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Registro: 2018.0000532152
ACÓRDÃO
DE PAULA SANTOS
RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
13ª Câmara de Direito Criminal
VOTO nº 16.365
Apelação Criminal nº 0001428-18.2014.8.26.0619
Comarca: Taquaritinga
Apelante: Jonas Rafael Gonçalves
Apelado: Ministério Público do Estado de São Paulo
É o relatório.
se defende, ao longo do processo, dos fatos que lhe são imputados, e não
da classificação delitiva (artigos) consignada na denúncia, sendo que tal
classificação jurídica pode, inclusive, ser alterada, quando da sentença,
para perfeita adequação aos fatos efetivamente descritos, conforme
previsto no artigo 383, caput, do Código de Processo Penal, abaixo
transcrito:
“Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia
ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que,
em consequência, tenha de aplicar pena mais grave” (grifei).
“Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou
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13ª Câmara de Direito Criminal
foram inquiridas as testemunhas por carta precatória, o que permite concluir que
continuou a prova a ser produzida sem a presença do acusado. A materialidade
está provada pelos documentos de fls. 03/04 (boletim de ocorrência), pela cópia
do documento encartado a fl. 05, pelo instrumento de confissão de dívida (fls.
06/07), pelo aviso de demissão por justa causa (fl. 08), pelos documentos de fls.
17/20 e pela prova oral produzida em Juízo sob o crivo do contraditório. A
autoria delitiva, do mesmo modo, está provada, como se passa a demonstrar.
Interrogado em Juízo pela 2ª vez, vez que na primeira oportunidade exercitou o
direito ao silêncio (fls. 112/113 e transcrições de fls. 117/118), o réu, que na
época dos fatos era vendedor da concessionária de veículos Elmaz, admitiu que,
por possuir dívidas (banco, financiamento de carros, etc.) no valor aproximado
de pouco mais de R$ 10.000,00, se apoderou dos valores de clientes da
concessionária, ficando com o numerário para ele, sem repassar ao caixa da
empresa. Recebia o dinheiro dos clientes da concessionária e pagava suas
dividas, ao invés de repassar o numerário para seu empregador. Reportava-se a
Vítor, que era o gerente da concessionária. Ficava com o dinheiro dos clientes e
depois repassava para a empresa. Depois do ocorrido, foi mandado embora.
Disse que poderia pegar seu salário mais o FGTS para pagar a dívida que tinha
junto à concessionária. Conseguiu pagar só um pouco do valor e que pretendia
dar R$ 500,00 por mês. Mas não conseguiu porque ficou desempregado. Ficou
uma dívida em aberto com a concessionária, mas "não tem base" do valor que
seja (fls. 186/188). Saliente-se, por oportuno, que em nenhum momento de seu
interrogatório disse o réu qualquer consideração sobre sua imputabilidade, tendo
em conta 'uso excessivo de tóxicos', ao contrário do que alegou em sua resposta à
acusação, mais precisamente no 3º parágrafo de fl. 85. Portanto, fica rechaçada
também qualquer tentativa de procrastinar o feito, agora por eventual pedido de
nulidade ante a não realização do 'exame de constatação de dependência
toxicológica' pedido a fl. 85. Em sua própria resposta à acusação o réu deixou
claro que 'recebeu o dinheiro da venda que efetuou de forma lícita e somente após
tal recebimento, (sic) é que se apossou do valor indevidamente' (fl. 83) e 'é claro
que o acusado se apossou do numerário que recebeu em nome da empresa que o
autorizava a tanto (...)' (fl. 84). A testemunha Vilson Donizeti Gonçalves
esclareceu que é proprietário da empresa "Indústria e Comércio Metalúrgico
Canadá Ltda. ME" e que adquiriu um veículo da concessionária "Elmaz", por
meio do réu (à época vendedor), no valor total de R$ 47.800,00 (quarenta e sete
mil e oitocentos reais). O negócio era mais vantajoso para a testemunha em
relação à concessionária da mesma marca da cidade Monte Alto, pois conseguiu
R$ 2.000,00 de desconto em Taquaritinga. Esclareceu que o acusado compareceu
à empresa da testemunha e dela recebeu um cheque no valor de R$ 10.300,00
(pelo que se recorda como entrada. Pegou o recibo do réu no nome da
concessionária Elmaz. O carro estava demorando para ser entregue. Informou
que os demais pagamentos também foram feitos diretamente ao acusado.
Demorou cerca de três meses para que lhe entregassem o carro. Não teve
prejuízo financeiro a testemunha (fls. 128/132). A testemunha Juliana Repiso Duo
afirmou que, na data dos fatos, trabalhava como auditora interna junto à
concessionária "Elmaz" e que o gerente comercial da concessionária, Vítor
MAriano, foi procurado por um cliente (Hélio) que questionou a demora na
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