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MANDADO DE SEGURANÇA (120) Nº 5014432-20.2018.4.03.

6100 / 11ª Vara Cível Federal de São Paulo

IMPETRANTE: COQUI DISTRIBUICAO DE PRODUTOS EDUCATIVOS LTDA

Advogados do(a) IMPETRANTE: RICARDO AZEVEDO SETTE - MG45317, MARISTELA FERREIRA


DE SOUZA MIGLIOLI - SP111964

IMPETRADO: INSPETOR DA ALFÂNDEGA DA RECEITA FEDERAL EM SÃO PAULO, UNIAO


FEDERAL - FAZENDA NACIONAL

DECISÃO

Liminar

O objeto da ação é II, IPI, PIS e COFINS sobre álbuns e “ cards” da série “Magic The Gathering”.

Na petição inicial, narrou a impetrante que realiza a importação e revenda do jogo de cartas.

Sustentou que as cartas da série devem ser equiparadas a livros para fins de imunidade constitucional aos
impostos e isenção tributária do PIS e COFINS.

Requereu o deferimento da liminar para “[...] suspender a exigibilidade do II, IPI, PIS e COFINS sobre a
importação de livros, álbuns e cards que difundem e complementam os livros de literatura “Magic The
Gathering” consubstanciada na Invoice nº 028368 e MAWB nº 247-90030135, garantindo-se o seu direito
líquido e certo a desembaraçar tais produtos sem a exigência dos tributos federais, em razão da imunidade
constitucional e da alíquota zero invocadas” e, a procedência do pedido da ação “[...] para reconhecer o
direito líquido e certo da Impetrante de não ser exigida de II, IPI, PIS e COFINS sobre a importação de
livros, álbuns e cards da série “Magic The Gathering”, na importação documentada nestes autos,
reconhecendo-se seu direito líquido e certo à imunidade e à aplicação da alíquota zero (especificamente para
PIS/COFINS), bem como assegurar o seu direito a eventual compensação de valores que venham a ser
recolhidos a este título”.

Assinado eletronicamente por: REGILENA EMY FUKUI BOLOGNESI - 05/07/2018 14:57:00 Num. 9220152 - Pág. 1
http://pje1g.trf3.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=18070514570022500000008702775
Número do documento: 18070514570022500000008702775
Vieram os autos conclusos.

É o relatório. Procedo ao julgamento.

A questão controvertida consiste em saber se os álbuns e os cards da série de literatura “Magic The
Gathering” podem ser equiparados a livros, para fins de aplicação da alíquota zero do II, IPI, PIS e da
COFINS.

A Constituição da República prevê em seu artigo 150, inciso VI, alínea ‘d’, a imunidade tributária, quanto a
impostos, para livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

Não se desconhece que o Supremo Tribunal Federal proferiu precedentes no sentido de que as figurinhas são
equiparadas a livros, em consequência, também alcançada pela imunidade prevista no art. 150, VI, d, eis que
equivalentes a livros ilustrados, assim como a extensão da imunidade aos “cards” de acordo com decisões
proferidas nos Recursos Extraordinários n. 179893/SP e n. 656.203/SP.

Todavia, inicialmente é importante destacar que não houve o reconhecimento de repercussão geral nas
mencionadas decisões.

Além disso, esta demanda não versa apenas sobre a imunidade ao II e IPI, mas também sobre a
alíquota que deve incidir na aplicação do PIS e da COFINS, tributos estes que fogem da regra de
imunidade prevista constitucionalmente.

Assim, o raciocínio teleológico exposto pela impetrante não possui pertinência com a matéria aqui discutida,
por ter como ponto de partida o artigo 150, inciso IV, alínea ‘d’ da Constituição da República, que institui
uma imunidade objetiva relativa a impostos, que alcança os papéis destinados à impressão de livros, jornais e
periódicos, mas não às contribuições que porventura incidam sobre a receita decorrente da venda desses bens.

O artigo 28, da Lei n. 10.865 de 2004 (Lei que dispõe sobre o PIS e a COFINS), estabelece algumas
hipóteses de aplicação de alíquota zero sobre a receita bruta decorrente da venda de algumas mercadorias,
entre elas “os livros, conforme definido no artigo 2º da Lei n. 10.753 de 2003”.

O artigo 2º da Lei n. 10.753 de 2003 dispõe o seguinte:

Art. 2o Considera-se livro, para efeitos desta Lei, a publicação de textos escritos em fichas ou folhas, não
periódica, grampeada, colada ou costurada, em volume cartonado, encadernado ou em brochura, em capas
avulsas, em qualquer formato e acabamento.

Parágrafo único. São equiparados a livro:

I - fascículos, publicações de qualquer natureza que representem parte de livro;

II - materiais avulsos relacionados com o livro, impressos em papel ou em material similar;

III - roteiros de leitura para controle e estudo de literatura ou de obras didáticas;

IV - álbuns para colorir, pintar, recortar ou armar;

V - atlas geográficos, históricos, anatômicos, mapas e cartogramas;

VI - textos derivados de livro ou originais, produzidos por editores, mediante contrato de edição
celebrado com o autor, com a utilização de qualquer suporte;

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VII - livros em meio digital, magnético e ótico, para uso exclusivo de pessoas com deficiência visual;

VIII - livros impressos no Sistema Braille.

Os álbuns e os cards da série de literatura “Magic The Gathering” não se subsumem ao conceito de livro em
si e também não é “material avulso”, por não veicular qualquer informação, assemelhando-se a brinquedos,
uma vez que são peças de um jogo de cartas de estratégia e, não figurinhas.

A partir desta premissa, percebe-se que a Lei n. 10.753 de 2003 – que trata da política nacional do livro – ao
estabelecer o conceito de livro em seu artigo 2º não faz referência a brinquedos ou peças de um jogo de cartas
de estratégia, uma vez que são coisas distintas. As hipóteses de equiparação estabelecidas no artigo 2º,
parágrafo único, tratam todas de livros (digitais e em braile), textos, atlas, álbuns, impressos, fascículos, etc.,
ou seja, materiais que de certa maneira veiculam informações, o que não se confunde com peças de um jogo
de cartas de estratégia, ou ainda, com o próprio papel destinado à impressão dos livros.

A distinção é deveras importante, pois conforme a Lei n. 10.865 de 2004 os brinquedos ou peças de jogos
de estratégia não são beneficiados com a benesse da alíquota zero para o PIS e a COFINS. Pelo
contrário, a lei estabelece expressamente em seu artigo 8º, § 10º, as alíquotas de PIS e COFINS-Importação
para os papéis destinados à impressão de periódicos.

As leis n. 10.833 de 2003, n. 10.637 de 2002, fixam as alíquotas do PIS e da COFINS incidentes sobre a
receita bruta da venda de papéis constitucionalmente imunes destinados à impressão de periódicos (ambas no
art. 2º, § 2º).

Em todas as hipóteses, os parágrafos mencionados excetuam tais papéis da regra do caput de seus respectivos
artigos, estabelecendo alíquotas reduzidas – mas ainda assim há oneração.

Vale lembrar, que a Lei n. 10.865 de 2004 em seu artigo 28, incisos I e II, fixa a alíquota zero para as
contribuições do PIS e da COFINS sobre a receita bruta decorrente da venda, no mercado interno, de papel
destinado à impressão de jornais e de determinados tipos de papéis destinados à impressão de periódicos.

Logo, nas demais hipóteses há a incidência da regra geral.

Em outras palavras, a desoneração estabelecida pela lei n. 10.865 de 2004 não alcança a totalidade dos
papéis, e quando o legislador desonerou a receita decorrente da venda de determinados papéis, o fez
expressamente.

Percebe-se, portanto, que a receita da venda do papel para a impressão de livros em geral sofre a tributação
do PIS e da COFINS, de maneira que não há qualquer razão lógica a permitir a aplicação do artigo 28, inciso
VI, da Lei n. 10.865 de 2004, aos álbuns e cards.

Em outras palavras, se a receita da venda do papel para a impressão de livros em geral sofre a tributação do
PIS e da COFINS, sobre a receita da venda e livros digitais também incide sobre álbuns e os cards da série de
literatura “Magic The Gathering”.

Portanto, a imunidade reconhecida pelo STF, cujas razões da decisão adoto como razões para decidir,
abrange somente o II e IPI, mas não concede isenção ou diminuição de alíquota ao PIS e a COFINS.

Por fim, não se pode deixar de mencionar que os documentos juntados não demonstram que os
produtos importados foram álbuns e cards da série de literatura “Magic The Gathering” (ids.
8831011-8831012).

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Número do documento: 18070514570022500000008702775
Decisão

1. Diante do exposto, DEFIRO PARCIALMENTE O PEDIDO LIMINAR. Defiro para suspender a


exigibilidade do II e IPI sobre a importação de livros, álbuns e cards da série “Magic The Gathering”,
referentes à Invoice n. 028368 e MAWB n. 247-90030135. Indefiro quanto à isenção ou diminuição de
alíquota do PIS e da COFINS, bem como de desembaraço dos produtos sem a exigência dessas contribuições.

2. Notifique-se a autoridade impetrada para prestar informações no prazo legal.

3. Dê-se ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe copia
da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito.

4. Após, vista ao Ministério Público Federal e, na sequência, conclusos para sentença.

Intime-se.

São Paulo, 05 de julho de 2018.

REGILENA EMY FUKUI BOLOGNESI

Juíza Federal

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