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APONTAMENTOS SOBRE A ODISSÉIA

Diego Cardoso Perez

INTRODUÇÃO

Dos cantos épicos o mais célebre, das obras fundacionais da literatura ocidental
talvez a mais conhecida,A Odisséia, obra surgida ao longo de uma secular tradição oral
e consolidada até nós pelas mãos de Homero, segue seu caminho como um dos
clássicos inescapáveis da literatura universal.Tida em partes como uma continuação da
Ilíada,o épico que foca na jornada de Odisseu para voltar a sua pátria, persiste em
manter seu fascínio junto ao público leitor mesmo após3 mil anos de história, que
elevaram o nome do poema a sinônimo para aventuras e épicas.

Não é para menos o valor de cânone que o poema homérico tem para a cultura
ocidental como um todo, sendoreverberada através dos séculos até os dias atuais.
Antes, com seu valor mítico-religiosode caráter fundacionalpara os caráteres básicos
da história nacional grega clássica, e ao longo do tempo,sempre recebendoleituras nas
diferentes culturas que compreendem o Ocidente, tendo na Odisséia uma herança
basilar.

Ao contrário da Ilíada, que no relato de um momento em particular da grande


guerra envolvendo gregos e troianos, estabelece a superioridade da cultura e tradição
helenística, pode ser, quiçá,que a Odisseia tenha sua incontestável popularidade a
partir do seu fator individual apresentada na jornada de Odisseu, em não apenas
retornar a Ítaca após 20 anos no estrangeiro, como o de reaver, a custo de muita
sagacidade, o seu lar,vencendo os pretendentes que lhe usurpam os bens e cobiçam a
esposa.

Através de uma disposição intuitiva quanto à ordem da ação no épico, me


atreveria a dizer que a narrativa pode ser divida em três partes: na primeira delas, se
apresenta tanto o ímpeto e a ação de Telêmaco em resolver a situação dos
pretendentes de sua mãe Penélope que lhe consomem os bens, como a atuação dos
deuses em retornarem Odisseu para casa; na segunda parte, vemos a chegada de
Odisseu a terra dos Feácios e o seu longo narrar dos 10 anos em que esteve exilado,
passando por todo tipo de peripécia para se manter vivo; e finalmente, a última parte
mostra a tão esperada chegada do protagonista aÍtaca e a vingança do herói sobre os
usurpadores.

Mesmo com uma trama que começa in media res, ou seja, não seguindo uma
ordem linear, essa divisão “em três atos” da Odisséiacomo se pode assumir,tem uma
estrutura ainda hoje vastissimamente explorada não só pela literatura, mas como por
outras artes de caráter narrativo. Assim, se apresenta a história por um ponto de vista
de iniciação para o garoto Telêmaco, passado para o desenvolvimento do personagem
de Odisseu e a sua constituição como um herói de grande astúcia, até um desfecho em
que, valendo-se do tema da vingançabusca a Justiça.

DESENVOLVIMENTO

A primeira parte do poema, ou Telemaquia como também pode ser conhecida,


nos ilustra a viagem que Telêmaco, filho de Odisseu e Penélope, emprega a Pilo e
Esparta em busca de notícias sobre o paradeiro de seu pai, que a 10 anos após o fim da
guerra de Tróia ainda não retornou.

Nesta parte inicialfica claro que, ao contrário de Poseidon, existe um consenso


entre os deuses do Olimpo para que se faça a Justiça e que permitiram a volta do filho
de Ítaca a casa. Neste sentido, Palas Atena inicia as suas inúmeras intervenções na
história, estimulando Telêmaco na forma de forasteiro ou de Mentor, em seguir com a
viagem, mesmo com os desaforos dos pretendentes.

É interessante, nesse sentido, pontuar o papel conflitante das divindades na


obra. Zeus enquanto em conferência, acha curioso que os homens culpem os deuses
por suas mazelas, pois “de nós lhes vão todos os danos, conquanto contra o Destino,
por próprias loucuras, as dores provoquem” (p.24). No entanto, o que vemos em toda
a narrativa é que as entidades,sejam do grande panteão ou de menor estatura,
interferem diretamente nos desígnios dos mortais, independente ou não de suas
ações. Este tipo de papel ativo, porém, não necessariamente inspira sentimentos
extremamente convulsos nos humanos contra os eternos. O próprio Poseidon, inimigo
de Odisseuem grande parte da trama, é reverenciado com hecatombes em diversas
passagens e visto com grande seriedade (como visto no causo entre Ares e Hefesto).
Esse efeito pode muito bem simbolizar o caráter de complexidade das relações entre
mortais e divindades, que podem ser tanto passionais como reverenciais.

A viagem segue, e após uma estadia no palácio de Nestor, Telêmaco descobre


por meio de Menelau que seu pai provavelmente se encontra com vida na ilha da ninfa
Calipso sem meios para de lá sair. Dado por fim a sua missão, o “ajuizado” herói
pretende retornar a Ítaca, mas corre grave perigo quando os pretendentes lhe armam
uma cilada. Neste ponto, a narrativa entra no seu segundo momentopara seguir com o
foco em Odisseu, causando um interessante efeito de cliffhanger1que instiga o leitor a
seguir o enredo.

A partir do Canto V, vemos a saída do protagonista da ilha de Calipso por


ordens divinas, até a sua chegada à ilha dos Faérosonde reina Alcínoo.Lá é encontrado,
sempre sob a intervenção de Atena, pela princesa Nausicaa. Visto como um mendigo,
mas de alguma maneira com algum valor, Odisseu é conduzido até o rei onde suplica
que o levem a sua terra.

O filho de Laertes até este momento é pintado a cores de um herói já calejado


e sem receber o devido valor que o seu nome tanto precede.Dá se então a cena em
queLeodamante lhe subestima as capacidades nos jogos e que o velho guerreiro se
instiga em mostrar quem realmente é ao atirar para grande distância um pesado disco.
Essa característica do personagem em ser reverenciado desde o princípio da obra
como guerreiro de grande valor e astúcia, mas que no primeiro contato com o leitor se
passa por homem comum e lamentador poderia ser ambíguo. Contudo, acaba por
demonstrar o equilibro e o jogo de aparências que faz Odisseu, sempre com domínio
de si mesmo e inteligência no momento de agir. Assim, a partir dessa nova visão que
tem os ilhéus de Faéros, bem como o leitor, que se inicia a narrativa do herói sobre os
10 anos em que se encontrara em exilio.
1
Recurso de roteiro no qual se cria uma situação limite, ou de confrontação, prendendo assim, a
atenção da audiência.
A reconstituição começa com a incursão a terra dos Cíconos. Após a pilhagem,
Odisseu e suas naus passam pela terra dos comedores do lótus, antes de serem
capturados por Polifemo no país dos ciclopes. Esta passagem em especial, é uma dos
feitos mais consagrados da sagacidade grega. Nela, após se ver preso na grande
caverna com o gigante e ter alguns de seus sócios comidos, o filho de Laerte resolve
embebedar Polifemo até que este caia no sono. O ciclope em colóquio pergunta-lhe o
nome, que responde “Ei-lo, Ninguém é o meu nome; Ninguém costumavam chamar-
me não só meus pais, como os mais companheiros que vivem comigo”. (p. 129).
Quando a besta adormece, Odisseu e seus homens aproveitam para furar o olho do
gigante, que grita por socorro.Mas quando indagado pelos outros ciclopes, por quem
estava sendo atacado, ele diz “Dolorosamente Ninguém quer matar-me, sem uso de
força”(p. 129). Para finalmente escapar de Polifemo, o herói manda que seus homens
se escondam junto ao pelo dos carneiros que o gigante cuidava e assim saem
incólumes da caverna.

Ao mesmo passo que vemos toda a esperteza de Odisseu em prática, temos


que considerar que é este o episódio que lhe encalçará o Destino de que falava Zeus,
pois o pai da fera é nada mais que Poseidon, que infernizará a vida do guerreiro.

Após passagem pela ilha de Éolo, o encontro com canibais e ter os


companheiros transformados em animais por Circe, temos outra passagem
interessantena jornada do protagonista. Esta seriaa descida ao Hades.

Lá, onde Odisseu deveria falar com o oráculo Tirésias, o herói se tem com vários
outros guerreiros célebres como Agamenón, Aquiles, Ajax e grandes mulheres da
mitologia. É preciso lembrar que esta passagem não é em vão, vista que não apenas
serve como um recurso narrativo de recapitulação de vários acontecimentos
importantes, com o intuito de não perder o leitor (ou o grego que ouvia o poema
cantado pelos aedos), como de celebrar os grandes mitos nacionais. Fato tal que
contribuía para a formação do povo.

Quando seguindo a viagem passando por outras peripécias, como a passagem


das sereias, e o consumo dos rebanhos do deus Hélios que condena a todos sócios de
Odisseu, este para finalmente sob o julgo de Calipso se retém por 7 anos. Após do
termino de sua narrativaAlcínoo providenciaa tão aguardadachegada do herói ao solo
de Ítaca, sem não menos por isso, serem punidos os Faécios pelas mãos de Poseidon.
Começa então a terceira parte do épico, que se detém sobre a temática da vingança
por parte de Odisseu e Telêmaco aos pretendentes.

O filho de Laertes logo em sua chegada é transformado por Atena em um velho


enrugado para que possa entrar no palácio sem ser reconhecido, o que facilitariaa
execução de sua vendeta. Novamente temos o jogo de aparências que dará a Odisseu
o tempo e análise suficiente para superar os obstáculos.

Retomasse então a narrativa de Telêmaco.Palas Atena vem em sua intercessão


para que pudesse escapar da emboscada que os pretendentes estavam lhe
preparando. Ao chegar aÍtaca, vai a casa do porqueiro como o tinha aconselhado
Atena e se encontra com Odisseu envelhecido, que lhe revela sua identidade. Após
uma emocionante cena, iniciam a tramar um modo de matar os pretendentes.

Ainda em forma de velho e sendo levado por seu filho ao palácio, o


protagonista pode analisar como os pretendentes se manifestam de forma soberba e
maliciosa com os moradores de Ítaca.Sempre agindo com prudência, porém, Odisseu
controla suas paixões, por exemplo, quando o mendigo Iroe a ele mesmo são
humilhados. Estes cantos finais são com certeza os mais violentos da obra. Tal
violência se traduz tanto pelas ameaças aos famintos, no discurso de Odisseu a
Euricléia quando essa o descobre, ou as mortes dos pretendentes que logo mais
ocorreriam. Quicas, pelo seu maior planejamento e gana pelo sangue finalmente
derramado,temosum desfecho com uma carga dramática de tão significantepeso.

Finalmente, resolvido o método de como Penélope escolheria o seu novo


marido, sagazmente sugerida por Atena, em uma competição de arco e flecha, bem
como a tramoia previa de Odisseu e Telêmaco em armar a sala, o herói se revela após
ser o único a conseguir dobrar o arco. Neste momento inicia-se a carnificina dos
pretendentes e sumariamente a condenação de 12 criadas da casa que haviam agido
de má fé. O clímaxse encerra quando Odisseu revela o segredo do leito a Penélope,
comprovando sua identidade, e reassumindo o comando de sua casa.
Nos chama a atenção para o último Canto. Este funciona como uma espécie de
prólogo, inicialmente mostrando a chegada das almas dos pretendentes ao Hades,
sendo recepcionados por Aquiles e Agamenon. Novamente se vê o recurso da
recapitulação dos fatos recém acontecidos para se introduzir o reclame das famílias
dos pretendentes de Ítaca contra Odisseu, que propiciaria uma guerra. No entanto,
Palas Atena intervém uma última vez, convencendo a ambos os lados em abandonar a
vingança.

CONSIDERAÇÕES

Além de contar a saga do astuto guerreiro grego, A Odisséia expande o


universo mítico-geográfico na poética homérica, antes limitada ao Egíto e parte da
Líbia apresentadas na Ilíada, descrevendo através do grande trajeto pelo mar Jônico
explorado, deidades, monstros e personalidades que se consolidariam de forma ímpar
na cultura ocidental, firmando uma obra basilar a muitas das características da índole e
situações sempre recorrentes do herói ocidental. Este, homem valoroso e maduro,
agraciado com a sagacidade divina inspirada por Atena, símbolo da cultura helénica.

Tal maestria lhe regala um patamar crucial e não alcançando outras sagas de
viagens, como a Argonautica de Apollonio de Rhodes, por exemplo. De fato, pode ser
mesmo injusta a comparação, visto que a sua própria figura de Homero ser dada muito
mais como mítica do que da de um personagem real. Afinal, como concorrer com a
personificação direta da mitologia de um povo?

As duas obras de Homero, como dito anteriormente, acaba por manter uma
estreita relação, chegando a se considerar a Odisséiamesmo como uma continuação
da épica protagonizada por Aquiles, vistoas constantes referências que se repetem
tanto aos eventos passados em Tróia, como o Destino posterior de outros heróis que
lutaram pela Grécia. Contudo, se divergem na essência do tom, se sobressaindo a
Odisséia pelo carisma universal do herói que cativa o leitor por seus sofrimentos e
vitórias e caráter, nobreza e humildade de caráter tão humano.

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