Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Catarina Duleba
Podemos destacar três momentos decisivos, de avanços estruturais, que “colocam em pé” a
modernização do Estado brasileiro:
1. Estado Novo e a criação do DASP
2. Plano de Metas e o seu aparato institucional
3. A Reforma Administrativa do Governo Militar (Decreto-Lei nº 200/67)
1
possibilitando o governo central ter maior influência no comércio exterior. O CFCE tinha a
participação de empresários, convidados por Getúlio, que davam apoio político para a elaboração de
um projeto de desenvolvimento. Assim, praticamente toda estrutura industrial saiu dos estudos e
diagnósticos dali, como por exemplo, a criação da Companhia Vale do Rio Doce e da Companhia
Siderúrgica Nacional. Por recomendação do DASP e da CFCE também é criada a Coordenação de
Mobilização Econômica, em 1942, para enfrentar as necessidades dos tempos de guerra.
Quando Juscelino Kubitschek assume, ele se depara com um Estado sem coordenação
instrumental, com todo o poder fragmentado, ao mesmo tempo que tem o desafio de fazer um
grande programa de industrialização. Era necessária maior presença e articulação do Estado em
situação mais complexa para construir estágios superiores da estrutura industrial integrada. Esta
fragmentação estatal era própria de um país subdesenvolvido de dimensões continentais, com muita
heterogeneidade nos estados, sistemas produtivos em distintos estágios de desenvolvimento e
grande resistência ao governo central. Porém, devido ao sucesso dos avanços feitos desde os anos
1930 no processo de industrialização, há uma maior aceitação popular do Estado como gestor e
empresário. Além disso, já existiam instrumentos anteriores da política de desenvolvimento que
puderam impulsionar o Plano de Metas. Os setores que foram trabalhados no Plano eram de muita
complexidade em relação aos investimentos (recursos vultuosos e a longo prazo) e setores
estratégicos para o setor privado (nacional e estrangeiro), sendo os principais eixos: transporte,
insumos básicos (especialmente siderurgia) e ampliação da oferta de energia. Praticamente todas as
metas definidas foram cumpridas, podemos destacar o desenvolvimento de: eletricidade, petróleo,
rodovias, ferrovias, navegação mercante, metal mecânica, construção de Brasília. Para a construção,
tudo estava fora do orçamento público e foi constituído a partir de fundos financeiros de aplicação
vinculada, entidades públicas autárquicas e orçamento das Estatais. O BNDE passa a ser o órgão
principal de financiamento, planejamento e gestão. Destaca-se também a criação de entidades
administrativas especiais de caráter colegiado (os “grupos executivos”), grupos do setor privado com
alguma correlação com grupos do setor público para garantir ao setor privado que havia uma
estrutura de crédito. Ou seja, o Plano de Metas foi feito a partir de uma estrutura paralela e informal,
embora efetiva, expondo a fragilidade do Estado diante da aceleração da economia industrial.
2
A Reforma Administrativa do Governo Militar (Decreto-Lei nº 200/67)
Desde o início do governo militar a reformulação institucional era questão em pauta e buscava
o desenvolvimento necessário das funções do Estado na gestão e planejamento da economia
nacional, para se tornar um Estado forte, planejador e eficiente. O cenário era de crise e
desaceleração depois do Plano de Metas, para isso os militares decidiram realizar uma série de
reformas, sendo a reforma administrativa trada aqui. O Decreto Lei 200/67 foi composto de 17
títulos1, sendo o primeiro a “Administração Federal” para determinar a Administração Direta
(composta por serviços integrados na base administrativa da Presidência e seus ministérios) e a
Administração Indireta (constituída por autarquias, empresas públicas e sociedades de economia
mista, entidades dotadas de personalidade jurídica própria e vinculadas a algum Ministério). Os dois
próximos títulos tratam do planejamento, orçamento de programa anual e programas plurianuais e
do plano de governo para o orçamento da União. O Título IV, que fala da supervisão ministerial dá
maior autonomia para a administração indireta em sua ação, contanto que seja respeitado o
planejamento central. Destaca-se também o Título X que determina o “Plano de contas único” para
a administração direta, tornando obrigatória a existência de um órgão de planejamento, controle e
coordenação financeira em todos os Ministérios. O Título XI que trata do funcionalismo público civil
empenha-se em consolidar a meritocracia através dos concursos públicos e das carreiras de Estado.
O título seguinte fala das normas para licitações e estabelece “privatizar” a execução de tarefas
submetidas ao planejamento do Estado. Considerando esta reforma administrativa em conjunto com
outras reformas, temos a ampliação de atribuições do Estado, porém não foi possível lhe assegurar
uma integração superior. Um problema gerado daí são as estatais que saem do controle e começam
a atuar como espaços autônomos dentro do Estado.
1
Os 17 títulos: I.Da Administração Federal; II.Dos Princípios Fundamentais; III.Do Planejamento, do OrçamentoPrograma
e da Programação Financeira; IV.Da Supervisão Ministerial; V.Dos Sistemas de Atividades Auxiliares; VI.Da
Presidência da República; VII.Dos Ministérios e Respectivas Áreas de Competência; VIII.Da Segurança Nacional; IX.Das
Forças Armadas; X.Das Normas de Administração Financeira e de Contabilidade; XI.Das Disposições Referentes ao
Pessoal Civil; XII.Das Normas Relativas a Licitações para Compras, Obras, Serviços e Alienações; XIII.Da Reforma
Administrativa; XIV.Das Medidas Especiais de Coordenação; XV.Das Disposições Gerais; XVI.Das Disposições Transitórias;
e XVII.Das Disposições Finais.