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Introdução ao Estudo do Direito

Primeiramente é importante conceituar a palavra ciência, que pode ser entendida como um
estudo sistematizado de um determinado objeto. E para que esse estudo se dê de forma
organizada é necessário um momento introdutório, ou seja, é preciso que exista uma disciplina
base que explique o objeto a ser estudado, os limites gerais desse estudo, os principais
fundamentos, valores, pressupostos e características essenciais dessa ciência.

Vocabulário:

Pressuposto (pressupostos): O que se pressupõe; premissa.

É importante lembrar que, aquele que pretende iniciar um estudo de uma determinada ciência,
a princípio, deve ter em mente a ideia de conjunto, de unidade perante ao objeto de estudo,
para, posteriormente, se especializar em um desdobramento desse estudo. Dessa forma, torna-
se evidente o papel de uma disciplina introdutória para o estudo de qualquer ciência. E é
exatamente este o papel da Introdução ao Estudo do Direito para o iniciar o aprendizado dessa
ciência.

Vocabulário:

Desdobramento (desdobramentos): Prolongamentos, frações, ramificações.

Importância da disciplina e suas ramificações

A disciplina Introdução ao Estudo do Direito fornece conhecimentos basilares, gerais e comuns


a qualquer área do Direito.

Seriam noções fundamentais para a compreensão do universo jurídico, referindo-se a diversos


conceitos científicos utilizados no Direito, com objetivos pedagógicos.

Vocabulário:

Pedagógicos (pedagógico): Relativo à pedagogia, que é a arte da educação e do ensino; prática


ou profissão de ensinar.

A autonomia da Introdução ao Estudo do Direito

A disciplina em foco possui autonomia pois desempenha função exclusiva, qual seja, sistematizar
a ciência do Direito, fornecendo as informações necessárias para o aprofundamento, não tendo
em nenhuma outra disciplina essa característica. Se a Introdução ao Estudo do Direito for
conceituada como disciplina no sentido de ciência jurídica, apontam alguns autores, que não
existiria essa autonomia, ou independência, haja vista que a mesma não cria o conhecimento,
apenas reúne conceitos já existentes e de caráter genérico, servindo como uma sistematização
de conceitos. Ressalta-se que muitos autores jurídicos divergem a cerca desse posicionamento,
chegando a afirmarem sobre a absoluta autonomia dessa disciplina.

Vocabulário:

Divergem (divergir): Discordar.


Conceituação e objetos da Introdução ao Estudo do Direito

É importante dizer que a Introdução ao Estudo do Direito propicia ao leigo uma visão global de
todo o conteúdo existente na área do Direito, e tal visão certamente nunca poderia ser obtida
através do estudo isolado de certas disciplinas.

Os conceitos específicos a cada ramo do Direito não são objeto da disciplina em questão,
restando clara a certeza de que apenas conceitos comuns é que serão estudados. Esses
conceitos são universais, institucionais, e, independente do ramo a que se referirem, serão os
mesmos. Exemplos desse tipo de conceito seriam os conceitos de lei, princípios, relação jurídica,
fato ou negócio jurídico, dentre outros.

A técnica jurídica, ou seja, a prática aplicada ao Direito, em linhas genéricas, também figura
como objeto da disciplina em questão.

Dessa forma, torna-se evidente os principais objetos da Introdução ao Estudo do Direito, que
conta com a amplitude de conceitos pertinentes à área, visão global do grande sistema existente
dentro do Direito e noções genéricas da prática jurídica.

Vocabulário:

Figura (figurar): Representar, simbolizar.

Pertinente: Pertencente, relativo.

Importância para o leigo

Além das várias funções citadas para essa disciplina, a Introdução ao Estudo do Direito propicia
uma adaptação do leigo ao mundo jurídico, de forma a conciliar os conhecimentos por ele já
sabidos, com os outros que acaba de se deparar.

Importante papel também reside na simplificação de conceitos e situações inusitadas, que


poderiam trazer certas dificuldades à compreensão e formação de uma identidade e consciência
jurídica.

As bases de um raciocínio jurídico são construídas nesse estágio.

Vocabulário:

Propicia (propiciar): Tornar propício, favorável, proporcionar.

Reside (residir): Consistir.

Inusitadas (inusitado): Desconhecido, estranho, novo.


Outros sistemas gerais do Direito
Há outros ramos, que embora não atuem exatamente como a Introdução ao Estudo do Direito,
sistematizando o Direito e organizando conceitos genéricos, comuns, de maneira introdutória,
também se propõem a analisar alguns aspectos gerais do Direito.

Mas é importante salientar que tais ramos dependem das noções gerais trazidas pela Introdução
ao Estudo do Direito.

Vocabulário:

Salientar: Tornar saliente, destacar.

Filosofia do Direito

Esse ramo visa fornecer uma reflexão sobre o próprio Direito, suas bases e instituições jurídicas,
baseando-se na realidade objetiva, nos valores fundamentais de justiça e segurança.

A filosofia do Direito cria indagações, deixando de analisar somente o conhecimento positivo,


passando a uma postura de crítica. Através desse novo posicionamento é que se chegará a um
conhecimento mais completo e justo no que diz respeito não só à interpretação como a
aplicação das leis.

Esta análise se dará através do ato de pensar, um dos pressupostos da filosofia tradicional.

Importante registrar que para o estudo dessa disciplina é necessário conhecer alguns conceitos
básicos, tanto jurídicos, quanto filosóficos, o que evidencia a impossibilidade dessa disciplina
figurar como conteúdo introdutório.

Teoria Geral do Direito

É uma disciplina de caráter concreto e lógico, que descreve, formalmente, alguns conceitos
gerais e permanentes ao Direito como um todo.

A Teoria Geral do Direito tem como objeto o estudo de temas, conceitos e princípios inerentes
a todos os ramos do Direito.

É importante dizer que se tratam de conceitos comuns a todas as espécies de ordem jurídica,
sendo abandonado, dessa forma, o caráter dogmático nacional.

Embora contenha lições de fundamental importância para o estudo do Direito, essa disciplina
carece de conteúdo acerca dos fundamentos, valores e situações fáticas.

Assim também é importante um momento introdutório que alicerce a compreensão do


fenômeno jurídico como um todo.

Vocabulário:

Alicerce (alicerçar): Fundamentar, basear.


Sociologia do Direito

É disciplina voltada ao estudo da relação entre o Direito e a sociedade. Seria um ramo da


sociologia voltado a descrever e explicar o fenômeno jurídico como parte da vida social, sendo
esse um fruto de ações sociais que se interagem criando diversas situações.

Vale dizer que tal disciplina poderá figurar como um dos temas necessários a uma disciplina
introdutória, mas não como uma disciplina autônoma, pois seu conteúdo não possui uma visão
global do Direito, nem os fundamentos e valores inerentes ao mundo jurídico.

Vocabulário:

Abarca (abarcar): Abranger.

Enciclopédia Jurídica

A presente disciplina se propõe a sintetizar um determinado sistema jurídico com o emprego de


esquemas, classificações, terminologias e apresentação de conceitos.

Vale dizer que a mesma não apresenta conteúdo próprio, se prestando ao resumo das
conclusões dos diversos ramos jurídicos, tendo como expressão mais marcante sua forma de
exposição dos assuntos, transformando o conhecimento jurídico em fórmulas e esquemas
lógicos.

É importante dizer que a disciplina em questão não teve sucesso em seu aspecto pedagógico
haja vista que induzia o indivíduo a decorar o conteúdo em vez de entender o sistema jurídico.
Dessa forma essa disciplina é cansativa e insuficiente como sistema de ideias gerais.

Tal disciplina, igualmente às demais, não deve ser apontada como estudo inicial por não se
prender ao estudo de conceitos gerais do Direito.

A disciplina nos cursos de Direito


O seu caráter obrigatório

Durante muitos anos a disciplina introdutória foi alterada, substituída até se chegar na
Introdução ao Estudo do Direito. No Brasil primeiramente, por volta do ano de 1827, a disciplina
que continha esse caráter introdutório era Direito Natural, nas universidades de São Paulo e
Olinda. Posteriormente, no ano de 1891, a referida disciplina foi substituída pela História e
Filosofia do Direito, que, então, seriam lecionadas no primeiro ano do curso.

Já, em 1912, foi instituída a disciplina Enciclopédia Jurídica, pela Reforma Rivadávia Correia,
sendo suprimida, após três anos, pela Reforma Maximiliano.

A Filosofia do Direito, então, permaneceu como disciplina introdutória, até que em 1931, e com
a Revolução Francisco Campos, a mesma passou a ser lecionada no último ano do curso, bem
como nos cursos de pós-graduação. A disciplina que assumiu a posição de disciplina introdutória
seria a Introdução à Ciência do Direito, que perdura até os dias de hoje, porém, com alteração
do nome para Introdução ao Estudo do Direito, aprovado pela Resolução nº3, de 2 de fevereiro
de 1972, pelo Conselho Federal de Educação. Dessa forma a disciplina tornou-se obrigatória nos
cursos de Direito.
Ressalta-se que, em 1994 a portaria nº1.886 de 30 de dezembro ratificou essa obrigatoriedade,
alterando tão somente a nomenclatura, que passou a ser Introdução ao Direito, embora o
conteúdo tenha se mantido o mesmo.

As várias disciplinas jurídicas: fundamentais e auxiliares

Para a completa compreensão do fenômeno jurídico, é preciso estudar disciplinas que possuam
caráter abrangente como o objeto desse curso.

Dessa forma, pode-se verificar duas grandes classificações entre as disciplinas que se prestam a
esse papel, existindo disciplinas jurídicas fundamentais e auxiliares.

As disciplinas fundamentais são aquelas totalmente inseridas no meio jurídico e que dele fazem
parte, como a Ciência do Direito, Filosofia do Direito e Sociologia do Direito.

Já as disciplinas auxiliares, embora não estejam totalmente inseridas no meio jurídico, auxiliam
o estudo, e são essenciais para a perfeita compreensão do mundo jurídico. Elas propiciam o
necessário entendimento das relações humanas, pois é dentro dessas relações que o Direito
deve influenciar.

Assim seriam disciplinas auxiliares a História do Direito e o Direito Comparado.

A disciplina História do Direito fornece a base para facilitar o estudo sobre o surgimento e
desenvolvimento do fenômeno jurídico, dos institutos jurídicos existentes passado e no
decorrer dos tempos, em proporções nacionais ou até mundiais.

Já a disciplina Direito Comparado também exerce um papel bastante relevante vez que estuda
e compara as diversas legislações e experiências jurídicos existentes em outros países.

Vocabulário:

Subsídio: Auxílio.

Institutos (instituto): Regulamentação, regime, regra, norma.

Legislações (legislação): Conjunto de leis que dizem respeito a uma matéria específica.

Essa comparação é relevante para entender os avanços e retrocessos obtidos pelos diferentes
ordenamentos jurídicos, podendo até servir de orientação e influência para os legisladores.

É importante, também, o estudo da cultura, dos costumes e da moral existente num


determinado país, pois o Direito Comparado não pode se prender apenas a análises de leis e
códigos. Todas as manifestações de Direito são influenciadas por inúmeros fatores, e por isso se
faz importante o estudo de todo o contexto.

Vocabulário:

Retrocessos (retrocesso): Regresso; volta ao estado anterior.

Legisladores (legislador): Aquele que tem o poder e a função de criar as leis.


O Direito e a Sociedade
Noções preliminares

O ser humano, por sua natureza, possui forças instintivas que atuam sobre ele, forças essas que
influenciam na construção de seu mundo cultural. Assim, para viver em sociedade, o homem
deve passar por um processo de adaptação, que deve se dar tanto na esfera interna quanto na
externa.

Diz-se interna quanto for relativa ao corpo, sem a interposição da vontade, como o
funcionamento dos órgãos diante de diferentes situações em que deva se adaptar.

Já na esfera externa, a relação é do homem com o espaço exterior. O homem tem inúmeras
necessidades, que são satisfeitas pela natureza. Ele adapta e transforma o mundo a sua volta, e
na carência de recursos, constrói, cria e transforma a natureza para satisfação de determinada
necessidade.

Essas adaptações repercutem na formação da cultura de um determinado local e influenciam a


vida em sociedade. O homem, assim, irá conviver e participar da vida em sociedade. Mas para
que essa convivência seja a mais harmônica deve haver normas e regras a serem seguidas.

O Direito e o homem se influenciam mutuamente. O Direito deve estar focado e adaptado ao


meio para o qual foi produzido, obedecendo os valores que a sociedade elege como
fundamentais, e o homem, por sua vez, deve obedecer às normas criadas.

O Direito Natural, ao contrário disso, possui como leis fundamentais as leis advindas da natureza
e do conceito da expressão justiça. Dessa forma, o Direito Natural não se originou de uma
criação humana. E por ser, inclusive, anterior ao próprio homem, não pode ser classificado como
processo de adaptação social. Mesmo diante dessa aparente contradição, a criação do Direito
deve estar baseada, também, nas regras do Direito Natural, pois seus princípios de respeito à
vida, à liberdade, dentre vários outros, devem estar contidos em qualquer Ordenamento
Jurídico.

O Direito, por ser fruto da elaboração humana, sofre também influencia do tempo e do local.
Por isso, ele deve estar sempre aberto às mudanças que ocorrem durante as diferentes épocas,
e assim, deverá estar sempre atualizado.

Vocabulário:

Colidem (colidir): Chocar.

Após ter apontado alguns fatores de influência para o Direito, é importante destacar a real
função da ciência jurídica: serve como instrumento para gerar a paz e harmonia nas diversas
relações sociais. Então, para que o Direito cumpra a sua função é necessária a imposição de
determinados comportamentos e posturas, que limitam a liberdade dos indivíduos. Há outras
manifestações sociais que também auxiliam o Direito nessa missão, quais sejam: a religião, a
moral, a ética e as regras de trato social.

Vocabulário:

Interações (interação): Relação de comunicação entre indivíduos e grupos.


O "Estado de Natureza"

Naturalmente o homem vive em sociedade e é lá que ele encontra as condições propícias ao seu
completo desenvolvimento. Essa força natural é denominada instinto e que faz com que o
homem se relacione com seu semelhante, e viva em comunidade.

O Direito influenciando nas formas de interação social

Os seres humanos podem se interagir de várias formas. Entende-se por formas de interação as
diversas maneiras pelas quais os homens convivem. Um homem influencia um grupo social e
esse, por sua vez, influencia o homem, convivendo numa mútua influência.

As várias formas de interação podem ser cooperação, competição e conflito.

Vocabulário:

Mútua (mútua): Que se permuta entre duas ou mais pessoas; reciprocidade.

Na cooperação as pessoas estão envolvidas pelos mesmos objetivos e valores, e, a partir desse
senso comum, reúnem e concentram seus esforços para a concretização de um determinado
fim.

Já, na competição, os objetivos são individuais, devendo ser obtidos em detrimento da parte
adversária, havendo, portanto, uma disputa.

Vocabulário:

Detrimento: Perda, prejuízo.

O conflito, por sua vez, se dá quando as partes não chegam a um denominador comum, existindo
um impasse. As partes, então, em posse de interesses contrários, recorrem à luta (moral ou
física) ou buscam o amparo judicial para pacificar o conflito.

Pode-se dizer que o Direito ao impor condutas e limitar a liberdade do indivíduo em prol de
valores socialmente eleitos, torna possível a existência das formas de integração (cooperação e
competição), fornecendo regras e normas que trazem o devido equilíbrio nas relações sociais.

Diante do conflito, o Direito poderá atuar de duas formas:

- Preventivamente: definindo de forma clara e precisa a titularidade dos direitos;

- Simultaneamente (no momento do conflito): apresentando soluções de acordo com a


especificidade de cada caso, aplicando penalidades e restaurando as partes no estado que se
encontravam anteriormente.
A dependência: Direito X Sociedade

O Direito existe em função de uma determinada sociedade, para a qual foi criado, e está
diretamente voltado. Ele somente tem existência dentro de uma sociedade.

Fatores sociais influenciam o Direito; são eles os costumes, tradições e a cultura de um povo.

Há também fatores externos, como o Direito Natural, que também exercem influência sobre a
ciência jurídica.

Vocabulário:

Emanam (emanar): Proceder, originar.

Na hipótese de fator social ser contrário a um princípio de Direito Natural, a função do Direito
será corrigir a imperfeição. As normas do Direito, na maior parte dos países são positivadas, ou
seja, escritas e organizadas em Códigos.

Há países, porém, em que essas normas não são positivadas, ficando estabelecidas pelos
costumes.

Vocabulário:

Códigos (código): Coleção de leis.

A criação das leis e do Ordenamento Jurídico é feita por um órgão específico, denominado Poder
Legislativo. Esse órgão terá, então, a missão de criar o Direito. Nessa tarefa, o Poder Legislativo
deverá estar atento aos diversos fatores, dentre eles, a expectativa popular, as experiências já
existentes e as mudanças nos contextos sociais.

O legislador deve se preocupar com tudo isso, pois o Direito deve ser atual, contemporâneo,
não alheio às expectativas de sua época, sob pena de se tornar inútil para a função que irá
desempenhar dentro da sociedade.

Vocabulário:

Anseios (anseio): Vontades, desejos.

Alheio: Estranho, avesso.

Diferentemente do que se esperava há tempos, o Direito não deverá apenas garantir a vida,
liberdade, propriedade e segurança. O papel do Direito, hoje, é assegurar o bem-estar coletivo,
fornecendo, também, justiça, bem-estar e progresso aos indivíduos.

O legislador, no exercício de sua função, deverá verificar os contextos históricos, naturais e


científicos, elaborando uma lei que possibilite os direitos necessários a todas as pessoas.
Formas de controle social
Conceito

Não é só o Direito que funciona como forma de controle social. Outras diversas modalidades de
manifestação social se prestam a essa função, como a religião, as regras de trato social e os
costumes. Essas se dão em forma de descrição de condutas, sugestões e conselhos, sem
nenhuma força impositiva.

O Direito, claro, possui maior grau de efetividade haja vista que as condutas por ele impostas se
dão por um processo de coação, em que o indivíduo é inibido a obedecer por receio às
penalidades que podem ser sofridas.

Vocabulário:

Receio: Temor, hesitação.

Contudo, deve-se ter em mente que o Direito existe e foi criado para um determinado fim:
harmonizar a coexistência dos indivíduos que convivem em uma mesma sociedade, e por isso
esse caráter imperativo se faz tão importante.

Mas há limites à atuação do Direito, pois seu papel reside tão somente em proporcionar ao
indivíduo segurança, através dos princípios de justiça; e apenas por isso é que se justifica a
regulamentação de determinadas atividades e restrições à liberdade.

O Direito não pode ter domínio absoluto sob pena do indivíduo perder sua personalidade.

A influência desses outros sistemas de controle social

Primeiramente é importante dizer que tanto as normas éticas quanto as normas técnicas
auxiliam e influenciam o Direito. Dessa forma, é importante distinguir as normas éticas e normas
técnicas.

As normas éticas dizem respeito à orientação dos comportamentos pela religião, moral,
costumes e regras de trato social, já as normas técnicas indicam os meios (como fazer,
desempenhar) determinadas atividades humanas para obtenção de um objetivo específico.

Em outras palavras, as normas técnicas auxiliam nos procedimentos, indicando os passos e


caminhos para se chegar em um determinado fim.

Um exemplo é a importância da técnica jurídica para a elaboração de uma lei. Através do


processo legislativo, o legislador coloca dentro de uma lei, princípios fundamentais de Direito.

Primeiramente é importante estabelecer os pontos de semelhança entre Direito e religião, para


entender de que forma a religião influencia o Direito.

A religião, que pode ser definida como conjunto de crenças em uma determinada divindade ou
força sobrenatural. É uma criação humana que busca explicações para o mundo e para os vários
questionamentos sociais.
A religião, na formação de sua doutrina, estipula valores e princípios a serem seguidos e
obedecidos pelo homem durante a vida. Valores esses que induzem seus fiéis a determinadas
condutas e proibições para que o objetivo final, que é o bem, seja atingido.

Nesse aspecto, o Direito e a religião se parecem por expressarem mecanismos de controle social,
que impõem condutas e valores e que têm como finalidade o bem comum.

Vocabulário:

Doutrina: Conjunto de princípios básicos e fundamentais de um sistema religioso.

Como aspecto de divergência, aponta-se o caráter de insegurança trazido pela religião, pois a
Igreja oferece respostas que baseadas na fé.

Já o Direito parte de pressupostos concretos e fornece segurança e proteção ao indivíduo nas


suas relações entre os seus semelhantes e o Estado.

Vocabulário:

Credibilidade: Qualidade daquilo que é crível, que deve ser acreditado.

Inatingíveis (inatingível): Aquilo que não se pode atingir, chegar; incompreensível.

A influência da Religião na história

A religião durante longo período histórico interferiu em todos os setores sociais, tendo, na fé, a
explicação para quaisquer questionamentos. Deus era um ser supremo, que a tudo assistia e a
tudo influenciava, concedendo castigos divinos ou gratificações pelas boas condutas.

As manifestações de Direito, durante esse período, eram monopolizadas pela alta cúpula da
Igreja, que criavam as normas e condutas a serem obedecidas com base na doutrina religiosa.

Vocabulário:

Cúpula: Parte superior.

Vale dizer que os julgamentos eram chefiados por autoridades da Igreja, que acreditavam na
interferência de Deus para a justiça daquele julgamento. E, dessa forma, o indivíduo estava
sempre inseguro, por estar a mercê dos arbítrios desses julgadores.

Contudo, a partir do século XVII e XVIII, sobretudo com a influência de Hugo Grócio e da
Revolução Francesa, iniciou-se um processo de separação entre o Direito e a religião. Vários
institutos que eram de responsabilidade da Igreja, aos poucos, foram se desprendendo e
passaram a ser responsabilidade do Estado, como por exemplo a assistência pública e o ensino.
Assim os vários Estados foram criando suas normas sem a interferência da Igreja.

Vocabulário:

Presididos (presidir): Dirigir.

Arbítrios (arbítrio): Alvítre, decisões provenientes exclusivamente da vontade de alguém.


Direito e moral

Primeiramente é importante frisar que as palavras Direito e moral são distintas, porém se
influenciam e se completam, e devido a esse fato é que se faz necessário o estudo dessa relação.

A moral tem como ideia e valor central o conceito de bem, que pode ser entendido como tudo
aquilo que promove e desenvolve o ser humano. A partir dessa ideia central é são retirados
princípios e diretrizes até se chegar às regras morais, que influenciam o comportamento e a
mentalidade humana.

Vocabulário:

Princípios (princípio): Proposições fundamentais sobre as quais se apoiam um determinado


raciocínio.

Diretrizes (diretriz): Orientação.

Há uma classificação a respeito do conceito da moral, que é relevante para o presente estudo.

Moral natural X Moral positiva (a moral positiva, por sua vez, se divide em: moral autônoma,
ética superior dos sistemas religiosos e moral social).

Pode-se dizer que a moral natural não seria criação humana e decorreria do conceito de bem,
preexistente a qualquer ideia de tempo e local. Não se refere a determinado povo ou localidade,
mas sim a toda a raça humana de forma genérica, é uma concepção retirada da própria natureza.

A Moral positiva, por outro lado, pode ser explicada por suas concepções, quais sejam:

Moral autônoma: é a concepção do conceito de bem individualizada à consciência de cada


indivíduo. É uma moral separada de quaisquer influências externas. É interna a cada pessoa,
tendo sua vontade livre.

Ética superior dos sistemas religiosos: é a concepção de bem repassada nas doutrinas religiosas.
O fiel que confirma sua fé age com autonomia e liberdade. Contudo, se a doutrina apresentar
imperfeições sistêmicas, relacionadas à lógica, podem surgir conflitos com a consciência
individual e nesse sentido a ética superior atua para que os preceitos religiosos sejam
obedecidos por uma força superior e não exclusivamente pela vontade livre do indivíduo.

A Moral social, última concepção para se explicar a moral positiva, é um conjunto de princípios
e critérios que orientam a vida social de um povo, em uma determinada época e local. Vale dizer
que essa moral não é fruto de uma consciência individual, mas de acordo com valores eleitos
por uma sociedade.
Critérios de distinção entre Direito e Moral

Atualmente inúmeros critérios são utilizados para distinção entre Direito e Moral, sendo essas
de ordem formal e material (que diz respeito ao conteúdo).

No ponto de vista formal pode-se verificar algumas distinções:

O Direito é bilateral, enquanto a moral é unilateral. Essa distinção relaciona-se ao fato de que a
ciência jurídica teria dupla sentido; pois por um lado concede direitos, e por outro impõe
deveres. Já a moral tem suas regras simplificadas, impondo tão somente deveres, e o que se
espera dos indivíduos é a obediência as suas regras.

Outro aspecto seria o fato da exterioridade do Direito e interioridade da Moral. Por essa
distinção entende-se que o Direito se ocupa das atitudes externalizadas dos indivíduos, não
atuando no campo da consciência, somente quando necessário para averiguar determinada
conduta.

Já a moral se destina a influenciar diretamente a consciência do indivíduo, de forma a evitar que


as condutas incorretas sejam externalizadas, e quando forem, serão objeto de análise somente
para se verificar a intenção do indivíduo. Vale dizer que esse critério não atingiria a moral social.

Outro ponto de distinção é que na moral, a adesão às regras se dá de forma autônoma, ou seja,
o indivíduo tem a opção de querer ou não aceitar aquelas regras.

É, portanto, um querer espontâneo. Importante registrar que esse critério também não atinge
a moral social. Já com o Direito ocorre de forma diversa, pois o indivíduo se submete a uma
vontade maior, alheia à sua, de forma obrigatória.

O Direito é coercitivo enquanto a moral é incoercível. Isso ocorre porque o Direito tem como
uma de suas características mais marcantes a coercibilidade, ou seja, o indivíduo deverá
obedecer às normas por temer a imposição de uma penalidade que será certamente exercida
pela força estatal. Já a moral não possui essa característica, pois não há instrumentos punitivos
para aqueles que não observam as suas regras.

Regista-se, oportunamente, que a moral social, apesar de não possuir caráter punitivo,
constrange os indivíduos a cumprirem as suas regras, desestimulando o descumprimento.

No que diz respeito ao conteúdo, Direito e moral também se diferenciam na medida que os
objetivos do Direito visam a criação de um ambiente dotado de segurança e ordem, para que o
indivíduo possa desenvolver-se nas mais variadas esferas, tanto na pessoal, profissional e
cultural.

Já a moral se destina a aperfeiçoar o ser humano, sua consciência e para tal lhe impõe deveres
na relação consigo mesmo e para com o próximo.
Quanto ao conteúdo, que diferenciam o Direito e a moral, surgem quatro teorias:

Teoria dos círculos concêntricos: por esta teoria haveria dois círculos, sendo que um está inserido
no outro. O maior pertenceria à moral, enquanto que o menor pertenceria ao Direito. Isso
significa que a moral é maior que o Direito, e que o Direito dela faz parte; subordinando-se às
regras morais.

Teoria dos círculos secantes: por essa teoria haveria dois círculos que se cruzam até um
determinado ponto apenas. Isso significa que o Direito e a moral possuem um ponto comum,
sobre o qual ambos têm competência para atuar, mas deverá haver uma área delimitada e
particular para cada um pois há assuntos que um não poderá interferir na esfera do outro.

A visão Kelseniana: Para Kelsen o Direito é autônomo e a validade de suas normas nada têm a
ver com as regras morais. Para ele haveria dois grandes círculos totalmente independentes um
do outro.

E, por fim, a Teoria do mínimo ético: por essa teoria o Direito deveria conter o menor número
possível de regras morais, somente aquelas que forem indispensáveis ao equilíbrio das relações.
Pode-se dizer que essa teoria se opõe ao pensamento do máximo ético, que se expressa na
adoção pelo Direito de uma grande parte da moral, para que as relações sociais sejam reguladas
de forma mais próxima à consciência dos indivíduos.

As regras de trato social não se relacionam com as ideias de segurança como se preocupa o
Direito. Seriam, pois, regras criadas pela sociedade para que o convívio social seja mais
harmônico, ameno e mais agradável. Essas regras seriam aquelas relacionadas à etiqueta,
cortesia, linguagem, educação, amizade, dentre outros. Os principais objetivos dessas regras
seriam tornar o ambiente mais suave, permitindo um convívio social agradável e harmônico.

As regras de trato social não são autônomas, ou seja, compõem os valores sociais, da mesma
forma que Direito e da Moral.

Principais características

São características das regras de trato social ser um fenômeno característico da sociedade, pois
as regras dizem respeito ao convívio com o próximo, e são relevantes somente dentro desse
contexto. Dessa forma, serão regras inúteis num contexto individual. Elas possuem caráter
externo pois não incorporam a consciência do indivíduo, mas apenas refletem ao exterior, com
as aparências. São, também, regras unilaterais por não imporem direitos e obrigações
correlatas, mas tão somente deveres ao se apresentar ao próximo.

Os padrões dessas regras não são criados por cada indivíduo, mas são eleitos pela sociedade,
para se criar um ambiente de bem-estar social. À essa característica dá-se o nome de
heteronomia.

Vocabulário:

Correlatas (correlação): Relação mútua entre dois termos.


Outra característica das regras de trato social se refere ao fato dessas não apresentarem
penalidades pelo descumprimento como no Direito. Não são regras impostas coercitivamente
pelo órgão estatal. Apesar de não serem punidas com penalidades concretas como no Direito,
as regras de trato social apresentam um grande incentivador para seu cumprimento, qual seja,
a crítica, censura e reprovação social, que podem ser instrumentos de coerção, às vezes, até
mais eficaz que no Direito.

Por fim, possuem a característica de diferenciar a cobrança por classes, pois essas regras não
são cobradas de forma idêntica para a toda a sociedade, ou seja, o nível de cobrança reduz
quanto menor a classe social e o nível de escolaridade de um indivíduo.

O Direito e os fatores de influência externos


Conceito e características

O Direito e a realidade se influenciam, e cabe, ao Direito, acompanhar as diversas oscilações


sociais, uma vez que é para a sociedade que o Direito serve e para a qual foi criado. Assim,
verifica-se a existência de certos fatores, sociais e jurídicos, que repercutem diretamente na
esfera jurídica.

Esses fatores influenciam a sociedade e, em consequência, impõem mudanças efetivas no


quadro de leis, de forma acelerada ou lentamente.

Fatores Naturais X Culturais

Os fatores de influência podem ser naturais e culturais.

Fatores naturais são aqueles que possuem relações com a natureza e seus vários aspectos, tais
como, geográficos, demográficos e antropológicos.

Os fatores naturais geográficos relacionam-se ao clima, recursos naturais, território, fator


demográfico e fator antropológico.

O clima é fator que influencia no crescimento da população, pois nas regiões de clima quente, o
homem atinge seu pleno desenvolvimento de forma mais rápida. Assim, constitui fator de
influência indireta, pois diante dessa constatação, o legislador poderá fixar regras de direito de
família diferenciadas, obedecendo a peculiaridade de cada região.

Já os recursos naturais têm influência direta, por se tratarem de riquezas que devem ser
administradas pelo Estado, na forma de tributos específicos para cada produto, afim de regular
a exploração do homem na natureza.

O território, por sua vez, é de caráter indireto pois influencia o homem no seu modo de vida, no
que diz respeito à organização da sociedade, habitação e sua economia.
O fator demográfico, poderá influenciar diretamente no momento que o Estado criar leis para o
controle ou incentivo à natalidade, pois é muito importante o equilíbrio entre o número de
pessoas, espaço e alimentos para o bem-estar social.

Vocabulário:

Demográfico: relativo à demografia, ou seja, a ciência que estuda a estatística das populações
humanas, na qual se retratam as características relacionadas com a natalidade, migrações, etc.

O fator antropológico poderá ser vislumbrado na relação do homem e seu desenvolvimento,


ressaltando as características mais marcantes de cada população. Este será um fator de
influência indireta.

Os fatores culturais, por outro lado, são produções da própria sociedade, e são específicos de
cada povo e sua localidade, podendo ser: econômicos, de cunho religioso, moral e educacional.

Vocabulário:

Antropológico: Relativo à antropologia, que é estudo de povos e raças do ponto de vista físico,
ou seja, anatómico, fisiológico, biológico e genético.

O fator econômico diz respeito ao montante de riquezas produzidas numa sociedade de forma
a influenciar alguns ramos do Direito, que se relacionam diretamente a esse fator, como o direito
tributário, comercial, reais (propriedade), obrigações dentre outros. É importante dizer que o
Direito também influencia os processos de transformação na esfera econômica.

Quanto à religião, diferentemente de outros tempos, não se verifica mais aquele domínio que a
Igreja exercia sobre o Direito. Atualmente, esta influencia de forma indireta, auxiliando na
formação da sociedade e das consciências humanas, mas constitui um processo totalmente
separado do Direito.

Vocabulário:

Outrora: Antigamente; em outros tempos.

A moral, como já dito anteriormente, constitui um processo de adaptação humana, que auxilia
na formação do próprio Direito. É certo que muitos valores da moral estão inseridos na ciência
jurídica, e dessa forma a moral exerce uma grande influência sobre o Direito.

A educação, processo pelo qual o ser humano atinge seu desenvolvimento intelectual pleno, é
composto de inúmeras leis que disciplinam o conteúdo, a forma, níveis, disciplinas, enfim, todos
os aspectos que devem ser verificados pelo Estado para um bom aperfeiçoamento intelectual.
Assim também haverá influência desse ramo no Direito e suas leis.

Há outras esferas que também podem influenciar ou determinar a criação de uma lei, como a
política, na qual cada grupo político possui suas tendências, objetivos e valores; a opinião
pública, que exerce pressão sobre alguns setores sociais, e dessa forma influencia o Direito.
Há, ainda, os grupos organizados, que possuem ideias comuns e organizam-se para exercer
maior pressão sobre o poder público e, por fim, as medidas de hostilidade também influenciam
o Direito, vez que é uma forma de pressão mais agressiva, a fim de pressionar o poder público
para que as suas metas sejam devidamente atendidas.

Finalmente é importante comentar a respeito da revolução e sua influência no Direito. A


revolução desencadeia, no Direito, um processo de transformação rápido e abrangente.

Pode ser conceituada como movimento, oriundo de parcela da sociedade insatisfeita contra as
instituições existentes, que visa, pela força, a mudança para um outro tipo de ideologia,
previamente criada por esse grupo.

O objetivo da revolução é a criação de um novo Direito, baseado em novos pressupostos e


valores, distinto daquele anteriormente existente.

Cumpre salientar que a Revolução é mais abrangente do que o "Golpe de Estado", vez que no
último os objetivos não são tão abrangentes e o que se pretende é a tomada de poder de um
grupo para outro, sem, contudo, querer mudar todo o sistema existente.

As várias definições da palavra Direito


Introdução

Durante muito tempo os vários juristas discutiram sobre a terminologia "Direito", tendo, os
mesmos, concluído que ainda não haviam chegado a uma proposição e conceituação que
abrangesse todo o conteúdo da palavra.

Dependendo do ponto de vista que se analisa, o Direito terá uma definição ou outra, em função
do enfoque, podendo ser classificado de diversas formas. Assim, pode-se dizer que é difícil existir
uma única definição que conceitue, de forma específica, todo o sentido que a palavra "Direito"
poderá assumir.

As diversas definições podem ser nominais ou reais (lógicas).

As nominais buscam explicar determinada expressão através da análise do nome. As definições


nominais ser etimológicas, que analisa a origem da palavra e sua formação; ou semânticas, que
verifica os sentidos que a palavra possa ter.

Pela definição nominal a palavra "Direito" pode ser apontado como aquilo que está reto,
conforme a reta, que não tem inclinação. Já, pela definição semântica a palavra "Direito" tem o
sentido de ser um conjunto de leis, estar de acordo com a lei, que estuda as leis. Por outro lado,
as definições reais, ou lógicas, buscam explicar a palavra "Direito", de acordo com determinado
método.

A lógica formal possui como critério para se chegar ao significado da palavra o gênero próximo,
que salienta as semelhanças entre determinados institutos e as diferenças específicas.
Dito isso, pode-se conceituar o Direito como conjunto de regras sociais, que buscam, através
dos ideais de Justiça, trazer harmonia aos indivíduos, que obedecem por temerem a imposição
de penalidades por parte do Estado. Dessa forma, "Direito" será, então, um conjunto de regras
sociais, que tem em sua base as ideias da moral, religião e regras de trato social.

Vale dizer que a característica mais marcante do Direito é a imposição de pena pelo Estado.
Embora as outras ramificações também possuam normas de controle social, nenhuma delas
possui o caráter punitivo que o Direito tem sob a tutela do Estado.

Vocabulário:

Tutela: Autoridade, amparo, proteção, dependência.

O ideal de Justiça é causa principal do Direito e, para atingi-lo, deverá existir normas que tenham
como base a segurança jurídica, que disciplina o respeito nas relações entre os indivíduos e dos
indivíduos perante o Estado.

Registra-se que, durante a história, o Direito já teve inúmeros conceitos e definições, mas, se
devidamente analisadas, verifica-se que, cada qual carece de algum sentido, que não fora
devidamente abordado.

Nomenclaturas importantes para o dia-a-dia do Direito

São várias as nomenclaturas que acompanham o dia-a-dia do Direito, e é de suma importância


que essas diferenciações sejam ditas, pois a palavra Direito poderá ser utilizada em qualquer
desses sentidos:

Ciência do Direito: Em sentido geral, é aquele ramo que estuda e organiza os conceitos e
institutos jurídicos, e em sentido mais amplo poderá ser a especificação de um determinado
sistema jurídico, dentro do grande conjunto que forma o Direito. Exemplo: Matheus é estudante
de Direito.

Direito Natural: é um conjunto de princípios basilares, que não são fruto da criação da
sociedade, nem do Estado, sendo, pois, um Direito que surge por exigências da natureza. Esse
Direito advém da própria natureza e suas regras serão sempre imutáveis e universais, como o
direito à vida e liberdade. Esses princípios de Direito natural é que devem nortear a criação das
leis.

Direito Positivo: são as leis que devem ser seguidas em um determinado local e época, por
imposição estatal. Vale dizer que não são somente as leis escritas, pois há países, que embora
não possuam leis escritas e organizadas, em códigos, essas decorrem dos costumes e tem a
mesma força de uma lei escrita.

Direito Objetivo: pode ser entendido como a norma propriamente dita. Exemplo: O Direito Civil
busca a defesa das partes nas relações jurídicas interpessoais.

Direito Subjetivo: é a possibilidade que a norma dá de um indivíduo exercer determinado


conduta descrita na lei. É a pretensão que surge para uma das partes, quando a outra descumpre
um dever jurídico. Exemplo: se uma pessoa te deve um valor em dinheiro, a lei te concede o
direito de cobrar a dívida por meio de um processo judicial de execução.
Por fim é importante esclarecer a ideia de Ordem Jurídica, que, a princípio, pode ser definida
como a sistemática jurídica que cria um todo harmônico, com subdivisões que se dão pela
natureza das normas, que, quando semelhantes, são agrupadas juntas. É importante dizer que
quando uma determinada norma atua em um situação, essa norma não poderá ser analisada de
forma isolada, pois ela pertence e um todo, unitário, que é Ordem Jurídica.

A Ordem Jurídica, que é organizada num grande sistema harmônico, possui como lei basilar a
Constituição, que contém desde os princípios estruturais, até regras de funcionamento do
Estado, e por ter esse caráter fundamental, todas as demais manifestações de Direito devem
estar em sintonia com ela.

Vocabulário:

Sintonia: Em concordância; de acordo com.

Embora, na teoria, a Ordem Jurídica seja um todo harmônico, na prática, se verifica que podem
existir leis conflitantes entre si, e para que o impasse seja resolvido, é necessário que o jurista
utilize métodos de interpretação que levem em conta a ideia de sistema. Pode-se dizer que esse
trabalho dos juristas aperfeiçoam a Ordem Jurídica.

Nesse momento é importante conceituar instituto jurídico, que pode ser definido como o
agrupamento de normas semelhantes entre si, que disponham de um determinado assunto
comum. Seria, pois, uma parte da Ordem Jurídica, de cunho mais específico. Vale dizer que a
reunião de vários institutos forma a Ordem Jurídica.

A norma jurídica
Conceito

As normas jurídicas são estruturas fundamentais do Direito e nas quais são gravados preceitos
e valores que vão compor a Ordem Jurídica.

A norma jurídica é responsável por regular a conduta do indivíduo, e fixar enunciados sobre a
organização da sociedade e do Estado, impondo aos que a ela infringem, as penalidades
previstas, e isso se dá em prol da busca do bem maior do Direito, que é a Justiça.
Características mais marcantes da norma jurídica

É importante verificar que as normas jurídicas possuem características comuns, sendo elas:

A Bilateralidade, é uma característica que possui relação com a própria estrutura da norma, pois,
normalmente, a norma é dirigida a duas partes, sendo que uma parte tem o dever jurídico, ou
seja, deverá exercer determinada conduta em favor de outra, enquanto que, essa outra, tem o
direito subjetivo, ou seja, a possibilidade dada pela norma de agir diante da outra parte.

Uma parte, então, teria um direito fixado pela norma e a outra uma obrigação, decorrente do
direito que foi concedido.

Outra é a generalidade, característica relacionada ao fato da norma valer para qualquer um, sem
distinção de qualquer natureza, para os indivíduos, também iguais entre si, que se encontram
na mesma situação. A norma não foi criada para um ou outro, mas para todos. Essa característica
consagra um dos princípios basilares do Direito: igualdade de todos perante a lei.

A abstratividade diz respeito ao fato de a norma não ter sido criada para regular uma situação
concreta ocorrida, mas para regular, de forma abstrata, abrangendo o maior número possível
de casos semelhantes, que ocorrem, normalmente, da mesma forma. A norma não pode
disciplinar situações concretas, mas tão somente formular os modelos de situação, com as
características fundamentais, sem mencionar as particularidades de cada situação, pois é
impossível ao legislador prever todas as possibilidades que podem ocorrer nas relações sociais.

A imperatividade é uma característica essencial, pois a norma, para ser cumprida e observada
por todos, deverá ser imperativa, ou seja, impor aos destinatários a obrigação de obedecer. Não
depende da vontade dos indivíduos, pois a norma não é conselho, mas ordem a ser seguida.

A coercibilidade, por fim, pode ser explicada como a possibilidade do uso da força para combater
aqueles que não observam as normas. Essa força pode se dar mediante coação, que atua na
esfera psicológica, desestimulando o indivíduo de descumprir a norma, ou por sanção
(penalidade), que é o resultado do efetivo descumprimento. Pode-se dizer que a Ordem Jurídica
também estimula o cumprimento da norma, que se dá pelas sanções premiais. Essas sanções
seriam a concessão de um benefício ao indivíduo que respeitou determinada norma.

Classificações

Vários juristas apresentam diversas classificações para as normas, e, assim, salienta-se as mais
correntes, dependendo de cada critério.

Em relação ao sistema que pertencem: leva em conta o local de atuação das normas, e assim
elas podem ser:

 Nacionais: quando as normas devem ser observadas no limite de um país;


 Direito estrangeiro: quando apesar de pertencerem a outro país, poderá ser aplicada no
território do outro, pelas relações diplomáticas que possuem;
 Direito uniforme: quando dois ou mais países adotam as mesmas leis, que são usadas
nos dois territórios.
Em relação à fonte: leva em conta a origem das normas, e assim elas podem ser:

 Legislativas: quando escritas e organizadas;


 Consuetudinárias: quando as normas advêm dos costumes;
 Jurisprudenciais: quando são retiradas de decisões dos tribunais;

Em relação à validez: essa característica se subdivide levando em conta o espaço, tempo, e


conteúdo material.

No espaço, as normas podem ser:

 Gerais: são aquelas que valem em todo o território nacional, sendo essas as leis federais,
 Locais: são aquelas que atuam apenas em parte do território, podendo ser as leis
federais, estaduais ou municipais.

No tempo, se classificam pela vigência:

 Por prazo determinado: quando a própria lei determina o período que irá atuar;
 Por prazo indeterminado: quando a lei não prevê esse período de duração de sua
atuação.

Âmbito material, se classificam pelo conteúdo:

 Direito Público: quando o Estado seria uma das partes da relação, e impõe seu poder,
verificando, dessa forma, uma relação de subordinação;
 Direito Privado: quando as partes são tidas como iguais, numa relação de coordenação.

Em relação à hierarquia: por essa classificação podem ser:

 Constitucionais: decorrem da Constituição Federal, ou de suas emendas. É a norma mais


importante do país, não podendo ser contrariada em nenhuma hipótese.
Complementares: complementam algumas omissões da Constituição Federal. Possuem
hierarquia logo abaixo das normas constitucionais.
 Leis ordinárias: estão localizadas num plano inferior. São as leis, medidas provisórias e
leis delegadas.
 Normas regulamentares: advindas dos decretos e as individualizadas, decorrentes de
testamentos e sentenças.
Em relação à sanção: podem ser:

 Perfeitas: quando a sanção para o descumprimento da norma é a nulidade do ato, ou


seja, age como se o ato nunca tivesse existido;
 Mais que perfeitas: quando a norma, além de considerar nulo o ato na hipótese de
descumprimento, prevê sanção para aquele que violou a norma;
 Menos do que perfeitas: quando o descumprimento da norma é combatido apenas com
a sanção (penalidade);
 Imperfeitas: quando não prevê nem a possibilidade de sanção ou nulidade do ato como
consequência do descumprimento da norma;

Em relação à qualidade: podem ser:

 Positivas: quando a norma permite exige do indivíduo uma conduta compatível com
uma ação ou omissão;
 Negativas: quando a norma implica na proibição de uma ação ou omissão.

Em relação à vontade das partes: podem ser:

 Taxativas: quando independem da vontade das partes por abrangerem conteúdos de


caráter fundamental;
 Dispositivas: leva em conta a vontade das partes, por se referirem aos interesses
particulares, podendo ou não serem adotadas.

Ainda quanto à vontade das partes, podem ser:

 Rígidas: quando o conteúdo não oferece outras alternativas, sendo impositiva a ordem
(exemplo: aposentadoria compulsória).
 Elásticas: quando admitem a maleabilidade da situação pelo juiz, por conter termos de
significação ampla (exemplo: "usos e costumes da região...");

Alguns aspectos que devem conter numa norma jurídica

A norma, ao ser elaborada, para que possa ser objeto de cobrança, impondo o ajuste de
condutas individuais, deve possuir vigência, ou seja, deve se apresentar válida. A validade
depende de requisitos técnico- formais, tais como a obediência ao procedimento previsto para
elaboração da norma (processo legislativo), do respeito à vacatio legis, ou seja, aguardar um
período previsto para que depois da publicação, a lei ingresse no mundo jurídico.

A eficácia, por sua vez, significa que a norma cumpriu a finalidade a que se destinava, pois, foi
socialmente observada, tendo solucionado o motivo que a gerou. Uma lei é eficaz quando
cumprida a sua função social.
A legitimidade, último requisito da norma jurídica, é ser originada do poder competente, ou seja,
ser produzida, por quem a lei autoriza.

Ramos do Direito
Particularidades do Direito

Dependendo do enfoque que se queira dar ao Direito, pode-se dizer que ele apresenta algumas
classificações.

Quanto à abrangência, pode ser Direito Comum ou Direito Especial. As regras de Direito Comum
visam toda a coletividade e envolvem quaisquer relações jurídicas, como as leis trabalhistas. Já
as regras de Direito Especial são mais centradas, e destinadas não à toda coletividade, mas tão
somente a uma parcela do todo, como no caso do menor, que possui no Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA), as disposições sobre os menores.

Outro aspecto seria quanto à situação a que se encontra a Ordem Jurídica, o Direito pode ser:
Direito Regular ou Direito Singular.

O Direito Regular é exercido de acordo com seus princípios e regras, no estado normal. Já o
Direito Singular, ocorre diante de uma situação excepcional, onde o há quebra da estrutura
lógica, e dos preceitos fundamentais pelas autoridades competentes. Um exemplo seria os
períodos de guerras, e "estado de sítio".

A dicotomia: Direito Público X Direito Privado

A princípio é importante ter em mente que o Direito é um todo harmônico, com seus princípios
e regras fundamentais que estruturam todo o sistema jurídico. Entretanto, para facilitar o
estudo, é necessário distinguir algumas categorias. O Direito possui uma classificação muito
relevante que o distingue em dois grandes ramos: Direito Público e Direito Privado.

Há, na doutrina, inúmeros debates jurídicos a respeito dessa distinção, chegando a existir,
inclusive, teorias a respeito de tema. Entretanto o objetivo, nesse tópico, não é ficar tecendo
comentários sobre essas teorias, mas, passar ao estudo dessa grande classificação, de ordem
prática e didática e seus desdobramentos.

O Direito Público, pode ser explicado como um grande ramo de normas que possuem natureza
pública, na qual o Estado atua com seu poder, por ser um tema de relevante caráter social e
organizacional da sociedade. Já o Direito Privado possui outro enfoque, pois visa disciplinar as
relações interindividuais, e os interesses privados.

Dessa forma, pode-se dizer que são ramos do Direito Público: o Direito Constitucional,
Administrativo, Financeiro, Penal, Internacional Público, Internacional Privado e Processual. E os
ramos do Direito Privado são: Direito Civil, Direito Empresarial, Direito do Trabalho. É importante
dizer, nesse momento, que o que se pretende não é fornecer conceitos específicos de cada um
dos ramos acima citados, mas tão somente abordar, de forma bastante genérica, do que tratam
cada um desses ramos.
Ramos do Direito Público

Direito Constitucional: as normas de Direito Constitucional são normas internas e estruturais


cada Estado. Elas disciplinam as instituições políticas, a estrutura de governo, organização dos
poderes do Estado, limites de funcionamento, a sociedade, e as garantias fundamentais de cada
indivíduo. Seriam normas que fornecem um modelo para as demais leis que surgirem. São
normas que montam toda a estrutura da sociedade e ditam os parâmetros econômicos, políticos
e sociais.

Direito Administrativo: é o ramo do Direito Público que regulamenta a atividade estatal, com
todos os serviços públicos postos à disposição da sociedade, em busca do bem comum. Vale
dizer que o Direito Administrativo se preocupa com a prestação do serviço público, a forma e
limites de atuação e ainda disciplina o relacionamento entre entes públicos e privados, e a
relação dos indivíduos com a Administração Pública.

Direito Financeiro: O Estado, para prestar os serviços públicos em prol dos cidadãos, necessita
de recursos, que advém dos tributos (impostos, taxas e contribuições). Assim, seria a
preocupação central do Direito Financeiro, o estudo dos princípios e diretrizes que norteiam a
forma de aplicação, administração e gerenciamento desses recursos públicos para a execução
destes serviços, e ainda o planejamento necessário de forma que a receita e despesa pública se
equilibrem no grande orçamento público. É a intenção do Direito Financeiro que o Estado
empregue seus recursos da maneira mais eficiente possível para a sociedade.

Direito Penal: ramo do Direito que disciplina as condutas humanas que podem pôr em risco a
coexistência dos indivíduos na sociedade. O Direito Penal vai regular essas condutas com base
na proteção dos princípios relacionados à vida, intimidade, propriedade, liberdade, enfim,
princípios que devem ser respeitados no convívio social. Dessa forma, o Direito Penal vai
descrever as condutas consideradas crimes (condutas mais graves) e contravenções (condutas
menos graves) e as respectivas penas cominadas. Vale dizer que o Estado é o responsável pelo
direito de punir, e o faz mediante critérios pré-estabelecidos, com o intuito de desestimular os
indivíduos a transgredirem as normas, e, também, de readaptar o indivíduo ao convívio social.

Direito Internacional Público: é o ramo do Direito voltado a disciplinar as relações entre os vários
Estados, possuindo princípios e diretrizes, que visam uma interação pacífica entre os Estados,
tanto na esfera política, econômica, social e cultural. Vale dizer que são criados organismos
internacionais, tais como a ONU (Organização das Nações Unidas) e a OMC (Organização
Mundial do Comércio), para auxiliar na descoberta de interesses comuns, e de que forma
interação dos Estados vai se dar.

Os instrumentos dos acordos entre os Estados são denominados tratados.

Direito Internacional Privado: ramo destinado a regular a situação do estrangeiro no território


nacional, pois como o estrangeiro está em local diverso de seu país, haveria um conflito de leis
a serem aplicadas no caso concreto: a lei estrangeira, ou do local onde o indivíduo se encontra?
Assim, a base do Direito Internacional Privado seria regular essas relações e estabelecer
diretrizes e normas, dirigidas às autoridades para a resolução inerente a esses conflitos.
Direito processual: para definir o objeto de estudo desse ramo do Direito, primeiramente, é
importante dizer que é o Estado que detém o poder de aplicar o Direito, estabelecendo a ordem,
aplicando as penalidades, e solucionando os conflitos entre as partes, por meio de um processo
judicial. Dessa forma, o ramo em questão visa disciplinar de que forma isso vai se dar,
estabelecendo princípios e regras a serem previamente obedecidas, tanto pelo Estado, quanto
pelas partes na disputa judicial. Assim a função do Direito processual é organizar a forma de
como o Estado vai prestar esse poder-dever de julgar, e como as partes devem agir no embate
judicial.

Vocabulário:

Embate: Choque de interesses contrários.

Ramos do Direito Privado

Direito Civil: ramo do Direito Privado por excelência, pois visa regular as relações dos indivíduos,
estabelecendo direitos e impondo obrigações. O Direito Civil atua em toda a vida do indivíduo,
pois disciplina todos os campos de interesses individuais. O Código Civil, ou seja, reunião de
todas as leis de Direito Civil, é estruturado em duas grandes partes: geral, que contém normas
de caráter abrangente, que servem a qualquer área do Direito Civil e parte especial, que trata
dos assuntos específicos. Na parte Geral encontram-se os livros que contém os temas relativos
às pessoas, aos bens e aos fatos jurídicos. Já a parte especial os livros são: obrigações, Direito
de Empresa, Direito das Coisas, Direito de Família, Direito das Sucessões e um livro
complementar das disposições finais e transitórias. Assim verifica-se que o Direito Civil abrange
todas as áreas do relacionamento humano, que serão objeto de estudo durante todo o Curso
de Direito.

Direito Comercial: é o ramo do Direito destinado a regular a prática do comércio, bem como o
direito das partes envolvidas. O comércio, responsável por movimentar as riquezas de um país,
deve possuir princípios e regras próprias, visando uma justa relação entre os atores do comércio.
Há regras inerentes, também, aos títulos de crédito (formas utilizadas em pagamentos), que
circulam durante a prática comercial, como o cheque, a nota promissória, letra de câmbio, etc.

Direito do Trabalho: é um ramo que se destina a disciplinar as relações de trabalho,


estabelecendo princípios e regras, de forma a evitar a exploração pelo do trabalho, e conceder
direitos e obrigações recíprocos tanto aos que prestam os serviços, quanto para àqueles cujo o
serviço se destina.

Há discussão entre os juristas se o Direito do Trabalho seria um ramo do Direito Público ou


Privado. Por muito tempo, vários autores entenderam se tratar de um ramo do Direito Público,
pois apesar de suas normas disciplinarem relações privadas, a vontade das partes ficaria limitada
às regras pré-estabelecidas pelo Estado. Contudo com o passar do tempo entenderam se tratar
de ramo do Direito Privado, pois predomina o interesse particular, em detrimento da natureza
das regras públicas. Há autores que atentam, ainda, para uma classificação mista, pois o Direito
do Trabalho teria uma esfera pública, e outra privada.
Justiça e Equidade: ideais do Direito
Conceito de Justiça

Justo é aquilo que é adequado, correto. A ideia de Justiça, então, poderá ser definida como a
reunião de valores éticos e morais, que atribui, a cada um, de forma igualitária, a cada um o que
lhe pertence.

Há na doutrina uma discussão acerca do caráter absoluto ou relativo da palavra Justiça.

Na acepção relativa, a palavra Justiça possuiria significação ampla, e que poderia divergir de
tempos em tempos, pois o que estaria correto e adequado no presente poderia se alterar no
futuro e vice-versa. Por isso, atentam aqueles que concordam com esse posicionamento, que a
colocação dessa palavra no corpo dos textos jurídicos, poderá causar distorções, pois não haverá
um comando totalmente definido. A concepção de Justiça, então, seria relativa, por ser
extremamente subjetiva.

Entretanto, há estudiosos do Direito que atentam ao fato de que a Justiça não é uma acepção
relativa, mas absoluta, pois ser esta é um valor, como os demais valores advindos do Direito
Natural, que são eternos, imutáveis e universais. A Justiça, dessa forma, também deverá ser
considerada dessa maneira. Assim não poderia se considerar que a Justiça é uma terminologia
sem seu conteúdo e significado definido, que poderia se alterar diante da época.

A Justiça, então, deverá ser uma expressão muito ligada ao Direito e para a qual o Direito sempre
deve apontar. É importante dizer que a busca pela Justiça se faz por meio de instrumentos, que
facilitam e reduzem o caminho a ser percorrido, que é pela elaboração de leis. Nas leis são
descritos alguns valores e regras que buscam os ideais de Justiça.

É importante ressaltar que o conceito de bem comum, ou seja, conjunto de bens criados por
uma sociedade e posto à disposição dos indivíduos para obtenção de seus objetivos pessoais, é
abarcado pela ideia de Justiça, pois atuando de forma justa, facilmente se chegará ao bem
comum.

Características da Justiça

A ideia de Justiça deve ser tida como medida de igualdade entre os homens, e essa igualdade
deverá ser garantida às pessoas no que diz respeito à lei, surgindo, dessa forma, o Princípio da
Isonomia, segundo o qual, todos são iguais perante à lei.

Mas deve-se lembrar que nem sempre as pessoas são e se encontram em igual situação, e dessa
forma, tratar todos da mesma maneira não seria uma medida de Justiça, mas injustiça. Assim, a
ideia de Justiça, deve ser complementada pela proporcionalidade, pois se as pessoas que não
são e nem se encontram iguais, devem ser tratadas desigualmente, mas na medida dessa
desigualdade, sob pena de, também, não ser uma medida justa.

Assim a igualdade e proporcionalidade são critérios para se chegar à Justiça.

Outros critérios de Justiça seriam o mérito, a capacidade e a necessidade de cada indivíduo, mas
somente se chegará a uma conduta justa se feitas algumas ressalvas:
- Mérito, ou seja, atributo de cada pessoa, é subjetivo. Dessa forma para tomar uma atitude
justa, deve-se fazer um raciocínio de proporcionalidade, pois cada um deverá ser recompensado
na medida de seu mérito, de acordo com o grau de intensidade de cada um. Portanto estaria
afastada a ideia de igualdade para aplicar a Justiça, observando o mérito.

- Capacidade, diz respeito a qualidade de alguém para satisfazer a determinado fim, deverá ser
utilizada, pois será justo que, quem tiver melhor condição, seja melhor recompensado.

- Necessidade: dar a cada um o que é seu segundo as necessidades é algo que tem uma
conotação social, e vale dizer que esse critério está sendo largamente utilizado no Direito.

Vocabulário:

Conotação: Sentido.

Classificações

A Justiça se classifica em:

- Justiça Convencional: aquela que decorre da simples aplicação da lei, sendo que a situação
concreta se encaixa perfeitamente ao modelo legal.

- Justiça Substancial: aquela que decorre dos princípios de Direito Natural, estando estes
descritos ou não na lei. É a Justiça pura, verdadeira e independe da lei.

- Justiça Distributiva: seria sua ideia central o tratamento comparativo, dar a cada um o que é
seu na medida da proporcionalidade e necessidade, sendo essa uma função do Estado perante
à sociedade.

- Justiça Comutativa: presente nas relações sociais de troca, sendo que as partes devem dar e
receber numa proporção matemática. Uma troca é justa quando, os produtos que foram
trocados equivalem-se exatamente, quantitativamente.

- Justiça Social: atualmente muito utilizada, a Justiça Social, se verifica na melhor a distribuição
de riqueza pelos membros da sociedade. Objetiva-se dar àqueles que mais carecem as
necessidades mínimas de sobrevivência. Esse tipo de Justiça vai utilizar, nessa redistribuição, os
critérios de necessidade em relação àqueles que precisam ser ajudados e de capacidade, em
relação àqueles que poderão contribuir mais para que tal redistribuição possa ser feita.

Equidade

A norma jurídica, como já visto anteriormente, é a descrição de uma conduta geral e abstrata,
e, por isso, pode não se vincular diretamente a determinado caso concreto, haja vista que os
acontecimentos sociais são muito mais complexos.

Dessa forma, pode-se dizer que, em alguns casos, a norma deverá ser adaptada ao caso
concreto, para vislumbrar as particularidades trazidas em cada caso. À essa adaptação dá-se o
nome de equidade.
Assim, a equidade é a possibilidade do aplicador do Direito de moldar a norma no intuito de que
essa seja sensível às peculiaridades de cada situação trazida pela realidade, e dessa forma, possa
ser mais justa. Pode-se dizer, segundo alguns autores, que a equidade é a aplicação da Justiça
no caso particular.

Devido a essa ideia, o Direito admite, em muitas leis, a aplicação da equidade pelo juiz, que teria
maior liberdade no julgamento dos casos submetidos à sua apreciação. Mas ressalte-se, há de
haver limites e regras, sob pena da equidade se transformar num instrumento de arbítrio,
ficando as partes à mercê dos mandos, desmandos e vontades de um juiz.

Leis Injustas

Pode-se dizer que leis injustas são contrárias à Justiça, ou seja, contrárias ao objetivo maior do
Direito que, conforme já dito, é dar a cada um o que lhe pertence.

Por alguma distorção, a norma se torna inútil na função a que se destina, ocorrendo uma
injustiça. Pode ser que essa distorção se dê de três maneiras: por destinação, quando a intenção
do legislador é exatamente a de se criar uma norma injusta, causais, que se dão em virtude de
incompetência política, que produz leis que desviam de sua finalidade e eventuais, quando,
diante do caso concreto, a norma poderá se tornar injusta.

Há uma discussão dos juristas acerca da validade ou não dessas leis injustas. Uns pensam que a
norma não poderá valer por contrariar o ideal do Direito; já outros apontam pela validade, por
receio de causar um mal ainda maior que seria a não observância do Direito em determinadas
situação, sob o pretexto da injustiça. Assim, o mais plausível seria atender o disposto na lei, mas
fazendo um trabalho de interpretação para evitar o mal contido na norma.
A Segurança Jurídica
Conceito

A segurança jurídica existe para que a Justiça, fim maior do Direito se concretize.

Vale dizer que a segurança jurídica, concede aos indivíduos a garantia necessária para o
desenvolvimento de suas relações sociais, tendo, no Direito, a certeza das consequências dos
atos praticados.

Mas a segurança jurídica não poderá se resumir na simples ideia de certeza pela existência de
um conjunto de leis, que dispõem sobre o que é permitido ou proibido.

O indivíduo deverá se sentir seguro, também, por verificar no corpo dos textos jurídicos, a
inclusão de princípios fundamentais, fruto das conquistas sociais dos homens.

Princípios pertinentes

Assim, para que a segurança jurídica se concretize no mundo do Direito, alguns princípios
deverão ser respeitados, sendo esses de três gêneros:

- Relativos à organização do Estado;

- Relativos ao Direito, enquanto conjunto de normas;

- Relativos à aplicação do Direito;

 Relativos à organização do Estado

Para que haja segurança jurídica é fundamental que o Estado tenha seus poderes divididos
(Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário), cada qual atuando dentro de suas
funções, sem que um interfira nas funções dos outros.

Igualmente importante, seria a estrita observância, pelo Poder judiciário, de uma organização
interna eficaz, capaz de não prejudicar a eficiência da aplicação das normas.

 Relativos ao Direito, enquanto conjunto de normas

Pode-se citar quatro princípios que devem ser observados para que o Direito seja juridicamente
seguro:

- Positividade do Direito: pode ser explicado como a existência de um conjunto de normas


(escritas ou não, neste último caso, advinda dos costumes), a ser seguido por uma sociedade,
em época e local determinado, que disponha claramente sobre as condutas permitidas e
proibidas. Como medida para que tal positivação seja eficaz, é necessário que os indivíduos
conheçam a norma, sendo que os costumes seriam repassados pelo próprio povo, de geração a
geração, e as leis escritas, devidamente publicadas.
- Segurança de Orientação: por esse princípio tem-se que o Direito deve conter regras claras, de
forma que não haja dúvida quanto ao seu conteúdo; simples, para que qualquer pessoa do povo
possa entender o que está regulado; inequívocas, ou seja, a norma não poderia apresentar
contradições, que façam nascer um conflito dentro do texto da norma e suficientes, sendo que
o Direito deverá apresentar todas as soluções ao deslinde de qualquer situação que necessite
de ser resolvida.

- Irretroatividade da Lei: esse é o princípio mais importante da Segurança Jurídica. Pode ser
explicado pelo fato de leis futuras não atingirem os fatos presentes e passados. Em outras
palavras: uma lei atual ou futura não poderá interferir em atos e fatos que já tenham ocorrido,
e que observaram, na época, a lei anterior. Se a retroatividade fosse admitida, seria criado um
clima de profunda instabilidade, pois os indivíduos não teriam como prever as leis futuras, e
assim ficariam inseguros diante de qualquer relação jurídica.

Observação: A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 determina, em seu artigo


5º, XL, uma exceção ao princípio da Irretroatividade das Leis. No caso da lei penal, será admitida
a retroatividade de uma lei futura quando essa hipótese for beneficiar o réu.

- Estabilidade Relativa do Direito: O Direito, enquanto criação humana voltada a estabelecer a


coexistência pacífica entre os homens, deve estar atento à realidade social a que está inserido,
e com ela evoluir, sob pena de se tornar inútil. Entretanto, esse princípio propõe alguns
cuidados a serem observados. Por ele, a Ordem Jurídica deve conservar a característica de
estabilidade, mantendo um equilíbrio, pois não poderá criar leis de forma impulsiva, sob o
pretexto de evolução. Da mesma maneira não poderá ficar inerte, pois a realidade social é
complexa e é enriquecida a cada dia, tendo o Direito que acompanhar as principais mudanças,
de forma progressiva, e não desordenada.

 Relativo à aplicação do Direito

Entende-se os princípios relacionados às decisões judiciais, sendo que essas devem se


apresentar sempre num mesmo sentido e coerência, pois se cada tribunal entender de uma
forma diversa sobre um mesmo assunto, isso criaria uma atmosfera de insegurança para aquele
que recorre ao Poder Judiciário.

Outro importante aspecto é o respeito a coisa julgada, pois, quando esgotados os recursos
previstos à disposição da parte, a decisão de determinado juiz ou tribunal não é mais passível
de modificações, e assim deverá ser mantida.

A não observância a esse princípio causa extrema insegurança, por trazer a parte que vence uma
eterna dúvida sobre a manutenção de sua vitória.
O Estado
Conceito

Da mesma forma que o Direito, o Estado é uma criação humana destinada a manter a
coexistência pacífica dos indivíduos, de forma que os seres humanos consigam se desenvolver,
e proporcionar o bem-estar a toda sociedade.

É o Estado o responsável por dar força de imposição ao Direito, pois é ele que detém o papel
exclusivo de aplicar as penalidades previstas pela Ordem Jurídica.

Assim, o Estado pode ser definido como o exercício de um poder político, administrativo e
jurídico, exercido dentro de um determinado território, e imposto para aqueles indivíduos que
ali habitam.

Os elementos que caracterizam o Estado são:

- População: entende-se pela reunião de indivíduos num determinado local, submetidos a um


poder central. O Estado vai controlar essas pessoas, visando, através do Direito, o bem comum.
A população pode ser classificada como nação, quando os indivíduos que habitam o mesmo
território possuem como elementos comuns a cultura, língua, a religião e sentem que há, entre
eles, uma identidade; ou como povo, quando há reunião de indivíduos num território e que
apesar de se submeterem ao poder de um Estado, possuem nacionalidades, cultura, etnias e
religiões diferentes.

- Território: espaço geográfico onde reside determinada população. É limite de atuação dos
poderes do Estado. Vale dizer que não poderá haver dois Estados exercendo seu poder num
único território, e os indivíduos que se encontram num determinado território estão obrigados
a se submeterem.

- Soberania: é o exercício do poder do Estado, internamente e externamente. O Estado, dessa


forma, deverá ter ampla liberdade para controlar seus recursos, decidir os rumos políticos,
econômicos e sociais internamente e não depender de nenhum outro Estado ou órgão
internacional. A essa autodeterminação do Estado dá-se o nome de soberania.

Estado de Direito X Arbitrariedades

Estado de Direito é aquele em que o poder exercido, é limitado pela Ordem Jurídica vigente, que
irá dispor, especificamente, desde a forma de atuação do Estado, suas funções e limitações, até
às garantias e direitos dos cidadãos. Dessa forma, tanto Estado, quanto seus indivíduos são
submetidos ao Direito.

O Estado, assim, não poderá impor suas vontades que não tiverem fixadas em lei, e nem poderá
atuar contra as leis existentes. Dessa forma, o Estado deverá, além de acatar as leis, proteger
sua população, concedendo-lhe segurança, e sendo eficiente na busca do bem comum.

Já a arbitrariedade, por outro lado, ocorre quando houver o desrespeito ao Direito e à Ordem
Jurídica vigente. Esse desrespeito poderá se dar por ação ou omissão, quando o Estado ou algum
de seus órgãos agiu e a norma não permitia tal ação, ou quando era seu dever agir e não agiu,
em discordância com a norma.
Ressalte-se que o desrespeito à Ordem Jurídica pode se dar de duas maneiras: pela
inobservância quanto à forma ou conteúdo da norma, sendo que a arbitrariedade somente
existe quando for relativa ao aspecto formal.

Pode-se dizer que a arbitrariedade normalmente ocorre quando um dos poderes infringe as
atribuições um do outro, sendo necessário um controle efetivo sob os três poderes.

Fontes do Direito
Importância e classificações

O estudo das fontes do Direito é importante, pois, através dele, é que se identificam quais são
as origens do fenômeno jurídico, de forma a perceber como se deu o surgimento desse
fenômeno.

Pode-se fazer distinção entre os diversos tipos de fontes, que podem se classificar em: fontes
históricas (estudo dos fatores históricos que poderão influir no processo de formação do Direito,
que se dá pela verificação de documentos e textos antigos); fontes materiais (diz respeito ao
conteúdo, existindo um estudo apurado sobre os diversos fatos sociais que influenciam na
formação do Direito); e fontes formais (estudo das principais formas de exteriorização das
normas de Direito como a lei).

Ressalta-se que a hierarquia, ou, a ordem de importância de uma fonte para outra, vai depender
das características do Direito a ser estudado.

Conceito e classificações

A lei, que advém de atos do Poder Legislativo, visa disciplinar condutas objetivando o melhor
interesse da coletividade, de forma a proporcionar uma coexistência pacífica entre os membros
da sociedade.

Pode-se dizer que há classificações importantes, que se diferenciam as leis em:

- Lei em sentido amplo: por essa classificação a expressão lei poderia ser utilizada em sentido
abrangente, pois todo e qualquer ato que descrever e regular uma determinada conduta,
mesmo que esse ato não vier do Poder Legislativo, seria considerado como lei. É o caso das
medidas provisórias, sendo atribuição do Presidente da República, que, diante de uma situação
de urgência e relevância, edita uma norma, para, somente depois, passar pela avaliação do
Poder Legislativo.

- Lei em sentido estrito: por essa classificação, a expressão lei somente poderia ser assim
considerada quando fosse fruto de elaboração do Poder Legislativo e contasse com todos os
requisitos necessários. Esses requisitos são formais ou materiais; os primeiros se relacionam
com o processo de elaboração dentro do Poder Legislativo; já os segundos dizem respeito ao
conteúdo, por ser uma descrição de uma conduta abstrata, genérica, imperativa e coerciva.
- Lei em sentido formal: são aquelas leis, que, embora sejam fruto de um correto processo de
elaboração, há falha de conteúdo, por não descrever uma conduta genérica, abstrata,
imperativa e coercitiva.

- Lei em sentido formal-material: são aquelas leis que respeitam tanto os requisitos de forma,
como os requisitos de conteúdo.

- Lei substantiva: são aquelas que regulam os direitos e obrigações dos indivíduos, nas relações
entre estes e o Estado, e entre os próprios indivíduos. Normalmente são do conhecimento de
todos.

- Lei adjetiva: aquelas que estabelecem regras relativas aos procedimentos, e devem ser de
conhecimento mais específico dos advogados e juízes por se referirem aos processos.

- Lei de ordem pública: regulam os principais interesses da sociedade; são suas normas
fundamentais e que preservam o interesse e bem comum de toda a coletividade.

Devem ser respeitadas não pela vontade individual de cada pessoa, mas pelo seu caráter
fundamental e obrigatório de suas regras.

O processo de elaboração das leis

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a norma mais importante do país,


estipula o processo de elaboração das leis, que possui vários passos até que a lei esteja pronta.

Essas regras estão nos artigos 59 a 69 da CR/88.

Primeiramente é importante identificar quem poderá apresentar um projeto de lei, conforme


descrito na Cr/88, artigo 61:

- Os membros da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Congresso Nacional;

- O Presidente da República

- O Supremo Tribunal Federal

- Os Tribunais Superiores

- O Procurador Geral da República

- Cidadãos

Vale dizer que há assuntos determinados pela Constituição da República que deveram ser,
obrigatoriamente, de iniciativa do Presidente, como os casos relativos às Forças Armadas,
serviços públicos e normas de organização do Estado, previstos no artigo 61, parágrafo primeiro
da CR/88.

Pode o Presidente da República editar medidas provisórias, que possuem força de lei e que
deverão passar imediatamente pelo Congresso Nacional (art. 62 da CR/88).
Legislação

Constituição da República Federativa do Brasil - 0/1988

Art. 62. Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar
medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

Cumpre salientar que há limites para a edição de medidas provisórias, que não poderão conter
matérias discriminadas no art. 62, §2º da CR/88.

Deve-se atentar ao fato de que a medida provisória somente poderá ser editada em caso de
relevância e urgência, e esta perderá sua eficácia, se não for convertida em lei no prazo de 60
(sessenta) dias, conforme o art. 62, §3º da CR/88. Observa-se que caso a votação da medida
provisória não esteja encerrada até o prazo de 60 (sessenta) dias, poderá este prazo ser
prorrogado por mais 60 (sessenta) dias, regra estabelecida pelo artigo 62, §7º da CR/88.

Legislação

Constituição da República Federativa do Brasil - 0/1988

Art. 62. Art. 62 (...)

§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a


edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do
§ 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto
legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.

Art. 62. Art. 62 (...)

§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no
prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas
Casas do Congresso Nacional.

Salienta-se que, quando a proposta do projeto de lei for de iniciativa do cidadão, há de ser
observados alguns requisitos essenciais, como a assinatura de 1% (um por cento) eleitorado
nacional, conforme a regra do art. 61, §2º da CR/88.

Dessa forma, cada um dos indicados no art. 61, poderá enviar seu projeto de lei para que seja
avaliado pelas comissões do Senado Federal e Câmara dos Deputados, que formam as duas
casas do Congresso Nacional.

Legislação

Constituição da República Federativa do Brasil - 0/1988

Art. 61. Art. 61 (...)

§ 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de
projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo
menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um
deles.
Depois de avaliado, o projeto seguirá para a discussão e votação. Vale dizer que as duas casas
do Congresso Nacional se revezam, pois, se um projeto for avaliado pelo Senado Federal, a
Câmara dos Deputados revisará o projeto, e, sendo avaliado pela Câmara dos Deputados,
seguirá para o Senado Federal exercer o papel de revisor do projeto.

Ressalta-se que há alguns projetos que devem obrigatoriamente passar primeiro pela Câmara
dos Deputados, sendo esses de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal
Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados, conforme preceitua
o art. 64 da CR/88.

Legislação

Constituição da República Federativa do Brasil - 0/1988

Art. 64. Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da
República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos
Deputados.

Posteriormente, o projeto aprovado por uma casa e revisto pela outra, será enviado para ser
sancionado ou vetado.

A sanção, atribuição exclusiva do Presidente da República, é a manifestação de sua concordância


para com o projeto. O Presidente da República terá o prazo de 15 (quinze) dias para manifestar
(artigo 66, §1º da CR/88).

Pode-se dizer que se esse prazo decorrer sem que ele se manifeste, ocorrerá a sanção tácita, ou
seja, considera-se que o Presidente aprovou o projeto, conforme determina o art. 66, §3º da
CR/88.

Legislação

Constituição da República Federativa do Brasil - 0/1988

Art. 66. Art. 66 (...)

§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional


ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis,
contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente
do Senado Federal os motivos do veto.

Uma vez vetado o projeto de lei, o mesmo retornará ao Congresso Nacional, onde será apreciado
em sessão conjunta, no prazo de 30 (trinta) dias. Pode o veto presidencial ser derrubado pela
maioria absoluta dos deputados e senadores, que votarão em sigilo, conforme estipulado pelo
artigo 66, §4º da CR/88.

No caso do Presidente da República não vetar o projeto, ou o veto presidencial ser derrubado
no Congresso Nacional, haverá a promulgação da lei, que é a declaração formal de existência da
lei no mundo jurídico, sendo atribuição do presidente da República. Se este não o fizer em 48
(quarenta e oito) horas, torna-se função do Presidente do Senado, que, também não o fazendo,
passa-se à atribuição do Vice-Presidente do Senado (artigo 66, §7º da CR/88).
Por fim, verifica-se a publicação da lei, que é a sua divulgação para a sociedade, devendo ser
feita por órgão oficial.

Vale dizer que os efeitos da lei se iniciam, normalmente, 45 (quarenta e cinco) dias após a
publicação, conforme o artigo primeiro da Lei de Introdução ao Código Civil.

Legislação

Lei de Introdução ao Código Civil - 4657/1942

Art. 1º. Art. 1° - Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e
cinco) dias depois de oficialmente publicada.

Introdução

Em tempos mais antigos, os costumes, ou seja, as práticas sociais mais frequentes,


influenciavam de maneira concreta o Direito, sendo, inclusive, sua maior fonte.

Entretanto com o passar dos tempos, principalmente a partir do século XIX, o Direito iniciou-se
por um processo de intensa codificação, no qual as leis deixaram ser tidas apenas nos usos e
costumes sociais, para serem escritas em leis, e organizadas em Códigos.

O costume, diferentemente do Direito, é criação espontânea da sociedade, sendo o resultado


dos acontecimentos sociais. Vale dizer que os costumes se baseiam nos valores morais da
sociedade, relativos ao bom senso e ao ideal de Justiça.

Características

Cumpre salientar que o costume surge diante da prática reiterada de uma determinada conduta,
ou seja, em casos semelhantes, as pessoas sempre vão agir de uma determinada forma, e é na
ocorrência de muitas situações parecidas é que os costumes se tornam válidos.

Os costumes seriam, então, paradigmas, ou seja, serviriam de modelo para os acontecimentos


posteriores, e na decorrência do tempo, acabam por constituir um hábito.

A força gerada pelos costumes sociais é absorvida pelo Direito, possuindo, dessa forma, a
mesma coercitividade e imposição de uma lei escrita, e ao Estado caberá garantir que os
costumes sejam observados. Assim, os costumes vão integrar o que se chama Direito
Consuetudinário, que é o Direito estabelecido com base nos costumes.

É importante dizer que, para que os costumes possuam força jurídica, é indispensável que
estejam estabelecidos na Ordem Jurídica do Estado, sendo parte do Direito, ou seja, integrando
as fontes do Direito. Outro aspecto é que os costumes devem se apresentar como prática usual
e frequente, sendo essa conduta observada pelo indivíduo na crença de ser essa obrigatória,
como se fosse um dever jurídico.

Em outras palavras, para que seja considerado costume, deverá a prática ser uniforme,
constante, necessária e obrigatória, requisitos esses apontados pela maioria dos autores
jurídicos.
Classificação dos costumes

Os costumes podem ser:

- Secundum Legem: os costumes contidos nessa classificação seriam aqueles que retratam
prática idêntica ao comportamento exigido pela lei. Seria o costume correspondente à vontade
da lei.

- Praeter Legem: segundo essa classificação, os costumes seriam utilizados no caso de lacunas
na lei, ou seja, diante da inexistência de uma lei específica para regular determinada situação,
poderá ser observado os costumes correntes na região.

A Ordem Jurídica brasileira prevê a observância dos costumes no caso de omissão legal, que está
descrito no art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil.

Legislação

Lei de Introdução ao Código Civil - 4657/1942

Art. 4º. Art. 4° - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito.

- Contra Legem: é o costume que contraria a lei, e nessa classificação faz surgir um grande
problema sobre a validade e importância dos costumes.

Cumpre salientar que, em cada ramo do Direito, os costumes possuem caráter mais ou menos
abrangentes, dependendo das leis, que vão definir o valor e importância dos costumes em cada
matéria.

Por fim, pode-se dizer que os costumes, quando alegados, poderão ser comprovados por várias
formas, dentre elas verifica-se a prova testemunhal ou documental, dependendo do que a lei
estipular em cada ramo.

Registra-se, ainda, que os costumes, diferentemente das leis, conspiram contra o Princípio da
Segurança Jurídica, pois os usos e costumes podem variar dentro de um mesmo Estado que
possua grandes extensões, deixando os indivíduos sem a necessária certeza que deve nortear as
relações jurídicas.

A jurisprudência

O Poder Judiciário tem como função principal, a aplicação do Direito, julgando, diante de uma
determinada situação, qual lei será aplicada e de que forma ela irá influir no caso concreto.
Assim, as decisões judiciais influenciam o Direito.

A jurisprudência, então, pode ser conceituada como as decisões uniformes e reiteradas dos
tribunais, ou seja, os tribunais (instâncias superiores) entendem que situações semelhantes
devem ser decididas da mesma maneira, tendo em vista que um grande número de situações
semelhantes já forma solucionadas da mesma forma.

Seria, pois uma tendência de decidir do mesmo jeito.


Vocabulário:

Uniformes (uniforme): Que não muda; regular; constante.

Reiteradas (reiterar): Repetir; fazer novamente.

Vale dizer que, da mesma forma que os costumes, a jurisprudência pode ser classificada
dependendo de como atua em relação à lei. Assim, a jurisprudência poderá se dar de acordo
com que a lei determina, poderá ser observada na falta ou omissão de lei, e ser contrária à lei.

Apesar da semelhante classificação, a jurisprudência em muito se diferencia dos costumes.


Enquanto que os costumes surgem espontaneamente e advém das práticas sociais, a
jurisprudência é uma criação específica do Poder Judiciário, que deve aplicar a lei ao caso
concreto, quando for devidamente provocado, ou seja, quando as partes solicitarem um
provimento judicial.

Vocabulário:

Provimento: Decisão de um juiz sobre uma determinada petição ou requerimento levado à sua
apreciação.

Alguns autores indicam que a jurisprudência não cria o Direito, sob pena de o Poder Judiciário
invadir uma função que seria do Poder Legislativo. Dessa forma, a jurisprudência teria o papel
predominante e exclusivo de interpretar o Direito, auxiliar o operador do direito a entender as
decisões passadas, e servir de subsídio para a vida jurídica.

Outro aspecto a ser abordado diz respeito à força da jurisprudência sobre o Poder Judiciário.
Pode-se dizer que a jurisprudência é uma tendência, mas não deve e nem pode aprisionar os
juízes a decidirem conforme o que já foi decidido anteriormente. Caberá ao juiz, como aplicador
da norma jurídica, interpretá-la segundo suas próprias impressões, livres de qualquer imposição.

Já, nos tribunais, quando verificados posicionamentos contrários, configurando-se, assim,


divergências na jurisprudência, esse fato poderá ser questionado pelo interessado.

Houve a ideia da súmula vinculante, que consiste na imposição, com força de lei, da
jurisprudência para as instâncias inferiores, impedindo, assim, as milhares de ações em
andamento nos tribunais.

Contudo, essa ideia sofreu inúmeras críticas por atentar contra a liberdade de interpretação do
Direito.
Conceito e funções

A doutrina também pode ser chamada de Direito Científico, e consiste nos estudos
desenvolvidos pelos vários juristas, que objetivam entender e explicar todos os temas relativos
ao Direito.

Buscam explicação e a correta interpretação dos vários institutos e normas, de forma a se obter
uma real compreensão de todo o mundo jurídico, servindo de auxílio e subsídio para os que se
aventuram nessa área do conhecimento humano.

Para que se possa desenvolver esse estudo, o jurista deve ter uma índole livre, ou seja, deve
possuir um pensamento não comprometido com os preconceitos e pressupostos, para que,
assim, possam surgir concepções inéditas.

O jurista deverá, também, contar com vasto conhecimento acerca do Direito, pois somente
aquele que conhece é capaz de estabelecer conceitos e críticas, tendo em mente a sua
responsabilidade na produção de um trabalho sério e que contribuirá para o mundo jurídico.

A doutrina jurídica possui como funções no mundo jurídico:

- O estudo aprofundado das principais normas e princípios do Direito;

- Atualização dos conceitos e institutos para estar sempre em contato com a dinâmica realidade,
que muda a todo o tempo.

- A sistematização e organização de todo o conteúdo do Direito, agrupando-o em de forma


coerente e lógica, pois será através da divisão dos vários ramos e espécies de normas, é que será
possível total compreensão da Ordem Jurídica.

- Estabelecer críticas ao objeto de estudo, devido ao senso jurídico e crítico que deve possuir o
jurista; de forma que mediante debates se chegue a uma correta proposição.

- Verificar maneiras para aperfeiçoar o Direito, de que forma que vez cada mais esteja voltado
para o seu fim maior: a Justiça;

Dessa forma, percebe-se que a doutrina jurídica possui uma importância fundamental para o
Direito, influenciando de maneira indireta na elaboração das leis e nos julgamentos, pois fornece
pontos de apoio tanto ao legislador e ao juiz, em suas atividades intelectuais.

O argumento de autoridade

Ao defender uma causa em juízo, o advogado deve atuar de forma a convencer o juiz de seus
argumentos e, para isso, deve fazer uma disposição lógicas dos fatos e fundamentos de seu
pedido.

Para auxiliar o advogado nessa árdua missão de convencer, poderá ser utilizado o argumento de
autoridade, que consiste na citação das opiniões e estudos de juristas conceituados, para servir
de subsídio ao juiz, demonstrando que os argumentos utilizados pelo advogado são coerentes e
lógicos, haja vista não está sozinho em determinado entendimento. A utilização do argumento
de autoridade poderá auxiliar o juiz a decidir com maior segurança.
É importante lembrar que a doutrina, enquanto criação humana, poderá conter alguns
equívocos, e, devido a esse fato, não é prudente se atribuir um caráter absoluto a tudo que se
lê e se ouve, haja vista que na própria doutrina existem vários temas ainda sem um
entendimento consolidado.

Vocabulário:

Consolidado: Firme, consistente, seguro, sólido.

Formas de manifestação da doutrina jurídica

A doutrina poderá se manifestar, basicamente, por dois grandes modelos: modelo alemão e
modelo francês.

O modelo alemão consiste na doutrina feita mediante comentários, ou seja, a medida que se faz
o estudo de determinada lei ou código, são feitos comentários, normalmente sendo artigo por
artigo, sendo indicado o significado daquele preceito, as características e a posição da
jurisprudência a respeito do tema abordado.

Já o modelo francês não faz esse estudo isolado, mas, a doutrina é organizada na forma de uma
abordagem sistêmica e conceitual de toda a estrutura jurídica, estabelecendo os princípios e
pressupostos pertinentes ao tema.

Há uma exposição lógica e coerente do tema, iniciando-se com introdução, que serve de
preparação ao aprofundamento do tema, desenvolvimento, momento em que o estudo
apresenta as particularidades do assunto abordado, e a conclusão, com a opinião do jurista a
respeito do tema.

Na doutrina brasileira, há traços dos dois modelos citados, existindo grandes livros que exploram
a totalidade de um conteúdo, explicando os vários institutos, e há um vasto número de códigos
e leis comentadas.

Pode-se dizer que há, ainda, a doutrina feita por verbetes, úteis para consultas que exigem uma
resposta rápida e objetiva e também na forma de comentários à jurisprudência.
Formas de integração do Ordenamento Jurídico
Introdução

Apesar do processo de elaboração das normas jurídicas ser bastante planejado e organizado, o
legislador não conseguirá prever toda a realidade, que é rica e dinâmica.

Dessa forma, as leis podem apresentar algumas deficiências ou falhas, por não estarem
totalmente adaptadas às novas situações que surgem no dia-a-dia.

Essas falhas se dão na forma de lacunas ou omissões na lei, que podem ser verificadas quando
não há informações suficientes na lei que resolvam o caso concreto, ou quando a própria lei
deixa a cargo do juiz decidir, com base em seus critérios e convicções.

Outra situação de lacuna ou omissão pode ser verificada quando há contradições de preceitos
na própria lei, ou quando há leis que contrariam umas às outras, sendo essa uma situação mais
difícil de ocorrer.

Assim, verifica-se lacuna ou omissão na lei quando a criação de novas leis não consegue
acompanhar as mudanças sociais, ou quando as normas apresentam um acentuado grau de
abstração, não se encaixando em nenhuma situação concreta.

A solução existente na Ordem Jurídica para resolver o problema das lacunas ou omissões da lei
se dá mediante um processo de integração da norma, de forma que a falha será preenchida com
elementos contidos na própria Ordem Jurídica ou por princípios jurídicos, utilizados de acordo
com a lógica e o bom senso. Assim o processo de integração das normas jurídicas se dará pela
analogia e Princípios Gerais de Direito.

Vale dizer que os processos de integração da norma não podem ser classificados como fontes
do Direito, vez que não criam regras e normas, mas tão somente auxiliam o operador do Direito
a descobrir a norma aplicável.

Há várias teorias sobre a existência de lacunas ou omissões da lei, mas prevalece a noção de que
o Ordenamento Jurídico é pleno, ou seja, nele estão contidas todas as respostas para as
situações, por mais complexas que sejam.

Dessa noção nasce um princípio, de que, independente do caso concreto que o juiz for apreciar,
ele não poderá deixar de julgar alegando que não há lei específica para aquele caso, ou que ela
é omissa. Afinal é no próprio Ordenamento é que se encontram todas as respostas para as mais
variadas situações. Se assim fosse permitido, não haveria Segurança Jurídica, pois as pessoas
não teriam a certeza de que seus litígios seriam devidamente solucionados quando recorressem
ao Poder Judiciário.
Conceito

Dessa forma, diante de uma lacuna na lei, o operador do Direito poderá utilizar os
procedimentos de integração na norma, como a analogia, que pode ser definida como a
utilização de uma norma "X", que apresente semelhanças diante de um caso concreto, para o
qual não haja regra específica.

Vale dizer que entre o caso concreto e a lei a ser utilizada, deve existir semelhanças essenciais,
além de apresentar as mesmas motivações.

A analogia existe para dar harmonia e coerência ao Ordenamento Jurídico, pois, utilizando a
norma numa situação semelhante ao que ela descreve, o Ordenamento Jurídico apresentará,
em si próprio, a solução para o caso concreto, não sendo necessário recorrer a soluções alheias
à Ordem Jurídica. É importante dizer, também, que a analogia fornece igualdade de tratamento,
pois as situações semelhantes serão disciplinadas da mesma forma. A analogia deverá ser
utilizada somente após um cuidadoso estudo a respeito das semelhanças entre a norma e o caso
concreto.

Distinção relevante

Os procedimentos de aplicação da analogia e a interpretação extensiva, normalmente, são


confundidos, e por isso é importante fazer a exata distinção sobre esses termos.

A interpretação extensiva é um processo decorrente das várias formas de interpretação de uma


lei. Nesse não há lacuna na lei, mas o que ocorre é que a lei existente possui deficiência de
linguagem, e assim, o operador do Direito vai buscar em uma outra norma, semelhante, o
sentido real que a norma deficiente queria buscar.

Na interpretação extensiva a norma existe, mas possui carência de sentido, enquanto que, na
analogia, não existe a norma específica para regular o caso concreto, ou não possui na norma
informações suficientes que solucionem o caso.

Conceito

A Lei de Introdução ao Código Civil, em seu artigo 4º, recomenda ao juiz que no caso de omissão
da lei, este recorra à analogia. Caso essa alternativa não resolva a questão, cabe ao juiz verificar
os usos e costumes do local. Entretanto, se, mesmo assim, a situação não for solucionada, o juiz
lançará mão dos Princípios Gerais do Direito.

Os Princípios Gerais do Direito seriam as ideias basilares e fundamentais do Direito, que lhe dão
apoio e coerência, respaldados pelo ideal de Justiça, que envolve o Direito. Seriam ideias
fundamentais, de caráter geral, dentro de cada área de atuação do Direito.

Cumpre salientar que, embora a expressão seja "Princípios Gerais do Direito", essa noção vai
abranger tanto os princípios gerais (comuns a qualquer área) quanto os específicos (relativos a
uma determinada área).

Esses Princípios Gerais têm dupla função, vez que orientam tanto o legislador na feitura das
normas, quanto o aplicador do Direito, diante de uma lacuna ou omissão legal.
É importante dizer que, devido ao caráter essencialmente amplo dos Princípios Gerais do
Direito, tanto o aplicador do Direito, quanto o legislador, devem ter cautela e limites para a
atuação, sob pena de buscar uma solução incoerente para uma determinada situação.

Ressalta-se que, para utilizar os Princípios Gerais de Direito, há de existir uma perfeita
identidade, entre a situação e o princípio utilizado, sob o aspecto da coerência e harmonia.

O Direito em Códigos
Noções preliminares

Como já fora dito várias vezes, a realidade é dinâmica e rica na complexidade dos fatos sociais.

Dessa forma, as leis devem disciplinar as diversas situações, de modo a possibilitar uma
coexistência pacífica entre os homens.

As formas de manifestação do Direito, que surgem para evitar e disciplinar os conflitos, extraem,
dos anseios populares, os valores e princípios, que influenciam as regras e normas de Direito.

Os costumes são fonte de Direito, mas suas normas, por não estarem escritas e organizadas,
constituem uma ameaça à Segurança Jurídica dos indivíduos. Dessa forma, foi necessário que as
regras e normas fossem legisladas, ou seja, escritas. Entretanto não basta que exista inúmeras
leis, sem a devida organização. É necessário que essas sejam organizadas, para conceder maior
segurança à sociedade.

É importante que seja feita uma reunião organizada para que a estrutura do Direito seja
coerente e ordenada na forma de um sistema. Ademais, facilita o conhecimento da estrutura e
dimensões de uma determinada área do Direito. Essa reunião sistematizada de leis esparsas
pode se dar por meio da codificação, ou por meio das incorporações, que vão originar os códigos
e as consolidações, respectivamente.

Pode-se dizer que código é a reunião ordenada e sistêmica de várias leis existentes a respeito
de um determinado ramo do Direito.

Um código possui a regulamentação total de uma determinada área de interesse, e por isso,
normalmente, são extensos. Mas ressalte-se que o tamanho não é um critério que determine
na caracterização de um código.

Vale dizer que entre as normas presentes nos códigos, há de existir uma interdependência, pois
as normas se completam, devendo ser ordenadas, sendo que uma não pode ser vista sem a ideia
de conjunto.

É importante ressaltar que a elaboração dos códigos não se resume tão somente reunião de leis
existentes, mas esse processo poderá ser baseado numa atividade de atualização e
modernização dos institutos de Direito, para que se constitua uma Ordem Jurídica sensível às
variações sociais.
Essa atualização, ressalta-se, deve se basear nas mais diversas fontes e princípios do Direito e
da sociedade.

Vale dizer que os códigos, que provém de uma atividade tão elaborada, são feitos,
normalmente, para um período de longa duração. Contudo, esse fato não tira seu caráter
mutável, imprescindível diante da realidade social.

Ressalta-se, ainda, que apenas matérias que contém com alto grau de maturidade científica é
que deverão ser codificadas, sob pena dessa atividade ser inútil. Assim, os ramos do Direito
Privado possuem uma maior estabilidade nesse aspecto. Já, quanto aos ramos de Direito
Público, que sofrem influências políticas, essa missão não é tão fácil.

Dessa forma, verifica-se hoje que ainda não foi feito o Código Administrativo. E por carecer de
maturidade, o Direito do Trabalho também não possui um código.

A incorporação, outro fenômeno de reunião de leis, pode ser explicada como a simples atividade
agrupamento das leis, sem a inovação de conceitos e institutos.

Vocabulário:

Carecer: Precisar de; necessitar de.

Ressalta-se que, diferentemente da codificação, a incorporação é uma atividade unicamente


prática.

Entre as duas formas de reunião de leis, pode-se dizer que se aproximam por ordenar e reunir
leis comuns entre si, mas se distanciam pelo fato da incorporação não apresentar nenhuma
inovação e modernização, inexistindo qualquer atividade de cunho científico.

As incorporações são relevantes por constituírem um processo mais ágil do que a feitura de um
código, e servem de etapa preparatória para a codificação.

Códigos Antigos

Primeiramente é importante dizer que as concepções antigas relativas aos códigos não são
iguais aos dias de hoje.

Antes, código era visto exclusivamente como a reunião de leis e costumes vigentes na época,
não obedecendo um critério lógico ou sistêmico, mas, seria, tão somente, uma atividade de
agrupamento. Dessa forma os códigos que tiveram maior destaque na antiguidade foram:

O Código de Hamurabi, datado de 2000 a.C., é o código mais antigo que se tem notícia.

Reunia uma legislação criada pelo Rei Hamurabi, na Mesopotâmia, e pode-se dizer que esse
código foi um pouco além da simples reunião de regras e costumes.

Seu conteúdo abrangia regras diferenciadas da moral, e trazia a ideia de igualdade de


tratamento para os indivíduos da sociedade. Os preceitos do referido código continham
inúmeras matérias, desde a regulação relativa aos crimes até normas que disciplinavam algumas
classes profissionais. Pode-se dizer que o código em questão adotava a pena de talião, cuja a
máxima se expressa pela frase: "olho por olho, dente por dente", sendo que a pena de morte
era largamente utilizada.
A Legislação Mosaica, foi criada por Moisés, um líder religioso que viveu no século 12 a.C. A
referida legislação se encontra no código Pentateuco, que é considerado um dos códigos mais
importantes daquela época. Vale dizer que as regras ali contidas tinham uma vertente mais
social e humana, pois previa formas de assistência social para viúvas, órfãos e pobres.

A Lei das XII Tábuas, surgiu em Roma, no século 5 a. C., diante das reivindicações dos plebeus
que desejavam a regulamentação dos institutos jurídicos, para que acabassem as incertezas e a
extrema distinção de classes. Dessa forma uma comissão do Senado elaborou o texto, marcado
por características essencialmente romanas, tendo, em algumas regras, um acentuado grau de
crueldade.

O Código de Manu, por sua vez, surgiu na Índia, e foi elaborado durante o período de II a .C. e II
d. C. Trazia conteúdo não só de Direito, mas também de ordem moral, ética e religiosa. O caráter
religioso era muito forte dentro desse código, motivo que garantia o cumprimento de suas
normas, pois os indivíduos obedeciam em nome da fé. Salienta-se, por fim, que o código não
concebia os ideais de igualdade, havendo extrema distinção de classes.

O Alcorão, livro muçulmano, surgiu no início do século VII. Contemplava matéria religiosa e
jurídica, essa última, em menor destaque. Dessa forma, os muçulmanos tiveram que criar
artifícios para adaptar o texto às situações práticas que ocorriam. Vale dizer que ainda vigora
até os dias de hoje em alguns países.

Códigos Modernos

O Código de Napoleão marca a Era das Codificações, que pode ser definida como a frequente
elaboração de códigos, sobretudo nos Estados europeus, a partir do século XVIII, sendo uns
influenciados pelos outros.

Ressalta-se que há inúmeras vantagens em se ter um Direito codificado, salientando a segurança


que o indivíduo possui por conhecer o sistema de leis que rege seu país. Entretanto, outros
fatores também repercutiram para a Era das Codificações.

Nesse período, estavam dominantes as teorias de separação dos poderes do Estado, o


pensamento racionalista, e a vontade de se garantir a unidade política do Estado, sendo que
todos os fatores conspiraram em prol das codificações.

Dessa forma, o primeiro código dessa época foi o da Prússia, que entrou em vigor em 1794. Esse
código foi elaborado por vários juristas conceituados e se destacou por sua precisão e
objetividade. Seu conteúdo abrangia matérias de Direito Público e Privado.

É importante dizer que, apesar de ser o primeiro, o Código prussiano, não foi o principal marco
de influência das codificações, sendo esse valor atribuído ao Código de Napoleão.

O Código de Napoleão entrou em vigor na França em 1804. Napoleão, junto aos membros de
uma comissão, iniciou a elaboração do referido código a partir do ano de 1800, influenciado
pelos anseios da sociedade e pelos ideais da Revolução Francesa.
O código possui um conteúdo de extremo valor cultural, contando com uma técnica bastante
apurada. Suas normas eram claras e bastante objetivas. Salienta-se que exerceu uma grande
influência sobre diversos países.

Os princípios fundamentais que estavam contidos no código de Napoleão eram relativos à


propriedade (caráter absoluto), aos contratos (o contrato faz lei entre as partes) e à
responsabilidade civil (dever de reparação daquele que causou a outro algum dano).

Posteriormente, em 1812, surge o Código Civil da Áustria, que sofreu influências de um filósofo
chamado Kant. O referido código possuía como princípio fundamental a liberdade e igualdade,
pois todas as pessoas deveriam ser livres, sem qualquer distinção. Reconhecia, também, a
existência de direitos inerentes à condição humana, devendo ser respeitados pelo Estado.

Em 1900 verifica-se o surgimento do Código Civil Alemão, que sofreu influência de dois juristas
chamados Savigny e Thibaut.

Os códigos civis brasileiros (1916 e 2002)

A elaboração do projeto do Código Civil Brasileiro, passou pela autoria de vários juristas,
destacando, sobremaneira, a autoria do jurista Clóvis Beviláqua. Entrou em vigor e 01/01/1916,
sofrendo influências do Direito francês, alemão e português.

Esse código contava com vasta aptidão técnica. Entretanto, depois de algum tempo, necessitou
de uma reformulação, sendo que em 1969, o Professor Miguel Reale assumiu a coordenação do
projeto de outro código, que viesse a substituir o de 1916.

Assim, o Novo Código Civil Brasileiro, promulgado em 10/01/2002, entrou em vigor em


11/01/2003.

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