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Arvore er
Arvore er s
Alessandra Flores Amanda de Oliveira
Bruna Hercog Gabriela Pires Queiroz Sodré
Joice Almeida Ilana Sodré
Nadjane de Sousa Reis Tainara Silva de Jesus
1ª edição
Salvador – Ba | 2018
Bruna Hercog Amanda de Oliveira Ilana Sodré
socorro
literário
Gabriela Sodré
Alessandra Flores Valentina Garcia
é um convite. Tire os sapatos.
Respire devagar. Escute os sons que vêm
de dentro. Suba no palco. Sinta teus pés
plantados no chão. Não tenha medo. Olhe.
Olhe profundamente. Encontre teu caminho
na troca de olhares. Permita-se (re)nascer.
Escritora. Poetisa. Menina. Árvore. Mulher.
Permita-se caminhar com Amanda, Joice,
Gabriela, Ilana, Nadjane, Tainara, Bruna,
Alessandra, Valentina. Escolha a cor da sua
fita e alinhave sua leitura. As autoras, que aqui
arvorescem escritoras, permitiram-se nascer
poetisas e traçam nas próximas páginas seus
rastros em forma de versos.
Parada no tempo
Congelada em mim
O tempo passa muito rápido
E quanto a mim?
Nadjane de Sousa Reis
Acabo de acordar e vejo o sol batendo em minha janela.
Corro até a laje para ver: “caramba, que manhã mais bela!”. O sol
iluminando os telhados das casas e as sombras das árvores cobrindo a
praça. Depois de tomar café não tenho nada para fazer. Então, que tal
encher a rua com bolhas de sabão? Pego o meu assopra-bolhas e lá
estou eu no alto da casa, na laje, a me preparar: “vamos ver quantas
bolhas eu consigo assoprar!”. De primeira, eu dei logo um soprão. Saíram
dezenas de bolhinhas pequenas e pesadas que caíram, desastradamente,
no chão. “ Irei tentar de novo, com um pouco menos de força. Mas,
ainda assim foi forte. “Minha nossa, estourou bem em cima do muro.
Puxa, estou sem sorte!”. Finalmente, assoprei de modo leve e delicado.
Ora! Finalmente elas saíram do meu agrado. Da minha laje saíram então
milhares de bolhinhas grandes, médias e pequenininhas. Assoprei
milhares delas durante um tempão. Não demorou para o vento espalhá-
las em minha rua, que ficou tomada por bolhas de sabão.
Nadjane de Sousa Reis
O barqueiro navegou A areia denuncia que o tempo “O ciclo d’água é uma dança
Nas fortes ondas do mar tá passando eterna”. Eu sei. E eu danço ela.
Eu me recuso a aceitar
Desbravando o tom azul Quero mais devagar. Mas, quando paro, as lágrimas
Um pouco mais verde pra lá Eu me sento na areia vêm. Lembram-me que eu sou
Sentiu no salgado do mar E olho para o mar. um pouco de chuva também.
Um pouco de melancolia Ilana Sodré
Joice Almeida
Atirou-se então na água
“Sirva-se da minha alegria”
Ilana Sodré
u
tí g
Leve-me como se eu ainda fosse tua “Eu perdi a palavra”.
on
. C Revelei. Viram poesia
Amanda de Oliveira e
sant em meu esquecimento.
s
Ince
Anotei. Percebi o
De pena
Quanto mais me diziam
Nada
Mais eu me aproximava
Amanda de Oliveira
Alessandra Flores
Afeto
Folha e pétala Infância Hora de guardar
Mato
Ventre em brasa o avião e esconder
Pés descalços
Água rasa Passarinho as asas
Alessandra Flores Ninho Nadjane de Sousa Reis
Vôo
Chão
Sair-ficar-pousar-voar
Gabriela Sodré
Ilana Sodré
Dona Nilda, Dona Nilda! Dona Nilda, dona Nilda! Uma gata! De onde você tira esses
Deixou o feijão no fogo, nomes?
Que história é essa de
E depois saiu pra conversar com a
Depois de ficar a 100 metros Prepara comida gostosa como
vizinha?
distância ninguém
Do supermercado e lembrar O feijão vai queimar, dona Nilda! Vai Cozinheira de mão cheia,
De algo que esqueceu de comprar? queimar...queimou faz bolo,
Faz lasanha, faz carurú,
Dona Nilda, Dona Nilda! ÊÊÊ dona Nilda...! vatapá e peixe
Que história é essa de “gastura”?
Dona Nilda,dona Nilda! Mas, odeia comer a própria comida
Diz logo que está com fome mulher!
Dorme tarde, acorda cedo, fica com Como é que pode isso
Não inventa palavra não!
sono dona Nilda!
Quer falar bonito
mas, aposto que nem sabe o E, às vezes dorme o dia inteiro Mãe carinhosa, mãe presente
significado dessa palavra. depois reclama Mãe minha, minha mãe coruja
Que não conseguiu ver a novela Deixa eu crescer dona Nilda!
Dona Nilda, Dona Nilda!
Mas, que teimosa essa dona Nilda Melhor vizinha, melhor mãe
A senhora tem vasilhas
viu? Melhor pessoa.
escrito lasanha
com macarrão dentro, Não pode comer gordura, mas Todos amam a dona Nilda.
a de arroz tem galinha adora uma fritura
Olha o coração, Dona Nilda! Nadjane de Sousa Reis
e a vasilha de lápis de cor
tem escrito pizza dona Nilda? Chama Tidus de Cassimiro Preto,
Tartarugo, Nenenzinho de nanãe
Ô dona Nilda! mas ela é uma gata essa
dona Nilda!
Minha primeira inspiração
Foi minha mãe
Mulher retada, forte
Que deu o norte do meu mundo
Não me pariu, me deu a luz
Não me fez, fui concebida
Criada aos trancos e barrancos
Filha única querida
Aprendi desde cedo
Minha missão nessa vida
“Tem que ser independente,
Essa minha menininha”
E olhando para essa mulher
Fiz da minha vida o espelho
Segui seus passos direito
Sem desviar nem piscar
Ela é meu exemplo, meu modelo
E para sempre será
Ilana Sodré
socorro
literário
ço
p e da
e um
e lev
ue aqui
rasg
Elas achavam que eram poesia
Precisavam ser declamadas
Todos os dias
Ilana Sodré
Ilana Sodré. 23 anos. Embora já tenha passado por todas as idades antes dessa.
Leitora voraz, apegada ao passado, ao presente e ao futuro. Tranquila, agitada. Doce
e amarga. Contraditória. É mais noite que dia. Ama qualquer texto, inclusive poesia.
É, algumas vezes, poesia. Outras nem tanto. Ama ficar sozinha para se compreender.
É da escrita, de corpo e alma. E escreve do jeito que seu coração quer. Ilana é presa
aos moldes, às vezes solta. Ilana é a que imagina tudo na mente mil vezes antes
de escrever ou fazer acontecer. E que se enche de esperança feito criança quando
acontece. Ilana, esse poço de contradições, sou eu.
Meu nome é Tainara Silva de Jesus. Tenho 11 anos. Faço aniversário no dia 30 de
maio. Nasci em 2006. Sou uma menina normal. Não sou muito tímida, mas sou
quieta. Não sou filha única. Tenho um irmão que se chama Maicon e faz aniversário
no dia 23 de dezembro. Tenho outro irmão que se chama Mateus e faz aniversário
dia 09 de abril. Minha mãe é a mulher que eu amo mais do que tudo nesse mundo.
Joice Almeida. Literal. Paradoxal. Duvidosa. Pode ser assim que me defino. Que
responsabilidade que é dar sentido a um nome, não é? Sempre que perguntado
eu faço uma busca. Para dentro... Eu jamais serei os cursos que fiz, uma profissão.
A cada vez eu me desprendo para um novo contexto. Sou literal porque respeito as
palavras e a linguagem. Paradoxal porque entro em contradição em momentos
certeiros – que deveriam ser certeiros. Duvidosa porque será mesmo que é para ser
assim? A maioria de minhas certezas são “achos”. Condicionada às respostas de
cada porquê. Efêmera. Porém com referências do que um dia eu já fui.
socorro
literário
Amanda de Oliveira. Apenas um amontoado de fui e procuro ser que através dos
textos tenta se conectar com suas diversas partes. Não acredito ter algo muito
grandioso para contar, levo uma vida pacata, cheia de rotinas e clichês. Minha
única esperança é que dentro do escrito eu possa cada vez mais me entender e me
comunicar comigo mesma.
ESTE LIVRO É RESULTADO DAS OFICINAS DE ESCRITA CRIATIVA CONDUZIDAS POR BRUNA HERCOG, COM APOIO DE ALESSANDRA
FLORES, NO ÂMBITO DO PROJETO BOCA DE BRASA DE ABRIL A JUNHO DE 2018. É O SEGUNDO LIVRO QUE NASCE DA PARCERIA DAS
ARTISTAS QUE ENCONTRAM NAS HISTÓRIAS DE VIDA DE MULHERES POTENTES GATILHOS POÉTICOS.
ESPAÇO CULTURAL LIVRO
BOCA DE BRASA - SUBÚRBIO 360
Bruna Hercog
Direção Geral do Subúrbio 360 Organização e Edição Final
Celma Cristina de Santana Vitória Amanda de Oliveira, Alessandra Flores, Bruna Hercog,
Coordenação Geral do Espaço Cultural Gabriela Sodré, Ilana Sodré, Joice Almeida, Nadjane de
Boca de Brasa - Subúrbio 360 Sousa Reis e Tainara Silva de Jesus.
Chicco Assis e Manuela Sena Textos
Coordenação Pedagógica e Direção Artística Valentina Garcia
Mariana Freire e Mariana Moreno Projeto Gráfico
Coordenação de Produção Nadjane de Sousa Reis (capa, p.6 - poema de Joice e
Adriana Santana p.25 - poema de Ilana ) e Valentina Garcia
Ilustrações
Produção Executiva
Bianca Lessa Bruna Hercog
Fotografias
Mobilização Cultural
Jonas Bueno Alessandra Flores, Amanda de Oliveira, Gabriela Sodré,
Ilana Sodré, Joice Almeida, Jonas Bueno, Nadjane de
Produção Técnica Sousa Reis, Tainara Silva de Jesus
Simone Carrera Confecção dos objetos poéticos
Alessandra Flores e Bruna Hercog
Educadoras da Oficina de Escrita Criativa
Valentina Garcia
Oficineira convidada
REALIZAÇÃO:
Esta publicação foi impressa em papel Color
Plus Paris 80g/m2 com capa em papel Kraft
200g/m2, na gráfica Escrita. Junho de 2018.