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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS


BACHARELADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
PROFESOR: DANIEL ROCHA

REBECA SILVA NUNES

Salvador
2018
O paradigma Racial, sempre foi uma questão que marcou o Brasil desde período
colonial até os dias de hoje. Dessa forma esse artigo que segue, tratará dos autores: Nina
Rodrigues, Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda, que contribuíram para se pensar o
paradigma racial da época. Assim, a partir deles, é possível notar de como se construiu uma
imagem do Brasil, de sua população, dos mestiços e do povo negro que até hoje se encontra
presente no imaginário Brasileiro. Já que o Brasil é visto como um povo sem preconceito
racial, mas ao mesmo tempo, como um povo mestiço, onde o país é inferior aos demais, com
a população preguiçosa, entre outras características.

Partindo então de Nina Rodrigues, em seu livro “Os Africanos no Brasil” publicado
postumamente, como representante nesse artigo das teses racialistas, já que diversos outros
autores vão dialogar com suas pesquisas, sendo, portanto uma grande influencia no
pensamento sobre os negros na época. Assim, o autor já parte do pressuposto da inferioridade
dos negros (usando inclusive etnografias para demonstrar essa característica), essa questão
para ele não está em discussão, já que era impossível negar as evidencias claras dessa
perspectiva, inerente a biologia da raça negra. Dessa forma, o autor nos informa que o habitat
(meio físico e cultural inferior) em que os negros se desenvolveram, modelaram a constituição
de seus corpos, e, portanto, seriam incompatíveis com a civilização das raças superiores
(inclusive, Nina Rodrigues faz uma pesquisa sobre a criminalidade dos negros, uma prova
cabal que mostraria como os negros eram incompatíveis a civilização até na questão do
direito, já que eles ainda utilizariam formas de justiça bastante antigas, como algo silimar a lei
de talião por exemplo, mostrando o quão atrasado é o direito deles comparados com o resto da
civilização). Assim, Nina apresenta o grande problema: como no Brasil, um país que recebeu
uma enorme quantidade dessas pessoas negras de cultura inferior, pode se civilizar a ponto de
se comparar com os grandes países da Europa? A resposta que o autor vai nos dar, é que é
preciso fazer um balanço de quanto de sangue negro foi introgetado no Brasil, e se toda essa
inferioridade será compensada pelo mestiçamento, “processo natural por que os negros se
estão integrando no povo brasileiro, para a grande massa da sua população de cor”
(RODRIGUES, N. 1932). Contudo, Nina irá nos relatar que dos povos negos introduzidos
pelo trafico, poucos eram aqueles dos mais degradados, selvagens e inferiores. Sendo assim, a
mestiçagem desses negros mais evoluídos com os brancos, que deveriam ser importados em
massa, geraria um aperfeiçoamento da raça, podendo assim fazer com que o Brasil se
civilizasse.
Outro teórico que via as raízes do Brasil como problema para a sua modernização, era
o Sergio Buarque De Holanda, e em seu livro “Raízes do Brasil”, vai reforçar a idéia de que o
Brasil é um país atrasado, resultado da escravidão e da colonização ter sido realizada por
portugueses (fato que não será desenvolvido nesse artigo, já que o foco é a questão do negro).
Já que a escravidão desvalorizou o trabalho e favoreceu a atividade superexploratoria que
passa a fazem parte da cultura Brasileira. Assim, como no Brasil não se desenvolveu um
trabalho metódico, racional, regrado, cotidiano, justamente pela utilização da mão de obra
escrava na economia, gerando uma repulsa por parte da população ao trabalho manual, já que
ninguém queria ser comparado com o escravo, ou tratado como tal, já que os senhores os
viam da mesma forma, gerando uma atrofia na indústria e no comercio. Dessa forma, o autor
trazia como única solução o rompimento com essa tradição colonial, para poder dessa forma
modernizar o Brasil.

De encontro com essa perspectiva racialista, temos Gilberto Freyre, com seu livro
“casa grande senzala”, no qual ele vai expor que os negros eram uma cultura superior,
colaboradores dos brancos, contudo foram deformados pela escravidão e pela subnutrição
gerada pelo sistema econômico da época colonial. Sendo assim, Freyre propõe a valorização
das origens Brasileiras e da miscigenação, e que, portanto os intelectuais deveriam deixar de
ter como parâmetro a modernização Européia. Dessa forma, o autor vai falar que a
miscigenação era algo positivo, que tornava o país único, sendo assim, não estaria na raça o
fato do Brasil ser um país indolente e preguiçoso. Como já foi dito, o problema do país, seria
a economia de plantation (onde exigia uma grande massa de escravos, latifúndio,
monocultura, e voltado toda a produção para a exportação), a conquência desse regime seria
que a plantação para abastecimento interno era negligenciada, gerando grande
desabastecimento e desnutrição, afetando assim, majoritariamente, a população escrava. Além
disso, o Freyre enxergava a miscigenação como uma dimensão produtiva, gerada pela
confraternização dos senhores com as escravas, adocicando a relação desses dois pólos
antagônicos (como os mestiços eram gerados por estupros por parte dos senhores, Freyre
afirma que os negros apresentavam caráter masoquista, e sendo a violência genética e
estrutural da sociedade), e não poderíamos então enxergar os grupos sociais diferentes pela
raça, e sim pela cultura.
Poderiam ser inseridos nesse artigo, diversos outros autores que tratassem da questão
racial do Brasil, mas para o ponto que busco tratar, acredito que com esses já se é possível
elucidar. Assim, pode-se perceber que por muito tempo, a questão racial sempre foi o
problema, principalmente no que tange a forma com a qual pode se modernizar um país com
uma grande massa de negros, vistos muitas vezes como raça inferior. Todavia, esses autores
contribuíram muito para a criação de um imaginário Brasileiro, de uma visão de um povo
onde não havia uma linha de cor, sem barreiras raciais no que tange as desigualdades raciais.
Até porque, tanto Sergio Buarque como Gilberto Freyre acreditavam na existência de uma
democracia racial no Brasil desde o fim da escravidão (por mais que Freyre nunca tenha
usado exatamente esse termo, mas atribuem a ele a originalidade da utilização desse
conceito), onde todos os preconceitos sofridos não eram em relação à cor, e sim a classe
social, e as desigualdades sociais em conseqüência seriam, portanto em relação à questão a
classe, e não havia nenhuma barreira legal que impedisse que os negos ascendessem
socialmente. Assim, esse ideário era tão enraizado, que o Brasil era internacionalmente
conhecido pelo seu paraíso racial, a UNESCO chegou a encomendar uma pesquisa sobre as
relações raciais no Brasil, para tentar entender esse modelo que parecia tão perfeito, e
implantá-lo nos demais locais do mundo, onde a relação dos negros não era assim pacifica.
Contudo, vale à pena ressaltar que a situação dos negros no Brasil era constantemente
comparada com ao sistema do apartheight vivenciado nos EUA, onde existiam restrições
legais aos espaços que poderiam haver circulação da população negra. Entretanto, os
resultados desses estudos patrocinados pela UNESCO revelaram que no Brasil existia um tipo
muito especifico de preconceito, velado, diferente do que existia em outros lugares, mas nem
um pouco melhor.

Nos seus estudos atuais, a antropóloga Lilia Schwarcz ajuda a entender melhor esse
fenômeno, elucidando esse tipo especial de preconceito brasileiro. Assim, segundo o estudo
da autora, 98% dos entrevistados afirmam que não são preconceituosos, contudo 99% deles
afirmam conhecer alguém preconceituoso. Dessa forma, a conclusão retirada de tudo isso, é
que o Brasileiro tem preconceito de ter preconceito, ou nas palavras da própria autora, onde o
Brasil seria “Uma ilha de democracia racial cercada por racismo de todos os lados”, onde
existiria preconceito sem haver pessoas discriminatórias.
Dessa forma, assim como o conceito de ‘homem cordial’ (onde as pessoas no Brasil
tenderiam a agir de forma pessoal umas com as outras, ignorando as leis, movidos pelo
coração e sentimentos, beneficiando sempre que podia seus amigos em detrimento de pessoas
qualificadas. E ainda, segundo o autor, o povo brasileiro seria assim, porque os portugueses
que os colonizaram agiam dessa forma, e, portanto, foi-se transplantado um traço cultural de
um país para o outro por meio da colonização), criado por Sergio Buarque de Holanda ainda
faz parte da crença das pessoas, essas teorias de democracia racial também ainda estão
presentes, mascarando o preconceito e causando muitos danos. Assim, por mais que já se
saiba que esse tipo de migração de um traço cultural para outra cultura não exista, esse
conceito ainda faz parte do imaginário do brasileiro, da forma com que o Brasileiro se
enxerga, e como ele é visto no ponto de vista mundial. De forma análoga ocorreu com as teses
desses autores sobre o negro no Brasil, por mais que fossem comprovados os equívocos na
sua analise, elas ainda estão enraizadas na mente do povo brasileiro. Por conta disso, é de
extrema importância os estudos desses autores para se conseguir entender a origem desse
pensamento, e possibilitar a partir disso, o rompimento com essas idéias, já que foi
comprovado a sua origem e a sua falta de embasamento para que ainda permeia a mente das
pessoas hoje (como foi comprovado na pesquisa da Lilia Schwarcz), mas que já foi
transformado em mito há muito tempo.
Referência
-RODRIGUES, Nina. Os africanos no Brasil [Introdução; Cap. VIII e IX]. Rio de Janeiro:
Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2010. [SciELOBooks].

- HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

- FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. São Paulo: Global, 2003

- GUIMARÃES, Antonio Sérgio A. Democracia racial: o ideal, o pacto e o mito. Estudios


Sociológicos, São Paulo, v. XX, n.61

- OSORIO, Rafael Guerreiro. Desigualdade racial e mobilidade social no Brasil: um balanço


das teorias. IN: THEODORO, Mario (org.). As políticas públicas e a desigualdade racial no
Brasil: 120 anos após a abolição. Brasília: IPEA, 2008.

- SCHWARCZ, Lilia. Racismo no Brasil. Publifolha. 2001

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