Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Introdução:
Batizados no "Espírito"
"Batizado no Espírito", "Oração em Línguas", "O Dom da Profecia", e um
"Relacionamento Pessoal com Jesus Cristo" são todas expressões muito em voga e
indispensáveis no vocabulário da assim chamada "Renovação Carismática
Católica" (RCC) , um movimento cujas origens se deve a um retiro sem nenhum
acompanhamento realizado em 1967 por alguns estudantes da Universidade de
Duquesne em Pittsburg (USA) . Por volta de 1990, o movimento já contava com cerca
de 72 milhões de seguidores no mundo inteiro e organizações oficiais em mais de
120 países.
Um crescimento tão rápido aqui e no exterior, juntamente com o quase
completo abandono de práticas e crenças genuinamente católicas, bem como modo
de se expressar, tem sido motivo de preocupação para os Católicos já por um bom
espaço de tempo. À luz do trigésimo aniversário da RCC ocorrido no ano de 1997,
uma análise mais profunda de suas práticas, crenças e idéias vem bem a calhar.
O trecho abaixo tirado da literatura carismática, diz respeito a um dos carro-
chefes da RCC, "Batismo no Espírito", uma "Experiência de fé", na qual uma pessoa
"libera" as graças recebidas no Batismo, Confirmação e Sagrada Eucaristia e assim
experimenta a presença de Deus de um modo profundamente pessoal. Só por aí já
podemos antecipar a visão e a compreensão dos Sacramentos mais comuns para os
seguidores desse movimento:
"Cada Paróquia possui um certo número de grupos com sua própria visão, propósito
e área de serviço. Ninguém se sente incomodado ou perturbado pelos outros
movimentos tais como, Grupos do Rosário, Legião de Maria, Sociedade de São
Vicente ou qualquer outra organização paroquial - a lista aqui poderia ser bem maior.
Portanto, por que toda essa polêmica em torno da Renovação Carismática? A
verdade é que a RCC não é apenas uma questão de encontros de oração semanal.
O seu coração reside no Batismo no Espírito Santo - uma graça de Deus a qual
deveria ser parte da experiência normal de todo cristão - Através desse batismo,
todo mundo: clero e leigos, homens e mulheres, jovens e velhos, negros e brancos,
ricos e pobres - todos sem distinção, têm a oportunidade de dar o seu sim a Deus.
Mas é ainda muito mais do que isso. Ao fazermos nossa adesão pessoal a Jesus
Cristo, nós estamos dizendo "sim" à presença poderosa do Espírito Santo e aos seus
dons: os carismas. Muitos de nós fracassamos em fazer isso quando iniciamos o
processo da Iniciação Cristã. Mas agora todos nós podemos fazê-lo, basta
permitirmos que o Espírito Santo transforme-nos desde o mais profundo íntimo do
2
Irregularidades Doutrinárias
As implicações de tal declaração não deveriam deixar perplexo ninguém que
tem um mínimo de conhecimento do Catecismo. Do ponto de vista ortodoxo e para
dar ao autor o benefício da dúvida, poderíamos considerar tal declaração como uma
referência ao Sacramento da Confirmação, o Sacramento pelo qual o Espírito Santo
vem até nós de modo particularmente especial para nos transformar em verdadeiros
cristãos e perfeitos soldados de Cristo.
Que fosse tal pensamento relativo ao caráter sacramental, poderíamos ainda
assim suspeitar de que o que eles pretendem sugerir, seria na verdade, um "oitavo
sacramento" necessário para completar os outros sete. Mas muito ao contrário, os
carismáticos negam qualquer clara conexão entre o "Batismo no Espírito"e os
sacramentos Católicos, uma vez que "ritos sacramentais e experiência religiosa são
partes complementares da iniciação Cristã básica. E uma vez que esses aspectos da
"Iniciação Cristã" são complementares, os Carismáticos não vêem nenhum motivo
pelo qual não-católicos e até não-cristãos sejam excluídos da oportunidade de
experimentar ou receber os tais carismas, aqui se referindo é claro, às extraordinárias
manifestações do Espírito Santo, as quais auxiliaram na expansão da Igreja Primitiva
e desapareceram pouco tempo depois da Era Apostólica.
De fato, eles sustentam que a natureza complementar das duas partes da
"Iniciação Cristã" faz com que ela se torne algo facilmente reversível, ou seja, que
uma pessoa não batizada pode experimentar esse "batismo no Espírito"e se tornar
ipso facto, um cristão autêntico, precisando dos "ritos sacramentais" meramente
para "completar" sua "iniciação cristã". O status dessas pessoas teoricamente seria
o mesmo daqueles católicos que tendo recebido os Sacramentos, ainda esperam por
uma consciente manifestação das graças invisíveis". É óbvio que muitas pessoas,
mesmo os grandes Santos, nunca receberam consolações notáveis em sua Fé e
muito menos manifestações extraordinárias do Espírito Santo. Portanto dizer que
uma pessoa que experimentou esse "batismo no Espírito" está de tal forma unida a
Deus como ( ou até mais que) um católico piedoso e batizado que nunca vivenciou
tal experiência é claramente um absurdo."
A raiz desse absurdo é o falso entendimento de que uma experiência
emocional sempre acompanha a concessão de uma graça- ou que pelo menos faz
parte da "liberação da graça". Muito ao contrário, no que diz respeito à graça
sacramental, frequentemente a única indicação sensível da concessão da graça é o
sinal sacramental por si mesmo.
O Catecismo do Concílio de Trento define um sacramento como "um sinal
visível de uma graça invisível, instituído para a nossa justificação". É portanto um
sinal, cujo efeito é o que significa. Uma vez que todos os sinais visíveis de todos os
sacramentos são completamente objetivos e estabelecidos pela Igreja de acordo com
3
"Quem em nossos dias, espera que aqueles a quem são impostas as mãos para que
recebam o Espírito Santo, devem portanto falar em línguas , saiba que esses sinais
foram necessários para aquele tempo. Pois eles foram dados com o significado de
que o Espírito seria derramado sobre os homens de todas as línguas, para
demonstrar que o Evangelho de Deus seria proclamado em todas as línguas
existentes sobre a Terra. Portanto o que aconteceu, aconteceu com esse significado
e passou"
4
Novo, uma de suas alunas, Agnes N. Ozmen, começava a reunir o grupo para orar e
quando foram-lhe impostas as mãos, ela começou a orar em línguas. Dentro de
poucos dias, muitos outros a seguiram na experiência.
Transplante Católico.
Em 1967, durante aqueles primeiros tempos de euforia pós-Vaticano II, uma
época agitada pelo frenesi ecumênico e apostasia generalisada, alguns estudantes
da Universidade de Duquesne em Pittsburg começaram a se expor às influências
pentecostais devido à sua aridez espiritual. Eles estavam com "inveja" das "vidas
modificadas" de seus muitos amigos protestantes e decidiram então orar pedindo
graças idênticas. Uma espécie de retiro de fim de semana foi a chave providencial
para os seus questionamentos. Várias pessoas se aproximaram de vários ministros
protestantes, leigos e grupos de oração protestantes; e todos receberam o tal
"batismo no Espírito" depois de terem tido mãos heréticas impostas sobre eles em
oração.
A importância dessa ação não deve ser subestimada. Esses Católicos se
submeteram a um rito não-católico de caráter quase sacramental_ obviamente uma
troça do Sacramento da Confirmação_ e toda a vibração emocional proporcionada
por esse pecado ( objetivamente falando, naturalmente) convenceu-os da santidade
da inteira experiência. Eles saíram dali como "Católicos Carismáticos" e sua
influência se espalhou igual fogo selvagem por todo o país- primeiramente nos
campus de colégios e depois pelo mundo inteiro.
Se existe um bom argumento para se ouvir a Igreja, esse é um deles. A Igreja
por quase 2000 anos, sempre alertou seus filhos para manterem distância de "cultos"
6
heréticos, porque ela sabe muito bem as consequências de tal pecado, tanto para os
indivíduos envolvidos como para o Corpo Místico como um todo. Apesar disso a RCC
não só admite como impertubavelmente louva, suas raízes ecumênicas e
protestantes!
A conclusão tácita é que a Igreja- O Corpo de Cristo- perdeu a maior parte da
Fé, enquanto o Espírito Santo mantinha essa mesma fé dentro do Protestantismo.
Portanto, os protestantes é que estariam restaurando à Igreja o seu patrimônio
perdido. Esse é um posicionamento tão falso quanto audacioso, o que claramente cai
em contradição com dois Dogmas de Fé: extra ecclesiam nulla salus = fora da
Igreja não há salvação, e a indefectibilidade da Igreja. Ambos serão tratados
minuciosamente mais a seguir.
Hoje em dia, praticamente em cada diocese existe um órgão oficial da RCC.
Existem grupos de oração carismática, seminários, convenções, retiros, etc. Tudo
isso espalhado pelo país e pelo mundo inteiro. Nenhum nível da hierarquia está livre
do contingente carismático, e eles são numerosos também entre o clero-
especialmente entre o clero regular ou secular. Como procuraremos demonstrar, nem
sequer Roma está imune à influência dos Carismáticos.
Teologicamente o movimento possui razões legítimas para sua existência. Ele possui
uma forte base bíblica. Seria difícil inibir a obra do Espírito a qual se manifestou tão
abundantemente na Igreja Primitiva... Temos que admitir no entanto que tem havido
abusos ( no uso dos assim chamados carismas), mas a cura não é a negação da
existência dos mesmos e sim o seu uso adequado.
"Os cristãos de hoje têm que redescobrir o coração da mensagem cristã; eles foram
suficientemente "sacramentalizados"; mas não foram suficientemente
"evangelizados". Temos agora que encarar a tarefa de redescobrir e explicar o que
realmente faz um cristão. Devemos ajudar os cristãos a se tornarem cada vez mais e
continuamente cientes de sua fé e a vivê-la de um modo mais pessoal. Muitos devem
portanto trocar aquele cristianismo sociológico ou herdado, por uma vida de fé mais
plena e ativa, baseada em uma decisão pessoal e abraçada com completa
consciência."
De qualquer modo, podemos dizer que um dos frutos positivos da total crise
de autoridade na qual os católicos de hoje encontram-se imersos, é a sede saudável
por conhecer mais sobre a história da Igreja e estudar os documentos de seu
Magistério. A sabedoria comprovada dos Padres e Doutores da Igreja, Prelados
genuinamente guiados pelo Espírito Santo, é de uma profundidade bem clara e de
uma poderosa acuracidade. O surgimento de seitas "espiritualistas" é algo que já
havia acontecido antes na história da Igreja, e um breve exame de como os modernos
homens de Igreja lidam com elas, serve-nos para obter um melhor entendimento da
situação atual.
Paralelos Históricos.
Não podemos negar que extraordinárias manifestações do Espírito Santo
ocorreram durante a Era Apostólica e que foram mais do que úteis para ajudar a
difundir a Fé Cristã pelos quatro cantos do mundo conhecido até então. Qualquer um
pode constatar isso, lendo os Atos dos Apóstolos. Tais manifestações tinham
propósitos específicos: espalhar a mensagem do Evangelho a ouvintes de diferentes
9
"A Igreja não poderia se preparar para o Novo Milênio de outro modo senão
pelo Espírito Santo. O que foi conquistado pelo poder do Espírito Santo na plenitude
dos tempos, apenas pelo poder do Espírito é que poderá emergir agora da memória
da Igreja".
10
"A tarefa primordial na preparação para o Jubileu incluirá uma renovada apreciação
da presença e da atividade do Espírito Santo... [ cita sinais de como isso já está
ocorrendo]... maior atenção à voz do Espírito através da aceitação dos carismas e da
promoção dos leigos, um compromisso mais profundo com a causa da unidade dos
cristãos, e um crescente interesse pelo diálogo com outras religiões e com a cultura
contemporãnea."
"Eu não estou dizendo que os "outros"católicos não crêem, mas quando você é
renovado pelo Espírito, sua fé se torna viva".
Agora, dando à Senhora Nunez todo o benefício da dúvida, tal declaração soa
como um insulto a qualquer Católico não-Carismático, pois seria o mesmo que dizer
que temos uma fé morta ao passo que os Carismáticos possuem uma fé viva. Esse
tipo de declaração infeliz é muito parecida com a dos Fraticelli.
Miguel de Molinos (1628-1696) confundiu completamente o ensinamento
Católico sobre a graça e a natureza. Apesar dele acreditar que a graça supõe a
natureza, ele ensinava que o único caminho para a santificação era o completo
abandono da alma às ações de Deus ( aqui no caso, o Espírito Santo). Novamente,
isso soa como ortodoxo a princípio, ou seja, quando ouvido num contexto ortodoxo.
Todavia contém um erro grave. Molinos sustentava que a alma deveria ficar
11
Jesus aprendeu a vontade do Pai, vivendo num relacionamento pessoal diário com
Ele. Será que eu estou crescendo na prática da Presença de Deus através do meu
dia-a-dia? Eu faço as coisas ou progrido de um modo compulsivo ou como resposta?
Será que meu ouvido interior está treinado para ouvir, buscando ouvir o Espírito Santo
e seguir sua doce moção? Seguir o Espírito é como pisar na corrente de um rio,
permitindo que ela lhe dê a direção. ( Patti Harrison-"Jesus Lord of my life")
O Desdobramento
Um outro desdobramento da árvore Carismática, que não podemos deixar
passar despercebido é o fenômeno conhecido pelos seus seguidores como
12
"Movimento Mariano"e pra quem está do lado de fora como "Aparição Mania".
Apesar de uma profunda avaliação desse aspecto não ser o objetivo desse artigo, os
frutos maiores e mais venenosos deverão certamente ser demonstrados. Maiores
considerações a respeito podem ser encontrados no livro de Michael Davis
"Medjugorje-A Warning".
Os Carismáticos sempre tiveram um lugar especial (mas não muito especial)
para a Bem- Aventurada Virgem, chamando-a de "a Primeira Carismática", aquela
que "concebeu pelo poder do Espírito Santo" e que "estava presente no Cenáculo
quando os discípulos de Jesus ficaram cheios do Espírito Santo".
Como muitos Carismáticos admitem, o Movimento Mariano estava
começando a minguar por volta do início da década de 80. Mas de repente as assim
chamadas aparições começaram a pipocar em diferentes locais no mundo inteiro e
uma outra bem maior foi anunciada semanas antes do acontecimento num Encontro
da RCC em Roma. Uma "profecia" foi proferida concernente a uma aparição que
começaria dali há poucos dias nas Balcãs- Bósnia Herzegovina. Como foi
prometido, Nossa Senhora teria aparecido na data marcada e desde então vem
aparecendo quase que diariamente!
Obviamente que as supostas manifestações alegadas pelos Carismáticos e
as supostas aparições reinvindicadas pelos "videntes" de Medjugorje caem em duas
categorias bem diferentes de fenômeno sobrenatural, mas a sobreposição entre os
Carismáticos e os seguidores de Medjugorje é quase completa na descrição do autor
do livro .
Os Carismáticos voam em bando para Medjugorje, apesar da Igreja
desencorajar tais peregrinações e apesar do julgamento do Bispo Diocesano, o qual
declara que as supostas aparições não são autênticas de modo algum. Qualquer um
deveria chegar à conclusão que um "espírito" que os leva a desobedecer a uma
proibição explícita de Roma, bem como uma "Nossa Senhora" que leva os
franciscanos encarregados da paróquia de Medjugorje, a menosprezarem as
censuras de seu Bispo Diocesano por causa de suas atitudes pecaminosas, de forma
alguma pode vir de Deus. Mas infelizmente, enquanto os "rosários" e outros souvenirs
continuarem se convertendo em ouro, ninguém parece estar muito preocupado com
essas questões.
Ali "Nossa Senhora" supostamente estaria dando mensagens periódicas ao
mundo. Mensagens que por mais estranho que pareça, são muito parecidas com as
profecias proferidas pelos Carismáticos em seus grupos de oração. O conteúdo, nem
precisamos mencionar, fica ao nível do primeiro grau de uma escola de Catecismo e
o estilo normalmente é uma mistura de caráter sentimental. Mais abaixo
apresentamos um paralelo entre dois exemplos:
Profecia Carismática:
"Meu povo, Eu coloquei o meu louvor em seus lábios. Ponham o meu louvor
em cada situação de suas vidas e eu mostrarei-lhes o poder do meu louvor, diz o
13
Senhor! Meu povo, dêem as costas para o mal, venham até mim. estejam no mundo,
mas não sejam do mundo, honrem o Meu Filho e Eu darei-lhes paz e contentamento,
diz o Senhor! Mesmo se uma mulher esquecesse o filho que ela gerou, eu não me
esqueceria de vocês. Seu nome está escrito na palma de minha mão, diz o Senhor.
Tragam-me os doentes e eu os curarei, suas preocupações eu as dispersarei, seus
fardos e eu os carregarei. Meu povo, eu quero vos libertar, diz o Senhor." ( Livro: O
Carisma da Profecia- Andy O'Neill)
liberais é o motivo principal da crise na qual a Igreja se encontra mergulhada nos dias
de hoje. Portanto não é de se admirar que encontremos os Carismáticos de hoje,
sustentando crenças e práticas que há somente 50 anos atrás teriam lhes causado
os maiores problemas com as autoridades da Igreja.
De modo a termos um claro panorama do que há de errado com a RCC, é
necessário examinar seus princípios básicos à luz da Doutrina Católica. Apesar de
estar muito além do objetivo dessa tese, fazer uma análise teológica detalhada do
movimento, vários pontos básicos serão levantados. Tais questões poderão ser
aprofundadas posteriormente por teólogos competentes.
Embora a RCC seja um "grupo de grupinhos" vasto em número e
intencionalmente impreciso do ponto de vista doutrinal, certos princípios específicos
podem ser decodificados a partir da vasta literatura Carismática disponível. Esses
princípios podem até não ser conscientemente apoiados por todos os Carismáticos
em geral, mas eles podem ser frequentemente encontrados- explicitamente ou
implicitamente- em seus escritos.
Idéias Fenomenalistas
O Fenomenalismo, cujas raízes procedem do Iluminismo do século 18, é o
principal fator subjacente do Movimento Carismático. A Enciclopédia Católica define
o fenomenalismo da seguinte maneira:
Fenomenalismo literalmente significa qualquer sistema de pensamento que
tem a ver com as aparências. O termo contudo, é comumente restrito `a designação
de certas teorias pelos que elas determinam: 1- que não existe nenhum outro
conhecimento o não ser o próprio fenômeno- negação da substância no senso
metafísico; ou 2- que todo conhecimento é fenomenal- negação do objeto em si e
determinação de que toda a realidade é diretamente ou reflectivamente presente no
inconsciente.
"Quando você estiver orando depois de ter recebido a Comunhão, eu sugiro que você
visualize raios luminosos de cura saindo da hóstia consagrada que você acabou de
receber e fluindo através de todo o seu ser"...
difícil ver no que a moderna religião pós-conciliar se tornou... de acordo com algumas
acusações, a religião do homem adorando-se a si próprio.
Tendências Gnósticas
Várias formas de gnosticismo tentaram fazer estrada dentro da Igreja através
dos séculos; elas podiam até ser diferentes umas das outras nos detalhes, mas o
fator central subjacente entre elas sempre foi a alegada existência de um
"conhecimento secreto", ou gnose, o qual faz de seu possuidor o crente verdadeiro,
portanto, o único realmente preparado para o Céu. Com os Carismáticos, essa gnose
se torna a experiência de Deus através das manifestações interiores e exteriores do
"espírito", o qual transforma aqueles que experimentam tais fenômenos em
verdadeiros "crentes".
Ecumenismo
A filosofia fenomenalista Carismática possui interessantes repercussões na
área do Ecumenismo. Segundo a RCC, no Concílio Vaticano II, "a Igreja
comprometeu-se irrevogavelmente em seguir o caminho da aventura ecumênica" (Ut
Unum sint 3)...
O fato é que não-católicos tem compartilhado das mesmas experiências dos
Carismáticos independente da Igreja supostamente provar a validade de suas seitas
heréticas. Essa atitude é fenomenalismo puro e simples: Deus Espírito Santo estaria
produzindo o fenômeno "X" entre os Católicos Carismáticos; o fenômeno "X" está
presente também na seita protestante "Y"; portanto, a seita protestante "Y"
compartilha da mesma fé verdadeira com os Carismáticos Católicos. O fato de que o
menos experiente aluno de escola primária poderia facilmente desbancar essa falsa
suposição, parece não apresentar nenhum problema para os Carismáticos, uma vez
que tal lógica cai naquela categoria que eles definem como "conhecimento racional"
ao invés do verdadeiro conhecimento de "coração", o qual eles se gabam de ter como
experiência.
Como o seguinte trecho demonstra, os Carismáticos acham que a caridade
mútua baseada na experiência é que é o princípio da Unidade Cristã:
"Enquanto a inteira Igreja, tanto o Clero como leigos, estão às voltas tentando
responder a esse mandamento de buscar a Unidade, de um modo único isso já é real
para os líderes da RCC, porque tanto as orígens de nossa renovação
pentencostal como as ações do próprio Deus na Renovação são ecumênicas. A
renovação possui uma dimensão ecumênica, a qual de forma alguma é acidental, e
sim que faz parte de sua natureza. Portanto a renovação Carismática como é
freqüentemente descrita, é uma graça ecumênica para a Igreja"
17
Três fatos da história moderna podem facilitar nossa compreensão. No final do último
século, enquanto o Papa Leão XIII pedia aos Católicos de todos os lugares para que
rezassem por uma renovação do Espírito Santo, muitos protestantes evangélicos
também estavam ávidamente buscando uma renovação no espírito. O segundo fato
é que a confiança ecumênica do Vaticano II foi o principal componente do "novo
Pentencostes", pelo qual a inteira Igreja havia rezado antes e durante o Concílio. O
terceiro fato é que quando a renovação pentencostal começou entre os Católicos lá
pelo final da década de 60, a mesma renovação no Espírito, com carismas, serviço
mútuo e amor... simultaneamente estava acontecendo também entre cristãos de
outras denominações pelo mundo afora...
Aqui a chave para o sucesso é o genuíno respeito mútuo entre líderes protestantes e
Carismáticos católicos.Quando ambos, Carismáticos católicos, evangélicos
pentecostais, bem como outros líderes protestantes não denominacionais, aceitarem
a validade da fé de seus concorrentes, aí sim, haverá uma boa fundação.
Reconhecimento mútuo do fato de que a fé em Jesus Cristo e o batismo faz-nos
irmãos e irmãs em Cristo e membros de seu único Corpo é fundamental para
construirmos relacionamentos de mútua confiança, respeito e amizade. Existe uma
relação direta entre tal fundação de relacionamentos pessoais sólidos e o sucesso de
qualquer empreendimento ecumênico."(Kevin Ranaghan- Ecumenism and Catholic
Charismatic Renewal Today)
Todo Católico sabe muito bem que a tão propalada "unidade cristã" significa
apenas uma coisa, o retorno daqueles que se encontram no erro ao seio da única
Igreja, fundada por Jesus Cristo e administrada por seu Vigário na Terra, ou seja, o
Romano Pontífice. A Unidade da Igreja é baseada na Verdade objetiva, guardada e
proclamada pelo Papado, o qual é o princípio de unidade da Igreja. Aqueles que não
estão unidos na fé e na comunhão com a Igreja são, pelo menos objetivamente
falando, heréticos por negarem a fé e cismáticos por não se submeterem ao Romano
Pontífice. A ininterrupta Tradição da Igreja, objetivamente dizendo, exclui-os da
Salvação enquanto persistir sua desunião:
Ao contrário do que dizem os Carismáticos, o Papa Pio XII declara em sua magnífica
Encíclica Mystici Corporis:
"Cristo", diz o Apóstolo, "é a Cabeça do Corpo da Igreja". Se a Igreja é o corpo, esse
deve ser de uma inquebrantável unidade, de acordo com as palavras de Paulo:
"Apesar de sermos muitos, somos um só corpo em Cristo". Mas não é apenas
18
necessário que o Corpo da Igreja seja uma unidade inquebrável, mas também que
deve ser algo definido e perceptível como bem define nosso predecessor de feliz
memória, Leão XIII em sua Encíclica Sagitis Cognitum: "A Igreja é visível porque ela
é um corpo. Portanto erra em matéria de verdade divina, aqueles que imaginam a
Igreja como invisível, intangível, algo meramente peneumológico (espiritual), como
eles costumam dizer, "presente através de muitas comunidades cristãs, que embora
diferenciando-se umas das outras por sua profissão de fé, estão unidas por um
elo invisível".
Protestantismo.
Dado as orígens ecumênicas e protestantes da RCC, não é de se admirar que
o pensamento dos Carismáticos seja impregnado de concepções nitidamente
protestantes. Uma das marcas registradas do Protestantismo é aquele princípio da
sola scriptura, ou seja, apenas a Bíblia, ou melhor, apenas a interpretação pessoal
das Escrituras baseada na "inspiração do Espírito Santo" é que tem valor. Devido a
19
Através dos séculos os santos concordaram que relacionar-se com Deus mais
intimamente em oração permite a Deus também relacionar-se conosco intimamente
compartilhando de sua divina sabedoria conosco... Na medida que nos comunicamos
com Deus, Ele se comunica conosco. Mas o oposto também é verdade: se nós
abrimos nossos corações para Sua Santa Palavra, uma extraordinária experiência de
fé, esperança e amor jorrará em nossas almas... na medida em que alguém se torna
cada vez mais ciente de que a "letra mata, mas o Espírito vivifica"( II Cor.3:6),
eventualmente o Espírito o levará ao coração daquela passagem. Mesmo que ele não
saiba a correta e exata interpretação da passagem, ele pode depender apenas do
Espírito para adquirir tanto o significado como a sua correta aplicação... Talvez
nosso maior problema reside no fato de que lemos muito a Palavra de Deus,
mas a experimentamos muito pouco. Existe uma grande diferença entre memorizar
passagens e pensar biblicamente com os "pensamentos de Deus"( I Cor. 2;11). Existe
uma grande diferença entre ter as Sagradas Escrituras alojadas como um livro
empoeirado dentro de nossas cabeças e tê-las como uma fonte viva jorrando
inspiração em nossos corações.( Hampsch)
Naturalmente que todo Católico sabe muito bem que a Interpretação das
Sagradas Escrituras, como bem descreve a própria Escritura (II Pedro 1: 20) foi
confiada exclusivamente à Igreja- a qual é verdadeiramente guiada pelo Espírito
Santo- e não `a cada indivíduo em particular. Aliás, o seguinte trecho extraído dos
decretos do Concílio de Trento explica esse princípio claramente, bem como a
punição prometida àqueles que compartilham dessa crença e prática herética:
Antiquarianismo ou Arqueologismo.
Uma das tendências mais comuns entre os liberais é fingirem um certo desejo
pelo retorno das práticas da Igreja Primitiva. Lutero, Huss e um número incontável de
outros heréticos usaram o mesmo estratagema para mascarar suas inovações. Todo
Católico sabe muito bem que a Fé da Igreja Primitiva era inteiramente ortodoxa e que
as formas e práticas litúrgicas da Igreja seguiram um genuíno desenvolvimento ( não
evolução!) até chegar ao ponto em que as formas externas do culto Católico
tornaram-se mais apropriadas para expressar sua crença interna. Assim esses
supostos "acréscimos" feitos na Sagrada Liturgia, antes do Concílio vaticano II,
podemos dizer que não foram realmente "acréscimos" e sim legítimos
desenvolvimentos orgânicos da Liturgia, os quais proporcionaram uma maior
solenidade externa ao culto Divino.
O Papa Pio XII, já durante seu Pontificado, teve que lidar com esse erro dos
Modernistas:
"O desejo de restaurar tudo indiscriminadamente à sua antiga condição, não é nem
sábio e nem digno de louvor. Seria errado por exemplo, querer que o altar seja
restaurado à sua antiga forma de mesa, ou querer eliminar a cor preta dos
paramentos, ou ter estátuas e pinturas excluídos de nossas Igrejas, ou requerer que
os crucifixos não tragam mais os sinais dos sofrimentos do Divino Redentor".
(MediatorDei).
A Igreja a qual Ele fundou com o Seu próprio Sangue, Ele fortaleceu no Dia de
Pentecostes por um poder especial descido dos Céus. Depois de ter solenemente
instalado no mais exaltado ofício o Seu Vigário, Ele subiu aos Céus e sentado agora
à direita do Pai, Ele desejou fazer conhecida a Sua Esposa através da descida visível
do Espírito Santo, com o som de um vento impetuoso e línguas de fogo. Para que
assim como, quando Ele próprio começou a pregar fazendo conhecido o Eterno Pai,
através do evento do Espírito Santo descendo sobre Ele em forma de pomba, do
mesmo modo, quando os Apóstolos estavam prestes a começarem seu ministério de
pregadores, Cristo Nosso Senhor enviou o Espírito Santo dos Céus, para tocá-los
com línguas de fogo e apontá-los com o dedo de Deus, para a missão sobrenatural e
para o ofício da Igreja. ( Mystici Corporis)
Como já foi dito antes, o fim dessas manifestações externas do Espírito Santo
correspondem aproximadamente à conquista pela Igreja de uma universalidade
moral. O desejo de retornar à práticas as quais eram adequadas às necessidades da
Igreja Primitiva e que nunca foram entendidas como ordinárias é antiquarianismo
puro e simples. Como já foi mencionado anteriormente, descartar a Tradição da
Igreja, como no caso da declaração de Santo Agostinho pertinente aos carismas, é
uma atitude claramente protestante, na medida em que a justificativa para esse
menosprezo da Tradição é baseado na leitura "inspirada" da Bíblia feita por cada
Carismático individualmente.
"O Eterno Pastor e Bispo de nossas almas ( I Pedro 2:25) de modo a tornar perene a
obra salvífica da redenção, quis edificar a Santa Igreja de modo em que na casa do
Deus Vivo, todos os fiéis pudessem ser abrigados e unidos pelo elo de uma única Fé
e caridade."
22
Sua Indefectibilidade
A alegação dos Carismáticos de que apesar do desaparecimento dos
carismas por quase 2000 anos, eles são essenciais à missão da Igreja, é um assalto
direto à Indefectibilidade da Igreja, um dos seus atributos essenciais. Essa
indefectibilidade é o corolário da promessa de Nosso Senhor a São Pedro ( Mt 16:18).
"A Igreja instituída por Jesus Cristo foi feita para durar para sempre, pelo menos em
seus atributos essenciais"( Abade A. Boulenger- La Doctrine Catholique)
Essa doutrina garante apenas que a Igreja permanecerá para sempre, mas
isso não previne da destruição de grandes porções da Igreja. Mais ainda, isso deve
ser considerado como algo não-essencial para o cumprimento de sua divina missão.
A perpetuidade ( indefectibilidade) da Igreja resulta do fato dela ser uma
religião definitiva a qual não pode renunciar à sua posição em favor de outra. De modo
a cumprir sua divina missão (o que nos é garantido pela Revelação) é necessário que
ela sobreviva em todos os elementos essenciais para o cumprimento dessa missão.
Portanto, todo o aspecto da Igreja que não é constante e universal ( pelo
menos de acordo com sua natureza) não é essencial para o cumprimento de sua
missão. Os carismas são inequivocadamente, um desses aspectos, e portanto são
não-essenciais para o cumprimento da missão da Igreja e nem protegidos pela sua
indefectibilidade. De fato, a afirmação dos Carismáticos sobre a natureza essencial
dos carismas, não deixa de ser um duro golpe no verdadeiro princípio da
indefectibilidade, pois se um elemento essencial para a perpetuação da Igreja
desapareceu por quase 2000 anos, isso significa apenas que a promessa de Nosso
Senhor foi uma mentira.
Seu Magistério
23
Nosso Senhor Jesus Cristo fundou uma Igreja visível, a qual é Una, Santa,
Católica e Apostólica. Ele disse aos Seus Apóstolos, os primeiros Bispos: "Ide pelo
mundo todo e ensinai a todas as nações"( Mt 28.19), e " Quem vos ouve, a mim
ouve"( Lc 10.16). O Magistério, ou ofício de ensinar da Igreja, é infalível quando:
a) O Papa pronuncia-se ex-cathedra ou que um Concílio Geral unido ao Papa
faz uma declaração definitiva concernente à fé ou moral (de fide).
b) ou Pronunciamentos ordinários do Papa, Concílio ou Bispo correspondente
a algum ensinamento infalível anteriormente estabelecido.
A questão do Magistério é central para compreendermos a inteira crise na
Igreja de hoje, porque os liberais acham que podem tranquilamente varrer 20 séculos
de ensinamento Católico substiundo-os por aquilo que os homens contemporâneos
da Igreja derem na veneta. A esse critério poderíamos acrescentar a "inspiração
pessoal do Espírito Santo".
Frequentemente temos ouvido essa conversa sobre a diferença entre ensino
"pré-conciliar"e ensino "pós-conciliar" no tocante à teologia, moral...etc. O que
deve ficar bem claro é que um dado Concílio ou Papa não pode - com garantia divina-
erradicar unilateralmente um ensinamento do Magistério da Igreja, o qual foi
previamente definido como infalível. Novamente aqui não é uma questão do que
alguém "sente" que o Catolicismo deve ser, muito pelo contrário, o ensinamento
Católico infalível é uma questão de fato histórico, completamente independente das
"inspirações individuais" de qualquer indivíduo, seja ele, papa, cardeal, bispo, padre
ou leigo. Como declara o Papa Pio XII:
Pois, juntamente com essas sagradas fontes ( Escrituras e Tradição), Deus deu o
Magistério vivo à sua Igreja, para iluminar e esclarecer aquilo que está contido no
Depósito da Fé de forma obscura ou implícita. De fato, o Divino Redentor confiou esse
Depósito não a cristãos individualmente, nem a teólogos para ser interpretado de
forma autêntica, mas apenas ao Magistério da Igreja. (Papa Pio XII- Humani Generis)
A Raiz do Problema
Ensinamento Católico sobre a Graça
Talvez seja na área do conceito sobre a graça que os Carismáticos façam a
mais nítida ruptura com a Doutrina Católica e revelam a raiz chave de seu inteiro
sistema de erros. Como já foi dito anteriormente, os Carismáticos defendem a
necessidade de um fenômeno sensível que acompanhe e dê significado à recepção
da graça ( ou pelo menos que a "libere") na alma. Em outras palavras, "Cristãos em
cuja alma Deus realmente atua, sentem sempre a sua ação". Isso é claramente falso.
A graça Santificante, aquela que "santifica a alma" confere beleza
sobrenatural à mesma, faz o homem justo entrar em relacionamento de amizade com
Deus, torna-o um Templo do Espírito Santo, um Filho de Deus e que dá-lhe
24
Uma vez que mesmo agora quando o Espírito Santo é recebido, ninguém fala nas
línguas de todas as nações, é porque a própria Igreja já fala na língua de todas as
nações: Já que quem quer que seja que não está dentro da Igreja, não recebeu ainda
o Espírito Santo" (Santo Agostinho, Tratado de XXXII sobre João).
26
É bem sabido que o Diabo e seus demônios podem produzir prodígios que a
princípio parecem milagres para os mais desavisados, como na história do Mago
Simão e sua "milagrosa levitação" desbancada por São Paulo. Portanto é
extremamente perigoso ir aceitando de cara, qualquer fenômeno extraordinário como
sendo de orígem divina. O grande místico e doutor da Igreja, São João da Cruz, tão
frequentemente citado e tão mal compreendido pelos "gurus" espirituais modernos,
tinha o seguinte a dizer, concernente à supostas "revelações pessoais" vindas de
Deus e que foram experimentadas por alguns de seus contemporâneos:
"E eu temo muitíssimo pelo que está acontecendo nesses nossos tempos: se
qualquer alma, seja lá qual for, depois de um pouquinho de meditação, tiver em suas
recordações uma dessas locuções, e imediatamente "batizá-las"como vindas de Deus
e com tal suposição disser: "Deus me disse", "Deus me respondeu". Ainda que não
seja exatamente assim, mas, como já dissemos, essas pessoas são frequentemente
os autores de suas próprias locuções".( São João da Cruz- A Subida do Monte
Carmelo).
De fato, Nosso Senhor Jesus Cristo adverte a Igreja dos perigos de aceitar de
cara supostos milagres: Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que
27
farão milagres e prodígios a ponto de seduzir se isto fosse possível até mesmo os
escolhidos. (Mt24,24)
Mais estarrecedor ainda é sua advertência: "Nem todo aquele que me diz
Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade do
meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não
pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os
demônios e fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: nunca vos conheci.
Retirai-vos de mim, operários maus!" (Mt 7,21-23).
"Mas a obra principal do Espírito Santo é a santificação das almas através da graça...
E mais especialmente através dos Sacramentos, e de forma ainda mais notável
28
"Não menos longe da verdade está o perigoso erro daqueles que se empenham em
deduzir da nossa misteriosa união com Cristo um certo quietismo. Eles atribuem toda
a vida espiritual dos Cristãos, bem como todo o progresso na virtude exclusivamente
à ação do Espírito Divino, pondo de lado ou negligenciando aquela colaboração que
nos é devida. Ninguém, naturalmente pode negar que o Santo Espírito de Jesus
Cristo é a única fonte de qualquer que seja o poder sobrenatural que entra na Igreja
e em seus membros. Pois como bem diz o Salmista"O Senhor dará a graça e a glória".
Mas que o homem deve perseverar constantmente em suas boas obras, que ele deve
avançar tenazmente em graça e virtude, que ele deve combater e lutar para atingir as
alturas da perfeição Cristã e ao mesmo tempo o melhor em seu poder para estimular
outros a atingir a mesma meta... nada disto o Espírito Santo efetua a menos que eles
contribuam diariamente com o zelo de suas atividades. Como já dizia Santo Ambrósio:
29
"Pois os favores divinos são conferidos não àqueles que dormem, mas àqueles que
vigiam". Pois se em nossos corpos mortais os membros são fortalecidos e crescem
atráves de constantes exercícios, muito mais isso pode verdadeiramente ser dito do
social Corpo de Jesus Cristo no qual cada membro retém sua própria liberdade
pessoal, responsabilidade e princípios de conduta. Por esse motivo, aquele que disse:
"Eu vivo, mas não sou mais eu que vivo, mas Cristo que vive em mim", também não
hesitou em assegurar: "Sua graça em mim não foi em vão, mas eu tenho trabalhado
mais abundantemente do que todos os outros, mas não eu, a graça de Deus que está
em mim."É perfeitamente claro portanto, que nessas falsas doutrinas o mistério que
nós estamos considerando não é dirigido ao avanço espiritual dos fiéis mas voltados
à sua deplorável ruina." (Papa Pio XII- Mystici Corporis).
Inegável Contradição
Devido à essas comparações entre as idéias Carismáticas e a Doutrina
Católica, deveria ficar claro portanto que, seja lá qual for as disposições individuais
de seus seguidores em relação à Igreja e à Fé, a RCC como um todo, de forma
alguma pode ser considerado um Movimento Católico, mas sim mais uma seita
enganadora do Pai da mentira infiltrada no corpo da Igreja. A maioria dos
Carismáticos pode muito bem negar que eles apoiam tais erros concernentes à graça,
ao Espírito Santo, às missões externas da S.S Trindade... etc, mas sua própria
renúncia à ação do intelecto tornam explícitos seus erros implícitos.
O pensamento Carismático faz um paralelo muito próximo com aqueles erros
os primeiros dias da Igreja e francamente demonstram uma admiração pelas heresias
do Protestantismo. A idéia "evolucionista" que os Carismáticos adotaram a respeito
do Magistério da Igreja é uma garantia que eles usam para se protegerem contra
qualquer tipo de alegação proveniente dos ensinos anteriores ao Vaticano II.
Identicamente aos Protestantes , eles descartam a Tradição, deixando-se levar quase
inteiramente pela "defesa Bíblica" dos seus assim-chamados "carismas", depois de
terem se submetido a um rito não-Católico, quase-sacramental, dirigido e inventado
por heréticos.
O fato das autoridades eclesiásticas não terem a coragem de condenar a
RCC, entrará para a história da Igreja no século XX, como sendo um fracasso
semelhante àquele do Vaticano II em não condenar o Comunismo. De fato tudo isso
nos leva a conjecturar se o "espírito" que os Carismáticos alegam seguir, não seria o
mesmo "espírito do Vaticano II", ou seja, o espírito do mundo...
estaríamos sendo injustos, bem como sustentando uma mentira semelhante àqueles
que mantém uma atitude de indiferentismo religioso.
"Pelos frutos os conhecereis", disse Nosso Senhor aos Apóstolos ( Mt 7:20).
Pelos frutos venenosos do movimento Carismático, qualquer um pode comprovar sua
inerente incompatibilidade com o Catolicismo e o grave perigo que ele apresenta para
a Fé Católica genuína. Diante da ignorância de muitos e a cumplicidade de outros
tantos membros da Hierarquia Católica, alguém deve ter coragem de dizer a verdade
sobre esse movimento e o perigo que ele representa para um incontável número de
almas.
Obviamente, a menos que haja uma milagrosa mudança nos atuais ventos
eclesiásticos, o dever de combater os erros Carismáticos deve permanecer ao nível
do clero ortodoxo e dos leigos. A defesa baseada na Apologética deve se
desenvolver em três níveis:
· Um Católico deve estudar para conhecer melhor sua Fé, especialmente
em áreas atacadas pelos Carismáticos e desenvolver uma piedade litúrgica forte e
objetiva baseada em sua Fé e não na experiência de consolações.
· Um Católico deve educadamente recusar-se a aceitar qualquer tipo de
discussão a respeito dos assim-chamados "carismas" presentes na Igreja de hoje
como sendo algo ortodoxo. Verdadeiras discussões podem ser levadas a frente
apenas baseadas em princípios igualmente compartilhados e enganos ou
prevaricação em pontos decisivos não levarão a nenhum avanço genuino para a
verdade. O fracasso do tão propalado Diálogo entre Católicos e Protestantes
demonstra isso bem claramente.
· Um Católico deve saber e deve ser capaz de apresentar em simples
termos, o verdadeiro ensinamento da Igreja a respeito dos Sacramentos, graça, livre-
arbírtrio, a natureza e a missão da Igreja e os carismas. Aqueles Carismáticos que se
consideram ortodoxos e realmente estão em busca da verdade, saberão ouvir.
Quanto àqueles que se recusam a ouvir, as Palavras de Santo Agostinho mostram-
se bem apropriadas a esse ponto:
Porque a verdade atrai o ódio? porque o Seu Servo é tratado como inimigo por
aqueles a quem Ele prega a verdade? Simplesmente porque a verdade é amada de
tal modo que aqueles que amam outras coisas, querem que essas coisas sejam a
verdade e, precisamente porque eles não desejam ser enganados são reticentes em
se deixarem convencer que estão enganados (Santo Agostinho - Confissões).
SUMÁRIO:
O Movimento Carismático Católico é uma árvore de frutos venenosos,
plantada pelo demônio entre os protestantes e transplantada para dentro da Igreja
pelos ventos do Concílio Vaticano II. O delírio das autoridades Eclesiásticas
contemporâneas tem regado e alimentado essa árvore e a falta de uma adequada
31