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Arvore er
Arvore er s
Alessandra Flores Amanda de Oliveira
Bruna Hercog Gabriela Pires Queiroz Sodré
Joice Almeida Ilana Sodré
Nadjane de Sousa Reis Tainara Silva de Jesus

Bruna Hercog (org.)

1ª edição
Salvador – Ba | 2018
Bruna Hercog Amanda de Oliveira Ilana Sodré

socorro
literário

Tainara Silva de jesus Nadjane de Sousa Reis


Joice almeida

Gabriela Sodré
Alessandra Flores Valentina Garcia
é um convite. Tire os sapatos.
Respire devagar. Escute os sons que vêm
de dentro. Suba no palco. Sinta teus pés
plantados no chão. Não tenha medo. Olhe.
Olhe profundamente. Encontre teu caminho
na troca de olhares. Permita-se (re)nascer.
Escritora. Poetisa. Menina. Árvore. Mulher.
Permita-se caminhar com Amanda, Joice,
Gabriela, Ilana, Nadjane, Tainara, Bruna,
Alessandra, Valentina. Escolha a cor da sua
fita e alinhave sua leitura. As autoras, que aqui
arvorescem escritoras, permitiram-se nascer
poetisas e traçam nas próximas páginas seus
rastros em forma de versos.

Venha. Sinta-se à vontade!


Negra
No caminho e na memória.
Tainara Silva de Jesus
NEGRA, ROXA
NOS MEUS SONHOS
NO QUE VEJO
NAS ENTRELINHAS,
SOU GRITO AGUDO.
ILana Sodré

Visito a mim mesma num processo de frustração de minha


PRÓPRIA EXPECTATIVA.
socorro
Joice Almeida literário
Sou negra, sou Preta! Ela gritou
Sou branca não Preta! Ela rompeu
Isso nunca vai mudar, Preta! Ela se fez imensa
Minha sugestão. Preta! Ela se refez
Sou negra sou Preta! Ela ecoou em mim
Sou carvão não
Bruna Hercog
Pode me chamar de qualquer coisa
Porque eu tenho orgulho
De ser quem sou
Negra, eu sou.
Tainara Silva de Jesus
Que eu não me descumpra,
Me descubra
Encontre minhas raízes
Caules, folhas, tronco
Que eu cumpra o que eu prometer
Nunca irei esquecer
Que eu mergulhe nas lembranças
Que eu seja esperança
Que eu nunca deixe de chorar ou rir
Filtros?
Que eu respeite meus momentos Filtro
Que eu viva, desperte Sonho
Sonhe mesmo Vale?
Mas faça por mim, aqui, Sonhar vale?
Hoje, sempre e para sempre Filtre teu sonho que vale a pena.
ILana Sodré Nadjane de Sousa Reis
Eu sou uma árvore Nelas, minhas histórias de vida se confundem
Alta, cheia de folhas Boas e más ações
Tronco, flores Diversos momentos
Um emaranhado de sentimentos
Eu sou uma árvore Por baixo da terra
Frutífera, frondosa Eu me espalho, escorro
No topo alto estão os cachos Dissipando minhas raízartes
Que voam livre a qualquer tentativa
Do vento em fazer suas gracinhas Não canso de ir além
Logo depois vem meu tronco Balanço então todo o corpo e digo
Avantajado, escuro, forte Podem vir comigo também
Fincado no chão estão minhas raízes ILana Sodré

Parada no tempo
Congelada em mim
O tempo passa muito rápido
E quanto a mim?
Nadjane de Sousa Reis
Acabo de acordar e vejo o sol batendo em minha janela.
Corro até a laje para ver: “caramba, que manhã mais bela!”. O sol
iluminando os telhados das casas e as sombras das árvores cobrindo a
praça. Depois de tomar café não tenho nada para fazer. Então, que tal
encher a rua com bolhas de sabão? Pego o meu assopra-bolhas e lá
estou eu no alto da casa, na laje, a me preparar: “vamos ver quantas
bolhas eu consigo assoprar!”. De primeira, eu dei logo um soprão. Saíram
dezenas de bolhinhas pequenas e pesadas que caíram, desastradamente,
no chão. “ Irei tentar de novo, com um pouco menos de força. Mas,
ainda assim foi forte. “Minha nossa, estourou bem em cima do muro.
Puxa, estou sem sorte!”. Finalmente, assoprei de modo leve e delicado.
Ora! Finalmente elas saíram do meu agrado. Da minha laje saíram então
milhares de bolhinhas grandes, médias e pequenininhas. Assoprei
milhares delas durante um tempão. Não demorou para o vento espalhá-
las em minha rua, que ficou tomada por bolhas de sabão.
Nadjane de Sousa Reis

socorro O que era pra ter ficado, por coincidência SE FOI


literário
Joice Almeida
socorro
literário

O barqueiro navegou A areia denuncia que o tempo “O ciclo d’água é uma dança
Nas fortes ondas do mar tá passando eterna”. Eu sei. E eu danço ela.
Eu me recuso a aceitar
Desbravando o tom azul Quero mais devagar. Mas, quando paro, as lágrimas
Um pouco mais verde pra lá Eu me sento na areia vêm. Lembram-me que eu sou
Sentiu no salgado do mar E olho para o mar. um pouco de chuva também.
Um pouco de melancolia Ilana Sodré
Joice Almeida
Atirou-se então na água
“Sirva-se da minha alegria”
Ilana Sodré

O rio que corre em minhas veias


Anseia desaguar em seu mar.
Ilana Sodré
Leve-me como a brisa leve
Não como um vendaval que te carregue es
r a Flor
Leve-me como se fosse leve an d
Aless
g ua
E não se deixe levar se te entristece
Leve-me e me ensina a levar a nossa solidão ’á
Não me deixe só no meio da multidão a .D
Leve-me como um avião um dia te levou gu
In
Não me deixe com as sobras de um velho amor a.
Leve-me com a melodia, o sol, as estrelas, a lua

u
tí g
Leve-me como se eu ainda fosse tua “Eu perdi a palavra”.

on
. C Revelei. Viram poesia
Amanda de Oliveira e
sant em meu esquecimento.
s
Ince
Anotei. Percebi o

Cont ’á gua. quanto pode haver


a.
e nad
poesia nas sutilezas.

dor, d Gabriela Sodré


e
i, d

MINHA FEROCIDADE.
Vontade de alcançar coisas.
Ilana Sodré
Sigo solta
Sigo só
Todos me diziam para não ir

De pena
Quanto mais me diziam

Nada
Mais eu me aproximava
Amanda de Oliveira

Alessandra Flores
Afeto
Folha e pétala Infância Hora de guardar
Mato
Ventre em brasa o avião e esconder
Pés descalços
Água rasa Passarinho as asas
Alessandra Flores Ninho Nadjane de Sousa Reis
Vôo
Chão
Sair-ficar-pousar-voar
Gabriela Sodré

Repouse em mim depois de um longo voo


Descansarei suas rasas em minhas asas
Ilana Sodré
Querem cortar minhas asas
socorro
literário Logo eu, passarinho
- Me salte, mermão!
Já tenho pena,
Não preciso da sua não!
Joice Almeida
socorro Todas as marcas de meu corpo tenho bolinhas do amor próprio dos insetos.
literário
significam que fui tratada com carinho.
eu tenho objetos em mim que as pessoas me
paradoxal, né?
deram:
você vai ver marcas roxas,
- que pulseira bacana!
arranhões,
- você quer? toma!
bolinhas...
aquele batom borrado na bochecha sem querer:
só que veja bem,
- oh, menina, desculpa, sujei seu rosto de batom.
olhe bem,
aí a gente limpa aquele borrão.
eu tenho roxos de tanto cair.
porque eu corri. o esmalte gasto na unha...
muitas louças na pia...
eu tenho vontade de correr às vezes
me sinto livre fiz muita pipoca e bolo essa semana...
eu tenho arranhões de carinho. Corpo de uma aleatória:
- O que foi isso, Joice?
eu tenho bolinhas de amor.
(senta que lá vem história...)
eu tenho bolinhas de amor dos insetos.
eles precisam do meu corpo pra se Joice Almeida
defender, sabe?
a
Crític rilos
g
Ouço
a
Crític

Nadjane de Sousa Reis


socorro A maioria
literário
das minhas
certezas são achos
Joice Almeida
Começa pela raiz As raízes apertadinhas, presas em tranças coloridinhas
Quando sua mão toca meu cabelo Parecem o arco-íris saindo da minha caixinha
Enquanto separa as mechas Minhas ideias transbordam
Eu me olho no espelho E escapam dos cachinhos presos, mas ilesos
Sinto os seus dedos magros Como uma mágica ou talvez paixão
Remexendo meus cachos Eu era a princesa
Suas mãos ágeis Agora sou rainha
Encontram cada mecha com precisão Essa é a minha coroação!
E envolvem uma e outra Ilana Sodré
Transformando fios em admiração
Elas caem por meus ombros
Eu as toco com emoção
As garotas se reúnem
Como numa atração
Eu não nado, boio, fecho os olhos, sinto o sol quente tocar
minha pele como se quisesse me fazer sentir um pouco do seu
clamor. As ondas vão e vem, fortes e fracas, altas e baixas, me
arrastam e me trazem, me levam de volta. As ondas puxam
e envolvem meu corpo e a paz do mar segura meu coração.
Iemanjá, menina, mulher, rainha trança meus cabelos depois de
tocá-los com carinho. E ele me protege, o mar sabe que estou
em seu ninho e me envolve com toda sua emoção, ele me dá
vida, me ama, me cuida, é minha paixão. E antes mesmo de
tocá-lo eu o reverencio, o saúdo, sorrio. Ele é minha paz, como
Sansão e seu cabelo, é minha força e em mim, quando ele
repousa, não existem coisas pequenas, nunca há pouca coisa. É
o mar, em toda as suas formas, de todo o seu coração. É o mar.
Ilana Sodré
Tracei as linhas da minha vida Meu cabelo não é azul nem rosa.
O vento veio e bagunçou É preto mesmo. Nasci assim.
Penteia. Penteia esse cabelo, menina!
Soprou paixão onde não tinha Que arrumação sem fim
Levou tristeza e trouxe amor
Não é liso
Junto com a baderna que ali tinha Nem cacheado
Meu cabelo também bagunçou Não é fácil pentear esse cabelo
Sua mão enroscou na balburdia minha Estica e puxa. Que cabelo embolado!
“Não é balburdia, são cachos, amor” Acorda meio que sim e meio que não
Ilana Sodré Tem dia que está o ó!
Feito massinha na mão.
Eu penteio ele só
Só que não quero pentear mais não.
Nadjane de Sousa Reis
NESSA GUERRA,

MEU CABELO CRESPO


É MINHA ARMADURA Ilana Sodré
Rosto triste Sai. Fico.
Lágrimas a rolar
Não pode. Posso.
Olhar ao horizonte
Cale. Grito.
Mas, a cabeça, erguida.
Alise. Encrespo.
Gabriela Sodré
Arranque. Exibo
Guarde. Escancaro
Preto, não luto Escolha. Experimento
Preto, calma Encolha. Agiganto
Preto, luto não! Desista. Invento
Cor de equilíbrio Sai. Finco.
Nadjane de Sousa Reis
Bruna Hercog

Meus cabelos BRANCOS sempre foram charmosos.


Desde sempre quis ser igual a vocês.
Estou a um milhão de fios de distância.
Ilana Sodré
Enquanto uma de nós sofrer
Todas sofrerão
Todos os dias são bilhões de nós em caixões
Em valas, hospitais
Queremos muito mais
Do que violência velada
Que bate e assopra
E depois diz “me perdoa, amor”
Queremos mais do que poder decidir sobre nossos corpos
O mundo das mulheres é um sufoco
Violadas, mortas, estupradas!
E ainda levando a culpa
Mando então uma pergunta sem compromisso,
Qual é a sua parte nisso?
Ilana Sodré
página que dobra com poesia de tainar
verso da página de tainara
Falo A alegria fresca A minha luta é dura
Ninguém me escuta logo se acalma É complicada
Gritaria quase surda “Não é nada” Faca afiada
Toma conta do ambiente Não estou ouvindo No limão azedo
Parece domingo na feira de
Elevo a voz São Joaquim Então eu calo
Não sou ouvida Antes de me zangar
Falo mais alto O “olha o aipim” Outros dias eu poderei falar
Mal-entendida É até mais educado E quando eu falar
Estou de lado
Eu tenho atenção Não grito, brado Com todo meu coração
Tenho público furioso Irão ouvir
Furacão Chamando a atenção Com plena atenção
Dedo no rosto Eu sou a fúria
Nas entrelinhas Não quero fieis
Coerência na fala Sou grito agudo Tão pouco seguidores
Ouço risadas Olhar ameaçador Quero mente aberta
Mas, continua E me contenho
Bato na mesa Do meu calor
Pois, emoção não ajuda
Esperando a hora certa Que é mimimi, vitimismo, Nossas mortes são como fogo
Para entender falta do que fazer em palha
Que eu não prego O nosso sangue está no chão
Eu manifesto O genocídio do povo desse país
negro é fato Não dá para lutar
E detesto o fato Toda hora mais um Quando não existe
De nenhum deles saber no asfalto justiça ou juiz
Que a cada 23 segundos Está ali a nos lembrar
Um jovem negro é Que preto é visto Então eu me levanto
assassinado no Brasil como bandido E vou para a linha de frente
Que os feminicídios E não consegue escapar Quem sabe unidos
Entre mulheres negras cresceu De todos esses estereótipos Consigamos vencer
duas vezes mais Que a novela das nove exalta Pois ontem foi Cláudia
Enquanto entre mulheres E amanhã pode ser
brancas diminuiu eu ou você.
E tem gente com
Ilana Sodré
audácia pra dizer
Mãe Minha vó é engraçada. Sempre
Preta que vou ver ela, ela me fala a
Luta mesma coisa: que saiu de casa
nova, foi morar com a tia. A tia
Glória botava ela pra trabalhar pesado
Vitória é te ter e deixava ela sem comer
Para me apoiar, me guiar algumas vezes.
Minha mãe, preta,
Para sempre vou te amar Tainara Silva de Jesus

Ilana Sodré
Dona Nilda, Dona Nilda! Dona Nilda, dona Nilda! Uma gata! De onde você tira esses
Deixou o feijão no fogo, nomes?
Que história é essa de
E depois saiu pra conversar com a
Depois de ficar a 100 metros Prepara comida gostosa como
vizinha?
distância ninguém
Do supermercado e lembrar O feijão vai queimar, dona Nilda! Vai Cozinheira de mão cheia,
De algo que esqueceu de comprar? queimar...queimou faz bolo,
Faz lasanha, faz carurú,
Dona Nilda, Dona Nilda! ÊÊÊ dona Nilda...! vatapá e peixe
Que história é essa de “gastura”?
Dona Nilda,dona Nilda! Mas, odeia comer a própria comida
Diz logo que está com fome mulher!
Dorme tarde, acorda cedo, fica com Como é que pode isso
Não inventa palavra não!
sono dona Nilda!
Quer falar bonito
mas, aposto que nem sabe o E, às vezes dorme o dia inteiro Mãe carinhosa, mãe presente
significado dessa palavra. depois reclama Mãe minha, minha mãe coruja
Que não conseguiu ver a novela Deixa eu crescer dona Nilda!
Dona Nilda, Dona Nilda!
Mas, que teimosa essa dona Nilda Melhor vizinha, melhor mãe
A senhora tem vasilhas
viu? Melhor pessoa.
escrito lasanha
com macarrão dentro, Não pode comer gordura, mas Todos amam a dona Nilda.
a de arroz tem galinha adora uma fritura
Olha o coração, Dona Nilda! Nadjane de Sousa Reis
e a vasilha de lápis de cor
tem escrito pizza dona Nilda? Chama Tidus de Cassimiro Preto,
Tartarugo, Nenenzinho de nanãe
Ô dona Nilda! mas ela é uma gata essa
dona Nilda!
Minha primeira inspiração
Foi minha mãe
Mulher retada, forte
Que deu o norte do meu mundo
Não me pariu, me deu a luz
Não me fez, fui concebida
Criada aos trancos e barrancos
Filha única querida
Aprendi desde cedo
Minha missão nessa vida
“Tem que ser independente,
Essa minha menininha”
E olhando para essa mulher
Fiz da minha vida o espelho
Segui seus passos direito
Sem desviar nem piscar
Ela é meu exemplo, meu modelo
E para sempre será
Ilana Sodré
socorro
literário

Sou pessoa, sou indivíduo


DIVISÍVEL
Quer um pedaço pra levar pra sua mãe?
Joice Almeida

ço
p e da
e um
e lev
ue aqui
rasg
Elas achavam que eram poesia
Precisavam ser declamadas

Todos os dias
Ilana Sodré
Ilana Sodré. 23 anos. Embora já tenha passado por todas as idades antes dessa.
Leitora voraz, apegada ao passado, ao presente e ao futuro. Tranquila, agitada. Doce
e amarga. Contraditória. É mais noite que dia. Ama qualquer texto, inclusive poesia.
É, algumas vezes, poesia. Outras nem tanto. Ama ficar sozinha para se compreender.
É da escrita, de corpo e alma. E escreve do jeito que seu coração quer. Ilana é presa
aos moldes, às vezes solta. Ilana é a que imagina tudo na mente mil vezes antes
de escrever ou fazer acontecer. E que se enche de esperança feito criança quando
acontece. Ilana, esse poço de contradições, sou eu.
Meu nome é Tainara Silva de Jesus. Tenho 11 anos. Faço aniversário no dia 30 de
maio. Nasci em 2006. Sou uma menina normal. Não sou muito tímida, mas sou
quieta. Não sou filha única. Tenho um irmão que se chama Maicon e faz aniversário
no dia 23 de dezembro. Tenho outro irmão que se chama Mateus e faz aniversário
dia 09 de abril. Minha mãe é a mulher que eu amo mais do que tudo nesse mundo.

Joice Almeida. Literal. Paradoxal. Duvidosa. Pode ser assim que me defino. Que
responsabilidade que é dar sentido a um nome, não é? Sempre que perguntado
eu faço uma busca. Para dentro... Eu jamais serei os cursos que fiz, uma profissão.
A cada vez eu me desprendo para um novo contexto. Sou literal porque respeito as
palavras e a linguagem. Paradoxal porque entro em contradição em momentos
certeiros – que deveriam ser certeiros. Duvidosa porque será mesmo que é para ser
assim? A maioria de minhas certezas são “achos”. Condicionada às respostas de
cada porquê. Efêmera. Porém com referências do que um dia eu já fui.

socorro
literário
Amanda de Oliveira. Apenas um amontoado de fui e procuro ser que através dos
textos tenta se conectar com suas diversas partes. Não acredito ter algo muito
grandioso para contar, levo uma vida pacata, cheia de rotinas e clichês. Minha
única esperança é que dentro do escrito eu possa cada vez mais me entender e me
comunicar comigo mesma.

Gabriela Pires Queiroz Sodré. 21 anos, natural do recôncavo da Bahia. Coleciono


memórias, boas e ruins, que formam o que sou hoje. Das memórias boas a gente
desfruta, das ruins, a gente aprende. Apesar de falar sobre a vida, não sei falar sobre
mim, talvez me falte autoconhecimento, mas mesmo assim creio que é como dizem
“quem se define, se limita”. Acredito que estamos sempre em constante mudança. É
o que busco: ser sempre uma versão melhor de mim mesma. “Não ter aquela velha
opinião formada sobre tudo”, tentar mudar sempre em vários aspectos, mas sem
perder minha essência.
Sou Nadjane de Sousa Reis. Não tenho olhos azuis. São negros. São dois e
funcionam muito bem, obrigada. Meu cabelo não é liso, é crespo. Caidinho
assim? Isso é química, amor! E custa caro. Eu não sou rica, mas também não
sou pobre, não sou patricinha e muito menos esnobe, mas sou humilde, claro!
Minha pele é negra,não branca,morena nem amarela. É negra e muito bela.
Negra que só ela. Eu sou assim, nem muito, nem pouco, nem aquela, nem
aquele, nem outros, nem você, nem elas e fim.
Bruna Hercog é filha das águas. O mar é alimento da sua escrita. Baiana, natural
de Salvador, encontra na poesia a possibilidade de manter viva a sua esperança.
Sempre com um caderninho nas mãos, rabisca o mundo. Formou-se jornalista em
2007, mestra em Cultura e Sociedade pelo Poscult/UFBA em 2016, onde atualmente
cursa o doutorado. As narrativas de vida são o alimento da sua escrita e da sua
caminhada acadêmica. À frente da Assovio Comunicação Criativa - que tem a luxuosa
colaboração de Valentina Garcia - descobriu a potência de fazer escritos virarem
livros e, segue em ciranda, rodeada de mulheres poderosas que aceitam o seu
convite de deixar-se nascer escritoras e poetas. Com as mulheres marés de Novos
Alagados - senhoras de muitos anos e histórias - e em parceria com Alessandra Flores,
contribuiu para a feitura do livro-ponte Assoalho de Lembranças (2017) e agora, com
as meninas-mulheres-árvores, no Espaço Cultural Boca de Brasa, em Vista Alegre de
Coutos, celebra o nascimento do livro ArvoreSer (2018).
Alessandra Flores gosta de gente. Atriz, bonequeira e jornalista. O cerne de seu
ofício são as pessoas, embora construa criaturas por vezes insólitas. Após trabalhar
e pesquisar em diversas comunidades, países e regiões de pós guerra como Kosovo,
Bósnia e Croácia, Alessandra tem concentrado seus esforços em dois projetos,
o Lugar de GigAntes e o Minha História Conto Eu. Formada em Comunicação Social
pela UERJ, Mestre em Artes Cênicas pelo PPGAC- UFBA, as histórias de vida têm
norteado seus múltiplos caminhos artísticos e acadêmicos. A crença de que todas as
pessoas tem histórias para contar e que estas histórias precisam ser ouvidas e são
potentes gatilhos para criação artística tem gerado trabalhos em diversas linguagens,
como a performance, o teatro de bonecos e mais recentemente a criação de livros.
No feliz encontro com Bruna e com as senhoras de Novos Alagados surge o
livro-ponte Assoalho de Lembranças, ponte esta que segue agora alimentando
olhares, transformando-se em objetos poéticos, regando flores-mulheres que
ArvoreSem nesta cuidadosa publicação.
Valentina Garcia acredita na arte do encontro e na visão “além do alcance”.
Designer e artista gráfica, se comunica dando forma aos diversos conteúdos.
No Seres, projeto autoral, manifesta sua expressão gráfica por meio de cores
e vetores. Tendo formação em design gráfico e pós-graduação em design
estratégico, passou por três editorias de arte de jornais periódicos, fez projetos
de livros também para editora Corrupio e, entre outras coisas, foi consultora para
o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) em projeto
que contempla a Convivência e Segurança Cidadã, também em feliz parceria
com Bruna. Ao colaborar com a Assovio Comunicação Criativa se aproximou da
poesia e de novas possibilidades. Crê nas pessoas e no amor que liberta.
FICHA TÉCNICA
FUNDAÇÃO GREGÓRIO DE MATTOS / PREFEITURA MUNICIPAL DE SALVADOR

Prefeito Gerente Administrativo-Financeiro


Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Neto Gildete Nascimento Ferreira
Secretário Municipal de Cultura e Turismo Diretora de Planejamento e Projetos Culturais
Claudio Tinoco Silvia Russo
Presidente da FGM Gerente de Promoção Cultural
Fernando Guerreiro Felipe Dias Rego
Chefe de Gabinete Gerente de Equipamentos Culturais
Edwin Silva das Neves Chicco Assis
Assessora Chefe Diretora de Patrimônio e Humanidades
Viviane Vergasta Ramos Milena Luisa da Silva Tavares
Assessor Técnico Gerente de Patrimônio Cultural
Tato Drummond Magnair Barbosa
Gestor do Núcleo de Tecnologia da Informação Gerente de Bibliotecas e Promoção do Livro e Leitura
Eric Castro Jane Palma
Assessora Jurídica Assessora de Comunicação
Thais Santana Patricia Lins

ESTE LIVRO É RESULTADO DAS OFICINAS DE ESCRITA CRIATIVA CONDUZIDAS POR BRUNA HERCOG, COM APOIO DE ALESSANDRA
FLORES, NO ÂMBITO DO PROJETO BOCA DE BRASA DE ABRIL A JUNHO DE 2018. É O SEGUNDO LIVRO QUE NASCE DA PARCERIA DAS
ARTISTAS QUE ENCONTRAM NAS HISTÓRIAS DE VIDA DE MULHERES POTENTES GATILHOS POÉTICOS.
ESPAÇO CULTURAL LIVRO
BOCA DE BRASA - SUBÚRBIO 360
Bruna Hercog
Direção Geral do Subúrbio 360 Organização e Edição Final
Celma Cristina de Santana Vitória Amanda de Oliveira, Alessandra Flores, Bruna Hercog,
Coordenação Geral do Espaço Cultural Gabriela Sodré, Ilana Sodré, Joice Almeida, Nadjane de
Boca de Brasa - Subúrbio 360 Sousa Reis e Tainara Silva de Jesus.
Chicco Assis e Manuela Sena Textos
Coordenação Pedagógica e Direção Artística Valentina Garcia
Mariana Freire e Mariana Moreno Projeto Gráfico
Coordenação de Produção Nadjane de Sousa Reis (capa, p.6 - poema de Joice e
Adriana Santana p.25 - poema de Ilana ) e Valentina Garcia
Ilustrações
Produção Executiva
Bianca Lessa Bruna Hercog
Fotografias
Mobilização Cultural
Jonas Bueno Alessandra Flores, Amanda de Oliveira, Gabriela Sodré,
Ilana Sodré, Joice Almeida, Jonas Bueno, Nadjane de
Produção Técnica Sousa Reis, Tainara Silva de Jesus
Simone Carrera Confecção dos objetos poéticos
Alessandra Flores e Bruna Hercog
Educadoras da Oficina de Escrita Criativa
Valentina Garcia
Oficineira convidada

REALIZAÇÃO:
Esta publicação foi impressa em papel Color
Plus Paris 80g/m2 com capa em papel Kraft
200g/m2, na gráfica Escrita. Junho de 2018.

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