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Resenha crítica

Ewerton B. Tokashiki

A obra Raízes da Teologia Contemporânea é um livro que


se propõe analisar a relação de alguns movimentos teológicos
que contribuíram para a formação da teologia do século 20. A
proposta das raízes estabelece que a intenção do autor não é
expor cada pensador, ou escola teológica do século 20, mas de
estudar como eles surgiram. O texto é uma introdução, não no
sentido de apresentar superficialmente cada tema, mas de
oferecer como uma análise dos movimentos teológicos e
filosóficos que antecederam e que criaram o contexto mais
amplo da teologia contemporânea. Nenhuma “teologia” surgiu
no vácuo das idéias. Não há algo como uma neutralidade de
pensamentos que surgem ex nihil, mas todo movimento
emerge como uma implicação de sementes que foram postas
em tempos anteriores e que tiveram adubo cultural suficiente
para que pudessem germinar em solo apropriado. Assim, o
autor confessa que “partimos do pressuposto de que a Teologia
Contemporânea está ligada às contribuições iluministas” e que
o Iluminismo “tem as suas origens próximas e remotas, ligadas
a outras manifestações filosóficas, cientificas, econômicas e
teológicas, que foram efeito-causa-efeito dos fenômenos
históricos.”1

O corte histórico para se começar a estudar a Teologia


Contemporânea dá-se início no período da Reforma Protestante
do século 16. A definição de teologia contemporânea é
sugestiva para se estabelecer o seu escopo: “é o estudo
analítico-crítico das manifestações surgidas após a Reforma e,

1
Hermisten M.P. da Costa, Raízes da Teologia Contemporânea (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2004), pp. 24-
25.
2

em geral, contrárias ao sistema dela.”2Na introdução é


declarado que o livro também se limita a não estudar a teologia
católica, assim, temos um grande grupo de teólogos deixados
de lado, bem como alguns movimentos pós-tridentinos não são
considerados em sua relação com o protestantismo moderno,
especialmente na sua agridoce relação com o anglicanismo.

No capítulo 1, o autor inicia o seu texto com uma


abordagem histórica do Renascimento e do Humanismo e como
contribuíram para a formação do pensamento moderno.
Surgindo no fim da Idade Média, ambos movimentos
libertaram o indivíduo do jugo católico, oferecendo o ambiente
universitário para questionar a estrutura romanista
desenvolvida durante todo aquele período de obscuridade e
opressão. O Dr. Hermisten observa que “o Renascimento –
apesar de ser uma decorrência da Idade Média – veio implodir
a Idade Média e muito dos seus valores”. 3 O sentimento de
ansiedade criado pela insuficiência da provisão dos cuidados e
teologia sacramental do catolicismo despertou na sociedade a
busca por algo que oferecesse respostas seguras ao clima de
angústia e desespero que a Europa vivia diante das guerras,
epidemias e da instabilidade social. Não há um consenso
absoluto da relação entre o Renascimento e o Humanismo,
entretanto, o autor propõe que “o Humanismo foi, de certa
forma, a filosofia do Renascimento”. 4 Todavia, o movimento
somente pode progredir com a invenção da imprensa,
provendo a divulgação das idéias pela escrita e dispondo uma
ampla circulação de diferentes questionamentos. O
teocentrismo medieval foi substituído pelo antrocentrismo
humanista renascentista, assim, este cambio de eixo mudou
toda a orientação escolástica.

O capítulo 2 dedica aproximadamente 1 ¼ do livro ao


estudo da Reforma do século 16, e mais especificamente a

2
Hermisten M.P. da Costa, Raízes da Teologia Contemporânea, p. 15.

3
Hermisten M.P. da Costa, op. cit., p. 43.

4
Hermisten M.P. da Costa, op. cit., p. 49.
3

análise da pessoa e obra do reformador João Calvino. Isto


demonstra o respeito e dependência do autor, em sua
percepção, da influência e contribuição intelectual do
reformador francês para o pensamento moderno. A relação da
Reforma com o Humanismo é óbvia: os reformadores eram
humanistas, todavia, cristãos. Não criam que a necessária
reforma que a sociedade precisava eram meramente o
enaltecer das virtudes humanas, mas a restauração do ser
humano como imagem de Deus, em Cristo Jesus; isto envolve a
centralidade da Escritura Sagrada como revelação da vontade
de Deus.

No capítulo 3, é realizada uma análise do pensamento


moderno em sua relação da filosofia, a ciência moderna e a sua
influência na teologia. É afetada a estreita ligação que a
filosofia tem com a teologia, que existia desde o inicio do
cristianismo, bem como a ciência que teve a sua origem na
mentalidade bíblica, agora a despreza. Presume-se que a Era
da Razão chega a sua maioridade e Deus torna-se uma
hipótese desnecessária.

No capítulo 4, a ortodoxia protestante é definida como


sendo “estar de acordo com os princípios da Reforma”. 5 Deste
modo, novamente percebe-se o compromisso do autor em
manter-se na sua perspectiva calvinista como referência de
intérprete da história e dos movimentos. Este período, entre os
protestantes, foi marcado pela sua rigidez doutrinária,
cristalizada pelas confissões e catecismos escritos. Vários
fatores contribuíram para este movimento, como a educação
humanista rígida, várias controvérsias entre os protestantes, a
dependência e confiança na razão, e o zelo por preservar a
identidade confessional de cada segmento, especialmente
entre luteranos e calvinistas.

O capítulo 5 analisa o despertamento espiritual promovido


pelo movimento alemão conhecido por Pietismo. O objetivo do
Pietismo era promover uma reforma na espiritualidade

5
Hermisten M.P. da Costa, op. cit., p. 235.
4

luterana, que se encontrava indiferente com a teologia viva e


com a pregação acompanhada por um testemunho cristão
contagiante pela experiência religiosa. O movimento influência
a missão cristã, especialmente entre os morávios, e
conseqüentemente, o jovem John Wesley. O autor faz a ponte
da influência do Pietismo sobre o presbiterianismo norte-
americano e o surgimento do Princeton Theological Seminary.

O capítulo 6 é o menor de todos, e nele o Iluminismo é


estudado no contexto do século 18. Este período foi marcado
de forma permanente por este movimento filosófico, que
abalou a credibilidade da teologia. As implicações finais do
humanismo do século 16 são levadas as suas últimas
conseqüências no Iluminismo. O autor comenta que o
Iluminismo sustentava que “o homem é a medida de todas as
coisas e a razão é o seu instrumento de medição; é o cânon da
verdade.”6

No último capítulo está a análise do Liberalismo


Teológico, que é a transição para adentrar o século 20, onde
ocorre os movimentos da Teologia Contemporânea. O
Liberalismo Teológico é filho de um adultério do Iluminismo
com o cristianismo, e a sua dependência do Renascimento é
maior do que da Reforma do século 16. A influência do
Iluminismo foi abrangente, de modo que a religião passou a ser
considerada um sentimento vazio da verdade divinamente
revelada. O sobrenatural tornou-se uma idéia intolerável e a
religião de origem divina vista como insustentável, e todas as
áreas do cristianismo foi alvo de críticas, até mesmo por
teólogos cristãos. É neste contexto de descrédito que o
Liberalismo Teológico é pego de surpresa diante de duas
grandes guerras mundiais, e então, surge a neo-ortodoxia
liderada por Karl Barth, sendo ele mesmo ex-aluno de teólogos
liberais.

Os adendos são pequenos artigos finais que


complementam a obra. Embora, penso que alguns deles

6
Hermisten M.P. da Costa, op. cit., p. 281.
5

poderiam ser inclusos no corpo do texto enriquecendo a


argumentação, em vez de serem postos como anexos de
esclarecimento. Digno de nota é o artigo “A Reforma
Pombalina” que demonstra como o Iluminismo afetou o Brasil
durante o século 18 e 19, e análise de alguns fatores que
contribuíram para a tolerância religiosa.

A estrutura do livro segue uma ordem cronológica e


temática. A partir da história o autor realiza um estudo
sociológico a partir das premissas de cada movimento,
descrevendo as suas características e principais pensadores. É
uma obra bem documentada resultado de pesquisa
comprometida com as fontes.

A identidade teológica do autor é claramente reformada.


Não há dubiedade quanto as suas convicções e compromisso
com a perspectiva calvinista.

COSTA, Hermisten M.P. da, Raízes da Teologia Contemporânea


(São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2004).

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