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ISBN 0-87083-162
ISBN 85-7304-086-6
Impresso no Brasil
A EXPANSÃO DE CRISTO
O livro de Atos registra a expansão dessa Pessoa
maravilhosa. É o propagar do Cristo todo-inclusivo.
Esse Cristo expandiu-se de uma Pessoa para milhares
e milhares de pessoas. Outrora Ele era o Cristo
individual, mas em Atos tomou-se um Cristo
corporativo. Após Atos, temos todas as Epístolas, que
dão uma completa definição desse Homem
maravilhoso, universal e vasto. Cristo é a Cabeça e a
igreja é o Corpo: esse é o Homem uni versal, Cristo e
a igreja. Finalmente, temos o livro de Apocalipse
como a consumação do Novo Testamento. Esse livro
nos apresenta uma figura completa do Cristo-Corpo,
o Cristo individual mesclado com todos os Seus
membros para se tomar a Nova Jerusalém.
O ESBOÇO GERAL
Em cada livro da Bíblia precisamos de um
esboço geral. O esboço geral de Mateus é:
I. SUA GENEALOGIA
Dentre os quatro Evangelhos, apenas dois,
Mateus e Lucas, têm genealogias. Mateus nos diz que
Jesus é o descendente legítimo da família real, que
Ele é o herdeiro legal do trono real. Tal pessoa
certamente precisa de uma genealogia narrando-nos
sobre Sua origem e ascendência. Lucas apresenta
Jesus como um homem normal, legítimo. Jesus como
um homem verdadeiro também requer uma
genealogia. Em Marcos, Jesus é descrito como um
escravo, como alguém vendido à escravidão. Um
escravo não necessita de uma genealogia; assim,
Marcos não a inclui. João nos revela que Jesus é
Deus: “No princípio era o Verbo [Palavra]... e o Verbo
[Palavra] era Deus”. Com Ele não houve princípio
nem origem. Ele é eterno, sem princípio ou fim de
existência (Hb 7:3). No princípio era Deus! Se João
falasse da Sua genealogia, seria absurdo.
Qualquer outra pessoa, não importa quem seja
ou quantas biografias escrevam sobre ela, terá
sempre a mesma genealogia. Mas Jesus tem duas
genealogias. Mais tarde veremos como essas
genealogias, por fim, tornam-se uma. Mais uma vez
vemos que Ele é maravilhoso. Em cada aspecto, Ele é
maravilhoso.
A. A Genealogia de Cristo
Agora chegamos à genealogia de Jesus no
Evangelho de Mateus. Precisamos perceber quem é
Jesus. Quem é Jesus? Podemos responder dizendo
que Ele é o Filho de Deus, mas essa genealogia não
traz essa expressão. Antes, ela O chama de o filho de
Davi e o filho de Abraão. Por ser Jesus tão
maravilhoso é difícil dizer quem Ele é.
Jesus é o mesclar de Deus com o homem, o
mesclar da divindade com a humanidade. Essa é a
genealogia de Jesus. A genealogia de Jesus revela que
Ele é o mesclar, o maravilhoso mesclar. Nessa
genealogia temos o mesclar do Ser divino com tantos
seres humanos, com todos os tipos de pessoas. Não
devemos mais pensar que Mateus 1:1-17 é apenas
uma lista de nomes.
A genealogia de Cristo é composta de:
1. Os Patriarcas
Esses são os antepassados, pessoas notáveis.
Todos eles juntos somam catorze gerações (1 :2-6a).
2. Os Reis
Os reis, a nobreza, também somam catorze
gerações (1:6b-10).
3. Os Cidadãos Comuns
(os Capturados e os resgatados)
A genealogia de Cristo não inclui apenas pessoas
importantes, ela inclui também os cidadãos comuns,
os insignificantes, como Maria e José. Os pobres, os
desprezados, estão também incluídos na genealogia
de Cristo. Cristo foi contado não apenas com os
patriarcas e reis, mas também com um grupo de
cidadãos comuns. Ele não era apenas dos notáveis,
dos nobres, era também dos desprezados. Com esse
quadro da genealogia de Cristo, podemos ver que ela
inclui todos os tipos de pessoas.
Essa genealogia inclui ambos os chamados,
como Abraão, e os exilados no cativeiro. Nesse breve
registro, temos a palavra “desterro” (v. 17). Abraão
foi chamado de Babel, a origem de Babilônia. A
linhagem de Cristo inclui não apenas os chamados,
mas também os desviados. Talvez há cinco anos você
fosse um chamado, mas hoje pode ser um desviado.
Não fique desapontado. A genealogia de Cristo inclui
você. Essa genealogia inclui Jeconias, um rei que foi
destronado e exilado na Babilônia. Você já foi
destronado? Não pense que não. Em sua vida cristã
algumas vezes você foi destronado. Outrora era um
rei, mas perdeu seu reinado e tornou-se um desviado.
Nosso patriarca Abraão veio de Babilônia; contudo
você retomou para lá, não voluntariamente, mas foi
levado. Louvado seja o Senhor, porque a genealogia
de Cristo inclui até mesmo os derrotados.
Após o cativeiro houve a restauração. Portanto,
temos um outro nome, Zorobabel, o nome de
restauração. Muitos cativos retomaram com
Zorobabel. A genealogia de Cristo inclui todos os
tipos de pessoas: boas, más, chamadas, degradadas e
restauradas. Se lhe perguntasse de que tipo é, você
pode dizer que primeiramente era um chamado,
então um degradado e, finalmente, um restaurado.
Você era um Abraão, tomou-se um Jeconias, mas
hoje é um Zorobabel. Somos todos “Zorobabéis”.
Somos os chamados, os degradados e os restaurados.
5. A Única Virgem
Ao lado das quatro mulheres recasadas, destaca-
se uma virgem: Maria, a mãe de Jesus. Maria era boa,
pura e limpa. Isso indica que todos os mencionados
neste livro da genealogia são pecadores, exceto Jesus.
Com exceção de Jesus, todos são impuros.
B. O Filho de Davi
Cristo é o filho de Davi (Mt22:42, 45; Ap22:16).
Salomão, o filho . de Davi, era um tipo de Cristo em
três aspectos principais. Primeiro, ele era um tipo de
Cristo como o herdeiro do reino (2Sm 7:12b, 13; Jr
23:5; Lc 1 :32-33). Segundo, Salomão tinha sabedoria
e falava a palavra de sabedoria. Em Mateus 12, vemos
que Cristo também tinha sabedoria e falava a palavra
de sabedoria. Nesse capítulo Cristo referiu-se a Si
mesmo como o Salomão maior (v. 42). Alguém maior
que Salomão estava ali e falou palavras de sabedoria.
Nenhuma palavra humana é tão sábia como as
palavras de Cristo. Terceiro, Salomão edificou o
templo de Deus (2Sm 7:13). Como o filho de Davi,
Cristo edifica o templo de Deus, a igreja.
C. O Filho de Abraão
Cristo é também é filho de Abraão. Essa
genealogia diz que Cristo e o filho de Davi e o filho de
Abraão, não o filho de alguém mais. No Antigo
Testamento havia uma clara profecia que Cristo seria
filho de Abraão. Isaque era um tipo de Cristo. Com
Isaque, como um tipo de Cristo, também havia três
aspectos principais. Primeiro, Isaque trouxe a bênção
a todas as nações, tanto para Judeus como para
gentios (Gn 22:18a; G13:16, 14). Segundo, ele foi
oferecido a Deus como sacrifício e ressuscitou (Gn
22:1-12; Hb 11:17, 19). Terceiro, ele recebeu a noiva
(Gn 24:67). Esse é um tipo de Cristo como o
Prometido que trouxe a bênção a todas as nações,
que também foi oferecido como sacrifício, morreu e
foi ressuscitado e que, após Sua ressurreição,
receberá Sua Noiva (Jo3:29; Ap 19:7). Um dia o
Espírito Santo, prefigurado pelo servo de Abraão,
trará a Rebeca espiritual, divina, celestial para o seu
Isaque celestial. o filho de Abraão recebeu a noiva e o
filho de Davi edificou o templo. Com Cristo, a Noiva é
o templo, e o templo é a Noiva.
É por isso que Mateus 1:1 diz que Cristo é o filho
de Abraão e o filho de Davi. Ele ofereceu-se para
morrer e foi ressuscitado, agora Ele está edificando o
templo de Deus e no futuro Ele receberá a Noiva.
Cristo também falou palavras de sabedoria e trouxe a
bênção de Deus a todas as nações. É Ele que cumpre
todas essas coisas. Nos quatro Evangelhos, podemos
achar cada um desses seis aspectos. Os Evangelhos
revelam que Cristo veio para herdar o reino, que Ele
ofereceu-se para morrer e foi ressuscitado, que Ele
falou a palavra de sabedoria, que trouxe bênção a
todas as pessoas, que está edificando a casa de Deus e
que virá para receber a Noiva. Cristo é, sem dúvida, o
verdadeiro Isaque e o verdadeiro Salomão.
Como o filho de Davi, Jesus era uma grande
bênção para os judeus. Mas como o filho de Abraão,
Ele traz bênção a todos os gentios. Como o filho de
Davi, Ele é para os judeus; como o filho de Abraão,
Ele é para todos nós. Se Jesus fosse apenas o filho de
Davi, Ele nada teria a ver comigo. Louvado seja o
Senhor por ser Ele também o filho de Abraão! Todas
as nações são abençoadas na semente de Abraão, que
é Cristo. Essa bênção é a participação no Deus Triúno.
A bênção que Deus prometeu a Abraão é o Espírito
(Gl 3:14), e o Espírito é a consumação final e máxima
do Deus Triúno. Por meio de Cristo como o filho de
Abraão, temos o Espírito e participamos no Deus
Triúno. Aleluia!
MENSAGEM 2
D. Abraão
A genealogia em Mateus começa com Abraão,
mas a genealogia em Lucas retoma a Adão. Mateus
não inclui Adão e seus descendentes, mas Lucas sim.
Que significa essa diferença? Lucas é um livro da
salvação de Deus, enquanto Mateus é um livro do
reino. A salvação de Deus é para a raça criada e caída
representada por Adão, mas o reino dos céus é
apenas para o povo escolhido de Deus, a raça
chamada, representada por Abraão. Portanto,
Mateus começa com Abraão, mas Lucas traça a
genealogia de volta para Adão.
1. Chamado
Nos primeiros dez capítulos e meio de Gênesis,
Deus tentou trabalhar na raça criada, mas não
conseguiu. A raça criada O frustrou. O homem caiu a
tal ponto que toda a humanidade rebelou-se contra
Deus ao extremo e edificou a torre e a cidade de
Babel para expressar sua rebelião (Gn 11:1-9). Então,
Deus desistiu da raça criada e caída, e chamou uma
pessoa, Abraão, para fora daquela raça a fim de ser o
pai de uma outra raça. De um lugar cheio de rebelião
e idolatria, onde todos eram um com Satanás, Deus
chamou um homem, Abraão (Gn 12:1-2; Hb 11:8).
Desde quando o chamou de Babel (mais tarde
Babilônia) para Canaã, Deus desistiu da raça adâmica
e investiu todo Seu interesse nessa nova raça, tendo
Abraão como cabeça. Essa é a raça chamada, a raça
transformada. Não é uma raça segundo a natureza,
mas segundo a fé.
O reino de Deus é para essa raça. Ele nunca
poderia existir com a raça caída. Assim, Mateus, ao
tratar do reino dos céus, começa com Abraão. Porque
o livro de Lucas diz respeito à salvação de Deus (e
certamente a salvação deve ser para a raça caída), sua
genealogia retrocede a Adão. Após sermos salvos em
Lucas, espontaneamente somos transferidos da raça
caída para a raça chamada. Éramos descendentes de
Adão; agora somos descendentes de Abraão. Gálatas
3:7 e 29 diz-nos que todo aquele que crê em Jesus
Cristo é filho de Abraão. De quem você é filho? De
Adão ou de Abraão? Somos os verdadeiros judeus
(Rm 2:29). Nosso antepassado é Abraão.
Pertencemos à mesma categoria que ele. Se não
fôssemos descendentes de Abraão, então não
teríamos participação no livro de Mateus. N em
mesmo teríamos parte no pequeno livro de Gálatas,
porque Gálatas foi escrito aos descendentes de
Abraão. Somente teremos participação em Gálatas se
formos descendentes de Abraão. Louvado seja o
Senhor por sermos os filhos de Abraão! “E, se sois de
Cristo, também sois descendentes de Abraão,
herdeiros segundo a promessa” (G13:29).
Abraão foi chamado por Deus. A palavra grega
para igreja, ekklesia, significa “os chamados para
fora” . Assim, na igreja somos também os chamados
para fora. Abraão foi chamado para fora de Babel, o
lugar de rebelião e idolatria, para a boa terra, que
prefigura Cristo. Nós também estávamos em Babel.
Estávamos caídos, em rebelião e adorávamos ídolos.
Hoje toda a raça humana está em Babel. Estávamos
lá, mas um dia Deus chamou-nos e colocou-nos em
Cristo, a terra elevada. Fomos chamados por Deus “à
comunhão [a participação] de seu Filho Jesus Cristo
nosso Senhor” (l Co 1:9). “Para os que foram
chamados (... ) Cristo [é], poder de Deus e sabedoria
de Deus” (1 Co 1:24).
2. Justificado por Fé
Abraão, como um chamado, foi justificado por fé
(Gn 15:6; Rm4:2-3). A raça caída confia em suas
obras, mas os chamados crêem na obra de Deus, não
em sua própria obra. Aos olhos de Deus nenhuma
pessoa pode ser justificada por obras (Rm 3:20).
Portanto, os chamados, tendo sido chamados por
Deus para fora da raça caída, não confiam em seus
próprios esforços; confiam na obra da graça de Deus.
Abraão e todos os outros crentes são iguais. “De
modo que os da fé são abençoados com o crente
Abraão” (G13:9). A bênção da promessa de Deus, “a
promessa do Espírito” (G13:14-VRC), é para os que
crêem. Por fé recebemos o Espírito, que é a realidade
e a percepção de Cristo (G13:2). Assim, tanto Abraão
como nós estamos ligados a Cristo e unidos a Ele por
fé. É por fé na obra da graça de Deus que o povo
chamado de Deus é justificado por Ele e participa em
Cristo, sua porção eterna.
3. Vivendo por Fé
Hebreus 11:8 diz que Abraão foi chamado e que
ele respondeu a esse chamamento por fé. Então, o
versículo 9 diz que ele viveu na boa terra também por
fé. Como o chamado de Deus, Abraão não apenas foi
justificado por fé, como também viveu por fé. Como
chamado por Deus, ele não deveria mais vi ver e
andar por si mesmo, mas vi ver e andar por fé. O fato
de Abraão viver e andar por fé significa que ele tinha
de rejeitar a si mesmo, esquecer de si mesmo, pôr a si
mesmo de lado, e viver por outra Pessoa. Tudo o que
ele tinha por natureza devia ser posto de lado.
Se comparamos Gênesis 11:31 e 12:1 com Atos
7:2-3, vemos que quando Deus chamou Abraão em
Ur dos caldeus, ele era muito fraco. Abraão não
tomou a iniciativa de deixar Babel; seu pai, Terá, é
quem o fez. Isso forçou Deus a tirar o pai de Abraão.
Em Gênesis 12:1 Deus o chamou novamente, dizendo
a ele para deixar não apenas sua terra (país) e sua
parentela, mas também a casa de seu pai, que
significava não levar ninguém consigo. Porém uma
vez mais Abraão, como nós, foi fraco e tomou Ló, seu
sobrinho (Gn 12:5).
Que é um Abraão? Um Abraão é uma pessoa que
foi chamada, que já não vive e anda por si mesmo, e
que abandona e esquece tudo o que tem de natural.
Essa é exatamente a mensagem do livro de Gálatas.
Gálatas 3 diz-nos que somos os filhos de Abraão e
que devemos viver por fé, não por obras. Gálatas
2:20 diz-nos que viver por fé significa “já não sou eu
quem vive, mas Cristo” . Eu, o eu natural que surgiu
da raça caída, fui crucificado e sepultado. Assim, não
sou mais eu, mas Cristo vive em mim. Isso é Abraão.
Se somos verdadeiros judeus, os legítimos
descendentes de Abraão, devemos deixar todas as
coisas e viver por fé. Devemos esquecer de tudo o que
podemos fazer e rejeitar tudo o que somos e temos
por natureza. Isso não é fácil.
Os cristãos apreciam muito Abraão. Entretanto,
não devemos ter Abraão em tão alta estima. Ele não
era tão excelente. Ele foi chamado, mas não ousou
deixar Babel; seu pai o tirou de lá. Isso forçou Deus a
remover seu pai. Então Abraão confiou em seu
sobrinho, Ló. Mais tarde, ele pôs sua confiança em
seu servo, Eliezer (Gn 15:2-4). É como se Deus
estivesse dizendo a ele: “Abraão, não gosto de ver seu
pai com você, não gosto de ver seu sobrinho com
você, não gosto de ver Eliezer com você. Não quero
que tenha ninguém em quem confiar. Você deve
confiar em Mim. Não dependa de nada mais ou de
qualquer coisa que tenha por natureza”. Isso é crer
em Deus, andar N ele e viver por Ele. É não mais eu,
mas Cristo vivendo em mim.
Se somos verdadeiros judeus, então somos
verdadeiros Abraãos. A fim de ser um Abraão,
devemos cremo Senhor. Crer no Senhor é tomar-se
unido a Ele. Abraão foi chamado para fora da raça
caída e tomou-se unido ao Senhor. Todos os filhos de
Abraão devem igualmente ser unidos a Cristo. “Se
sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão”.
Em outras palavras, se somos a descendência de
Abraão, pertencemos a Cristo e estamos unidos a Ele.
Se quisermos unir-nos a Cristo, devemos rejeitar a
nós mesmos e tomar Cristo como tudo. Isso é crer em
Cristo, e esse crer é justiça aos olhos de Deus. Não
tente fazer algo. Simplesmente creia em Cristo.
A raça caída sempre gosta de realizar algo,
trabalhar e fazer algum esforço. Mas Deus diz:
“Saiam daí. Vocês são a raça chamada. Não tentem,
não façam e não realizem nada mais! Esqueçam o seu
passado. Esqueçam o que vocês são, o que podem
fazer e o que têm. Esqueçam tudo e ponham toda a
sua confiança em Mim. Eu sou sua boa terra. Vivam
em Mim e vivam por Mim” . Esses são os verdadeiros
“Abraãos”, os verdadeiros gálatas. Como filhos de
Deus, eles confiam em Deus e esquecem de si
mesmos. Esses são os que compõem a linhagem de
Cristo. Todos devemos ser “Abraãos”, aqueles que
esquecem o passado, desistem do que são e têm, e
põem a confiança em Cristo, sua boa terra. Hoje
nosso andar e viver devem ser pela fé em Cristo. Se
assim for, então, como herdeiros da promessa de
Deus, como aqueles que herdam a promessa do
Espírito, participaremos de Cristo como a bênção de
Deus.
Certa vez o Senhor pediu a Abraão para oferecer
Isaque como holocausto, aquele a quem Deus,
segundo a Sua promessa havia lhe dado (Gn 22:1-2).
O Senhor dera Isaque a Abraão; agora Abraão tinha
de dar Isaque de volta ao Senhor. O Senhor já o tinha
incumbido de rejeitar Ismael (Gn 21 :10, 12); agora
Ele ordena-lhe matar seu filho Isaque.
Você seria capaz de fazer isso? Que lição difícil!
Entretanto, essa é a maneira de experienciar Cristo.
No mês passado ou na semana passada você pode ter
experienciado Cristo de uma certa maneira, mas hoje
o Senhor diz: “Consagre aquela experiência. Aquela
foi uma experiência real de Cristo, mas não a
guarde” . Novamente, a lição é nunca confiam o que
temos, nem mesmo no que Deus nos deu. Se Deus
deu algo a você, isso deve ser devolvido a Ele. Esse é
o andar diário pela fé. Andar na presença do Senhor
pela fé significa que não nos apegamos à coisa
alguma, nem mesmo às coisas dadas por Deus. Os
melhores dons, dados pelo próprio Senhor, devem
ser devolvidos a Ele. Não retenha nada como algo em
que possa confiar; confie apenas e sempre no Senhor.
Abraão fez isso. Finalmente ele viveu e andou na
presença de Deus simplesmente pela fé.
E. Isaque
Mateus 1:2 diz: “Abraão gerou a Isaque”. Qual é
o ponto importante aqui com respeito a Isaque? É
que Isaque nasceu pela promessa (Gl 4:22-26, 28-31;
Rm 9:7-9). Ele era o único herdeiro (Gn 21:10, 12;
22:2a, 12b, 16-18) e herdou a promessa de Cristo (Gn
26:3-4).
Deus prometeu a Abraão um filho. Sara,
pretendendo ajudar Deus a cumprir Sua promessa,
fez uma sugestão a Abraão. Sara parecia dizer: “Veja,
Abraão, Deus prometeu dar-lhe um descendente para
herdar essa boa terra. Mas olhe para você-tem quase
noventa anos! E olhe para mim-eu sou tão velha! É-
me impossível gerar uma criança. Devemos fazer
alguma coisa para ajudar Deus a cumprir o Seu
propósito. Tenho uma boa serva chamada Hagar.
Certamente você poderia ter um filho com ela” (Gn
16:1-2). Esse é o conceito natural, e é
verdadeiramente tentador. Muitas vezes nosso
conceito natural tem algumas sugestões para tirar-
nos do espírito. Freqüentemente nosso conceito
natural diz: “Eis aqui uma boa maneira de fazer isso.
Faça dessa maneira”. Mas tal proposta certamente
nos afastará da promessa de Deus.
Abraão aceitou a sugestão de Sara (Gn 16:2-4) e
o resultado foi Ismael (Gn 16:15). Esse Ismael terrível
ainda está aqui hoje! Agir de acordo com a sugestão
de Sara não ajudou Deus; antes, prejudicou Abraão
em realizar o propósito de Deus. Essa não é uma
questão insignificante.
A lição que extraímos daqui é que, como a raça
chamada, tudo quanto fazemos com nossos próprios
esforços resulta em um Ismael. O que quer que
façamos por nós mesmos na vida da igreja, mesmo
na pregação do evangelho, apenas produzirá um
Ismael. Não produza “Ismaéis”! Dê um fim em você
mesmo! Você não cruzou o grande rio, o Eufrates?
Quando foi chamado para fora de Babel, você
atravessou aquele grande rio e foi sepultado ali. Foi
terminado ali. Não viva por si mesmo ou faça algo
por si mesmo. Antes, deve dizer: “Senhor, eu não sou
nada. Sem Ti, nada posso fazer. Senhor, se Tu não
fizeres algo, então eu não farei também. Se Tu
descansares, eu descansarei. Senhor, deposito minha
confiança em Ti”. Isso é fácil de dizer, mas difícil de
praticar em nosso vi ver diário.
Lembre-se o que é um Abraão: um Abraão é um
chamado que nada faz por si mesmo. Deus tinha de
esperar até que Abraão e Sara fossem terminados
(Gn 17:17; ver Rm4:19). Ele esperou até que a energia
natural deles se extinguisse, até que viessem a
perceber que lhes era impossível gerar um filho.
Abraão queria manter Ismael e confiar nele, mas
Deus rejeitou Ismael (Gn 17:18-19). Também
gostamos de preservar nossa própria obra e depender
dela, mas Deus não a reconhece. Finalmente, Deus
exigiu de Abraão que expulsasse Ismael e sua mãe
(Gn 21:10-12). Foi difícil para Abraão fazer isso. Mas
ele tinha de aprender a lição de não vi ver por si
mesmo, a lição de desistir de seu próprio esforço e
não fazer nada por si mesmo. Ele tinha um filho, mas
devia desistir dele. Essa é a lição de Abraão e a lição
no livro de Gálatas.
Participar de Cristo requer que nunca confiemos
em nossos próprios esforços nem em nada que somos
capazes de fazer. Assim como Ismael era um
impedimento para Isaque herdar a promessa de Deus,
também nossos próprios esforços ou obras sempre
impedirão nossa participação em Cristo. Devemos
abandonar tudo o que somos e tudo o que temos a
fim de esperar na promessa de Deus. Devemos
renunciar tudo da nossa vida natural; caso contrário,
não podemos desfrutar Cristo. Após nossa força
natural ter-se esgotado, a promessa de Deus vem.
Após Ismael ter sido expulso, Isaque tinha a posição
correta para participar da bênção da promessa de
Deus. A terminação do nosso esforço natural, a
renúncia do que podemos fazer ou temos feito, é
“Isaque”, a herança da bênção prometida por Deus,
que é Cristo. Fomos batizados em Cristo (Gl 3:27).
Fomos terminados em Cristo, agora somos Dele, e O
temos como nossa porção. Assim, somos a
descendência de Abraão, a raça chamada de Deus, e
herdeiros segundo a promessa de Deus (Gl 3 :29).
Que é Isaque? Isaque é o resultado de viver e
andar por fé. Isso é Cristo. Isaque era um tipo
completo de Cristo herdando todas as riquezas do Pai.
Todos devemos experimentar Cristo de tal maneira;
não pelos nossos feitos, esforços ou diligência, mas
simplesmente por confiar Nele. Nossa confiança Nele
resultará em Isaque. Somente Isaque é o elemento
verdadeiro da genealogia de Cristo. Nem todos os
filhos da carne de Abraão são filhos de Deus; apenas
em Isaque Deus terá Seus filhos (Rm 9:7-8). Portanto,
Deus considerou Isaque como filho único de Abraão
(Gn 21:10, 12; 22:2a, 12b, 16-18), o único a herdar a
promessa a respeito de Cristo (Gn 26:3-4).
Embora sejamos a raça de Abraão hoje, estamos
trilhando o caminho de Ismael ou estamos vivendo à
maneira de Isaque? A maneira de Ismael é
cumprirmos o propósito de Deus pela nossa própria
energia e trabalho. A maneira de Isaque é colocar-
nos em Deus, permitindo-Lhe fazer por nós todas as
coisas para cumprir Seu propósito. Que enorme
diferença há entre essas duas maneiras! Ismael nada
tem a ver com Cristo. Tudo quanto fazemos, tudo
quanto tentamos realizar, nada tem a ver com Cristo.
Devemos ter Isaque. Se quisermos Isaque, devemos
rejeitar Ismael, interromper nossa obra, e colocar-
nos no próprio operar de Deus. Se Lhe permitirmos
cumprir Sua promessa em nosso lugar, então
teremos Isaque.
F. Jacó
O versículo 2 também diz que Isaque gerou a
Jacó. Isaque e Ismael eram irmãos por parte de pai,
mas com mães diferentes. Jacó e Esaú eram mais
próximos, eram gêmeos. Jacó significa suplantador.
Ele suplanta os outros, colocando-os sob ele e
elevando-se sobre eles. Quando ele e seu irmão mais
velho Esaú estavam saindo do ventre, Jacó agarrou o
calcanhar de Esaú. Jacó parecia dizer: “Esaú, não
saia ainda! Espere por mim. Deixe-me ir primeiro!”
Jacó era um verdadeiro segurador de calcanhar. O
significado do nome Jacó é o segurador de calcanhar,
o suplantador. Ele derrota outros. Ele os coloca sob
seus pés por qualquer meio enganoso. Isso é Jacó.
Porque Deus já escolhera Jacó, todo empenho
dele era vão. Jacó precisava de uma visão. Ele não
precisava suplantar os outros, porque Deus o
escolhera para ser o número um. Mesmo antes de os
gêmeos nascerem, Deus tinha dito à mãe que o mais
jovem seria o primeiro, e o mais velho seria o
segundo. Está escrito: “Amei a Jacó, porém me
aborreci de Esaú” (Ml 1:2-3; Rm 9:13).
Infelizmente, Jacó não percebeu isso. Se o
tivesse percebido nunca teria tentado fazer nada.
Antes, teria dito a Esaú: “Se quer sair primeiro pode
ir. Não importa quanto você tente ser o primeiro, eu
ainda serei o primeiro. Você nunca poderá vencer-me,
porque Deus me elegeu” . Jacó, entretanto, não sabia
disso. Mesmo quando ele cresceu ainda não percebia
isso. Assim, ele estava constantemente suplantando.
Aonde quer que fosse, ele suplantava. Ele suplantou
seu irmão (Gn 25 :29-33; 27:18-38), e suplantou seu
tio (Gn 30:37-31:1). Ele planejou e roubou seu tio,
Labão. Contudo, todo seu labor foi em vão. Deus
poderia dizer-lhe: “Jacó, seu tolo. Não precisa fazer
isso. Eu lhe darei mais do que você conseguiu obter” .
Mas Jacó continuou lutando. Embora fosse um
descendente de Abraão, pela sua luta e natureza, ele
era totalmente um descendente do diabo. Você
compreende isso? Posicionalmente falando, Jacó era
um descendente de Abraão, mas disposicionalmente,
ele era um filho do diabo.
Que precisava Jacó? Ele precisava do tratamento
de Deus. Por isso Deus levantou seu irmão, Esaú, e
depois seu tio, Labão, para tratar com ele. Deus
levantou até mesmo quatro esposas mais doze
ajudantes varões e uma ajudante. Havia muito
sofrimento na vida de Jacó, mas esse sofrimento veio
do seu próprio esforço, não da escolha de Deus.
Quanto mais ele lutava, mais sofria. Podemos rir de
Jacó, mas somos exatamente iguais a ele. Quanto
mais tentamos fazer algo, mais problemas temos.
Em Cristo, precisamos primeiramente da vida de
Abraão. Precisamos esquecer o que somos, viver por
Cristo e confiar Nele. Em segundo lugar, em Cristo
não temos necessidade de Ismael, nossos feitos;
precisamos de Isaque, os feitos de Deus. Em terceiro
lugar, não precisamos de Jacó, mas de Israel. Não
precisamos do Jacó natural, mas do Israel
transformado, o príncipe de Deus.
Você percebe que absolutamente não depende de
você? Ao ouvir isso, você pode dizer: “Se não depende
de mim, mas inteiramente de Deus, então pararei
minha busca” . Muito bom. Se você puder parar sua
busca, encorajo-o a fazê-lo. Diga a todo o universo
que você ouviu que isso depende Dele, e que parou
sua busca. Se puder pará-la, ela deve ser parada. Mas,
asseguro-lhe, quanto mais você parar, melhor.
Quanto mais parar, mais Ele se levantará. Tente.
Diga ao Senhor: “Senhor, eu paro minha busca!” O
Senhor dirá: “Isso é maravilhoso! Sua pausa abre a
porta para que Eu faça algo. Eu queimarei você. Você
pode parar sua busca, mas Eu o deixarei queimando!”
Todos fomos escolhidos. Em certo sentido, fomos
capturados. Que podemos fazer? Nunca podemos
escapar. Isso é absolutamente devido à misericórdia
do Senhor. Não escolhemos esse caminho. Eu
certamente não o escolhi, mas aqui estou. Que posso
fazer? Porque Deus nos escolheu, nunca podemos ir
embora.
Se lermos Romanos 9, descobriremos que
depende Dele, não de nós. Ele era e ainda é a fonte.
Louvado seja o Senhor que a Sua misericórdia
chegou a nós! Ninguém pode rejeitar Sua
misericórdia. Podemos rejeitar Seus feitos, mas não
podemos rejeitar Sua misericórdia (Êx33:19;
Rm9:15). Que misericórdia termos sido escolhidos
para estar unidos a Cristo e participar Dele como a
bênção eterna de Deus! Em certo sentido somos
Abraão, em outro, somos Isaque, e ainda em outro,
somos Jacó. Posteriormente, num quarto sentido,
seremos Israel. Assim, temos Abraão, Isaque e Jacó.
A genealogia de Cristo é uma questão do direito
de primogenitura, e o direito de primogenitura é
principalmente a união com Cristo e a participação
em Cristo. O suplantar de Jacó não era justificável,
mas sua busca pela primogenitura certamente foi
honrada por Deus. Esaú desprezou a primogenitura e
vendeu-a por um preço baixo (Gn 25:29-34). Assim,
ele a perdeu e não foi capaz de reavê-la, mesmo
tendo lamentado e chorado por ela (Gn 27:34-38; Hb
12:16-17). Ele perdeu a bênção de participar de Cristo.
Isso deve ser uma advertência para nós. Jacó honrou
e buscou o direito de primogenitura, e o alcançou. Ele
herdou a bênção prometida por Deus, a bênção de
Cristo (Gn 28:4, 14).
G. Judá
O versículo 2 também diz que Jacó gerou a Judá
e a seus irmãos. O primeiro filho de Jacó foi Rúben.
Rúben devia ter ficado com a porção do primogênito
que era o direito de primogenitura. A primogenitura
incluía três elementos: a porção dobrada da terra, o
sacerdócio e a realeza. Embora Rúben fosse o
primogênito ele perdeu a primogenitura por causa da
sua profanação (Gn 49:3-4; 1 Cr 5:1-2). Então, a
porção dobrada de terra foi para José. Isso deve ter
sido devido à pureza dele (Gn 39:7-20). Ele era o
filho mais apegado ao pai e o que era mais de acordo
com o coração do pai (Gn 37:2-3, 12-17). Cada um
dos dois filhos de José, Manassés e Efraim,
receberam uma porção da terra (J s 16 e 17). Assim
por intermédio dos dois filhos ele herdou duas
porções da boa terra.
A porção da primogenitura do sacerdócio foi
para Levi (Dt 33 :8-10). Levi era verdadeiramente
segundo o coração de Deus. Para cumprir o desejo de
Deus, ele esqueceu seus pais, seus irmãos e seus
filhos, e unicamente se importou com o desejo de
Deus. Assim, ele recebeu a porção da primogenitura
do sacerdócio.
A realeza, uma outra porção da primogenitura,
foi entregue a Judá (Gn 49:10; 1 Cr 5:2). Se lermos
Gênesis, descobriremos a razão para isso. Quando
José estava sofrendo sob a conspiração de seus
irmãos, Judá cuidou dele (Gn 37:26). Ele também
cuidou de Benjamim em tempos de sofrimento (Gn
43:8-9; 44:14-34). Por essa razão, creio, a realeza foi
para Judá.
Hoje somos a “igreja dos primogênitos” (Hb
12:23). Nossa primogenitura também é composta
desses três elementos: a porção dobrada de Cristo, o
sacerdócio, e a realeza. Estamos em Cristo e podemos
desfrutá-Lo em porção dobrada. Somos também
sacerdotes e reis de Deus. Entretanto, muitos cristãos
perderam sua primogenitura. Eles foram salvos e
jamais se perderão, mas perderam a porção extra de
Cristo. Se quisermos desfrutar a porção extra de
Cristo, devemos conservar nossa primogenitura.
Todos os cristãos renasceram como sacerdotes
(Ap 1:6). Mas hoje muitos perderam o sacerdócio.
Porque perderam a posição de interceder, para eles é
difícil orar. Para conservarmos nosso sacerdócio,
devemos ser como os levitas e esquecer nosso pai,
nossos irmãos e nossos filhos, e cuidar dos interesses
de Deus. O desejo de Deus, não nossa família, deve
estar em primeiro lugar. Se o desejo de Deus é
prioridade em nosso coração, então estaremos
próximos a Ele e o nosso sacerdócio estará seguro.
Todos os cristãos também são regenerados como
reis (Ap 5:10), mas muitos perderam sua realeza.
Quando o Senhor Jesus voltar, os santos vencedores
estarão com Ele para ser sacerdotes de Deus e co-reis
com Cristo (Ap 20:4-6). Ao mesmo tempo,
desfrutarão a herança dessa terra (Ap 2:26).
Hebreus 12:16-17 nos adverte a não perdermos
nosso direito de primogenitura como Esaú. “Por um
repasto” Esaú “vendeu o seu direito de
primogenitura” . Mais tarde, ele se arrependeu de tê-
lo vendido por tão pouco, mas não foi capaz de reavê-
lo. Todos precisamos estar alertas. Temos a posição
de possuir a primogenitura e já a temos, mas
preservá-la depende se guardamos ou não a nós
mesmos de ser profanos ou de nos corromper. Temos
visto que Esaú perdeu a sua primogenitura porque
era profano e Rúben por causa da sua impureza. Mas
José herdou a porção dobrada da terra por causa da
sua pureza; Levi obteve o sacerdócio por causa da sua
absoluta separação para o Senhor, e Judá recebeu a
realeza por causa de seu cuidado pelos irmãos em
sofrimento. Precisamos nos conservar puros para a
porção extra do desfrute de Cristo, precisamos
separar-nos absolutamente para o Senhor com um
cuidado amoroso pelo desejo do Senhor acima de
todas as coisas; precisamos cuidar carinhosamente
dos nossos irmãos que estão em sofrimento. Se
formos assim, certamente conservaremos nosso
direito de primogenitura. A porção extra do desfrute
de Cristo, o sacerdócio e a realeza serão nossos.
Mesmo hoje podemos desfrutar uma medida dobrada
de Cristo. Podemos orar, podemos governar e
podemos reinar. Então, quando o Senhor Jesus
voltar, estaremos com Ele desfrutando a herança
dessa terra. Seremos sacerdotes contatando Deus
continuamente e reis reinando sobre o povo.
Porque Judá ganhou a porção da primogenitura
da realeza, ele gerou o Cristo, o Rei (Gn 49:10), Cristo,
o Vitorioso (Ap5:5; Gn49:8-9). “Pois é evidente que
nosso Senhor procedeu de Judá” (Hb 7:14). Abraão,
Isaque, Jacó e Judá estão todos ligados a Cristo. Se
temos a vida dessas quatro gerações – a fé de Abraão,
a herança de Isaque, os tratamentos de Jacó e o
cuidado amoroso de Judá – e tão somos ligados a
Cristo em Sua genealogia.
H. Seus Irmãos
Quando essa genealogia menciona Isaque e Jacó,
não diz “e seu irmão”; apenas quando menciona Judá
é que diz “e seus irmãos”. Tanto o irmão de Isaque,
Ismael, e o irmão de Jacó, Esaú, foram rejeitados por
Deus. Mas todos os onze irmãos de Judá foram
escolhidos; nenhum deles foi rejeitado por Deus.
Judá e seus onze irmãos tomaram-se os pais das doze
tribos que formaram a nação de Israel como o povo
escolhido de Deus para Cristo. Conseqüentemente
todos os irmãos de Judá estavam relacionados a
Cristo. Por essa razão, a genealogia de Cristo também
os inclui.
MENSAGEM 3
I. Tamar
A primeira que consideraremos é Tamar. Tamar
concebeu por meio de um incesto com o sogro dela
(Gn 38:6-27). Moralmente falando, isso foi
deplorável, e eticamente falando foi horrível.
Ninguém justificaria tal ato. Embora tenha estudado
Gênesis por muitos anos, meu coração ainda dói
sempre que leio o capítulo 38. Até certo ponto, o que
Tamarfez não foi nada bom. Todavia, ela era justa. A
falha não foi da parte dela, mas da parte do seu
sogro; Judá foi quem admitiu que ela era mais justa
que ele (Gn 38:26). Você pode dizer que não havia
desculpa para o que Tamar fez e que incesto sempre
envolve ambos os lados. Embora Tamar possa ser
considerada responsável até certo ponto, ela era justa,
e tinha um coração pela primogenitura.
Porque temos experiências passadas diferentes e
pouco entendimento do direito de primogenitura e de
seu significado para as pessoas naqueles dias, preciso
dizer uma palavra a esse respeito. No tempo de
Tamar, a primogenitura representava muito (Gn
38:6-8). Como enfatizei na última mensagem, a
primogenitura incluía uma porção dobrada da terra,
o sacerdócio e a realeza. A porção dobrada da terra
diz respeito ao desfrute dobrado de Cristo. A terra é
Cristo, e a porção dobrada da terra não é um desfrute
comum ou corriqueiro de Cristo, mas algo especial,
algo extraordinário. Tanto o sacerdócio como a
realeza estão também relacionados a Cristo. Para as
gerações após Abraão, a primogenitura era
inteiramente uma questão de herdar Cristo. Em
Efésios 2:12 nos é dito que quando incrédulos,
estávamos sem Cristo. Mas por crer no Senhor Jesus,
fomos introduzidos na primogenitura. Fomos
colocados em Cristo, Cristo tornou-se a nossa porção,
e Ele mesmo será nossa porção dupla. Por meio Dele,
Nele e com Ele temos o sacerdócio e a realeza. O
próprio Cristo é a nossa boa terra, nosso sacerdócio e
nossa realeza. Agora podemos entender por que
Tamar estava ansiosa para obter a primogenitura. Ela
sabia que se fosse excluída, estaria terminada quanto
à promessa de Deus. E a promessa de Deus era
simplesmente a promessa de ser Ele mesmo a porção
de Seu povo escolhido em Cristo. Tamar não estava
disposta a perder essa bênção.
Tamar era a esposa do primeiro filho de Judá.
Esse filho devia ter herdado a primogenitura. Mas o
marido de Tamar era perverso aos olhos do Senhor, e
o Senhor o fez morrer (Gn 38:7). O Senhor também
levou o segundo filho de Judá (Gn 38:8-1 O). De
acordo com os regulamentos antigos, Judá devia ter
providenciado para que seu próximo filho casasse
com Tamar a fim de que um filho pudesse ser gerado
para herdar a primogenitura. Judá, entretanto, não
cumpriu sua responsabilidade. De certo modo, Judá
trapaceou Tamar (Gn 38:11-14). Mas ela não desistiu;
antes, até mesmo usou um meio impróprio para
obter a primogenitura. Se a maneira foi inadequada
ou não, o fato é que Tamar fez tudo o que pôde para
obter aquele direito de primogenitura.
Obter a primogenitura é simplesmente ganhar
Cristo. Para isso, devemos estar prontos a tomar um
caminho que não parece ser o melhor. Deixem-me
contar-lhes uma história que ilustra isso, mas tentem
entender-me, não me interpretem mal. No passado,
alguns jovens na China foram inspirados pela minha
pregação, creram no Senhor Jesus e desejaram ser
batizados. Entretanto, seus pais, que eram budistas,
opuseram-se bastante. Quando tomaram
conhecimento de que os filhos estavam planejando
ser batizados, não os permitiram sair de casa. Os
jovens oraram acerca disso. Finalmente, disseram
aos pais que tinham de ir à escola por meio período.
Certamente aquilo era mentira, pois eles não foram à
escola; eles foram ao local de reunião da igreja para
ser batizados. Embora dissessem uma mentira, foi
uma mentira pura. A intenção deles ao falar aquela
mentira era muito agradável a Deus. Se quiser
ganhar Cristo, você não deve importar-se com a
maneira. Não seja religioso; não guarde regras e
regulamentos. Ganhe Cristo! Você precisa ganhar
Cristo. De qualquer maneira, alcance a
primogenitura.
Foi de uma maneira imprópria que Tamar
adquiriu a primogenitura. Mas no registro divino na
Bíblia, o nome de Tamar não é um nome ruim. Rute
4:12 indica que esse nome é sagrado. Nesse versículo
os anciãos disseram: “Seja a tua casa como a casa de
Perez, que Tamar teve de Judá”. O nome de Tamar é
sagrado porque ela não se importou com nada
pecaminoso; importou-se apenas com a
primogenitura. O significado disso para nós hoje é
que se desejamos Cristo e O estamos buscando,
qualquer que seja a maneira pela qual
verdadeiramente possamos ganhá-Lo é a maneira
correta.
J. Perez e Zerá
De Tamar chegamos ao filho dela, Perez (v. 3).
Tamar concebeu gêmeos (Gn38:27-30). Na hora do
parto, um menino, Zerá, tentou sair primeiro, mas
não conseguiu. Ele pôs a mão para fora e a parteira
marcou-o com uma fita escarlate, indicando que seria
o primogênito. Entretanto, Perez o precedeu sendo o
primogênito. Assim, o primeiro tomou-se o último e
o último tomou-se o primeiro. A parteira ficou
surpresa. Essa é uma boa ilustração de como ganhar
a primogenitura. Perez herdou a primogenitura. O
homem não o escolheu, mas Deus o enviou. Isso
prova que não depende do esforço do homem,
depende da escolha de Deus. A história da mãe nos
mostra um lado: que devemos estar desejosos pela
primogenitura, fazendo o máximo para obtê-la; a
história do filho nos revela o outro lado: que embora
possamos lutar para obter o direito de primogenitura,
T este é, na verdade, uma questão da escolha de Deus,
não dos nossos esforços (ver Rm 9:11).
Recordo-me de uma história de D. L. Moody.
Um dia, um estudante do seu Instituto Bíblico disse-
lhe: “Sr. Moody, lendo o Novo Testamento aprendi
que todos os salvos são escolhidos, predestinados por
Deus antes da fundação do mundo. Agora tenho um
problema. Se pregar o evangelho e convencer as
pessoas a crer, posso cometer algum erro e persuadir
alguém a quem Deus não escolheu. Que farei?”
Moody respondeu: “Meu filho, apenas vá em frente e
dê o melhor de si. Quando as pessoas entrarem pela
porta, verão escrito do lado de fora: 'Todos que
desejarem podem vir'. Mas uma vez que eles
entrarem e olharem para trás, verão escrito do lado
de dentro: 'Escolhidos antes da fundação do mundo'.
A história de Tamar significa: “Todos que desejarem
podem vir”. Tamar desejou e veio. Mas a história de
seu filho significa: “Escolhido antes da fundação do
mundo”. Talvez você seja a Tamar de hoje, lutando e
laborando para obter a primogenitura. Mas uma vez
que a conquista, olhará para trás e verá que foi
escolhido antes da fundação do mundo. O direito de
primogenitura não depende de nós, depende da
escolha de Deus.
K. Raabe
Prossigamos com Raabe (v. 5). Raabe era
prostituta em Jericó (Js 2:1), um lugar amaldiçoado
por Deus pela eternidade. Embora fosse prostituta
em tal lugar, tomou-se uma ancestral de Cristo.
Como poderia uma prostituta tornar-se ancestral de
Cristo? Para responder essa questão, precisamos
descobrir os princípios. Toda população de Jericó foi
destruída exceto Raabe, sua farru1ia e possessões.
Ela foi salva porque se voltou a Deus e ao povo de
Deus (Js 6:22-23, 25; Hb 11:31). Após voltar-se a
Deus e a Seu povo, casou-se com Salmom, um líder
no exército da principal tribo, a tribo de Judá, e um
dos homens enviados por Josué para espiar Jericó.
Naquela época, Salmom tornou-se conhecido de
Raabe e, de certo modo, a salvou. Finalmente, Raabe
casou-se com ele, e eles geraram um homem piedoso
chamado Boaz.
Agora devemos voltar toda nossa atenção aos
princípios que governam nossa ligação com Cristo. O
primeiro princípio é que, não importa qual seja o
nosso passado, devemos voltar-nos a Deus e ao povo
de Deus. Segundo, devemos casar-nos com pessoas
adequadas, não num sentido físico, mas num sentido
espiritual. Após ter-nos voltado a Deus e ao povo de
Deus, devemos ser unidos, edificados e envolvidos
com a pessoa adequada. Terceiro, devemos gerar o
fruto adequado. Então estaremos plenamente na
posição da primogenitura de Cristo.
Parece que muitos cristãos hoje perderam sua
primogenitura. Eles não têm Salmon e Boaz. Se
deseja ter um Salmom e um Boaz, você deve
envolver-se com os crentes adequados, com os
líderes adequados nas tribos principais. Então você
precisa gerar o fruto adequado, Boaz, que será um
antepassado de Davi. Devemos voltar-nos ao Senhor,
e devemos voltar-nos ao povo do Senhor, devemos
também tomar cuidado de como nos envolver com
outros. Se nos envolvermos com as pessoas
adequadas, certamente geraremos o fruto adequado.
Isso nos manterá no pleno desfrute do direito de
primogenitura de Cristo.
L. Boaz
Para conhecermos a história de Boaz, devemos
ler o livro de Rute. É uma boa história. Boaz é um
tipo de Cristo, e Rute é um tipo da igreja. O livro de
Rute nos conta que Boaz redimiu Rute; ele também
redimiu o direito de primogenitura para ela. Isso I. '\
,/
T significa que Cristo, como nosso Boaz
verdadeiro, redimiu tanto a nós como também ao
direito de primogenitura.
Boaz redimiu a herança de seu parente e casou
com a viúva (Rt 4:1-17); assim, ele tornou-se um
notável antecessor de Cristo. Como um irmão e um
Boaz, você deve cuidar da primogenitura de Cristo
para os outros, e não apenas da sua própria
primogenitura. Em outras palavras, você não deve
apenas cuidar do seu próprio desfrute de Cristo, mas
também dó desfrute de Cristo de outros.
Rute era nora de Noemi. Quando lemos essa
história, vemos que Rute e Noemi tinham perdido o
desfrute, a primogenitura, mas de acordo com o
regulamento de Deus havia uma maneira de reaver a
primogenitura, de redimi-la. Contudo essa redenção
tinha de ser feita por outra pessoa. O princípio é o
mesmo na vida da igreja hoje. Se eu perder a
primogenitura, os irmãos têm um modo de redimi-la
para mim. Muito freqüentemente, alguns queridos
irmãos perdem seu desfrute de Cristo. De certo modo,
tornam-se Noemi ou Rute. Sendo assim, você precisa
ser um Boaz, capaz de redimir a primogenitura
perdida e casar com a redimida.
Suponha que eu seja uma verdadeira Rute que
perdeu o marido. Perder o marido significa perder o
desfrute da primogenitura. Tenho a primogenitura,
mas perdi o seu desfrute. Assim, preciso de você,
como meu irmão, para redimir meu direito de
primogenitura. Mas você precisa ser um tanto rico
em Cristo. Precisa ter algumas riquezas com o que
redimir minha primogenitura. Então você paga o
preço para recobrar minha primogenitura, e também
casa-se comigo. Isso significa que você se envolveu
comigo. Esse tipo de envolvimento espiritual
produzirá Obede, o avô de Davi. Boaz tornou-se um
dos grandes antepassados de Cristo. Num sentido
espiritual, ele foi aquele que desfrutou a maior e a
mais rica porção de Cristo. Se um irmão torna-se um
Boaz para mim, ele será alguém com o mais excelente
desfrute de Cristo. Porque redimiu minha
primogenitura e tornou-se tão envolvido comigo,
nosso envolvimento no Senhor finalmente produzirá
um pleno desfrute de Cristo.
Na vida da igreja hoje precisamos ter vários
“Boazes”. O livro de Rute nos diz que havia um outro
parente que era mais próximo de Rute que Boaz. Mas
aquele homem foi egoísta; ele apenas cuidou de sua
própria primogenitura. Ele temia que cuidar da
primogenitura de outro pudesse danificar a sua
própria. Essa
é exatamente a situação de hoje. Alguns irmãos
deveriam cuidar de mim, a pobre Rute, mas são
egoístas no desfrute espiritual de Cristo. Até mesmo
nessa questão é possível ser egoísta. Entretanto, um
Boaz será generoso e pagará o preço para redimir
minha primogenitura. Tudo isso mostra que
deveríamos cuidar I não apenas da nossa própria
primogenitura, mas também da primogenitura de
outros. Dia a dia devemos cuidar do desfrute de
Cristo de outros. Quanto mais o fizermos, melhor.
M. Rute
Chegamos agora a Rute (1:5). Podemos dizer que
Rute certamente era uma boa mulher, mas ela teve
uma grande falta. Embora ela mesma não estivesse
envolvida em incesto, sua origem foi uma questão de
incesto. Rute pertencia à tribo de Moabe (Rt 1:4).
Moabe era filho de Ló, fruto da união incestuosa de
Ló com sua filha (Gn 19:30-38). De acordo com
Deuteronômio 23:3, os moabitas eram proibidos de
entrar na congregação do Senhor, até a décima
geração. Assim, Rute era uma excluída. Entretanto,
não apenas ela foi aceita pelo Senhor, mas tornou-se
uma pessoa maravilhosa que participou do desfrute
de Cristo.
Embora, como moabita, Rute fosse proibida de
entrar na congregação do Senhor, ela buscava Deus e
o povo de Deus (Rt 1:15-17; 2:11-12). Isso revela um
princípio muito prevalecente: não importa quem
somos nós ou qual é o nosso passado, contanto que
tenhamos um coração de buscar Deus e o povo de
Deus, estamos na posição de ser aceitos no direito de
primogenitura de Cristo. Rute casou-se com Boaz,
um homem piedoso entre o povo de Deus, e gerou
Obede, o avô do rei Davi.
A mãe de Boaz era Raabe, uma cananéia, e sua
esposa era Rute, uma moabita. Ambas eram gentias.
Entretanto, elas estavam ligadas a Cristo. Essa é uma
forte prova que Cristo está ligado não apenas aos
judeus, mas também aos gentios, mesmo aos gentios
de classe baixa e insignificante.
Você pode ser de origem pobre por nascimento e
ter um passado lamentável, mas não fique aborrecido
ou frustrado por isso. Esqueça! Nada pode ser pior
do que uma pessoa nascida de Moabe. Mas desde que
tenha um coração de busca a Deus e ao povo de Deus
e uma vez que se torne comprometido com a pessoa
adequada, tal como Boaz, você entrará na porção
dobrada do desfrute de Cristo.
N. Jessé
Prossigamos com Jessé (vs. 5-6). Embora a
Bíblia não tenha muito a dizer de Jessé, o que ela diz
sobre ele é importante. Isaías capítulo 11 fala duas
vezes a respeito de Jessé. Isaías 11:1 diz que Cristo
será o rebento que sai do tronco de Jessé e um
renovo que sai da raiz de Jessé. Cristo saiu dele.
Isaías 11:10 diz que Cristo é a raiz de Jessé, indicando
que Jessé saiu de Cristo. Jessé é um homem que saiu
inteiramente de Cristo; ele é também urna pessoa
que gerou Cristo. Cristo saiu dele, e ele saiu de Cristo.
Cristo era seu renovo. Cristo era também sua raiz.
Precisamos da luz do Senhor para entender essas
coisas. Que é um Jessé? Um Jessé é uma pessoa que
gera Cristo, que ramifica Cristo por estar enraizado
Nele. Quando você ramifica Cristo, não se esqueça
que Ele é não apenas seu ramo, mas também sua raiz.
Cristo ramifica de você e você provém de Cristo.
Cristo é nossa origem e Cristo é também nosso
produto. Isso significa que somos um com Cristo e
muito intimamente ligados a Ele. Estamos Nele e Ele
está em nós. Ele brota de nós e somos enraizados
Nele. Esse é o tipo de pessoa que desfruta a
primogenitura de Cristo.
Todos devemos ser um Boaz, uma Rute, um
Jessé e uma Tamar. Precisamos ser como tais
pessoas. Finalmente diremos: “Louvado seja o
Senhor por todos! A condição de todos é a mesma
que a minha. A condição de Tamar é também a
minha condição. As condições boas e as más são
todas iguais às minhas. Sou Tamar, sou Perez, sou
Raabe, sou Boaz, sou Rute e sou essé. Aleluia!” Após
Jessé, finalmente somos Davi.
O. Davi
Davi era o oitavo filho de seu pai, o mais novo.
Isso é significativo. Na Bíblia o número oito indica
ressurreição, um novo começo. O oitavo dia é o
primeiro dia da segunda semana; portanto, significa
algo novo, algo da ressurreição. Quando Samuel veio
ungir o rei do povo de Deus, Jessé apresentou seus
sete filhos a ele. Samuel olhou-os e disse: “O Senhor
não escolheu a estes”. Quando Samuel soube que
havia um oitavo, Davi, chamou-o e ungiu-o (1Sm
16:10-13). Isso significa que nós, os escolhidos e
salvos, não somos pessoas da primeira semana,
somos do primeiro dia da segunda semana. Somos o
oitavo filho.
Davi foi o último das gerações dos patriarcas,
que foram catorze gerações . Davi foi a conclusão da
seção dos patriarcas na genealogia de Cristo. Davi foi
também o primeiro das gerações dos reis. Nessa
genealogia, apenas de Davi se diz “o rei”, porque foi
por intermédio dele que foi introduzido o reino com a
realeza. Ele foi a conclusão de uma seção e o início da
seção seguinte. Ele foi o marco de duas eras. Ele foi o
término de uma e o início da outra, porque ele estava
no verdadeiro desfrute de Cristo. Se quisermos ter o
rico desfrute de Cristo, freqüentemente precisaremos
ser o fim de uma situação e o início de outra.
Entretanto, muitos queridos santos não são capazes
de ser nem o término nem o princípio. Por fim, eles
nada são. Na vida da igreja, precisamos de alguns
“Davis”, alguns que são mais fortes para concluir
certas situações e iniciar outras. Precisamos de
alguns que encerrem a geração dos patriarcas e
iniciem a geração dos reis. Devemos ser fortes;
devemos ser o oitavo filho, devemos ser Davi.
Davi era um homem segundo o coração de Deus
(1Sm 13:14). O próprio Deus disse a Saul que Ele o
substituiria, porque encontrara um homem segundo
o Seu coração. Em toda sua vida, Davi não fez nada
de errado, exceto uma grande coisa: ele assassinou
um homem e tomou sua esposa. Em um único ato
Davi cometeu dois grandes pecados, assassinato e
adultério. O próprio Deus condenou isso. A Bíblia diz
que Davi fez o que era reto aos olhos do Senhor todos
os dias da sua vida, exceto por essa única coisa (1 Rs
15:5).
S. Roboão
Prossigamos com Roboão, o filho de Salomão (v.
7). Com Roboão, o reino de Davi foi dividido (1 Rs
11:9-12; 12:1-17). Das doze tribos, uma foi preservada
por causa de Davi (1 Rs 11:13), isto é, por Cristo.
Cristo precisava do reino que pertencia à casa de
Davi porque tinha de nascer corno o herdeiro do
trono de Davi. Se todo o reino ti vesse sido eliminado,
nada teria permanecido para permitir Cristo nascer
como herdeiro real de Davi. Assim, Deus preservou
uma das tribos para Davi. Aparentemente ela foi
preservada para Davi; na verdade foi preservada para
Cristo.
Após essa di visão, o reino de Davi tinha duas
partes: a parte norte, chamada o reino de Israel, e a
parte sul, chamada o reino de Judá. A parte norte foi
denominada o reino de Israel, um nome universal,
porque era composto de dez tribos de Israel; a parte
sul era chamada o reino de Judá, um nome local,
porque era composto das duas tribos: de Judá e de
Benjamim. Quanto a nós, qual título tem o melhor
significado-o reino de Israel ou o reino de Judá?
Certamente eu preferiria o reino de Israel, porque é
algo universal, algo para a maioria. Nunca escolheria
Judá, porque Judá é tão local, tão limitado.
Entretanto, embora o reino de Israel fosse mais
universal que o de Judá, na genealogia de Cristo não
está incluído nenhum nome dos reis de Israel. Eles
eram uni versais, mas foram excluídos da genealogia
de Cristo. Foram excluídos porque não estavam
ligados com Cristo.
Essa figura, como todos os outros itens no
Antigo Testamento, foi escrita para nosso
aprendizado, e é um tipo dos acontecimentos na era
do Novo Testamento. Vemos a mesma coisa hoje. No
princípio, no início, a igreja era uma. Mas após certo
tempo, a igreja foi dividida, não em duas partes, mas
tal vez em mais do que duas mil partes. Alguns
podem dizer “os do reino de Israel não eram ainda o
povo de Deus?” Certamente eram. Eram o povo de
Deus, mas estavam fora da linhagem de Cristo. Que
isso significa? Estar fora da linhagem de Cristo
significa que, embora vocês sejam o povo de Deus,
vocês não são por Cristo. Vocês são por algo além de
Cristo. Considerem a situação hoje. Todos somos
verdadeiros cristãos e todos somos povo de Deus.
Mas somos exclusivamente, inteiramente,
completamente e essencialmente para Cristo ou
somos por algo além? Se você é por algo mais além
de Cristo, então está fora da linhagem de Cristo. Por
essa causa, nenhum dos reis do reino do norte, o
reino maior e mais universal, está incluído na
genealogia de Cristo.
T. Jorão Gerou a Uzias
O versículo 8 diz que Jorão gerou a U zias.
Compare esse registro com 1 Crônicas 3:11 e 12, que
diz, “de quem foi filho Jorão, de quem foi filho
Acazias, de quem foi filho Joás; de quem foi filho
Amazias, de quem foi filho Azarias” (que é Ozias ou
Uzias (2Rs 15:1, 13). Mateus omitiu três gerações que
são encontradas em 1 Crônicas Acazias, Joás e
Amazias.
Isso deve ter sido devido ao casamento maligno
de Jorão com a filha de Acabe e Jezabel, que
corrompeu seus descendentes (2Cr 21:5-6; 22:1-4).
Acabe era o rei do reino do norte e sua esposa Jezabel
era uma mulher iníqua que estava totalmente ligada
aos ídolos. Porque era uma com o diabo, ela
corrompeu o marido. Eles geraram uma filha, e Jorão,
um dos reis de Judá, casou-se com ela. Essa mulher
ensinou Jorão a adorar ídolos, a ser um com os ídolos.
Assim a família dele se corrompeu. De acordo com
Êxodo 20:5, as três gerações dos descendentes de
Jorão foram cortadas da genealogia de Cristo. Êxodo
20:5 diz que qualquer um que abandone a Deus e
adore ídolos corrompe a si mesmo e sofrerá a
maldição de Deus por três ou quatro gerações. Assim,
três gerações do rei Jorão foram cortadas da
genealogia de Cristo. Aqui devemos aprender uma
lição. Para sermos unidos a Cristo, nunca podemos
estar envolvidos com algo relacionado a ídolos. Deus
é um Deus ciumento e nunca tolerará idolatria.
W. Jeconias
Jeconias não foi considerado como um rei nessa
genealogia porque ele nasceu durante o cativeiro efoi
levado como um cativo (2 Cr 36:9-10, Joaquim é
Jeconias). Segundo a profecia de Jeremias 22:28-30,
nenhum descendente de Jeconias herdaria o trono de
Davi. Todos os seus descendentes foram excluídos do
seu trono. Se Cristo tivesse sido um descendente
direto de Jeconias, Ele não estaria habilitado para o
trono de Davi. Embora Jeremias 22:28-30 diga que
todos os descendentes de Jeconias estão excluídos do
trono de Davi, o capítulo seguinte, versículo 5, diz
que Deus levantará a Davi um renovo, um rei que
reinará e prosperará. Esse Renovo é Cristo. Essa
profecia confirma que Cris to será o descendente de
Davi, contudo não um descendente direto de
Jeconias, e herdará o trono de Davi.
Y. Zorobabel
Esdras 5:1 e 2 diz que Zorobabel era um dos
líderes que retomaram do cativeiro na Babilônia para
Jerusalém. Isso significa que ele era um líder na
restauração do Senhor. Essa é uma grande coisa. Ele
era também um líder na reedificação do templo de
Deus (Zc4:7-1O).
Sem esse retomo do cativeiro, teria sido
impossível para Cristo nascer em Belém. O Antigo
Testamento definitivamente prediz que Cristo, como
o descendente de Davi, nasceria em Belém (Mt2:4-6;
Mq 5:2). Suponha que ninguém do povo de Israel
tivesse retomado a Judá, e chegasse a época para
Cristo nascer em Belém. Ninguém estaria lá. Agora
podemos entender porque Deus ordenou que os
cativos retomassem. A ordem de Deus para que os
cativos retomassem não era apenas para a
reedificação do templo, mas também a preparação
para Cristo nascer em Belém.
Exatamente o mesmo ocorre hoje. Alguns podem
perguntar: “Qual a diferença entre permanecer em
Babilônia e retomar a Jerusalém? Desde que
adoremos a Deus e andemos no espírito, não é a
mesma coisa?” Para você pode estar tudo bem, mas
não para Cristo. Cristo precisa de algumas pessoas
para trazê-Lo a Belém. Você pode adorar Deus e
andar no espírito em Babilônia, mas esteja certo de
que Cristo nunca poderia nascer na humanidade por
seu intermédio. Isso requer um lugar específico. Você
deve retomar de Babilônia para Judá. Quando o
tempo chegou para o Senhor Jesus nascer, alguns
israelitas, descendentes dos cativos que retomaram,
estavam esperando em Judá. Naquela época, José e
Maria não estavam em Babilônia; estavam em Judá.
Para Cristo vir à terra, algumas das pessoas
capturadas por Ele tinham de retomar. Para Sua
segunda vinda, Cristo também precisa que algumas
das pessoas capturadas por Ele retomem do cativeiro
para a vida adequada da igreja.
BB. Maria
Chegamos agora a Maria, a virgem (1:16). Por ser
uma virgem, ela era diferente das outras quatro
mulheres mencionadas nessa genealogia. Maria era
pura e singular. Ela concebeu do Espírito Santo, não
do homem, para gerar Cristo (Lc 1:34-35; Mt 1:18b,
20b). Esse relato das quatro mulheres recasadas e
uma virgem prova que todas as pessoas mencionadas
nessa genealogia nasceram do pecado, exceto Cristo,
que nasceu em santidade.
E. Cumprindo as Profecias
O nascimento de Cristo foi um importante
cumprimento das profecias no Antigo Testamento. A
primeira profecia do Antigo Testamento está em
Gênesis 3:15. Não há profecias nos capítulos 1 e 2 de
Gênesis, mas no capítulo 3, após a queda do homem,
após a serpente introduzir-se no homem por
intermédio da mulher, Deus deu-lhe uma promessa.
Ao dar essa promessa, Deus parecia dizer: “Serpente,
você entrou por intermédio da mulher. Agora eu
tratarei com você pelo descendente dessa mulher”.
Assim, a promessa a respeito do descendente da
mulher foi a primeira profecia na Bíblia.
Em 1:22 e 23 essa promessa é cumprida por uma
virgem que concebeu uma criança. Essa criança veio
a ser a semente da mulher. Em Gálatas 4:4 Paulo diz
que Cristo nasceu sob a lei e também nasceu da
mulher. Cristo veio não apenas para cumprir a lei,
mas também para cumprir a promessa que a semente
da mulher esmagaria a cabeça da serpente.
De Gênesis prosseguimos a Isaías 7:14 onde há
outra profecia com respeito a Cristo. “Eis que a
virgem conceberá, e dará à luz um filho”. O
cumprimento dessa promessa trouxe Deus para
dentro do homem. Aleluia! Deus tornou-se homem!
b. Salvador
o primeiro elemento incluído no nome de Jesus é
Jeová. O segundo é o Salvador. Jesus é Jeová-
Salvador, o que nos salva de todas as coisas
negativas: dos nossos pecados, do inferno, do
julgamento de Deus e da condenação eterna. Ele é o
Salvador. Ele nos salva de todas as coisas que Deus
condena e de tudo o que odiamos. Se odiamos nosso
temperamento, Ele nos salvará dele. Ele nos salva do
poder maligno de Satanás, de todos os nossos
pecados habituais no vi ver diário e de cada
escravidão e vício. Aleluia! Ele é o Salvador!
c. Salvação
Jesus não é apenas o Salvador, Ele mesmo é
também nossa salvação. Não peça a Ele para dar-lhe
salvação. Em vez disso, você deve dizer: “Senhor
Jesus, venha e seja minha salvação”. Jesus nunca lhe
dará salvação. Ele virá a você como salvação. Nós,
crentes, não percebemos o quanto precisamos ser
salvos. Cada dia, cada hora e até mesmo cada
momento temos algo do qual precisamos ser salvos.
N as mensagens de Gênesis 1 falamos sobre a
necessidade de crescermos em vida. Mas que
significa crescer em vida? Do lado positivo, crescer
em vida é entrar nas riquezas do que Cristo é. Do
lado negativo, é estar liberto de certas coisas ou
rejeitar certas coisas. Embora sejamos pequenos
homens, acumulamos muitas coisas negativas o
Provavelmente você não perceba quantas coisas
negativas tem acumulado. Aonde quer que vamos,
recolhemos coisas. Assimilamos muitas coisas
negativas e adquirimos uma quantidade de hábitos
dos quais precisamos ser salvos. Enquanto está lendo
isso, você pode não sentir que precisa ser salvo de
algumas coisas. Suponha, entretanto, que você fosse
subitamente arrebatado aos céus. Se fosse levado aos
céus agora, imediatamente você sentiria que precisa
muito de salvação. Crescer em vida é simplesmente
ser salvo de todas as coisas desnecessárias, de tudo o
que não é necessário para o nosso vi ver. Se você tem
a luz, a exposição da luz do quarto dia, dirá: “Senhor,
salva-me! “Nessas ocasiões percebemos que Jesus é
verdadeiramente Jeová como nosso Salvador e nossa
salvação.
f. Para Invocar
O nome de Jesus é para invocarmos (Rm 10:13; 1
Co 1:2). Eu já era um cristão por pelo menos trinta e
cinco anos antes de descobrir o segredo de invocar o
nome de Jesus. Pensava que invocar o nome de Jesus
era o mesmo que orar. Finalmente, pelo registro da
Bíblia, descobri que orar é uma coisa e invocar é
outra. Cinqüenta anos atrás, eu fazia muitas orações,
a maior parte de joelhos. Não conhecia o segredo de
invocar o nome de Jesus nem sabia que invocar é
diferente de orar.
Muitos de nós têm experimentado orar, mas com
pouca inspiração. Entretanto, quando invocamos
Jesus por cinco minutos, somos inspirados. Tente!
Muitos de nós podem testificar que quando oram da
maneira antiga, algumas vezes oram para dormir.
Mas invocar o Senhor nunca nos faz dormir. Pelo
contrário, desperta-nos.
Atos 9:14 diz que Paulo, quando era Saulo de
Tarso, tentou destruir todos os santos. Ele pretendia
ir de Jerusalém para Damasco prender todos os que
invocavam o nome de Jesus. Esse versículo não diz
que ele estava interessado em prender todos os que
oravam a Jesus, mas todos os que invocavam Jesus.
Por esse único versículo podemos ver que os cristãos
primitivos eram os que invocavam Jesus. Sempre que
oravam, eles invocavam. Eles invocavam o nome de
Jesus e aquilo tomou-se uma marca de
reconhecimento.
A Bíblia não diz que todo aquele que ora será
salvo. Diz que todo o que invoca o nome do Senhor
será salvo (Rm 10:13). Suponha que eu seja um
pecador e que creio no Senhor Jesus.
Você ajuda-me a orar e eu digo: “Senhor Jesus,
sou um pecador. Tu és meu Salvador. Tu me amas.
Tu morreste na cruz por mim. Agradeço a Ti”.
Embora seja bom orar dessa maneira, orações como
essa dificultam a entrada do Espírito em nós.
Entretanto, se você me ajudasse a invocar: “Ó Senhor
Jesus” cada vez mais alto, isto faria uma grande
diferença. Quando prega o evangelho, não tente tanto
mudar o pensamento das pessoas. Antes, ajude-as a
abrir seu ser, seu coração e seu espírito, do mais
profundo interior, e a usar a boca para invocar o
nome de Jesus. Se você ajudar os novos crentes a
invocar o nome de Jesus dessa maneira, a porta se
abrirá completamente para o Espírito entrar. Não há
necessidade de orar com palavras vãs. Após invocar o
nome de Jesus dez vezes, você estará nos céus. Seus
pecados serão perdoados, seu encargo surgirá e você
terá vida eterna. Você terá todas as coisas.
Até mesmo para alguém que é crente há muitos
anos, a melhor maneira de tocar o Senhor Jesus,
desfrutá-Lo e compartilhar algo Dele, não é falar
muito, mas ir ao Senhor e clamar: “Jesus! Jesus!
Senhor Jesus!” Invoque o nome de Jesus e você
provará algo. “Uma vez que o mesmo é o Senhor de
todos, rico para com todos os que o invocam” (Rm
10:12). Muitas vezes, nossas palavras são vãs demais.
É melhor apenas invocar “Jesus”. Se invocar Seu
nome, você O provará e O desfrutará. O nome de
Jesus é um nome maravilhoso. Todos precisamos
invocá-Lo.
g. Para Orar
Podemos também orar no nome de Jesus (Jo
14:13, 14; 15:16; 16:24). Isso não significa fazer uma
longa oração e concluir com as palavras “em nome de
Jesus”. Essa maneira é formal demais. Contudo, não
me oponho, porque tenho feito assim muitas vezes.
Preferivelmente, diria que em nossa oração é bom
invocar o nome de Jesus e dizer: Ó Jesus! Jesus!
Venho orar!” No nome de Jesus, você terá um
encargo verdadeiro de orar, e será muito fácil ter a
certeza de que sua oração foi ouvida e respondida. Se
invocarmos o nome de Jesus, temos a garantia de
que receberemos o que temos pedido.
Depois que o Senhor Jesus nos falou para
orarmos em Seu nome, prosseguiu dizendo que o
Espírito viria habitar em nós (Jo 14:13-17). Isso
indica que o Espírito que habita em nós tem muito a
ver com nossa oração no nome do Senhor Jesus. Para
orar no nome de Jesus, precisamos do Espírito.
Quando estamos no Espírito, estamos na realidade
do nome de Jesus no qual estamos orando.
J. Para Pregar
O nome de Jesus é para ser pregado (At 9:27).
Quando pregamos, devemos fazê-lo no nome de
Jesus. A pregação do nome do Senhor deve ser feita
no Espírito, porque o Espírito é a Pessoa do Senhor e
a realidade do Seu nome. Quando pregamos em Seu
nome, precisamos do Espírito para tomá-lo real.
Por meio de todas as coisas que podem ser feitas
no nome de Jesus, vemos que tudo o que fazemos e
tudo o que somos deve estar no nome de Jesus.
Jamais se esqueça do nome de Jesus. Seu nome é
doce, rico, poderoso; Seu nome salva, cura, conforta e
é acessível. Esse é o nome que é exaltado, honrado e
respeitado. E é o nome que o inimigo teme.
c. Criado em Nazaré
A essa altura preciso apresentar uma pequena
história. Embora a conheça, você precisa ainda de
mais luz. Maria concebeu uma criança em Nazaré (Lc
1:26-27, 31). De acordo com a profecia em Miquéias
5:2, entretanto, Cristo tinha de nascer em Belém. Sob
o arranjo soberano de Deus, César Augusto ordenou
o primeiro censo do Império Romano (Lc 2:1-7). Isso
forçou todas as pessoas a retomarem a seus lugares
de origem. Maria e José foram forçados a retomar a
Belém, sua cidade natal. Imediatamente após
chegarem a Belém, o menino Jesus nasceu. O erro
dos magos fez surgir o ódio e o ciúme do rei Herodes,
que ficou irado porque um menino real tinha nascido.
Então José recebeu uma orientação em sonho para
levar o menino para o Egito (M t 2:13-15). Isso
possibilitou a Deus cumprir a profecia de Oséias 11:1.
Após Herodes ter morrido, José recebeu uma palavra
em outro sonho para retomar à terra santa (Mt2:19-
20). Quando José retomou e viu que Arquelau, o filho
de Herodes, estava no poder, temeu ficar no
território ao redor de Belém. Assim, foi para Nazaré,
onde Jesus cresceu (vs. 21-23). Por essa razão Jesus
foi chamado Jesus de Nazaré.
Que significa tudo isso? Significa que quando
Jesus nasceu na raça humana, Ele apareceu de uma
maneira um pouco secreta, não de uma maneira
pública ou evidente. Algumas vezes até mesmo usei a
palavra “sorrateiro” para descrever isso. Todos O
chamavam Jesus de Nazaré, porque Ele era um
nazareno. Mas a Bíblia diz que Cristo nasceria em
Belém. A maneira oculta do nascimento de Cristo
incomodou todos os religiosos. Quando Filipe
encontrou Jesus, percebeu que Ele era o Messias.
Então foi a Natanael e disse-lhe que tinha achado o
Messias e que era o filho de José, um homem de
Nazaré. Imediatamente Natanael disse: “De Nazaré
pode sair alguma coisa boa?” (Jo 1:45-46). Filipe deu
a Natanael a informação errada? É difícil dizer. Filipe
apenas sabia que Jesus era o filho de José e que Ele
era um nazareno. Embora Jesus fosse de Nazaré e
fosse um nazareno, Ele não havia nascido em Nazaré,
mas em Belém. Natanael estava perturbado.
Entretanto, Filipe não argumentou com ele;
simplesmente disse: “Vem e vê” (Jo 1:46).
Em outra ocasião, Nicodemos, que havia vindo
conhecer Jesus, tentou argumentar com os fariseus
com respeito a Ele. Os fariseus lhe perguntaram:
“Dar-se-á o caso de que também tu és da Galiléia?”
(Jo 7:52). A Galiléia era uma região gentia, e a Bíblia
diz: “Galiléia dos gentios” (Mt4:15). Os fariseus
pareciam dizer a Nicodemos: “Você é da Galiléia?
Sabemos que Jesus veio da Galiléia. Mas da Galiléia
não se levanta profeta”. Aparentemente Jesus era da
Galiléia, de Nazaré; na verdade, Ele nasceu em Belém.
Essa foi Sua maneira um tanto oculta e secreta de
aparecer às pessoas.
O princípio é o mesmo hoje. Menciono-lhes a
figura do tabernáculo. O tabernáculo era coberto com
pele de animais marinhos, com pêlos e áspera; do
lado de fora, isto não parecia ser muito atrativo. Do
lado de dentro, entretanto, era de linho fino, ouro e
pedras preciosas. O princípio espiritual da igreja é o
mesmo. Não olhe para o exterior da igreja. Você
precisa vir para o interior da igreja. Tenho certeza de
que se o apóstolo Paulo viesse visitá-lo, você se
surpreenderia e perguntaria: “Você é o irmão Paulo?
Pensei que o apóstolo Paulo fosse como um anjo
resplandecente. Mas que é você? Apenas um pequeno
homem sem uma aparência atrativa”.
Nunca devemos fazer uma exibição de nós
mesmos, tampouco conhecer os outros segundo a
aparência exterior. Devemos conhecê-los segundo o
espírito interior. Em aparência, Jesus era um
nazareno, mas dentro Dele havia ouro, incenso e
mirra. Dentro Dele havia a glória de Deus. A Segunda
Epístola aos Coríntios 5:16 diz que não devemos
conhecer Cristo ou a qualquer homem segundo a
aparência exterior. Antes, devemos discernir a
realidade interior de Cristo.
Devemos conservar esse princípio hoje. Para
achar Cristo devemos ter a estrela brilhando; não nos
guiando pela aparência exterior, mas segundo o que
está no interior. Se quiser conhecer a igreja ou os
santos, então não se incomode com a aparência
exterior. Não dê qualquer valor às coisas exteriores,
tais como catedrais imensas, templos grandes ou
órgãos de tubo. Esqueça tudo isso. Jesus não tinha
nenhum atrativo exterior. Ele era um pequeno
nazareno que cresceu em uma província chamada
“Galiléia dos gentios” e foi criado em uma cidade
desprezada pelas pessoas-”De Nazaré pode sair
alguma coisa boa?” Mas se você “vem e vê”, e entra
Nele, você O apreciará e será capturado por Ele. Do
mesmo modo, você precisa vir para a igreja e estar
com a igreja por algum tempo. Se o fizer, encontrará
algumas coisas preciosas. O mesmo é verdade quanto
aos santos sedentos. Quanto mais buscam o Senhor,
mais eles ocultam suas experiências de coisas
espirituais. Você precisa ir a eles e estar com eles.
Então entrará neles e encontrará as riquezas que
estão dentro deles. Verá o incenso, a mirra e muitos
outros tesouros preciosos. Então você será atraído e
capturado. Essa é a maneira de descobrir Cristo e
apreciar tudo o que Ele é e todos os Seus itens
preciosos, o ouro, o incenso e a mirra.
Mateus 2:23 diz: “Ele será chamado Nazareno”.
Alguns supõem que essa palavra nazareno refere-se a
“nazireu” em Números 6:2. Outros supõem que ela se
refere à palavra hebraica para rebento, netzer, em
Isaías 11:1. Mas não acho que temos de pensar
demais. Sabemos que em aparência Jesus era um
nazareno. Isso foi dito pelos profetas.
MENSAGEM 8
I. APRESENTADO
A. O Apresentador
Mateus capítulo 3 trata da apresentação e a
unção do Rei.
Nesse capítulo primeiramente o próprio
apresentador do Rei, João Batista, é apresentado.
Mateus 3:1 diz: “Naqueles dias apareceu João
Batista”.
1. Nascido Sacerdote
João Batista nasceu sacerdote (Lc 1:5, 13). No
Estudo-Vida de Gênesis vimos que o direito de
primogenitura incluía três itens: a porção dobrada de
terra, o sacerdócio e a realeza. Rúben, o primogênito
de Jacó, deveria ter recebido todos os três itens da
primogenitura. Entretanto, por causa da profanação,
ele perdeu a primogenitura. Como resultado, a
porção dobrada de terra foi para José, o sacerdócio,
para Levi, e o reinado, para Judá. A principal função
do sacerdócio é levar as pessoas a Deus e a da realeza
é trazer Deus às pessoas. De acordo com a Bíblia, os
sacerdotes levavam pessoas a Deus a fim de que elas
pudessem obter bênção de Deus. Esse é o serviço
sacerdotal. Os reis eram os que representavam Deus
e traziam Deus às pessoas. Assim, a realeza é o
ministério que traz Deus aos outros para que possam
obtê-Lo. Mediante esse tráfego de vir e ir, homem e
Deus, Deus e homem, têm uma comunhão verdadeira,
genuína. Por fim, o homem e Deus tomam-se um.
Esse é o ministério do sacerdócio e da realeza.
O primeiro ministério do Antigo Testamento foi
o sacerdócio. Após o sacerdócio veio a realeza. Em
todos os livros que antecedem 1 Samuel havia o
sacerdócio. Mas iniciando 1 Samuel na segunda seção
do Antigo Testamento há a realeza. Nesse livro,
Samuel representa o sacerdócio e Davi, a realeza.
Samuel, o sacerdote, introduziu Davi, o rei. O
sacerdócio introduz a realeza. É o mesmo que ocorre
hoje na igreja. Se somos genuínos sacerdotes, então
também nos tomaremos reis, porque o sacerdócio
sempre introduz a realeza. Primeiro somos
sacerdotes trazendo os outros à presença de Deus.
Então nos tomamos reis levando Deus a eles.
Todo verdadeiro evangelista é um rei. Se não
somos um rei, não estaremos qualificados a pregar o
evangelho. Em Mateus 28:18 e 19 o Senhor Jesus, o
Rei do reino, disse: “Toda a autoridade me foi dada
no céu e na terra, Ide, portanto, fazei discípulos de
todas as nações”. Aqui o Senhor disse aos discípulos
para irem com a Sua autoridade. Os que vão com essa
autoridade são reis no reino dos céus. Sem dúvida,
Ele compartilha conosco essa autoridade. Portanto,
devemos ir e discipular as nações, isto é, pregar o
evangelho para subjugar os rebeldes. Quando vamos
pregar o evangelho, devemos ser reis.
Muitos cristãos não conhecem o segredo de Deus
em Sua economia. Quando é comissionado a pregar o
evangelho, você deve primeiro executar a função de
sacerdote. Ao pregar o evangelho você deve primeiro
ir a Deus como um sacerdote e levar outros a Ele.
Mediante o sacerdócio você será autorizado e ungido,
e então sairá da presença de Deus para ser um rei. A
pregação adequada do evangelho é o resultado de
uma ordem real. É a declaração de um mandato real.
Considere a pregação de Pedro no dia de Pentecoste.
Embora fosse um jovem pescador galileu, ele era um
rei. Todo evangelista adequado deve ser um rei.
Vimos que o sacerdote introduz o rei. A primeira
vez que isso aconteceu foi quando Samuel introduziu
o rei Davi. Em Mateus 3 vemos outro Samuel, João
Batista, que nasceu sacerdote da tribo de Levi.
Mateus 3 testifica a consistência da Bíblia, porque
aqui vemos alguém da tribo sacerdotal, a tribo de
Levi, apresentando alguém da tribo real, a tribo de
Judá. Em Mateus 3 João apareceu como Samuel e
Jesus como Davi. Lá no deserto João estava levando
pessoas a Deus. Assim, ele era um sacerdote genuíno.
Enquanto estava levando os outros a Deus, o Rei veio,
e João introduziu-O. Esse Rei trouxe Deus aos
homens. João levou os outros a Deus e Jesus trouxe
Deus aos homens.
Como pecadores viemos a Deus por intermédio
do ministério de João. Pelo arrependimento
entramos na presença de Deus. Esse era o ministério
do sacerdócio, o ministério de João Batista. Todos
temos entrado na presença de Deus por intermédio
de João. Foi João que nos levou de volta a Deus.
Então o novo Rei Davi, Jesus Cristo, trouxe Deus a
nós. Mediante o ministério de arrependimento de
João e o ministério de dispensar vida de Jesus, fomos
feitos sacerdotes e reis. Hoje somos a continuação
tanto do sacerdote, João Batista, como do Rei, Jesus
Cristo. Se é um cristão adequado, então você é
primeiramente o João de hoje e em segundo lugar, o
Jesus de hoje. Jovens, ao irem às universidades,
vocês devem ser sacerdotes reais. Vocês precisam
dizer: “Senhor, tem misericórdia dessas pessoas. Ó
Senhor, lembre-se de todos esses jovens. Eu os trago
a Ti”. Esse é o sacerdócio, o ministério de João
Batista. Após levar pessoas a Deus, imediatamente,
de certo modo, você se tornará Cristo trazendo Deus
a elas a fim de que possam obtê-Lo. Esse é o
sacerdócio e a realeza de hoje.
B. O Lugar de Apresentação
Vimos que o lugar de apresentação não foi a
cidade santa nem o templo santo, mas o deserto. O
versículo 1 diz que João Batista veio pregar no
deserto, e o versículo 3 diz: “Porque este é o referido
por intermédio do profeta Isaías: Voz do que clama
no deserto”. Foi segundo a profecia que João Batista
começou seu ministério no deserto. Isso indica que a
introdução da economia de Deus do Novo
Testamento por João não foi acidental, mas
planejada e profetizada por Deus por intermédio de
Isaías, o profeta. Isso implica que Deus desejava que
Sua economia do Novo Testamento começasse de
uma maneira absolutamente nova.
Se traçar a história de alguns séculos atrás, verá
que muitos reavivamentos prevalecentes
aconteceram em algum tipo de “deserto”. Quando
John Wesley e George Whitefield foram levantados
há dois séculos como evangelistas, suas pregações
eram feitas principalmente nas esquinas. De acordo
com a biografia dele, George Whitefield
freqüentemente pregava nos montes dos desertos.
Não obstante, naquele tempo, a Igreja da Inglaterra
tinha regulamentos proibindo a exposição da Palavra
Santa fora do “santuário”. Conforme esses
regulamentos, qualquer um que pregasse ou
ensinasse a Bíblia tinha de fazê-lo no “santuário”.
Todavia, Deus levantou George Whitefield e John
Wesley guiando a pregação deles para fora do
“santuário”. O princípio deve ser o mesmo hoje. Mas
isso não significa que devemos copiar João Batista na
forma exterior. Significa que não devemos tomar a
maneira religiosa nem a cultural. Antes, devemos
seguir a maneira que é cheia da presença de Deus.
Não devemos estar na cidade santa ou no templo
santo, mas num lugar fora da religião e cultura,
porém pleno da presença de Deus. Espero que os
jovens levem essa questão ao Senhor e orem: “Senhor,
faça-nos João Batista de hoje. Senhor, leva-nos ao
deserto e mostra-nos como ser sacerdotes genuínos
para levar pessoas a Ti e apresentar-Te a elas como
Rei delas”.
O Evangelho de Mateus é absolutamente
diferente do Evangelho de João. O Evangelho de
João é um livro de vida, enquanto o Evangelho de
Mateus é um livro do reino. Em João, Jesus é vida,
mas em Mateus Ele é o Rei. De acordo com o livro de
Mateus, o Jesus que recebemos é o Rei. Ao
considerarmos o Evangelho de Mateus, devemos ser
inteira e profundamente impressionados pelo fato de
que estamos agora no reino. Todas as coisas escritas
nesse livro estão relacionadas ao reino. Portanto,
devemos olhar para esse livro do ângulo do reino,
enxergando cada capítulo e até mesmo cada versículo
da perspectiva do reino.
O arrependimento exigido no capítulo 3 é para o
reino. Você deve arrepender-se porque não está no
reino, porque não está sob a autoridade de Deus.
Você deve arrepender-se porque ainda não se
submeteu à autoridade de Cristo nem está sob Sua
realeza. Embora não sinta que seja um pecador, uma
vez que não está no reino, você é um rebelde. Se nada
tem a ver com a realeza de Cristo, você está em
rebelião e deve arrepender-se. Arrependa-se de não
estar no reino! Os cristãos genuínos de hoje são
salvos, contudo muitos deles ainda não estão no
reino. Até mesmo esses cristãos devem arrepender-se.
Desde que não está sob a realeza de Cristo, você deve
arrepender-se. Se não está realmente no reino dos
céus nem sob o governo celestial, você deve
arrepender-se. Não importa quão espiritual, santo ou
bom você seja. A única coisa que conta é se você está
ou não debaixo do governo celestial. Caso contrário,
isso significa que você não está no reino e deve
arrepender-se. Se não está no reino, você está em
rebelião. Você se considera escritural,
fundamentalista e santo, mas, na verdade, é rebelde.
Mesmo sua espiritualidade é um tipo de rebelião
contra a realeza de Cristo. Você se importa com sua
espiritualidade, não com a realeza de Cristo. Isso
indica que está em rebelião, que não está no reino.
Arrependa-se da sua rebelião! Arrependa-se de não
estar no reino e de não estar debaixo da realeza e
autoridade de Cristo. Esse é o pensamento básico do
Evangelho de Mateus.
Não pense que Mateus é apenas para os
incrédulos, estranhos ou gentios. Muitos de nós
nunca ouviram o Evangelho de Mateus. Não sei que
tipo de evangelho você tem ouvido, mas sei que
precisa ouvir o Evangelho de Mateus, o evangelho do
reino que exige que você se arrependa de não estar
sob a realeza de Cristo. Todos devemos arrepender-
nos diante do Senhor e dizer: “Senhor, perdoa-me.
Mesmo hoje estou ainda em rebelião. Não estou
debaixo do Teu senhorio, Tua autoridade, Teu
governo celestial. Senhor, confesso que tenho sido
governado só por mim mesmo. Senhor, conceda-me
um arrependimento verdadeiro pela minha rebelião,
por eu não estar debaixo da Tua autoridade”. Todos
precisamos arrepender-nos. Louvado seja o Senhor
porque João Batista e esse ministério do sacerdócio
estão ainda conosco! Por um lado, esse sacerdócio
nos leva a Deus, e, por outro, apresenta o Rei celestial
que traz Deus a nós. Quando recebemos esse Rei, Ele
nos conquista e o reino está aqui. Esse é o Evangelho
de Mateus.
MENSAGEM 9
c. A Mensagem de Apresentação
D. A Maneira de Apresentar
Vimos o apresentador e a mensagem de
apresentação. Agora devemos considerar a maneira
de apresentar.
II. UNGIDO
1. Veio da Galiléia
No Novo Testamento, a Galiléia, uma região
desprezada, significa rejeição. Jesus não veio de
Belém porque naquele tempo Belém era um lugar de
honra e benquisto. Se você viesse de Belém, todos o
honrariam e lhe dariam boas-vindas calorosas. Mas
se viesse da Galiléia, todos o desprezariam e
rejeitariam. Jesus veio de tal lugar desprezado e
rejeitado. Esse lugar não foi rejeitado por Deus, mas
foi rejeitado pela religião e cultura. Todos aqueles
que vem à restauração do Senhor não procedem de
Belém, antes, procedem da Galiléia. Não tente vir de
um lugar de honra e benquisto, mas venha de um
lugar que é desprezado e rejeitado pela religião e
cultura. Mesmo se o presidente de uma nação
tomasse o caminho da igreja, ele também teria de ser
alguém vindo da Galiléia para o Jordão. Por muitos
anos de atenção e observação, tenho visto que os de
classe social alta que se voltaram ao caminho da
igreja foram desprezados e rejeitados pela religião e
cultura presente. Estou convicto de que se você ainda
é honrado e saudado pela religião e cultura atual, não
está no caminho da Galiléia para o Jordão. O
caminho da Galiléia para o Jordão é o caminho
correto para a igreja. O caminho da vida da igreja
hoje não é o de Belém para Jerusalém; é o da Galiléia
para o Jordão.
O caminho da igreja é um caminho estreito.
Ainda que não houvesse oposição à restauração do
Senhor, antes uma grande apreciação de todas as
organizações cristãs, o número daqueles que se
voltariam ao caminho da igreja ainda seria quase o
mesmo de hoje, simplesmente porque o caminho da
igreja é um caminho estreito. Quando alguns
ponderam a respeito da igreja, podem dizer: “Esse é o
reino dos céus. Certamente esse caminho deve ser
muito elevado”. Embora esse caminho seja elevado,
não é de acordo com o seu conceito. Antes, é uma
estrada da Galiléia para o Jordão.
2. Veio ao Jordão
Como enfatizamos, o Jordão era um lugar de
sepultamento e ressurreição. Assim, o Jordão
significa terminação e germinação. Os filhos de Israel
viajaram pelo deserto por quarenta anos, e por fim
foram todos enterrados no rio Jordão. Portanto, o
Jordão terminou, finalizou a história deles de
peregrinação no deserto, e concluiu a era de
peregrinação. Mas o Jordão também deu-lhes um
novo início, fê-los brotar e conduziu-os à uma nova
era. Foi o Jordão que fez sair os filhos de Israel do
deserto e entrar na boa terra, que é Cristo. Esse é o
significado do Jordão.
Na vida da igreja hoje nosso caminho é o da
Galiléia para o Jordão, o caminho da rejeição à
terminação e ressurreição. Todos precisamos dizer
àqueles que nos desprezam e rejeitam: “Adeus. Não
tentarei mais ser bem recebido por vocês. Irei ao
lugar onde posso ser terminado e germinado”. Na
vida da igreja não há honra; antes, há terminação.
Dia após dia somos terminados. Na igreja temos uma
mútua terminação. Terminamos uns aos outros todos
os dias, até mesmo cada dia. Mas é bom ser
terminado. A terminação não é o fim, é o princípio,
porque a terminação sempre leva à germinação.
Portanto, podemos testificar que cada terminação
toma-se uma germinação.
Algumas vezes as irmãs dizem: “Irmão Lee, a
vida da igreja é maravilhosa, mas é muito difícil para
nós, irmãs. Sabemos que os irmãos são os cabeças e
que as irmãs devem submeter-se a eles. Os irmãos
são bons, mas são também muito fortes. Não
podemos suportá-los. Muitas vezes eles quase nos
matam”. Sempre que ouço isso, digo: “Isso não é
bom? Quão bom é ser terminado. Não é bom as
irmãs serem mortificadas pelos irmãos?”
Poucos anos atrás fui convidado por
determinada igreja. Os irmãos de lá me disseram que
as irmãs eram tão emocionais e cheias de opiniões
que estavam encontrando muita dificuldade para ter
comunhão com elas. Eles simplesmente não sabiam
como lidar com aquela situação. Alguns dias depois,
algumas das muitas irmãs em questão convidaram-
me para almoçar. O propósito delas ao fazer isso era
ter uma oportunidade de expressar sua opinião.
Disseram-me que sua paciência estava esgotada
porque os irmãos eram tão fortes. Elas queriam que
lhes desse a maneira de continuar. Alguns dias antes
eu havia sido pressionado pelos irmãos, mas agora
estava sendo pressionado pelas irmãs. Vi que aquela
era uma terminação terrível e séria tanto para os
irmãos como para as irmãs. Os irmãos e as irmãs
estavam sendo terminados. Mas aquela mútua
terminação é muito positiva. Você não ama ser
terminado? Se você nunca foi terminado na vida da
igreja, prepare-se. Asseguro-lhe que aqui todos
seremos terminados, porque estamos no caminho da
Galiléia para o Jordão.
Quando os novos irmãos vêm para a vida da
igreja, dizem: “Aleluia! Eu vi a vida da igreja! Que
maravilhoso!” Sempre que ouço isso, digo por
dentro: “Sim, é maravilhoso, mas espere por algum
tempo. Cedo ou tarde, essa maravilhosa vida da
igreja terminará você”. Na vida da igreja tenho sido
terminado dezenas de vezes. Experimentei pelo
menos dez grandes terminações. Fui terminado em
Chefoo, Xangai, Taipé, Manila, Los Angeles e
Anaheim. A esplêndida vida da igreja certamente é
uma vida de terminação. A maravilhosa vida da
igreja termina com todos nós. Prepare-se para ser
terminado. Os que estão na igreja por apenas um
curto período, provavelmente estão ainda na lua de
mel da igreja. A lua de mel é ótima. Mas como todos
os casais sabem, a lua de mel por fim transforma-se
em terminação. Quase todos os maridos terminaram
com a esposa, e todas as esposas terminaram com o
marido. Mas essa terminação é muito positiva porque
leva à germinação. Aleluia, terminação resulta em
ressurreição.
A vida da igreja realmente é maravilhosa, mas
não segundo os nossos conceitos. A maravilhosa vida
da igreja mais cedo ou mais tarde terminará com
todos nós. Ela terminará e germinará você. Asseguro-
lhe que tudo o que você é, tudo o que você tem e tudo
o que pode fazer será terminado. Pode levar dez anos
de história para completar isso. Os que estão na
igreja por dez anos podem testificar que cada parte
do seu ser tem sido terminada. Quanto mais tempo
estamos na igreja, mais somos terminados. A
princípio, a experiência de terminação é amarga. Mas
depois toma-se doce. Hoje para mim é doce ser
terminado. Após alguns anos sendo terminado na
vida da igreja, você ficará feliz por isso ocorrer. No
início quando é terminado na vida da igreja você se
sente envergonhado. Gradualmente, entretanto, isso
toma-se uma experiência doce. Estamos no caminho
da Galiléia para o Jordão, do lugar de rejeição ao
lugar de terminação.
É nesse lugar de terminação que encontramos o
Rei. Aqui, na vida da igreja, é onde O encontramos.
Desde quando vim para a vida da igreja, tenho sido
levado ao Senhor mais e mais. Dia após dia, a vida da
igreja leva-me a Cristo e traz Cristo, o Rei, a mim.
Finalmente, o reino está aqui. Essa é a razão porque a
vida da igreja é o reino.
Fui ensinado pelos Irmãos Unidos que o reino
foi suspenso até um tempo no futuro. Também que a
igreja hoje não era o reino. Mas em minha
experiência gradualmente percebi que todas as vezes
que fui terminado fui levado ao Rei e o Rei foi trazido
a mim. Em minha experiência essa era a realidade do
reino. Foi por intermédio da experiência que pela
primeira vez vim a conhecer que a vida da igreja é o
reino. Minha experiência me disse que o
ensinamento que recebi dos Irmãos Unidos com
respeito ao reino não era correto. De acordo com a
minha experiência, sabia que estava no reino. Cada
vez que era terminado, eu encontrava o meu Rei, e o
reino estava presente.
Isso não é uma questão de doutrina; é uma
questão de experiência. Mais tarde, estudando o
Novo Testamento, recebi luz nessa questão, e a
minha experiência foi confirmada. Agora posso
ousadamente dizer que de acordo com o Novo
Testamento o reino está aqui hoje. Porque não têm
sido terminados, alguns mestres cristãos dizem que o
reino foi suspenso até algum tempo no futuro. Eles
não foram levados ao Rei, e o Rei não foi trazido a
eles. Assim, em sua experiência diária, eles não têm o
reino. Entretanto, após vocês terem sido terminados
no caminho da Galiléia para o Jordão, o Rei e o reino
estarão presentes.
1. Levantado da Água
Em Seu batismo o Senhor foi levantado da água.
Isso significa que após Sua morte e sepultamento, Ele
foi levantado da morte.
III. TESTADO
Nesta mensagem chegamos ao teste do Rei
recém-designado (4:1-11). Após ter sido ungido, o
Senhor foi testado. Na administração de Deus a
seqüência é sempre escolha, unção e teste. Há uma
ilustração disso na vida conjugal. Antes de se casar,
você certamente fez uma escolha. Entre os muitos
com os quais poderia ter casado, você escolheu um.
Após a escolha, veio a designação e após a designação
veio o teste. Quase todos os casais são malsucedidos
no teste conjugal. Embora sejamos bem-sucedidos na
designação, não o somos no teste.
Depois que o Rei celestial foi ungido e designado,
foi levado pelo Espírito Santo ao deserto para ser
testado. Ele não foi ao deserto por Si mesmo; Ele foi
guiado até lá pelo próprio Espírito Santo que desceu
sobre Ele. Na vida conjugal, Deus também nos
conduzirá ao teste. Um bom número de irmãos e
irmãs jovens se queixam para Deus, dizendo:
“Senhor, antes de me casar eu orei tanto. Por fim Tu
me disseste que era Tua vontade que eu casasse com
essa pessoa, que era essa quem tinhas preparado
para mim. Senhor, Tu sabes que no início eu não
estava interessado, mas pela Tua soberania Tu
providenciaste para que nos uníssemos. Mas olhe
para a situação hoje. Olhe para essa pessoa que Tu
me deste. Tu erraste, ou eu?” Nem o Senhor nem
você errou. Esse é o teste do Senhor.
Creio que todos os casamentos são soberania, até
mesmo aqueles que parecem ser os mais errados.
Nada acontece aos filhos de Deus sem a Sua
permissão soberana. Sabemos que todas as coisas
cooperam para o nosso bem (Rm 8:28), incluindo até
aqueles casamentos aparentemente errados. Quem
sabe qual é o casamento certo? Tenho experiência de
muitos anos na vida conjugal. Quarenta e cinco anos
atrás, poderia falar a outros definitivamente,
claramente e enfaticamente qual era o casamento
certo. Mas se me perguntasse hoje, eu diria: “Não
posso sabê-lo até que entremos na eternidade. Após
tantos anos de experiência na vida conjugal,
sinceramente não sei o que é um casamento certo”.
Mas aprendi que todo casamento sob a soberania de
Deus é correto. Portanto, todos vocês têm o
casamento certo. Irmão, sua esposa é a esposa certa
para você. Irmã, seu marido é o marido certo para
você. Se crê nisso ou não, você não pode fugir da sua
situação. Depois de alguns anos de casado, os jovens
e os de meia-idade podem concluir que cometeram
um erro e que se pudessem fazê-lo de novo o fariam
diferentemente. Posso assegurar-lhe que mesmo se
pudesse fazer de novo muitas vezes, você ainda
sentiria que cometeu um erro. Quase todos aqueles
que estão para se casar pensam que fizeram a escolha
certa, mas após alguns anos por vezes sentirão que
cometeram um erro. A razão para isso é que Deus
testa-nos na vida matrimonial.
O Senhor nos testa não apenas na vida conjugal,
mas também na vida da igreja. No princípio
experimentamos uma lua-de-mel na vida da igreja.
Estávamos desfrutando a vida gloriosa da igreja e
tudo era maravilhoso. Contudo mais cedo ou mais
tarde seremos testados. Cada irmão que é posto na
liderança é testado, e o teste geralmente vem de
outros líderes. Talvez no início em sua localidade
você fosse oúnico líder. Você estava procurando por
alguns outros para ajudá10, e mais tarde dois foram
acrescentados. Após vários meses, os três foram
testados uns pelos outros. O Senhor permite isso. Na
economia de Deus, após sermos designados para
alguma coisa, sempre seremos testados. Se o Senhor
Jesus precisou de um teste, que dizer de nós?
Por muitos anos não fui capaz de entender
completamente esta porção da Palavra. Embora
tenha ouvido várias mensagens a respeito dessa
passagem, nenhuma delas verdadeiramente tocou o
ponto principal. Para termos um completo
entendimento precisamos ver que na economia de
Deus sempre seremos testados após termos sido
ungidos e designados para alguma coisa. Nem
mesmo o Senhor Jesus foi uma exceção. Como
veremos, em princípio, todos os testes são o mesmo.
C. As Tentações do Tentador
3. Adorar o Diabo
D. O Resultado
o versículo 11 diz: ''Então O deixou o diabo, e eis
que vieram anjos e O serviam”. A tentação do diabo
para o primeiro homem, Adão, foi um sucesso; sua
tentação para o segundo homem, Cristo, foi um
fracasso absoluto. Isso indica que não haverá lugar
para ele no reino dos céus do novo Rei. Após o
Senhor Jesus ter derrotado Satanás, os anjos vieram
e ministraram ao Rei tentado, como um homem
sofrido (cf. Lc 22:43).
Não apenas o Rei, mas também todo o povo do
reino deve vencer a questão do seu viver diário,
poder religioso e glória do mundo. Se não pudermos
vencer essas três tentações, estamos fora do reino. Se
quisermos ser o povo do reino, essas três coisas
devem estar sob nossos pés. Ao aniquilarmos essas
três tentações, dizendo: “Não me preocupo com meu
viver, com poderes religiosos ou com posição do
mundo”, Satanás não será capaz de fazer nada para
nós.
Não devemos estar preocupados acerca do nosso
viver diário. Considere o exemplo do apóstolo Paulo.
Ele disse: ''Tanto sei estar humilhado, como também
ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já
tenho experiência, tanto de fartura, como de fome;
assim de abundância como de escassez” (Fp 4:12).
Paulo parecia estar dizendo: “Não me importo se
estou em pobreza ou em abundância. Posso vi ver em
escassez ou em abundância. A questão do meu viver
diário não me preocupa”. Ainda mais, em vez de nos
importarmos com poderes religiosos, devemos ser
fracos, assim como Jesus Cristo foi ao ser preso e
crucificado. Se Ele não tivesse sido fraco, quem
poderia tê-Lo prendido e posto na cruz? Quando foi
preso, tentado e crucificado, Ele não fez exibição do
Seu poder. Ele se recusou a exibir algum poder
religioso. Antes, foi fraco ao máximo. Paulo disse que
Cristo “foi crucificado em fraqueza”; ele também
disse: “Somos fracos nele” (2Co 13:4). Muitas pessoas
diabólicas desafiaram Paulo, dizendo: “Se é
realmente apóstolo de Cristo, você deve fazer algo
para provar”. Mas quando Paulo esteve na prisão, o
Senhor não fez alguma coisa miraculosa por ele.
A situação de Paulo era a mesma que a de João
Batista, que também foi aprisionado. Após certo
período na prisão, João enviou seus discípulos para
desafiar o Senhor, dizendo: “És Tu Aquele que havia
de vir ou devemos esperar outro?” (11:3). É como se
João dissesse: “Se você é Aquele que havia de vir, por
que não faz algo por mim? Não sabe que eu, Seu
precursor e apresentador, estou na prisão? Você não
é poderoso? Não é o Cristo, o Todo-poderoso? Se é,
faça algo por mim”. Em Sua resposta, o Senhor disse:
“E bem-aventurado é aquele que não achar em Mim
motivo de tropeço” (11:6). O Senhor parecia estar
dizendo: “Sim, Eu posso, mas não quero fazer algo
por você. Embora seja Meu apresentador, Meu
precursor, não estou preocupado em fazer algo por
você. Antes Eu preferiria que você fosse decapitado.
João, você tropeçará em Mim?” A experiência do
irmão Nee é uma ilustração atual disso. Ele esteve
preso de 1952 até 1972, quando morreu. N aqueles
vinte anos, o Senhor não fez algo por ele de maneira
miraculosa.
Como precisamos vencer esses três tipos de
tentação: a tentação do nosso viver, a tentação do
assim chamado poder religioso e a tentação da
vanglória. Se vencermos essas coisas, seremos
realmente o povo do reino seguindo nosso Rei
celestial. Aleluia! nosso Rei celestial venceu o
tentador e derrotou-o nessas três tentações!
MENSAGEM 12
I. INICIA O MINISTÉRIO
A. Após João Batista Ser Aprisionado Mateus
4:12 diz: “Ora ouvindo Jesus que João fora preso,
retirou-se para a Galiléia”. Embora João Batista
ministrasse no deserto, não no templo santo na
cidade santa, ele estava ainda na Judéia, não longe
das assim chamadas coisas “santas”. Pelo fato de o
povo rejeitar João, o Senhor Jesus retirou-se para
iniciar Seu ministério, longe do templo e da cidade
santa. Isso ocorreu soberanamente para cumprir a
profecia de Isaías 9:1 e 2.
De acordo com o conceito humano, Jesus
deveria ter iniciado o ministério a partir do templo
santo na cidade santa, Jerusalém. Mas veio a Ele a
notícia de que Seu precursor, João Batista, foi
aprisionado. Essa foi uma indicação para esse novo
Rei que Jerusalém tinha se tornado um lugar de
rejeição; portanto, Ele não deveria iniciar lá Seu
ministério real.
Em Sua economia, Deus desejava ter uma
completa mudança, uma mudança da velha para a
nova economia. A velha economia resultou numa
religião, num templo, numa cidade e num sistema de
adoração exteriores. Todas as coisas na velha
economia foram sistematizadas de uma maneira
exterior. Na nova economia de Deus, Ele abandonou
tudo aquilo e teve um novo início. O ambiente sob a
soberania de Deus combinou C0m essa mudança em
Sua economia. Por ter Jerusalém rejeitado o
apresentador do novo Rei, o Senhor Jesus sabia que
não deveria iniciar Seu ministério lá. Ele não era
bem-vindo em Jerusalém.
Embora o novo Rei fosse o Filho de Deus e
tivesse sido ungido com o Espírito de Deus, não nos é
dito aqui que Ele tenha orado a respeito de onde
deveria ir ministrar. Não nos é dito que Ele tivesse o
profundo sentimento que estava sendo conduzido ao
norte, para longe de Jerusalém. Ao contrário, o
Senhor considerou o ambiente e recebeu dele a clara
indicação de onde deveria ir. Não pense que podemos
ser tão espirituais a ponto de não precisar de
indicação do nosso ambiente. Mesmo o Rei do reino
celestial, o Filho de Deus ungido com o Espírito
Santo, moveu-se conforme as indicações do ambiente.
O pensamento do Senhor não era nem natural nem
religioso. Também não era segundo a história
passada. Segundo a história, como o Rei ungido, Ele
deveria ter ido à capital, Jerusalém, porque
Jerusalém é o lugar certo para o Rei. Todavia, porque
Seu precursor, Seu apresentador, foi lançado na
prisão, Ele foi para a Galiléia. Segundo a expectativa
humana, era ridículo para o Rei recém-ungido deixar
a capital e ir para uma região desprezada para
começar Seu ministério real. Ele nem mesmo foi ao
sul de Hebrom, o lugar onde Davi foi entronizado,
nem a Berseba, o lugar onde Abraão viveu. Ele foi
para a Galiléia.
Considerando o mover do Senhor após a prisão
de João Batista, devemos aprender a não tentar ser
espirituais de modo sobrenatural. Jesus não era
espiritual dessa maneira. Devemos também aprender
a não agir de acordo com a história passada ou o
entendimento humano. De acordo com a história e o
conceito humanos, o Rei dos judeus deveria estar em
Jerusalém sentado no trono. Entretanto, Jesus não se
moveu meramente conforme a liderança espiritual
nem conforme a história passada ou o conceito
natural. Antes, moveu-se de acordo com o ambiente
que correspondia à economia de Deus. Ao fazer isso,
espontaneamente cumpriu a profecia de Isaías 9:1 e 2.
Embora o Senhor se tenha movido aparentemente de
acordo com o ambiente em vez de seguir o Espírito,
Seu mover era um cumprimento da profecia nas
Escrituras.
Ao nos movermos com o Senhor, devemos evitar
dois extremos. O primeiro extremo é o sobrenatural.
Alguns dizem que não há necessidade de considerar o
ambiente em que estão porque eles têm o Espírito. O
outro extremo é prestar demasiada atenção à história
e à inclinação e entendimento natural. Mas em
Mateus 4 o novo Rei não se moveu apenas segundo a
assim chamada liderança espiritual nem segundo a
história ou inclinação natural. Antes, moveu-se com
a economia de Deus conforme as indicações do
ambiente. Ele foi à Galiléia, à região de Zebulom e
Naftali, para resplandecer como uma grande luz
sobre os que viviam em trevas e na região e sombra
da morte (4:15-16).
Nada do que aconteceu a João Batista ou ao
Senhor Jesus foi acidental. Quando João saiu para
ministrar aos trinta anos, ele era muito ousado. Isso
não foi muito antes de ser aprisionado. Você pode
achar difícil crer que João Batista poderia ser
aprisionado. Parece não haver motivo para isso.
Novamente, devido ao ambiente, ele foi preso. João
foi aprisionado por Herodes, o rei, não pelos líderes
judeus. Entretanto, o poder religioso e o político, a
religião judaica e o governo romano, colaboraram
para a realização do propósito de Deus. FOI de
acordo com a soberana economia de Deus que João
Batista foi aprisionado naquela época. A razão para
isso é que chega um momento quando todo
ministério de apresentação deve cessar. Se João
Batista não tivesse sido aprisionado, teria sido difícil
a ele parar seu ministério. Porque João era o
apresentador, seu ministério não deveria ter
continuado. Em João capítulo 3 vemos que os
discípulos de João Batista estavam competindo com
o ministério do novo Rei (v. 26). O ministério do
apresentador estava competindo com o do Rei.
Portanto, o ministério do apresentador tinha de
parar, e a melhor maneira de pará-lo era colocar o
próprio João na prisão e, mesmo, decapitá-lo.
Você pode dizer que Deus não seria assim tão
cruel. Mas Deus algumas vezes permite coisas como
essa. Sem dúvida, Ele gerou, preparou, constituiu e
qualificou você e, então, usou-o muito. Mas após tê-
lo usado, Ele pode dizer: “Vá para a prisão e espere lá
para ser executado”. Você é capaz de aceitar isso?
Você pode dizer: “Isso é absolutamente injusto. Jesus
não deveria permitir isso”. Mas no passado Deus
permitiu muitas coisas assim várias vezes, e creio que
permitirá novamente. Se Ele permitir que isso lhe
aconteça, você deve simplesmente dizer: “Amém”.
Não envie alguns dos seus discípulos para desafiar
Cristo, dizendo: “Tu és o Cristo, o Senhor Todo-
poderoso a quem sirvo? Se é, por que não faz algo
para livrar-me da prisão?” O Rei diria: “Não o livrarei
disso. Você deve morrer. Você deve ser terminado.
Deixe o novo Rei estar no trono”. João Batista e seu
ministério foram terminados porque o novo Rei
estava lá. Quando o novo Rei está aqui, não deve
existir qualquer competição.
B. Começa da Galiléia
O novo Rei começou Seu ministério na Galiléia,
no mar da Galiléia, não na cidade santa ou no templo
santo. Seu precursor ministrou à margem do rio, no
deserto, mas Ele iniciou Seu ministério pelo mar da
Galiléia. A Galiléia era um lugar de população mista
de judeus e gentios. Por isso, foi chamado de
“Galiléia dos gentios” e era desprezada pelos judeus
ortodoxos (Jo 7:41, 52). O Rei recém-designado
iniciou Seu ministério real para o reino dos céus em
tal lugar desprezado, longe da capital do país, a digna
Jerusalém, com seu templo sagrado, o centro da
religião ortodoxa. Isso implicava que o ministério do
Rei recém-ungido era para o reino celestial, diferente
do reino terreno de Davi (o reino Messiânico). João
Batista ministrou à margem do rio porque estava
preparado para enterrar todos os que fossem a ele em
arrependimento. O novo Rei ministrou ao redor do
mar da Galiléia. Na Bíblia, o rio Jordão representa
sepultamento e ressurreição, terminação e
germinação. Mas o mar da Galiléia representa o
mundo corrompido por Satanás. Assim, o Jordão era
um lugar de sepultamento e o mar da Galiléia era o
mundo corrompido.
Nessa porção da Palavra há quatro discípulos
que foram chamados por Jesus: Pedro, André, Tiago
e João. Você sabe onde e quando esses quatro foram
salvos? A resposta a essa pergunta está em João
capítulo 1. Enquanto João Batista estava ministrando,
André foi levado ao Senhor Jesus (Jo 1:35-37, 40).
André, então, encontrou Pedro, seu irmão, e levou-o
ao Senhor (vs. 40-42). Quando o Senhor viu Pedro,
mudou seu nome de Simão para Cefas, que significa
uma pedra (Jo 1:42). Portanto, em João capítulo 1,
Pedro e André encontraram o Senhor Jesus. Creio
que eles foram salvos naquela época à margem do rio
Jordão. O mesmo aconteceu a Tiago e João. Dos dois
discípulos de João Batista mencionados em João 1:35,
um era o apóstolo João. Esse João também trouxe
seu irmão Tiago ao Senhor. Portanto, os quatro
discípulos mencionados em Mateus 4 foram
terminados, germinados e salvos à margem do
Jordão em João capítulo 1. Entretanto,
provavelmente eles não entenderam claramente o
que lhes aconteceu.
Creio que tudo isso aconteceu antes da tentação
do Senhor, enquanto João ainda estava ministrando
próximo ao Jordão. Depois disso, eles retomaram à
Galiléia para continuar a pescar. Provavelmente
tenham esquecido o que lhes acontecera à margem
do rio. Eles simplesmente retomaram às suas antigas
ocupações nas proximidades do mar. Mas o Senhor
não os esqueceu. Após Sua tentação, Ele iniciou Seu
ministério e procurou por eles. O mesmo aconteceu
com muitos de nós. A primeira vez que viemos ao
Senhor, Ele fez muitas coisas por nós, mas não
percebemos o seu significado. Talvez sua margem do
rio fosse o Brasil ou a China. Após encontrar o
Senhor à margem do rio, você foi ao mar da Galiléia
para ganhar seu sustento, para seu emprego de
pescador, esquecendo o que o Senhor havia feito
próximo à margem do rio. Muitos de nós
simplesmente esqueceram o que o Senhor havia feito
por nós no passado próximo à margem do rio Jordão
e fizemos o máximo para ganhar dinheiro
trabalhando ao redor do nosso mar da Galiléia, no
mundo maligno, demoníaco e corrompido de Satanás.
Mas um dia, para muito espanto nosso, Aquele que
nos salvou próximo à margem do rio veio ao nosso
mar da Galiléia como o Rei recém-designado para,
propositadamente, nos encontrar.
1. Pedro e André
O versículo 18 diz: “Caminhando junto ao mar
da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro,
e André, seu irmão, que lançavam rede ao mar,
porque eram pescadores”. O ministério do novo Rei
não foi na capital, mas junto ao mar. O ministério do
Seu precursor começou à margem do rio e consistia
em enterrar os religiosos e terminar com a religião
deles. O ministério do novo Rei começou no litoral e
consistia em capturar homens que não eram tão
religiosos, que viviam ao redor do mar e não no lugar
santo, e fazê-los pescadores de homens para o
estabelecimento do reino dos céus.
Os versículos 19 e 20 dizem: “E disse-lhes: Vinde
após Mim, e Eu vos farei pescadores de homens. E
eles deixando imediatamente as redes O seguiram”.
Quando jovem, ao ler essa porção da Palavra, não
podia entender por que esses pescadores,
repentinamente, seguiram um Nazareno que lhes
disse: “Segue-Me”. Pensei que eles estavam fora de si.
Entretanto, após vários anos lendo a Palavra e
considerando minha experiência, comecei a entender.
André, um dos dois discípulos de João Batista, havia
levado Pedro ao Senhor, no lugar onde antes João
pregava (J o 1:35-36, 40-42). Aquela foi a primeira
vez que eles encontraram o Senhor. Aqui o Senhor
encontrou-os pela segunda vez, desta vez no mar da
Galiléia. Eles foram atraídos pelo Senhor como a
grande luz nas trevas da morte e O seguiram para o
estabelecimento do reino dos céus na luz da vida.
Quando Pedro e André foram chamados pelo
Senhor, estavam lançando redes ao mar. O Senhor
chamou-os para segui-Lo e prometeu fazê-los
pescadores de homens. Eles deixaram a rede e
seguiram o Rei do reino dos céus para serem
pescadores de homens. Por fim, Pedro tomou-se o
primeiro grande pescador para o estabelecimento do
reino dos céus no dia de Pentecoste (At 2:37-42; 4:4).
2. Tiago e João
O mesmo (4:21-22). Quando foram chamados
pelo Senhor, estavam remendando suas redes no
barco. Quando o Senhor os chamou, eles deixaram o
barco e seu pai e seguiram-No. João e seu irmão,
como Pedro e André, foram atraídos pelo Senhor e O
seguiram. Por fim, João tomou-se um verdadeiro
remendador, remendando os danos na igreja por
meio do seu ministério de vida (ver suas três
Epístolas e Apocalipse capítulos 2 e 3).
O chamamento dos quatro discípulos foi no
início do ministério real do Rei recém-ungido. Foi o
próprio fundamento para o estabelecimento do reino
dos céus. Esses quatro discípulos tornaram-se os
primeiros quatro dos doze apóstolos. Pedro e André
foram o primeiro par, e Tiago e João foram o
segundo. Portanto, os primeiros quatro discípulos
capturados pelo Senhor tornaram-se as primeiras
quatro pedras de fundamento do reino de Deus, que
são quatro dos doze fundamentos da Nova Jerusalém
(Ap 21:14).
A. No Monte
Mateus 5:1 diz: “Vendo Jesus as multidões, subiu
ao monte, e tendo se assentado, aproximaram-se
Dele os seus discípulos”. O novo Rei chamou Seus
seguidores no litoral, mas Ele subiu ao monte para
dar-lhes a constituição do reino dos céus. Isso indica
que precisamos ir mais alto com Ele para ter a
percepção do reino dos céus.
É muito significativo que a constituição do reino
dos céus tenha sido decretada sobre um monte. O
mar significa o mundo corrompido de Satanás.
Quando fomos capturados pelo Senhor, estávamos
no mundo corrompido de Satanás esforçando-nos
para ganhar a vida. Mas após o Senhor capturar-nos,
Ele levou-nos a um alto monte que representa o reino
dos céus. Isso indica que o reino dos céus não foi
estabelecido no litoral, mas no monte. Na Bíblia, um
monte algumas vezes representa o reino. Por
exemplo, de acordo com DanieI2:34-35, a pedra
cortada sem o auxílio de mãos quebrou a imagem em
pedaços e tornou-se uma grande montanha que
encheu toda a terra. Essa montanha representa o
reino milenar. Portanto, na Bíblia, uma montanha
representa o reino, especialmente o reino dos céus.
Ainda mais, ser levado ao monte Significa que se
quisermos ouvir o decreto da constituição do reino
dos céus, não podemos estar numa planície, mas
devemos subir num alto monte. Devemos estar num
nível alto para ouvir essa constituição. No litoral, o
Senhor simplesmente disse: “Segue-Me”. Mas para
decretar a constituição do reino dos céus, Ele I 'vou-
os ao cume de um monte. Seguir o Senhor pode ser
fácil, mas ou vir a constituição para o
estabelecimento do reino dos céus requer que
subamos ao cume de um alto monte.
E. Os Misericordiosos Alcançarão
Misericórdia
O versículo 7 diz: “Bem-aventurados os
misericordiosos porque alcançarão misericórdia”. Ser
justo é dar a alguém o que ele merece, enquanto ser
misericordioso é dar mais do que ele merece. Para o
reino dos céus, precisamos não apenas ser justos,
mas também misericordiosos. Receber misericórdia é
termais do que merecemos. Se somos
misericordiosos com os outros o Senhor nos
concederá misericórdia (2Tm 1:16, 18),
especialmente no Seu trono de julgamento (Tg 2:12-
13).
Ser justo é tratar consigo mesmo de uma
maneira estrita. Devemos ser justos ao tratar conosco.
Não devemos dar a nós mesmos qualquer desculpa.
Para com os outros, entretanto, devemos ser
misericordiosos. Se somos diligentes em buscar a
justiça que excede, por fim nos tomaremos
misericordiosos com os outros. Em nossa busca
descobriremos que nosso homem natural é fraco e
que somos propensos a falhar. Se não perceber a
condição miserável do seu homem natural, você
nunca terá misericórdia dos outros. Em vez de
demonstrar misericórdia com eles, você os condenará
quando caírem ou fracassarem. A razão por que os
condena é que você não conhece a si mesmo. Se se
conhecer, sempre que alguém fracassar, você dirá:
“Senhor, tem misericórdia de mim e do meu irmão.
Somos todos vasos fracos e não podemos cumprir
Tuas exigências. Senhor, mesmo que meu irmão
tenha me ofendido, eu ainda desejo ser
misericordioso com ele”. Se nunca fracassou, você
nunca será misericordioso. Se sempre obtém êxito
em sua busca pela santidade e perfeição, você não
terá compaixão dos outros quando falharem. Você
sempre os condenará. Mas se conhece quão fraco
você é e quantos erros tem cometido, será
misericordioso com os outros.
Há uma promessa para nós no versículo 7. A
promessa é que os que são misericordiosos
alcançarão misericórdia. Se julga seu irmão sem
misericórdia hoje, você não receberá qualquer
misericórdia no trono de julgamento de Cristo.
Porque julga outros sem misericórdia, Cristo julgará
você sem misericórdia. Mas se tem misericórdia de
seu irmão, o Senhor terá misericórdia de você no Seu
trono de julgamento. Assim, o povo do reino é justo
em tratar consigo mesmo, mas muito misericordioso
em tratar com os outros. Uma vez mais, essa não é
uma questão exterior, mas relacionada ao nosso ser
interior.
CHORO E MANSIDÃO
Se formos pobres em espírito e chorarmos pela
situação miserável dos outros, espontaneamente
seremos mansos. Mesmo se sua sogra estiver em uma
condição miserável, não diga isso a ela. Igualmente a
condição de sua querida esposa pode não ser muito
positiva aos olhos do Senhor. Se o coração e os
interesses dela não são pelo Senhor, e ela não se
importa com o Seu reino, a situação dela é
lamentável. Você tem o Senhor Jesus com o reino
celestial em seu espírito, mas e quanto a sua esposa?
Você pode estar no mais alto céu, mas ela pode estar
no mais profundo inferno. Além disso, considere seus
filhos. Você pode amar o Senhor ao máximo, mas
eles podem não amá-Lo de jeito nenhum. Portanto,
você deve chorar pela sua sogra, esposa e filhos. Deve
também chorar pelos seus parentes, colegas e
vizinhos. Onde está quem realmente é pelo Senhor?
Olhe para a condição deplorável do mundo, incluindo
a da cristandade. Os comerciantes se importam
apenas com o dinheiro, os estudantes, com a
educação deles, e os que trabalham se importam
apenas com promoções e posições. Quando somos
pobres em espírito, certamente prantearemos por
toda a situação. Lamentaremos pelo nosso ambiente
e pelas pessoas ao nosso redor.
Por chorarmos pelos outros, nunca
contenderemos com eles. Em vez disso,
espontaneamente seremos mansos com eles. Se você
ainda não é manso com sua esposa, é um sinal de que
não foi possuído pelo reino dos céus. É uma
indicação que outras coisas estão ainda ocupando
você. Se foi completamente ocupado no seu interior
pelo reino dos céus, você chorará por sua esposa e
será manso com ela. Você será manso com todas as
pessoas que estão em situação lamentável. Se é um
estudante, você será manso com seus professores e
colegas. Será manso com os outros porque tem um
profundo sentimento interior acerca da situação
lamentável deles. Porque orou por eles chorando,
sempre que os contatar, você será manso.
FILHOS DE DEUS
Os pacificadores serão chamados filhos de Deus.
Isso significa que os que estão ao nosso redor dirão:
“Essas pessoas não são apenas filhos de homens, mas
filhos de Deus”. Todos os filhos de homens lutam uns
contra os outros, mas os filhos de Deus, tal como seu
Pai celestial, são pacificadores e sempre mantêm paz
com os outros. Romanos 12:18 diz: “Se possível,
quanto depender de vós, tende paz com todos os
homens”. Entretanto, essa paz não deve ser
meramente um comportamento exterior. Isso é
política. Nossa paz deve provir da nossa natureza.
Temos uma natureza que nos faz estritos com nós
mesmos, misericordiosos com os outros e puros para
com Deus. Porque temos essa natureza,
espontaneamente teremos paz com outros. Isso não é
uma pacificação política; é o resultado espontâneo da
nossa natureza. Tal atitude levará os outros a dizer:
“Esses são verdadeiramente os filhos de Deus”.
O PRINCÍPIO DA LEI
Precisamos ser impressionados com o princípio
da lei. O tratamento de Deus com Seu povo sempre
depende de um princípio. Por exemplo, os
tratamentos de Deus com Abraão eram baseados nas
promessas de Deus. Deus não deu a Abraão os
mandamentos da lei; Ele lhe deu apenas a promessa.
Assim, Deus lidou com ele de acordo com a Sua
promessa. A promessa dada por Deus a Abraão
tornou-se o princípio segundo o qual Deus tratou
com ele. Mais tarde, Deus deu a lei aos filhos de
Israel por intermédio de Moisés. A lei dada no monte
Sinai, portanto, tomou-se o princípio segundo o qual
Deus lidou com os filhos de Israel. Desse modo a lei
tomou-se o princípio para os tratamentos de Deus
com Seu povo no Antigo Testamento. Agora no Novo
Testamento Deus trata com os crentes segundo a fé,
não mais de acordo com a lei. Isso está
completamente desenvolvido no livro de Romanos e
Gálatas. Se ler esses livros, você verá que Deus trata
com os crentes em Cristo não segundo a lei, mas
segundo a fé. Na época do Antigo Testamento Deus
aceitava as pessoas segundo a lei. Se alguém quisesse
ser aceito por Deus: tinha de satisfazer o padrão da
lei. Mas hoje Deus nos aceita, não segundo a lei, mas
se cremos ou não em Cristo. Assim, a aceitação de
Deus hoje é baseada na fé.
OS PROBLEMAS DE TEMPERAMENTO E
CONCUPISCÊNCIA
Em Mateus 5 o Senhor Jesus falou sobre matar e
adulterar. Matar refere-se ao nosso temperamento e
adulterar, à concupiscência, Nosso temperamento e
concupiscência constantemente nos prejudicam e
perturbam. Se fôssemos pedras, não seríamos
incomodados por essas duas coisas. Não importa
quanto você irrite, insulte ou ofenda uma pedra, ela
nunca reagirá, porque não tem qualquer
temperamento. Além disso, uma pedra não tem
lascívia. Portanto, ela nunca será tentada por isso.
Mas diariamente somos perturbados pelo nosso
temperamento ou tentados pela nossa lascívia. Como
nos é fácil ficar irritados e ofendidos! Alguns podem
ficar ofendidos pelo menos dez vezes num dia. Você
pode ser ofendido por seu esposo ou esposa, pelos
filhos, vizinhos ou parentes. Você pode até mesmo
ser ofendido pelos seus sapatos, pelo fogão ou
chaleira. Sei de algumas irmãs que foram ofendidas
pela sua cozinha. É como se a ira delas nunca
pudesse se esgotar. Outros são perturbados pela
lascívia. Por essa razão, enfatizei em uma das
mensagens do Estudo-Vida de Gênesis que nunca
devemos ficar sozinhos com alguém do sexo oposto
por longo tempo. Se ficar, você será tentado por sua
lascívia feroz.
Para viver num padrão moral mais elevado do
que o da velha lei, você deve vencer seu
temperamento e lascívia. Você pode dizer que isso
não é fácil de se fazer. Sim, não é fácil. É por isso que
precisamos de Cristo. É por isso que você precisa de
outra vida. Como precisamos permanecer com
Cristo! Devemos contatá-Lo não apenas dia a dia,
mas até mesmo hora a hora. Por causa do
temperamento e lascívia que estão em nós,
precisamos permanecer em constante comunhão
com Ele. Você deve reconhecer que não é nem
madeira nem pedra. Se fosse madeira ou pedra, não
precisaria se preocupar com a questão da ira ou
concupiscência. Mas porque é um ser vivo, você tem
essas duas coisas no seu interior. Você não tem o
temperamento e a concupiscência no seu interior? A
qualquer hora podemos tropeçar pelo nosso
temperamento ou ser tentado pela nossa
concupiscência. Esteja alerta! Esteja vigiando e
orando a respeito desses dois “demônios”, nosso
temperamento e lascívia. Após sermos salvos
segundo o princípio da fé, precisamos viver uma vida
elevada, uma vida com um padrão superior. Essa
vida com o mais alto padrão vence nosso
temperamento e lascívia.
PUNIÇÃO DISPENSACIONAL
Essa questão de julgamento dos crentes e de
sofrer dano do fogo não é calvinismo ou
arminianismo. Segundo o calvinismo, uma vez salvos,
somos salvos para sempre e não haverá mais nenhum
problema. De certo modo, o calvinismo está correto,
porque uma vez salvos somos salvos por toda a
eternidade. Entretanto, não devemos dizer que não
haverá mais problemas. Há a possibilidade de ser
queimado no fogo. Segundo o arminianismo, alguns
podem ser sal vos de manhã e perder sua salvação à
noite. A salvação deles sobe e desce como um
elevador. Nem o calvinismo nem o arminianismo
estão de acordo com a pura palavra da Bíblia. A
Bíblia revela que somos salvos pela eternidade, mas
que após sermos salvos, precisamos vencer todas as
coisas pecaminosas. Caso contrário, seremos
disciplinados, punidos. Se não se arrepende e
confessa seus pecados, mas permanece em adultério,
na próxima era você será colocado no fogo e
queimado, não para perdição eterna, mas como uma
punição dispensacional.
2. Orar em Secreto
Nossa oração deve ser em secreto. No versículo 6
o Rei decretou: “Tu, porém, quando orares, entra no
teu aposento íntimo e, fechada a porta, ora a teu Pai,
que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará”. O povo do reino deve ter alguma
experiência de orar em seu quarto, contatando o Pai
celestial em secreto, experimentando um desfrute
secreto e recebendo uma resposta secreta Dele.
4. O Modelo de Oração
Nos versículos 9 a 13 encontramos o modelo de
oração. Todavia, não é o modelo de todas as orações.
A oração apresentada aqui em Mateus 6 é
absolutamente diferente da oração ensinada em João.
Em Mateus 6 não nos é dito para orar no nome do
Senhor, mas em João capítulos 14 a 17 o Senhor
Jesus nos fala repetidamente para orar no nome Dele.
A razão para essa diferença é que a oração aqui em
Mateus não está relacionada à vida; está relacionada
ao reino. Nesse curto modelo de oração, o reino é
mencionado pelo menos duas vezes. O versículo 10
diz “venha o Teu reino”, e o versículo 13 diz “pois Teu
é o reino”. A oração em João, ao contrário, relaciona-
se à vida. Orar no nome do Senhor não é uma
questão do reino, mas de vida. Orar no nome do
Senhor significa que somos um com o Senhor.
Orando ao Pai, somos um com o Senhor.
Conseqüentemente, estamos orando em Seu nome.
Orar no nome do Senhor é, na verdade, orar na
Pessoa do Senhor. Estamos orando com Ele em um
nome e em uma vida. Portanto, somos um com Ele
em vida, orando a Deus, o Pai. Mas como vimos, a
oração em Mateus 6 é absolutamente diferente,
porque é uma oração do reino.
Se você deseja ter fortes orações em vida, deve ir
a João.
Deve habitar no Senhor e ser um com Ele. Deve
permanecer em seu espírito e orar em unidade com
Ele. Isso é o que significa orar em Seu nome. Mas a
oração em Mateus 6 diz respeito ao reino. Em outras
palavras, é uma oração de luta, uma oração de
combate contra o inimigo de Deus por causa do reino
de Deus.
O versículo 9 começa com as palavras: “Portanto,
orai vós assim”. A palavra “assim” não significa
recitar. Em Atos e nas Epístolas não há exemplo de
tal repetição. Entretanto, em algumas denominações
cristãs essa oração é recitada em todo culto de
domingo de manhã. Recitei essa oração muitas vezes
quando jovem na denominação em que me reunia.
Isso não é dizer que os que repetem essa oração não
são sinceros ao fazê10. Sem dúvida, havia um bom
número que era muito sincero ao repetir essa oração.
D. A Respeito do Jejum
Nos versículos 16 a 18 o Rei fala sobre o jejum.
Em vez de mostrar aos homens que jejuamos,
devemos jejuar em secreto. O versículo 16 diz:
“Quando jejuardes, não vos mostreis sombrios como
os hipócritas, porque desfiguram o rosto com o fim
de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos
digo: Eles já receberam por completo a sua
recompensa”. Jejuar não é abster-se de comer, é ser
incapaz de comer por estar desesperadamente
oprimido para orar por algumas coisas. É também
uma expressão de auto-humilhação em busca da
misericórdia de Deus. Dar esmolas é dar o que temos
direito de possuir, enquanto jejuar é desistir do que
temos direito de desfrutar.
Os versículos 17 e 18 dizem: “Tu, porém, quando
jejuares, unge a cabeça e lava o rosto, para não
parecer aos homens que jejuas, e, sim, ao teu Pai que
está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará”. Isso indica que nosso jejum, assim
como o dar esmolas e orar, deve ser feito em secreto,
não diante dos homens. O Pai vê em secreto e Ele nos
recompensará.
MENSAGEM 22
A. A Cura do Leproso
1. O Rei Desce do Monte
O versículo 1 diz: “Ora, descendo ele do monte,
grandes multidões o seguiram”. Descer do monte
significa que o Rei celestial desceu dos céus para a
terra. Ele veio primeiramente para alcançar os judeus,
porque, sem dúvida, o leproso aqui representa o povo
judeu. O Rei celestial desceu dos céus para trazer a
salvação primeiramente aos leprosos judeus. De
acordo com Romanos capítulo 1, a salvação é
primeiro para os judeus e, então, para os gentios (v.
16).
1. Chegada a Tarde
O versículo 16 diz: “Ao cair da tarde, trouxeram-
Lhe muitos endemoninhados; e Ele, com a Sua
palavra, expulsou os espíritos, e curou todos os que
estavam doentes”. As palavras “muitos” e “todos os”
representam todas as pessoas da terra no milênio. O
milênio será a última dispensação do velho céu e
velha terra; assim é considerado o entardecer do
velho céu e velha terra. Após essa “noite” haverá um
novo dia, isto é, o novo céu e nova terra com a Nova
Jerusalém.
B. Sobre os Demônios
Quando o Senhor Jesus veio à terra dos
gadarenos, vieram-Lhe ao encontro dois deles que
estavam possuídos por demônios. Ao encontrarem o
Senhor Jesus, gritaram dizendo: “Que temos nós
Contigo, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos
antes do tempo?” (v. 29). O Rei chamou a Si mesmo
de Filho do Homem (v. 20), mas os demônios O
chamaram Filho de Deus, tentando-O a apartar-se da
Sua posição de Filho do Homem. Os demônios
perguntaram-Lhe se tinha vindo atormentá-los antes
do tempo. As palavras “antes do tempo” implicam
que Deus havia determinado um tempo para que os
demônios fossem atormentados e que os demônios
conheciam esse tempo. Será após o milênio e pela
eternidade 1.
Os demônios, não querendo ser atormentados
antes do tempo, rogaram ao Senhor Jesus, dizendo:
“Se nos expulsas, manda-nos para a manada dos
porcos” (v. 31). O fato de os demônios rogarem-Lhe
indica que eles estavam sob o poder e autoridade do
Rei. O versículo 32 diz: “Ide, disse-lhes Jesus. E eles,
saindo, entraram nos porcos; e eis que toda a
manada precipitou-se despenhadeiro abaixo, para
dentro do mar, e nas águas pereceram”. A palavra
“ide” era uma ordem oficial do Rei, e os demônios a
obedeceram. O Rei aceitou o clamor dos demônios
para entrar nos porcos, porque os porcos são
impuros aos olhos de Deus (L v 11:7). Incapazes de
tolerar ser possuídos pelos demônios, os porcos
lançaram-se ao mar. Os demônios concordaram com
isso, porque a água é o lugar de habitação deles
(12:43-44).
'Ver Estudo-Vida de Apocalipse, mensagem 57.
(N. T) A intenção do Senhor ao permitir que os
demônios entrassem nos porcos, não era prejudicar o
trabalho dos seus criadores. Os porcos são sujos aos
olhos de Deus, por isso o Senhor Jesus destruiu a
ocupação impura deles na expectativa de que os que
se ocupavam com isso fossem salvos e voltassem a
Ele. Os porcos, sendo impuros e condenados por
Deus, não deveriam estar presentes.
Quando a notícia sobre os porcos chegou aos
seus proprietários, eles ficaram ofendidos. O
versículo 34 diz: “E eis que a cidade toda saiu para
encontrar-se com Jesus; e, vendo-O, rogaram-Lhe
que se retirasse das suas fronteiras”. Eles rogaram ao
Senhor Jesus para se retirar, e Ele partiu (9:1). O
povo da cidade, tendo perdido os seus porcos,
rejeitou o Rei. Eles queriam os seus porcos impuros,
mas não o Rei do reino celestial. Provavelmente
fossem gentios (Gadara ficava às margens do mar da
Galiléia, do lado oposto à Galiléia dos gentios-4:15).
Eles rejeitaram o Rei celestial por causa da maneira
impura deles de ganhar a vida.
A vinda do Rei a essa região pôs tudo em ordem.
Não apenas os demônios foram expulsos dos dois
homens, mas os porcos foram afogados.
Conseqüentemente, toda a região foi purificada e os
demônios retomaram ao seu lugar de habitação. Essa
foi uma exibição da autoridade do Senhor.
C. Perdoar Pecados
Em 9:1-8 vemos a autoridade do Rei para
perdoar pecados. Após o Senhor ter chegado à Sua
cidade, Cafarnaum, onde Ele agora habitava (4:13),
um paralítico foi levado a Ele. O versículo 2 diz: “E
eis que Lhe trouxeram um paralítico deitado num
leito. Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Tem
ânimo, filho; perdoados são os teus pecados”. Os
homens que trouxeram o paralítico ao Senhor Jesus
descobriram o telhado sobre o lugar onde o Senhor
estava e fizeram uma abertura (Me 2:4). Por meio
disso o Senhor viu a fé deles. A menção de pecados
no versículo 2 indica que o paralítico estava doente
por causa dos seus pecados.
O versículo 3 diz: “Mas alguns escribas diziam
consigo: Este blasfema”. Os escribas, supondo que
conheciam as Escrituras, pensavam que apenas Deus
tinha autoridade para perdoar pecados, e que Jesus,
que aos olhos deles era apenas um homem,
blasfemava contra Deus quando dizia “estão
perdoados os teus pecados”. Isso indica que eles não
perceberam que o Senhor era Deus. Ao proferir tal
palavra, eles rejeitaram o Rei do reino celestial. Essa
foi a primeira rejeição dos líderes da religião judaica.
De acordo com os escribas, o Senhor Jesus estava
arrogando-se ser Deus e blasfemando contra Ele.
Mas o Senhor Jesus, é claro, absolutamente não
blasfemava, porque Ele é Deus. Como Deus, Ele não
apenas tem autoridade sobre o ambiente natural e
sobre os demônios; Ele também tem toda a
autoridade para perdoar as pessoas dos seus pecados.
O Senhor percebeu em Seu espírito (Me 2:8) o
arrazoamento dos escribas. Os versículos 4 e 5 dizem:
“E Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, disse:
Porque cogitais coisas malignas em vossos corações?
Pois qual é mais fácil, dizer: Perdoados são os teus
pecados, ou dizer: Levanta-te e anda?” A expressão
grega aqui traduzida para “pensamentos” também
significa cogitações, suspeitas maldosas com
sentimentos fortes ou passionais. Os escribas não
precisaram expressar seus pensamentos porque o
Senhor Jesus, pela percepção do Seu espírito, foi
capaz de discernir os pensamentos no interior do
coração deles, e interrogou-os acerca disso. A
percepção do Senhor dos pensamentos dos escribas
indica que verdadeiramente Ele é Deus. Se Ele não
fosse Deus, como poderia ter conhecimento dessas
coisas? Note que o Senhor não disse “Que é mais
difícil?”, porque para Ele nada é difícil. Para Ele,
dizer “Perdoados são os teus pecados” era mais fácil
do que dizer “Levanta-te e anda”, porque ninguém
sabe se os pecados de alguém estão perdoados ou não.
Portanto, é fácil dizer isso. O levantar e andar do
paralítico provam que seus pecados foram perdoados.
A salvação do Senhor não apenas perdoa nossos
pecados, mas também nos faz levantar e andar. Não é
levantar e andar primeiro e, então, ser perdoado de
nossos pecados; isso seria por obras. Antes, é ser
primeiro perdoado de nossos pecados e, então,
levantar e andar; isso é pela graça.
O versículo 6 diz: “Mas para que saibais que o
Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para
perdoar pecados disse então ao paralítico: Levanta-te,
toma o teu leito e vai para tua casa”. Perdoar pecados
é uma questão de autoridade na terra. Apenas esse
Salvador real, que foi autorizado por Deus e que
morreu para redimir os pecados, tem tal
autoridad5:31; 10:43; 13:38). Essa autoridade era
para o estabelecimento do reino dos céus (Mt 16:19).
O Senhor capacitou o paralítico não apenas a
andar, mas também a pegar o seu leito e andar.
Outrora o leito o carregou; agora ele carrega o leito.
Esse é o poder da salvação do Senhor. Esse paralítico
foi trazido ao Senhor pelos outros, mas foi para casa
por si mesmo. Isso indica que por si mesmo o
pecador não consegue ir ao Senhor, mas que
mediante a salvação do Senhor o pecador pode partir
por si mesmo.
O versículo 7 diz: “E, levantando-se, foi para sua
casa”. O fato de o paralítico levantar-se e partir
provou que ele foi curado, e a sua cura provou que
seus pecados foram perdoados. Essa era uma prova
forte de que o Senhor Jesus tinha a autoridade para
perdoar os pecados do povo. O que esses casos
revelam a nós não é o poder de Cristo, mas a
autoridade do Rei celestial. A autoridade, é claro, é
sustentada pelo poder. Entretanto, a autoridade é
mais elevada que o poder. Alguns podem ter poder,
mas sem autoridade. Para que Jesus, o Senhor, fosse
vindicado como o Rei celestial, havia necessidade de
que Ele mostrasse a Seus seguidores Sua autoridade.
Essa autoridade é para lidar com as coisas negativas,
o ambiente de oposição instigado pelos espíritos
malignos, os demônios e os pecados que corrompem.
Cristo, como o Rei celestial, tem toda a autoridade
para lidar com tudo isso, e todos são subjugados sob
a Sua autoridade. Isso traz o estabelecimento do Seu
reino celestial na terra.
Se reunirmos esses casos registrados em 8:1-9:8,
vemos uma clara figura de quem é esse Rei celestial.
Ele é o Salvador dos judeus e também dos gentios.
Ele será o Salvador dos judeus arrependidos e
também será Aquele que restaurará toda a terra no
milênio. Ele tem autoridade sobre o vento, o mar e os
demônios. Ele também tem autoridade para perdoar
às pessoas seus pecados e fazer essas pessoas
levantar e andar. Se quisermos seguir esse Rei
celestial, não devemos esperar qualquer desfrute
material, e também precisamos ignorar as obrigações
dos mortos e suas tarefas. A visão panorâmica dessa
porção da Palavra fornece um retrato vívido de quem
é o Rei celestial.
MENSAGEM 27
A. O Chamamento de Mateus
Em 9:9 temos o chamamento de Mateus. Este
versículo diz: “Partindo Jesus dali, viu um homem,
chamado Mateus, sentado na coletoria, e disse-lhe:
Segue-Me! Ele se levantou e O seguiu”. Mateus era
também chamado de Levi (Me 2:14; Lc 5:27). Ele era
um coletor de impostos que se tornou um apóstolo
pela graça de Deus (Mt 10:2-3; At 1:13, 26). Ele foi o
escritor desse Evangelho.
O chamamento de Mateus foi um pouco
diferente do chamamento de Pedra, André, Tiago e
João. Quando Pedro e André foram chamados, eles
estavam lançando redes ao mar; e quando Tiago e
João foram chamados, eles estavam remendando
suas redes. O Senhor os chamou, eles deixaram seu
trabalho e seguiram-N o. Quando o Senhor Jesus
estava passando pela coletoria, onde os coletores de
impostos ficavam, Ele viu Mateus e o chamou, e
Mateus seguiu-O. De acordo com o registro em 9:9
parece que aquela era a primeira vez que o Senhor
encontrava Mateus. Deve ter havido algum poder de
atração no Senhor ou em Sua palavra ou aparência
que fizesse com que Mateus O seguisse.
Seguir o Senhor inclui crer Nele. Ninguém O
segue a menos que creia Nele. Crer no Senhor é ser
salvo (At 16:31), e segui-Lo é entrar pela porta
estreita e andar no caminho apertado para parti7:13-
14).
I. A NECESSIDADE DE PASTOREAR E
CEIFAR
A continuação do ministério do Rei no capítulo 9
produziu outra situação que permitiu ao Senhor se
revelar. Após a cura da mulher com o fluxo de sangue,
o ressuscitar da menina, e a cura dos dois cegos e do
mudo, o Senhor é revelado como o Pastor e como o
Senhor da colheita.
E. Ser Elias
o versículo 14 diz: “E, se o quereis aceitar, ele é o
Elias que há de vir”. Malaquias 4:5 profetizou que
Elias viria. Quando João Batista foi concebido, foi
dito que ele iria adiante do Senhor no espírito e
poder de Elias (Lc 1:17). Portanto, de certo modo,
João pôde ser considerado o Elias que estava por vir
(Mt 17:1O-l3). Entretanto, a profecia de Malaquias
4:5 será verdadeiramente cumprida na grande
tribulação, quando o verdadeiro Elias, uma das duas
testemunhas, virá para fortalecer o povo de Deus (Ap
11:3-12).
3. Agradável ao Pai
O versículo 26 diz: “Sim, ó Pai, porque assim foi
do Teu agrado”. Era do agrado do Pai que o Filho
fosse rejeitado. O Pai agradava-se de ver a rejeição do
Filho. É muito difícil crermos nisso. Se seus pais e
parentes quisessem ser um com você na restauração
do Senhor, você ficaria empolgado e louvaria ao
Senhor. Mas você deve louvar ao Senhor pela sua
experiência de rejeição, dizendo: “Louvo-Te, ó Pai,
porque Tu és o Senhor dos céus e da terra. Todas as
coisas provêm de Ti, e eu Te louvo por essa situação”.
V. CHAMA OS SOBRECARREGADOS A
DESCANSAR E INDICA O MODO DE FAZÊ-LO
A. o Chamamento
No versículo 28 o Senhor fez um chamamento:
“Vinde a Mim todos os que labutais e estais
sobrecarregados, e Eu vos darei descanso”. O Senhor
parecia dizer: “Todos os que labutam e estão
sobrecarregados, venham a Mim e descansem. Todos
os religiosos e todos vocês, pessoas do mundo, que
labutam e estão sobrecarregados, venham a Mim e
Eu lhes darei descanso”. Que palavra graciosa! O
cansaço mencionado no versículo 28 refere-se não
apenas ao esforço de guardar os mandamentos da lei
e os regulamentos religiosos, mas também o
empenho de ser bem sucedido em toda obra. Os que
assim fazem estão sempre excessivamente
sobrecarregados. Após o Senhor ter louvado o Pai,
confessando a Sua vontade e declarando a economia
divina, Ele chamou essas pessoas para ir a Ele e
descansar. Descansar não se refere apenas a estar
livre do cansaço e de sob a carga da lei e da religião
ou de qualquer obra e responsabilidade, mas também
à perfeita paz e total satisfação.
B. O Caminho
2. Aprender Dele
No versículo 29 o Senhor nos fala de aprender
Dele. Ele é manso e humilde de coração. Ser manso
significa não resistir a qualquer oposição, e ser
humilde significa não se considerar em alta conta.
Em toda oposição o Senhor era manso e em toda
rejeição Ele era humilde de coração. Ele submetia-se
totalmente à vontade do Pai, não pretendendo fazer
algo por Si nem esperando obter algo para Si. Por
isso, apesar da situação, Ele tinha descanso no
coração. Ele estava totalmente satisfeito com a
vontade do Pai.
O Senhor disse que se tomarmos sobre nós o Seu
jugo e aprendermos Dele, encontraremos descanso
para nossa alma. O descanso que achamos tomando
o jugo do Senhor e aprendendo Dele é para a nossa
alma. É um descanso interior; não algo meramente
exterior.
Se quando ministramos sofremos oposição, e
resistimos, não teremos paz. Mas se em vez de
resistir, submetemo-nos à vontade do Pai,
testificando que a oposição procede Dele, teremos
descanso em nossa alma. João Batista não
considerou seu aprisionamento como proveniente do
Pai; por isso, ele não teve descanso. Se tivesse
percebido que sua prisão procedia da vontade do Pai,
ele estaria descansando, ainda que na prisão. Cristo,
o Rei celestial, sempre se submeteu à vontade do Pai,
tomando a vontade de Deus como Sua porção e não
resistindo a coisa alguma. Assim, Ele descansava
todo o tempo. Devemos aprender Dele e também
ganhar essa visão. Se o fizermos teremos descanso
em nossa alma.
MENSAGEM 32
3. A Defesa do Rei
Esse ambiente proporcionou ao Senhor Jesus a
oportunidade de revelar-Se mais. Para os fariseus,
Jesus tinha sido pego. Mas para o Senhor Jesus
aquela foi uma oportunidade de revelar a eles e aos
discípulos quem Ele era. Até aqui, Ele tinha sido
revelado como o Médico, o Noivo, o Pastor e o
Senhor da seara. Após ser pego pelos fariseus, o
Senhor revelou-se em pelo menos cinco outros
aspectos principais.