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BIO

VICTOR LEONARDI- Poeta, historiado, roteirista. Brasil.

contato@victorleonardi.com.br, São Francisco Xavier, SP, Brasil

01. Victor Paes de Barros Leonardi nasceu no dia 15 de outubro de 1942, na cidade de Araras,
interior do Estado de São Paulo, onde passou a infância e o início da adolescência. Seu pai era
médico. Sua mãe, professora.

02. O avô materno era dono de uma fazenda de café, a mais antiga do município. O menino
passou aí os melhores momentos de sua infância. Seu gosto pelos cavalos e pela agricultura
vem dessa época.

03. O avô paterno era marmorista, imigrante italiano nascido em Lucca, Toscana. Veio para o
Brasil em 1893 e possuía uma grande marmoraria em Araras, onde trabalharam vários
escultores e artesãos italianos. Victor começou a trabalhar, como aprendiz, na oficina dessa
marmoraria, a Marmoraria Carrara, em 1952, aos dez anos de idade. Seu fascínio pelas pedras
começou nessa época: o mármore é um tema recorrente em sua literatura e a escultura é arte
que o atrai com muita força.

04. Quando completou 14 anos, em 1956, Victor fez sua primeira viagem internacional, para o
Uruguai e a Argentina. A partir desse momento, nunca mais parou de viajar. Ler, escrever e
viajar são três constantes em sua vida. Foi estudar inglês nos Estados Unidos em 1958, em
Montevallo, Alabama, e conheceu Nova York , Washington, Chicago e Detroit. Também esteve
em New Orleans e gosta de blues e de jazz desde aquela época. Visitou o Canadá. Voltou para
o Brasil e fez o curso científico no Colégio Bandeirantes, de São Paulo. Estudava biologia com
afinco, e também química e física. Queria ser médico, como seu pai.

05. Esteve na Patagônia pela primeira vez em 1959, durante viagem ao Sul do Chile e da
Argentina. Tornou-se amigo do escritor paraguaio José Amado Delgado Vera e visitou a capital
do Paraguai naquela mesma ocasião. O ano seguinte, 1960, foi o da descoberta do imenso
Brasil: Victor e um colega de colégio fotografaram e filmaram, com uma câmera 16 milímetros,
a enorme diversidade brasileira vista por eles na Amazônia e no Nordeste.

06. Desiste de estudar medicina (Victor ajudou seu pai, no consultório médico, durante algum
tempo) e decide se tornar fazendeiro. Foi para o Sul da Bahia, em agosto de 1961, e comprou
596 hectares de terra no município de Una. Trabalhou como agricultor durante dois anos e
sete meses, plantando seringueiras. As terras ficavam em área distante e de difícil acesso. Só
se chegava lá a cavalo. Eram 84 quilômetros ida e volta, pela Mata Atlântica. Sem dinheiro
para levar adiante esse projeto, Victor voltou a estudar e entrou para a Faculdade de Direito
de Ilhéus.
07. Viveu entre Ilhéus e Una até o mês de março de 1964. Tinha fundado um jornal em Una, O
Democrata, em 1963, do qual foi diretor. Foi nesse pequeno jornal provinciano que Victor
Leonardi publicou seus primeiros textos. Escreveu o primeiro poema nesse mesmo ano de
1963. Nunca mais se afastou da poesia. Frequentava assiduamente a vida boêmia do antigo
cais do porto de Ilhéus.

08. Tomava posição a favor da reforma agrária, constantemente, nas páginas de seu jornal,
mas não pertencia a nenhum partido político. Estudava filosofia do direito com muito
interesse. Escreveu vários artigos criticando o autoritarismo dos coronéis do cacau, que ainda
dominavam o Sul da Bahia. O jornal O Democrata, dirigido por ele, foi considerado subversivo,
após o golpe militar de 1964, o que lhe trouxe inúmeros problemas nos anos seguintes. Alguns
colegas da Faculdade de Direito foram presos, em Ilhéus. Victor mudou-se para São Paulo.

09. Foi trabalhar na Promo, uma agência de publicidade paulistana, e aí permaneceu cerca de
um ano. Tinha se transferido para a faculdade de direito de São José dos Campos, a Faculdade
de Direito do Vale do Paraíba. Estudava à noite, depois de ter trabalhado o dia todo na capital.
Vida dura e cansativa. Lia os clássicos da literatura universal com muito mais entusiasmo do
que os textos jurídicos. Nos fins de semana, reunia-se nas imediações da biblioteca municipal
com Francisco José de Toledo, Yara Amaral e outros amigos, quando, então, o assunto era
sempre teatro, cinema e poesia.

10. Entrou para um escritório de advocacia, em 1965, como assistente do Dr. Motta Gonçalves,
e frequentou os vários cartórios das varas cíveis do Fórum de São Paulo. Diante da rotina e do
formalismo dos meios forenses, percebeu que havia escolhido a profissão errada. Recebeu seu
diploma – de bacharel em ciências jurídicas e sociais – em dezembro de 1966 e guardou-o em
uma gaveta, para sempre.

11. Estava desempregado quando resolveu se casar com uma namorada do tempo do Colégio
Bandeirantes, Nenilda Garcia Marinheiro, a Nena. Foram casados durante 35 anos e tiveram
dois filhos. O casamento foi no interior de Goiás, na cidade de Anápolis, onde Nena era
professora. Poucos dias mais tarde, perseguidos pela ditadura (por suas atividades a favor da
liberdade e dos direitos humanos), Victor e sua esposa viajaram de Goiás para o Mato Grosso e
saíram do Brasil pela fronteira da Bolívia. Era o dia 23 de março de 1967. Foram sete anos de
exílio. Por estranha coincidência (o que Victor só soube anos mais tarde, por ocasião da lei de
Anistia), a ordem de prisão contra eles foi assinada no próprio dia do casamento, 4 de março
de 1967.

12. Durante 14 meses, Victor e Nena percorreram vários países da América do Sul, do Caribe e
da América Central. Viajavam de ônibus ou de trem. Ou em navios cargueiros, quando nas
Antilhas. O objetivo era ir para o México, o que acabou não acontecendo. Depois de uma curta
estada em Nova York, Victor viajou para a França e lá permaneceu seis longos anos. Chegou
em Paris em maio de 1968 e viveu intensamente a agitação daqueles tempos de rebeldia,
insubmissão e fecundas reflexões teóricas a respeito da sociedade, da arte e da literatura.

13. Enquanto estavam na América Latina, Victor fez trabalhos temporários: como tradutor de
uma peça de teatro, em Quito, para a Casa da Cultura Equatoriana, e como radialista, na
Guatemala, na qualidade de comentarista de política internacional da Rádio Cadena 1210.
Também foi colaborador de jornais colombianos. Na Venezuela, participou das comemorações
do 4º centenário de Caracas, com poema que hoje faz parte de um livro de sua autoria, o Livro
verde das horas. Esteve na República Dominicana, Haiti, Jamaica, El Salvador, Nicarágua e
Costa Rica. Data dessa época a amizade com o pintor argentino Mário Diaz Suarez, de
Tucumán. Viajaram juntos para Porto Rico e para o Panamá e chegaram à Europa no mesmo
avião em 1968. Mário morou na Alemanha, na cidade de Trier, durante quase trinta anos, e
Victor prefaciou o grande catálogo comemorativo de seus 50 anos de pintura.

14. Na França, trabalhou em uma organização não-governamental, a Cimade, que ajudava


imigrantes portugueses na cidade de Sucy-en-Brie, região parisiense. Estudava à noite na
Universidade de Paris, onde fez mestrado em Sociologia e os anos iniciais de um curso de
doutoramento em História. Pesquisou na Holanda, em arquivos do Instituto Internacional de
História Social, de Amsterdã, e na Itália, no Instituto Feltrinelli, de Milão. Também fez curso de
História da Arte na Escola de Arte e Arqueologia do Museu do Louvre. A filosofia da história da
arte foi definitivamente incorporada ao processo de construção de seu pensamento.

15. Viajou por vários países da Europa, do Oriente Médio e do Norte da África, sempre
escrevendo poesia e visitando sítios arqueológicos ou museus de arte. Esteve na Grécia, no
Egito, na Jordânia, em Israel, no Líbano, na Síria, na Turquia, na Bélgica, na Bulgária, na
Iugoslávia, na Rússia, na Tchecoslováquia, na Inglaterra e na Alemanha. Fez longa viagem pelo
deserto do Sahara, em 1970, passando por alguns oásis do sul do Marrocos. Mais tarde, esteve
na Mauritânia e no Senegal. Participou ativamente de uma campanha de solidariedade para
com o povo da Guiné Bissau, mandando sangue para médicos que trabalhavam em
acampamentos guineenses das regiões libertadas, durante a guerra de independência desse
país africano de língua portuguesa. Foi à China, em 1971, como pesquisador do IRFED – Institut
de Formation et de Recherches em vue du Développement, e lá passou vários meses, durante
a Revolução Cultural, percorrendo 11 províncias chinesas. Algumas fotos feitas por ele no
Extremo-Oriente foram adquiridas pela enciclopédia francesa Alpha. Esteve em Jerusalém em
1972. Foi correspondente, em Paris, do jornal Opinião, do Rio de Janeiro, em 1973. Essas
viagens dos anos 1960 e 1970 – pela América Latina, Estados Unidos, Europa, África e Ásia –
acabaram alimentando uma visão de mundo universalista e ecumênica, o que se percebe pela
leitura de seus livros, nos quais há motivações e temas bem brasileiros e, também, uma sutil
presença de mitos e crenças provenientes da extraordinária diversidade humana por ele
contactada nos cinco continentes.

16. De volta ao Brasil, tornou-se professor do Departamento de História da Universidade de


Brasília em março de 1974. Victor Leonardi fez pesquisas em vários arquivos históricos das
cinco regiões brasileiras, para sua tese de doutorado, mas, em 1976, perseguido novamente
pela ditadura, saiu da UnB e foi para a Unicamp, como professor-visitante do Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas. Ele e Paulo Sérgio Pinheiro coordenaram um projeto de pesquisa
intitulado Imagens e história da industrialização no Brasil, durante dois anos, na Unicamp, o
que deu como resultado uma grande exposição no MASP – Museu de Arte de São Paulo, em
1977, mais um livro, escrito por Leonardi em co-autoria com Francisco Foot Hardman,
intitulado História da Indústria e do Trabalho no Brasil, e também uma parceria com os
cineastas Lauro Escorel e Adrian Cooper para a localização e recuperação de filmes e fotos
antigas de fábricas paulistas do final do século XIX e início do século XX. Victor Leonardi
escreveu sobre política internacional para a revista Isto É durante todo o ano de 1977.

17. Em 1978, aceitou convite para coordenar uma série de projetos de pesquisa (sociais e
ambientais) no Nordeste, e passou um ano em Maceió, na Secretaria de Planejamento de
Alagoas, trabalhando com populações ribeirinhas das grandes lagoas Mundaú e Manguaba.
Morava no litoral, em uma vila de pescadores, Riacho Doce. Local paradisíaco. Comprou uma
jangada para seu filho Rodrigo, que era bom nadador e mergulhador. Frequentou festas
populares e feiras nordestinas, em Arapiraca e São Luís do Quitunde. Ia com frequência até
Penedo e a foz do rio São Francisco. Fez amizades que conserva até hoje, com Paulo Décio de
Arruda Melo, Ronaldo Aroeira e Oswaldo Júnior. Denunciava a tortura e coordenou uma
campanha pela anistia para os presos políticos da penitenciária de Itamaracá.

18. Regressou ao Sudeste e passou a morar em Santos, com a família, na Ponta da Praia. Fazia
parte do conselho editorial da Editora Kairós, em São Paulo. Escreveu vários artigos a favor das
liberdades democráticas e da convocação de uma Constituinte soberana. Esses textos foram
publicados em pequenos jornais clandestinos, das oposições sindicais, que desafiavam a
censura imposta pela ditadura. Leonardi assinava esses artigos com o pseudônimo
M.S.Tocantins, ou Sérgio Tocantins, pois a repressão, naqueles anos de chumbo, ainda era
muito forte. Mais tarde, participou da fundação do jornal O Trabalho, editado em São Paulo.

19. Voltou para o Nordeste, como professor da Universidade Federal da Paraíba, e deu aulas
no Departamento de Ciências Sociais durante dois anos, no campus de João Pessoa. Tinha casa
na praia, em Cabedelo, e aí escreveu a novela Radamanto, depois de muitas conversas com os
pescadores de baleia do porto de Costinha. Viajou várias vezes pelo sertão da Paraíba e do Rio
Grande do Norte.

20. Mudou-se para Pernambuco e passou um ano em Recife, morando na praia de Boa
Viagem. Desiste da tese de doutorado e decide se dedicar prioritariamente à literatura, e
assim se mantém até hoje. Torna-se amigo do pintor Raul Córdula, que na época morava em
Olinda, onde também residia o sociólogo canadense Ivan Labelle e o historiador Geraldo
Prado, seus amigos há vários anos. Olinda é uma das cidades que Victor mais gosta. Tinha
começado a escrever ficção em 1979 mas não parou de escrever poesia nos anos seguintes.
Começou a redigir, lá no Nordeste, o livro de contos Navio brasileiro em águas profundas.

21. Em dezembro de 1982, a família Leonardi mudou-se de Recife para a Espanha,


estabelecendo residência na Andaluzia, em Benalmádena Pueblo, província de Málaga. Victor
fez pesquisas em arquivos espanhóis e portugueses e redigiu um ensaio de 430 páginas
intitulado Entre árvores e esquecimentos. Nena dedicava-se à pintura e sua filha Juliana
dançava flamenco. Victor escreveu uma fábula, para crianças, intitulada Montanha do Meio do
Mundo, e ele mesmo fez os desenhos que ilustram esse livro. Foram quatro anos muito
produtivos, esses, da Espanha, pois Victor continuou escrevendo ficção e o resultado foi o livro
Quando o escriba do castelo era eu. Viajou pela Finlândia e pela Suécia, em 1985, em
companhia do poeta finlandês Pekka Parkkinen. Fez curso de cerâmica e modelagem com uma
escultora espanhola de Málaga e até hoje gosta de se distrair com barro ou pedras, como
escultor amador.

22. Com a anistia decretada pela Assembléia Nacional Constituinte, Victor Leonardi voltou ao
Brasil para lecionar novamente no Departamento de História da Universidade de Brasília, em
maio 1987, após onze anos de ausência. Permaneceu em Brasília até se aposentar e aí
escreveu vários ensaios, entre eles Jazz em Jerusalém e Os navegantes e o sonho: Presença do
Oriente na História do Brasil. Foi membro do conselho editorial da revista Humanidades, da
UnB. Criou o curso de História das Religiões, no Departamento de História, e durante alguns
anos reuniu alunos interessados pela história do budismo, do taoísmo, do judaísmo, do
islamismo e do cristianismo primitivo. No livro Jazz em Jerusalém, expõe seu pensamento de
forma completa e articulada: uma filosofia do trabalho criativo, com inventividade e tradição
dialogando permanentemente e questionando, assim, a suposta incompatibilidade entre o
pensamento clássico e a modernidade.
23. Passou a fazer parte, em 1987, do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares, da UnB,
que possui um Núcleo de Estudos Amazônicos, e aí desenvolveu vários projetos. Um deles
chamava-se Projeto Natterer e foi feito em parceria com o Museu Amazônico, de Manaus.
Victor Leonardi, Andréa Fenzl e o historiador amazonense Geraldo Pinheiro foram até a
Áustria, em 1996, em companhia do fotógrafo Juan Pratginestós, e aí localizaram e
fotografaram, em um museu de Viena, o Museum für Völkerkunde, centenas de peças
etnográficas coletadas por Johann Natterer na Amazônia há 170 anos. O resultado foi uma
exposição itinerante que passou por dez museus brasileiros nos anos seguintes.

24. Nesse mesmo ano de 1996, Leonardi permaneceu um semestre em Manaus, trabalhando
no Museu Amazônico, e aí redigiu o livro Os historiadores e os rios, que trata da história do
Velho Airão, cidade amazonense em ruínas, às margens do rio Jaú, fundada em 1694,
completamente abandonada, sem nenhum habitante há mais de quarenta anos. Visitou essas
ruínas em companhia de duas arqueólogas do Rio de Janeiro e redigiu uma proposta de
tombamento do Velho Airão pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN). A proposta foi assinada por Leonardi, Geraldo Pinheiro, José Ribamar Bessa Freire e
outros historiadores, mas, infelizmente, nunca foi aprovada e hoje as ruínas (a igreja é de
1702) dependem da proteção de pessoas que fazem trabalho voluntário.

25. No ano 2000, Victor Leonardi e o biólogo Cezar Martins de Sá organizaram e coordenaram
uma grande expedição científica pela Amazônia Venezuelana e Amazônia Brasileira, a
Expedição Humboldt. Dessa longa viagem participaram 49 pesquisadores. Além dos
historiadores, participaram professores de zoologia, botânica, biologia molecular, hidrologia,
saúde pública, geoquímica, geografia, ecologia, mitologia, astronomia e arqueologia.
Navegaram e pesquisaram no canal do Cassiquiare, no paraná do Ramos e nos rios Orinoco,
Negro, Amazonas, Maués Açu, Uatumã, Urubu, Nhamundá, Trombetas, Tapajós, Xingu, Jari e
Oiapoque. O percurso foi feito em dois barcos, um dos quais possuía biblioteca e
equipamentos para pesquisas. Foram 62 dias a bordo e 9.200 quilômetros navegados entre o
Caribe (baixo Orinoco) e Belém do Pará. O resultado foram vários artigos científicos, 10 mil
fotos, 1 filme-documentário e uma exposição de pintura, do artista plástico Rômulo Andrade.
O jornalista Nicolas Reynard, da revista National Geographic, acompanhou a expedição e fez
relatos diários para o seu site mundial. O filme-documentário intitula-se Expedição Humboldt e
foi feito por Leonardi, Luiz Carlos Saldanha e Frederico Rêgo.

26. A partir de 1987, como pesquisador do Núcleo de Estudos Amazônicos da UnB, ou em


companhia do antropólogo e indigenista Ezequias Heringer Filho (Xará), Leonardi esteve em
várias aldeias indígenas do Amapá (índios Waiãpi e Karipuna), Roraima (índios Yanomami),
Amazonas (índios Munduruku) e Mato Grosso (índios Bakairi e Nambikwara). Participou, como
observador, do 1º Encontro Nacional de Pajés, em 1987, no Mato Grosso, dedicado ao estudo
de plantas medicinais e do xamanismo. Leonardi foi um dos fundadores de Terra das Águas –
Revista de Estudos Amazônicos da UnB, e é membro de seu conselho editorial. O editor da
revista é o professor Kelerson Semerene Costa.

27. Após obter uma licença sabática de seis meses, viajou pela Índia e pelo Nepal, no primeiro
semestre de 1989. Visitou comunidades jainistas, hinduístas e budistas. Esteve em Katmandu e
em Pokhara, visitando oficinas de pintores e escultores de mandalas. Passou por inúmeros
vilarejos do Himalaia, na fronteira tibetana, e fez longa travessia, a dorso de elefante, de um
parque nacional, para fotografar rinocerontes, na fronteira do Nepal com a Índia. Surgiu então,
lá na Ásia, a idéia de escrever o livro Os navegantes e o sonho, que trata da presença do
Oriente na história do Brasil. O livro foi escrito e está baseado em vasta bibliografia encontrada
por Leonardi em Goa e, também, em material coletado em suas viagens de estudo pela China
(1971) e por 16 países mulçumanos, visitados por ele nos anos 1970. Desenha e pinta
mandalas até hoje. Fez com elas um vídeo-arte intitulado Mandalas flutuantes, com música do
compositor tcheco B. Smetana.

28. Victor Leonardi começou a estudar as fronteiras do Brasil em 1997, com financiamento das
Nações Unidas (Unesco e Pnud – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). As
pesquisas tinham sido solicitadas pelo Ministério da Saúde, para a UnB, e Leonardi
encarregou-se de executá-las. Não deu mais aulas na universidade e passou a viajar para as
fronteiras do Brasil com a Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia e Peru.
Entre uma viagem e outra, permanecia algum tempo em Brasília, estudando o material
coletado (documentos, entrevistas) e orientando seus assistentes que faziam pesquisas em
bibliotecas, arquivos e centros de documentação da capital federal. O objetivo era o de
fornecer subsídios para uma política de prevenção da Aids nas fronteiras, por isso estudou e
conviveu, nos confins da Amazônia, com garimpeiros, pescadores, posseiros, soldados,
madeireiros, pequenos comerciantes, prostitutas, caminhoneiros e imigrantes brasileiros que
vivem em países vizinhos. O resultado foi o livro Fronteiras Amazônicas do Brasil: Saúde e
História Social.

29. Nova pesquisa, com objetivo semelhante, foi solicitada em 2002, e Victor passou a
frequentar as fronteiras do Brasil com o Uruguai, a Argentina, o Paraguai e a Bolívia. Estudou a
violência fronteiriça e a atuação do crime organizado, com apoio do Escritório das Nações
Unidas contra Drogas e o Crime (UNODC). O resultado foi o livro Violência e direitos humanos
nas fronteiras do Brasil: História social da Aids, das drogas e de sua prevenção, que tem
prefácio de Giovanni Quaglia, juiz de direito italiano. Neste prefácio, Quaglia – conhecido
internacionalmente por ter participado, na Itália, da Operação Mãos Limpas, de juízes contra a
Máfia – afirma que este livro "representa um marco para a pesquisa social da Aids, que a partir
de agora terá sempre de considerar o impacto da violência como facilitador do processo de
expansão da epidemia". No decorrer desta pesquisa e da anterior, Leonardi acabou
percorrendo todos os municípios da linha divisória (de jipe, caminhão, avião, canoa), do
Oiapoque ao Chuí, isto é, do Amapá ao Rio Grande do Sul. A linha divisória tem 15.719
quilômetros. Escreveu muito sobre histórias regionais e locais: Brasiléia, Guajará Mirim,
Cáceres, Corumbá, Ponta Porã, Guaíra, Foz do Iguaçu, São Miguel do Oeste, Uruguaiana,
Santana do Livramento, Bagé, Jaguarão, Santa Vitória do Palmar, Chuí.

30. Passou o segundo semestre de 2001 nos Estados Unidos, como professor-visitante da
Universidade da Califórnia, campus de Berkeley, onde ofereceu dois cursos, um sobre o Brasil
contemporâneo (baseado em autobiografias de escritores brasileiros) e outro sobre a
literatura latino-americana relativa à Amazônia. Visitou San Francisco inúmeras vezes e
percorreu bosques de sequóia no norte da Califórnia. Antes de voltar para o Brasil, passou por
Las Vegas e pelo Hawaí.

31. Ao completar 60 anos, Victor Leonardi, já aposentado, esteve várias vezes na Itália e na
Grécia. Retomou contato com os marmoristas e músicos Leonardi, que vivem na Toscana (em
Forte de Marmi, Querceta e Pietrasanta), frequentou o Museu do Mármore, em Carrara, e
incorporou vários fatos interessantes aos textos autobiográficos que está escrevendo neste
momento: livros de memórias da série As palavras, o fogo e as pedras. Na Grécia, onde esteve
pela primeira vez em 1969, apaixonou-se pela ilha de Samos, no mar Egeu, e lá passou longas
temporadas em diferentes ocasiões. Uma parte do livro Jazz em Jerusalém foi escrito nessa
ilha. Pitágoras, Epicuro e Aristarco nasceram em Samos. Foi aí que Heródoto passou a
juventude e que Esopo escreveu muitas de suas fábulas. Vários poemas de Leonardi foram
escritos nessa ilha grega do Mar Egeu.

32. Nena Leonardi faleceu em junho de 2002. Ela e Victor tinham acabado de voltar de uma
viagem a Veneza. Nena havia sido professora do Departamento de Artes Visuais, da UnB, nos
dez anos anteriores.

33. Alguns meses após a morte de Nena, Victor mudou-se para o Rio de Janeiro. Morava
sozinho, em um apartamento no Recreio dos Bandeirantes, onde lia e escrevia sem parar. Saía
raramente, para ouvir música. Dois anos mais tarde, construiu uma casa-biblioteca no litoral
norte do Rio, ao lado de uma pequena praia do município de Búzios, onde agora passa várias
temporadas, escrevendo. Durante esse mesmo período, também teve casa na serra, pequena
casa entre montanhas, alugada por ele no município de Nova Friburgo, em uma vila chamada
Rio Bonito de Lumiar. É um lugar onde ele se sente muito bem e tem bons amigos.

34. Depois de 46 anos de ausência, voltou a frequentar a cidade onde nasceu, Araras, aí
retomando antigas amizades. Tinha saído de lá no dia 15 de dezembro de 1957. Ficou
conhecendo Márcia em Araras e juntos estão vivendo desde o mês de abril de 2005. Márcia
Michielim Tonholi é psicóloga e nasceu em Araras em 1963. Ela e Victor trabalharam no Centro
de Produção Cultural e Educativa (CPCE), da UnB, na produção de um filme-documentário
dirigido por Armando Bulcão e Tânia Montoro, intitulado Hollywood no cerrado, que trata da
vida de atores e atrizes do cinema americano – Janet Gaynor, Mary Martin, Joan Lowell – que
viveram em Goiás nos anos 1930, 1940 e 1950. David Pennington e Paulo Bertran participaram
dessas filmagens. Márcia e Victor moraram um ano no Rio Grande do Sul (2007), um ano em
Santa Catarina (2008) e três anos na cidade de São Paulo, no bairro de Perdizes. Em 2011,
mudaram-se para a Serra da Mantiqueira e desde então moram na pequena vila de São
Francisco Xavier, entre montanhas, riachos e as árvores da Mata Atlântica. Viajam muito:
estiveram duas vezes na Europa, na África do Sul, na Patagônia e na Polinésia.

35. O filho mais velho de Victor, Rodrigo Leonardi, nasceu em Paris em setembro de 1970. É
matemático e astrônomo. Fez doutorado em astrofísica no Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais – INPE, em São José dos Campos, e passou um ano nos Estados Unidos pesquisando
no radiotelescópio de White Mountain. Depois trabalhou na Nasa, vinculado ao
Departamento de Física da Universidade da Califórnia, campus de Santa Bárbara. Passou
alguns meses na Itália, em 2.006, no Instituto de Astrofísica, de Milão. Rodrigo é especialista
em radiações cósmicas de fundo e trabalhou nos últimos cinco anos na Holanda e na Espanha,
coordenando o projeto Planck, da Agência Espacial Européia.

36. Juliana Leonardi, filha de Victor, nasceu em Goiânia em março de 1974. É formada em
História e Musicoterapia. Estudou um ano na Noruega e quatro anos na Espanha. Dançava
flamenco quando criança e fez mestrado e doutorado em Saúde Mental, na Faculdade de
Enfermagem da Usp, campus de Ribeirão Preto.

37. O editor Massao Ohno, de São Paulo, publicou dois livros de poesia de autoria de Victor
Leonardi: Livro verde das horas, com prefácio do poeta Franz Rulli Costa, e Território do
escritor. Ambos contêm notas introdutórias escritas por Luís Bogo e capas feitas com quadros
de Arcângelo Ianelli. O terceiro livro de poesia – A arte de viajar à deriva e ressurgir com
paixão – foi editado no Rio em 2003. O quarto e quinto livros de poesia foram publicados pela
editora Paralelo 15, de Brasília: Em sintonia com o imprevisível(2008); Tambores e letras na
guerra que anula o sinal de morte (2010).O sexto livro de poesia Nasci no país que tem nome
de árvore (2012) foi publicado pela Gaya Produções.
38. Valentim Facioli, da Nankin Editorial, publicou em São Paulo o primeiro livro de ficção de
Leonardi, Quando o escriba do castelo era eu, em 2001, e também o ensaio Jazz em Jerusalém,
em 1999. Em 2010, a Nankin publicou o livro de contos Navio brasileiro em águas profundas. E,
em 2013, o livro de contos Os filhos que Cronos não devorou.

39. A Editora Global publicou, em São Paulo, em 1982, a primeira edição de História da
Indústria e do Trabalho no Brasil, escrito em co-autoria com Francisco Foot Hardman. A
segunda edição foi feita pela Editora Ática em 1991.

40. Os ensaios na área de História foram editados pela Paralelo 15 em co-edição com a Editora
Universidade de Brasília: Entre árvores e esquecimentos (1996); Os historiadores e os rios
(1999). A Paralelo 15 publicou ainda: Os navegantes e o sonho (2005); Fronteiras amazônicas
do Brasil (2001);Violência e direitos humanos nas fronteiras do Brasil (2007). O ensaio
Exercícios de liberdade foi publicado em Guaratinguetá pela Fazenda da Esperança, em 2009.

41. A fábula Montanha do Meio do Mundo, foi editada em 2010 pela Gaya Produções.

42. Além desses livros, Victor Leonardi escreveu capítulos de obras coletivas: História do
Século XX (Editora Abril, 1974), Brasil História (Editora Brasiliense, (1979) e, em espanhol,
História General de América Latina, publicada em Madri, no ano 2000, pela Editorial Trotta.
Escreveu também o texto do livro Estrada Colonial no Planalto Central, com fotos de Rui
Faquini e mapa de Bismarque Vila Real (Editora Instituto Paidéia, 2006). Participou do livro de
poesias intitulado Araras cidade das árvores, organizado por Maria Cecília Leite. Contém
poemas de Maria Cecília Leite, Adriana Dezotti Fernandes e Victor Leonardi. As fotos são de
César Saullo.

43. Victor Leonardi escreve a lápis. Nunca usou computador, máquina de escrever ou caneta.
Sua tecnologia é de uma simplicidade absoluta: lápis e folhas brancas de papel. Não pertence a
nenhum partido político e não faz nenhum esforço para ganhar espaço na mídia. Mas gosta,
sim, de manter contato com seus leitores e de conversar sobre viagens.

44. Há dias em que ele bebe bons vinhos. Há dias de muita felicidade na companhia de Márcia.
E há dias em que se consagra à única tarefa de dormir e sonhar. Sonhos e mitos estão muito
presentes em sua literatura.

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