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FACULDADE DE TECNOLOGIA
Notas de Aula
ST304 - MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I
FT / UNICAMP
3 - AGLOMERANTES
Rogério Durante
Luísa A. G. Barbosa
Limeira-SP / 2009
2 Materiais de Construção I
3- AGLOMERANTES
Aglomerantes são materiais, geralmente pulverulentos, que misturados à água, formam uma pasta
capaz de endurecer por secagem ou em decorrência de reações químicas. Os aglomerantes são
capazes de ligar os agregados, formando um corpo sólido e coeso.
Aglomerantes Aéreos
São aqueles cujos produtos de hidratação não resistem à ação da água, como é o caso da cal aérea
e do gesso.
Aglomerantes Hidráulicos
São aqueles cujas reações químicas com a água de amassamento, provocam o endurecimento.
Estes aglomerantes formam um produto resistente à água. Entre eles estão o cimento portland, de
uso bastante difundido, e a cal hidráulica.
Registros históricos indicam que a argila tenha sido o primeiro aglomerante mineral utilizado pelo
homem na construção de suas edificações. Apesar de ser quimicamente inativa, a argila endurece
em conseqüência da evaporação da água de amassamento, chegando a atingir alguma resistência
mecânica. Contudo, depois de endurecida, em contato com umidade, a argila torna-se instável.
A propriedade aglomerante da argila é devida a presença de silicatos e aluminatos. Tanto as argilas,
como as rochas, são constituídas basicamente de 6 óxidos:
Sílica SiO2
Alumina Al2O3
Cal CaO
Magnésia MgO
Na composição das argilas e rochas podem existir outros óxidos, porém, em menor quantidade na
condição de impurezas. As argilas são silicatos de alumínio hidratados complexos ou compostos de
sílica e alumina. A sílica pode ser encontrada na natureza como rocha de quartzo, areia silicosa,
arenito o quartzito. A alumina constitui o mineral bauxita, de onde é extraída para a fabricação do
alumínio.
Alguns vestígios da aplicação da argila como aglomerante no assentamento de pedras ou tijolos de
barro cozido, datam dos tempos dos assírios e babilônios e ainda hoje, em localidades afastadas dos
grandes centros a argila é utilizada para assentamento de tijolos, vedação de construções e produção
de tijolos secos ao sol (adobe).
Materiais de Construção I 3
A descoberta dos aglomerantes quimicamente ativos pode ter sido acidental, por aquecimento de
rochas calcárias ou gipsíferas ao redor de fogueiras; em seguida, a hidratação do material calcinado
resultaria uma pasta aglomerante. O gesso, por exemplo, foi encontrado em algumas edificações
egípcias; a cal foi empregada em construções egípcias, gregas, etruscas e romanas, havendo
registros de sua utilização em 2700 a.C. na pirâmide de Quéops. As pozolanas (solos ou cinzas
vulcânicas) eram usadas por gregos e romanos em argamassas de cal e areia, para aumentar sua
resistência mecânica.
A cal é um aglomerante aéreo utilizado em diversos seguimentos como: construção civil, siderurgia,
metalurgia, papel e celulose, tratamento de água e efluentes industriais, fabricação de vidro, açúcar,
tintas, graxas, aplicações botânicas, medicinais e veterinárias.
3.1.1- FABRICAÇÃO
A cal é produzida a partir de rochas calcárias com elevados teores de carbonato de cálcio, como é o
caso da calcita (CaCO3) e da dolomita (CaCO3 . MgCO3). Entre as impurezas encontradas nestas
rochas encontram-se: quartzo, silicatos argilosos, óxidos metálicos de ferro e manganês, matéria
orgânica, fosfatos, sulfetos, sulfatos, fluoretos e brucita.
2 LANÇAS DE COMBUSTÍVEL
3 ZONA DE RESFRIAMENTO
FASE 2 - Alimentação de calcário e
4 ZONA DE CALCINAÇÃO
descarga de cal
5 ZONA DE RESFRIAMENTO
6 DESCARGA
FASE 3 - Combustão na Cuba B 7 COMPRESSOR - AR DE RESFRIAMENTO
8 COMPRESSOR - AR E COMBUSTÍVE
Após a britagem e classificação da matéria-prima passa por uma moagem e é conduzida ao forno de
calcinação.
CALCITA CALCINAÇÃO CAL VIRGEM + ANIDRO CARBÔNICO
O processo de hidratação da cal virgem, também conhecido como extinção da cal, pode ser expresso
pela equação seguinte:
Da hidratação da cal virgem, obtêm-se a cal hidratada (hidróxido de cálcio) que é utilizado como
aglomerante em argamassas para assentamento de blocos ou revestimento de paredes. Isto porque,
na argamassa fresca, uma recombinação dos hidróxidos (Ca(OH)2) com o gás carbônico, presente na
atmosfera, promove a formação de cristais de carbonato de cálcio (CaCO3) e o endurecimento da
argamassa que acaba por ligar os agregados a ela incorporados.
3.1.2- CLASSIFICAÇÃO
Quanto à composição química a cal pode ser classificada como cálcica ou magnmesiana.
Para qualquer caso a soma dos óxidos (CaO + MgO) deve ser maior que 88% da amostra.
A Norma NBR 7175:2003 (Cal hidratada para argamassas - Requisitos) especifica os requisitos
exigíveis no recebimento de cal hidratada a ser empregada em argamassa para a construção
civil.
Referências normativas:
NBR 6473:2003 (Cal virgem e cal hidratada - Análise química), prescreve os métodos para
as determinações de umidade, perda ao fogo, sílica mais resíduo insolúvel, óxido de
alumínio, óxido férrico, óxido de cálcio total, óxido de magnésio total, anidrido sulfúrico,
anidrido carbônico, óxido de manganês total, anidrido fosfórico e óxido de cálcio
disponível em cal virgem e cal hidratada.
6 Materiais de Construção I
Limites
Compostos
CH I CH II CH III
3.1.3- PROPRIEDADES
DENSIDADE APARENTE
A densidade aparente das cales varia de 0,3 a 0,65, que corresponde à massa aparente de 300 a
650Kg/m3.
PLASTICIDADE
Propriedade que confere fluidez à argamassa, facilitando seu espalhamento. As cales magnesianas
produzem argamassas mais plásticas que as cálcicas.
RETENÇÃO DE ÁGUA
A retenção de água é uma propriedade muito importante, evitando a perda excessiva da água de
amassamento da argamassa, por sucção, para os blocos ou tijolos. É uma medida indireta da
plasticidade da cal, uma vez que cales plásticas têm alta capacidade re retenção de água, embora o
inverso nem sempre seja verdadeiro. Esta propriedade é, também, importante por prolongar o tempo
no estado plástico da argamassa fresca, aumentando a produtividade do pedreiro.
INCORPORAÇÃO DE AREIA
Propriedade que expressa a facilidade da pasta de cal hidratada envolver e recobrir os grãos do
agregado e, conseqüentemente, unindo os mesmos. Cales com alta plasticidade e alta retenção de
água têm maior capacidade de incorporar areia. Comparativamente, o poder de incorporação de
8 Materiais de Construção I
CAPACIDDE DE INCORPORAÇÃO
DE AREIA
CAL HIDRATADA 1:3a4
CIMENTO PORTLAND 1 : 2 a 2,5
ENDURECIMENTO
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
Figura 3 – Relação entre a composição da argamassa e a resistência à compressão
Fonte: R.S. Boynton e K.A. Gutschick
Materiais de Construção I 9
O uso da cal hidratada contribui muito pouco para a resistência à compressão (figura 3) das
argamassas. Isto levou, alguns construtores a substituí-la pelo cimento portland, quando de seu
aparecimento no começo do século e, só mais tarde, com a ocorrência de falhas nestas construções,
verificou-se que a cal hidratada conferia às argamassas outras propriedades além de aglomerante
que, não eram apresentadas pelo cimento Portland.
3.1.4- APLICAÇÕES
Na construção civil, a cal pode ser empregada para:
• Produção de argamassas para assentamento de blocos
• Produção de argamassas para revestimentos
• Misturas solo-cal
• Produção de tijolo silico-cal
• Preparo de tintas alcalinas de alta alvura
• Construção de estradas como elemento de estabilização de solos de baixa capacidade de
suporte e como aditivo de misturas asfálticas,
10 Materiais de Construção I
3.2- GESSO
• trituração
• calcinação (cozimento)
A calcinação da rocha a temperaturas entre 150°C e 250°C, transforma o sulfato de cálcio diidratado
em hemidrato (hemi+hidrato, hidrato que contém meia molécula de água para uma do composto
que forma o hidrato):
material resultante da calcinação é moído, resultando um pó branco e fino, que é, então, ensacado.
Este gesso é conhecido como gesso calcinado ou gesso de estucador e, após misturado a água,
endurece em aproximadamente 20 minutos.
O hemidrato, uma vez misturado à água de amassamento, se dissolve regenerando diidratos (CaSO4
+ 2H2O), cuja cristalização apresenta forma de agulhas alongadas e é responsável pelo
endurecimento e resistência mecânica da pasta de gesso.
Como a quantidade de água tem grande influência no tempo de endurecimento, freqüentemente
amassa-se o gesso com excesso de água (nunca acima de 80%) para que a pasta esteja trabalhável
por um maior tempo.
3.2.1- PROPRIEDADES
PEGA
O tempo de pega é uma das propriedades mais importantes do gesso. Se a pega for muito rápida, o
preparo da pasta fica condicionado a pequenos volumes, reduzindo a produtividade do gesseiro. A
queda de produtividade é acompanhada do aumento de desperdício de material. Em geral, os gessos
nacionais têm início de pega entre 3 e 16 minutos e fim de pega entre 5 e 24 minutos.
Materiais de Construção I 11
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
As pastas de gesso têm resistência à compressão entre 10MPa e 27MPa.
DUREZA
As pastas de gesso têm dureza entre 14MPa e 53MPa.
ADERÊNCIA
As pastas de gesso aderem bem a blocos, pedra e revestimentos argamassados. Em superfícies de
madeira, sua aderência é insatisfatória e apesar de aderir bem ao aço e outros metais, estes acabam
sendo corroídos pelo gesso, tanto mais facilmente quanto maior for a quantidade de água da pasta.
V A L OR E S D A T EN SÃ O D E A R R A N C A MEN T O
Características do Revestimento Tensão de
Relação Espessura Arrancamento CPS
Substrato
Água/gesso Média (mm) à tração (MPa)
3.2.2- NORMATIZAÇÃO
O gesso de construção civil é comercializado em sacos de 40Kg e deve atender aos requisitos e
critérios normatizados (tabela 4) para o gesso de construção segundo a NBR 13207:1994 (Gesso
para construção civil) a qual fixa condições exigíveis para o recebimento do gesso a ser
utilizado em fundição e revestimento.
Referências normativas:
NBR 12127:1991 (Gesso para construção – Determinação das propriedades físicas do pó),
prescreve método para determinação das propriedades físicas do gesso na forma de pó,
denominado granulometria em massa unitária.
12 Materiais de Construção I
R EQU I S ITO S N OR MA L I ZA D O S
MF < 1,10 gesso fino para
revestimento e fundição
Módulo de Finura
NBR 12127:1991
(MF)
MF > 1,10 gesso grosso para
revestimento e fundição
2
Massa Unitária (Kg/m ) <700 NBR 12127:1991
Gesso fino e grosso para
Início revestimento: >10
NBR 12127:1991
(min) Gesso fino e grosso para
Tempo
fundição: 4 – 10
de
Gesso fino e grosso para
Pega
Fim revestimento: >45
(min) Gesso fino e grosso para
fundição: 20 – 45
3.3.CIMENTO PORTLAND
3.3.1. HISTÓRICO
1756 – Na Inglaterra o pesquisador John Smeaton inicia experiências com cales que tinham minerais
argilosos em sua composição na construção do Farol de Eddystone, na costa de Cornwall.
Esta cal provou ser resistente à água nas muralhas construídas sob a água e mais resistente
nas muralhas expostas ao ar. Este produto utilizado por Smeaton ficou conhecido como “cal
d’água”.
1822 – O inglês James Frost patenteou um cimento produzido com duas partes de calcário e uma
parte de argila com o nome de British cement, uma cal hidráulica, sem obter a mesma
popularidade que o cimento Portland alcançaria.
1824 – Na Inglaterra, o pedreiro de Leeds, Joseph Aspdin patenteou o cimento Portland, produzido a
partir da moagem de calcário e argila em meio úmido, seguido de calcinação em fornos
semelhantes aos de calcinação da cal, a temperaturas bem inferiores à necessária a formação
do clínquer e composição distinta dos cimentos Portland atuais. O nome dado a este cimento
foi por causa das semelhanças de cor e qualidade do cimento depois de hidratado com a
pedra de Portland, um calcário extraído de Dorset.
1898 - No Brasil, país pioneiro na fabricação de cimento na América Latina, a Usina Rodovalho
colocou no mercado o cimento Santo Antônio.
14 Materiais de Construção I
3.3.2. FABRICAÇÃO
ARGILA
→ 3CaO. Al2O3 ALUMINATO TRICÁLCIO
SiO2 + Al2O3 + Fe2O3 + H2O 4CaO. Al2O3. Fe2O3 FERRO ALUMINATO TETRACÁLCIO
Materiais de Construção I 15
As proporções destes compostos variam de um cimento para outro e são influenciadas pelo
proporcionamento das matérias-primas.
Na hidratação dos silicatos de cálcio, uma parcela da cal é liberada na forma de hidróxido de cálcio
Ca(OH)2, também chamado de portlandita, constituindo de 20% a 25% do volume de sólidos da pasta
hidratada. Os cristais de portlandita são mais solúveis que as partículas do C-S-H, e sua presença na
pasta reduz a durabilidade a águas ácidas e sulfatadas.
Segundo Mehta, a hidratação do C3S pode produziria 61% de C3S2H3 e 39% de Ca(OH)2 enquanto
que a hidratação do C2S produziria 82% de C3S2H3 e 18% de Ca(OH)2 e disto resulta que cimentos
com maior proporção C2S são mais duráveis em meios ácidos e sulfatados.
Calor de Hidratação
Os compostos presentes no cimento Portland, obtidos no processo de queima a altas temperaturas
(±1450ºC), possuem muita energia em estado latente. Ao entrarem em contato com a água, estes
compostos reagem produzindo compostos hidratados e liberando a energia em forma de calor. Pode-
se dizer que as reações de hidratação do cimento Portland são reações exotérmicas e o calor
liberado nas reações é conhecido como Calor de Hidratação.
Este calor pode ter implicações prejudiciais à estrutura do concreto principalmente em grandes
volumes de mistura, uma vez que o aumento de temperatura provocado pelo calor de hidratação, nas
primeiras horas, provoca variações volumétricas e, conseqüentemente, tensões internas na pasta
ainda pouco hidratada.
Em ambientes frios, onde as temperaturas são mais baixas, a hidratação dos compostos do cimento
Portland é mais lenta e o calor de hidratação contribui acelerando o processo de hidratação.
Enrijecimento
Após a adição da água à mistura de cimento Portland (pasta, argamassa ou concreto) iniciam-se
reações de hidratação e aos poucos a mistura vai perdendo a consistência plástica até chegar ao
estado de enrijecimento. O enrijecimento ocorre devido à perda de água livre por evaporação ou por
Materiais de Construção I 19
absorção dos agregados e pela perda de água durante a hidratação dos compostos do cimento
Portland. O calor de hidratação acelera a perda de água livre por evaporação.
Tempo de Pega
Defini-se como pega, o tempo contado a partir da adição da água na pasta de cimento Portland e o
momento em que ocorre a solidificação da pasta. O fenômeno de solidificação da pasta, ou melhor, a
pega, assim como a hidratação dos compostos do cimento, não é um processo repentino sendo o
tempo de pega definido em dois momentos distintos:
Finura do Cimento
A finura do cimento influencia na sua reação com a água, e quanto mais fino o cimento mais rápido
ele reagirá e maior será a resistência à compressão, principalmente nos primeiros dias. Quanto maior
finura menor a exsudação, maior a impermeabilidade e a trabalhabilidade da pasta. Contudo, a finura
aumenta o calor de hidratação e a retração, tornando os concretos mais sensíveis à fissuração. A
20 Materiais de Construção I
finura é aumentada através de uma moagem mais intensa, porém, o custo de moagem e o calor de
hidratação, determinam limites para a finura do cimento.
Os ensaios para a avaliação da finura do cimento podem ser complexos e onerosos, como é o caso
dos ensaios de sedimentação, difratometria por laser, etc. . Esta avaliação pode ser obtida
conhecendo-se algumas características dos ramos inferiores e superiores da amostra. Para isto,
utilizam-se dois ensaios: peneiramento através da peneira ABNT 75µm (0,075mm) e área específica.
A Norma NBR 11579:1991 (Cimento Portland - Determinação da finura por meio da peneira
75 micrômetros (número 200)), prescreve método de ensaio para determinação da finura
de cimento portland com o emprego da peneira 75 micrômetros (número 200), pelos
procedimentos manual e mecânico. É determinada a porcentagem, em massa, de
cimento cujas dimensões de grãos são superiores a 75 micrômetros (fração retida).
A Norma NBR NM 76:1998 (Cimento Portland - Determinação da finura pelo método de
permeabilidade ao ar (Método de Blaine)), especifica (superfície referida à massa) é
medida pela comparação com uma amostra de cimento de referência através do método
de permeabilidade ao ar (método de Blaine). A determinação da superfície específica
serve principalmente para checar a uniformidade do processo de moagem de uma
fábrica. Este método somente permite uma determinação limitada das propriedades do
cimento em uso. O método de permeabilidade ao ar pode não fornecer resultados
significativos para cimentos contendo materiais ultrafinos.
Resistência à Compressão
A resistência à compressão do cimento Portland é medida através da ruptura de corpos de prova
cilíndricos Ø 50 mm x 100 mm, com traços normalizados com o uso de areia padrão IPT. A Norma
NBR 7215:1996 (Cimento Portland - Determinação da resistência à compressão), especifica
método de determinação da resistência à compressão de cimento Portland. Os cimentos,
de acordo com sua composição e finura têm curvas Resistência x Idade distintas, que determinam
seu emprego em determinados serviços.
3.3.5. ADIÇÕES
Após o resfriamento, o clínquer é moído em partículas menores que 75µm de diâmetro. Na fase de
moagem, o cimento Portland recebe algumas adições, que permitem a produção de diversos tipos de
cimentos disponíveis no mercado.
O gesso é adicionado ao cimento com o objetivo de controlar o tempo de pega do cimento. Sem sua
adição, o cimento endureceria muito rapidamente, uma vez misturado à água de amassamento,
inviabilizando sua utilização. Esta é razão do gesso ser adicionado a todos os tipos cimento Portland,
em geral na proporção de 3% de gesso para 97% de clínquer.
As escórias de alto-forno, obtidas durante a produção do ferro-gusa, têm propriedade de ligante
hidráulico muito resistente, reagindo em presença da água, com características aglomerantes muito
semelhante à do clínquer. Adicionada à moagem do clínquer e gesso, em proporções adequadas, a
escória de alto-forno melhora algumas propriedades do cimento, como a durabilidade e a resistência
final.
Os materiais pozolânicos são rochas vulcânicas ou matérias orgânicas fossilizadas encontradas na
natureza, algumas argilas queimadas em temperaturas elevadas (500 a 900ºC) e derivados da
queima de carvão mineral. Quando pulverizados em partículas muito finas, os materiais pozolânicos
apresentam a propriedade de ligante hidráulico, porém um pouco distinta das escórias de alto-forno.
É que as reações de endurecimento só ocorrem, além da água, na presença do clínquer, que em sua
hidratação libera hidróxido de cálcio (Cal) que reage com a pozolana. O cimento enriquecido com
pozolana adquire maior impermeabilidade.
Os materiais carbonáticos são rochas moídas, que apresentam carbonato de cálcio em sua
constituição tais como o próprio calcário. Tal adição torna os concretos e argamassas mais
trabalháveis e quando presentes no cimento são conhecidos como fíler calcário.
O Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI) tem a propriedade de atingir altas
resistências já nos primeiros dias após a aplicação. Isto é possível pela utilização de uma dosagem
específica de calcário e argila na produção do clínquer, além de uma moagem mais fina para que o
cimento, ao reagir com a água, adquira elevadas resistências com maior velocidade. A Norma NBR
Materiais de Construção I 23
Composição (% de massa)
Tipo de Cimento Clínquer Escória de Material Material Norma
Portland Sigla + Alto-Forno Pozolânico Carbonático ABNT
Gesso (E) (Z) (F)
CPI 100 -
COMUM NBR5732
CPI-S 99 - 95 1-5
CPII-E 94 - 56 6 - 34 0 - 10
COMPOSTO CPII-Z 94 - 76 - 6 - 14 0 - 10 NBR11578
CPII-F 94 - 90 - - 6 - 10
ALTO-FORNO CPIII 65 - 25 35 - 70 - 0-5 NBR5735
POZOLÂNICO CPIV 85 - 45 - 15 - 50 0-5 NBR5736
ALTA
RESISTÊNCIA CPV- ARI 100 - 95 - - 0-5 NBR5733
INICIAL
até 260J/g e até 300J/g aos 3 dias e 7 dias, respectivamente, podendo ser qualquer um dos 5 tipos
básicos.
O cimento Portland branco é obtido através de matérias-primas com baixos teores de óxidos de ferro
e manganês, além de condições especiais de fabricação, principalmente durante o resfriamento e a
moagem. A Norma NBR 12989:1993 (Cimento Portland branco), fixa condições exigíveis para
o recebimento dos cimentos Portland brancos. Segundo esta norma o cimento Portland
branco é classificado conforme a tabela 10.
O cimento para poços petrolíferos é um tipo de cimento Portland bastante específico, utilizado na
cimentação de poços petrolíferos. Sua composição é constituída de clínquer e gesso para retardar o
tempo de pega e em sua fabricação são tomadas precauções especiais para garantir a plasticidade
em condições ambientes de elevadas pressões e temperaturas. A Norma NBR 9831:2006 (Cimento
Portland destinado à cimentação de poços petrolíferos - Requisitos e métodos de ensaio),
estabelece os requisitos físicos e químicos necessários para classificação e aceitação do
cimento Portland utilizado na cimentação de poços petrolíferos, designado por CPP -
classe G de alta resistência a sulfato (ARS) - e CPP - classe especial de moderada
resistência a sulfato (MRS). Estabelece os procedimentos de extração e preparação de
amostras do cimento Portland utilizado na cimentação de poços petrolíferos e os ensaios
a serem realizados com pasta pura.
São cimentos que possuem alta resistência a sulfatos, propiciando aplicações dos concretos em
ambientes naturais de elevada agressividade (possuem C3A < 3,0 %); além de alta resistência às
reações álcalis-agregado sendo resistentes a solos e agentes agressivos tais como sulfatos, cloretos
e meios semi-ácidos. A granulometria especialmente preparada para assegurar altíssima coesão e o
Materiais de Construção I 25
baixo calor de hidratação propiciam aos concretos elevadas resistências mecânicas e baixas
porosidade, permeabilidade e retração.
Este cimento é designado para aplicações em concreto projetado de túneis, primeira camada de
estabilização de túneis em solos, revestimento primário ou revestimento único de túneis em rochas,
revestimento secundário ou acabamento final, reparo ou reabilitação de estruturas de concreto
armado, estabilização de taludes e maciços e obras diversas em concreto projetado.
Os quadros a seguir mostram as exigências físicas e químicas dos diferentes tipos de cimentos:
Tipo de
Resíduos Perda ao Fogo
Cimento MgO (%) SO3 (%) CO2 (%) S (%)
Insolúveis (%) (%)
Portland
(1)
CP III ≤ 1,5 ≤ 4,5 - ≤ 4,0 ≤ 3,0 ≤ 1,0
(2) (3)
CP IV ≤ 4,5 ≤ 6,5 ≤ 4,0 ≤ 3,0 -
≤ 3,0
CP V-ARI ≤ 1,0 ≤ 4,5 ≤ 6,5 ≤ 3,0 -
(4)
≤ 4,5
O cimento é um produto perecível que em contato com umidade endurece perdendo suas
propriedades antes do uso. Alguns cuidados no recebimento e estocagem do material são essenciais
para a garantir concretos e argamassas de boa qualidade.
O cimento é comercializado a granel, para usinas de concreto, fábricas de pré-moldados e grandes
obras; no varejo, é fornecido em embalagens (papel Kraft) de 50Kg. Estas embalagens não podem
estar furadas, rasgadas ou molhadas e devem trazer o nome do fabricante, o tipo do cimento, a sigla,
a massa líquida do saco e o selo de conformidade da ABCP (Associação Brasileira de Cimento
Portland). Após o ensacamento, o prazo de validade do cimento é de 90 dias e na obra o cimento não
deve ser entocado por um período maior que 30 dias.
BIBLIOGRAFIA
1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Agregados para concreto, São Paulo, 1995.
2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Guia básico de utilização do cimento
Portland, São Paulo, 1997.
3. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Armazenamento de cimento ensacado, São
Paulo.
4. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Manual de ensaios de: agregados, concreto
fresco e concreto endurecido, São Paulo, 2000.
5. BAUER, L.A. - Materiais de Construção 1. 3ª ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Ltda.,
1988.
6. CENTRO DE TECNOLOGIA DE EDIFICAÇÕES - Qualidade na Aquisição de Materiais e Execução de
Obras. São Paulo: Editora Pini, 1996.
7. GUIMARÃES, José E. P. - A cal. São Paulo: Editora Pini, 1997.
8. MEHTA, Povindar Kumar – Concreto: estrutura, propriedades e materiais. São Paulo: Editora Pini, 1994.
9. PETRUCCI, Eládio G. R. - Materiais de Construção. 11ª ed. São Paulo: Editora Globo, 1998.
10. PFEIL, Walter. - Estruturas de Madeira. 5ª ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Ltda., 1989.
11. RIPPER, Ernesto - Manual Prático de Materiais de Construção. São Paulo: Editora Pini, 1995.
30 Materiais de Construção I
ENSAIOS
NBR 11579:1991
CIMENTO PORTLAND – DETERMINAÇÃO DA FINURA
POR MEIO DA PENEIRA 75 µm (nº 200)
1. Método de ensaio
Determinação de finura do cimento Portland com o emprego da peneira nº 200, pelos
procedimentos manual e mecânico. É determinada a porcentagem, em massa, de cimento cujas
dimensões de grãos são superiores 75 µm (fração retida).
2. Amostra
50 ± 0,05 g de cimento Portland.
3. Equipamentos e materiais
- Balança, deve apresentar resolução de 0,01 g.
- Conjunto de peneiramento, peneira 75 µm, fundo e tampa.
- Dois Pinceis, um de tamanho médio 30 mm a 35 mm, e outro pequeno de 5 mm a 6 mm.
- Bastão de PVC, 250 mm de comprimento e 20 mm de diâmetro para auxiliar na remoção de
material fino aderido a peneira.
- Cronômetro;
- Vidro relógio.
4. Procedimentos
5. Cálculos
Calcular o índice de finura do cimento pela expressão:
Onde:
F: índice de finura do cimento, em porcentagem;
R: resíduo do cimento na peneira 75µm, em (g);
R.C
F= ×100 M: massa inicial do cimento, 50g;
M
C: fator de correção da peneira utilizada no ensaio, determinado de acordo com
o disposto na NBRNM-ISO 3310-1, devendo estar no intervalo de 1,00 ± 0,20;
(utilizar 1,00 se desconhecer o fator de correção da peneira utilizada).
A finura do cimento é caracterizada pelo índice de finura, que é o material retido na peneira
75µm, expresso em porcentagem de massa, calculado até os décimos. O resultado do ensaio é o
valor obtido em uma única determinação.
Repetitividade: ≤ 0,4%
Diferença entre dois resultados da mesma amostra
Reprodutibilidade: ≤ 0,8%
NBR NM 23:2001
CIMENTO PORTLAND E OUTROS MATERIAIS EM PÓ –
DETERMINAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA
1. Método de ensaio
Determinação da densidade da massa especifica do cimento e de outros materiais em pó,
como, gesso, cal, etc., empregando o frasco volumético de Le Chatelier.
O Conhecimento dessa grandeza permite detectar a existência de material inerte no cimento,
pois sendo sua massa especifica superior a 3,0 e a do agregado da ordem de 2,6 a 2,7, um valor da
massa especifica inferior a 3,05 indica um cimento adulterado, mal cozido, ou ainda parcialmente
hidratado.
2. Amostras
Utilizar uma massa conhecida do material em ensaio, com aproximação de 0,01 g, que
provoque o deslocamento do líquido no intervalo compreendido entre as marcas de 18 cm3 e 24 cm3,
da escala graduada do frasco de “Lê Chatelier”. No caso de ensaio de cimento portland a massa
necessária é de 60 g, e no caso de ensaio da cal a massa necessária é de 50 g.
3. Principais equipamentos/materiais
- Balança, com resolução de 0,01 g;
- Recipiente, capaz de conter o material, cuja a massa será determinada;
- Funis com gargalo curto e longo;
- Banho termorregulador, deve conter a altura suficiente para conter os frascos volumétricos
submersos até a marca de 24 cm 3;
- Reagentes, um líquido que não reaja quimicamente com o cimento e que tenha a densidade
igual ou superior a 0,731 g/cm3 a 15 ° C.(Xileno ou querosene);
- Frasco volumétrico de Le Chatelier de vidro borossilicato com capacidade de 250cm3;
- Termômetro com resolução igual ou superior a 0,5°C.
Materiais de Construção I 33
4. Procedimento
- Colocar o líquido ( xileno ou querosene) até um ponto entre as marcas 0 e 1 cm3;
- Seca-se a parte interior do frasco Le Chatelier acima do nível do líquido;
- Submerge-se o frasco no banho termorregulador durante, aproximadamente 30 min para a
equalização das temperaturas. A temperatura da água deve ser constante e
aproximadamente igual à do ambiente.
Figura 10 - Tubo de Le Chatelier com querosene Figura 11 - Tubo de Le chatelier com a amostra
4. Resultados.
A massa específica do material deve ser calculada pela fórmula:
m
ρ=
V
onde:
ρ : é a massa específica do material ensaiado, em gramas g/cm³;
m: é a massa do material ensaiado, em gramas (60g para o cimento e 50g para o cal);
V : é o volume deslocado pela massa do material ensaiado (V’2 – V’1), em cm³.
NBR NM 43:2003
CIMENTO PORTLAND – DETERMINAÇÃO DA PASTA DE
CONSISTÊNCIA NORMAL
1. Definição
Determinação da quantidade de água, em porcentagem, que confere consistência normal à pasta de
cimento portland. Pasta de consistência normal é a pasta na qual a sonda de Tetmajer penetra uma
distância de (6±1) mm da placa base.
2. Equipamentos e Materiais
- Água destilada, deve ser medida com exatidão de 0,5 g e a quantidade deve ser
determinadas por tentativas;
- Cimento Portland (500 ± 0,5)g
- Balança, com resolução de 0,1 g e capacidade mínima de 1000 g;
- Misturador mecânico, com cuba de aproximadamente 5 dm3;
- Espátula;
- Régua metática;
- Cronômetro;
- Aparelho de Vicat, preparado para utilização da sonda de Tetmajer (∅ 10,00±0,05mm);
Figura 12 – Vista lateral do aparelho de Vicat Figura 13 – Vista frontal do aparelho de Vicat,
com a sonda de Tetmajer, para determinação da com a agulha de Vicat, para determinação do
consistência da pasta de cimento. tempo de pega.
Fonte: ABNT NBR NM 43:2003 Fonte: ABNT NBR NM 43:2003
(A) Suporte;
(B) Haste móvel;
(C) Sonda de Tetmajer, corretamente instalada e o ponteiro indicador na posição zero quando a
sonda estiver em contato com a placa base; idem para a Agulha de Vicat;
(D) Agulha de Vicat;
(E) Parafuso fixador da haste;
(I) Ponteiro indicador;
(F) Escala graduada em milímetros;
(G) Molde tronco-cônico, com diâmetro maior de (80 ± 5) mm, diâmetro menor de (70 ± 5) mm e
altura de (40 ± 0,2) mm, sobre uma base (placa rígida plana);
(H) Placa rígida plana.
Obs.: O conjunto formado por haste móvel, agulha, ponteiro indicador e sonda deve ter massa total
de (300 ± 1) g;
36 Materiais de Construção I
3. Condições ambientais
O laboratório deve ser mantido à temperatura de (20±2)ºC e umidade relativa maior que 50%.
Em regiões de clima quente, a temperatura pode ser mantida no intervalo de (23±2)ºC, (25±2)ºC ou
(27±2)ºC, porém deve ser registrada no relatório do ensaio.
5. Determinação da consistência
Imediatamente após a mistura, com auxilio de uma espátula, encher o molde rapidamente
com a pasta preparada. A operação de enchimento do molde pode ser facilitada sacudindo-o
suavemente. Em seguida, proceder à rasadura do topo do molde, removendo o excesso com uma
régua metálica, fazendo movimentos de vaivém sem comprimir a pasta.
Colocar o molde sob o aparelho de Vicat, centrar o molde sob a haste descendo-a até ficar
em contato com a superfície da pasta e fixá-la nesta posição por meio do parafuso. Após 45s do
termino da mistura, soltar a haste e após 30s fazer a leitura na escala graduada. Não é permitido
fazer mais de uma sondagem na mesma pasta. A pasta é considerada como tendo consistência
normal quando a sonda se situar a uma distância de (6±1) mm da placa base.
Enquanto não obtiver esse resultado, preparam-se diversas pastas, variando a quantidade de
água e utilizando nova porção de cimento em cada tentativa.
6. Resultados.
Calcular a porcentagem de água (A) necessária à obtenção da consistência normal da pasta
de cimento, utilizando a fórmula:
ma
A= × 100
mc
Expressar o resultado em porcentagem, arredondando ao décimo mais próximo.
Repetitividade: ≤ 0,6%
Diferença entre dois resultados da mesma amostra
Reprodutibilidade: ≤ 1,0%
Tentativas
Umidade
NBR NM 65:2003
CIMENTO PORTLAND – DETERMINAÇÃO DO TEMPO DE
PEGA
1. Definição
O fenômeno da pega do cimento compreende a evolução das propriedades mecânicas da
pasta de cimento do inicio do processo de endurecimento, propriedades essênciais físicas,
conseqüente, entretanto de um processo químico de hidratação. É um fenômeno artificialmente
definido como o momento em que a pasta adquire certa consistência que a torna imprópria a ser
trabalhada.
Tempo de início de pega é, em condições de ensaio normalizadas, o intervalo de tempo
transcorrido desde a adição de água ao cimento até o momento em que a agulha de Vicat
correspondente penetra na pasta até uma distância de (4 ± 1) mm da placa base.
Tempo de fim de pega é, em condições de ensaio normalizadas, o intervalo de tempo
transcorrido desde a adição de água ao cimento até o momento em que a agulha de Vicat penetra 0,5
mm na pasta.
2. Equipamentos / materiais
- Água destilada, deve ser medida com exatidão de 0,5 g e a quantidade deve ser
aquela na qual se determinou a pasta de consistência normal;
- Cimento Portland (500 ± 0,5)g
- Balança, com resolução de 0,1 g e capacidade mínima de 1000 g;
- Misturador mecânico, com cuba de aproximadamente 5 dm3;
- Espátula;
- Régua metática;
- Cronômetro;
- Aparelho de Vicat, preparado para utilização da Agulha correspondente ao tempo de pega
que se deseja determinar (ver figura 12, 13, 14 e 15);
3. Condições ambientais
De acordo com a NBR NM 43
7. Resultados
O resultado de tempo de início de pega, expresso em horas e minutos, com uma aproximação
de 5 min, é o valor obtido em uma única determinação. O mesmo critério se aplica ao resultado do
tempo de fim de pega, com aproximação de 15 min.
Repetitividade: ≤ 30 min
Diferença entre dois resultados da mesma amostra
Reprodutibilidade: ≤ 60 min
Identificação da amostra:
Data/Hora da mistura: Temperatura: Umidade:
Temperatura da Câmara Úmida Umidade da Câmara Úmida:
Tempo Tempo
Data/Hora Distância Data/Hora Penetração da
decorrido decorrido
hh:mm agulha / base hh:mm Agulha
hh:mm hh:mm
Observações:
40 Materiais de Construção I
NBR 11582:1991
CIMENTO PORTLAND – DETERMINAÇÃO DA
EXPANSIBILIDADE DE LE CHATELIER
1. Definição
Esta norma prescreve o método de determinação das expansibilidades a quente e a frio da pasta de
cimento.
2. Equipamentos e materiais
- Espátula;
- Água necessária para consistência normal, de acordo com NBR NM 43;
- Cimento Portland (500 ± 0,5)g
- Régua milimetrada com divisão de 0,5 mm (paquímetro);
- Óleo mineral, para untar;
- Agulha de Le Chatelier, constitui em um cilindro de 30 mm de diâmetro com 30 mm de
altura, em chapa de latão de 0,5 mm de espessura, com hastes de 150 mm de comprimento
do mesmo material;
- Placas de vidros, quadradas com 5 cm lado.
3. Condições do ambiente
A temperatura do ar na sala de ensaios, bem como a da aparelhagem e dos materiais, exceto
a da água, pode variar de (24 ±4) º C
A temperatura da água de amassamento deve ser (23±2)º C. A umidade relativa do ar
ambiente não deve ser inferior a 50%.
Materiais de Construção I 41
4. Preparação da Pasta
Preparar uma pasta com 500g de cimento e água necessária para a consistência normal, de
acordo com a NBR NM 43.
6. Cura Inicial
Logo após a moldagem, o conjunto todo (agulha, corpo-de-prova, placas de vidro e
contrapeso) deve ser imerso em tanque de água potável, mantida a temperatura de (23 ± 2)°C,
durante (20 ± 4)h.
7. Cura a Frio
Terminado o período de cura inicial, retirar as placas de vidro e colocar as agulhas de “Le
Chatelier” (três) no tanque de água a (23 ± 2)°C, durante seis dias, em posição tal, que as
extremidades de suas hastes fiquem fora da água
8. Cura a quente
Terminado o período de cura inicial, retirar as placas de vidro e colocar as agulhas de “Le
Chatelier” (três) no tanque de água a (23 ± 2)°C, em posição tal, que as extremidades de suas hastes
fiquem fora da água. Procede-se o aquecimento progressivo da água até a ebulição que deve
começar entre 15 min e 30 min. A ação da água quente deve durar 5h ou mais, de acordo com o que
se especifica em 9.2.
9. Resultados
9.1 Expansibilidade a frio
Os afastamentos das extremidades das agulhas, em milímetros, devem ser medidos como se
indica a seguir:
a) logo após a moldagem dos corpos-de-prova;
b) após sete dias consecutivos em água (23±2)°C.
c) de duas em duas horas, até que não se verifiquem, em duas medições consecutivas,
variações de afastamento das extremidades das hastes.
Repetitividade: ≤ 1,0 mm
Diferença entre dois resultados da mesma amostra
Reprodutibilidade: ≤ 1,5 mm
Identificação da amostra:
Antes do
1º dia(1)
aquecimento
2º dia após 3h
3º dia após 5h
4º dia após 7h
5º dia após 9h
NBR 7215:1996
CIMENTO PORTLAND – DETERMINAÇÃO DA
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
1. Definição
Esta Norma especifica o método de determinação da resistência à compressão de cimento
Portland. O método compreende a determinação da resistência à compressão de corpos-de-prova
cilíndricos de 50 mm de diâmetro e 100 mm de altura.
Os corpos-de-prova são elaborados com argamassa composta de uma parte de cimento, três
de areia normal, e com relação água/cimento de 0,48.
2. Materiais / equipamentos
- Cimento Portland (624 ± 0,4)g.
- Areia normal, (468 ± 0,3)g de cada fração: grossa(1,2mm), média grossa (0,6mm), média
fina (0,3mm) e fina (0,15mm), totalizando 1872g. A Norma NBR 7214:1982 (Areia normal
para ensaio de cimento), fixa as condições exigíveis da areia destinada à execução do
ensaio da resistência à compressão de cimento Portland.
- Água, potável na temperatura de (23 ± 2)°C, (300 ± 0,2)g;
- Óleo mineral, para untar as formas.
- Cera de abelha, para vedação das formas.
- Material para capeamento, fundido de enxofre com caulim, pozolanas, quartzo em pó ou
outras substâncias, em proporções tais que não interfiram no resultado do ensaio. A
temperatura de aplicação do material de capeamento fundido deve ser de (136±7)ºC.
- Balança, com resolução de 0,1 g.
- Molde, em forma cilíndrica com base rosqueada, diâmetro interno de 50 ± 0,1 mm e altura
de 100 ± 0,2 mm (figura 19).
- Placas de vidros, quadradas com 5 cm de lado (figura 19).
- Soquete, deve ser material não corrosivo (figura 19).
- Espátulas metálicas de 25 mm de largura e 200 de comprimento (figura 19).
Figura 18 - Conjunto de materiais para a Figura 19 - Conjunto para moldagem dos corpos-
preparação da argamassa de-prova
44 Materiais de Construção I
- Paquímetro, capaz de medir espessuras de 200 mm, para medir o índice de consistência da
argamassa.
- Régua metálica não flexível, com aproximadamente 200 mm de comprimento de 1mm a 2
mm de espessura.
Figura 22 - Câmara úmida com tanque de água Figura 23 - Capela com exaustão e fogão
3. Condições do ambiente
A temperatura do ar na sala de ensaios, bem como a da aparelhagem e dos materiais, exceto
a da água, deve ser de (24 ±4)º C. A temperatura da água de amassamento deve ser (23±2)º C. A
umidade relativa do ar ambiente não deve ser inferior a 50%.
As condições da câmara úmida (figura 22) onde se conservam os corpos-de-prova até a idade
de ruptura devem atender as prescrições da NBR 9479:2006 (Argamassa e concreto - Câmaras
úmidas e tanques para cura de corpos-de-prova), que estabelece os requisitos exigíveis para
câmaras úmidas e tanques de cura utilizados nos ensaios de argamassa e concreto.
Materiais de Construção I 45
4. Procedimento
4.1 Preparo dos moldes
Para garantia da estanqueidade, antes de fechar a fenda do molde, passar uma leve camada
do material para vedação, na superfície lateral externa da forma, ao longo de toda extensão da fenda
vertical, apertando-se o dispositivo de fechamento. Em seguida, no caso de forma não rosqueada,
fixar esta sobre a base, utilizando um cordão deste material para também garantir a estanqueidade.
Em seguida, untar toda a superfície interna e o fundo da forma com uma leve camada de óleo.
5. Resultados
5.1 Resistência individual
Calcular a resistência à compressão, em megapascals, (1 kgf/cm2 = 0,09807 MPa), de cada
corpo-de-prova, dividindo a carga da ruptura pela área da seção do corpo-de-prova.
5.2 Resistência média
Calcular a média das resistências individuais, em megapascals, dos quatro corpos-de-prova
ensaiados na mesma idade. O resultado deve ser arredondado ao décimo mais próximo.
5.3 Desvio relativo máximo
Calcular o desvio relativo máximo da série de quatro resultados, dividindo o valor absoluto da
diferença entre a resistência média e a resistência individual que mais se afaste desta média, para
mais ou para menos, pela resistência média e multiplicando este quociente por 100.
5.4 Expressão dos resultados
O certificado do ensaio deve conter as quatro resistências individuais, a resistência média e o
desvio relativo máximo, em cada idade.
Quando o desvio relativo máximo for superior a 6%, calcular uma nova média,
desconsiderando o valor discrepante, identificando-o no certificado com um asterisco. Persistindo o
fato, eliminar os corpos-de-prova de todas as idades, devendo o ensaio ser totalmente refeito.
Materiais de Construção I 47
Tipo de Cimento:
Data e Hora da Mistura:
(1) Utilizado Quando o Desvio Relativo Máximo for superior a 6%. O CP com maior
desvio é excluído da nova média e identificado com um asterisco.
Esta apostila foi atualizada, em função das atualizações das Normas ABNT trabalhadas nesta apostila até
a presente data (julho/2009), por Antonio Carlos Reginaldo, Tecnólogo em Construção Civil, do
Laboratório de Materiais de Construção Civil da Faculdade de Tecnologia – FT da Universidade Estadual
de Campinas - UNICAMP.
BIBLIOGRAFIA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Agregados para concreto, São Paulo, 1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Guia básico de utilização do cimento
Portland, São Paulo, 1997.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Armazenamento de cimento ensacado, São
Paulo.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Manual de ensaios de: agregados, concreto
fresco e concreto endurecido, São Paulo, 2000.
BAUER, L.A. - Materiais de Construção 1. 3ª ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Ltda.,
1988.
CENTRO DE TECNOLOGIA DE EDIFICAÇÕES - Qualidade na Aquisição de Materiais e Execução de
Obras. São Paulo: Editora Pini, 1996.
GUIMARÃES, José E. P. - A cal. São Paulo: Editora Pini, 1997.
MEHTA, Povindar Kumar – Concreto: estrutura, propriedades e materiais. São Paulo: Editora Pini, 1994.
PETRUCCI, Eládio G. R. - Materiais de Construção. 11ª ed. São Paulo: Editora Globo, 1998.
PFEIL, Walter. - Estruturas de Madeira. 5ª ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Ltda., 1989.
RIPPER, Ernesto - Manual Prático de Materiais de Construção. São Paulo: Editora Pini, 1995.
Materiais de Construção I 49