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ENERGIA SOLAR
GUIA COMPLETO PARA SE APROFUNDAR NO MUNDO FOTOVOLTAICO
MERCADO EM FORTE
CRESCIMENTO
OFEREÇA UM DIFERENCIAL
AOS SEUS CLIENTES
OPORTUNIDADES PARA
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
ORGANIZAÇÃO:
Ezequiel Junio de Lima
FONTES DE ENERGIA
As fontes de energia são adquiridas através de recursos ambientais ou até
mesmo artificiais, sejam eles renováveis ou não. Com o aumento da demanda de
energia pela população, os países estão buscando novas formas de ampliar a sua
infraestrutura energética, procurando recursos capazes de gerarem energia e
além disso os que causam menos impactos ambientais. As principais formas de
fonte de energia estão descritas na sequência.
ENERGIA EÓLICA
Nesse processo, o vento é usado para gerar energia mecânica e elétrica. O
processo funciona com o movimento das pás da turbina eólica provocado pelo
vento, e assim é girado um eixo que é ligado a um gerador gerando eletricidade.
Sendo as turbinas eólicas máquinas mecânicas que transformam a energia
cinética do vento em energia mecânica e então em energia elétrica, podem ser
instaladas sobre a terra ou no mar, conseguindo gerar de alguns quilowatts a
dezenas de megawatts de energia elétrica. Elas podem ser classificadas como de
eixo horizontal e de eixo vertical.
As maiores turbinas eólicas possuem maior eficiência e são usadas em
parques eólicos para fornecer grandes quantidades de energia. Com a
oportunidade de aumentar a potência fornecida, as turbinas estão sendo mais
instaladas nas costas marítimas, onde este tipo de instalação é chamado de
offshore. No entanto, existem turbinas de pequeno porte que geralmente são
usadas em residências, telecomunicações ou bombeamento de água e também
podem ser utilizadas com outras formas de energia renovável, como solar
fotovoltaica, termogeração a diesel ou gás natural em redes elétricas de pequeno
porte. (MOREIRA, 2017)
ENERGIA QUÍMICA
É obtida através da liberação da energia entre os átomos das moléculas.
Os principais materiais para fornecer essa energia são os hidrocarbonetos
oriundos do petróleo, como exemplo a gasolina, o gás liquefeito de petróleo, os
óleos combustíveis e o gás natural. Além de outros processos para obter energia
elétrica ou outra forma de energia útil, podemos citar a biomassa que utiliza a
decomposição de materiais orgânicos, como por exemplo resíduos agrícolas,
esterco, restos de alimentos, gerando o gás metano usados para gerar energia.
(MOREIRA, 2017)
6
Combustíveis fósseis
Biomassa
ENERGIA ELÉTRICA
A energia elétrica pode ser gerada a partir de outros processos, como o
eólico, solar entre outros. Por ser de extrema importância para a sociedade a
maioria dos processos procuram a sua geração, pois a iluminação de ruas e casas,
eletrodomésticos, ar condicionado, acionamento industrial, entre outros
dependem da eletricidade para funcionar. Existem diversas fontes para se obter a
eletricidade, as principais são usinas hidrelétricas, termelétricas e nucleares,
geradores eólicos, os painéis fotovoltaicos e células de combustíveis. As usinas
hidrelétricas são mais usadas no Brasil, pelo grande índice de rios. Ela é gerada
através do represamento de água, e sua queda provoca o movimento das turbinas
que fazem um gerador elétrico funcionar. Apesar de causar impactos ambientais
na sua instalação (pode acontecer desvios de rios, morte de peixes entre outros
problemas), ela ainda é considerada limpa depois da sua instalação. (MOREIRA,
2017)
ENERGIA TÉRMICA
As fontes de energia térmica utilizam o calor provindo de radiação térmica
ou de energia interna. Podemos citar dentro da térmica a energia geotérmica. Seu
processo aproveita-se do calor da crosta terrestre para movimentar as turbinas.
São localizadas perto de locais que possuem formação geológica vulcânica. Além
da geotérmica, existe também as termelétricas que consiste na geração de vapor
7
para produzir energia, as principais são as nucleares, a gás, a carvão e a biomassa.
(MOREIRA, 2017)
ENERGIA MECÂNICA
Consiste na manipulação de energia potencial ou cinética. A energia
mecânica é comumente usada em moinhos, rodas d'água e nos eixos de motores.
Uma das principais aplicações é na energia de marés, nas usinas de maremotriz e
na ondomotriz, que beneficia da energia potencial proveniente dos movimentos
periódicos da água, além disso, as usinas de maremotriz aproveitam da energia
cinética através dos movimentos dos mares. (MOREIRA, 2017)
ENERGIA SOLAR
A fonte da energia solar é a radiação emitida pelo sol (raios solares). Ela
pode ser utilizada para o aquecimento de água, com coletores solares de alta e
baixa eficiência, ou então para gerar energia elétrica utilizando, por exemplo, os
painéis solares. Esse tipo de energia, futuramente, pode representar boa parte da
matriz energética, por ser uma das principais formas de energia renovável e
inesgotável. (MOREIRA, 2017)
ENERGIA SOLAR
Dentre as fontes de energia citadas no tópico anterior, a maioria só
acontece porque existe a energia solar. Observa-se, por exemplo, que é devido ao
aquecimento das massas de ar pelo sol que acontecem os ventos, dando origem a
energia eólica.
A energia solar produzida pelos raios solares em um ano consegue
atender mais que a demanda que a população precisa, porém, boa parte dessa
energia não é aproveitada. Os modos de conseguir um melhor aproveitamento da
energia solar podem ser divididas em cinco formas: (a) solar passiva, na qual
podemos citar a arquitetura bioclimática que consiste em se beneficiar da energia
solar por intermédio de edificações; (b) solar ativa, na qual pode ocorrer o
processo de refrigeração ou aquecimento de um certo processo por meio da
energia solar, como por exemplo funcionamento do ar condicionado; (c) solar
fotovoltaica, consiste na aplicação de placas fotovoltaicas para a geração de
energia elétrica; (d) geração de energia elétrica a partir de concentradores solares
térmicos para altas temperaturas; (e) e por último o método que utiliza “um reator
alimentado por dióxido de carbono (CO2), água e metal ou óxido metálico, exposto
à radiação solar, onde produz-se hidrogênio, oxigênio e monóxido de carbono
(PINHO; GALDINO, 2014).
Diante do exposto, podemos resumir os processos como sendo energia
solar térmica e energia solar fotovoltaica.
8
ENERGIA SOLAR TÉRMICA
A energia solar térmica consiste no aproveitamento da energia solar na
forma de calor, possibilitando o aquecimento de água para usos domésticos e
industriais. Para obter o calor vindo dos raios solares, utilizamos os denominados
coletores solares que também possuem a função de aquecer fluidos, sejam eles
líquidos ou gasosos.
Os coletores podem ser classificados como coletores planos ou
concentradores. Os coletores denominados como coletores planos são
geralmente usados em residências ou em qualquer lugar que precisa de baixa
temperatura, aproximadamente 60°C, reduzindo o consumo de energia elétrica ou
até mesmo de gás, conforme ilustrado na Figura 1. Já os coletores concentradores
trabalham com temperaturas elevadas (superiores a 100°C), aplicados em usinas
para ligar turbinas e geração de eletricidade (PINHO; GALDINO, 2014).
9
Figura 2- Coletor a vácuo
ENERGIA FOTOVOLTAICA
Na energia fotovoltaica a energia é obtida através da conversão dos raios
solares em eletricidade. O processo consiste no surgimento de uma diferença de
potencial nos extremos de um semicondutor quando submetido a luz visível.
Uns dos principais componentes do sistema é a célula fotovoltaica, que
possui um material semicondutor sendo a peça essencial no processo. A célula
pode ser produzida de diversos materiais, sendo os mais comuns no mercado o
10
silício monocristalino e o silício policristalino. Além destes podemos encontrar
células de silício amorfo, disseleneto de cobre e índio, disseleneto de cobre, índio e
gálio e telureto de cádmio, sendo estes últimos chamados de filmes finos. Além
dos materiais citados acima, ainda temos alguns grupos que estão em fase de
testes, chamados de célula fotovoltaica multijunção e célula fotovoltaica para
concentração (CPV – Concentrated Photovoltaics), células sensibilizadas por
corante (DSSC – Dye-Sensitized Solar Cell) e células orgânicas ou poliméricas (OPV
– Organic Photovoltaics) (PINHO; GALDINO, 2014).
Algumas vantagens de se utilizar o sistema fotovoltaico residem no fato de
ser uma fonte de energia renovável e totalmente limpa, além de que a placa
fotovoltaica pode ser instalada como decoração e/ou substituindo telhados. No
entanto, os custos dos equipamentos são mais elevados que os convencionais e,
em determinadas regiões, a energia solar varia, além de ser afetada por condições
climatológicas. (RONILSON DI SOUZA, 2017)
SOLAR NO BRASIL
No Brasil, os índices de incidência de raios solares são altos e o país
dispõe de uma grande quantidade de quartzo, no entanto, o índice de geração de
energia através da energia solar não é alto. De acordo com o MME (2017), o Brasil
possuía, ao final de 2016, 81 MWp de energia solar fotovoltaica instalados, o que
representava cerca de 0,05% da capacidade instalada total no país. Do total de 81
MWp existentes em 2016, 24 MWp correspondiam à geração centralizada e 57
MWp à geração distribuída.
A nova edição do Atlas Solarimétrico Brasileiro (INPE, 2017) traz a seguinte
análise do Brasil:
“(...) possui alto nível e baixa variabilidade da irradiação solar do país em
comparação, por exemplo, com o que se observa em países onde essa
tecnologia já está bem estabelecida, como Alemanha, Espanha, Itália, Portugal
e França. A Figura 4 compara a variabilidade da irradiação global horizontal
média mensal nas cinco regiões brasileiras com esses países. A comparação é
feita na forma de box‐ plot, com as caixas representando 50% dos valores, as
linhas verticais os valores máximos e mínimos e os losangos vermelhos as
médias. Conclui‐ se que o Brasil apresenta níveis bastante elevados de
irradiação solar com uma variabilidade mensal muito mais baixa, indicada
pela altura das caixas. A região Nordeste do Brasil supera até mesmo os países
ibéricos em termos de irradiação solar média mensal, com a característica de
possuir uma variabilidade mensal bem inferior. A região Sul apresenta
características mais similares às encontradas nesses países europeus,
particularmente no que se refere a variabilidade mensal, já que se encontra em
latitudes mais altas e, portanto, com maiores diferenças na duração do dia
entre as estações do ano. (...)”
11
Figura 4. Comparativo das médias mensais da irradiação global horizontal no Brasil e em alguns países
da Europa (kWh/m2.dia). As caixas indicam 50% de probabilidade e as linhas os máximos e mínimos
valores encontrados. Fonte: Atlas Solarimétrico do Brasil 2a Edição, 2017.
Figura 5. Irradiação Solar no Brasil. Fonte: Atlas Solarimetro do Brasil 2a Edição, 2017.
12
Segundo a ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica),
o Brasil entrou em 2018 com quase 1,1 gigawatts em instalações fotovoltaicas, o
que representou um crescimento 1.358% (um mil, trezentos e cinquenta e oito por
cento) frente aos apenas 81 megawatts ao final de 2016. Mais precisamente,
segundo a ANEEL, 935 MW em geração centralizada e 161 MW em geração
distribuída. Ultrapassar o patamar de 1GW instalado foi alcançado por apenas 30
países no mundo, disse em nota a ABSOLAR.
REFERÊNCIAS
[1] INPE. Enio Bueno Pereira. INPE/CCST/LABREN. Atlas brasileiro de energia
solar. 2. ed. São José dos Campos: INPE, 2017. 88 p. Disponível em:
<http://labren.ccst.inpe.br/atlas_2017.html>. Acesso em: 3 nov. 2017.
[2] BRASIL. Rodrigo Lima Nascimento. Consultoria Legislativa. Energia solar no
Brasil: Situação e Perspectivas. Brasília: Estudo Técnico, 2017.
IDEAL INSTITUTO. Potencial solar no Brasil. 2017. Disponível em:
<http://americadosol.org/potencial-solar-no-brasil/#toggle-id-1>. Acesso em: 12
jun. 2017.
[3] MOREIRA, José Roberto Simões (Org.). Energias renováveis, geração
distribuída e eficiência energética. Rio de Janeiro: Ltc, 2017.
[4] PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antonio (Org.). Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: Cepel-cresesb, 2014.
[5] RONILSON DI SOUZA. Bluesol Energia Solar. Os sistemas de energia solar
fotovoltaica. Ribeirão Preto: Bluesol Educacional. Disponível em: <www.blue-
sol.com.br>. Acesso em: 9 jun. 2017.
13
2. TIPOS DE SISTEMAS E APLICAÇÕES
INTRODUÇÃO
Quando classificamos os sistemas fotovoltaicos (SFV) levamos em conta
como é feita a geração ou transmissão de energia elétrica e consequentemente
podemos dizer que existem dois tipos principais, os sistemas isolados (Off-Grid) e
os sistemas conectados à rede (On-Grid). Os dois sistemas podem operar apenas
com a fonte fotovoltaica ou conciliados com uma ou mais fontes de energia, sendo
neste caso conhecido como sistema híbrido. Para que possamos usar uma das
opções listadas anteriormente devemos levar em conta a aplicação e/ou a
acessibilidade de recursos energéticos. Qualquer um deles possui uma
complexidade variante, sendo que tal complexidade está diretamente ligada à
aplicação e as restrições do projeto em análise. [1]
SISTEMAS HÍBRIDOS
Um sistema fotovoltaico híbrido funciona ligado a outro ( ou a mais de
um) sistema de geração elétrica. Por exemplo, no caso de um sistema híbrido
solar-eólico, pode ser utilizado um aerogerador. Outros exemplos são sistemas
híbridos utilizando um moto-gerador a combustível líquido, como o diesel (ver
figura 1) ou qualquer outro sistema de geração elétrica.
14
Figura 1 - Representação esquemática de um sistema híbrido que tem um gerador diesel como fonte
alternativa de energia elétrica
15
Os acumuladores são produzidos conforme as exigências de uso que o
sistema deve atender e mudam com as condições climáticas do local de
implementação. [2]
16
Figura 3 - Sistema Fotovoltaico de bombeamento de água
SISTEMAS CONECTADOS
No sistema fotovoltaico conectado à rede de distribuição (SFVCR),
conhecido também como “on-grid” ou “grid-tie”, não é necessária utilização de
acumuladores, visto que a energia que é produzida pelo sistema é consumida
instantaneamente pela carga, ou injetada diretamente na rede elétrica da
concessionária, para ser utilizada pelos demais consumidores conectados ao
sistema de distribuição.
Esse tipo de sistema está cada vez mais sendo aplicado na Europa, China,
Japão, Estados Unidos, e na atualidade, também no Brasil. A potência nesse
sistema vai desde poucos kWp (lê-se quilowatts pico), no caso de instalações
residenciais, até MWp (megawatts pico) em sistemas que operam em empresas ou
usinas. Os sistemas conectados se diferenciam levando em conta o tipo de
conexão à rede, que está diretamente ligado a legislação local. [1]
Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede têm o seu funcionamento
total apenas no período matutino e vespertino. Porém, usualmente o pico de
consumo de eletricidade em residências é no período noturno e por isso SFCR
injeta energia durante o dia, e o consumidor recebe energia da rede da
concessionária durante à noite.
A figura 4 mostra um sistema fotovoltaico conectado e os equipamentos
típicos.
17
Figura 4 - Componentes típicos do sistema conectado
18
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS INTEGRADOS A EDIFICAÇÕES
Os sistemas fotovoltaicos integrados a edificações (SFIE) ou Building
Integrated Photovoltaics (BIPV) consiste em células solares ou placas, que estão
integradas na construção de elementos ou materiais como parte da estrutura do
edifício. Desta forma, eles substituem um elemento de construção convencional,
conforme ilustra a figura 6. [3]
Figura 6 - Projeto BIPV, Estação de Trem de Perpignan, sul da França - Fonte Wikipédia
19
REFERÊNCIAS
[1] PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antônio (Org.). Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: CEPEL-CRESESB, 2014.
[2] RONILSON DI SOUZA. Bluesol Energia Solar. Os sistemas de energia solar
fotovoltaica. Ribeirão Preto: Bluesol Educacional. Disponível em: <www.blue-
sol.com.br>. Acesso em: 9 jun. 2017.
[3] PORTAL SOLAR. PAINÉIS SOLARES INTEGRADOS À CONSTRUÇÃO –
BIPV. 2017. Disponível em: <http://www.portalsolar.com.br/paineis-solares-
integrados-a-construcao---bipv.html>. Acesso em: 10 jun. 2017.
20
3. SISTEMAS CONECTADOS
INTRODUÇÃO
É possível listar algumas diferenças entre os projetos de um sistema
conectado à rede e um sistema isolado. As principais características dos sistemas
conectados são:
● Em sistemas conectados à rede não há necessidade de armazenamento de
energia elétrica;
● Os sistemas operam obrigatoriamente em CA na mesma frequência e
tensão da rede local;
● Quando não há tensão na rede, o sistema fica inoperante mesmo com
irradiação solar presente;
● Os inversores incorporam dispositivos seguidores de potência máxima
(MPPT);
● A rede local deve ser capaz de receber a energia elétrica gerada;
● A qualidade da energia da rede pode comprometer a transferência de
energia do sistema;
● O gerador FV pode ser integrado à estrutura de edificações, implicando a
análise da resistência mecânica e carga máxima admissível, entre outros
fatores;
● Em sistemas instalados em ambiente urbano é mais provável a existência
de perdas por sombreamento, inclusive sombreamento parcial, e
interferência de superfícies reflexivas próximas;
● Questões estéticas podem ser determinantes nos projetos, contribuindo
para a escolha do tipo de módulo e tecnologia das células, bem como do
posicionamento do painel.
21
Seguindo, a RN 482/2012 regulamenta como será feito a inserção da
geração distribuída na matriz energética no território brasileiro a partir de
condições reguladoras, sendo apresentadas as seguintes definições:
Microgeração distribuída: Sistemas de geração de energia renovável ou
cogeração qualificada conectados à rede com potência até 75 kW;
Minigeração distribuída: Sistemas de geração de energia renovável ou
cogeração qualificada conectados à rede com potência superior a 75 kW e inferior
a 5 MW (limite de 3 MW para geração de energia através de fonte hídrica). De
acordo com a ANEEL, cogeração qualificada é o “atributo concedido a cogeradores
que atendem os requisitos definidos na Resolução Normativa nº 235 de
14/11/2006, segundo aspectos de racionalidade energética, para fins de
participação nas políticas de incentivo à cogeração”.
22
mesmo conceito da geração compartilhada, porém não é uma reunião de
consumidores, ela é caracterizada por unidades consumidoras de
titularidade de uma mesma Pessoa Jurídica ou uma Pessoa Física.
Foram estabelecidos prazos para processos, padronização de formulários
para solicitação de conexão e definição de responsabilidades atribuídas aos
clientes, a empresa responsável pela implantação do sistema e a distribuidora;
Foi possibilitada a forma de autoconsumo remoto onde existe a geração
em uma unidade e o consumo em outra unidade de mesmo titular;
Foi possibilitada a geração compartilhada onde um grupo de unidades
consumidoras são responsáveis por uma única unidade de geração;
MÓDULOS FOTOVOLTAICOS
O módulo fotovoltaico é constituído por células fotovoltaicas, mostradas
na figura 1, que utiliza do efeito fotovoltaico para a produção de eletricidade, ou
seja o aparecimento de uma diferença de potencial nos extremos de uma
estrutura de material semicondutor, produzida pela absorção da luz. As células
são ordenadas para que possam ser conectadas e assim sejam capazes de
produzir uma tensão e corrente suficientes para a utilização da energia, do mesmo
jeito que essa organização das células as protegem de qualquer situação que
possa danificá-las.
23
Figura 1 - Células fotovoltaicas de diferentes tecnologias. (a) Silício monocristalino; (b) Silício
policristalino e (c) Silício amorfo.
No geral, essas células individualmente têm uma tensão entre 0,5 e 0,8V,
no caso da produzida com Silício. Dessa forma, as células são conectadas em série
para que produzam uma tensão de um valor adequado para a utilização da
mesma. As células são também consideradas muito frágeis e por esse motivo
devem ter uma proteção mecânica e contra mudanças climáticas.
O número de células conectadas em um módulo, tanto em série quanto
em paralelo, depende diretamente da tensão que será utilizada e da corrente
elétrica que se deseja obter, a figura 2 mostra essas configurações possíveis.
Figura 2 - Esquema ilustrativo de (a) três células em série e (b) três células em paralelo.
24
células em série, são geralmente empregados para carregar baterias e também
podem ser associados em série para que se possa obter 24V ou 48V em corrente
contínua, a figura 3 ilustra este tipo de módulo e sua construção típica. Em outros
tipos de aplicação, são normalmente utilizados módulos com tensões nominais
diferenciadas, sendo esse valor de tensão variando de 30V até 120V.
Para a realização do carregamento de baterias de chumbo-ácido de 12V é
preciso uma tensão de no mínimo 14V, e os módulos precisam produzir
aproximadamente 16V, pelo fato de ocorrer perdas nos cabos, nas proteções e o
efeito da temperatura sobre o módulo. Para essa aplicabilidade são usualmente
utilizados módulos de silício cristalino com 36 células conectadas todas em série,
que apresenta uma tensão de máxima potência de 18V e como tensão de circuito
aberto em condições ideais de 21V.
Figura 5 - Módulo de filme fino, rígido, encapsulamento de vidro-vidro de telureto de cádmio (CdTe)
26
Atualmente, os módulos fotovoltaicos são produzidos em lugares
inteiramente automatizados, evitando a manipulação humana. O aumento da
fabricação de módulos fotovoltaicos tem ajudado a reduzir os preços e garantir
uma manutenção de qualidade aos consumidores.
27
é medido a corrente de curto-circuito (Isc). No entanto, esses dados não são
muitos utilizados para se obter conhecimento sobre a potência real do módulo.
No ensaio mais completo para determinar as características elétricas de
um módulo fotovoltaico, o módulo é submetido às condições padrões de ensaio e
se utiliza uma fonte de tensão variável para realizar uma varredura entre a tensão
negativa de poucos volts (levando em conta a tensão dos terminais do módulo) até
extrapolar a tensão de circuito aberto do módulo (corrente fica negativa). Durante
a varredura são armazenados pares de informações de tensão e corrente,
produzindo uma curva característica como mostrado na figura 7, sendo que para
cada ponto da curva observada o produto de corrente pela tensão nos dá o dado
de potência gerada para condições de operação.
Figura 7 – Curva característica I-V e curva de potência P-V para um módulo com potência nominal de
100Wp.
28
aproxima de um retângulo no diagrama, essa forma retangular nos mostra a
qualidade das células do módulo.
A definição do FF é mostrada na figura 8.
A
Eq. 2
29
Efeito da irradiância solar
Figura 9 – Efeito causado pela variação da irradiância solar sobre a curva característica I-V para um
módulo fotovoltaico de 36 células de silício cristalino (c-Si) a 25°C.
Efeito da temperatura
30
Coeficiente (β) de variação da tensão de circuito aberto (Voc) com a
temperatura:
Eq. 3
Onde:
▪ ∆Voc é a variação da tensão de circuito aberto para uma variação
equação 4:
Eq. 4
Eq. 5
Onde:
▪ ∆Isc é conhecido como corrente de curto-circuito (Isc) com uma
31
Eq. 6
Onde:
▪ ∆PMP é a variação da potência máxima do módulo de acordo com
Eq. 7
Eq. 8
Eq. 9
32
fabricante para fabricante nos valores dos coeficientes de temperatura. Para um
cálculo simplificado da temperatura de operação de um módulo fotovoltaico em
determinadas condições ambientais pode-se utilizar a seguinte equação 10.
Eq. 10
Onde:
▪ Tmod (°C) – temperatura do módulo;
Eq. 11
Onde:
▪ Kt (°C/W.m²) – coeficiente térmico para o módulo;
33
▪ NOCT (°C) – Nominal Operating Cell Temperature do módulo;
34
Tabela 2 – Dados técnicos que não constam na etiqueta do módulo.
35
Figura 12 - Dados reais de painéis de 60 células. Fonte: Canadian
REGISTRO INMETRO
Os módulos que são vendidos no Brasil devem ser ensaiados de acordo
com a RAC do Inmetro e possuir um registro que pode ser consultado na página
do Inmetro, além de ter uma etiqueta como mostrado na figura 13.
Figura 13 – Modelo de etiqueta do Inmetro afixada nos módulos. Adaptado de (INMETRO, 2011).
36
A classificação da eficiência energética dos módulos fotovoltaicos (A a E) é
realizada pelo Inmetro seguindo a eficiência do módulo em condições-padrão de
teste, como observado na tabela 3. A portaria 004/2011 do Inmetro engloba essa
questão de etiquetagem da eficiência energética, ela possui como objetivo
estabelecer os critérios do “Programa de Avaliação da Conformidade” para
sistemas e equipamentos de energia fotovoltaica, através do mecanismo da
etiquetagem, para utilização da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia
(ENCE), atendendo aos requisitos do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE),
visando à eficiência energética e adequado nível de segurança. A ENCE tem como
propósito informar a eficiência energética e/ou o desempenho térmico de
sistemas e equipamentos para energia fotovoltaica, definidos nestes requisitos de
avaliação de conformidade, segundo normas brasileiras específicas e/ou
internacionais.
2011)
37
motores de indução. Para os sistemas fotovoltaicos, os inversores podem ser
divididos em duas categorias com relação ao tipo de aplicação: SFIs e SFCRs.
Mesmo que os inversores para SFCRs compartilhem os mesmos princípios gerais
de funcionamento que os inversores para SFIs, eles contêm propriedades
específicas para obedecer às exigências das concessionárias de distribuição em
termos de segurança e qualidade da energia injetada na rede.
Os inversores modernos usam chaves eletrônicas de estado sólido e o seu
desenvolvimento está diretamente ligado à evolução da eletrônica de potência,
tanto em termos de componentes (especialmente semicondutores) quanto das
topologias de seus circuitos de potência e controle. Diferente dos primeiros
inversores para uso em sistemas fotovoltaicos que eram apenas adaptações de
circuitos que já existiam, os circuitos mais modernos são desenvolvidos
considerando a complexidade e as exigências de sua aplicação específica. Desta
maneira, no decorrer de poucas décadas, as topologias foram aperfeiçoadas e os
custos de fabricação reduzidos, enquanto que as eficiências de conversão
evoluíram até chegar a valores próximos a 99% em alguns inversores para
conexão à rede elétrica.
38
PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DOS CONVERSORES CC-CA
A figura 15a apresenta o esquema do conversor CC-CA de meia ponte
para um inversor monofásico. Neste circuito, a inversão da polaridade do sinal é
conseguida pelo acionamento alternado das chaves S1 e S2 numa frequência fixa,
que pode ser a frequência de rede elétrica (60 Hz). Como consequência, tem-se
uma tensão alternada aplicada sobre a carga. A forma do sinal de saída deste tipo
de conversor é uma onda quadrada, variando de: –Vcc/2 a +Vcc/2 em 60 Hz.
39
apresenta menor distorção harmônica, tornando-se um pouco mais assemelhada
a uma senóide. O valor eficaz da componente fundamental (60 Hz) da tensão de
saída da onda senóide modificada é dado, neste caso, pela equação 12.
Figura 16 – Possíveis formas de onda da tensão de saída de um conversor c.c-CA de ponte completa:
(a) onda quadrada, (b) onda quadrada modificada (c) 3 pulsos e (d) modulação por largura de pulso
PWM.
Eq. 12
40
Onde:
▪ Vrms (V) – tensão eficaz da componente fundamental;
41
Nos momentos em que a tensão de referência é inferior à da onda triangular, os
estados das chaves são invertidos e a carga recebe tensão negativa.
Figura 17 – Estratégia de controle PWM para um conversor CC-CA – tensões de controle VcaREF e Vtri(a)
e tensão na saída Vcarga (b).
42
necessidades variáveis de potência, altas eficiências em cargas parciais são
importantes.
Um parâmetro importante a ser considerado em um inversor para SFI,
especialmente para sistemas tipo SIGFI, é a potência que o dispositivo consome
em condições de espera (standby). A economia de energia em modo de espera
pode diminuir a capacidade de geração fotovoltaica necessária na etapa de
dimensionamento do projeto e, como consequência, reduzir o custo de aquisição
do sistema com um todo. O valor máximo de corrente de autoconsumo de
inversores para SFIs admitido no RAC para ensaio do Inmetro é de 3% da corrente
consumida em carga nominal, em toda a faixa de tensão de entrada.
Alguns inversores, seja para SFIs ou para SFCRs, podem ter limitações de
potência quando em operação em temperaturas ambientes elevados.
Outra característica primordial é de que um inversor para SFIs deve
tolerar surtos de corrente que acontecem, por exemplo, na partida de motores
elétricos, os quais podem exigir valores mais de 10 vezes superiores à corrente
nominal do motor em curtos períodos de tempo, antes de entrar em regime
normal de trabalho. Alguns modelos de inversores conseguem tolerar altas
potências de surto, como por exemplo duas vezes a potência nominal em 1
minuto ou três vezes a potência nominal em 5 segundos. A potência de surto
suportada pelo equipamento varia inversamente com o tempo de duração do
surto.
Exemplificando, a tabela 4 abaixo mostra as especificações reais de um
certo equipamento de potência nominal de 5.000 W, em relação a potência de
surto e temperatura de operação, extraídas das folha de dados técnicos do
fabricante.
43
temperatura ambiente e umidade do local da instalação além das certificações e
tempo de garantia desejados.
As características a serem observadas nas especificações de um inversor
fotovoltaico são apresentadas a seguir:
▪ Forma de onda e Distorção harmônica: a forma de onda da tensão CA
deverá ser superior a 80% na faixa de operação entre 10% e 50% da potência
44
Figura 18 – Curvas de eficiência para cargas resistivas de alguns inversores para uso em sistemas
fotovoltaicos isolados.
escolher uma potência nominal que seja próxima à potência total necessária
nominal por certo período de tempo. Aplica-se somente aos inversores para
tanto maior quanto maior for a potência demandada pelas cargas ao sistema
GALDINO, 2014)
elevado, uma vez que isto reduz a corrente necessária para qualquer nível de
46
potência. O inversor deve ter um fator de potência nominal compatível com
cargas não forem incluídos em suas especificações, eles poderão ser obtidos
deve possuir ventilação adequada. Além disso, deve também ser citada a
GALDINO, 2014)
47
SFCRs dotados do selo CE mantém (filtragem, blindagem) os níveis de
GALDINO, 2014)
48
INVERSORES PARA SISTEMAS CONECTADOS À REDE
Uma possível classificação de tipos de inversores para SFCRs é a
apresentada a seguir.
Inversores Centrais
Inversores trifásicos de grande porte, com potência numa faixa que vai de
centenas de kWp até MWp, utilizados em Usinas Fotovoltaicas (UFVs), conforme
ilustrado na figura 19. (PINHO; GALDINO, 2014)
Inversores Multistring
Inversores de String
49
inversores monofásicos dotados de apenas uma entrada MPPT,
adequados a instalações de microgeração (até 15kWp), conforme figura 21.
(PINHO; GALDINO, 2014)
50
EFICIÊNCIA DOS INVERSORES
Os inversores para SFCRs normalmente efetuam MPPT em suas entradas
CC como uma forma de eficientização.
A eficiência de um inversor para conexão à rede pode ser expressa pela
equação 13, equação 14 e equação 15.
Onde:
▪ PCC (W) – potência instantânea c.c na entrada do inversor;
potência;
Eq. 16
51
O valor ηx% corresponde à eficiência do inversor para um carregamento
de x%, ao mesmo tempo que os coeficientes (0,03; 0,06; 0,13; etc.) denotam as
frações de tempo que o inversor é esperado funcionar naquela condição de
carregamento. Grande parte dos fabricantes fornece a eficiência europeia nos
dados técnicos dos inversores.
Nesta mesma filosofia, no estado da Califórnia (EUA) foi também definida
a eficiência californiana, de acordo com a equação 17. A eficiência californiana é
considerada mais próxima às condições brasileiras, mas a maioria dos fabricantes
não a fornece.
Eq. 17
CABEAMENTO
A escolha da bitola dos condutores normalmente é determinada de
acordo com o limite de queda tensão, além de considerar se o sistema é de
corrente contínua ou alternada e as tensões nominais de operação. É comum a
utilização da NBR 5410 e/ou programas para a realização da escolha da bitola do
cabeamento, sendo que esses métodos indicam a bitola que melhor se adapta aos
condutores em função do comprimento do ramal, da tensão nominal e do nível de
perdas. De forma alternativa se utiliza a equação 18, para encontrar a seção
mínima de condutor S, necessária para uma instalação em corrente contínua.
Onde:
▪ ρ - resistividade do material do condutor, geralmente cobre;
volta);
52
permite determinar a influência da temperatura na resistividade do material. Os
dados reais desse tipo de material são obtidos na documentação do respectivo
fabricante.
Os cabos (ver figura 23) precisam ser preparados para aguentar as
mudanças climáticas, pois estarão expostos a uma intensa radiação, calor, frio e
chuva por um longo período de tempo. É recomendado que o dimensionamento
de cabos seja de acordo com a temperatura efetiva de trabalho e que o método
escolhido para proteção dos condutores utilize o fator de correção da temperatura
contido na NBR 5410. Além do mais, o material utilizado para a proteção e
isolamento do condutor precisa ter uma alta resistência as condições climáticas,
especialmente à radiação ultravioleta.
53
CAIXA DE CONEXÕES
Os módulos geralmente possuem uma caixa de conexões, onde são
encontrados os diodos de desvio (By-pass) e as conexões dos conjuntos de células
em série. A figura 24 mostra o funcionamento do diodo de desvio e a figura 25 nos
mostra o interior de uma caixa de conexões de um módulo constituído por 60
células e um diagrama que mostra a posição dos diodos de desvio. No módulo
observado, cada diodo de desvio está conectado a 20 células em série.
Figura 24 - No esquema vê-se (a) uma série de seis células (em curto-circuito), das quais uma está
parcialmente sombreada. (b) Isto tem efeitos dramáticos na curva I-V desta string. (c) Os diodos de
desvio podem resolver o problema do sombreamento parcial.
Figura 25 – Caixa de conexões de um módulo, com 36 células em série (18 para cada diodo).
54
TERMINAIS
Os cabos terminais dos módulos fotovoltaicos precisam ter um
isolamento adequado para a máxima tensão do sistema e também seja capaz de
aguentar condições climáticas desfavoráveis, como vento forte, chuva torrencial,
tempestade.
Nos módulos que são conectados à rede, sendo esses módulos
considerados mais modernos que os demais, são fornecidos com cabos pré-
instalados, possuindo um comprimento adequado para a conexão do módulo em
série com outro. Usualmente, os cabos são dotados de um sistema de engate
rápido, para uma conexão de qualidade, além de facilitar a instalação do mesmo.
A figura 26 mostra os conectores de engate rápido.
Figura 26 – Conectores de engate rápido MC4 para conexão série de módulos fotovoltaicos.
ESTRUTURAS E TELHADOS
Muitas vezes, o local mais conveniente e apropriado para colocar o gerador
fotovoltaico está no telhado do edifício. As placas fotovoltaicas podem ser
montadas acima e/ou paralela à superfície do telhado com um certo afastamento
para fins de ventilação, conforme figura 27. Em alguns casos, como em telhados
planos, uma estrutura separada com um ângulo de inclinação mais ideal é
montada no telhado, também mostrada na figura 27.
55
Figura 27 - Exemplos de montagem: à esquerda, montagem paralela ao telhado e à direita,
montagem em ângulo diferente da do telhado.
56
MONITORAMENTO
O primeiro lugar que a maioria dos proprietários olham para avaliar o
desempenho de seu sistema fotovoltaico conectado à rede é na fatura de energia
elétrica. No entanto, a análise das faturas não mostram o panorama geral do
sistema, uma vez que as concessionárias fornecem apenas os dados líquidos que
elas medem, i.e., a quantidade de energia elétrica consumida da rede e a
quantidade que o sistema exportou para a rede.
Assim, como a fatura não mostra a quantidade de energia que a
instalação consumiu oriunda do sistema fotovoltaico, não é possível determinar a
quantidade de energia total que seu sistema fotovoltaico produziu. Entretanto,
estas e outras informações podem ser obtidas com soluções de monitoramento
de dados dos fabricantes de inversores e/ou de terceiros.
57
monitoramento a nível de strings, é possível receber avisos de discrepâncias nas
saídas de energia.
Como dito anteriormente, para esta coleta de dados, é necessário um
registrador de dados e um hardware de comunicação, que pode ser instalado
internamente no inversor ou simplesmente conectado ao inversor via
cabeamento. Esses sistemas aprimorados de gerenciamento de dados geralmente
oferecem complementos, como sensores para medir a irradiância, a temperatura
do módulo e os dados do vento e estas informações também podem ser
acessadas através da Internet, conforme ilustra a figura 29.
Figura 29 - Sensor Box da Fronius oferece além dos registros de dados, a coleta de irradiância, a
temperatura do módulo e ambiente e dados de vento e umidade.
REFERÊNCIAS
[1] PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antonio (Org.). Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: CEPEL-CRESESB, 2014.
PORTAL SOLAR (Rafael Pereira). O QUE É GERAÇÃO DISTRIBUÍDA – GD. 2016.
Disponível em: < http://www.portalsolar.com.br/o-que-e-geracao-distribuida.html
>. Acesso em: 20 de junho 2017.
[2] BRASIL. Rodrigo Lima Nascimento. Consultoria Legislativa. Energia solar no
Brasil: Situação e Perspectivas. Brasília: Estudo Técnico, 2017.
[3] IDEAL INSTITUTO. Potencial solar no Brasil. 2017. Disponível em:
<http://americadosol.org/potencial-solar-no-brasil/#toggle-id-1>. Acesso em: 12
jun. 2017.
[4] MOREIRA, José Roberto Simões (Org.). Energias renováveis, geração
distribuída e eficiência energética. Rio de Janeiro: LTC, 2017.
58
4 . PROTEÇÕES ELÉTRICAS
INTRODUÇÃO
Uma proteção projetada, instalada e utilizada adequadamente pode
evitar e/ou minimizar algumas falhas que podem ocorrer. Nos dias atuais os
componentes dos sistemas fotovoltaicos estão mais tecnológicos, assim,
geralmente, já possuem um sistema de proteção integrado. Como exemplo, é
obrigatório encontrar em inversores para sistemas fotovoltaicos conectados à
rede (SFCR) dispositivos de anti-ilhamento, isto é, dispositivos que evitam o
funcionamento do sistema solar quando, por exemplo, algum defeito elétrico (na
rede da concessionária) é detectado evitando que o sistema solar continue
operando nessas condições. Além disso, é recomendado a instalação de
dispositivos como os disjuntores, fusíveis, DPS, sistemas de aterramento e SPDA.
(PINHO; GALDINO, 2014).
DISJUNTORES
É o dispositivo capaz de interromper um circuito, ao comando do
operador ou automaticamente, quando percorrido por níveis de corrente
superiores à sua corrente nominal, sem que dessa interrupção lhe advenha dano.
Os disjuntores de baixa tensão contém, basicamente, dois sistemas de
proteção. O primeiro opera para correntes de sobrecarga, é uma lâmina
bimetálica em série com o circuito, e se curva quando a corrente que a atravessa
supera a corrente nominal, fazendo com que o disjuntor desarme. O segundo
opera apenas quando elevadas correntes de curto-circuito atravessam o disjuntor
excitando um dispositivo magnético (solenóide) interno, fazendo com que o
disjuntor desarme. Ver figura 1.
Figura 1 - Disjuntor termomagnético. (1) Lâmina bimetálica e (2) Disparador magnético [solenoide].
59
A curva tempo-corrente de um disjuntor de baixa tensão apresenta um
declive, isto é, um trecho de característica inversa (quanto maior a corrente menor
o tempo de atuação) e após, uma forte queda indicando a operação do sistema de
proteção magnético, conforme mostra a Figura 2.
isolamento (Ui)
preferenciais de In: 6, 10, 13, 16, 20, 25, 32, 40, 50, 63, 80, 100 e 125A.
uma hora para disjuntores abaixo de 63A e de duas horas para os acima de
63A.
60
Tabela 1 - Tempo de atuação de disjuntores
nominal.
FUSÍVEIS
Os fusíveis têm “basicamente” as mesmas funções dos disjuntores,
embora operem normalmente contra curto-circuito podem atuar contra
sobrecargas também. Em ambos os casos, depois de atuando é necessário trocá-
lo. O seu funcionamento é da seguinte forma: com a elevação da corrente ocorre
uma fusão de um elemento elo fusível, ou seja, a energia elétrica se transforma
em energia térmica, esse fenômeno é denominado efeito Joule. O material do elo
fusível é escolhido, levando-se em consideração, as temperaturas de fusão das
ligas de cobre com o alumínio, pois são os materiais mais utilizados para a
fabricação de condutores. (SIEMENS, 2009)
61
DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CONTRA SURTOS (DPS)
Os DPS são usados na proteção contra elevações repentinas de tensão
(surtos). São, usualmente, dispositivos de impedância não-linear que em condições
normais de operação possuem uma impedância muito elevada, evitando assim a
sua interferência no circuito. Na presença de surtos de tensão, o dispositivo reduz
a sua impedância criando um caminho preferencial para controlar a corrente de
surto, evitando danos nos equipamentos conectados a jusante.
Dentre as características mais importantes para se observar nos DPS
estão: Máxima tensão de serviço contínuo da linha (Uc); Tensão de proteção do
DPS (Up); Máxima tensão que o equipamento a ser protegido suporta (Uw);
Corrente nominal do DPS (In); Corrente subsequente da fonte (If) e Máxima
corrente subsequente que o DPS consegue interromper (Ifi).
Existem três classes de DPS:
Classe 1: DPS’s da classe 1 são capazes de proteger os sistemas contra
sobretensões e contra altas correntes de surto, podendo ser provocados por
descargas elétricas (raios) diretas ou indiretas. (FINDER, 2012)
Classe 2: São para proteção contra descargas indiretas. Geralmente
usados em residências, construções comerciais pequenas, na maioria das vezes
protege contra tensões de manobra e ou também para auxiliar o de classe 1. São
comumente instalados em quadros de distribuição. (FINDER, 2012)
Classe 3: Os DPS’s da classe 3 são a combinação da classe 1 com a 2 e é
normalmente utilizada no interior de edificações, imediatamente a montante do
equipamento a ser protegido. (PAULINO et al., 2016)
DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CC
Os dispositivos utilizados para proteger a parte de corrente contínua são
os fusíveis, disjuntores (figura 3), chaves seccionadora, DPS e caixa de combinação
ou de junção.
62
Figura 3 - Disjuntores CC da schneider para uso em Sistemas fotovoltaicos
Fusíveis
Chave de seccionadora
63
DPS
STRING BOX
A string box nada mais é que uma caixa onde é realizada a conexão das
strings e onde são instalados os elementos de proteção citados anteriormente.
A String Box é conectada ao inversor e permite isolar o sistema
fotovoltaico possibilitando uma manutenção segura. A figura 6 mostra um
diagrama de um sistema e o local onde a String Box é empregada e a figura 7 traz
uma String Box comercial
64
Figura 7 - String Box comercial
DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CA
Disjuntores
ATERRAMENTO / SPDA
O aterramento dos sistemas fotovoltaicos acontece nos equipamentos e
no circuito elétrico (denominado de aterramento funcional), consiste em proteger
o equipamento contra correntes elétricas de surtos indesejáveis. Nos
equipamentos, o aterramento é feito ligando a carcaça à terra e no circuito
elétrico, o procedimento ocorre no lado de corrente contínua e no lado de
corrente alternada. (PINHO; GALDINO, 2014).
No lado CC, o procedimento do aterramento vai depender do tipo de
módulo ou do inversor utilizado. No lado CA, o aterramento acontece através do
condutor neutro. (PINHO; GALDINO, 2014).
As caixas dos equipamentos, estruturas metálicas de suporte dos
módulos e das baterias enfim, todos os metais expostos devem ser devidamente
65
aterrados. O processo de aterramento deve visar a equipotencialização de todas
estruturas condutoras do sistema. (PINHO; GALDINO, 2014).
O SPDA (sistema de proteção contra descarga atmosférica) consiste em
proteger o gerador e o suporte onde encontra os dispositivos de condicionamento
de potência contra descargas diretas e indiretas, assim como os outros
dispositivos de proteção, ele deve ser aterrado apropriadamente. (PINHO;
GALDINO, 2014).Sua instalação e necessidade é definida pela NBR 5419:2015.
REFERÊNCIAS
[1] PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antonio (Org.). Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: Cepel-cresesb, 2014.
[3] SIEMENS. Guia Técnico: A ajuda teórica e prática para o Instalador Eletricista.
Berlim: Siemens, 2009.
66
5. DIMENSIONAMENTO
ORIENTAÇÃO E INCLINAÇÃO
Para a máxima captação de energia ao longo do ano, as condições citadas
a seguir precisam ser observadas. [1]
Orientação
67
(a) (b) (c)
Figura 2 - Rastreadores solar (a) eixo simples vertical, (b) eixo simples horizontal e (c) eixo duplo.
Figura 3 - Orientação da face dos módulos fotovoltaicos para o norte verdadeiro em um dado local
no hemisfério sul Fonte: [2]
68
Em muitos locais, a direção do Norte Verdadeiro (ou do Sul Verdadeiro)
não é o mesmo do Norte Magnético (ou Sul Magnético) que é indicado pela
bússola, sendo necessário realizar a correção do referencial magnético. Para tal
correção, é utilizado a Declinação Magnética da área de instalação que é obtida
facilmente através de mapas e/ou programas computacionais. O Observatório
Nacional, instituto de pesquisa vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação, por exemplo, disponibiliza em sua homepage um mapa da declinação
magnética sobre o território brasileiro para download, além de um software para
sua determinação, bastando conhecer as coordenadas geográficas do local. Em
nível internacional, a NOAA3, órgão dos EUA, também disponibiliza em sua página
na internet os valores de declinação magnética para qualquer local do mundo. [1]
A figura 4 mostra a quais valores aplicar de correção do referencial
magnético para os diversos estados brasileiros.
Inclinação
69
Se fosse possível o painel seguir a trajetória do sol, a radiação cairia
perpendicularmente em sua superfície. Caso fosse utilizado um rastreador solar
multiaxial tal situação seria possível, sendo que esse equipamento obteria o nível
mais alto de irradiação da superfície. Entretanto, a grande maioria dos sistemas
fotovoltaicos não acompanha o Sol. Logo, torna-se necessário compreender o
desvio em relação à incidência perpendicular e como ela afeta a quantidade de
insolação que sistema terá à disposição para produzir energia elétrica. [2]
Para maximizar a geração de energia ao longo do ano, o ângulo de
inclinação do módulo fotovoltaico (figura 5) deve ser igual à latitude do local onde
o sistema será colocado. Contudo, mínimas variações na inclinação não ocasionam
mudanças consideráveis na energia gerada anualmente e a inclinação do gerador
pode estar dentro de 10o em torno da latitude da região de instalação. [1]
Em localidades próximas ao equador, com latitudes variando entre ±10 o, é
recomendado uma inclinação mínima de 10o, para favorecer a autolimpeza dos
módulos de acordo com a ação da chuva. Em regiões com muita poeira é preciso
limpar regularmente a superfície dos módulos, visto que a sujeira diminui a
captação da luz, e como consequência disso reduzindo o seu desempenho.
Entretanto, é necessário tomar cuidado para não causar danos ao vidro ou
qualquer outro material de cobertura do módulo. Aconselha-se usar apenas água
e um pano de tecido macio. Este processo deve ser realizado no início da manhã
ou no final da tarde, sendo esses períodos horários em que o gerador fotovoltaico
está frio e não está com muita produção.
70
SOMBRAS
As sombras diretas ocasionam uma drástica diminuição no desempenho
do sistema fotovoltaico. As linhas de transmissão e/ou de distribuição são um dos
tipos de sombras que podem provocar quedas no empenho do conjunto FV,
conforme ilustra a figura 6.
(a) (b)
Figura 6 – Sombreamento direto provocado por rede de distribuição urbana. (a) Aquecimento visto
através de termografia e (b) vista do local.
Sombreamento Temporário
Autossombreamento
71
ocasionadas no período das 8 a 16h ou de 9 a 15h durante 21 de dezembro, o
solstício de verão, e não para o meio-dia desta data. [2]
Análise do sombreamento
as ferramentas.
lá. Considere as árvores que vão crescer ou que serão plantadas, pergunte
72
sobre mudanças nas propriedades e nas vizinhanças e investigue as
(a) (b)
Figura 8 – Detecção de Pontos Quentes. (a) Termografia da traseira do painel mostrando ponto
quente. (b) Vista frontal do painel mostrando que o ponto quente foi devido a sombreamento
localizado.
73
Figura 9 - Curva I-V para 4 módulos conectados em série e sem sombreamento
(linha contínua); curva I-V para os mesmos 4 módulos na situação de
sombreamento de uma de suas células, que passa a receber 50 % da irradiância
original (linha tracejada); curva I-V com o mesmo sombreamento, mas com a
utilização de diodos de desvio (curvas com linha contínua e pontos).
Onde:
74
PPeak = Potência pico do painel fotovoltaico (kWp)
E = Energia consumida diariamente pelas cargas (kWh/dia)
Psol = Irradiância de referência (1 kW/m²)
GPOA = Irradiação diária no plano dos módulos (kWh/m².dia)
PR = Performance Ratio (Taxa de Desempenho) é uma característica que
mede o desempenho do sistema fotovoltaico.
75
Eficiênci kgf/m²
kgf/m² Kgf/m²
Te Conf. do a da [mód.
Integração [estrutu [sistem
c. Sistema tecnolog fotovoltaico
ra] a]
ia ]
Sanduíche
Vidro-Vidro
a-
fixado em 6-8% 20,0 5,0 25,0
Si
estrutura de
alumínio
Módulo flexível
colado em
a-
manta 6-8% 3,6 3,4 7,0
Si
impermeabiliza
nte
Vidro com
moldura fixada
c-Si 14-18% 12,0 5,0 17,0
em estrutura de
alumínio
76
Figura 10 – Exemplo de uma curva de carga de uma comunidade da Amazônia. Fonte: (PINHO et al.,
2008).
77
necessidade, corriqueiramente 127 ou 220V, 60 Hz. Geralmente, os inversores de
até 5 KW são monofásicos. No entanto, alguns modelos permitem a operação em
paralelo de mais de uma unidade, podendo ser integrados para criar circuitos
bifásicos e trifásicos. É recomendado de uma maneira geral que se utilize
inversores de forma de onda senoidal, especialmente no caso de cargas
eletrônicas que são muito sensíveis a ondas com distorções harmônicas.
Outra condição que deve ser verificada é a compatibilidade entre inversor
e controlador de carga da bateria, pois alguns modelos não aceitam trabalhar com
fabricantes distintos. [1]
FDI
(eq.2)
Onde:
FDI (adimensional) - Fator de dimensionamento do inversor;
PNca (W) - Potência nominal em corrente alternada do inversor;
PFV (Wp) - Potência pico do painel fotovoltaico.
A potência do gerador e do inversor são geralmente ajustadas para que o
FDI do inversor possua uma melhor relação entre custo/benefício. A análise da
literatura mostra que os valores inferiores de FDI recomendados por fabricantes e
instaladores situam-se na faixa de 0,75 a 0,85, enquanto que o limite superior
varia entre os fabricantes, chegando a até 1,20. [1]
78
TENSÃO DE ENTRADA
79
Onde:
– número máximo de strings conectadas em paralelo
(A) – Corrente máxima c.c. admitida na entrada do inversor;
(A) – Corrente de curto circuito do módulo FV nas STC.
EXEMPLO
Onde
, Energia consumida diariamente pelas cargas (kWh)
, Irradiância de referência (1 kW/m²)
, Irradiação diária no plano dos módulos (kWh/m².dia)
, Coeficiente de desempenho (adimensional)
, Potência pico do painel fotovoltaico (kWp)
80
Para a irradiação diária no plano dos módulos ( , e inclinação dos
módulos adotou-se os parâmetros abaixo:
Coordenada Poços de Caldas: 21,78°S 46,57°O
Inclinação ótima do módulo1: 21°
5,101 (kWh/m².dia)
:
1
Para sistemas conectados à rede, a Inclinação ótima do módulo de ser igual à latitude
do local
81
Adotando um módulo FV da Canadian Solar de 260W, figura 13, temos os
seguintes dados:
(eq.7)
(eq.8)
2
Ver figura 13
82
Ao verificar o catálogo do inversor, a tensão máxima suportada é de 420V.
Assim, para não excedermos o limite, calculamos Portanto pode-
se utilizar no máximo 10 de placas em série para não danificar o inversor no dia
mais frio.
Para que a tensão no dia mais quente esteja dentro da faixa de tensão de
operação do MPPT do inversor, fazemos:
(eq.9)
(eq.10)
83
PROJETO ELÉTRICO
Os projetistas também possuem desafios em relação ao
dimensionamento de sistemas fotovoltaicos, este são:
● Planejamento da interconexão dos diversos componentes do
caso;
etc.).
Cabeamento
84
A escolha da bitola dos condutores é referenciada de acordo com o limite
de queda tensão, além de considerar se o sistema é de corrente contínua ou
alternada e as tensões nominais de operação. É comum a utilização da NBR 5410
e/ou programas para a realização da escolha da bitola do cabeamento, sendo que
esses métodos indicam a bitola que melhor se adapta aos condutores em função
do comprimento do ramal, da tensão nominal e do nível de perdas.
De forma alternativa se utiliza a equação 11, para encontrar a seção
mínima de condutor S, necessária para uma instalação em corrente contínua.
(eq.11)
Onde:
ρ - resistividade do material do condutor, geralmente cobre;
d - distância total do condutor, considerando o trecho de retorno (ida e
volta);
I - Corrente que passa pelo condutor;
ΔV - queda de tensão tolerada no cabeamento para o trecho analisado.
danificados.
86
Figura 15 - Detectando um curto-circuito entre cabos.
3%.
pontos de fixação.
87
● Analisar a integridade das String Boxes. Se estas estiverem expostas ao
Proteção
As falhas nesse tipo de sistema são minimizadas se o projetista do sistema
fotovoltaico realizar um correto dimensionamento além de utilizar dispositivos de
proteção de qualidade.
Os componentes dos sistemas fotovoltaicos tiveram grande avanço
tecnológico, fazendo com que estes apresentem maior robustez e dispositivos de
proteção integrados. É possível observar um exemplo no caso de sistemas
fotovoltaicos conectados à rede, onde são integrados dispositivos anti-ilhamento.
A implementação de dispositivos de proteção de forma integrada ao
equipamento é de grande importância, no entanto, é possível realizar a instalação
de outros dispositivos de proteção de forma externa. Os dispositivos de proteção
externa mais comuns são disjuntores, fusíveis, DPS e SPDA.
Os sistemas fotovoltaicos isolados, por operarem em regiões remotas, os
defeitos e falhas inesperados muitas vezes não são detectados instantaneamente.
O mesmo problema pode ocorrer com os sistemas on-grid, por funcionarem em
paralelo com a rede, o defeito pode passar despercebido.
Assim, para detectar falhas são utilizados dispositivos auxiliares que
possuem como principal objetivo encontrar defeitos de forma mais rápida. Na
ocorrência destes, é preciso notificar imediatamente operador do sistema
fotovoltaico para que seja realizado a correção do problema de forma imediata. [1]
Software de dimensionamento
Como é impossível existir um padrão de características de saída dos
módulos fotovoltaicos, e as especificações elétricas são diretamente ligadas a
tecnologia das células, é muito comum a utilização de ferramentas computacionais
para a análise da viabilidade técnica e econômica do projeto. A geração
fotovoltaica precisa de um investimento muito grande inicialmente, que pode ser
reduzido drasticamente com um projeto de qualidade.
É muito importante que as informações de entrada sejam de boa
qualidade e que a pessoa que vai trabalhar nas simulações tenha total domínio
sobre a ferramenta.
De uma maneira geral, esses softwares podem ser utilizados para as
seguintes aplicações:
88
● Análise de viabilidade: A partir de informações gerais e consolidadas,
outras funções.
extensas.
operação.
89
nível admissível de perdas, esses programas auxiliam na escolha da bitola
dos condutores.
PV-Sol
PVSyst
90
existente, o programa pode projetar os custos de produção de energia em adição
a uma série de parâmetros técnicos, fornecidos no fim da simulação. [1]
PVSIZE
91
REFERÊNCIAS
[1] PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antonio (Org.). Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: Cepel-cresesb, 2014.
92
6. ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA
INVESTIMENTO
Para a implantação de um sistema fotovoltaico o investimento fica por
conta dos custos relacionados aos painéis fotovoltaicos, do inversor,
equipamentos elétricos auxiliares, estruturas mecânicas de sustentação, cabos e
conexões, e serviços de engenharia para o projeto elétrico e demais custos de
instalação e montagem. (EPE, 2016).
Uma forma usual de comparação de custos de investimento é o preço
(global com todo o sistema instalado) por watt pico (R$/Wp), na qual a potência de
pico (Wp) é a potência máxima nas condições de referência.
VPL
O VPL (Valor Presente Líquido) é um indicador mais utilizado para
avaliação econômica de projetos. Diferente do payback, o seu resultado é dado em
valor. O método de análise investimento por meio do VPL é tido como uma técnica
sofisticada e seu cálculo consiste no somatório de todos os valores de fluxo do
caixa no instante presente e é retirado o que foi investido inicialmente
(normalmente denominado de taxa mínima de atratividade,TMA), conforme
mostrado na equação 2.
Onde:
94
O método do VPL é considerado o mais apropriado para analisar a
maioria dos projetos de investimento e também é visto como uma técnica
definitiva de tomada de decisões de investimento. Isso se deve apenas ao fato de
o método do VPL não apenas trabalhar com fluxos de caixa descontados, em
oposição aos fluxos nominais, como visto no payback, mas também porque seu
resultado, sendo em espécie (moeda corrente) e não apenas em tempo
transcorrido (anos para recuperação do investimento), revela a riqueza absoluta
decorrente da realização do projeto. (PARENTE, 2017)
TIR
A Taxa Interna de Rentabilidade ou de Retorno (TIR) é o indicador da
rentabilidade sobre um investimento pelo tempo. Dito de outra forma, a TIR é
definida como a taxa pela qual um investimento é recuperado por meio dos
rendimentos auferidos de um projeto. A TIR representa, por esse motivo, a taxa de
desconto que iguala os fluxos de entrada com os de saída de caixa, conforme
mostra a equação 3. Em outras palavras, trata-se da taxa que gera um VPL para o
projeto analisado igual a zero. Tal método assim como o VPL é considerado
sofisticado para avaliação de propostas de investimento de capital. (PARENTE,
2017)
Em que:
95
2. Se a TIR = custo de capital: A empresa obteria uma taxa de retorno
exatamente igual ao seu custo de capital, portanto, também aprovaria o
projeto;
3. Se a TIR < custo de capital: A empresa obteria uma taxa de retorno menor que
o seu custo de capital , portanto, o projeto seria rejeitado.
INFLAÇÃO DE ENERGIA
Quando analisamos o retorno do investimento realizado em energia solar
fotovoltaica, a variável que denominamos como a mais importante é a tarifa de
energia. Sendo que, quanto maior a tarifa de energia, mais viável economicamente
é a instalação de energia solar, visto que, a energia produzida pelo seu sistema se
traduz em economia financeira. Tarifas de energia são medidas em R$/kWh, e
variam conforme:
● A distribuidora de energia local;
● O tipo de cliente (Grupo A ou B e suas variações);
● A bandeira tarifária vigente no período de apuração.
Caso o cliente se encontre no Grupo B, onde estão os consumidores de
energia de Baixa Tensão, certamente sua tarifa é muito alta e assim os mesmos
possuem uma viabilidade financeira para instalar um sistema de energia solar. São
clientes do Grupo B:
● todas as residências (B1);
● comércios de pequeno e médio porte (B3);
● outros diversos (Governo, Iluminação, Rural).
As residências (B1) e comércio de pequeno e médio porte (B3) são os que
maior possuem viabilidade financeira para a instalação de um sistema
fotovoltaico.
96
Uma outra variável que possui ligação com a tarifa de energia, é a inflação
energética, sendo que tal variável nos ajuda e realizar os cálculos do retorno do
investimento em um sistema fotovoltaico. A inflação energética é conhecida como
a variação da Tarifa de Energia.
De acordo com informações da Aneel, IBGE e FGV (ver figura 1), o
aumento médio da tarifa de energia elétrica foi de 10,6% ao ano no período de
1995-2010. Enquanto isso, a inflação média anual do mesmo período foi de 6,9%.
EXEMPLO
97
Inflação da Energia 8% Ao ano
Custo de Manutenção 0,3% Ao ano
Reposição dos Inversores 13 Anos
Custo dos Inversores R$ 6.813,93 2017
Perda de produção anual 0,73% Garantia de 20% em 25 anos
Taxa de Desconto 10,00% Custo do Capital
VPL R$ 63.455,80
TIR 24,93%
Payback 5,7 anos
98
cobrados pela União para manter programas voltados ao trabalhador e para
atender a programas sociais do Governo Federal, sendo variados por mês e por
distribuidora.
99
REFERÊNCIAS
[2] TOYAMA, Alain Heizo; NEVES JUNIOR, Natalino das; ALMEIDA, Nelson Geraldo
de. ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS
FOTOVOLTAICOS CONECTADOS À REDE ELÉTRICA DE ENERGIA PARA
DIFERENTES REGIÕES NO ESTADO DO PARANÁ. 2014. 113 f. TCC (Graduação) -
Curso de Engenharia Elétrica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR),
Curitiba, 2014. Disponível em:
<http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/3058/1/CT_COELE_
2014_1_02.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2017.
[7] Tera Solar. Preço da Energia Elétrica x Inflação. (2016). Disponível em:
<http://www.terasolar.com.br/preco-da-energia-eletrica-x-inflacao/>. Acesso em:
30 agosto 2017.
100
7. REGULAMENTAÇÃO E NORMAS
INTRODUÇÃO
É de extrema importância para que possamos iniciar o procedimento de
instalação de um sistema fotovoltaico conhecer os aspectos legais e regulatórios
relacionados aos sistemas, sendo acrescentado a legislação vigente no Brasil,
tanto para os sistemas isolados individuais e com minirredes, quanto para os
conectados à rede. Além do mais, é preciso conhecer as normas técnicas vigentes
relativas aos Sistemas Fotovoltaicos de Conversão de Energia. Conhecer as
normativas existentes facilita a instalação de sistemas fotovoltaicos sem possíveis
problemas. (PINHO, 2014)
Definições da REN
A REN 482 traz nas disposições preliminares diversas definições. Assim,
ficou definido que microgeração distribuída é a central geradora de energia
elétrica, com potência instalada menor ou igual a 75kW e que utilize cogeração
qualificada, ou fontes renováveis de energia elétrica, conectada na rede de
distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras. Minigeração
distribuída é a central geradora de energia elétrica, com potência instalada
superior a 75kW e menor ou igual a 5MW e que utilize cogeração qualificada, ou
fontes renováveis de energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio
de instalações de unidades consumidoras (ANEEL, 2012).
Além dessas citadas, temos as definições de melhorias e reforços de rede
além da definição de empreendimento com múltiplas unidades consumidoras 1;
geração compartilhada2 e autoconsumo remoto3.
1
Empreendimento com múltiplas unidades consumidoras (condomínios):
caracterizado pela utilização da energia elétrica de forma independente, no qual cada fração com
uso individualizado constitua uma unidade consumidora e as instalações para atendimento das
áreas de uso comum constituam uma unidade consumidora distinta, de responsabilidade do
condomínio, da administração ou do proprietário do empreendimento, com microgeração ou
minigeração distribuída, e desde que as unidades consumidoras estejam localizadas em uma mesma
propriedade ou em propriedades contíguas, sendo vedada a utilização de vias públicas, de passagem
aérea ou subterrânea e de propriedades de terceiros não integrantes do empreendimento.
101
Compensação de Energia
Para fins de compensação de energia elétrica, os consumidores que
instalarem sistemas de micro e minigeração estão liberados a injetar na rede de
distribuição a energia que seja excedente da produção do mesmo e assim receber
créditos em kWh com validade de 60 meses para ser descontados da conta de
energia. Com isso, a rede elétrica funciona como uma bateria do sistema, já que a
energia produzida não precisa ser consumida instantaneamente.
Há ainda a possibilidade de o consumidor utilizar esses créditos em outras
unidades previamente cadastradas dentro da mesma área de concessão e
caracterizada como autoconsumo remoto, geração compartilhada ou integrante
de empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras (condomínios), em
local diferente do ponto de consumo.
Por fim, é importante ressaltar que, para unidades consumidoras
conectadas em baixa tensão (grupo B), ainda que a energia injetada na rede seja
superior ao consumo, será devido o pagamento referente ao custo de
disponibilidade – valor em reais equivalente a 30 kWh (monofásico), 50 kWh
(bifásico) ou 100 kWh (trifásico). Já para os consumidores conectados em alta
tensão (grupo A), a parcela de energia da fatura poderá ser zerada (caso a
quantidade de energia injetada ao longo do mês seja maior ou igual à quantidade
de energia consumida), sendo que a parcela da fatura correspondente à demanda
contratada será faturada normalmente (ANEEL, 2017).
2
Geração compartilhada: caracterizada pela reunião de consumidores, dentro da
mesma área de concessão ou permissão, por meio de consórcio ou cooperativa, composta por
pessoa física ou jurídica, que possua unidade consumidora com microgeração ou minigeração
distribuída em local diferente das unidades consumidoras nas quais a energia excedente será
compensada;
3
Autoconsumo remoto: caracterizado por unidades consumidoras de titularidade de
uma mesma Pessoa Jurídica, incluídas matriz e filial, ou Pessoa Física que possua unidade
consumidora com microgeração ou minigeração distribuída em local diferente das unidades
consumidoras, dentro da mesma área de concessão ou permissão, nas quais a energia excedente
será compensada;
102
PRODIST
O PRODIST, da ANEEL, é o instrumento regulatório que normatiza e
padroniza as atividades técnicas relativa ao funcionamento e desempenho dos
sistemas de distribuição de energia elétrica, aplicando-se à geração distribuída nos
sistemas de baixa tensão. O conjunto de regras deseja subsidiar os agentes e
consumidores do sistema elétrico nacional na identificação e classificação de suas
necessidades para o acesso ao sistema de distribuição, criando padrões,
condições, responsabilidades e penalidades relativas à conexão, planejamento da
expansão, operação e medição da energia elétrica, sistematizando a troca de
informações entre as partes, e também possui o objetivo de estabelecer critérios
e indicadores de qualidade.
Estão submetidas ao PRODIST todas as concessionárias, permissionárias e
autorizadas dos serviços de geração distribuída e de distribuição de energia
elétrica, consumidores conectados aos sistemas de distribuição em qualquer
tensão, cooperativas de eletrificação rural e importador/exportador de energia
conectado.
Módulo 3
O Módulo 3 trata das condições de acesso, compreendendo a conexão ao
sistema de distribuição, definindo critérios técnicos e operacionais, os requisitos
de projeto, as informações, os dados e a implementação da conexão dos
acessantes (ANEEL, 2016).
Para iniciar o processo, são obrigatórias as etapas de solicitação e de
parecer de acesso. A solicitação de acesso4 deve conter o Formulário de
Solicitação de Acesso para micro e minigeração distribuída, disponíveis nos Anexos
II, III e IV da seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST, determinados em função da
potência instalada da geração. O formulário específico para cada caso deve ser
protocolado na distribuidora, acompanhado dos documentos pertinentes.
Em resposta à solicitação de acesso, a distribuidora deverá emitir o
parecer de acesso, em que são informadas as condições de acesso e os requisitos
técnicos que permitam a conexão das instalações do acessante (consumidor) com
os respectivos prazos. Caso haja necessidade de alguma obra de melhorias ou
reforços no sistema de distribuição, o parecer de acesso deve também
apresentar o orçamento da obra, contendo a memória de cálculo dos custos
orçados, do encargo de responsabilidade da distribuidora e da eventual
participação financeira do consumidor.
4
A solicitação de acesso é o requerimento formulado pelo acessante (consumidor).
103
O prazo máximo para elaboração do parecer é de 15 dias para
microgeração e de 30 dias para minigeração. Se houver necessidade de obras,
esses prazos são dobrados (ANEEL, 2016).
A figura 2 apresenta um fluxograma para implantação de unidade de
geração solar fotovoltaica.
104
NBR 5419:2015 - Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas
Fixa as condições de projeto, instalação e manutenção de sistemas de
proteção contra descargas atmosféricas (SPDA), para proteger as edificações e
estruturas contra a incidência direta de raios. A proteção se aplica também contra
a incidência direta de raios sobre os equipamentos e pessoas no interior dessas
edificações e estruturas, ou no interior da proteção imposta pelo SPDA instalado.
NBR 14200:1998
A NBR 14200:1998 “Acumulador chumbo-ácido estacionário ventilado para
sistema fotovoltaico – ensaios”, prescreve os métodos de ensaio aplicáveis a todos
os tipos de construções de acumuladores de chumbo-ácido estacionários
ventilados, para aplicação em sistemas fotovoltaicos.
105
de frequência; limitação de potência ativa/reativa e desconexão/reconexão do
sistema fotovoltaico da rede.
NBR 16274:2014
A NBR 16274:2014 “Sistemas fotovoltaicos conectados à rede -
Requisitos mínimos para documentação, ensaios de comissionamento,
inspeção e avaliação de desempenho” estabelece as informações e a
documentação mínimas que devem ser compiladas após a instalação de um
sistema fotovoltaico conectado à rede. Também descreve a documentação, os
ensaios de comissionamento e os critérios de inspeção necessários para avaliar a
segurança da instalação e a correta operação do sistema.
Dentre seus tópicos principais estão a Documentação do Sistema;
Verificação Inicial e Periódica; Inspeção; Ensaios de Comissionamento; Medição da
Curva IV; Ensaios Adicionais; Modelo de Relatórios e a Avaliação do Desempenho e
Geração de Energia.
5
Comissão de Estudo de Instalações Elétricas de Baixa Tensão
6
Comissão de Estudo de Sistemas de Conversão Fotovoltaica de Energia Solar
7
Comitê Brasileiro de Eletricidade
106
REFERÊNCIAS
[1] PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antonio (Org.). Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: Cepel-cresesb, 2014.
107
8. OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO (O&M)
COMISSIONAMENTO
Depois da instalação dos equipamentos é preciso vistoriar o projeto,
através de testes e inspeções, para certificar que os componentes estejam
trabalhando adequadamente, atendendo às especificações de projeto e as normas
aplicáveis. Todo esse processo é denominado de comissionamento.
O comissionamento deve ser realizado antes do sistema fotovoltaico ser
colocado em operação e deve ser executado com equipamentos e profissionais
aptos. Deve ser feito um relatório contendo todos os processos que serão
realizados na inspeção, além de informações claras dos procedimentos a serem
aplicados e dos valores de tolerâncias máximas.
NBR 16274
A NBR 16274:2013, estabelece as informações e a documentação mínimas
que devem ser compiladas de um sistema fotovoltaico conectado à rede. Também
descreve a documentação, os ensaios de comissionamento e os critérios de
inspeção necessários para avaliar a segurança da instalação e a correta operação
do sistema. A Norma pode ainda ser utilizada para verificações periódicas ou
avaliação do desempenho de sistemas fotovoltaicos conectados à rede.
Seus principais tópicos são:
● Documentação do Sistema
● Verificação Inicial e Periódica
● Inspeção
● Ensaios de Comissionamento : Categoria 1 e 2
● Medição da Curva IV – Interpretação dos resultados
● Ensaios Adicionais
● Modelo de Relatórios
● Avaliação do Desempenho e Geração de Energia
Inspeção Visual
No comissionamento, a inspeção visual analisará os equipamentos e os
componentes, coletando informações como quantidade, qualidade e localização,
além de algumas sugestões para prevenção e adequação.
Analisa-se ainda, se os componentes de proteção (tanto para o sistema
em si, quanto para as pessoas que vão utilizá-lo ou operá-lo) estão presentes,
como por exemplo o aterramento elétrico e o SPDA, além de verificar se os avisos
de advertência de choque elétrico e demais placas de informação, foram
108
colocados. Ainda na parte de segurança, a inspeção deve verificar se os painéis
fotovoltaicos, os bancos de baterias, a estrutura de suporte e bandejas para
retenção de ácido (se for o caso) estão corretamente instalados.
Observa-se também se a orientação e a inclinação do gerador fotovoltaico
está conforme o projeto e se os módulos e outras estruturas estão sem nenhum
dano. Assim, é de praxe averiguar o invólucro das baterias, que devem estar sem
vazamentos e as estruturas de suporte das bandejas que devem estar em ótimo
estado.
Se, por acaso, houver estruturas em telhados é preciso analisar se o peso
está adequado de acordo com a cobertura e se a mesma não está danificada.
Por fim, deve-se verificar se a limpeza e organização do local da instalação
estão perfeitas. (PINHO; GALDINO, 2014)
Documentação
A inspeção também é realizada sobre a documentação do projeto
verificando se estão contidas informações como a capacidade do sistema, a sua
localização, datas de instalação e comissionamento, características e capacidades
dos equipamentos principais.
Deve conter, além das informações sobre o projetista e do instalador do
sistema, a anotação de responsabilidade técnica (ART) e dados do proprietário do
sistema. Faz parte da documentação, os manuais de manutenção e operação e as
garantias dos principais equipamentos. No caso da potência instalada ser superior
a 75 kW, o documento deve conter o prontuário de instalações elétricas, conforme
especifica a NR 10. (PINHO; GALDINO, 2014)
Além dos dados do sistema, a documentação deve incluir os diagramas
unifilares, os quais devem abordar as especificações gerais do arranjo fotovoltaico,
informações da série fotovoltaica, detalhes elétricos do arranjo fotovoltaico,
aterramento e proteção contra sobretensão e diagramas sobre o sistema CA.
Ensaios e testes
Outro processo é o de testes operacionais, mecânicos e elétricos, no qual
os sistemas de seccionamento devem permanecer fechados, diferente do
processo anterior de inspeção visual.
O processo consiste em realizar uma série de testes e medições para
verificar se o sistema está comportando como o esperado.
Verifica-se a continuidade dos circuitos de aterramento e
equipotencialização e faz-se o ensaios de resistência de isolamento dos circuitos
CC. Também devem ser incluídos nesse processo, a análise da polaridade do
109
gerador fotovoltaico e a medição da curva IxV do gerador fotovoltaico.
(PINHO;GALDINO, 2014)
Deve-se analisar se a operação do sistema está conforme o esperado.
Para isso pode ser realizado o teste de qualidade de energia, analisando
basicamente a distorção harmônica de corrente e o fator de potência no lado CA
do sistema. Além disso, em relação aos parâmetros elétricos, é apropriado
certificar-se que a tensão e a frequência do inversor estão em acordo com as
especificações das cargas e/ou da rede elétrica. Este processo deve ser repetido no
controlador de carga das baterias (se houver), porém analisando sua corrente.
Para sistemas de grande porte, deve-se realizar também a avaliação de
desempenho (performance ratio) e tem como objetivo analisar o comportamento
dos principais componentes do sistema para estimar parâmetros anuais de
desempenho, bem como a produção de energia. Esses dados são relevantes para
investidores e operadores do sistema.
Por fim, faz-se a averiguação de pontos quentes nos módulos, caso ocorra
e não tiver sombreamento, o módulo deve ser trocado. Além de analisar a
temperatura dos módulos, deve ser analisado se as temperaturas de operação do
controlador, inversor e baterias estão conforme foi informado pelo fabricante ou
pelo projeto.
A NBR 16274 agrupa todos estes procedimentos descritos acima segundo
categorias. Assim, a Categoria 1 fica com conjunto padrão de ensaios que deve ser
aplicado a todos os sistemas. Engloba:
● Ensaio dos circuitos CA;
● Continuidade da ligação à terra;
● Ensaio de Polaridade;
● Ensaio da série fotovoltaica (curto-circuito ou operacional);
● Ensaio da tensão de circuito aberto das séries fotovoltaicas;
● Ensaios Funcionais;
● Ensaio de resistência de isolamento dos circuitos CC.
Já a Categoria 2, seria a sequência expandida de ensaios que assume que
todos os ensaios da Categoria 1 já foram realizados. Destina-se a sistemas maiores
ou mais complexos e englobam o Ensaio de curva IxV da série fotovoltaica e a
Inspeção com câmara infravermelha.
Por fim, a NBR 16274, define como Ensaios Especiais os procedimentos de
verificação de Tensão ao Solo – sistemas com aterramento resistivo; do ensaio do
diodo de bloqueio; do ensaio de resistência de isolamento úmido e a avaliação de
sombreamento .
110
Fonte: HT Instruments
Figura 1 – Equipamentos para ensaios e testes do sistema fotovoltaico.
Relatório
Após toda a inspeção, um relatório de comissionamento deve ser feito e
apresentado, contendo o período do comissionamento, a data do relatório,
assinaturas dos responsáveis do projeto e do responsável pelo comissionamento.
Devem constar todos os processos citados nesse tópico com os resultados,
descrição de eventuais erros encontrados e possíveis soluções dos testes feitos e
uma estimativa sobre algum problema que pode chegar a ocorrer.
(PINHO;GALDINO, 2014)
LIMPEZA
A poeira, fezes de aves ou outros tipos de sujeira podem acabar
prejudicando a geração de energia de um sistema fotovoltaico, visto que podem
causar sombreamento pontuais. Assim, é preciso realizar uma limpeza dos painéis
com água, com o auxílio de uma esponja macia que não cause riscos no painel. Em
alguns casos pode ser utilizado o sabão neutro, porém é muito arriscado pois
pode causar reações químicas indesejadas. Além disso, o processo de limpeza
deve ser realizado com o sistema desligado e com o módulo frio.
Dependendo do local e da frequência de chuvas a limpeza pode ser
semanal, mensal ou até anual. Em casos em que o sistema esteja instalado em
locais próximos de construções ou com muita incidência de poeira e/ou poluição,
a limpeza pode ser até semanal. Já em locais de pouca incidência de poeira ou
então com muitas chuvas, a limpeza é casualmente realizada entre 3 ou 4 meses,
chegando a ser anual em alguns casos. (PINHO;GALDINO, 2014)
111
MANUTENÇÃO PREVENTIVA/CORRETIVA
A manutenção preventiva ou corretiva de um sistema garante que o seu
funcionamento será adequado, sem perdas significativas de eficiência. Assim, a
NBR 16274 recomenda que o sistema seja passado por uma inspeção periódica,
garantindo que problemas sejam detectados a tempo de não influenciar na
operação do sistema.
Manutenção Preventiva
A manutenção de módulos fotovoltaicos costuma ser coberto pela
garantia, sendo ela no período de 5 a 10 anos para problemas de fabricação e 25
anos para rendimento especificado.
A manutenção dos módulos fotovoltaicos consiste em verificar se os
módulos estão limpos, se as células não possuem descoloração ou algum risco, se
a fixação e dispositivos de proteção do painel estão adequados e se não possui
corrosão.
Também deve ser verificado a tensão de circuito aberto e corrente de
curto-circuito, levando em conta os procedimentos de segurança previstos na NR
10. (PINHO;GALDINO, 2014)
Através de uma câmera termográfica infravermelha é possível detectar
pontos quentes (hot spots) no módulo, caso seja detectado é preciso analisar se
não existe sombreamento, sujeira, ou célula com algum defeito, seja ele de
polarização inversa ou na solda dos condutores ou erro no diodo de desvio. Caso
ocorra no módulo inteiro é possível que o mesmo não esteja instalado
corretamente. A irradiação solar deve ser superior a 600 W/m² e a inspeção pode
ser tanto na parte frontal do módulo quanto na traseira. A câmera também pode
verificar se ocorrem temperaturas elevadas nos cabos e conexões que podem ser
frutos sobrecarga ou mau contato, precisando assim ser corrigido.
(PINHO;GALDINO, 2014)
Em sistemas autônomos, um dos componentes que causam mais
problemas é a bateria. Elas possuem vida útil menor e ainda precisam de mais
manutenção que o sistema. Baterias que necessitam de troca água, (por exemplo
as abertas, as OPzS, entre outras) precisam de uma atenção maior pois, é
necessário certificar-se que o nível da água e a densidade do eletrólito estão
adequados para não diminuir a sua vida útil. Dependendo das condições do
ambiente, de uso e do estado da bateria, a verificação da água pode ser de seis
meses a um ano.
O local onde as baterias ficarão deve ter uma ventilação apropriada, os
furos ou abertura no compartimento devem estar abertos, porém com uma tela
112
para proteção contra insetos, animais pequenos e vegetação. Outros cuidados
devem ser tomados em relação a bateria tais como limpeza, verificação do
desempenho, suas condições e aperto de conectores. No caso de banco de
baterias deve ser analisado a tensão de cada bateria e tensão total no banco, além
da densidade de cada bateria. Para a medir a carga da bateria deve se ter o maior
cuidado para não prejudicar o controlador de carga, o processo deve ser realizado
desconectando a carga, depois o gerador fotovoltaico e só assim desconectar o
banco de baterias. É recomendável que seja realizado o processo depois de um dia
ensolarado, pois assim garante-se que as baterias estarão totalmente carregadas.
(PINHO;GALDINO, 2014)
Os componentes de condicionamento de potência como os inversores,
conversores de corrente contínua para contínua, controladores de cargas e de
bombas devem ser inspecionados conforme as especificações do fabricante para o
seu perfeito funcionamento. Em situações que o equipamento apresentar alguma
falha é preciso que o mesmo seja retirado para análise e assim substituído. A
inspeção deve verificar se as conexões não estão corroídas ou se existem insetos
ou qualquer outra sujeira no compartimento dos equipamentos de potência.
No inversor deve se verificar a frequência, tensão e distorção harmônica
total da tensão de saída com carga máxima e sem carga para garantir que ele
esteja alimentando as cargas de corrente alternada. O mesmo deve se fazer tanto
para o lado de corrente contínua como para o lado de corrente alternada.
Outros equipamentos e dispositivos como os cabeamentos e dispositivos
de segurança devem ser analisados também. A análise deve certificar se estão em
funcionamento perfeito, sem danos ou com conexões ruins. No caso de
segurança, deve-se verificar se os dispositivos não estão danificados. Também
deve verificar se tem curtos-circuitos nos cabos condutores e se ocorreu o
chamado falta à terra, quando o cabo condutor encosta na carcaça ou em algum
condutor metálico. Certificar se todo o sistema elétrico está devidamente
aterrado. Atestar se os cabos não estão com falhas no isolamento, principalmente
nas dobras e nos pontos de conexão. Certificar se as caixas de controle e junção
estão em perfeito estado, no caso de ocorrer algum evento climático, verificar se
não agrediu a caixa e se não está com água, caso o evento for uma tempestade.
(PINHO;GALDINO, 2014)
Verificar se os dispositivos responsáveis por fornecer informações e dados
do sistema estão em funcionamento adequado.
Manutenção Corretiva
Diferente da manutenção preventiva, a corretiva consiste em consertar
falhas já ocorridas e assim prevenir que aconteçam novamente. Além disso, a
113
manutenção corretiva realiza a troca de equipamentos com defeitos de fabricação,
olhando sempre se o equipamento está na garantia para acioná-la caso for
necessário. No caso de não estar na garantia, deve-se planejar o orçamento para a
manutenção do sistema. (BALFOUR; SHAW; NASH, 2016)
MONITORAMENTO
Em um sistema sem um monitoramento completo, a identificação de um
problema pode demorar muito tempo, ultimamente a tecnologia tem avançado
cada vez mais nessa área de testes e monitoramento ajudando a reconhecer um
problema mais rápido. Em alguns casos, as informações oferecidas pela
concessionária não são suficientes para a inspeção e nem sempre o proprietário
realiza uma vistoria.
Existem alguns monitoramentos comumente usados hoje em dia,
facilitando o acesso frequente dos dados, por exemplo, como a maioria dos
inversores possui um controle acoplado ao equipamento, as informações podem
ser obtidas no sistema e, para alguns itens é colocado alarmes que são disparados
se ocorrer alguma falha. Outro monitoramento possível é o remoto, no qual o
instalador acompanha os dados através da internet fazendo com que o
proprietário tenha menos trabalho para ficar verificando o sistema. (BALFOUR;
SHAW; NASH, 2016)
Para maiores informações, ver o capítulo 3.
REFERÊNCIAS
[1] PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antonio (Org.). Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: Cepel-cresesb, 2014.
[2] BALFOUR, John; SHAW, Michael; NASH, Nicole Bremer. Introdução ao projeto
de sistemas fotovoltaicos. Rio de Janeiro: Ltc, 2016.
114
9. DEMAIS SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
Características
Durante as horas do dia o sistema fotovoltaico produz energia, parte da
energia gerada pelo sistema vai direto para as cargas (parte de cor rosa na figura
2) , entretanto outra parte é utilizada para carregar completamente as baterias
(cor roxa na figura 2) para uso nas cargas críticas ou em momentos de
indisponibilidade da energia solar, como a noite por exemplo (cor azul na figura 2).
Se o dia estiver ensolarado e o consumo próprio baixo, a energia excedente é
jogada na rede (cor cinza na figura 2).
115
Figura 2 - Curva de carga do sistema híbrido. Fonte: Adaptado de Sharp Co.
SISTEMA HÍBRIDO
No inverno a energia solar disponível pode ser insuficiente para atender o
consumo de eletricidade de uma residência, entretanto no verão temos a situação
inversa. Dessa forma, surgiu no mercado de sistemas fotovoltaicos a ideia de que
a combinação com uma outra fonte de energia, poderia constituir uma boa
solução para manter os níveis de produção. [4]
Qualquer sistema fotovoltaico que integre hidroturbinas ou turbinas
eólicas ou até mesmo geradores a diesel é considerado um sistema híbrido. Isso
quer dizer que o sistema utiliza mais de um método para criar eletricidade. [2]
A combinação com um gerador eólico (ver figura 3)poderá ser uma ótima
solução caso exista constância de ventos na região, além de um espaço sem
prédios nem árvores na área circundante. A energia solar e a energia eólica
podem com muita frequência complementarem-se entre si. [4]
116
Figura 3 - Esquema eléctrico de uma instalação híbrida com gerador eólico
117
Os sistemas híbridos em alguns casos não são uma opção econômica para
os sistemas conectados à rede. Porém, os sistemas híbridos são uma ótima
escolha quando se projeta sistemas de energia independentes, visto que podem
ser combinados dois ou mais fontes de energia para suprir as cargas. [2]
1
Microssistema Isolado de Geração e Distribuição de Energia Elétrica - MIGDI
118
banco de baterias, fazendo com que seja minimizado os custos de operação e
manutenção. [3]
A figura 5 mostra um diagrama básico de um sistema isolado híbrido
Fotovoltaico-Eólico-Diesel, onde a carga representada pode ser uma minirrede
com as unidades consumidoras de uma comunidade.
120
possa também alimentar um refrigerador. Outros eletrodomésticos encontrados
geralmente nas comunidades são: ventilador, aparelho de som, carregador de
celular, liquidificador ou similar para bater polpas. [3]
REFERÊNCIAS
[1] PORTALSOLAR (São Paulo). Como funciona o sistema fotovoltaico com
backup de baterias. Disponível em: <http://www.portalsol ar.com.br/blog-
solar/energia-solar/como-funciona-o-sistema-fotovoltaico-com-back-up-de-
baterias.html>. Acesso em: 20 julho 2017.
[3] PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antonio (Org.). Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: CEPEL-CRESESB, 2014.
121
10. SEGURANÇA DO TRABALHO
NR 10
A norma regulamentadora estabelecida pelo Ministério do Trabalho e
Emprego, denominada NR 10, consiste em designar condições e exigências
mínimas para a segurança e saúde dos trabalhadores que trabalham com
instalações elétricas ou qualquer serviço que envolve a eletricidade,
implementando sistemas de prevenção e medidas de controle.
A NR 10 abrange desde a geração até a manutenção das instalações
elétricas, incluindo a transmissão, distribuição, construção, montagem, operação e
consumo, além de trabalhos realizados próximos a essas áreas, aplicando-se
normas técnicas de acordo com os órgãos responsáveis.
Podemos citar como elemento fundamental da NR 10 as medidas de
controle, a qual determina que uma empresa, responsável por executar os
serviços de instalações elétricas, deve incluir as medidas de prevenção contra os
riscos elétricos nas iniciativas da empresa, visando a segurança e saúde do
trabalhador. Além disso, a empresa deve manter os diagramas unifilares
atualizados, que devem especificar o nível de curto-circuito e as informações do
sistema de aterramento e outros equipamentos para a proteção. (NR 10, 2016)
Em estabelecimentos que possuem cargas superiores a 75 kW tem como
dever apresentar um Prontuário com informações sobre os procedimentos,
orientações técnicas e administrativas sobre a saúde e a segurança, além de
especificar sobre os equipamentos, ferramentais, individuais ou coletivos de
proteção. O prontuário também deve conter documentos com dados do
aterramento elétricos e sistemas de proteção contra descargas atmosféricas,
comprovantes de autorização, capacitação, qualificação, habilitação e dos
treinamentos executados pelos trabalhadores. Resultados de ensaios, como o
teste de qualificação dos equipamentos de proteção, devem ser incluídos no
prontuário e também relatórios acerca das supervisões devem estar atualizados
com cronogramas de adequações e recomendações. Para cada tipo de empresa é
especificado um prontuário adequado. Os mesmos devem ser realizados por
profissionais legalmente habilitados, de acordo com a NR 10 (2016).
A NR 10 abrange as medidas de proteção coletiva, que visam a proteção e
segurança dos trabalhadores nas atividades que serão desenvolvidas, como
exemplo, “a isolação das partes vivas, obstáculos, barreiras, sinalização, sistema de
seccionamento automático de alimentação, bloqueio do religamento automático”
(NR 10, 2016). Especifica também medidas de proteção individual, como
vestimentas adequadas para o trabalho, com inflamabilidade, condutibilidade e
influências eletromagnéticas adequadas. (NR 10, 2016)
122
A NR estabelece que um projeto elétrico deve englobar medidas de
segurança nos equipamentos, como o de garantia que o circuito não irá ser
reenergizado, para isso deve-se instalar um dispositivo de seccionamento de ação
simultânea; e medidas de segurança para os trabalhadores, como o de garantir
um espaço seguro para a manutenção e construção. (NR 10, 2016)
O projeto deve estabelecer uma representação da configuração do
aterramento e de outros equipamentos de proteção, tal como a conexão entre o
condutor neutro e o de proteção (PE), e a ligação à terra das peças metálicas. (NR
10, 2016)
Em relação a segurança na construção, montagem, operação e
manutenção, os equipamentos utilizados devem estar devidamente adequados à
segurança do funcionário, aqueles que possuem isolamento, deve ser verificado se
é compatível com a tensão aplicada no local do seu manuseio, além de serem
testados. Locais de riscos, como por exemplo, risco de explosão, altura,
confinamento, entre outros, devem ser sinalizados e locais de serviços elétricos
não podem ser usados para guarda objetos. A empresa é responsável por garantir
ao funcionário um local de iluminação adequado, e uma posição apropriada de
trabalho. (NR 10, 2016)
Para atuar em instalações elétricas energizadas, os trabalhadores devem
ser especializados e com experiência de acordo com a tensão. Ao implementar
tecnologias novas ou ao fazer uma nova instalação, deve-se, sempre que possível,
desenergizar o circuito e analisar os riscos novamente. Quando ocorre algo ou
uma condição não prevista de riscos, o operador deve suspender as atividades
naquele local, caso não seja possível um controle imediato. (NR 10, 2016)
NR 35
A Norma Regulamentadora NR 35 determina medidas de segurança para
trabalhos realizados em alturas acima de dois metros, tais medidas vão desde o
planejamento até a execução do trabalho, assegurando assim a saúde e segurança
do trabalhador.
O empregador deve realizar análises de risco e aplicar as medidas
necessárias para a segurança do funcionário, além disso a empresa deve manter o
trabalhador informado sobre os riscos e medidas de controle acerca de suas
atividades. O trabalhador também deve cumprir com os procedimentos de
segurança de sua empresa e, ao se submeter a uma condição de risco, o
funcionário tem o direito de suspender suas atividades comunicando à empresa
sobre o risco. (NR 35, 2016)
A empresa deve oferecer capacitação para os funcionários que irão
trabalhar em altura, com uma carga horária mínima de oito horas, na qual deve
123
ser informado sobre os regulamentos e normas cabíveis ao serviço realizado em
altura, além de instruir sobre os equipamentos e dispositivos de segurança e
proteção, apresentar sobre os acidentes possíveis em altura e ensinar sobre os
primeiros procedimentos de emergência caso ocorra um. (NR 35, 2016)
O empregador deve oferecer ao funcionário exames médicos para
garantir que ele está apto a trabalhar em altura. A empresa tem o compromisso
desenvolver procedimentos para a execução, como por exemplo, detalhes sobre o
trabalho a ser realizado, providenciar os equipamentos de proteção individual
e/ou coletiva, entre outros definidos pela NR 35. (NR 35, 2016)
O trabalhador deve usar sistemas de proteção contra queda seguindo as
condições previstas pela norma, sendo adequado para o seu serviço e revisado
por profissionais adequados. No caso dos dispositivos a serem utilizados, deve-se
consultar as normas técnicas nacionais se os mesmos podem ser reutilizados, os
equipamentos também devem ser adequados ao peso e altura da pessoa, além de
suportar a força da queda. (NR 35, 2016)
REFERÊNCIAS
[1] MINISTÉRIO DO TRABALHO. NR 10: SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS
EM ELETRICIDADE. 2016. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/
images/Documentos/SST/NR/NR-10-atualizada-2016.pdf>. Acesso em: 25 ago.
2017.
124
ANEXO 1 - BATERIAS
INTRODUÇÃO
Na instalação de sistemas fotovoltaicos isolados da rede elétrica é comum
a utilização de dispositivos de armazenamento de energia para que seja atendido
a demanda em períodos onde a geração é nula ou insuficiente, sendo observado
tal situação à noite ou em dias chuvosos ou nublados, com baixos níveis de
irradiação solar. Dessa forma, a energia solar convertida em energia elétrica pelos
módulos durante o dia é armazenada para ser utilizada em outros momentos. [1]
É possível observar que alguns sistemas fotovoltaicos conectados à rede
também possuem baterias, para o caso de operação ilhada do sistema de geração,
caso ocorra falta da energia da rede elétrica. Sistemas dessa forma são
encontrados na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, para o caso de micro e
minigeração, regulamentado pela RN 482/2012 (ANEEL, 212b) não há
regulamentação pressupondo este tipo de operação e as distribuidoras não o
aceitam, sendo exigido, proteção para desligamento da geração em casos de
ilhamento. [1]
Existem diversas formas de armazenamento de energia, tais como campo
elétrico (supercondutores), campo magnético (indutores com supercondutores,
SMES – Superconducting Magnetic Energy Storage), energia mecânica (volantes de
inércia - flywheels, ar comprimido, bombeamento de água), vetores energéticos
(como o Hidrogênio) etc. no entanto a bateria eletroquímica é o dispositivo mais
usado em sistemas fotovoltaicos isolados, visto que a mesma é considerada uma
forma conveniente e eficiente de armazenamento de energia elétrica. [1]
A bateria é um conjunto de células ou vasos eletroquímicos, conectados
em série e/ou em paralelo, que armazenam energia elétrica na forma de energia
química através de um processo eletroquímico de oxidação e redução que
acontece no seu interior. Quando uma bateria carregada é conectada a uma carga
elétrica, ocorre o processo reverso, isto é, uma corrente contínua é produzida pela
conversão de energia química em energia elétrica. [1]
As baterias são classificadas, de acordo com o tipo de célula que as
compõem, em recarregáveis e não recarregáveis. Há dois tipos básicos de células:
as primárias e secundárias.
As baterias que são compostas por células primárias podem ser utilizadas
apenas uma vez, assim, estas baterias são conhecidas como não recarregáveis.
Quando as células primárias se descarregam totalmente, sua vida útil acaba e a
mesma deve ser descartada. As baterias não recarregáveis são geralmente
utilizadas como fonte de energia de baixa potência. No mercado é possível
125
encontrar baterias constituídas de células primárias que admitem recargas leves.
[1]
Já as células secundárias compõem as baterias recarregáveis, isto é, as
baterias que podem ser carregadas com a utilização de uma fonte de tensão ou
corrente, e assim podendo ser reutilizada várias vezes. São corriqueiramente
conhecidas como “acumuladores“ ou “baterias de armazenamento” e são as que
satisfazem os sistemas fotovoltaicos. [1]
Dos vários tipos de baterias eletroquímicas existentes, a bateria de
Chumbo-ácido (Pb-ácido) continua sendo a tecnologia mais utilizada. Baterias com
tecnologias mais modernas, tais como Níquel-Cadmio (NiCd), Níquel-hidreto
metálico (NiMH), íon de Lítio (Li-ion), dentre outras, embora apresentando
vantagens (maior eficiência, maior vida útil, maior profundidade de descarga),
geralmente não são ainda economicamente viáveis na maioria dos sistemas
fotovoltaicos. A tabela 1 mostra as principais características de alguns tipos de
baterias recarregáveis disponíveis comercialmente. [1]
Tabela 1 – Dados técnicos de catálogos de baterias recarregáveis disponíveis
comercialmente. Fonte: [1]
126
● As baterias trazem o risco de choque elétrico se forem manipuladas
inadequadamente. [2]
As baterias de chumbo-ácido produzem gás hidrogênio sob algumas
condições. O gás hidrogênio é explosivo e deve ser ventilado adequadamente. As
baterias seladas não são exceção.
O hidrogênio é uma molécula leve e difícil de controlar. O volume criado
pela bateria depende dos seguintes fatores:
● Corrente de carga;
● Tensão;
● Tamanho do banco de baterias;
● Temperatura da bateria;
O hidrogênio pode se acumular rapidamente. É recomendado que seja
seguido todas as recomendações do fabricante quanto ao modo de ventilação
adequada do banco de baterias. A utilização de controladores de carga não
diminui a produção de hidrogênio e assim não exclui a ventilação. [2]
Recomenda-se também que não se coloque dispositivos que sejam
capazes de iniciar uma centelha no mesmo ambiente não ventilado ou pouco
ventilado de uma bateria. É preciso considerar a recomendação acima no projeto e
no posicionamento do equipamento no caso de:
● Controladores de carga;
● Relés;
● Interruptores;
● Outros equipamentos;
127
dedicada às baterias que permaneça trancada são as melhores opções para
proteção.
PERIGOS
Em grande parte das baterias é possível observar a formação de uma
película de eletrólitos ácidos ou cáusticos em cima ou em volta da mesma. O
contato desses eletrólitos com a pele provoca queimaduras químicas graves. Além
do eletrólito causar risco de choque, pois é um condutor de eletricidade. [2]
A limpeza esporádica da bateria e da área circundante reduz os riscos. É
de extrema importância a utilização de agentes de limpezas adequados. Sendo
que este depende do tipo de bateria utilizada. [2]
As luvas sempre devem ser utilizadas pelo técnico que faz a limpeza, além
da utilização de proteção dos olhos. O equipamento de proteção a ser utilizado
durante a manutenção das baterias de armazenamento inclui luvas; máscara facial
e avental de borracha.
Uma solução lava-olhos ou uma estação de lava-olhos autocontida devem
estar à mão se o local de trabalho não tiver uma estação integrada. Caso ocorra o
acidente de receber ácido ou eletrólito nos olhos a pessoa deve enxaguar bem
com água e procurar ajuda médica urgentemente.
As graxas e sprays de terminal de bateria protegem contra corrosão. Isso
diminui a necessidade de manutenção da bateria. Outro fator que diminui o
acúmulo de eletrólitos no exterior da bateria é o uso de controladores de carga
que mantém a tensão da bateria abaixo da gama de gaseificação principal.
Os cabos flexíveis são permitidos entre as células de bateria e até a caixa
de ligação. Eles precisam ser resistentes a umidade e serem certificados para uso
em serviços pesados. Nem todos os terminais são produzidos para aceitar cabos
flexíveis. [2]
BATERIAS RECARREGÁVEIS
Como visto anteriormente, baterias recarregáveis são aquelas que
apresentam uma constituição química que permite reações reversíveis. Com o
auxílio de uma fonte externa, pode-se recuperar a composição química inicial e
deixá-la pronta para um novo ciclo de operação. De acordo com a aplicação, elas
podem ser classificadas como:
Automotivas - também conhecidas em língua inglesa como SLI (starting,
lighting, ignition), são baterias projetadas fundamentalmente para descargas
rápidas com elevadas taxas de corrente e com reduzidas profundidades de
descarga. Esta condição é típica na partida de motores de combustão interna. Tem
maior número de placas e estas placas são mais finas, em relação aos outros tipos.
128
Não são adequadas ao uso em sistemas fotovoltaicos, pois tem baixa vida útil para
operação em regime de ciclagem. [1]
Tração - indicadas para alimentar veículos elétricos como, por exemplo,
empilhadeiras, e são projetadas para operar em regime de ciclos diários com
descarga profunda e taxa de descarga moderada. Possuem liga de Chumbo com
alto teor de antimônio e apresentam alto consumo de água. [1]
Estacionárias - são direcionadas tipicamente para aplicações em que as
baterias permanecem em regime de flutuação e são solicitadas ocasionalmente
para ciclos de carga/descarga. Esta condição é típica de sistemas de nobreak ou
UPS. Tem baixo teor de antimônio e baixo consumo de água. [1]
Fotovoltaicas - são projetadas para ciclos diários de profundidade rasa a
moderada com taxas de descarga reduzidas e devem suportar descargas
profundas esporádicas devidas à ausência de geração (dias nublados).
As baterias recarregáveis também podem ser diferenciadas quanto à
forma de confinamento do eletrólito em:
Baterias abertas - também denominadas algumas vezes de ventiladas. São
baterias que necessitam de verificação periódica e eventual correção do nível do
eletrólito. Seu eletrólito é líquido e livre (não é confinado no separador) e, por esta
razão, devem trabalhar na posição vertical. As baterias Chumbo-ácido desta
tecnologia são denominadas em língua inglesa de FLA – flooded lead acid, ou de
FVLA – free vented lead acid, ou ainda apenas de VLA. [1]
Baterias seladas - possuem o eletrólito confinado (absorvido) no
separador ou sob a forma de gel. Elas também são conhecidas como “livres de
manutenção” porque não necessitam de adição de água. As baterias chumbo
ácido desta tecnologia são denominadas em língua inglesa de VRLA – valve
regulated lead acid, sendo que, quando o eletrólito é absorvido numa manta de
vidro porosa que serve de separador, são denominadas AGM – absorbed glass
matt.
Os principais atributos para avaliação de baterias recarregáveis são:
densidade de energia (volumétrica ou por peso), eficiência, capacidade, vida cíclica,
taxa de autodescarga, reciclabilidade dos materiais e custo.
A eficiência das baterias recarregáveis depende de muitos fatores, dentre
os quais se destacam: estado de carga, temperatura de operação, taxas de carga e
descarga, além da idade.
Os fatores mais importantes que afetam o desempenho, a capacidade e a
vida útil de qualquer bateria recarregável são: profundidade de descarga (por
ciclo), temperatura, número de ciclos, controle da carga/descarga e manutenção
periódica. [1]
129
REFERÊNCIAS
[1] PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antonio (Org.). Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: CEPEL-CRESESB, 2014.
130