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SUPORTE BÁSICO

DE VIDA

UNIDADE 3
Ritmos cardíacos de
parada cardiorrespiratória
e desfibrilador externo
automático

Isabel Karolyne F. Costa


José Eugênio Lopes Leite
Manuela Pinto Tibúrcio
OBJETIVOS

--Identificar os principais ritmos de PCR.


--Distinguir os ritmos chocáveis
dos ritmos não chocáveis.
--Definir o que é um DEA.
--Descrever os cuidados no uso do DEA.
--Executar corretamente o passo a passo
no uso do DEA.
--Operar o DEA em situações especiais.
--Coordenar ações entre RCP e DEA.
RITMOS CARDIÁCOS DE PARADA
CARDIORRESPIRATÓRIA E
DESFIBRILADOR EXTERNO
AUTOMÁTICO
O intervalo entre o colapso e a desfibrilação é um dos determinantes
mais importantes da sobrevivência à morte súbita com Fibrilação Ventri-
cular (FV) ou Taquicardia Ventricular Sem Pulso (TVSP). Nesta Unidade,
você vai entender um pouco mais sobre os ritmos de PCR e lhe daremos
subsídios para que você desenvolva habilidades no uso do DEA.

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AULA 1 - RITMOS CARDÍACOS DE
PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA
Como foi mencionado na unidade anterior, existem apenas quatro rit-
mos de PCR, e eles podem ser classificados em dois grupos: os ritmos
chocáveis, fibrilação ventricular (FV), taquicardia ventricular sem pulso
(TVSP) e o grupo dos ritmos não chocáveis, a atividade elétrica sem pulso
(AESP) e assistolia. Iremos ver agora que o tratamento elétrico, ou seja a
indicação de desfibrilação (choque) irá variar a depender do ritmo.

Para entendermos melhor o porquê dessa variação, precisamos conhe-


cer a função do choque. Você já se perguntou para que serve o choque
no coração?

No próximo tópico, esclareceremos um pouco mais sobre isso.

RITMOS CHOCÁVEIS
Fibrilação ventricular
A principal causa de PCR, no adulto, é a fibrilação ventricular (FV). Esse é
o distúrbio do ritmo cardíaco mais comum nos primeiros dois minutos
de PCR. A FV é um ritmo que evolui, rapidamente, para assistolia, caso
não sejam estabelecidas medidas de SBV.

A FV é um ritmo cardíaco caótico que se inicia nos ventrículos. Nesse


ritmo, não ocorre a despolarização organizada dos ventrículos fazendo
com que estes tremulem ao invés de se contraírem de forma efetiva.
Essa atividade caótica resulta na ineficiência total do coração em manter
um rendimento de volume sanguíneo adequado. No eletrocardiograma
(ECG), ocorre a ausência de complexos ventriculares individualizados
que são substituídos por ondas irregulares em zigue-zague, com ampli-
tude e duração variáveis.

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Figura 1 - Fibrilação ventricular, traçado no ECG e efeitos no miocárdio

Figura 2 - Fibrilação ventricular. Traçado evidenciando ondas irregulares


em ziguezague, com amplitude e duração variáveis

Dessa forma, o único tratamento disponível para o controle da FV é a


desfibrilação precoce. A principal causa de FV, em nosso meio, é o infarto
agudo do miocárdio (IAM). Nesse caso, além do IAM, devem ser lembra-
das as miocardiopatias, como a chagásica.

Taquicardia ventricular sem pulso


Agora, vamos entender um pouco sobre o outro ritmo “chocável”.
No que se refere à taquicardia ventricular sem pulso (TVSP), esta pode
ser definida como sendo a sucessão rápida de batimentos ectópicos
ventriculares, que podem levar à deterioração hemodinâmica, chegando

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à ausência de pulso arterial palpável. Dessa forma, ela deve ser tratada
com o mesmo rigor da FV, ou seja, com desfibrilação precoce.

A TVSP ocorre principalmente em indivíduos com doença arterial coro-


nariana, como isquemia miocárdica, apresentando-se com frequência
maior que 100 bpm e não superior a 220 bpm com complexos QRS maiores
que 0,12 segundos ou mais bizarro e serrilhado. Normalmente, a pessoa
apresenta como sinais e sintomas iniciais tontura, palidez, sudorese fria
e o clássico sinal do coração parecendo uma “batedeira” ou “britadeira”,
batendo muito acelerado, até que culmina com a inconsciência e ausência
de pulso central. Essas alterações eletrocardiográficas estão associadas
à ausência de pulso palpável, pois o tempo de enchimento das câmaras
do coração é muito pequeno.

Figura 3 - Taquicardia ventricular. Apresentam-se com frequência maior que 100


bpm, não superior a 220 bpm e com complexo QRS maior que 0,12 segundos

A TVSP deve ser tratada igual à FV, ou seja, com desfibrilação!


“Choque”! Para isso, você deve instalar o DEA assim que pron-
tamente disponível, mas não se preocupe em diagnosticar,
deixe esse papel para o DEA, você apenas precisará obedecer
aos seus comandos e apertar o botão de choque quando
solicitado! Não esqueça que imediatamente após o choque
deverá sempre realizar compressões torácicas!

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Não existe base científica que comprove a eficácia de qualquer
medicação antiarrítmica em reverter a FV/TVSP. As medicações
(vide curso de suporte avançado de vida) podem ser utilizadas
como auxiliares, facilitadoras para que o estímulo elétrico possa
reverter o ritmo para sinusal. Equivale a dizer que não se deve
retardar a aplicação de choque para a infusão de medicação.
A FV/TVSP são modalidades de PCR de melhor prognóstico e,
em princípio, os esforços de ressuscitação devem continuar
até que o ritmo deixe de ser FV/TVSP (ou porque reverteu para
sinusal, ou porque evoluiu para um ritmo terminal) (AHA, 2015;
PAIZIN FILHO et al., 2015).

RITMOS NÃO CHOCÁVEIS


Atividade elétrica sem pulso
Agora vamos conversar um pouco sobre um dos ritmos não chocáveis.
Neste tópico, iremos abordar a Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP).

Sobre o termo AESP, foram agrupados todos os outros possíveis ritmos car-
díacos que podem ser identificados numa PCR, excluídos apenas FV/TVSP e
a assistolia. Pode compreender ritmos bradicárdicos ou taquicárdicos, com
complexo QRS estreito ou alargado, sinusal, supraventricular ou ventricular.

Figura 4 - AESP no traçado do ECG

O importante é identificar que, apesar de existir um ritmo organizado


no monitor, não existe acoplamento do ritmo com pulsação efetiva (com
débito cardíaco). Assim, é preciso que você garanta o SBV, com ênfase
em compressões torácicas de alta qualidade e ventilações de resgate,
enquanto aguarda a equipe de suporte avançado chegar.

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Assistolia
Então, caro aluno, chegamos ao ritmo de pior prognóstico numa PCR: a
assistolia. Para entendermos melhor sobre ele, vamos à origem de seu
termo, lá na antiga Grécia: “asistole” (a: não; sístole: contração) significa
a total ausência de atividade ventricular contrátil associada à inativida-
de elétrica cardíaca. Ou seja, nessa modalidade, o coração encontra-se
mesmo parado, sem ritmo algum. Então, é caracterizada ao eletrocar-
diograma por uma linha reta (Figura 5). Casos raros de deflexões agonais
podem também ser visualizadas (Figura 6).

Figura 5 - Assistolia caracterizada por um traçado isoelétrico no ECG

Figura 6 - Assistolia com deflexões agonais no traçado do ECG

A assistolia corresponde à ausência total de qualquer ritmo cardíaco. É a


situação terminal. Evidências cada vez mais contundentes apontam que
a identificação de assistolia deva corresponder ao término dos esforços,
mas não deve ser considerada isoladamente, outros parâmetros médicos
devem estar associados na tomada da decisão de encerramento da RCP.

São ritmos em que a desfibrilação não está indicada. Deve-se, então, pro-
mover RCP de boa qualidade, aplicar as drogas indicadas e procurar iden-
tificar e tratar as causas reversíveis. Um maior aprofundamento sobre
esse ritmo e seu tratamento veremos no curso de suporte avançado.

O tratamento para ASSISTOLIA no SBV será sempre


COMPRESSÕES CARDÍACAS. Estando o paciente monitorizado
com o DEA, quando analisado pelo aparelho, este, avisará
por estímulos sonoros que você deverá continuar com as
compressões cardíacas de alta qualidade, na sequência de 30
compressões e duas ventilações.
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AULA 2 – DESFIBRILADOR
EXTERNO AUTOMÁTICO
Na aula anterior, vimos que o tratamento para os ritmos ditos chocáveis
é a desfibrilação. Sabemos também que a chegada de um meio de socor-
ro ao local, ainda que muito rápida, pode demorar mais de cinco minutos
e, em muitas cidades brasileiras onde o SAMU ou os bombeiros não exis-
tam, esse socorro pode demorar ainda mais para chegar! Assim, as chan-
ces de sobrevivência da vítima terão caído de 98% (PCR presenciada) para
até 0% a 2% se as pessoas que presenciaram a situação não souberem
atuar em conformidade com as diretrizes aceitas internacionalmente.

Quadro 1 – Relação da taxa de sobrevivência e o tempo


para início da RCP e desfibrilação

Tempo Taxa de sobrevida

RCP precoce e desfibrilação < 4 min. 30%

RCP e desfibrilação precoce < ou igual a 7 min. 20%

RCP precoce e desfibrilação demorada > 10 min. 2 a 8%

RCP retardada > 10min 0 a 2%

Sendo assim, você precisa ficar bem atento a essa aula para aprender
que RCP e desfibrilação precoce são a chave para fortalecer e melhorar
a corrente da sobrevivência da PCR pré-hospitalar, reduzindo o intervalo
de tempo entre o colapso e a desfibrilação.

Então, o que é mesmo um DEA?


O desfibrilador externo automático (DEA) é um aparelho que veio para aju-
dar a salvar vidas! Ele foi desenvolvido para que qualquer pessoa, mesmo
não sendo profissional de saúde, pudesse utilizá-lo para administrar uma
desfibrilação em um paciente vítima de PCR sempre que houver indicação.

O DEA é de simples utilização e foi programado para analisar o ritmo


cardíaco do paciente e reconhecer um ritmo chocável (FV/TVSP), indican-
do o choque sempre que necessário. O que temos de mais fantástico no
DEA é que ele se comunica, por voz e por sinais luminosos no seu painel,
com o socorrista, orientando-o durante toda a RCP.

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Para você conhecer melhor o funcionamento do DEA, é preciso entender
que ele se baseia na aplicação de um pulso de corrente de grande ampli-
tude no coração para restituir o ritmo normal dos batimentos cardíacos
em pacientes que apresentam FV/TVSP.

Os DEA diferem dos desfibriladores convencionais porque podem ana-


lisar o ritmo cardíaco e determinar se a desfibrilação será necessária.
Veja que isso elimina a necessidade de o operador interpretar o sinal de
ECG antes da desfibrilação. Assim, o DEA foi concebido para ser utilizado
principalmente em situações de emergência em que os operadores não
são treinados no suporte avançado de vida (SAV), tais como bombeiros,
condutores, agentes policiais, estudantes. O DEA também pode ser uti-
lizado em Unidades de Pronto Atendimento (UPA), Unidades Básicas de
Saúde (UBS) e áreas do hospital onde não existem pessoas treinadas
para ministrar um suporte de vida avançado.

O DEA é um equipamento bifásico, isto é, assim como todos os desfibrila-


dores bifásicos (automáticos, semiautomáticos ou manuais), administra
uma menor quantidade de choque (120J a 200J) em relação aos desfibri-
ladores monofásicos (360J) para o fazer o mesmo efeito desfibrilatório
sobre as células do miocárdio.

No Brasil, antes da disponibilidade dos DEA, para fazer o diagnóstico do rit-


mo de PCR e definir a necessidade de desfibrilação e a quantidade de ener-
gia (joules) a ser deflagrada, era indispensável a presença do médico, por ser
o único profissional com habilitação para diagnosticar o ritmo de PCR.

Nesse contexto, podemos inferir que o DEA, desde sua criação, substi-
tuiu o papel do médico na cena inicial de uma PCR, quando este não está
presente, analisando o ritmo cardíaco, realizando o diagnóstico e pres-
crevendo o tratamento da PCR. Assim, ele orienta o socorrista durante
todo o suporte básico de vida.

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Alguns dados:
Por se tratar de um problema de saúde pública importante,
uma das propostas da AHA, já desenvolvida em outros países é
o treinamento em massa da população para o uso do DEA. Em
países desenvolvidos, a presença do DEA em locais de grande
fluxo de pessoas, como shoppings, aeroportos e estádios de
futebol, está se tornando uma realidade cada vez mais presente.
Sabe-se ainda que, nas comunidades americanas, o uso do DEA
por socorristas leigos proporcionou taxas de sobrevivência
extraordinárias, de até 49% (COSTA; MIYADAHIRA, 2008).
No Brasil, várias cidades e estados brasileiros já possuem legis-
lação referente à obrigatoriedade da existência de DEA em locais
públicos e/ou eventos de grande circulação de pessoas, como
os estados do Rio Grande do Sul (Lei nº 13.109/08), Paraná (Lei
nº 14.649/05), São Paulo (Lei nº 12.736/07), Maranhão (Lei nº
8.283/05), Santa Catarina (Lei Estadual nº 97/2009) e o Distrito
Federal (Lei nº 3.585/05), bem como os municípios de São
Paulo (Leis nº 13.945/05 e nº 14.621/07 e Decreto 46.914/06)
e Vitória/ES (Lei nº 6605/06).

Dessa forma, cerca de 100 mil brasileiros poderiam ser salvos por ano
caso um DEA estivesse disponível em todos os locais que essas leis
determinam (COSTA; MIYADAHIRA, 2008). No entanto, apesar de essas
leis serem uma realidade em algumas cidades do Brasil, não existe uma
fiscalização efetiva.

Mas não desanime, um primeiro passo já foi feito, e você está aqui conos-
co para diminuir a lacuna do aprendizado e se tornar apto a operar um
DEA caso esse esteja disponível em seu local de trabalho ou em qualquer
outro local que você esteja.

Princípios de operação de um DEA


Os DEA podem ser classificados em automáticos ou semiautomáticos.
Os modelos automáticos exigem apenas que o operador posicione os
eletrodos de desfibrilação e ative a unidade que vai analisar o ECG do
paciente e determinar a necessidade de aplicação do pulso elétrico; caso
necessário, o equipamento automaticamente efetua a descarga.

No entanto, para maior segurança dos operadores, a maioria dos DEA


são semiautomáticos. Esses equipamentos analisam o ECG do paciente

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e notificam o operador se a desfibrilação é indicada. Dessa forma, o ope-
rador pode apertar o botão indicado e efetuar a descarga ou “choque”.

Os DEA semiautomáticos são divididos em três categorias: equipamentos


que podem mostrar a curva de ECG, equipamentos que não mostram a
curva de ECG e os desfibriladores convencionais (conhecidos como des-
fibriladores de consulta). Esses equipamentos podem utilizar mensagem
visual, sons e/ou instruções de voz sintetizada para notificar o operador
de uma ação.

Os DEA também podem incluir um dispositivo de documentação tal


como um cartão de memória. Cabos reutilizáveis fazem a conexão dos
eletrodos adesivos de desfibrilação com o equipamento.

Esses eletrodos são utilizados para a monitoração do ritmo cardíaco e a


entrega da energia de desfibrilação. Para visualização das informações
da situação ao operador (paciente e/ou desfibrilador) e para mostrar a
onda de ECG ou informar sobre o início da desfibrilação, o equipamento
conta com um display LCD ou outro tipo de display.

O EQUIPAMENTO
Conhecendo e operando um DEA
Vamos relembrar o nosso vídeo da situação problema apresentado no
início deste módulo. No caso vivenciado por Sr. Ernani, a equipe do SAMU,
ao chegar, assumiu o atendimento e prontamente instalou o DEA. No
entanto, imagine que você está num aeroporto e, ao esperar o chamado
do seu voo, se depara com uma pessoa que acaba de desmaiar. Ao ava-
liá-la, você identifica a PCR, pede ajuda, alguém lhe informa que no lugar
existe um DEA, e agora? Você saberia dizer como utilizá-lo?

Primeiramente, existem muitos modelos de DEA no mercado e diferentes


marcas. No entanto, todos eles possuem um funcionamento muito similar.
Vamos conhecer o equipamento e seus acessórios. Agora, assista ao Vídeo
12 no AVASUS e aprenda o passo a passo para o manuseio de um DEA.

Vídeo 12

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Mesmo se a vítima retomar a consciência, o aparelho não deve
ser desligado e as pás não devem ser removidas ou desconec-
tadas até que a equipe de emergência assuma o caso.

Posicionamento das pás


Como vimos, o DEA é autoexplicativo e possui em suas pás o desenho da
posição de como elas devem ser instaladas no corpo desnudo do pacien-
te. Mas você pode se questionar: “E se, no momento da PCR, eu estiver
tão nervoso e trocar a posição das pás? Isso vai diminuir a efetividade do
DEA? Eu estou fazendo errado? O paciente perdeu todas as chances de
retornar por minha culpa?” Para nossa alegria, todas as respostas ao seu
questionamento são NÃO!

Sobre essas dúvidas, muitos estudiosos fizeram experiências com todas


as posições possíveis. Grandes estudos do tipo ensaios clínicos rando-
mizados foram testados, e eles chegaram à conclusão que, quanto ao
posicionamento das pás do DEA, quatro posições são possíveis, sendo
que todas elas têm a mesma eficácia no tratamento de arritmias atriais e
ventriculares. São elas: anterolateral, anteroposterior, anterior-esquerdo
infraescapular, anterior-direita infraescapular. No entanto, para facilitar
a memorização e educação, foi considerada a posição das pás antero-
lateral um padrão aceitável e colocada como figura nas pás de todos os
modelos de DEA fabricado.

Observe as figuras a seguir para compreender melhor cada posição:

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Figura 7 - Posição anterolateral (convencional)

Figura 8 - Posição anteroposterior

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Figura 9 - Posição anterior-esquerda infraescapular

Figura 10 - Posição anterior-direita infraescapular 15


DEA EM SITUAÇÕES ESPECIAIS
Você sabia que existem algumas situações especiais para a utilização do
DEA? Segundo a I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados
Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia,
confirmada nas atualizações da AHA 2015, devemos ter uma atenção
especial nas seguintes situações.

1) Paciente que faz uso de marca-passo (MP) ou cardioversor-desfibrilador


implantável: se o MP estiver na região onde é indicado o local para aplicação
das pás, afaste-as, pelo menos, 8 cm ou opte por outro posicionamento das pás
(anteroposterior, por exemplo), pois, estando muito próximas, pode prejudicar
a análise do ritmo pelo DEA.

Figura 11 - Colocação das pás do DEA em paciente que faz uso de marca-passo

2) Excesso de pelos no tórax: você precisa retirar o excesso de pelos apenas da


região onde serão posicionadas as pás, com uma lâmina que geralmente está no
kit DEA; outra alternativa é depilar a região com as primeiras pás e, depois, aplicar
um segundo jogo de pás. No entanto, se você não tiver mais de uma pá disponí-
vel, use um pedaço de esparadrapo, coloque no peito e puxe rapidamente, como
se tivesse fazendo uma depilação. Parece espantoso, mas essa é uma recomenda-
ção da Sociedade Brasileira de Cardiologia e, na prática, dá supercerto!

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Figura 12 - Excesso de pelos no tórax. Retirada com lâmina de barbear

Figura 13 - Excesso de pelos no tórax. Retirada com esparadrapo

Para compreender melhor sobre esse assunto, vá até a biblioteca do


AVASUS e consulte o arquivo da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

3) Tórax molhado: enxugue rapidamente o tórax antes de aplicar as pás. Se a vítima


estiver sobre uma poça d’água, não há problema. Porém, se esta poça d’água tam-
bém envolver o socorrista, remova a vítima para outro local o mais rápido possível.

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Figura 14 - Tórax molhado

4) Adesivos de medicamentos/hormonais: você precisa remover o adesivo e o exces-


so de medicamento se ele estiver no local em que serão aplicadas as pás do DEA.

Figura 15 - Adesivos de medicamentos/hormonais

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5) Crianças de 1 a 8 anos: utilize o DEA com pás pediátricas e/ou atenuador de
carga. Se o kit DEA possuir somente pás de adulto, está autorizada a utilização
delas, porém, se o tórax for estreito, pode ser necessária a aplicação de uma pá
anteriormente (sobre o esterno) e outra posteriormente (entre as escápulas), na
mesma altura, para que as pás não se sobreponham.

Figura 16 - Colocação das pás em crianças de 1 a 8 anos

As pás infantis não devem ser utilizadas em adultos, pois o


choque aplicado será insuficiente!!!!

6) Lactentes (0 a 1 ano): um desfibrilador manual é preferível, porém, se não estiver


disponível, utilize o DEA com pás pediátricas e/ou o atenuador de carga. Se este
também não estiver disponível, utilize as pás de adulto, uma posicionada anterior-
mente (sobre o esterno) e a outra posteriormente (entre as escápulas), na mesma
altura; o prejuízo para o miocárdio é mínimo e há bons benefícios neurológicos.

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Figura 17 - Colocação das pás do DEA em bebês

7) Gestantes: não existem estudos que comprovem complicações maternas ou


fetais com o uso do desfibrilador, aventando-se pequeno risco de arritmia fetal.
Mesmo assim, indica-se seu uso em qualquer estágio da gestação como método
seguro, considerando ainda como barreira e proteção fetal o líquido amniótico.

Figura 18 - Uso do DEA em gestante

E AGORA? CHOQUE PRIMEIRO


OU RCP PRIMEIRO?
Vamos refletir juntos no seguinte cenário:

Você está em sua Unidade de Saúde, um senhor de 45 anos chega refe-


rindo dor no peito, tontura e falta de ar; você o acolhe e acomoda na
sala de emergência que tem na bancada ao lado um DEA. O paciente
está conversando com você e de repente apresenta um colapso súbito!
E agora? Você instala logo o DEA ou inicia a RCP?

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Vou lhe ajudar a sair dessa encruzilhada. Para resolver essa situação
problema, as atualizações da AHA de 2015 enfatizam que, nas PCR de
adultos presenciadas, quando há um DEA disponível imediatamente,
deve-se usar o desfibrilador o mais rapidamente possível. Em adultos
com PCR sem monitoramento ou quando não houver um DEA pronta-
mente disponível, deve-se iniciar a RCP enquanto o desfibrilador é obtido
e aplicado e tentar a desfibrilação, se indicada, assim que o dispositivo
estiver pronto para uso.

Embora inúmeros estudos tenham se dedicado a saber se há algum bene-


fício obtido com a aplicação de compressões torácicas por um determi-
nado período (normalmente, 1,5 a 3 minutos) antes da administração do
choque, não foi observada nenhuma diferença no desfecho quando com-
parado com a administração do choque tão logo o DEA estivesse pronto.

A RCP deve ser administrada enquanto as pás do DEA são


aplicadas e até que o DEA esteja pronto para analisar o ritmo.

Imediatamente após o choque deve-se iniciar as compressões torácicas,


obedecendo a sequência de 30 compressões para cada duas ventilações
(em adultos, ou crianças e bebês com apenas um profissional. Se for crian-
ça ou bebê e o atendimento estiver sendo realizado por dois profissionais
de saúde, essa relação deve ser de 15 compressões para duas ventilações)
durante cinco ciclos ou dois minutos, ou até que o DEA solicite nova análi-
se do ritmo, o paciente se mova ou a equipe de suporte avançado chegue.

Então, por que devemos mesmo aplicar compressões cardíacas


imediatamente após o choque? Vamos entender a importância
da sequência desfibrilação e compressões torácicas. Para isso,
é preciso compreender o mecanismo fisiológico das contrações
cardíacas e da própria FV/TVSP. É o que você verá no Vídeo 13,
que está nesta Unidade, no AVASUS.

Vídeo 13

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Sequência de SBV com dois socorristas e DEA
Agora você está apto a realizar a sequência completa de SBV para dois pro-
fissionais com um DEA, inclusive a ajudar o SAMU com o Sr. Ernani, seguindo
as novas diretrizes da AHA (2015). Para fixar melhor, assista agora ao
Vídeo 14, que tem a conclusão da situação problema do início do módulo.

Vídeo 14

Resumindo...
Respondendo ao questionamento do início dessa unidade, a função da
desfibrilação ou choque é de PARAR o CORAÇÃO, ou seja, ZERAR a ativi-
dade elétrica anteriormente DESORGANIZADA para que o marca-passo
natural do nosso coração (NO SINOATRIAL) possa comandar novamente
as fibras cardíacas e reassumir um ritmo eficaz que gere pulso central.
Como na AESP não há desorganização de ritmo e na assistolia não há
ritmo, consequentemente, NÃO EXISTE INDICAÇÃO de DESFIBRILAÇÃO,
cuja função é de “PARAR COM UM RITMO DESORGANIZADO”.

RITMOS CHOCÁVEIS RITMOS NÃO CHOCÁVEIS

FIBRILAÇÃO VENTRICULAR ATIVIDADE ELÉTRICA SEM PULSO

TAQUICARDIA VENTRICULAR SEM PULSO


ASSISTOLIA

Figura 19 - Resumo dos ritmos chocáveis e não chocáveis

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A desfibrilação não faz voltar a função cardíaca. A desfibrilação choca o
coração e suspende, por um breve período, toda atividade elétrica, inclu-
sive a FV e a TVSP. Assim, se o coração ainda tiver energia e for viável, seu
marca-passo natural poderá, por fim, reiniciar a atividade elétrica, o que
resulta, finalmente, no retorno da circulação espontânea (RCE).

Assim, imediatamente após o choque deve-se realizar compressões


torácicas e NUNCA checar pulso. Este só deve ser checado quando o
paciente está monitorizado, com a presença da equipe de suporte avan-
çado e somente quando se observa no monitor, um RITMO ORGANIZA-
DO; nesse caso, sim, deve-se checar pulso!

O DEA chega

Verifique o ritmo.
Ritmo chocável?

Sim, chocável Não, não chocável

Aplique 1 choque. Reinicie a


Reinicie a RCP imediatamente por
RCP imediatamente por cerca
cerca de 2 minutos (até avisado
de 2 minutos (até avisado pelo
pelo DEA para a verificação do
DEA para verificação do ritmo).
ritmo). Continue até que o pessoal
Continue até que o pessoal de
de SAV assuma ou até que a vítima
SAV assuma ou até que a vítima
comece a se MOVIMENTAR.
comece a se MOVIMENTAR.

Figura 20 - Quando o DEA chega. Fluxograma de ações para quando o ritmo é


chocável e não chocável

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REFERÊNCIAS
ACOSTA, P. et al. Kouwenhoven, Jude and Knickerbocker: The
Introdiction of defibrillation an dexternal chest compressions into
modern resuscitation. Resuscitation, Ireland, v. 64, p. 139-143, 2005.

AMERICAN HEART ASSOCIATION – AHA. Destaques das diretrizes da


American Heart Association 2015 para RCP e ACE. USA, 2015.

CAKULEV, et al. Cardioversion: past, present and future. Circulation,


Dallas, v. 120, p. 1623–1632, oct. 2009.

CORRÊA, A. R. Incorporação do Desfibrilador Externo Automático


no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de Belo Horizonte,
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Enfermagem) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas
Gerais, Belo Horizonte, 2010.

COSTA, M. P. F.; MIYADAHIRA, A. M. K. Desfibriladores externos


automáticos (DEA) no atendimento pré-hospitalar e acesso público à
desfibrilação: uma necessidade real. O Mundo da Saúde, v. 32, n. 1,
p. 8-15, jan./mar. 2008.

FORNAZIER, C. et al. Abordagem de Vigilância Sanitária de Produtos


para Saúde Comercializados no Brasil: Desfibrilador Externo. BIT –
Boletim Informativo de Tecnovigilância, Brasília, n. 1, jan./mar. 2011
– ISSN 2178-440X.

PAZIN FILHO, A. et al. Parada cardiorrespiratória (PCR). Medicina,


Ribeirão Preto, n. 36, p. 163-178, abr./dez. 2015.

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