles fazem parte da criação do mundo, juntamente com Mawu, Lisá
e Nànàn. Está associada á água e a chuva, sendo o vodun da fertilidade. Aparece
geralmente entrelaçado com seu marido Aido Wedo, dando origem a mais voduns
Dan. Dan gballa cava túneis, assim como as serpentes, conectando as terras acima com
as águas abaixo. Sua cor é o branco e o dourado, pegando também todas as cores do
arco-íris.

Aido wedo- esse vodun está sempre coligado a Dan gballa. É o deus do arco-íris e do
pote de ouro que se encontra no seu fim. Aido wedo é o verdadeiro pai da advinhação,
sendo o deus da vidência juntamente com vodun Fá, que dá aos bakonos o poder do
oráculo, assim como deu a íyèwá e a Legba. Aido wedo tem um pé firmado no fim do
arco-íris, na umidade das águas, e o outro pé é plantado atrás das montanhas. Move-
se entre os opostos da terra e da água, unindo em sua rotação, movimentos
urobóricos, gerando a vida.

Akotokwén- é o pai de muitos outros voduns Dan. É um dos mais velhos, sendo o
senhor da sabedoria. Em algumas lendas é pai de Gbesén ,Frekwén e Azansu e foi
casado com Nànàn. Sua cor é o amarelo e preto e veste branco. Tem muita ligação
com ègún e com os voduns do panteão Sakpatá.

Akolo Gbèsén (Aholo Gbèsén)- vodun Dan jovem, cultuado também na cultura yorubá
com nome de òsúmárè. É o vodun da devolução e da riqueza, sendo responsável pelo
retorno da água a terra em forma de chuva. Esta sempre ao lado de sua irmã Frekwén.
Frekwén- vodun Dan do sexo feminino, muito jovem e cultuado na cultura yorubá
como qualidade de òsúmárè. É a guardiã do arco-íris em volta do sol, muito coligada a
íyèwá. É um Dan muito perigoso e venenoso, sendo impaciente e agitada.

Íyèwá- é um vodun Dan filha de Azansu. Segundo as lendas Íyèwá teria sido excluída
de Dahomey por seu pai Azansu após se casar com o rei de Álákètú: Òsóòsí. Dahomey
e Álákètú viviam em guerra e por esse motivo o casamento relacionamento entre os
seus habitantes era proibido. Conseqüentemente, Íyèwá acabou por não ser cultuada
em muitas casas de djèdjè, se tornando um tabu. É a divindade de tudo o que é virgem
e inexplorado. Senhora da vidência. Sua cor é o vermelho e amarelo.

Íjíkú- vodun Dan feminino e muito arredio. Mora nas enseadas e é confundida com
Íyèwá. É muito perigosa e venenosa, causando danos aos seres humanos. Ligada as
águas, representa a troca de pele da serpente. É essa serpente que toma conta dos
vodunsis quando estão reclusos, sendo assentada dentro do hundeyme ou lugar onde
possa ficar de prontidão.

Òjíkú- vodun Dan masculino. É casado com Íjíkú e ao contrário de sua esposa, é
possuidor de um caráter menos agressivo. Reina o arco-íris da lua juntamente com
Íyèwá, regendo a faixa branca do mesmo. Ajuda Ìjíkú a tomar conta dos vodunsis, só
que os olha do espaço sagrado, sendo responsável pelos sonhos dentro do hundeyme.

Dan Íkó- vodun masculino muito cultuado nas casas de djèdjè aqui no Brasil,
principalmente no Djèdjè Mina. É um vodun velho. Representa a hierarquia das casas
de ásé e a sabedoria dos sacerdotes ao lidar com seus filhos e clientes. Senhor das
novas descobertas. Veste branco e prata.

Bakun- vodun masculino que vive nos buracos das árvores. Representa as serpentes
arborícolas. Tem muita ligação com os ancestrais tais como ègúngún e íyámí, sendo
um vodun Dan muito perigoso e com forte carrego. Tem ligação também com Loko e
Azenadô.

Azenadô- Vodun masculino senhor das árvores frutíferas. Seria segundo os mais velhos
um dos três reis da nação djèdjè (em algumas lendas os três reis são Dan, Sogbo e
Azansu e em outras Dan, Sogbo e Azenadô, variando conforme região). Suas
festividades são em setembro, onde se enfeita o Kwê com muitas frutas, dando-as
para os visitantes e adeptos. Teria a função de suprir a fome dos animais e seres
humanos. Tem muito fundamento com Loko e com os ancestrais.

Afrotonoy- vodun masculino que mora no rio. É uma cobra d’água e se alimenta de
peixe. É um jovem vodun Dan, que representa a alegria e o respeito aos mais velhos.

Bosalagbê- vodun feminino muito cultuado nas casas de djèdjè mina no maranhão.
Também chamado de Bósa. É filha de Azansu e irmã de Íyèwá e gêmeo de Bosukó. É
jovem, muito alegre e faceira, sendo confundida com sua irmã Íyèwá. Mora nas águas
doces e veste vermelho e dourado.

Bosukó- vodun masculino Tokeno (jovem). Irmão gêmeo de Bosá, mora nos rios junto
com sua irmã, e possui características em comum com a mesma, sendo muito alegre e
faceiro. Veste branco e dourado.

Agué

Agué - foi mandado para a terra por Mawu com o propósito de saciar a fome do ser
humano, através da caça, abate de animais e cultivo da terra. Seria o senhor da
agricultura, morando nas florestas, tendo um extenso domínio sobre as ervas. Toda
floresta é seu domínio, sendo responsável pelo bem estar da mesma e por tudo que
nela vive e a habita. É filho de Nànàn, pertence a família Dan birá, regendo também os
ègún que residem nas matas. Todas as folhas pertencem a Agué, sendo ele detentor
de alta magia através das mesmas e sendo um vodun muito importante dentro do
culto, já que sem ervas não existe ásé. Muito parecido com òsànýn dos cultos yorubás
e alguns até acreditam ser o mesmo Deus que assim como Dan e Sakpata assumiu um
outro nome em terras yorubas porém, existem muitas lendas e fundamentos que os
diferem, levando a conclusão de serem divindades diferentes porém com funções em
comum. Sua cor é o verde e branco e sua saudação aho gbo gboy!
AZZIZA (aziza) espírito mais antigo da floresta; foi quem ensinou a Legba os primeiros
usos das ervas sagradas. A alma das árvores dá a magia aos homens e é associado ao
culto dos antepassados.
Família de Sògbò

Também chamado de Hevioso. É o principal vodun da família Hevioso, sendo um dos


três reis da nação djèdjè. Vale lembrar que todos os voduns do panteão do Trovão que
tem como elemento fogo, inclusive o Òrísá Sángò é chamado de So ou Sogbo. Para
alguns estudiosos Sogbo seria irmã do vodun Hevioso e não o mesmo Deus. Não
confundir Sogbo com Sogbadan, sendo este outro vodun com características diferentes
que englobam o panteão do trovão com o panteão da terra. Seus raios cortam o céu
acompanhado dos trovões, destruindo cidades inteiras e fulminando os inimigos.
Dizem os Hunos, que é necessário oferecer sacrifícios para o deus do trovão para
aplacar sua fúria. Ele odeia os ladrões e os mata, sendo responsável por julgá-los e
manter a ordem no planeta terra. Quando está satisfeito, Hevioso dá a chuva
juntamente com Dan gbesén, Nànàn e vodun djó e o calor que tornam férteis a terra e
o homem. Sua cor é o marrom e branco e seu principal ritual a fogueira dos caviunos (
ritual semelhante a fogueira de Áíyrá dos yorubas).

Nas aldeias lacustres, nos arredores do atual Alaada, era cultuado o vodun Setohoun
(espírito da laguna). Quando Setohoun chegou a aldeia de Heviê, os nativos batizaram-
no com o nome de Hevioso (Heviê- nome da cidade; Oso- raio; ou seja raio de Heviê).
Outras lendas traduzem seu nome como he- ave; vi- projetar; isso- fogo; ou seja ave
que projeta fogo. Em Dahomey, todos os voduns do panteão do trovão ligados ao
elemento fogo são chamados de So ou Sogbos, inclusive o òrísá Sàngò assim é
designado. Os So ou Sogbos não gostam de malfeitores e ladrões de um modo geral
eles se irritam e matam esses elementos. A água da chuva depositada nos telhados é
um dos seus maiores bekó (kisilas). Também não gostam de feiticeiros e bruxos e se
esses se meterem com seus protegidos Ele os fulmina. Os akututos (ègúns) não
constituem um bekó para esses Voduns, mas eles também não gostam muitos dos
mesmos. Quando é necessária a presença de um deles para afastar esses espíritos, se
fazem presente e com muita energia os afugentam. Sua principal dança é o hundosé e
o dogbahun. Sosiôvi é nome do chocalho de So ou Sogbo. Sokpé é o machado de
Hevioso, feito com pedras de raio. Muitos são os voduns que fazem parte da família de
Hevioso, alguns são relacionados diretamente ao fogo e outros são relacionados ao
elemento água e habitam os oceanos, rios e ar. Vejamos abaixo os voduns do panteão
do trovão mais conhecidos:

Sogbo - Vodun masculino considerado o Pai de todos os So. Faz trovejar para alertar
os homens que os deuses julgadores e da justiça estão insatisfeitos e que o trovejar é
sinal do castigo que está por vir. É também chamado de Hevioso. Seus raios rasgam os
céus acompanhados dos trovões, destruindo cidades inteiras e fulminando os inimigos.
Dizem os Hunos que é preciso oferecer sacrifícios ao deus do trovão para aplacar sua
fúria. Ele odeia ladrões e malfeitores e os mata. Quando esta, satisfeito, Hevioso dá a
chuva e o calor que tornam férteis a terra e o homem.
Gbadé - Jovem, guerreiro, brigão, implicante, muito barulhento. Adora beber e
quando o faz arruma bastante confusão deixando todos atordoados. Adora esconder
as coisas (pertences) e se diverte em ver as pessoas procurando. No trovão escuta-se
sua voz gritando para que os homens consertem o que está errado. É a encarnação dos
vulcões, sendo um vodun muito quente e perigoso. Dizem os dahomeanos que quando
Badé está furioso ele faz o vulcão entrar em erupção, destruindo cidades e civilizações
inteiras. É irmão gêmeo de Adêm ou Adaen, um vodun feminino senhora das garoas.
Sua cor é azul, vermelho e branco, é cultuado juntamente a Hevioso na fogueira dos
caviunos.

Sogboadan- vodun masculino que representa a união da família Hevioso com a família
Dan gbirá. Representa o encontro dos raios com a terra e o castigo dos deuses do
trovão sobre a humanidade. Responsável por dividir tudo o que vem do espaço sideral
para os seres humanos, julgando-os merecedores ou não das graças e da ajuda dos
voduns. Segundo as lendas seria uma serpente alada que cuspia fogo.

Kasu Kasu - Guerreiro que defende as aldeias e ou casas de santo onde é cultuado. Os
inimigos têm pavor de Kasu. Dizem que quando em luta ele cospe fogo sobre os
inimigos. Quando em guerras, Kasu coloca-se à frente da aldeia e ou casa de santo e
abre seus braços criando assim um obstáculo que impede os inimigos de atacar. A
tradução de seu nome é barreira.
Akholongbé (acrolombé) - Ataca os inimigos ou castiga o homem enviando granizo, e
faz os rios transbordarem. É ele quem controla a temperatura do mundo. Quando está
calmo e satisfeito, ajuda o homem dando-lhe bons movimentos financeiros.

Aden - Vodun masculino do panteão do trovão, que veste roupa branca. Dá as chuvas
finas que faz as árvores frutificarem e, em conseqüência, é guardião das árvores
frutíferas. É chamado também de Adaen. Em um combate, mata os inimigos pelas
costas, não a traição. Todo cuidado é pouco para lidar com esse Vodun, pois a
primeira vista ele não demonstra seus desagrados.

Adeen- É ela quem faz escurecer os céus e envia os relâmpagos que fulminam. Seu pai
Sogbo ralha com ela dizendo: - Ahunevi anabahanlan! (não mate as pessoas). É muito
quente e arredia, ficando sempre aos olhares dos voduns mais velhos.

Ahuanga- Vodun masculino muito velho e grande feiticeiro do panteão do trovão, filho
de Saho. Em um salto transforma–se em fogo para proteger seus adeptos e queimar
seus inimigos, depois disso desaparece numa moringa. Tudo que é seu é enterrado.

Djakata-sô- vodun masculino arredio e muito forte. Em sua ira arranca as árvores e as
joga sobre os inimigos e aldeias. Defende seus filhos mesmo que eles estejam errados,
só não podem errar com ele. Seu poder é muito grande e sua fúria implacável. É
conhecido entre o yorubas como Jakutá (já- jogar, atirar; òkútá- pedra; ou atirador de
pedras) que acabou por se tornar erroneamente como uma variação ou um dos títulos
de Sángò.

Ajakatá- vodun masculino guardião dos céus. Somente ele possui as chaves que
permite a entrada dos homens nos céus. Quanto aborrecido envia as chuvas
torrenciais.

Gbwesu- vodun feminino e do panteão de Hevioso é uma das mais calmas. É o


murmúrio dos trovões no horizonte, representando o fim da tempestade.

Akelé- vodun feminino que representa a transformação. É quem puxa as águas do mar
para o céu e a transforma em chuva.

Alasan- vodun masculino sábio e justo. Talvez o mais velho de todos. Ensinou ao
homem o culto de So.
Awangá- Vodun masculino do panteão do trovão, irmão de Averekete. Habita as
lagunas marinhas. Suas águas engolem os ladrões e piratas.
LOKO

Loko- é a representação das árvores. Mawu o deixou responsável por todas as árvores
e seres que a habitavam. Deveria frutificar algumas a fim de saciar a fome de homens e
animais e combater os espíritos malignos que quizessem se apoderar ou controlá-las.
Loko é um voduns completamente ligado aos ancestrais, uma vez que as grandes
árvores seriam os portais para a eternidade. Nos pés das grandes árvores vivem os
ègúngúns, espíritos dos ancestrais masculinos que, respeitam Loko e as varas retiradas
de suas árvores (ísàns, usadas no culto à ègúngún para conduzir e evocá-los). Na copa
das grandes árvores vivem as èlòíyés ou íyámí òsòrògá que são as grandes feiticeiras,
representação dos ancestrais femininos. Por essa grande ligação com os ancestrais,
Loko ou Íròkò (nome dado após seu culto ser englobado na cultura yorubá) se tornou o
guardião do Hunjeve ou hunjebe que é o colar da ancestralidade, ganho pelo vodunsi
após seu hungbê de 7 anos e sendo o único colar que, acompanha o iniciado após seu
falecimento. Sua cor é o verde e preto e sua saudação aho gbo gboy ou ainda íròkò ísó
èró nas terras yorubanas.
Avelekete

Averekete - vodun masculino do panteão do trovão que habita as águas oceânicas. É


muito agitado e habita a zona de arrebentação das águas do mar. É quem leva as
mensagens de seu pai (vodun Hou) às demais divindades terrenas e aos seres
humanos. Costuma roubar as chaves das riquezas de sua mãe (Naete) para dá-las aos
homens. É um vodun pescador, que representa as tempestades em alto mar. É um
vodun jovem, confundido com Òlóògúnédé dos ritos yorubas porém, não tem nada a
ver com essa divindade, apenas a sua cor característica. Rege as aves marinhas. Sua
cor é azul e amarelo e sua saudação aho gbo gboy!
Família de Azansu

Para os povos Fón, Sakpata é o vodun da doença e da terra e todos os voduns


pertencentes ao seu panteão é da família Dan gbirá e coligado aos ancestrais e ao
elemento terra. Existem vários voduns pertencentes à esse panteão e todos eles
possuem a função de vigiar o mundo espiritual e de castigar os seres humanos com as
doenças e pestes com a finalidade de ensiná-los a valorizar a vida. Esses voduns são
rigorosos no que tange a moral dos bons costumes. Nunca admitem falhas dentro dos
Kwês e, quem faz essa fiscalização para eles é Íyèwá, filha de Toy Azonse ou Azansu. As
contas e roupas usadas por esses voduns podem variar conforme o gosto de cada um.
Todos usam roupas confeccionadas em palha da costa, sendo umas mais curtas e umas
mais cumpridas. Símbolo fortemente ligado a Sakpatá, a palha da costa é a fibra da
ráfia, obtida de palmas novas, extraídas de uma palmeira cujo nome científico é raphia
vinifera. No Brasil, recebe o nome de Jupati. A palmeira é considerada a "esteira da
Terra". A palha da costa, tendo sua origem na palmeira, ganha o simbolismo universal
de ascensão, de regeneração e da certeza da imortalidade da alma e da ressurreição
dos mortos. Um símbolo da alma. Além de proteger a vulnerabilidade do iniciado, sua
utilização também é reservada aos deuses ancestrais, numa reafirmação de sua
ancestralidade, eternização e transcendência. Os Sakpatás podem trazer nas mãos o
sásárá, ou o bastão, a lança, ou ainda, uma pequena espada. A maioria deles gostam
de manter o rosto coberto pela palha da costa, outros gostam de mostrar o rosto.
Todos gostam muito de usar búzios e Sáòrò (guizos). O búzio simboliza a origem da
manifestação, o que é confirmado pela sua relação com as águas e seu
desenvolvimento em espiral a partir de um ponto central. Simboliza as grandes
viagens, as grandes evoluções, interiores e exteriores. É associado às divindades
ctonianas, deuses do interior da terra. Por extensão, o búzio simboliza o mundo
subterrâneo e suas divindades. O sáòrò (guizo), tem simbologia aproximada a do sino,
sobretudo pela percepção do som. Simboliza o ouvido e aquilo que o ouvido percebe,
o som, que é reflexo da vibração primordial. A repercussão do sáòrò é o som sutil da
revelação, a repercussão do Poder divino na existência. Muitas vezes têm por objetivo
fazer perceber o som das leis a serem cumpridas. Universalmente, tem um poder de
exorcismo e de purificação, afasta as influências malignas ou, pelo menos, adverte da
sua aproximação. Sem dúvida, simboliza o apelo divino ao estudo da lei, a obediência à
palavra divina, sempre uma comunicação entre o céu e a terra, tendo também o poder
de entrar em relação com o mundo subterrâneo. O lakidibá, fio de conta de Sakpatá, é
feito do chifre do búfalo. Tem o sentido de eminência, de elevação, símbolo de poder,
um emblema divino. Ele evoca o prestígio da força vital, da criação periódica, da vida
inesgotável, da fecundidade. Devemos lembrar que chifre, em hebraico "querem",
quer dizer, ao mesmo tempo, chifre, poder e força. O lakidibá não sugere apenas a
potência, é a própria imagem do poder que Sakpatá tem sobre a vida e a morte. Na
conjunção do lakidibá e do deus Sakpatá, descobrimos um processo de anexação da
potência, da exaltação, da força, das quatro direções do espaço, da ambivalência.
Encontramos o lakidibá em duas cores: preto e branco. Ele também contém a
bondade, a calma, a força, a capacidade de trabalho e de sacrifício pacífica do chifre do
búfalo, de onde origina-se. Rústico, pesado e selvagem, o búfalo é também
considerado divindade da morte, um significado de ordem espiritual, um animal
sagrado. Na África, o búfalo (assim como o boi), é considerado um animal sagrado,
oferecido em sacrifício, ligado a todos os ritos de lavoura e fecundação da terra. O
lakidibá é entregue ao adepto somente na obrigação de sete anos. Presença certa em
tudo ligado a Sakpatá, o dègbúrú (pipoca) representaria as doenças de pele eruptivas,
cujo aspecto lembra os grãos se abrindo. Jogar o dègbúrú assume o valor e o aspecto
de uma oferenda, destreza e resistência. O ato de jogar se mostra sempre , de modo
consciente ou inconsciente, como uma das formas de diálogo do homem com o
invisível. Tem por alvo firmar uma atmosfera sagrada e restabelecer a ordem habitual
das coisas, é fundamentalmente um símbolo de luta, contra a morte, contra os
elementos hostis, contra si mesmo. Uma vez por ano, os Kwes fazem um banquete
para as Divindades do Panteão de Sakpatá, onde devemos comer, dançar e cantar
junto com os Voduns. Os demais Voduns do panteão da terra, sempre são convidados
a compartilhar desse banquete. Os djedjes acreditam que, com essa cerimônia
oferecida a essas divindades, todas as doenças são despachadas do caminho do Kwê e
de seus filhos. Esse banquete é colocado dentro do peji ou do quarto onde
mora Sakpatá e os demais Voduns de seu panteão. Toda a comunidade vêm saudar
o Deus da varíola e seus descendentes, comer e dançar junto com eles e, ali mesmo, é
servido o banquete para todos os presentes. Após essa cerimônia, Sakpatá e os demais
Voduns, vestem suas roupas de festa e vão para a Sala (barracão), comemorarem seu
grande dia, junto com a comunidade que os aguardam. Quando entram na Sala, todos
gritam louvores à eles, dançam e cantam, louvando o Deus da varíola, que traz a cura
de todas as doenças. Suas danças e cânticos lembram sempre os doentes, as doenças e
a cura das mesmas. Algumas falam das lutas que esses Voduns enfrentaram com a
rejeição das comunidades com sua presença e outras falam das vitórias que tiveram
sobre todas as comunidades que a eles vieram pedir ajuda. Os Sakpatás trabalham
muito e têm um importantíssimo papel nas feituras de Voduns. Do início ao fim de
uma ahama (barco de vodunsi), eles atuam com rigidez e vigor, mantendo o bom
andamento, principalmente dos bons costumes morais e, cobram "feio" caso alguém
cometa alguma falha. Eles são, na verdade, as testemunhas de uma feitura. Após a
feitura, se um filho negar alguma coisa que tenha sido feita, eles são os primeiros a
cobrarem desse vodunci a mentira que ele está dizendo, assim como também cobram
a quebra de segredos. Todas as folhas refrescantes para ferimentos, pertencem a esses
Voduns. Vejamos abaixo os voduns mais conhecidos e, cultuados no Brasil, do panteão
Sakpatá:

Sakpatá- seria o vodun mais conhecido dessa família e o que mais teve história dentro
das terras yorubás. Segundo os mitos, Nànàn sua mãe teria abandonado Sakpatá ainda
recém nascido, em um rio, dentro de um balaio pois, o mesmo teria o corpo coberto
de chagas e o rei de dahomey queria matá-lo temendo sua doença ser contagiosa.
Quem acolheu Sakpatá foi Íyèmònjá, òrísá dos rios que correm para o mar, e o ensinou
a caçar, pescar, educando-o e nomeando-o de Sákpònàn. Ògún, filho de Íyèmònjá e
irmão adotivo de Sákpònàn, cobriu com folha de máríwò o corpo de Sákpònàn com o
objetivo de esconder por baixo dessa roupa o ser coberto de chagas que assustava a
comunidade. Ao longo do tempo, Sákpònàn caminhou por toda a África, levando a
cura de doenças para as comunidades e propagando seu poder e conhecimento,
passando a ser chamado de Ògbálúáíyè (ògbá- rei; òlú- senhor; áíyè- terra; logo o rei e
senhor da terra). Mais tarde ògbálúáíyè retornou a sua cidade de origem, Dahomey, e
foi confundido com o filho de Sakpatá, sendo chamado de Òmóòlú (omo- filho; òlú-
senhor; logo filho do senhor). Portanto, Sákpònàn, Ògbálúáíyè e Òmòlú são nomes que
representam a mesma divindade: Sakpatá. Sakpatá, seria o deus da varíola, da
humildade e da seriedade. Em alguns lugares de dahomey não é tão conhecido, uma
vez que sua história de vida se passa totalmente em terras yorubanas, passando a ser
Azansu o vodun do panteão de Sakpatá mais conhecido.

Azansú ou Azansún- vodun masculino do panteão de Sakpatá. Senhor dos ásés dos
animais e dos órgãos internos da barriga, inclusive as tripas. É pai de muitos voduns da
família Dan gbirá, inclusive de Íyèwá que segundo as lendas foi expulsa de Dahomey
pelo mesmo, após ter um relacionamento com Òsóòsí, o deus de Álákètú, cidade
inimiga de Dahomey.

Azawani- vodun masculino do panteão de Sakpatá. É um grande caçador e juntamente


com Azaká e Aganga Otolú rege e protege a boca da mata. É o senhor de todas as ervas
de uso medicinal, sendo o patrono da medicina. Usa seta e é muito agitado. Veste
palha da costa vermelha e tecidos estampados. Tem ligações com os espíritos das
florestas e com o culto as ájés.

Avimaji- vodun feminino do panteão de Sakpatá. É uma guerreira com grandes


ligações com íkú. Muito parecida com Ájágún da cultura yorubá. Em alguns lugares da
África é tida como vodun masculino. Veste branco e é a senhora das égúns que
morreram em batalhas.

Toy Akosu- vodun masculino do panteão de Sakpatá. É o mais velho vodun desse
panteão que se tem notícia. No transe, ele se mantém deitado na azan (esteira). Dizem
os mais velhos, que Toy Akossu é o patrono dos cientistas, ele dá a eles inspirações
para a descoberta das fórmulas mágicas que curarão as doenças e as pestes. Ele é a
própria "doença e cura", como também um excelente conselheiro.

Toy Abrojeví- vodun masculino do panteão de sakpatá. é um Vodun velho, filho de Toy
Akossu, que gosta de comer quiabo com dendê, paçoca de gergelim e fumar cachimbo
de barro. Toy Abrogevi gosta muito de Badé e se tornou muito amigo dele. Foi com
Badé que aprendeu a comer e a gostar de quiabo.

Azaká- vodun masculino pertencente a família Dan gbirá e incluído no panteão dos
Sakpatás. É um velho caçador, tio de Otolú, fazendo parte também do panteão dos
voduns caçadores. Rege a boca da mata e veste palha da costa e um chapéu de palha.
Kpósu

Kpósu- é o homem pantera ou homem leopardo. Segundo as lendas kposu ou kposun


seria origem de um relacionamento entre um leopardo e uma mulher. Foi um grande
guerreiro sendo fundador da cidade de Dahomey. Em outras lendas seria filho de
Agasu ou Agasou e fundador de um exército de homens leopardos. É o senhor da
mutação e da transformação. Kposu é cultuado tanto como ayí vodun (vodun da terra)
quanto djí vodun (vodun do ar) sendo tanto coligado ao panteão de Hevioso quanto ao
de Dan birá. Senhor dos áríásés das casas de djèdjè, sendo responsável pelo equilíbrio
do Kwè e por sua fundamentação, centralizando energia e purificando o ambiente para
que possa haver o culto. Sua cor é preto e coral e sua saudação aho gbo gboy ou dan
bára kpó!

Vodun Aiyzan- vodun feminino filha de Mawu-Lisá. Não é iniciada na cabeça de


ninguém. É senhora da esteira e da crosta terrestre. Deusa dos oráculos e dos grandes
mercados. Em Benin, quando nasce uma criança é costume levá-la ao mercado e fazer
os mlenmlen (òríkís) e oferendas a Aiyzan, pois acreditam que esse ritual trará muita
boa sorte a vida da criança. Esse procedimento também se dá aos casais de noivos. Os
familiares das duas partes se reúnem e vão juntos com os noivos ao mercado. Nos dois
casos, tanto do recém nascido quanto dos noivos, se traz um pouco de terra do
mercado para casa e a coloca no solo de suas casas para que a fartura e a prosperidade
falam sempre parte de suas vidas. Aiyzan reina tanto na parte abissal da terra
(aquática) quanto que subterrânea. É a senhora da ancestralidade, responsável por
tudo o que se é passado de pai para filho e senhora da hierarquia. Dentro dos
hundeymes, quando entra um neófito para se iniciar, é costume montar o Aguidazan,
que é o assentamento pessoal desse vodun. Durante seu período de recolhimento, o
vodunsi antes de se alimentar deposita um pouco de sua refeição dentro do
Aguidazan, acreditando estar alimentando seus ancestrais.
Família de Vodun To (Rio)

As Naês, Togbosys ou Mami Wata são todas as voduns femininas das águas doces
(jesúsú), salgadas (jevíví) e salobres. Aqui falaremos exclusivemente das Naês de águas
doces e salubres pois já descrevemos as Naes das águas salgadas quando falamos do
panteão dos voduns oceânicos. As Naês ou Mami Watas, são mulheres vaidosas,
exigentes, caridosas, algumas são guerreiras, outras caçadoras. Gostam do brilho das
pedras e do ouro, adoram se enfeitar com colares, pequenas conchas e caramujos,
pulseiras, pequenas penas coloridas. Normalmente, seus adornos são feitos por elas
mesmas, caso alguém queira fazer para elas, essas exigem que seja feito exatamente
como elas fariam. Algumas Naês gostam de ficar a beira dos todôun, sentindo e
recebendo a energia do guhê (sol), das atinsás (árvores), do djóon (vento), da sum
(lua), etc.. Essas são muito falantes, gostam de dançar, cantar, caçar junto com Otolu,
pescar junto com Ajaunsi, macerar folhas junto com Agué, comer ámálá com Sogbo,
Avereketi e Arevesul, etc. Gostam de caminhar pelas matas, praias e lagoas, ondem
residem outras Naês. Outras Naes preferem as profundezas das ezins onde a paz reina
com toda a plenitude da natureza, essas não gostam de se expor aos olhos de curiosos
e são de falar muito pouco. As Naês que moram nas ezin salubres, são as mais
guerreiras, cultuam os ancestrais, lidam com ègúns e a magia é seu forte. Dizem os
antigos, que é nas lagoas que se escondem os grandes mistérios da magia das Naês,
pois ali se encontram as duas energias, a das ezins jesúsú e a das ezins jevívi. Fá
sempre aconselha seus bakonos a irem à lagoa conversarem com as Naês quando
existe a necessidade da magia ser usada. As Naês usam roupas de várias cores sendo
que, algumas delas, adoram o dourado, daí confeccionar-se roupas com tecido
amarelo, o que não está totalmente correto. As roupas das Naês devem obedecer a
uma série de exigências das mesmas. Podemos até fazer uma roupa amarela ou
dourada, mas nunca podemos esquecer os detalhes que virão complementar a
simbologia da roupa a ser usada. Seus assentamentos podem ser feitos em louças, em
bustos de madeira, argila ou Kô(barro), dependendo da Vodun que se está assentando.
Dependendo da Naê, ela traz nas mãos: ezuzu (ágbégbé), pena, òfá, lira, èsé (pássaro,
de preferência vivo), cobra, espada ou adaga.

Em todos os estudos que fizemos na África, encontramos a SEREIA simbolizando as


Mami Wata/Naês, tanto das água doces quanto das águas salgadas e salubre. É
comum encontrarmos, em qualquer estabelecimento comercial e residencial, a figura
de uma sereia cultuada (podemos comparar com os santinhos católicos que os
brasileiros cultuam aqui em pequenos altares em seus estabelecimentos).

Abaixo veremos a lista da algumas das Naês de água doce ou salubres mais
conhecidas:

Aziri Tolá- vodun feminino pertencente ao panteão da terra. É uma divindade vaidosa,
doce, caridosa e muito exigente. Gosta do brilho do ouro, e se enfeita com conchas,
pedras e caramujos. Recebeu a missão de ensinar ao ser humano a fé, o amor e a
compaixão, sendo responsável de unir as pessoas sentimentalmente. Rege o fundo dos
rios e todo ser vivo lá encontrado.

Vodun Abotô - habita as águas doces profundas que desembocam no mar. É sempre
confundida tanto como Òsún quanto como Íyèmònjá. Uma das Voduns mais velhas do
panteão da terra. Veste branco, branco com amarelo, amarelo clarinho, suas contas
são amarelo pálido. Gosta de adornos dourados e perfume. Não gosta de muito
barulho perto dela. Fica fascinada com o barulho dos búzios em movimento com as
águas e faz desses seu oráculo. Representa o encontro das águas e é a senhora das
Èkédjís e dona da pororoca. Dona do suor e de toda água encontrada no organismo.

Vodun Tokpodun- Vodun feminina, deusa do rio. Seu frescor traz claridade para as
cabeças e sua tranqüilidade traz a paz. Símbolo de beleza, feminilidade, fertilidade,
graça e caráter. Filha de Naete deusa do oceano, irmã de Averekete. Foi expulsa do
oceano por seus irmãos por seu caráter forte indo então, morar no rio.

Gorêji- Vodun jovem muito alegre e falante, habita o encontro das águas das lagoas
com o mar. Essa mãe gosta muito de passear pelas lagoas e lagos misturando-se com
os patos d'água em seu bailado e fica muito aborrecida se algum caçador mata ou fere
uma dessas aves. Veste roupas azuis, verde água, prateado com rosa claro ou
azul. Gosta de adornos prateados, pérolas e perfumes suave. Pertence ao panteão da
terra. Quando Goreji resolve passear em águas oceânicas, os cavalos marinhos que a
adoram ficam ao seu dispor para transportá-la e passear com ela. Em seu
assentamento podemos colocar bonecas coloridas e outros brinquedos de menina.
Familia de Vodun Howu (Mar)

O oceano abriga uma enorme variação de divindades tanto do sexo masculino quanto
do sexo feminino, responsáveis pelo bem estar de toda orla marinha e dos animais,
algas e todos os demais seres vivos que nele vivem. Naete e vodun Hou são os deuses
que reinam no universo oceânico. Enquanto que Naete fica nas águas calmas, vodun
Hou desbrava todas as regiões e dá a cada vodun suas tarefas. Habitam o mundo
marítimo tantos voduns da família Hevioso quanto da família Dan gbirá. Temos em
nosso culto uma linda cerimônia chamada Gozin onde fazemos oferendas à todas
divindades que habitam as águas. É um momento muito sublime, de uma energia
indescritível onde gritamos Agoki-Agoka e percebemos a chegada de cada um desses
voduns. Existe também o mito do monstro marinho chamado Mokelêngbêngbê,
animal do tamanho de um elefante, com um pescoço longo, um único chifre e uma
enorme cauda que derruba as embarcações. Esse monstro é muito temido e muito
respeitado em todo dahomey até hoje. Veremos abaixo o nome dos voduns mais
conhecidos do panteão dos voduns oceânicos:

Naetê- vodun feminino que habita as águas calmas do oceano. É mãe de quase todos
os voduns marinhos, sendo a mais respeitada divindade do oceano juntamente com
seu marido vodun Hou. Naete recebeu a missão dada por Mawú de levar a importância
da família e o amor para os seres humanos. É tida como uma das mais belas deusas de
dahomey, e anualmente recebe oferendas, juntamente com os demais voduns
marinhos, para que o mar seja sempre próspero e possa dar o alimento para os
homens. Sua cor é o cristal e o azul. Usa ágbégbè e conchas.
Vodun Hou- vodun masculino do panteão do trovão marido de Naetê. Sua morada é a
zona de arrebentação das ondas que arrebentam no litoral. É muito quente e
guerreiro, sendo responsável por manter a ordem no oceano e de distribuir e fiscalizar
as funções dadas a cada vodun. Seria o próprio oceano, sendo um deus muito
poderoso.

Averekete- vodun masculino do panteão do trovão. É muito cultuado e festejado,


tanto na festa das divindades das águas (Gozin) quanto na fogueira dos caviunos,
festividade dos sogbos. Averekete é um grande pescador que mora nas águas agitadas.
Senhor dos pássaros marinhos.

Aziri Togbosy- vodun feminino do panteão do trovão. É guerreira e tem a função de


proteger a orla marítima e castigar aqueles que sujam o oceano ou fazem uso da pesca
predatória. Muito ligada a sua mãe Naete e aprendeu a guerrear com seu pai vodun
Hou.

Agbê- Vodun feminina irmã de Badé, panteão do trovão. Habita as águas revoltas do
oceano. Sempre que acontece um naufrágio é ela junto com Vodum Sayo que tentam
salvar os náufragos. Considerada uma das mais velhas mães do mar, sempre substitui
Naete, quando essa precisa se ausentar do reino. Nohe Agbê é considerada a
palmatória do mundo, cabe a ela mostrar as verdades e não deixar que essas sumam
nas águas, dizem os antigos que o ditado "A verdade sempre anda sobre as águas,
nunca afunda, um dia ela aparecerá na praia" foi dito por Agbê. Assim como Erzulie,
Agbê é conhecedora de alta magia. Veste branco, azul muito clarinho.

Oulisá- Vodun masculino do panteão da terra. Habita as águas claras e frias do


oceano. Esse Vodun é sempre muito confundido com òsáàlá. Veste branco com
detalhes prateado ou dourado. É um Guerreiro dos Mares.

Erzulie- Vodun feminino que habita o reino abissal, pertence ao panteão da terra. É
considerada a mãe de Agué e Òlòkè. Essa Vodun também é conhecida como Erzulie-
Dantor, poderosa conhecedora da alta magia. Dizem os bakonos que ela se assemelha
a Netuno, pois está sempre tentando levar toda a humanidade para habitar o oceano.
Ela diz que todos os humanos têm a capacidade dos anfíbios e que todos se originaram
do fundo do mar. Alguns acreditam que é um Vodun andrógino. Em momento de
afogamento devemos chamar por Vodun Agbê e Vodun Sayo para que essas
convençam Erzulie que nosso lugar é na terra.

Vodun Natê- Vodun masculino do panteão do trovão que habita o mar. Adorado pelos
pescadores e por todos que trabalham no mar. É o grande guardião que habita em
todo o oceano, mar e praias.
Sayô- Vodun feminina do panteão do trovão, irmã de Averekete. Habita as ondas do
mar que fazem o nível do oceano subir. Considerada como uma sereia. Ajuda a salvar
as pessoas vítimas de afogamento.

Vodun Tchahê- Vodun feminina do panteão do trovão, irmã de Averekete. Habita o


marulhar das ondas das águas oceânicas. Senhora do som feito pelas ondas e pelo
silêncio do alto mar.

Vodun Agboê- Vodun masculino do panteão do trovão, filho de Saho. Realiza tudo
através de um talismã que preparou junto com seu pai. Dança com muito vigor, gira
em torno de si mesmo e transforma–se na água que é Hu, o mar. Depois disso sai e
pede a uma vodunsi que recolha água do mar, coloque em um ponte e a esquente. O
resultado disso é o huladje, o sal.

Voduns gêmeos Dôtísê e Sahô- Dôtisê é um vodun feminino e nasceu à noite e


Sahô um vodun masculino que nasceu de manhã. Ela tem um olho em um lado da
terra e Sahô no outro lado. Considerados os Voduns que olham o mundo. Panteão do
trovão, habitam sobre o mar.

Voduns gêmeos Dazodjê e Nyohuewê Ananú- habitam nas riquezas depositadas no


fundo do mar e são considerados os Voduns da Riqueza. Não são feitos na cabeça de
ninguém.

Afrekete- é a mais jovem e mimada Vodun do panteão do trovão, habita em todo o


oceano. Junto com Natê desempenha o papel de Legba, guardando os mares. Protege
os pescadores e pune todos aqueles que insultam os deuses e habitantes do
mar. Quando vê uma embarcação pirata, agita as águas para que essa naufrague e
após esse, entrega todo o tesouro encontrado aos Voduns da riqueza e os mortos à
Agbé Geledê.

Awangá- Vodun masculino do panteão do trovão, irmão de Averekete. Habita as


lagunas marinhas. Suas águas engolem os ladrões. Faz a justiça no reino oceânico e
rege as tempestades e maremotos.
Agoen- Vodun filho de Sahô,que reina na areia branca que cobre o chão das praias e
oceanos. Rege os animais que vivem enterrados na areia da praia e do mar e todas a
conchas, pedras e corais.
Aguê- Vodun feminina do panteão da terra que habita sobre as águas oceânicas.
Muito afetuosa, está sempre atenta as necessidades alimentares do homem e os ajuda
a prover sua mesa, usando sua arma principal, a dam (rede).
Família Real de Vodun

Por séculos, em todo o mundo, as crianças nascidas em circunstâncias especiais, eram


mortas pois eram segregadas e rotuladas como seres de mau agouro, diabos ou que
perpetuavam a miséria e o sofrimento de suas famílias, tornando-se assim, um estôrvo
para seus pais. Eles eram assassinados, conforme estabelecido pelo grupo, para serem
poupados de uma vida com olhares fixos e rejeições sociais. Não havia nenhuma
recompensa em sacrificar uma vida familiar cuidando dessas crianças carregadas de
circunstâncias tão especiais. Esta situação também estava presente na
cultura dahomeana, até que um Vodun especial, nomeou Tohosou para encarregar-se
de mudar essa situação. Os Tohosous são congregados de antepassados reais que
surgiram durante o reinado do Rei Akaba. Eram conhecidos como "as crianças e o
guardião dos três rios", um lugar onde todos os antepassados viviam, e todos que
morriam passavam a viver neste sagrado reino subaquático. Este Tohosou foi
considerado muito poderoso e, frequentemente, era chamado para batalhas quando
tudo já havia falhado, pois era um vencedor certo com uma rajada de sua poderosa
espada. O Tohosou é agrupado com o "Neusewe" dahomeano, grupo da maioria dos
mais antigos antepassados, hoje conhecido como "Loko". A primeira criança nascida
com má formação física e a fazer parte desse grupo foi Zomadonu, filho mais velho
Akoikinakaba. Zomadonu é quem comanda este poderoso grupo de Trowo (espíritos
ancestrais) . Para este grupo eram feitos sacrifícios e honras especiais. Infelizmente,
foi durante o reinado do rei Glele que deu-se a maior perseguição às famílias dessas
crianças. Elas eram sacrificadas afim de poupar o reinado e suas famílias. O mais
significativo, é que esses antepassados reais eram, frequentemente, ignorados e
negligenciados pelos próprios reis. Muitas tentativas foram feitas por esses
antepassados para atrairem a atenção dos reis em incentivá-los a dar-lhes as
homenagens como era a tradição, mas os reis se recusavam veementemente, então
esses antepassados se tornaram enfurecidos. Um dia, irritados, desceram na corte
real, nos corpos dos adultos fisicamente mal formados e, começaram a destruição, a
devastação e a exalarem um cheiro forte e desagradável e, acima de tudo, muita
confusão e desespero, destruindo a corte e vilas inteiras. Imediatamente o rei chamou
os bakonons de Fá para verificarem qual era o problema e o que poderia ser feito para
acalmar esses espíritos poderosos e irritados. Após um consulta cuidadosa, Tohosou
começou a falar. Além de exigirem que todos os reis erguessem um santuário ao
Vodun maior, Zomadonu, para que eles lhes pagassem as devidas homenagens,
exigiram também que a repercussão da "fama" que os físicamente e mentalmente
abalados tinham fosse cessada. Declarou ainda que daquele momento em diante eles
eram os seus guardiões protetores. Por último, propôs que, aqueles que nascessem
naquelas condições, suas famílias deveriam erguer um pequeno santuário em suas
casas e, os que assim fizessem, seriam recompensados e abençoados com
prosperidades especiais. Hoje, no Benin e em Togo, as crianças que nascem com má
formação física ou deficiências mentais têm uma cerimônia especial e, em suas casas,
um pequeno altar é consegrado aos Tohosous. Assim, em vez de trazerem desgraças
financeira e emocional às suas famílias, trazem bençãos. Aqueles que ficam
incapacitados devido a idade, ferimentos ou doenças, também ficam sob a proteção
dos Tohosous.
“Akabá, rei de Dahomey, tinha tido um filho anormal”. A gravidez da rainha Kuandê
tinha sido dolorosa e agitada, se manifestando por duas vezes no dorso, duas vezes no
peito, parando em seguida por nada sentir. A parteira ficou espantada quando viu o
menino Zomadonu, porque ele tinha seis olhos – dois sobre a fronte, dois atrás da
cabeça e dois no peito. Tinha dentes, cabelo e barba e desde o seu nascimeto se pôs a
falar e caminhar. No dia seguinte ele entrava a engordar e desaparecia e rolava por
terra como uma bola e declarava que era Zomadonu. Horas depois ele estava
transformado em um grande pássaro entregue à pescaria no pântano e cantava
traduzindo o seu nome. Em certas ocasiões estava de novo como homem. Todos
ficavam apavorados com estas manifestações.
O Rei Agajá, irmão e sucessor de Akaba, também teve um filho anormal
chamado Kpelu. Tinha vinte dedos, sendo dez em cada mão, dois olhos normais e dois
sobre a nuca. Nascera com dentes e grandes cabelos e tinha o dom de predizer o
futuro. O Rei Tegbessu, sucessor de Agajá também teve um filho anormal, Adomu, que
possuia quase as mesmas características de Kpelu, era caprichoso e diz que queria
cortar o nariz das pessoas.”
Há também uma lenda que conta que Zomadonu, junto de Kpelu e Adomu, invadiram
o Abomey liderando um exército de tohosus matando indiscriminadamente os
cidadãos que fugiram apavorados, ficando apenas um homem chamado Abadá
Homedovó, que sofria de elefantíase.
A vida do homem foi poupada, graças à amizade que ele tinha com Azaká, um tohosu
da cidade de Savalu. Ele foi curado por Zomadonu, e ensinado por ele nos mistérios
para se propiciar a boa vontade dos tohosu reais. Após isso, o exército dos temíveis
pigmeus monstruosos abandona Abomey, entrando no rio. E com Abadá Homedovó
começa o culto dos tohosu reais de Abomey, com Zomadonu sendo o principal deles.
Hoje, no Benin e em Togo, as crianças que nascem com má formação física ou
deficiências mental têm uma cerimônia especial e, em suas casas, um pequeno altar é
consegrado aos Tòhosú. Assim, em vez de trazerem desgraças financeira e emocional
às suas famílias, trazem bençãos. Aqueles que ficam incapacitados devido a idade,
ferimentos ou doenças, também ficam sob a proteção dos Tòhosú.
Na Diáspora, o nome de Zomadonu é conhecido tanto no vodu haitiano, como no
Tambor de Mina de Nação Jeje, onde é o patrono do terreiro Casa das Minas, também
chamado de ‘Kwerebentan to Zomadonu’ (Querebentã de Zomadonu) em São Luís
Maranhão.
Curiosamente, no Maranhão, Zomadonu não possui caracteríticas de Tòhosú, ou seja,
deformação física. Zomadonu é o mais importante vodum do Reino do Dahomey, é
considerado nobre pertencente a família real de Davice ou Danvice, que é chefiada
pela mãe ancestral Nochê Naé. Zomadonu também é pai dos gêmeos Nagono Toçá e
Nagono Tocé. Zomadonu é o primeiro vodum a ser homenageado nos toques de
tambor da Casa das Minas.

A Família de Davice reúne os voduns da família real do Abomey, no antigo Daomé,


atual Benim, e é composta dos seguintes voduns:

Nochê Naê - Mãe Naê - a vodum mais velha e ancestral mítica do clã.
Zomadônu - o dono da Casa das Minas e chefe de uma das linhagens da família de
Davice. Rei e pai dos toqüéns Toçá e Tocé (gêmeos), Jagoboroçu (Boçu) e Apoji.
Zomadônu é filho de Acoicinacaba.
Acoicinacaba - (Coicinacaba) - pai de Zomadônu e filho de Dadarrô.
Dadarrô - chefe da primeira linhagem da família; vodum mais velho da família de
Davice. Casado com Naedona e pai de Acoicinacaba, portanto, avô de Zomadônu. É
pai de Sepazim, Doçu, Bedigá, Nanim e Apojevó. Representa o governo e é protetor
dos homens de dinheiro.
Naedona - (Naiadona ou Naegongom) - esposa de Dadarrô e mãe de Sepazim, Doçu,
Bedigá, Nanim e Apojevó.
Arronoviçavá - irmão de Naedona, é cambinda (mas considerado jeje por outras
casas).
Sepazim - princesa casada com Daco-Donu, com quem teve um filho chamado Tói
Daco, que é toqüém.
Daco-Donu - marido de Sepazim, pai de Daco.
Daco - filho de Sepazim e Daco-Donu. Toqüém.
Doçu (Doçu-Agajá, Maçon, Huntó ou Bogueçá) - jovem cavaleiro, boêmio, poeta,
compositor e tocador. Pai dos três toqüéns Doçupé, Nochê Decé e Nochê Acuevi.
Doçupé - filho de Doçu. Toqüém.
Nochê Decé - filha de Doçu. Toqüém.
Nochê Acuevi - filha de Doçu. Toqüém.
Bedigá - também cavaleiro como o irmão Doçu. Aceitou a coroa do pai Dadarrô que
Doçu tinha recusado. Protetor dos governantes, advogados e juízes.
Apojevó - filho mais novo de Dadarrô. Toqüém.
Nochê Nanim (Ananim) - filha adotiva de Dadarrô, criou Daco (neto de Dadarrô) e
Apojevó (seu irmão mais novo.
Outros Voduns

As Nae Aikunguman

No culto aos voduns, Nae Aikunguman ou Nohê Aikunguman é a base de tudo que é
fundamento. Acreditamos que somente esse vodun pode sustentar uma base sólida
para apoiar e firmar um templo de culto para os demais voduns. Temos vários voduns
que pertencem ao panteão de Aikunguman, porém existem aqueles cuja tarefa
primordial é o culto a mesma. Dependendo do que se pretende fazer, invocamos o
vodun correspondente. Como por exemplo:

Ìntòtò- vodun do panteão de Sakpata, cultuado também entre os yorubas. É um


sakpata muito velho e perigoso e não é iniciado na cabeça de ninguém. Saber plantar,
cuidar e zelar desse vodun é “garantir a vida” dentro da casa de santo. Ìntòtò é
responsável pela putrefação das carnes e alimentos em geral; por essa razão temos
que cultuá-lo abaixo do solo para que essa atribuição a ele só ocorra no seu mundo e
nunca no nosso. É invocado no Sihun, juntamente com Aiyzan.

Agué- vodun masculino, dono de todos os segredos das folhas. Este vodun tem um
papel importantíssimo dentro do culto a Aikunguman pois é ele que fertiliza e a
alimenta com suas sementes e suas magias. Numa casa de santo cabe a ele levar o
“sabor” de cada vodunsi e o apresentar a Aikunguman na passagem de sua vida
profana para a religiosa, isto é, seu renascimento.

Guiogu- vodun masculino do panteão de Gu. É o senhor das facas e das guerras de
ênfase mundial. Também desempenha um papel muito importante no culto a
Aikunguman, pois é ele que dá à mesma o Kun (sangue) dos animais sacrificados. Junto
com vodun Yian, Guiogu garante que o kun de homens inocentes não seja derramado,
apenas os dos malfeitores.

“Baseados nessa pequena explanação, podemos entender o porquê de usarmos


"poeiras", "terras" de determinados lugares para fazermos assentamentos de Santos
e Legbas. Cada membro da família de Aiyzan, rege um local - feira-livre, mercados,
açougue, bancos, cemitérios, estradas, rios, mar, cachoeira, etc. Para nós filhos do
Culto Vodun, Aiyzan é a principal deusa da terra, ela é a própria terra”.
As Avejidá

Ligadas as tempestades, raios, furacões, redemoinhos, ciclones, tufões, maremotos,


erupções vulcânicas, aos ancestrais e a guerra, todas as Voduns guerreiras são
conhecidas como Avejidá. Até mesmo Òyá dos yorubanos, é assim denominada em
território dahomeano. Erroneamente, no Brasil, algumas pessoas feitas de Òyá se
intitulam filhas de Vodun Djó. Digo erroneamente porque Òyá é um Òrísá yorubano e
Vodun Djó é um ToVodun do panteão de Avejidá, assim como Djò Masahundô
também. Avejidá é a Deusa das tempestades e dos ventos. Podemos encontrar as
Avejidá tanto na família Dan gbirá quanto na família Hevioso. As Avejidá, da família
Dan gbirá estão ligadas diretamente ao cultos dos akututos, sendo que cada uma tem
sua função. Algumas reinam na fronteira do djenukom (céu) com o aikunguman
(terra), outras nos ekúchomê (cemitério), outras no hou (mar), otan (lagos) e todôum
(rios). Outras em humahuan (campos de batalha), outras junto com Naê Nànàn, outras
junto aos kpame (doentes e enfermos) e "possuídos" - essas, "talvez", sejam as que
mais trabalham - outras se encarregam, junto com Lègbárà, de levar os ègbós e
pedidos feitos pelo povo encarnado e desencarnados, a quem de direito e tentam
trazer as soluções para cada um - normalmente conseguem. Enfim, é uma infinidade
de atribuições que essas Voduns têm, todas sempre em prol daqueles que pedem e
precisam do auxílio delas, sejam encarnados ou desencarnados. Todas essas Voduns,
são temidas e respeitadas por akututos. Elas têm todos os poderes sobre o reino dos
mortos e junto com Sakpata e Nae Nànàn, controlam a vida e a morte.

As Avejidá da família Hevioso, estão mais ligadas aos fenômenos da natureza, como
o furacão, ciclone, maremotos, erupções vulcânicas, etc. Onde os ègúns recém
desencarnados nesses fenômenos são encaminhados imediatamente por elas as
Guerreiras dos cultos de akututos, pois Hevioso e demais Sogbos não abrem suas
portas para ekus, dessa forma o trabalho delas tem que ser rápido e eficiente, para
não contrariar o grande Hevioso.

Contam os velhos Vodunos e Bakonos que a fúria de Avejidá e de Hevioso contra as


heresias humanas é que provocam esses fenômenos onde muitos sucumbem. As
Avejidá são mulheres muito vaidosas, gostam do belo, adoram a natureza, apreciam
quando suas filhas imitam suas vaidades. São todas muito vaidosas e autoritárias, não
gostam de receber ordem de ninguém principalmente dos homens, mas quando fazem
suas vontades e caprichos tornam-se dócies e carinhosas. São muito maternais,
perdoam com facilidade seus filhos e os defende com toda a garra de guerreiras.
Gostam de disputar com os Voduns Guerreiros quem luta melhor e esses sempre
acabam cedendo aos encantos dessas mulheres que os encantam com sua magia e
beleza.

Seus apetrechos são o íyèrúsín, adaga, espada de lança curta com a ponta em forma
de meia lua, faca, chicote, chifre de búfalo e de boi, fogareiro de ferro, abano de palha,
abano confeccionado em tecidos finos ou pena (leque), abanos confeccionados em
madeira, bonecas(fetiche), máríwò... Usam todas as cores em suas vestimentas. Seus
colares ou fios de contas são das mais variadas cores e formato. Gostam de todos os
metais, sendo que o ferro, o cobre e a prata são seus preferidos. Vejamos abaixo os
voduns do panteão de Avejidá mais conhecidas no Brasil:

Vodun Djó- é uma das mais conhecidas e cultuadas voduns do panteão de Avejidá.
Vive no céu e nas nuvens sendo responsável pelas chuvas e tempestades de ventos.
Pertence a família Hevioso e juntamente com Sogbo vigia os seres humanos do alto,
castigando-os com os fenômenos da natureza ou presenteando-os com chuvas e
ventos que refresquem seu calor. Sua cor é o vermelho.

Djó Masahundô- vodun feminino do panteão de Avejidá, pertencente a família


Hevioso. Senhora dos ciclones e furacões, castigando a humanidade juntamente com
Sogbo. Lança raios e poderosas tempestades. É velha e segundo as lendas tinha o
poder de se transformar em animal.

Ábé geledê- vodun feminino do panteão de Avejidá pertencente a família Dan gbirá.
Tem o domínio sobre os mortos, sendo a senhora do culto a gelede na África. Rege os
enfermos e é cultuada no Sihun. Usa como apetrecho leques de palha e veste branco e
palha da costa ou máríwò. Muito arredia e perigosa, tendo fundamento com íkú. É
uma velha Vodun guerreira que com sua sabedoria e magia sabe aplacar a fúria dos
deuses e acalmá-los. Essa Velha Vodun Guerreira mora junto com as demais íyámís e
todas as Avejidá prestam culto a mesma e tomam seus conselhos e usam sua magia
quando precisam. Ela é uma velha Avejidá que se esconde nas sombras e adora a
noite. Os pássaros são seu encanto. Junto com Agué visita os kwês em sua ronda
noturna e se encontrar demandas ela se detêm para ajudar ou cobrar. A fúria dessa
Vodun destrói os inimigos e fecha um kwê. Dificilmente um kwê fechado por ela
consegue se reerguer. Somente através de gbágbá ègún se consegue chegar a ela para
aplacar sua fúria.

Ábé Huno- vodun feminino do panteão de Avejidá e da família terra. É uma grande
guerreira que vive nos campos de batalhas lutando contra os demais voduns do
panteão dos guerreiros. Rege todos os ègúns que desencarnaram em batalhas e
defende todos os Kwês e seus filhos contra demandas.

Ábé Áféfé- vodun feminino do panteão de Avejidá e da família de Hevioso. É a senhora


dos ventos, regendo os tufões e ciclones. Rege os ventos dos mares, maremotos e
tempestades em alto mar. Representa o vento da vida e o vento da morte, uma vez
que é responsável pelo ar que mantém o ser humano vivo e também pelo vento que
em alta velocidade mata e destrói cidades e civilizações.

As Togbocys (Topbossi)

As Tobossis são Voduns infantis, femininas, de energia mais pura que os demais
Voduns. Pertenciam à nobreza africana, do antigo Dahomey, atual Benin.
Eram cultuadas na Casa das Minas, em S.Luiz/Maranhão, até a década de 60.

As Togbosys gostavam de brincar como todas crianças e falavam em dialeto


africano, diferente dos èrès do culto yorubá, o que dificultava muito entendê-las. Sem
contar que, muitas das palavras elas falavam pela metade. Elas vinham três vezes por
ano, quando tinha festas grandes, que duravam vários dias. A chefe das Togbosys é
Nochê Naé, a grande matriarca da família Davice,ancestral da família real de Dahomey,
é considerada a mãe de TODOS os Voduns que tiveram vida na terra. As Togbosys têm
cânticos próprios, dançavam na sala grande ou no quintal, sem os tambores e, como
todas as crianças, adoravam ganhar presentes e brincarem com bonecas e panelinhas.
Comiam comidas iguais às nossas, junto com todos e tinham o costume de dar doces e
comidas às pessoas. Sentavam-se em esteiras. Pela manhã, tomavam banho, comiam e
depois dançavam. Gostavam de dançar no quintal, em volta da pá de ginja delas. Por
serem crianças puras, tinham mais afinidade com o corpo permitindo assim, uma
ligação mais direta que os Voduns, que são adultos. Não tinham falhas, não se
irritavam. Seu papel no culto era só "brincadeira". Eram espíritos perfeitos e mais
elevados. Os Voduns podem ter falhas, as meninas não. Passavam até nove dias
incorporadas em suas gonjaí, diferente dos Voduns que deixavam as filhas muito
cansadas. Tinham um tratamento melhor do que o dos Voduns por serem mais
delicadas, porém os Voduns são mais importantes por terem mais obrigações.
Podemos observar similaridade entre as Togbosys do Mina djèdjè e os èrès pelo
comportamento infantil. No entanto, os èrès apresentam-se tanto com características
femininas quanto masculinas e as Togbosys são, exclusivamente, femininas, dengosas
e mimadas. Os trajes e apetrechos das Togbosys são muito elaborados. As Togbosys
vestiam-se com saias coloridas, usavam pulseiras chamadas dalsas, feitas com búzios e
coral, pano-da-costa colorido, o agadome, sobre os seios, deixando o colo e os ombros
livres para o ahungelê, uma manta de miçangas coloridas, presa no pescoço, objeto de
grande valor e significado. O ahungelê também era chamado de tarrafa de contas, gola
das Togbosys ou manta das Togbosys, sendo considerado um distintivo étnico-cultural
do djèdjè. Ele conta a história particular da Togbosy vinculada ao Vodun, sua família e
a iniciada, gonjaí. As Togbosys usavam ainda, vários rosários, fios-de-contas e o cocre,
colar de miçangas curto, junto ao pescoço como uma gargantilha, usado pelas
Togbosys e pelas gonjaí durante o ano de feitura, cujas cores variam de acordo com
seus Voduns, semelhante ao Kèlè dos terreiros de Candomblé. No Carnaval, as
Togbosys vestem-se com saias muito vistosas, aparecendo o agadome que envolve o
colo nu e os pés são calçados em sandálias finas. Os trajes das Togbosys são muito
elaborados, de uma construção artesanal que segue com rigor uma linguagem
cromática própria e do domínio das Togbosys.
Avum (Eku)

No culto dos Voduns, Eku é visto como um Deus acompanhado sempre de um avun
(cão). Essa é uma das razões que, dentro dos Templos de Voduns, a entrada desse
animal é proibida. Porém, os sacerdotes reservam uma área fora dos templos, onde
esses animais são criados para que sejam os guardiões das almas, impedindo-as de
entrarem nos Templos além de encaminhá-las. Os Vodunos, Bokonos, Ahougans,
Sofós, Vodunsis e outros, acreditam que Vodun Ewá ou Íyèwá sempre espreita o
temido Deus Eku para que esse nunca pegue ninguém desprevenido, além de sempre
tentar desviá-lo de seu caminho. Os velhos Vodunos contam-nos várias histórias para
justificar a proibição de avuns em Templos Voduns. Vejamos algumas delas:

1 - Um dia, Averekete estava pescando e enchendo um balaio com muitos uhui


(peixes), que levaria para sua aldeia, para saciar a fome dos seus. Daí, enquanto ele
estava distraído em sua pescaria, os avuns vieram e sem que ele os visse, devoraram
todos os uhui. Quando Averekete terminou sua pescaria e voltou-se para o balaio, o
encontrou vazio e ainda pode avistar os avuns se afastando com seus uhui. Desse dia
em diante, Averekete proibiu a presença de avuns em seus domínios, ato esse que foi
seguido por toda a sua família que é a de Hevioso. Nos kwês de djèdjè, principalmente
aqueles regidos por Hevioso ou mesmo Sàngò, é proibido a presença de
avuns. Averekete diz que em Kwês que tem avuns, nenhum membro da família
Hevioso comparece;

2 - Um avun roubou o fogo de Dan, de Dan Wedo, das divindades celestes ou do


Grande-Espírito para trazê-lo na ponta de sua husi (cauda), e por isso, os Voduns têm
pavor de avuns;

3 - A repulsa ao avun nos Templos dos Voduns, é a interdição implacável sofrida por
esse animal, pelos muçulmanos, povo que muito influenciou a cultura africana. Eles
fazem do avun, a imagem daquilo que a criação comporta de mais ruim. O avun,
devorador de oku é um animal impuro. Por essa razão também, acreditam que os
deuses jamais entram em um Templo onde se encontra um avun.

Não há, sem dúvida, mitologia alguma que não tenha associado o avun à morte, aos
infernos, ao mundo subterrâneo, aos impérios invisíveis regidos pelas divindades
ctonianas ou selênicas. A primeira função mítica do avun universalmente atestada, é a
de guia do homem na noite da iku, após ter sido seu companheiro no dia da vida.
Vemos, em muitas culturas, o avun emprestar seu rosto a todos os grandes guias de
almas. Têm por missão aprisionar ou destruir os inimigos da luz e guardar as Portas
dos locais sagrados, reino dos okus, país de gelo e de trevas. Algumas tradições
chegam a criar avuns especialmente destinados a acompanhar e a guiar os okus no
Além. Atribui-se também ao avun como intercessor entre este mundo e o outro,
atuando como intermediário quando os vivos querem interrogar os okus e as
divindades subterrâneas do país dos okus. Na África, o avun possui o dom da
clarividência e, além de sua familiaridade com iku e com as forças invisíveis da noite,
é considerado um grande feiticeiro. É um costume africano, em seus banquetes
funerários, oferecerem aos avuns a parte que caberia ao oku, após ter pronunciado
estas palavras:

"A heaiye hesóa iwo ho hebo

Ébe ti eke oku soa tiwo hoho ti bo"

"Quando vivias, eras tu mesmo quem comia.

Mas agora que estás morto, é tua alma que come!"

Também na cultura africana, encontramos feiticeiros com trajes feitos de peles


curtidas de avun, o que mostra o poder divinatório outorgado a esse animal. Em Porto
Novo, Maupoil, num de seus relatos, conta que um de seus informantes, confiou-lhe o
seguinte: a fim de reforçar o poder de seu oráculo divinatório, ele o deixaria enterrado
durante alguns dias dentro da barriga de um avun que imolara especialmente com
essa finalidade. Enfim, seu conhecimento do mundo do Além, bem como do mundo
em que vivem os seres humanos, faz do avun senhor e conquistador do fogo, sempre
ligado a iku, a clarividência, a feitiçaria e as forças invisíveis.

“vodun korrona o mado Dã èee. E biawe è. vodun korrona o mado Dã èee. E bi na è

vodun korrona o madó Dã darragua anarè ò....”

xará xará hun derecè, run derenà ja biawè, hun derenà já biawè Sogbo um derenà na
biawè lò..

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