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1
IGREJA LUTERANA
SEMINÁRIO
CONCÓRDIA
Diretor
Leonerio Faller
Professores
Acir Raymann, Anselmo Ernesto Graff, Clóvis Jair Prunzel, Leonerio Faller, Gerson
Luis Linden, Leopoldo Heimann, Paulo Proske Weirich, Paulo Wille Buss, Raul Blum,
Vilson Scholz
Professores Eméritos
Donaldo Schüler, Paulo F. Flor
Norberto Heine
IGREJA LUTERANA
ISSN 0103-779X
Revista semestral de Teologia publicada em junho e novembro pela Faculdade de
Teologia do Seminário Concórdia, da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB),
São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil.
Conselho Editorial
Paulo P. Weirich (Editor), Gerson L. Linden e Acir Raymann
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2
SUMÁRIO
ARTIGOS
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO 5
Rosemir Mauro Benati
AUXÍLIOS HOMILÉTICOS 47
IGREJA LUTERANA
Volume 72 – Junho 2013 - Número 1
3
ARTIGO
INTRODUÇÃO
LISTA DE ABREVIATURAS
BÍBLIA
A abreviatura dos livros da Bíblia segue conforme se acha na 2.ed. Revis-
ta e Atualizada de João Ferreira de Almeida.
CONFISSÕES LUTERANAS
Ap - Apologia da Confissão de Augsburgo
CA - Confissão de Augsburgo
CM - Catecismo Maior
Cm - Catecismo Menor
DS - Declaração Sólida da Fórmula de Concórdia
Ep - Epítome da Fórmula de Concórdia
FC - Fórmula de Concórdia
EDIÇÕES DE LUTERO
OS - Obras Selecionadas
1
Rosemir Mauro Benati é bacharel em Teologia pelo Seminário Concórdia de São Leopoldo/
RS (2000); tem Bacharelado e Licenciatura em Teologia pela ULBRA (2001); Especialização
(Pós-graduação “lato sensu”) em psicopedagogia clínica e escolar pela Faculdade de Edu-
cação de Joinville (2005); foi pastor da CEL Trindade, Vila Bom Jesus, Pelotas/RS, de 2001
a 2010; pastor da CEL São Mateus, Sapiranga/RS, de 2011 em diante. Estudo produzido
como trabalho de conclusão do curso de Teologia no Seminário Concórdia.
5
IGREJA LUTERANA
2
MUELLER, J. Theodore. Dogmática cristã. HASSE, Martinho L. (Trad.). Porto Alegre:
Concórdia, 1960. v. 2. p.293.
3
GINGRICH, F. Wilbur; DANKER, Frederick W. Léxico do Novo Testamento grego - Por-
tuguês. ZABATIERO, Júlio P. T. (Trad.). São Paulo: Vida Nova, 1993. p.86.
4
LINK, H.-G. e;scatoj. In: BROWN, Colin; COENEM, Lothar. Dicionário internacional de
Teologia do Novo Testamento. CHOWN, Gordon (Trad.). 2.ed. São Paulo: Vida Nova,
2000. v.I.p.90.
5
LINK, op. cit., p.90.
6
“[...] tempo mais próximo do retorno de Cristo e da consumação do reino divino.” THAYER,
6
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
7
IGREJA LUTERANA
Jesus and His apostles were of the conviction that the end had
already definitively come. Dodd took as his starting point the
15
Ibid., p.93.
16
OS TEMPOS DO FIM, op. cit., p.11.
17
Ibid., p.11,12.
18
SHEDD, op. cit., p.7.
19
OS TEMPOS DO FIM, op. cit., p.7,8.
8
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
20
“Jesus e seus apóstolos eram da convicção que o fim já tinha vindo definitivamente. Dodd
tomou como seu ponto de partida o fato legivelmente documentado de que o Jesus terreno
considerou o reino de Deus como uma realidade já presente em sua própria pessoa e obra.”
STEPHENSON, J. Confessional Lutheran Dogmatics. Fort Waine: The Luther Academy,
1993. v. XIII, Eschatology. p.21.
21
OS TEMPOS DO FIM, op. cit., p.12.
22
Ibid., p.18.
23
OS TEMPOS DO FIM, op. cit., p.11.
24
MUELLER, op. cit., p.293.
25
PLUEGER, Aaron Luther. Things to Come for Planet Earth – What the Bible Says About
the Last Times. St. Louis: Concordia Publishing House, 1977. p.51.
26
LIBÂNIO, op. cit., p.217.
27
KOEHLER, E. W. Sumário da doutrina cristã. SCHÜLER, Arnaldo (Trad.). Porto Alegre:
Concórdia, 1969. p.280.
9
IGREJA LUTERANA
Sendo assim, “a presente vida é vivida à luz da vida por vir, e isso dá
sentido e direção à nossa peregrinação terrena”.33
28
MUELLER, op. cit., p.307.
29
OS TEMPOS DO FIM, op. cit., p.16.
30
MUELLER, op. cit., p.296.
31
OS TEMPOS DO FIM, op. cit., p.11.
32
Ibid., p.12.
33
KOEHLER, op. cit., p.299.
34
ZABATIERO, Júlio Paulo T. Rei, Reino. In: BROWN, op. cit., v.II., p.2035.
35
Tradução grega do AT.
36
STOLL, William A. Rei, Reino. In: BROWN, op. cit., v.II. p.2026.
10
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
Visto que pode ser usado tanto um quanto outro, usarei, a partir daqui,
apenas o termo basilei,a tou/ qeou (Reino de Deus), cujo significado mais
simples é o “domínio ou governo real de Deus, seu direito de mando e o
seu atual governar”.41 Este domínio ou reinado de Deus data do princípio
da história de Israel, quando Abrão obedeceu a Deus e mudou-se para
Canaã.42
Porém, com o passar dos tempos, sob os reis exigidos pelo povo, Israel
deixou de cumprir suas funções como povo especial,43 tornando-se deso-
bediente e idólatra, diante do que Deus o repreendeu levando-o ao exílio.
Deus, no entanto, não os havia abandonado, mas enviou-lhes profetas que
lhes deram a esperança de que toda esta situação seria corrigida.44 Esta es-
perança escatológica estava relacionada com a “manifestação dessa basileia
theou com o aparecimento do Messias que deveria vir”45 e salvar Israel dos
seus inimigos. E isto era aguardado ainda nos tempos do AT.46
37
LIBÂNIO, op. cit., p.287.
38
“são usados alternadamente e com a mesma audiência – e isso por inspiração do Espírito
Santo.” PLUEGER, op. cit., p.12.
39
“sinônimos, descrevendo um e o mesmo reino eterno.” COX, William E. The Millennium.
Nutley, New Jersey: Presbyterian and Reformed Publishing Co.,1964. Apud PLUEGER, op.
cit., p.12.
40
ROTTMANN, Hans. “Igreja” e “Reino de Deus” no Novo Testamento. Porto Alegre:
Casa Publicadora Concórdia, 1966. p.26.
41
Ibid., p.27.
42
STOLL, op. cit., v.II.p.2027.
43
VOELZ, op. cit., p.246.
44
VOELZ , op. cit., p.246.
45
ROTTMANN, op. cit., p.27.
46
VOELZ, op. cit., p.247.
11
IGREJA LUTERANA
47
LIBÂNIO, op. cit., p.119-124.
48
ZABATIERO, op. cit., p.2038.
49
VOELZ, op. cit., p.249.
50
LIBÂNIO, p.109.
51
Ibid., p.103.
52
ZABATIERO, op. cit., p.2042.
53
ZABATIERO, op. cit., p.2046.
54
Ibid., p.2046.
55
Ibid., p.2054.
56
ROTTMANN, op. cit., p.28.
12
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
ocasião da conclusão de sua obra redentora e que foi confirmada com sua
ascensão aos céus à direita de Deus Pai. “A ascensão foi, por assim dizer,
o ato pelo qual o, ao mesmo tempo divino e humano, Redentor e Senhor
da Igreja tomou posse visível de seu trono da basileia”.57
De posse de seu governo, Jesus reina presente em nosso meio através
de sua Igreja, da qual fazemos parte, e na qual “a basiléia theou se realiza,
concretiza e torna-se perceptível aqui na terra”.58 Este Reino, com todas
as suas bênçãos, nós o recebemos pela fé,59 sendo esta a única maneira
de estarmos no Reino. E “estar ‘no Reino’ significa receber a salvação
messiânica e desfrutar suas bênçãos mesmo enquanto vivendo na era má
de mortalidade e pecado”.60
2.1 Bíblia
O texto escolhido, 1Co 11.25,26, faz parte de um relato paulino da
instituição, contendo, também, uma interpretação (v. 26) inspirada pelo
Espírito Santo, interpretação esta que nos permite chegar a algumas
considerações a respeito do tema proposto.
13
IGREJA LUTERANA
62
ERDMAN, Charles R. Primeira epístola de Paulo aos Coríntios. M., D. A. (Trad.). São
Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1956. p.7.
63
MORRIS, Leon. I Coríntios – introdução e comentário. OLIVETTI, Odayr (Trad.). São
Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, 1983. p.11.
64
Ibid., p.7.
65
Ibid., p.8.
66
DAVIDSON, F. O novo comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, [19--]. p.1187.
67
BÍBLIA de estudos Almeida- RA. 2.ed. Barueri: SBB,1999. p.239 do NT.
68
ERDMAN, op. cit., p.8.
69
GUNDRY, Robert H. Panorama do Novo Testamento. 4.ed. BENTES, João Marques (Trad.).
São Paulo: Vida Nova, 1991. p.309.
70
MORRIS, op. cit., p.12.
14
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
71
CARSON, D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento.
REDONDO, Márcio Loureiro (Trad.). São Paulo: Vida Nova, 1999. p.292.
72
DAVIDSON, op. cit., p.1187.
73
MORRIS, op. cit., p.13.
74
ERDMAN, op. cit., p.9.
75
MORRIS, op. cit., p.14.
76
DAVIDSON, op. cit., p.1189.
77
ERDMAN, op. cit., p.9.
78
Ibid., p.10.
79
BÍBLIA, op. cit., p.239 do NT.
15
IGREJA LUTERANA
Segundo Paulo (v. 20), o que eles comiam não era a Ceia do Senhor –
a qual é convívio com Cristo e com os irmãos – mas uma ceia particular,
pois excluindo os pobres do convívio mútuo, exclui-se a convivência com
80
ERDMAN, op. cit., p.11.
81
DAVIDSON, op. cit., p.1208.
82
BARBAGLIO, Giuseppe. As cartas de Paulo (I). ALMEIDA, José Maria de (Trad.). São
Paulo: Edições Loyola, 1989. p.310.
83
DAVIDSON, op. cit., p.1208.
84
BARBAGLIO, op. cit., p.309.
85
Ibid., p.310.
16
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
a igreja é uma realidade criada por Deus e por sua graça, perten-
ce totalmente a ele, mas exprime essencialmente fraternidade,
participação. Por isso, a afronta feita aos pobres equivale a um
desprezo pela Igreja de Deus.87
86
BARBAGLIO, op. cit., p. 312.
87
Ibid., p. 312.
88
ERDMAN, op. cit., p.100.
89
FELDMANN, C. L.; HOLDORF, C. J. O significado das palavras da instituição da Santa Ceia,
conforme 1 Co 11.23-26. Igreja Luterana. Porto Alegre, ano XXXII, 1971. p.51.
90
“... ‘Este cálice’ não é meramente ‘este vinho’ mas ‘este vinho consagrado pelo Senhor
para ser portador do seu sangue sacrificial’.” LENSKI, R. C. H. The Interpretation of St.
Paul’s First and Second Epistle to the Corinthians. Columbus: Wartburg Press, 1946.
p.470.
91
FELDMANN, op. cit., p.51.
92
CHAMPLIN, Russell N. O Novo Testamento interpretado - versículo por versículo.
Guaratinguetá: A Voz Bíblica, [19--]. v.IV. p.182.
93
MORRIS, op. cit., p.130.
17
IGREJA LUTERANA
94
“tipificava e prometia o sangue de Cristo, o próprio Filho de Deus; o selo da ‘nova aliança’
pelo qual nós herdamos tudo que esse sangue adquiriu e ganhou para nós.” LENSKI, op.
cit., p.471.
95
CHAMPLIN, op. cit., p.182.
96
MORRIS, op. cit., p.130.
97
CHAMPLIN, op. cit., p.182.
98
“O imperativo é um presente duradouro e denota repetição indefinida: ‘Fazei isto de novo
e de novo’.” LENSKI, op. cit., p.468.
99
FELDMANN, op. cit., p.52.
100
BARTELS, K. H. In: BROWN, op. cit., v.I, p.1184.
101
“uma inserção paulina nas palavras do mandamento, para fazer ressaltar sua própria ênfase
especial. Isto parece tanto mais provável à luz do v. 26, onde emprega a mesma linguagem
junto com um “assim pois” explicativo, com o fim de reforçar a razão que havia tido, desde
o início, para citar a tradição completa.” FEE, Gordon. Primera epístola a los Corintios.
VARGAS, Carlos Alonso (Trad.). Buenos Aires: Nueva Criación, 1994.p.629.
18
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
o`sa,kij ga.r evan. evsqi,hte to.n a;rton tou/ton kai. to. poth,rion pi,nhte
Paulo dá sua própria explicação ou comentário sobre a Santa Ceia.110
Ele liga esta explicação às palavras de Jesus “[...] ‘as often as you drink
it,’ but mentions both elements: ‘as often as you eat this bread and drink
this cup,’ and indicates that he refers to the celebration of the entire
sacrament”.111
A conjunção “porque” é uma “palavra que olha de volta para o ele-
mento ‘memorial’ da Ceia do Senhor”,112 explicando-o: “Quando Jesus diz
102
GINGRICH, op. cit., p.21.
103
“a frase ‘ em (ou para) memória minha’ é um eco do rito da Páscoa: ‘E isto vos será por
memorial.’” LENSKI, op. cit., p.468.
104
CHAMPLIN, op. cit., p.182.
105
BARBAGLIO, op. cit., p. 314.
106
“[...] recordação constante e repetida – como também uma experiência – da eficácia dessa
morte para nós.” FEE, op. cit., p.631.
107
“[...] o conteúdo de todo o ato sacramental. E essa memória é a recepção oral do corpo
de Cristo que foi sacrificado por nós na cruz.” LENSKI, op. cit., p.468.
108
FRANZMANN, Martin H.; ROEHRS, Walter R. Concordia Self-Study Commentary. St.
Louis: Concordia Publishing House, 1979. p.155.
109
DIX, Gregory. The Shape of the Liturgy. 1945. p.243. Apud.BARTELS, op. cit., p.1184.
110
BARBAGLIO, op. cit., p. 314.
111
“[...] ‘todas as vezes que o beberdes,’ mas menciona ambos elementos: ‘todas as vezes
que comerdes este pão e beberdes este cálice,’ e indica que ele recorre à celebração do
sacramento inteiro.” LENSKI, op. cit., p.473.
112
CHAMPLIN, op. cit., p.183.
19
IGREJA LUTERANA
113
FELDMANN, op. cit., p.53.
114
BARBAGLIO, op. cit., p. 314.
115
MORRIS, op. cit., p.130.
116
FELDMANN, op. cit., p.52,53.
117
“Cada vez que nós recebemos a Ceia do Senhor nós proclamamos a cristãos e não-cristãos
que Cristo deu seu corpo e derramou seu sangue para redimir todo gênero humano.”
TOPPE, Carleton A. First Corinthians. St. Louis: Concordia Publishing House, 1992.
p.108.
20
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
2.2 Confissões
Como já foi frisado no primeiro capítulo,127 as bênçãos escatológicas
prometidas por Deus já são recebidas em nosso tempo, a cada parti-
cipação na Santa Ceia. Isto se dá porque “existe uma conexão entre o
sacramento e a escatologia.128 Isto nos leva a fazer breves considerações
a respeito dos sacramentos, que são atos sagrados ordenados por Deus
e nos quais Ele, “por certos meios externos, ligados com sua palavra,
oferece, dá e sela aos homens a graça merecida por Cristo”.129 Os sacra-
mentos foram instituídos “para serem sinais e testemunhos da vontade
divina para conosco, com o fim de que por eles se desperte e fortaleça
nossa fé” (CA XIII, 1). Por isso são chamados, juntamente com a Palavra,
118
BROWN, op. cit., v.I, p.1178.
119
CHAMPLIN, op. cit., p.183.
120
FRANZMANN, op. cit., p.155.
121
BARBAGLIO, op. cit., p. 314.
122
LENSKI, op. cit., p.474.
123
FELDMANN, op. cit., p.53.
124
BARBAGLIO, op. cit., p. 315.
125
MORRIS, op. cit., p.130.
126
CHAMPLIN, op. cit., p.183.
127
Nota 21
128
SASSE, Hermann. Isto é o meu corpo. 2.ed. REHFELDT, Mário L. (Trad.). Porto Alegre:
Concórdia, 1993. p.137.
129
KOEHLER, op. cit., p.190.
21
IGREJA LUTERANA
instituiu a santa ceia, em que ele dá, como selo de sua promes-
sa, o corpo e sangue com que ele nos obteve esses tesouros
celestes. E o que crê nessas palavras da promessa, ‘tem o que
elas dizem e expressam: remissão dos pecados’.135
Por isso dizemos que a Santa Ceia é puro evangelho,136 pois “o corpo de
Cristo, juntamente com todos os seus benefícios, é distribuído com o pão
de modo não diverso do em que o é com a palavra do evangelho” (FC DS
VII, 18), de modo que “todo o conteúdo do evangelho é o conteúdo deste
sacramento”,137 o qual nos é oferecido como um remédio, “como medicina
inteiramente salutar e consoladora, que te ajuda e te dá a vida, tanto na
alma quanto no corpo. Porque onde está restaurada a alma, aí também
está auxiliado o corpo” (CM IV, 68), antecipando, assim, a redenção futura
do corpo e da alma138 e nos dando uma amostra do que nos está prepa-
rado nos céus. A Ceia, portanto, foi instituída “to nourish and sustain his
people and assure them of his grace”.139Trata-se de um
130
Ibid., p.221.
131
SASSE, op. cit., p.289.
132
Ibid., p.85.
133
MUELLER, op. cit., p.215.
134
SASSE, op. cit., p.17.
135
KOEHLER, op. cit., p.217.
136
MUELLER, op. cit., p.187.
137
SASSE, op. cit., p.82.
138
LUTERO, M. Luther’s Works. St. Louis: Concordia, 1955. p.360-372. Apud. PRUNZEL, C.
J. Estudos na Teologia de Lutero. São José dos Pinhais: Adesão Editora, 1996. p.44.
139
“para nutrir e sustentar seu povo e lhes assegurar de sua graça.” LCMS - CTCR. Admis-
sion to the Lord’s Supper: Basics of Biblical and Confessional Teaching. St. Louis,
novembro 1999. p.52.
22
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
140
SASSE, op. cit., p.135.
141
LUTERO, M. D. Martin Luthers Werke: Kritische Gesamtausgabe. Weimar (WA), 1883.
Apud. BAESKE, A. Comunhão Escatológica.16/07/1999. p.5.
142
SASSE, op. cit., p.283.
143
Ibid., p.176.
144
SASSE, Hermann. We Confess the Sacraments. St. Louis: Concordia Publishing House,
1985. v. 2. p.92.
145
Ibid., p.92.
146
Id., Isto é o meu corpo, op. cit., p.297,298.
147
WARTH, Martim C. In: OS 1, 425.
148
SASSE, Isto é o meu corpo, op. cit., p.76. Apud. PRUNZEL, op. cit., p.40.
149
MUELLER, op. cit., p.203.
23
IGREJA LUTERANA
Por esta razão, não poderia ser sacramento nem haveria “presença do
corpo e do sangue de Cristo ‘separadamente do uso instituído por Cristo’
ou ‘separadamente da ação instituída por ordem divina’”.154 Para Lutero,
150
Ibid., p.200.
151
WARTH, op. cit., p.426.
152
SASSE, Isto é o meu corpo, op. cit., p.59-62. Apud. PRUNZEL, op. cit., p.39.
153
SASSE, Isto é o meu corpo, op. cit., p.127.
154
Ibid., p.129.
155
Ibid., p.301.
24
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
156
SASSE, Isto é o meu corpo, op. cit., p.29,30.
157
Ibid., p.113.
158
Ibid., p.284.
159
LUTERO, WA, Apud. BAESKE, op. cit., p.5.
25
IGREJA LUTERANA
parousia, the day on which He comes to His congregation under the lowly
forms of bread and wine and ‘incorporates’ Himself in it anew”.160
Este Reino não foi embora com Jesus, em sua ascensão. Ele continua
se manifestando entre nós por intermédio da Palavra e dos Sacramentos.163
E, na Santa Ceia, em especial, já experimentamos antecipadamente um
pouco “as delícias daquilo que será o banquete escatológico final”.164 Ela
justamente foi instituída devido à vontade de Jesus de nos deixar um sinal
visível da vinda do Reino.165
Até mesmo as refeições tomadas pelos discípulos na companhia de
Jesus eram “uma prefiguração, uma antecipação (mais exatamente, um
dom antecipado) da refeição escatológica”,166 um “sinal escatológico de
160
“[...] domingo após domingo é o ‘Dia do Senhor,’ o dia da parusia antecipada, o dia no
qual Ele vem à Sua congregação sob as formas humildes de pão e vinho e se ‘junta’ a ela
novamente.” SASSE, We Confess the Sacraments, op. cit., p.105.
161
Cf. nota 53.
162
ZABATIERO, op. cit., p.2047.
163
Cf. notas 21, 31 e 126.
164
ZIMMER, Rudi. A Centralidade da Eucaristia no Culto. Vox Concordiana. São Paulo, ano
1, nº 2, p.2-8, 1985. p.7.
165
ALLMEN, Jean Jacques von. Estudo sobre a Ceia do Senhor. São Paulo: Livraria Duas
Cidades, 1968. p.124.
166
JEREMIAS, Joachim. Isto é o meu corpo. LEMOS, Benôni (Trad.). São Paulo: Paulinas,
1978. p.14.
26
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
167
FEINER, Johannes, LOEHRER, Magnus. Mysterium salutis: compêndio de dogmática
histórico-salvífica. BINDER, Edmundo (Trad.). Petrópolis: Vozes, 1976. v. IV, p.14.
168
“apresenta Seu corpo e sangue no pão e vinho como os meios da graça divina ‘para o
perdão dos pecados’...” LCMS - CTCR. Theology and Practice of the Lord’s Supper. St.
Louis, maio 1983. p.8.
169
JEREMIAS, op. cit., p.51.
170
“um penhor, um antegosto, uma antecipação daquele melhor de Deus que ainda está para
acontecer.” BROMILEY, Geofrei W. Six Certainties About The Lord’s Supper. Christianity
Today, St. Louis, p.953-956, 1971.p.956.
171
FEINER, op. cit., p.17.
172
ALLMEN, op. cit., p.63.
173
A CEIA do Senhor. São Leopoldo: Editora Sinodal, 1978. p.21.
174
“... um pronunciamento da morte de Jesus que tinha acontecido no passado, uma nova
afirmação do presente vínculo entre Jesus e sua igreja, e uma antecipação do banquete
escatológico vindouro...” BECK, Norman A. The Last Supper As An Efficacious Symbolic Act.
Journal of Biblical Literature, Philadelphia, n.89, p.192-198, 1970.p.198.
175
ALLMEN, Von. O culto cristão: teologia e prática. São Paulo: ASTE, 1968. p.175. Apud.
ZIMMER, op. cit., p.2.
27
IGREJA LUTERANA
De fato este Reino está atuante em nosso meio e, pelo que pudemos
perceber no que foi dito até aqui, no Sacramento da Santa Ceia ele mostra
sua cara. É o Reino em ação, antecipação das dádivas que só teríamos no
céu. Cabe-nos, então, considerar qual o nosso papel como igreja e como
cristãos individuais diante de tudo isso.
Como Igreja de Jesus Cristo – comunhão dos santos – devemos zelar
para que a Palavra e os sacramentos sejam oferecidos e administrados
corretamente, de acordo com Seu mandato e em virtude de Sua vontade,
a qual é que todos tenham oportunidade de salvação, a fim de que todos
cheguem ao pleno conhecimento da verdade, visto que Ele quer salvar
176
CULLMANN, Oscar. Early Christian Worship, Studies in Biblical Theology. Londres:
ACM Press LTD, 1962. nº 10. p.29. Apud. ZIMMER, op. cit., p.2.
177
ZIMMER, op. cit., p.4.
178
SALVADOR, José G. O Didaquê. São Paulo: Igreja Metodista, 1957. v.II. p.51.
179
LIBÂNIO, op. cit., p.204.
180
BÍBLIA, op. cit., notaq sobre 1Co 16.22, p.257 do NT.
181
DIDAQUÉ, Catecismo dos primeiros cristãos. Petrópolis: Ed. Vozes, 1978, p.33s. Apud
Libânio, op. cit., p.214.
182
ALLMEN, op. cit., p.132.
183
Ibid., p.75.
28
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
184
KOEHLER, op. cit., p.221.
185
SASSE, Isto é o meu corpo, op. cit., p.188.
29
IGREJA LUTERANA
3.1 Bíblia
Por entendermos que trata do direcionamento para o Reino vindouro
e por estar diretamente ligado à Santa Ceia, o texto escolhido foi Marcos
14.25, que faz parte do contexto da instituição da Ceia do Senhor, sendo
também a despedida de Jesus, que, logo em seguida, se entregaria à
morte por nós.
186
LANGNER, Selvino. O valor do Sacramento do Altar. São Leopoldo, 1985. 53p. Monografia
(Bacharelado em Teologia) – Faculdade de Teologia, Seminário Concórdia de São Leopoldo,
1985. p.46.
187
KOEHLER, op. cit., p.217,218.
188
Ibid., p.203.
30
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
3.1.1 Mc 14.25
Texto grego: avmh.n le,gw u`mi/n o[ti ouvke,ti ouv mh. pi,w evk tou/ genh,matoj
th/j avmpe,lou e[wj th/j h`me,raj evkei,nhj o[tan auvto. pi,nw kaino.n evn th/|
basilei,a| tou/ qeou/. 189
Tradução: Em verdade vos digo que nunca mais beberei do fruto da
videira até àquele dia quando o beberei, novo, no Reino de Deus.
189
NESTLE-ALAND, op. cit., p. 210.
190
CARSON, op. cit., p.34.
191
EUSÉBIO.Ecclesiastical History. CRUSE, Christian Frederick (Trad.). Grand Rapids: Baker,
1991. livro III, p.127.
192
Ibid., livro V, p.187,188.
193
Ibid., livro VI, p.234.
194
Ibid., livro VI, p.245,246.
195
CARSON, op. cit., p.85,86.
196
Ibid., p.36-38.
197
BÍBLIA, op. cit., p.59 do NT.
198
AUNEAU, J.; BOVON, F.; CHARPENTIER, E., et. al. Evangelhos Sinóticos e Atos dos
Apóstolos. DUPRAT, M. Cecília de M. (Trad.). São Paulo: Paulinas, 1986. p.76.
199
CHAMPLIN, op. cit., v. I, p.659.
200
BATTAGLIA, Oscar; URICCHIO, Francesco; LANCELLOTTI, Angelo. Comentário ao Evan-
gelho de São Marcos. ALVES, Ephraim Ferreira (Trad.). Petrópolis: Vozes, 1978. p.11.
201
AUNEAU, op. cit., p.75.
202
CHAMPLIN, op. cit., p.659.
31
IGREJA LUTERANA
203
BATTAGLIA, op. cit., p.11.
204
AUNEAU, op. cit., p.79-81.
205
Ibid., op. cit., p.77.
206
FRANZMANN, op. cit., p.44.
207
PETERSON, H. Estudo sobre Marcos. WEY, Waldemar W. (Trad.). Rio: Casa Publicadora
Batista, 1962. pp.14,15.
208
Ibid., p.16.
209
BATTAGLIA, op. cit., p.10.
210
FRANZMANN, op. cit., p.44.
211
SCHOLZ, Vilson. Material isagógico distribuído na disciplina “Isagoge do NT”.
212
CARSON, op. cit., p.108-112.
213
BATTAGLIA, op. cit., p.12.
214
PETERSON, op. cit., p.17-20.
215
Ibid., p.22.
32
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
Seu principal objetivo foi apresentar Jesus como o “Servo de Deus” (Is
40.61). Por isso enfatiza os feitos de Jesus (18 milagres, apenas quatro
parábolas).216 “Na sua brevidade, o escritor escolheu os fatos essenciais”,217
chamando a atenção do leitor sobre a figura de Jesus,218 anunciando “a
presença de Jesus no mundo como o sinal imediato da vinda do reino
de Deus (1.14-15; 4.1-34)”, revelando que “Jesus de Nazaré, o Filho de
Deus, é também o Filho do Homem. Participa dos sentimentos humanos
e é sujeito ao sofrimento e à morte (8.31)”.219
Com esta finalidade, Marcos traz em seu Evangelho uma
216
SCHOLZ, op. cit.
217
BATTAGLIA, op. cit., p.12.
218
Ibid., p.18.
219
BÍBLIA, op. cit., p.59.do NT.
220
Ibid., p.60. do NT.
221
PETERSON, op. cit., pp.20-22.
222
Ibid., p.136.
33
IGREJA LUTERANA
Com isso, Jesus nos diz que, por ocasião da Santa Ceia, ao mesmo
tempo em que o reino se manifesta a nós, também se dá uma “anticipation
of the messianic banquet when the Passover fellowship with his followers
will be renewed in the Kingdom of God”.224 Na certeza desta comunhão
celeste e para a aguardarmos fielmente, Jesus nos alenta com as palavras
do v.25, prometendo-nos um reencontro com Ele já agora, mas também
na eternidade, nas bodas do Cordeiro, que é lembrada e, em parte, ex-
perimentada a cada celebração.
25a avmh.n le,gw u`mi/n o[ti ouvke,ti ou vmh. pi,w evk tou/ genh,matoj th/j
avmpe,lou
avmh.n – “it came to be used as an adverb by which something is as-
serted or confirmed: a. At the beginning of a discourse, surely, of a truth,
truly”.225 É uma “expressão de uso frequente nos discursos de Jesus, a
qual ressalta a importância da declaração em foco”.226
le,gw – presente indicativo ativo 1ª pessoa singular de le,gw: digo
ouvke,ti ou vmh – “nunca mais”227
pi, w – aoristo subjuntivo ativo 1ª pessoa singular de pi, n w :
“beberei”.228
genh, m atoj – substantivo genitivo neutro singular de ge, n hma :
“fruto”.229
av m pe, l ou – substantivo genitivo feminino singular de a; m peloj :
“videira”.230
223
SCHNACKENBURG, Rudolf. O Evangelho Segundo Marcos. BINDER, Frei Edmundo (Trad.).
Petrópolis: Vozes, 1974. v. 2/2, p.253.
224
“antecipação do banquete messiânico quando a comunhão pascal com seus seguidores
será renovada no Reino de Deus “. LANE, William L. The Gospel of Mark. Grand Rapids:
Eerdmans, 1993. v.2, p.508.
225
“ela vem a ser usada como um advérbio pelo qual alguma coisa é declarada ou confirmada: a.
No início de um discurso, certamente, em verdade, verdadeiramente” THAYER, op. cit., p.32.
226
CHAMPLIN, op. cit., p.781.
227
GINGRICH, op. cit., p.151.
228
Ibid., p.166.
229
Ibid., p.46.
230
Ibid., p.18.
34
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
a solemn oath that he would not share the festal cup until the
meal was resumed and completed in the consummation. The
sober reference “no more” indicates that this is Jesus’ final
meal and lends to the situation the character of a farewell.
The purpose of his vow of abstinence was to declare that his
decision to submit to the will of God in vicarious suffering was
irrevocable.233
231
SCHNACKENBURG, op. cit., p.253.
232
“da consumação, associada com a promessa de que Deus levará seu povo para estar com
ele. Este é o cálice que Jesus beberá com os seus no banquete messiânico que inaugura
a era da salvação por vir. O cálice da redenção (v. 24), que é fortalecido pelo voto de
abstinência (v. 25), constitui a promessa solene que ... será estendida e a ceia inacabada
será completada na consumação, quando o Messias come com pecadores redimidos no
Reino de Deus (cf. Lc 14.15; Ap 3.20s; 19.6-9)”. LANE, op. cit., p.508,509.
233
“um juramento solene de que ele não compartilharia o cálice festivo até que a refeição fosse
retomada e completada na consumação. A discreta referência “não mais” indica que esta
é a refeição final de Jesus e empresta à situação o caráter de uma despedida. O propósito
do seu voto de abstinência era declarar que sua decisão de submeter-se à vontade de Deus
em sofrimento vicário era irrevogável “. Ibid., p.508.
234
SCHNACKENBURG, op. cit., p.253.
235
Ibid., p.252.
236
CHAMPLIN, op. cit., p.781.
35
IGREJA LUTERANA
bém para o triunfo do Filho do Homem, que, naquele dia, estará conosco,
visto ter redimido definitivamente o mundo.237
kaino.n- kaino,j – adjetivo acusativo neutro singular: novo, no sentido
de comparação com o velho;238 novo tipo;239 de natureza diferente.240 Não
significa que Jesus irá beber outro vinho, mas “chama a atenção para a
modalidade nova e diferente do reino a devir. Aquele reino consumado de
Deus pertence a outra ordem que a atual terreno-histórica”.241
evn th/| basilei,a| tou/ qeou/ – no reino de Deus. Maiores detalhes, ler a
seção 1.2. Aqui ele refere-se ao “reino escatológico de Deus, como alhures
(Mt 8,11) é simbolizado pela metáfora do banquete”.242
Com as palavras do v.25, Jesus estava dizendo aos presentes que
renovaria e continuaria a comunhão de mesa no Reino consumado, que
seria instaurado e teria a forma de um banquete alegre com a presença
de Jesus,243 como o relatado por João em Ap 19.7, as bodas do Cordeiro.
Enquanto este banquete não chega, podemos ao menos desfrutá-lo em
parte na Ceia, que, nesse sentido, nos orienta “para o futuro do Senhor
e o traz para perto de nós. Ela é uma alegre antecipação da ceia festiva
celestial, quando a redenção estará perfeitamente consumada”.244
3.2 Confissões
Pelo testemunho das Escrituras pudemos constatar que Jesus clara-
mente posicionou o significado da Santa Ceia “for His return in glory. Thus
the communicant confesses or ‘proclaims’ confident faith in the Lord’s
promised return when he partakes of the Lord’s Supper”.245
Vimos também, no capítulo dois, que a santa comunhão, instituída por
Jesus, deveria, por ordenação Sua, continuar sendo celebrada até o fim dos
tempos, pois sua obra redentora “permanece realidade sempre presente
até o fim do mundo e, de maneira particular, para aqueles que participam
do verdadeiro corpo e sangue de Cristo em memória dele”.246
237
LANE, op. cit., p.508.
238
LENSKI, R. C. H. La Interpretación de El Evangelio Segun San Marcos. México: Pub-
licaciones El Escudo, 1962. Tomo II, p. 545.
239
ALEXANDER, J. A. Commentary on the Gospel of Mark. Grand Rapids: Zondervan Pub-
lishing House, [19--?]. p.382.
240
BATTAGLIA, op. cit., p.133.
241
SCHNACKENBURG, op. cit., p.253.
242
BATTAGLIA, op. cit., p.133.
243
BAESKE, op. cit., p.3.
244
A CEIA do Senhor, op. cit., p.21.
245
“para o Seu retorno em glória. Assim o comungante confessa ou ‘proclama’ fé confiante
no prometido retorno do Senhor quando ele participa da Ceia do Senhor.” LCMS - CTCR.
Theology and Practice of The Lord’s Supper. op. cit., p.8.
246
SASSE, Isto é o meu corpo, op. cit., p.284.
36
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
247
SASSE, Isto é o meu corpo, op. cit., p.296.
248
MUELLER, op. cit., p.185.
249
SASSE, Isto é o meu corpo, op. cit., p.296,297.
250
Ibid., p.298.
251
Ibid., p.298.
37
IGREJA LUTERANA
252
LUTERO, WA. Apud.BAESKE, op. cit., p.5.
253
SASSE, Isto é o meu corpo, op. cit., p.299.
254
Ibid., p.299.
255
“a Ceia e o retorno de Cristo o significado da Ceia do Senhor para a Igreja é decisivamente
determinada.” BERKOUWER, G. C. The Sacraments. Grand Rapids: Eerdmans, 1969.
p.192.
256
ZIMMER, op. cit., p.7.
257
“tem colocado a Ceia do Senhor em relação direta ao seu retorno ao fim dos tempos.”
BERKOUWER, op. cit., p.191.
258
“a Jesus e à sua esperada vinda no fim dos tempos.” ELLER, Vernard. In Place of Sac-
raments. A Study of Baptism and the Lord’s Supper. Grand Rapids: Eerdmans,
1972.p.125.
259
Ibid., p.126.
38
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
260
SALVADOR, op. cit., p.39.
261
“como se ele mesmo estivesse presente, um ajuntamento de discípulos esperando por seu
retorno.” BERKOUWER, op. cit., p.197.
262
FEINER, op. cit., p.25.
263
WICKE, Harold E. Mark. St. Louis: Concordia Publishing House, 1992. p.201.
264
SCHNACKENBURG, op. cit., p.254.
265
A CEIA do Senhor, op. cit., p.18.
266
“da Ceia do Senhor sempre estará nessa luz escatológica, no sinal deste urgente ‘ainda
não,’ no sinal de expectativa e antecipação.” BERKOUWER, op. cit., p.191,192.
267
“a Ceia é uma preliminar, um prenúncio de um banquete maior por vir... Não obstante, a
própria ceia é uma promessa e garantia de que ela será retomada e consumada no reino.
A aliança do corpo de Cristo é promessa de Deus que a Ceia do Senhor continuará até que
ela se torne o grande banquete do reino.” ELLER, op. cit., p.124.
268
A CEIA do Senhor, op. cit., p.7.
269
BERKOUWER, op. cit., p.193.
270
ELLER, op. cit., p.119.
39
IGREJA LUTERANA
the Lord’s Supper points not only to the past, Christ’s finished
work; and not only to the present, the developing life of faith
and fellowship; but also to the future, the glorious consummation
when Christ comes again. Our Lord made this plain at the insti-
tution of the Supper when he looked ahead to the final banquet
in the Kingdom of God.271
Jesus quis nos deixar algo que nos certificasse de nossa salvação, algo
que nos fizesse aguardar ansiosos pela Ceia das bodas do Cordeiro. Nos
deixou, então, uma prefiguração deste grandioso banquete celestial, a
Santa Ceia, através da qual Ele nos faz ver que estaremos lá, visto que,
por ela, “o Senhor vivo alimenta os seus para a vida eterna. Ele se dá a
eles em alimento de eternidade por meio do pão e do vinho”.272
Sabendo disso, temos inúmeros motivos para participarmos deste
dom da salvação, pois além de louvarmos e agradecermos a Cristo pelo
que Ele fez por nós através de sua obra de cruz, também recebemos
consolo e graça (OS 7, 250), bem como o “perdão que encerra em si
e traz consigo a graça e o Espírito de Deus, juntamente com todos os
seus dons, proteção, defesa e poder contra a morte e o diabo e toda
desgraça.” (CM, IV, 70)
Trata-se, na verdade, de um maravilhoso presente que nos prepara
e nos mantém na viva esperança de recebermos o “maná escondido”
de Ap 2.17, que é “o alimento dos últimos tempos e faz viver para a
eternidade [...] Ele é Jesus mesmo, ‘pão do céu’, ‘pão de Deus que dá a
vida ao mundo’[...]”,273 é o prêmio pela vitória conquistada por Cristo,
a qual nos é dada pelo Deus da graça, por graça, por causa de Cristo,
mediante a fé.
Confiantes nesta vitória, podemos pedir que
271
“a Ceia do Senhor não só aponta para o passado, para a obra acabada de Cristo; e não só
para o presente, a vida em desenvolvimento de fé e comunhão; mas também para o futuro,
a consumação gloriosa quando Cristo vem novamente. Nosso Senhor fez isto evidente na
instituição da Ceia quando ele olhou à frente para o banquete final no Reino de Deus.”
BROMILEY, op. cit., p.956.
272
ALLMEN, op. cit., p.103.
273
Ibid., p.99.
40
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
41
IGREJA LUTERANA
42
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
43
IGREJA LUTERANA
44
A SANTA CEIA COMO UM EVENTO ESCATOLÓGICO
45
AUXÍLIOS HOMILÉTICOS
INTRODUÇÃO
TEXTO
V. 11: Neste contexto de ano civil e Ano do Senhor, Paulo fala que nós
“conhecemos o tempo”. É preciso diferençar entre “tempo - chronos” e
“tempo - kairós”. Chronos é o nosso tempo, o tempo em que vivemos, que
passa porque estamos dentro da cronologia. Já kairós é o tempo exclusivo
de Deus, ou seja, a oportunidade de salvação. Nós conhecemos o kairós
de Deus, diz o apóstolo neste versículo. Conhecemos a hora de Deus. E
conhecer a hora de Deus é despertar do sono. Quem dorme não sabe quem
é ou que horas são. Pode sonhar, mas não tem consciência e não pode
agir. A vida cristã é vida consciente, ativa e cheia de esperança num novo
dia. O despertador bate, queremos nos virar para o outro lado da cama
e continuar a dormir, mas o sol já se levanta no horizonte e precisamos
despertar – despertar do sono.
Dormir, na Escritura, é uma metáfora para uma vida de sonho e ilusão
que consiste depositar a confiança em si mesmo em termos espirituais.
Naquele dia, a aurora da salvação vai ceder lugar ao dia pleno e claríssimo
da salvação, a nova era que ainda permanece oculta sob a antiga emergirá
de seu esconderijo para ser a única e completa realidade gloriosa de toda
47
IGREJA LUTERANA
a nossa vida. Cada dia cronológico que passa mais nos aproxima desse
grandioso dia. O termo “agora” (nu/n), divide a.C. e A.D. A aurora do novo
dia vem com Jesus Cristo. O esplendor do brilho das profecias do Antigo
Testamento tem sua culminância na fulgurante Estrela da Manhã cujo
nascimento celebramos no período do Advento e Natal.
V. 12: A noite desta era de pecado e morte está passando. Nossa liber-
tação final (a "salvação" no v. 11) está enquadrada na visão da fé. O nosso
batismo estabelece a distinção em nós do que é a.C. e A.D. No momento
o antigo mundo e novo mundo estão sobrepostos e estamos expostos a
ambos. A noite que já vai alta ainda tem poder de nos envolver com suas
trevas. Viver como em pleno dia, portanto, significa estar alertas e lutar.
Somos admoestados a lançar fora as obras das trevas, que nascem na-
turalmente e que se desenvolvem com viço invejável. Com a "parusia", a
"noite" termina e o dia eterno de bênçãos e glória começa. Na realidade,
desde o instante em que Deus nos chamou à fé, seja pelo batismo ou em
outro momento, a proximidade desse dia está cada vez mais perto.
V. 13: Deixar as obras das trevas e revestir-se da luz – são estas as
coisas que o dia de Deus requer. Exige uma vida toda vivida como em
pleno dia, à luz do dia, sem ter nada a esconder. É uma vida cuja decência
é testemunho da forte e inegável manifestação da aurora e da iminência
da chegada do grande Dia. Tal testemunho se caracteriza como testemu-
nho corporal, por meio do corpo físico. Seres humanos despertados do
sono oferecem seus corpos ao Deus que é Luz, em quem "não há ... treva
alguma" (1Jo 1.5). A esperança que neles habita é professada diante do
mundo em realidades tão simples e tão mundanas como a atitude diante
do álcool e do sexo. Diante da indecência da noite vivida pelos filhos do
mundo com as bebedeiras, impudicícias e dissoluções testemunham sua
inconformidade por meio da ordem e decência. Para ilustrar: Nos seus
anos de juventude, Aurelius Augustus vivia uma vida dissoluta. Certo dia,
enquanto refletia sobre seu passado à luz do que o grande pregador Am-
brósio, bispo de Milão, havia dito, uma voz misteriosa lhe sugeria "Abra
e leia!". Ele estendeu sua mão e abriu uma cópia do Novo Testamento.
Seus olhos se concentraram nesta passagem de Romanos. Tais palavras
o levaram a reverter a direção da sua vida até ao ponto de ele hoje ser
conhecido como Santo Agostinho.
V. 14: O "mas" enfatiza o contraste entre a vida cristã e o tipo de vida
acima descrito. A vida cristã está centrada no batismo no qual o cristão
se identifica com Cristo, na sua morte e ressurreição (Rm 6.3). Esta vida
professa algo diferente, radical. Esta profissão e testemunho só podem
persistir estando vestidos (ou revestidos) com outra roupa, na verdade
com uma armadura. Armadura não são vestes. Não são equivalentes ao
que você usa para dormir – não são camisola de dormir ou pijama. Ela
48
PRIMEIRO DOMINGO NO ADVENTO
CONCLUSÃO
Acir Raymann
São Leopoldo/RS
acir.raymann@gmail.com
49
SEGUNDO DOMINGO NO ADVENTO
Salmo 72-1-7; Isaías 11.1-10; Romanos 15.4-13; Mateus 3.1-12
LEITURAS DO DOMINGO
O Salmo 72.1-7 é uma oração pela vinda do Rei que torna possí-
vel um mundo onde reine a justiça e a paz. Isaías 11.1-10 apresenta
o descendente de Jessé que trará justiça e harmonia. João Batista é o
personagem em destaque no evangelho de Mateus 3.1-12, porém sua
missão é preparar as pessoas para vinda do Rei da paz e da justiça, pre-
gando a confissão dos pecados, o batismo e os resultados dignos desse
arrependimento, particularmente a paz com Deus e com os irmãos.
A mensagem mais importante de Paulo aos romanos é ajudá-los a
entender e aplicar a mensagem graciosa do evangelho do Senhor Jesus,
de forma especial buscando a paz e a harmonia em meio a diferenças
entre os irmãos.
A EPÍSTOLA DE ROMANOS
V.4: Uma grande verdade a respeito das Escrituras: elas são fonte de
instrução (cf. 1Co 10.6,11), que, por sua vez, gera paciência e encoraja-
mento a fim de viver com esperança.
Vv.5,6: Viver com esperança faz a Igreja de Cristo viver em unidade.
Paulo exalta esse espírito entre os cristãos. Não há necessariamente uma
obrigação de chegar às mesmas conclusões, especialmente sobre ques-
tões de consciência discutidas anteriormente, mas que essas diferenças
de opinião não destruam a unidade básica dos cristãos. Também não é
preciso renunciar às divergências, mas administrá-las, como convém a
um povo que vive na esperança em Cristo.
A origem dessa integração está em Deus, que pode conceder o mesmo
sentir de uns para com os outros, tomando como referência a forma como
Jesus Cristo fez (Fp 2.5). Isto produzirá, por sua vez, paz e harmonia,
aceitação e concórdia. O mesmo sentir não significa cantar no mesmo
tom, mas em espírito de unidade, em meio à diversidade de pensamentos,
glorificar a Deus e Pai do Senhor Jesus Cristo.
V.7: Esse acolhimento mútuo tem base no acolhimento que Cristo
praticou e pratica com seu povo. É a aceitação sem julgamento nem con-
denação, mas de reconhecimento de que todos são recipientes do favor
imerecido de Deus, para que a glória seja de Deus. Os três apelos de Paulo
em favor da unidade estão baseados na esperança cristã (Rm 4.18; 5.2,4;
8.17-30; 14.9-12; 15.4,13).
Vv.8-12: Cristo foi enviado para o povo de Israel e seu ministério
foi predominantemente exercido entre “as ovelhas perdidas da casa
de Israel” (Mt 15.24). Deus foi fiel às promessas feitas aos patriar-
cas e enviou seu Filho, como um descendente do povo judeu. Em seu
51
IGREJA LUTERANA
REFLEXÃO HOMILÉTICA
52
SEGUNDO DOMINGO NO ADVENTO
53
TERCEIRO DOMINGO NO ADVENTO
Salmo 146; Isaías 35.1-10; Tiago 5.7-11; Mateus 11.2-15
do Senhor para com todos, por isso paciência e perseverança até a volta
do Senhor.
Após mencionar os profetas e Jó como exemplos de paciência e perse-
verança, Tiago vai além. Exemplos servem para ilustrar e serem imitados,
mas Tiago tem em mente algo mais substancial para nós. Quando afirma
que “o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo”, Tiago nos dá
a razão e sentido para nossa paciência e perseverança. A misericórdia
e compaixão de Deus estão evidenciadas na vida, condenação, morte e
ressurreição de seu Filho. Somente o Evangelho pode cobrir e dar sentido
para nossa paciência e perseverança. No Evangelho, percebemos o sen-
timento de Deus por nós e como Deus age em nosso favor. Para Tiago, o
amor de Deus nunca é algo abstrato; ele é concreto. Se Deus é amor é
porque Ele nos ama no seu Filho Jesus Cristo.
Portanto, Tiago nos ajuda no tempo de Advento quando sugere pra-
ticarmos e vivermos a paciência. Primeiro, a paciência até a vinda do
Senhor (vv. 7,8), que nos ajuda a olharmos para nosso presente bem
como aguardamos a volta do Senhor. Depois, Tiago nos ajuda com Lei e
Evangelho (v.9 e Apocalipse 3.20). Por fim, Tiago nos leva ao sofrimento
em meio à paciência (vv.10-11). Temos modelos nos profetas e em Jó,
mas também temos a misericórdia e a compaixão de Deus no Senhor e
Salvador Jesus Cristo.
55
IGREJA LUTERANA
CONTEXTO
DESTAQUES DO TEXTO
56
QUARTO DOMINGO NO ADVENTO
ele trata a respeito do Filho de Deus. Foi através de sua vinda que a nova era
começou. A lei fala a respeito do homem e do que ele deve fazer. O evange-
lho fala a respeito de Deus e do que Ele fez ao enviar Seu Filho ao mundo.”
(Commentary on Romans, Philadelphia: Fortress Press, 1988, p. 47)
É importante lembrar que o termo “evangelho” tem um sentido dinâmico
nas vezes em que é utilizado no Novo Testamento. Ou seja, refere-se à
proclamação da boa notícia da graça de Deus, manifestada em Jesus Cristo.
Para o apóstolo, o evangelho não é mera notícia diante da qual o ouvinte teria
que se posicionar; ele é “poder” (Rm 1.16) que efetivamente realiza o que
promete, pois é veículo do Espírito Santo para agir no coração humano.
“Segundo a carne veio da descendência de Davi ... designado Filho de
Deus com poder, segundo o Espírito de santidade pela ressurreição dos
mortos” – “carne e Espírito” não devem ser vistos como sinônimos de “corpo
material e alma”. O contraste entre carne e Espírito pode ser considerado
à luz de outro contraste, muito presente e até central na teologia de Paulo,
entre as duas eras (presente e vindoura). A “carne” designa o ser huma-
no em sua totalidade visto da perspectiva da era presente. Isto é, carne
caracteriza o ser humano em sua pecaminosidade. Naturalmente que o
santo Filho de Deus, ao encarnar, não se tornou pecador. Mas assumiu o
pecado do mundo (cf. 2Co 5.21). E em seu estado de humilhação (que não
é o mesmo que sua humanação) ele deixou de manifestar plenamente a
glória, poder e majestade que lhe pertencem. A grande mudança acontece
na ressurreição, na vitória sobre a morte, que manifesta sua vitória sobre
o pecado e o diabo.
Apesar de algumas traduções trazerem “espírito” (minúsculo) parece-
nos mais coerente com o contexto de Paulo e esta epístola entender a
referência como sendo feita ao Espírito Santo (veja-se, por exemplo, a
longa e profunda reflexão de Paulo no capítulo 8 de Romanos). O mesmo
Espírito que esteve atuante no ministério de Jesus (desde sua concepção
– Mt 1.18,20) foi o agente do poder de Deus para a ressurreição de Jesus
(Rm 8.11). O Espírito Santo é o “sinal” dado por Deus da nova criação que
nos é prometida (2 Co 1.22; Ef 1.13,14).
Pela ressurreição de Jesus ficou evidenciado quem de fato ele é, o
Filho de Deus. Neste aspecto, a encarnação do Verbo e sua ressurreição
são dois eventos que devem ser considerados lado a lado, o que é feito
magistralmente por Paulo na introdução da Epístola. A proximidade do
Natal não deve impedir o pregador de fazer a conexão com a Páscoa. Cada
um destes eventos sublinha a importância do outro e com ele tem uma
unidade inseparável.
“Pela ressurreição dos mortos” – a mesma expressão (avna,stasij
nekrw/n) é empregada por Paulo em 1 Co 15.12ss., referindo-se à res-
surreição geral dos mortos no dia final. Talvez em Rm 1.4 se poderia
esperar outra expressão, como usada por Paulo em 1 Co 15.20, de que
Jesus ressuscitou “dentre os mortos” (evk nekrw/n), ou seja, que ele es-
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IGREJA LUTERANA
APLICAÇÃO HOMILÉTICA
Gerson L. Linden
São Leopoldo/RS
gerson.linden@gmail.com
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DIA DE NATAL
Salmo 2; Isaías 52.7-10; Hebreus 1.1-6 (7-12);
João 1.1-14 (15-18)
TEXTO
60
DIA DE NATAL
61
IGREJA LUTERANA
Introdução
- Lembrar que Advento é tempo de espera e de preparo para rece-
ber o Salvador: alegria com a vinda de Jesus no Natal; arrependimento
aguardando a vinda do Juiz Jesus.
- Hoje, Natal de Jesus, é alegria com a “boa nova de grande ale-
gria”.
- Como é Natal, e o ouvinte espera a história do nascimento, resumir
a história de Lucas 2.
- Então destacar a ênfase – a razão maior do nascimento à ascensão
de Jesus: Salvar e purificar os pecadores.
- Aí está o tema e suas partes:
62
DIA DE NATAL
CONCLUSÃO
Leopoldo Heimann
São Leopoldo/RS
pastorleopoldoheimann@yahoo.com.br
63
PRIMEIRO DOMINGO APÓS O NATAL
Salmo 111; Isaías 63.7-14; Gálatas 4.4-7; Mateus 2.13-23
CONTEXTO
a. Histórico
A Carta aos Gálatas é destinada aos moradores da região da Galácia
(Ásia Menor – At 16.6). O apóstolo Paulo visita essa região em sua se-
gunda viagem missionária. Os moradores são gauleses, procedentes da
Europa no século II a.C.
Diante de uma série de conflitos que surgem nessas comunidades,
Paulo escreve essa carta, em que aborda os seguintes temas: fé, liber-
dade cristã, carne x espírito, lei do amor, igualdade em Cristo, frutos do
Espírito. Todos esses temas são perpassados pela mensagem central: a
salvação em Cristo, oferecida pela graça de Deus, que nos torna livres e
produz frutos visíveis na vida pessoal e no entorno. A Carta aos Gálatas
pode ser considerada a epístola da liberdade e da justificação pela fé. A
perícope indicada faz parte da segunda parte da carta e trata da filiação
divina pela fé em Cristo. O texto de Gálatas 4.4 fala do tempo ou marco
divisório do agir de Deus. A plenitude do tempo não quer dar margem à
discussão sobre a razão de ser nesse ou naquele tempo a vinda de Cris-
to ao mundo. Mas sim, Deus é um Deus que age e intervém na história
concreta de sua criação. Não é apenas o Criador que, após a criação, fica
distante, apático, olhando tudo de longe. Em Jesus, Deus “desce”, nascido
de mulher, neste mundo, sob a lei, sob as normas, costumes, tradições,
conflitos e rupturas que a realidade contempla.
b. Litúrgico
Há muitas luzes neste tempo de Natal. As pessoas buscam por mo-
mentos e mensagens que lhes devolvam a esperança. Tem-se a impressão
de que a felicidade está distante, a paz não é possível. Isaías (11.1-9)
projeta para o reinado de Ezequias o sonho de uma sociedade diferente.
Esse reinado estará alicerçado no Espírito de Deus e no temor a Ele. Ha-
verá justiça e fidelidade. A paz e a harmonia reinarão.
O TEXTO DE GÁLATAS
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IGREJA LUTERANA
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PRIMEIRO DOMINGO APÓS O NATAL
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IGREJA LUTERANA
68
VÉSPERA DE ANO NOVO
Salmo 90.1-12; Isaías 30.(8-14)15-17; Romanos 8.31b-39;
Lucas 12.35-40
LEITURAS DO DIA
69
IGREJA LUTERANA
Lucas 12.35-40: Jesus aqui fala do dia em que ele voltará e que neste
dia todos devem estar preparados. Destaca também que não devem ficar
apenas preparados, mas aguardando a vinda do Senhor, embora ninguém
saiba o momento que isso vai acontecer. E para aqueles que aguardam e
esperam, fica a promessa da grande festa que teremos no céu.
70
VÉSPERA DE ANO NOVO
e justos (Rm 4.5). Mas se diante de tribunal de Deus alguém for contra
nós? O que pode nos condenar? O diabo, nosso acusador, a lei, a nossa
consciência, assim não é que ninguém nunca vai nos acusar, porque ha-
veremos de ser acusados frequentemente. Entretanto, é o próprio Deus
que absolve, aquele que tem poder sobre todas as coisas.
V. 34: Quem vai condenar? É uma sequência do pensamento ante-
rior, entretanto o condenar é mais forte que acusar. O pensamento aqui
expresso é de que se Deus não condena, não há alguém que possa fazer
isso. Dessa forma, quem poderia proferir a sentença de condenação? São
acrescentadas quatro razões conclusivas que provam por que tal sentença
está fora de cogitação: a morte de Cristo, sua ressurreição, sua exaltação
e sua intercessão. Cristo morreu, mas não por si mesmo, mas como o
nosso substituto, pagando o preço de toda nossa culpa. Ele ressuscitou
dos mortos, recebendo assim o selo e a confirmação da aceitação de seu
sacrifício por Deus. Ele ascendeu à direita de Deus, assumiu o uso total
de seu poder e glória divinos, também segundo sua natureza humana, e
sua obra constante agora é interceder por nós. À direita de Deus, Jesus
continua agindo em nosso favor. Ele não é um mártir morto, mas nosso
Senhor que vive; a lei do Espírito da vida é sua lei, que ele executa com
poder no trono de Deus. A voz daquele que nos amou e se entregou por
nós sempre fala a nosso favor: “temos Advogado junto ao Pai”, como
João o expressa (1Jo 2.1). Mesmo quando pecamos e caímos, seu amor
ainda nos sustenta.
V. 35: Outras coisas que podem tentar nos afastar do ato salvífico de
Deus não são os aspectos de julgamentos, mas os ataques diretos que
podemos sofrer ao longo de nossa vida. As pessoas que não pertencem
à igreja gostam de apontar para as nossas aflições como prova da não
existência de Deus, ou, até mesmo, como prova de que Cristo nos aban-
donou. No entanto, o que o apóstolo mostra logo em seguida é que não,
ele ainda diz mais em tudo isso, somos mais que vencedores.
Quem nos separará e nos arrancará do amor de Cristo? Estamos pela
fé inseparavelmente unidos com Cristo por causa do seu amor. Será al-
guém ou alguma coisa capaz de romper o laço de nossa comunhão com
Cristo e de nossos corações tirar a fé? O apóstolo cita alguns fatores que
provavelmente nos poderiam prejudicar: os poderes e as influências hostis
empregadas por Satanás e pelos filhos do mundo.
V. 36: Ao invés do apóstolo usar a sua vida como exemplo de alguém
que passou e experimentou esses males, ele prefere citar o Salmo 44.22.
Aqui Paulo está se referindo ao sofrimento por amor a Deus, “por amor
de ti”. O novo povo de Deus é experimentado por sofrimentos e tentado
a desesperar, como aconteceu com Israel. O salmista, quando afirma que
seu povo foi derrotado, aprisionado, deportado, escarnecido pelas nações
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IGREJA LUTERANA
72
VÉSPERA DE ANO NOVO
PROPOSTAS HOMILÉTICAS
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CIRCUNCISÃO E NOME DO SENHOR / DIA
DE ANO NOVO
Salmo 8; Números 6.22-27; Gálatas 3.23-29; Lucas 2.21
CONTEXTO LITÚRGICO
CONTEXTO HISTÓRICO
TEXTO
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IGREJA LUTERANA
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CIRCUNCISÃO E NOME DO SENHOR / DIA DE ANO NOVO
veste nupcial sem a qual ninguém é aceito nas bodas do filho do rei (Mt
22.1-14).
Concluindo, o texto de Gl 3.23-29, ao contrastar o aio e Jesus Cristo,
traz detalhes que nos levam a perceber por que o menino que nasceu de
Maria recebeu o nome de JESUS.
SUGESTÃO HOMILÉTICA
77
EPIFANIA DO SENHOR
Salmo 72.1-11(12-15); Isaías 60.1-6; Efésios 3.1-12;
Mateus 2.1-12
que teme a Deus e teme perder esta justiça e aprende assim a dar a
Deus a glória.
MATEUS 2. 1-12
79
IGREJA LUTERANA
EFÉSIOS 3.1-12
Por esta causa: Esta causa a que Paulo se refere é o retrato que ele
reproduz da relação que Deus estabeleceu com a humanidade na pessoa
do seu Filho Jesus Cristo. Que quadro é este?
As religiões em geral que brotam do coração humano buscam a pu-
rificação. No contexto de Éfeso, de um lado o gnosticismo pregava esta
purificação ao lado e em contraste com os cultos a deuses tais como o
culto a Diana. Ambos os cultos são cultos que pressupõem a conquista
da dignidade diante do Absoluto através de práticas e exercícios de fé
da parte do seguidor. Exercícios de renúncia da alegria e dos prazeres
inerentes à existência humana eram comuns a todos os cultos mesclados
com sacrifícios pessoais exigidos dos seguidores. Na carta a Timóteo Paulo
explicitamente chama tais religiões e seus exercícios de renúncia como
apostasia da fé (1Tm 4.1-5), espíritos enganadores, ensinos de demônios,
hipocrisia, mentiras e cauterização de consciências (porque) proíbem o
casamento e exigem abstinência de alimentos.
Quando Paulo chama a atenção de Timóteo, jovem pastor em Éfeso,
certamente Paulo tem em mente a sua própria luta no seu ministério em
Éfeso ao tentar libertar aquele povo da escravidão de leis e normas de
abstinência e sacrifícios gerados por religiões de homens que se diziam
enviados por Deus.
O ser humano, quando concebe uma norma de conduta pela qual tenta
se afastar daquilo que lhe faz mal, ele quer provar a si próprio e aos de-
mais que se vitoriou sobre o mal. Como? Sufocando em si e negando a si
aquilo que ele julga a causa do erro. Se existe excesso na sexualidade de
um lado, o ser humano busca a sua redenção sufocando a sexualidade.
Se existem problemas ou excessos oriundos da vontade de comer, o ser
humano quer se apresentar como redimido. Como? Negando-se ao prazer
em comer. E não basta abster-se. É necessário punir-se por meio de jejuns
e abstinências pelos excessos do passado.
A maior dificuldade nestes cultos não é o que o indivíduo se impõe a
si próprio. Como ele não sente a remissão e a culpa permanece apesar
das renúncias e sacrifícios, busca provar a sua “conversão”, tornando-
se opressor do seu próximo, sua família, sua igreja, tiranizando-os com
rigores e intolerâncias. Ele se torna escravo e escravizador do próximo.
Confunde-se assim piedade com hipocrisia.
Jesus ataca esta hipocrisia quando fala de João Batista: Pois veio João
Batista, não comendo pão, nem bebendo vinho, e dizeis: Tem demônio! Veio
o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um glutão e bebedor
de vinho (Lc 7.33,34). Certamente esta foi uma das grandes dificuldades de
Paulo na evangelização em Éfeso, ao tentar libertá-los do culto aos ídolos
80
EPIFANIA DO SENHOR
81
IGREJA LUTERANA
próprio como o único sacrifício que Deus exige e com o qual Deus se recon-
cilia com a humanidade em pecado e com os pecadores que diariamente
necessitam do consolo de que Deus é um Deus misericordioso.
Este é um mistério para a busca humana por Deus. Se Deus não re-
vela este mistério a seu próprio respeito, ninguém poderá desvendá-lo.
Mas Deus revela em Cristo a dimensão e a natureza da sua misericórdia
(3.11).
Por esta razão Paulo concorda com Isaías que dizia que todas as nossas
justiças são como o trapo de imundícia (Is 64.6). Entretanto, por causa da
misericórdia de Deus, as nossas tentativas de vivermos uma vida diante
dele são recebidas por Deus como culto diário a ele prestado. E por isso,
essas tentativas de servir a Deus e ao próximo, por imperfeitas que sejam,
são conduzidas por Deus para o que é bom e justo.
Daí vem a ousadia de apresentar-nos a Deus mesmo sendo pecadores.
Porque ele nos amou desde a eternidade (3.11). E nada faria Deus recuar
neste amor. Temos, pois, a ousadia e a confiança de afirmar que somos
de Deus, do único e verdadeiro. E, mesmo sabendo que as nossas tenta-
tivas de amar e servir ao próximo são imperfeitas e falhas, merecedoras
de crítica e até de condenação, entretanto são recebidas em amor, neste
amor de Deus, cultivado em Cristo pelo Espírito que decidiu viver em nós,
juntamente com o Pai e o Filho.
Paulo P. Weirich
São Leopoldo/RS
weirich.proskep@gmail.com
82
O BATISMO DO SENHOR / PRIMEIRO
DOMINGO APÓS EPIFANIA
Salmo 29; Isaías 42.1-9; Romanos 6.1-11; Mateus 3.13-17;
ira de Deus. O escapar do pecado não é ação nossa, mas acontece quando
Deus nos perdoa os pecados por causa de seu Filho. Pois, em nós, Deus
não encontra nada além de pecado e condenação.
4. A santificação é obra do Espírito Santo, como confessamos na ex-
plicação do 3º artigo do Credo. As boas obras do cristão não o salvam
e também não preservam a fé e a salvação, como ensina a Fórmula de
Concórdia, artigo IV. Mas o Espírito Santo não age diretamente e imedia-
mente em nós. Ele faz uso dos meios da graça, Palavra e sacramentos,
para realizar a sua obra em nós e por meio de nós.
5. A partir do versículo 3, o apóstolo descreve, em ricas imagens, o que
é o nosso batismo e o que Deus opera por meio dele. O batismo é ação
de Deus, não nossa. Muitos imaginam e ensinam que o batismo consiste
em que nós fazemos um voto de compromisso diante de Deus em que
nos comprometemos a servi-lo com uma vida santa. Obviamente, de tal
visão do batismo resulta uma visão legalista da vida cristã.
O apóstolo ensina que o batismo nos coloca em um novo rela-
cionamento com Cristo. No batismo, somos unidos (v. 5: “plantados
juntos” ou “plantados em” Cristo). Estamos unidos com Cristo 1) na
sua morte; 2) na sua ressurreição. Cristo morreu por causa do nosso
pecado. Ele levou todos os pecados à sepultura para sempre. Um morto
não peca mais, ele não deve mais nada para a morte e não precisa,
portanto, morrer novamente. Unidos com Cristo, já morremos para o
pecado. Estamos, pois, totalmente, livres de sua culpa e condenação.
Esta justificação objetiva que Cristo obteve para nós nos é atribuída
(justificação subjetiva) no batismo. No batismo Deus nos dá justiça,
perdão, vida e salvação.
Na crucificação de Cristo, nosso velho homem foi crucificado com
ele. O velho homem, assim, perdeu o poder e o domínio sobre nós. Não
estamos mais sob seu domínio, não somos mais obrigados a seguir seus
maus desejos.
O batismo nos une com a ressurreição de Cristo. No batismo nascemos
de novo, somos novas criaturas, temos novo pensamento, novos desejos
e novas ações. Deixamos de viver para nós mesmos (para a carne) e
vivemos para Deus. A nossa nova vida ética, portanto, flui da justificação
e não o inverso.
6. Nosso velho homem foi crucificado “para que o corpo do pecado seja
destruído”. A sentença da condenação do velho homem foi pronunciada
e executada na cruz. Mas, os desejos remanescentes do velho homem
ainda estão presentes e ativos em nossa carne e sangue. O velho homem
continua inconvertido, descrente, desobediente e inimigo de Deus. Por isso,
ele deve ser crucificado. O batismo nos coloca no campo de batalha.
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O BATISMO DO SENHOR / PRIMEIRO DOMINGO APÓS EPIFANIA
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IGREJA LUTERANA
PROPOSTA HOMILÉTICA
86
SEGUNDO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Salmo 40.1-11; Isaías 49.1-7; 1 Coríntios 1.1-9; João 1.29-42a
CONTEXTO
Corinto era uma cidade famosa pela sua cultura e riqueza, mas tam-
bém tinha fama pela libertinagem entre seu povo. Entre os membros da
congregação de Corinto havia muitos recém-convertidos que se viam
diante de tensões espirituais e morais. E um dos grandes problemas
desta congregação era a divisão que havia entre os membros formando
partidos. Alguns se diziam de Paulo, outros de Pedro e outros de Apolo.
Por isso Paulo os admoesta a serem harmoniosos na fé e na doutrina e
que tenham uma conduta condizente com a fé cristã.
OS TEXTOS DO DIA
Salmo 40.1-11: Deus nos livra de todo mal e nos motiva a cantarmos
louvores a ele, narrando as suas maravilhas.
Isaías 49.1-7: A obra do Messias iria atingir não somente o povo de
Israel, mas seria também uma luz para todos os gentios.
1 Coríntios 1.1-9: Paulo dá graças a Deus por ele ter dado tudo o que
os coríntios precisassem para que pudessem ter uma vida de comunhão
irrepreensível.
João 1.29-42a: João revela Jesus como sendo o Cordeiro de Deus.
No batismo Jesus é manifestado como o Filho amado de Deus. Depois
Jesus é manifestado como Rabi, o Mestre, que inicia a formação de seus
discípulos.
eles são “santificados”, não pelo seu comportamento, mas pela sua rela-
ção com Cristo. Em Corinto também está uma parte da igreja de Cristo,
a igreja invisível.
V. 3: Graça e paz é um desejo de bem-estar dentro da comunidade.
A graça e a paz de Deus são o maior dom que os crentes recebem, pois
implica o recebimento do perdão dos pecados.
V. 4: Paulo normalmente inicia suas cartas dando graças a Deus pela
congregação ou pessoas para as quais se dirige, pelo que elas têm recebido
de Deus. Apesar da fraqueza em que estava a congregação de Corinto,
Paulo não deixa de dar graças pelos seus congregados serem alvos da
misericórdia de Deus.
V. 5: Palavra e ... conhecimento são dons do Espírito (1Co 12.8; 2Co
8.7) e os coríntios foram conduzidos ao conhecimento da salvação e sabem
como aplicar isto para a sua vida diária.
V. 6: Paulo lembra aos coríntios que o testemunho de Cristo foi con-
firmado entre eles. Isso significa que a pregação de Paulo foi aceita pelos
coríntios e que eles a provaram como verdadeira.
V. 7: Paulo provavelmente está se referindo aos dons espirituais que
ele vai mencionar nos capítulos 12-14, que nos mostram que o Espírito
Santo nos capacita a ajudar as necessidades do corpo de Cristo, a igreja
(veja 12.7-11; 14.3). A congregação de Corinto recebeu de Deus todos
os dons que são necessários.
V. 8: O Espírito Santo permanece com a igreja até o Dia de nosso
Senhor Jesus Cristo (Fp 1.6).
V. 9: Fiel é Deus é uma afirmação que nos anima a confiarmos plena-
mente nas promessas de Deus (1Ts 5.24). Assim a fé cristã não se baseia
em esperanças incertas, mas na certeza da fidelidade de Deus que cumpre
todas as suas promessas e finalmente nos integrará à comunhão de seu
Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.
APLICAÇÕES HOMILÉTICAS
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SEGUNDO DOMINGO APÓS EPIFANIA
PROPOSTA HOMILÉTICA
REFERÊNCIAS
Raul Blum
São Leopoldo/RS
raulblum@yahoo.com.br
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TERCEIRO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Salmo 27.1-9(10-14); Isaías 9.1-4; 1Coríntios 1.10-18;
Mateus 4.12-25
INTRODUÇÃO
O TEXTO DA EPÍSTOLA
Paulo inicia com um apelo bem claro (v.10). Ele o faz em nome do
Senhor Jesus Cristo, isto é, como seu apóstolo e representante. O apelo
é no sentido de que todos “falem a mesma coisa”. Isto não pode significar
que todos tenham o mesmo discurso ensaiado ou falem em uníssono, mas
que “estejam de acordo no que dizem”, como explica a NTLH. Trata-se de
concordância de linguagem, no sentido de não haver vozes divergentes
ou acordes dissonantes. Que não haja entre eles divisões, mas que es-
tejam unidos num só pensamento (ou ideal, como diz outra tradução) e
numa só intenção. Que toda a igreja tenha o olhar voltado para a mesma
direção. Paulo expressa algo semelhante em Fp 1.27; Fp 2.2; Rm 15.5-6;
2Co 13.11. O mesmo pensamento é expresso através do uso do termo
“unânimes” em Atos dos Apóstolos (1.14; 2.46; 4.24). Essa realidade é
celebrada no Salmo 133.
TERCEIRO DOMINGO APÓS EPIFANIA
91
IGREJA LUTERANA
corpo de Cristo, pois o que aparece dividido é a igreja, mas Paulo pergun-
ta a respeito de Cristo. (Em At 9.4, dá-se o contrário: Saulo persegue a
igreja, mas Jesus pergunta: por que me persegues?). Paulo emenda outra
pergunta: Será que Paulo foi crucificado por vós? Com isso deixa claro
que somente o crucificado pode ser cabeça e alicerce da igreja. (Paulo
voltaria a abordar essa questão, de forma mais detalhada, em 1Co 3.4
em diante).
À crucificação do Salvador, Paulo conecta o batismo, dois temas
que aparecem lado a lado também em Romanos 6. Como de costume,
aparece o verbo “batizar” (baptízo) seguido pela preposição eis (“em”
ou “para”). Há quem argumente que isso representa ou descreve uma
transferência para o nome de Cristo ou, então, uma incorporação em
Cristo. De fato, mais adiante, em 1Co 12.13, Paulo afirma que fomos
batizados para formar um só corpo. Aqui, como em outros lugares do
NT (especialmente 1Pe 3.21), Paulo conecta dois eventos de salvação:
a cruz e o batismo. Seria uma “parelha” desigual se o batismo fosse
apenas “minha confissão de fé”.
Tendo chegado ao tema do batismo e perguntado se alguém havia sido
batizado em nome dele, Paulo dá graças a Deus por ter batizado poucas
pessoas em Corinto (v. 14). Aos poucos, porém, enquanto vai ditando a
carta, ele lembra que batizou mais esse e mais aquele (v.16). “Agradeço
a Deus que batizei pouca gente!”. Isso soa estranho, vindo de um pastor.
Mas, no contexto, havia razões para tanto. Parece que os cristãos de
Corinto formavam os partidos a partir dos líderes que haviam batizado
uns e outros.
Entretanto, o mais surpreendente é que o apóstolo declara que não foi
enviado para batizar, e sim, para pregar (v.17). (Certamente Lutero estava
citando esse texto quando disse que o pastor poderia “terceirizar” uma
série de tarefas, inclusive a aplicação do batismo, mas que não poderia
jamais “terceirizar” a pregação!). No entanto, Paulo parece se contradizer.
Podemos perguntar: Se Cristo não o enviou para batizar, por que então
batizou Crispo, Gaio e a casa de Estéfanas? Em resposta, pode-se dizer que
este parece ser um caso da famosa “negação dialética” (uma formulação
utilizada pelo biblista norte-americano Horace D. Hummel). Trata-se de
um recurso retórico em que, pela negação de uma coisa e a afirmação de
outra, se procura manter as duas. O que se tem é mais complementação
do que contradição. O exemplo clássico é “misericórdia quero, e não sacri-
fício” (Os 6.6), que, à luz dessa interpretação, significa: “quero sacrifício,
mas muito mais do que isso quero misericórdia”. (Outros exemplos dessa
“negação dialética” aparecem em Jr 7.22 e Jl 2.13.) No caso de Paulo, o
que ele está dizendo é isto: “posso até batizar, mas a minha tarefa prin-
cipal, como apóstolo de Cristo, é pregar o evangelho”.
92
TERCEIRO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Nisto Paulo emenda algo sobre evangelização (v. 17b). Diz que evan-
geliza, “não em sabedoria de palavra”. Aqui, o termo “palavra” (lógos)
poderia ser entendido no sentido de retórica. Paulo está dizendo: Não
apenas faço discursos bonitos; prego a cruz de Cristo. A mensagem da
cruz precisa ficar plena, cheia; não pode ser esvaziada (Paulo usa o verbo
kenóo, que aparece também em 1Co 9.15; 2Co 9.3 e Fp 2.7). Significa
isto que quanto mais se fala bonito menos aparece a cruz de Cristo? Não
necessariamente. Por outro, quando alguém nos disser (sem maldade, é
claro): “Pastor, hoje o senhor falou bonito!”, a resposta poderia ser: “Eu
quis mesmo era pregar a cruz de Cristo!”
O v. 18 é, a rigor, o início de um novo parágrafo. Mas é importante
que esse versículo faça parte da perícope litúrgica. Entre outras coisas,
por levar a leitura a num clímax: “poder de Deus”. Paulo, na verdade,
contrasta duas coisas distintas: loucura e poder. O contrário de loucura
seria sabedoria, e não poder. E o contrário de poder não seria loucura,
mas fraqueza. Disso resulta que o evangelho é tanto sabedoria quan-
to poder. Levando-se em conta o evangelho do dia, é luz, é epifania
também.
APLICAÇÃO
93
IGREJA LUTERANA
Vilson Scholz
São Leopoldo/RS
vscholz@uol.com.br
94
QUARTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Salmo 15; Miqueias 6.1-8; 1 Coríntios 1.18-31; Mateus 5.1-12;
Salmo 15: Este Salmo de Davi nos protege contra o formalismo dos
rituais que, se forem realizados de forma mecânica e automatizada, não
irão, efetivamente, participar da comunhão com Deus. Se os oficiantes
e comunidade realizarem os rituais de modo mecânico, as cerimônias se
tornarão fórmulas mágicas que, automaticamente, procuram forçar Deus
à ação. Daí surge a pergunta inicial (v.1) que busca saber quem e qual
adoração é aceitável a Deus.
A resposta (vv.2-5a) é que a devoção será considerada blasfêmia se
não for realizada a partir de uma intenção, fala e ação orientadas pela
vontade de Deus. Se estiver alinhado com a vontade de Deus, o crente
estará num terreno sólido e receberá a bênção outorgada pela aliança da
graça de Deus.
Miqueias 6.1-8: Miqueias era contemporâneo de Isaías e sua
profecia tem como foco alertar o povo contra a corrupção religiosa e
social que reina em Juda e em Jerusalém. Por isso o chamado ao ar-
rependimento para que o povo novamente olhe (4.1-5) para o Senhor
Deus na perspectiva do Messias (5.2-15). Depois disso, o profeta fala
em 6.1-8 sobre a controvérsia do Senhor com o seu povo e uma busca
pelo perdido chamando-o ao arrependimento. Estes 8 versículos do
capítulo 6 são, para nós pastores, um excelente guia bíblico de Teologia
Pastoral na busca pelos que se perderam (v.1). O povo é convidado a
refletir sobre a controvérsia que se estabelece com o Senhor, a fim de
comprender a questão como se estivesse num tribunal. Na presença
das testemunhas silenciosas, os montes, a questão se desenrola. O
caso é apresentado (v.2) com grande ternura por parte do Pai celeste
(v.3). A fim de o povo compreender melhor o seu intento, Deus mostra
como conduziu o povo no passado (vv.4 e 5). E, após o exposto, Israel
é convidado a responder ao Senhor (vv.6-7): que tipo de serviço e
adoração Deus, efetivamente, espera de seus filhos e filhas? No final,
Deus mostra o que espera (v.8) de seu povo: justiça, misericórdia e
humildade; ou seja: caminhar segundo os preceitos do Senhor. O profeta
registra que um andar santo perante o Senhor é a melhor evidência da
verdadeira religião. Por isso, no versículo 8 temos a simplicidade da
verdadeira religião e um resumo do ensino de outros grandes profetas
como Amós, Oseias e Isaías; que juntamente com Cristo, essa palavra
IGREJA LUTERANA
de Miqueias é uma regra suficiente para a vida das pessoas que são
crentes e perseveram no caminho do Senhor.
1 Coríntios 1.18-31: Nesta perícope, Paulo, o apóstolo, após expor
fatos (1.10-17) chocantes mostrando que os cristãos estão brigando
uns com os outros, passa a ensinar sobre o contraste existente entre a
verdadeira sabedoria (que vinha de Deus, portanto teocêntrica) e a falsa
sabedoria (oriunda da racionalidade antropocêntrica). Essa discussão
estava acontecendo dentro de uma congregação que ficava numa cidade
(Corinto) onde a população era constituída a partir de uma vasta diversi-
dade racial, o que criava frequentes divisões partidárias. A congregação
cristã de Corinto também sofria essa influência e aí estava a razão de os
crentes se posicionarem como apoiadores de líderes destacados com o
intuito de se sobressairem em suas divisões. Até Jesus Cristo era invo-
cado como líder de um partido contra o outro. Isso fez Paulo, o apóstolo,
escrever de modo bastante contundente, o que é vísível numa leitura dos
primeiros quatro capítulos de 1ª Coríntios.
Neste contexto temos a perícope que serve de base para a mensagem.
Para um não-cristão, a pregação da cruz é loucura (v.18), pois não
consegue crer na séria consequência do pecado e, por essa razão, não tem
condições de perceber a necessidade de receber a Cristo que, conforme
2 Co 5.21: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós;
para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”.
V.18: A cruz de Cristo (v. 17) e a palavra da cruz são atos de Deus por
nós homens e pela nossa salvação. Tanto uma como a outra são poder de
Deus (Rm 1.16-17). Isso não é compreensível para a razão humana, já que
a racionalidade humana não consegue chegar, por suas próprias forças,
ao amor ilimitado de Deus demonstrado na cruz de Cristo. Isso porque o
ser humano não-cristão é limitado em seu próprio pensamento egoísta e
não tem condições de ver a infinita dimensão do que, efetivamente, é o
amor de Deus. Por isso, ao falar da cruz, o apóstolo enfatiza na segunda
parte do versículo 18: “mas para nós, que somos salvos, poder de Deus”.
Um poder que nos salva, ou seja: Deus salva a criatura, não a criatura
salva-se a si mesma. Desta maneira Paulo, de forma magistral e robusta,
demonstra (v.19) que aquilo que é considerado sabedoria entre os homens
não pode ser comparado à dimensão do que é a sabedoria de Deus. Isso
o apóstolo faz utilizando-se das palavras do texto de Isaías 29.14.
Tendo estabelecido os parâmetros e clarificado o caminho a ser seguido,
i.é, aquele que se volta unicamente a Deus e não à sabedoria humana, o
apóstolo passa a considerar a sabedoria do mundo contrapondo-a à natureza
e ao valor da sabedoria encontrada em Cristo (vv.20-21). Todos os sistemas
filosóficos que não estão em perfeita sintonia com a palavra de Deus acabam
em nada (Jó 11.7ss.). O conhecimento natural não consegue aceitar a verdade
96
QUARTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
97
IGREJA LUTERANA
CONCLUSÃO
98
QUINTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Salmo 112.1-9; Isaías 58.3-9a; 1 Coríntios 2.1-12(13-16);
Mateus 5.13-20
CONTEXTO DA PERÍCOPE
O TEXTO
100
QUINTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
101
IGREJA LUTERANA
PROPOSTA HOMILÉTICA
Paulo S. Albrecht
Rio de Janeiro/RJ
pastorpaulo@igreja-cristoredentor.org.br
102
SEXTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Salmo 119.1-8; Deuteronômio 30.15-20; 1 Coríntios 3.1-9;
Mateus 5.21-37
104
SEXTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
105
IGREJA LUTERANA
SUGESTÃO DE ESBOÇO
2. Os espirituais
a) São os cristãos de fé forte e que por isso procuram ver as coisas
do ponto de vista de Deus.
b) O Espírito Santo vai lhes dando o crescimento na fé e na obedi-
ência pelo estudo da palavra e recepção assídua da santa ceia,
tornando-os maduros na vida cristã.
c) Sinais em tais cristãos: apegam-se à justiça de Jesus Cristo para
terem salvação (Mt 5.20), não são seguidores de pastores e sim
de Cristo, têm a vida espiritual recebida de Cristo e nesta vida
querem permanecer “dando ouvidos à sua voz e apegando-se a
ele” (Dt 30.20).
d) Resultado: em sua misericórdia, Deus lhes concede bênçãos (in-
clusive amor ao próximo, amadurecimento espiritual), galardões
terrenos (Dt 30.16,20) e na eternidade.
e) Através de seus ministros (pastores), “de Deus... cooperadores”,
Jesus ministra aos seus seguidores com palavra e sacramen-
tos.
Leonerio Faller
São Leopoldo/RS
leoneriofaller@yahoo.com.br
106
SÉTIMO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Salmo 103.1-13; Levítico 19.1-2,17-18;
1 Coríntios 3.10-11,16-23; Mateus 5.38-48
107
IGREJA LUTERANA
de Cristo. Todavia, não se pode esquecer que Cristo nunca está sem seu
corpo, a igreja. A santidade de Cristo irradia-se ao mundo, por ação do
Espírito Santo, na vida dos cristãos.
O pregador, ciente de que não estará anunciando a palavra de Deus a
menos que pregue o evangelho, encontrará ampla exposição do mesmo
no salmo do dia, Salmo 103.
Vilson Scholz
São Leopoldo/RS
Igreja Luterana, ano 49, n. 01, jan./jun. 90
108
OITAVO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Salmo 115.(1-8)9-18; Isaías 49.8-16a; 1 Coríntios 4.1-13;
Mateus 6.24-34
CONTEXTO
TEXTO
110
OITAVO DOMINGO APÓS EPIFANIA
111
IGREJA LUTERANA
112
OITAVO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Desdobramentos:
- De Deus vem a Palavra e os ministros que a anunciam;
- de Deus vem o julgamento final;
- de Deus vêm os sofrimentos para nosso aprendizado;
- de Deus vêm a riqueza e a sabedoria;
- de Deus vem o desejo de ajudar o próximo.
113
A TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR
Salmo 2.6-12; Êxodo 24.8-18; 2 Pedro 1.16-21; Mateus 17.1-9
LEITURAS
Salmo 2.6-12: “Tu és meu Filho”. Deus revela que todos terão de
curvar-se diante do seu Filho Jesus, que estabeleceu como rei de todas
as coisas.
Êxodo 24. 8-18: Deus fala com Moisés no alto do monte, do meio de
uma nuvem: “A glória do Senhor pousou sobre o monte Sinai, e a nuvem
o cobriu por seis dias” (v.16). Foi a entrega da Lei a Moisés pelo SENHOR,
no monte Sinai.
2 Pedro 1.16-21: O apóstolo Pedro confessa e se reconhece como
testemunha ocular da majestade de Deus, lembra da transfiguração de
Jesus Cristo, onde Jesus recebe a honra e a glória de Deus.
Mateus 17.1-9: Deus revela sua glória na transfiguração de Jesus
diante de três discípulos (Pedro, Tiago e João), mostrando-lhes a natureza
divina de Jesus. Deus, o Pai, do meio de uma nuvem luminosa, confirma:
“Este é o meu Filho amado”. Dele brota a palavra de Deus e a ele devemos
prestar ouvidos (Mt 17.5).
enfatiza que o poder e a majestade de Jesus Cristo e a sua vinda não são
coisas inventadas, não são “fábulas engenhosamente inventadas” por eles.
Também não foi copiado de contadores de mitos ou de fábulas.
Pedro fala com convicção sobre o episódio da transfiguração do Senhor,
no qual Jesus recebeu, “da parte de Deus Pai, honra e glória” (Mt 17.1-9).
Assim, todo o ensinamento e doutrina de Jesus é palavra de Deus. Pedro
afirma que todos os apóstolos pregam a mesma mensagem. “Pois Cristo
não me enviou para batizar, mas para anunciar o evangelho e anunciá-lo
sem usar a linguagem da sabedoria humana, para não tirar o poder da
morte de Cristo na cruz” (1Co 1.17).
Vv. 18 e 19: “Seis dias depois, Jesus foi para um monte alto, levando
consigo somente Pedro e os irmãos Tiago e João” (Mt 17.1). A vinda de
Jesus Cristo, para muito em breve, estava demorando. Assim, para con-
trariar a palavra de Deus, os falsos mestres usavam esse fato para afir-
mar que o evangelho anunciado era somente um mito. Pedro novamente
afirma que aquilo que ele e os apóstolos pregam não era coisa inventada
senão presenciada e que sua fonte é a palavra de Deus, Jesus Cristo. A
todo aquele que não vê e não entende pelos olhos da fé, isto é loucura
e escândalo.
As profecias do Antigo Testamento não são sonhos e muito menos
ideias dos apóstolos, mas são revelações feitas por Deus aos profetas e
estes falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo. Notamos aqui
a preocupação de Pedro argumentando que a finalidade de seu ensino a
respeito de Jesus é que nós podemos estar certos que sua mensagem é a
palavra de Deus. As profecias da Escritura Sagrada não provêm dos profe-
tas em si, por vontade humana deles. Eles falaram movidos pelo Espírito
Santo. E Pedro ensina que estas profecias ficam esclarecidas e confirmadas
a partir de Jesus Cristo. Jesus Cristo é a glória de Deus, a chave que nos
dá a compreensão do Antigo Testamento e dos planos de Deus.
Vv. 20 e 21: Pedro conclui dizendo que uma vez que sabemos que
temos a palavra de Deus, por meio de Jesus Cristo, neste devemos crer
para não sermos enganados, mesmo que esses outros mestres venham
com a alegação de que eles, também, têm o Espírito Santo. “Portanto,
usemos os nossos diferentes dons de acordo com a graça que Deus nos
deu. Se o dom que recebemos é o de anunciar a mensagem de Deus,
façamos isso de acordo com a fé que temos” (Rm 12.6).
Agora o que está escrito e proclamado nos profetas não foi inventado
ou criado pelo homem: “toda a Escritura é inspirada por Deus” (2 Tm
3.16). “Falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas
ensinadas pelo Espírito, conferindo cousas espirituais com espirituais” (1
Co 2.13). Pedro afirma que homens piedosos e santos têm dito que eles
foram movidos pelo Espírito Santo.
115
IGREJA LUTERANA
PROPOSTA HOMILÉTICA
116
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
Salmo 51.1-13 (14-19); Joel 2.12-19; 2 Coríntios 5.20b-6.10;
Mateus 6.1-6, 16-21
CONTEXTUALIZAÇÃO
Após ter dito que toda a humanidade, através de Cristo, fora recon-
ciliada com Deus, o apóstolo Paulo faz uma exortação, em particular,
aos coríntios: “Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis
com Deus” (v.20b). A situação do povo coríntio era delicada. O cenário
envolvia falsos apóstolos (2Co 11.12-14), que tentavam colocar em dú-
vida a mensagem de Paulo ao povo da igreja de Corinto. Segundo eles, a
reconciliação com Deus era algo que as pessoas tinham de alcançar com
IGREJA LUTERANA
seu esforço próprio. Dessa forma, Paulo apela e exorta em sua carta para
que a congregação se arrependa e volte para Deus, não dando ouvidos
a falsas mensagens.
As muitas mensagens sobre uma aparente justiça que o ser humano
possui ecoam com força. Não longe, o número de falsos pregadores e
apóstolos aumentam cada vez mais. São muitas as versões que apresen-
tam um ser humano capaz, que por seus próprios méritos ou obras, por
viver uma vida piedosa, pode tornar-se uma pessoa justa perante Deus e
assim reconciliar-se com Ele. Dessa forma, a nossa realidade acaba sendo
a mesma do povo coríntio.
a. A verdadeira mensagem
Não diferente do tempo atual, muitos, na cidade de Corinto, eram
persuadidos a manter uma aparência justa e santa. Por isso o apóstolo é
enfático e escreve: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por
nós; para que, nEle, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5.19). Esta é a
verdadeira mensagem. Através de Cristo somos reconciliados com Deus,
e não pelo esforço de manter uma aparência justa. A realidade humana
é a imperfeição, a miséria e a mortalidade. A santidade e a verdadeira
justiça somente podem ser encontradas em Cristo, que nos religa ao Pai.
Ele não conheceu o que era pecado. Porém, para que fôssemos limpos de
nossa iniquidade natural, Deus o fez nascer como humano, colocando sobre
Ele nossos pecados, tornando-o nosso substituto, sofrendo a punição, o
castigo da lei pela desobediência da humanidade: a morte.
“[...] para que, nEle, fôssemos feitos justiça de Deus”. Paulo, nesse
ponto, relaciona o ‘estar em Cristo’ com a justiça. Pelo fato de se estar
com Cristo, a humanidade se torna justa. Não é uma virtude ou qualidade
a ser adquirida mediante a conversão, mas somente estando com Cris-
to, mantendo um relacionamento com Ele, através da fé, é que se pode
adquirir uma verdadeira justiça e santidade, não somente de aparência,
mas de coração. Esta é a verdadeira mensagem para um mundo cheio de
equívocos: “justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos os
que creem [...], pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm
3.22a-23).
b. Paulo: cooperador de Deus
O apóstolo é um cooperador de Deus, que trabalha com Ele. Dessa
forma, ele quer exortar os coríntios para que não recebam em vão a gra-
ça de Deus, ao tentar reconciliar-se com Deus através de seus esforços,
como vinham se comportando. Em suma, que deixem de escorregar no
erro que os falsos apóstolos pregam.
Deus havia chamado os coríntios à verdadeira justiça e santidade,
pela fé em Cristo: “Eu te ouvi no tempo favorável e te socorri no dia da
salvação[...]” (2Co 6.2a). Dois aspectos que, nessa frase, nos remetem
118
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
119
IGREJA LUTERANA
PROPOSTA HOMILÉTICA
Charles T. da Rocha
São Leopoldo/RS
charles.tailor.da.rocha@hotmail.com
120
PRIMEIRO DOMINGO NA QUARESMA
Salmo 32.1-7; Gênesis 3.1-21; Romanos 5.12-19; Mateus 4.1-11
CONTEXTO LITÚRGICO
TEXTO
122
PRIMEIRO DOMINGO NA QUARESMA
MEDITAÇÃO
1
THE SWELLESLEY REPORT. Wellesley High grads told: “You’re not special”. Disponível em:
<http://theswellesleyreport.com/2012/06/wellesley-high-grads-told-youre-not-special/>.
Acesso em: 30 abr. 2013.
123
IGREJA LUTERANA
124
PRIMEIRO DOMINGO NA QUARESMA
125
SEGUNDO DOMINGO NA QUARESMA
Salmo 121; Gênesis 12.1-9; Romanos 4.1-8,13-17; João 3.1-17
CONTEXTO HISTÓRICO
CONTEXTO LITERÁRIO
dos judeus e que, talvez, fossem usadas pelos judaizantes como exem-
plos a serem seguidos, principalmente no que diz respeito à circuncisão
e obediência às leis.
CONTEXTO LITÚRGICO
O TEXTO
Vv. 1-3: O orgulho já foi excluído por Paulo versículos antes (3.27).
Abraão não tem de que se orgulhar perante Deus. As obras vieram depois
do crer (Gn 15.6). Paulo evoca a lei de Moisés e os profetas (Antigo Testa-
mento) para desenvolver seu argumento a respeito da fé que é imputada
em Abraão. A voz da Escritura é a voz de Deus; é nela que se pode ouvir
sua vontade e veredito, como descrito em Gênesis a respeito de Abraão,
não falando de suas obras, mas de sua fé.
A tradição rabínica usa o mesmo texto que fala a respeito da aceitação
(ou imputação) da justiça. Eles defendem a tese de que Abraão creu e
com isso tem o “mérito da fé”. Nesse caminho já é derrubada, de certa
forma, a justificação por obras. Mas ainda há a problemática a respeito
do “mérito da fé”. A salvação já foi conquistada para a humanidade, não
depende de fé, só podemos ter esperança na promessa (ou recusá-la).
Primeiro vem a Palavra de Jesus e depois a confiança.
Não são expostas as obras de Abraão, mas sua fé. Como diz
Franzmann:“Que mais podia fazer esse nômade sem filhos, que viveu
esperando, até cansar, pelo cumprimento da promessa de descendentes
e de uma terra?”. Além disso, Abraão é aquele medroso que entrega sua
própria esposa ao rei (Gn 20.2). Que boa obra ele tem para ser-lhe im-
putada a justiça?
Vv. 4-5: O trabalhador sempre aguarda, ao final de cada mês, o salário
merecido pelo trabalho desempenhado. Na lógica de Deus é diferente.
No final da vida, aquele que confia nas obras que fez e nelas coloca seu
coração, esse não receberá o salário que Deus tem reservado. Paulo está
apontando para a justificação. O homem não pode ser nada além de “ím-
pio” (ARA) e “culpado” (NTLH). “O que não trabalha, porém crê”. A lógica
127
IGREJA LUTERANA
humana se esvai. Como pode alguém receber algo pelo que não merece?
Essa é a loucura e o escândalo.
Onde há a “imputação” aí se pode ter confiança na Palavra, assim como
aconteceu com Abraão. O que legalmente e racionalmente é impossível,
Deus faz por graça. Abraão era alguém que não tinha exigência alguma a
fazer por causa de suas obras. Lutero chama atenção para isso:
Que fez Abraão com suas obras? Foi tudo em vão? Foram sem
proveito suas obras? E conclui que Abraão foi justificado sem
quaisquer obras, exclusivamente pela fé, sim [...] a obra da
circuncisão em nada contribuiu para a justiça, obra esta que
Deus lhe ordenou e que foi uma boa obra da obediência [...] a
circuncisão de Abraão foi um sinal exterior com que demonstrou
sua justiça na fé, assim todas as boas obras são apenas sinais
exteriores que resultam da fé e, como bons frutos, demonstram
que interiormente a pessoa já está justificada perante Deus
(LUTERO, v. 08, p.135).
Vv. 6-8: Paulo, seguindo a argumentação, cita o rei Davi, que confirma
o que diz a respeito da justiça, fé e obras. O homem, cujo pecado foi per-
doado por Deus, apenas recebe. Deus é quem age. É ele quem perdoa. Não
há no homem senão pecado e é de Deus que vem a imputação da justiça.
Isso faz com que haja o acolhimento de Deus ao homem pecador. Assim
como Cristo, que comia com os pecadores. Ele era a imputação da justiça
de Deus, a consequência de sua presença era a confiança ou rejeição.
A pessoa que reconhece seu pecado e é perdoada, essa não ficará sem
obras. Paulo cita o texto do Salmo 32 de Davi, que expressa sua felicidade
ao receber o perdão, respondendo com louvor e gratidão.
Vv. 9-12: Esse trecho é omitido na leitura trienal. O motivo provavel-
mente se dê por conta do assunto aqui tratado. Fazer com que a circuncisão
tenha relevância em nossa cultura exige muita explicação a respeito da
cultura judaica. Aqueles que escolherem essa perícope podem poupar o
povo desse assunto, dando ênfase ao que de fato interessa: a promessa
de Deus e o crer de Abraão.
Vv. 13-15: A promessa que Deus faz a Abraão não dependeu de seu
trabalho. Ele não tinha muito que oferecer a Deus. Foi “mediante a justiça
da fé” que Abraão creu na promessa que Deus havia feito, sendo assim
aceito por Deus, que lhe imputou a sua justiça. Assegurar pagamento ao
que trabalha já não será mais promessa. O que Deus exige em sua Lei
serve para mostrar o fracasso do homem. É nela que o homem tem o
“pleno conhecimento do pecado” (3.20).
Vv. 16-17: O fim da perícope neste ponto mostra que o texto chega
ao seu ápice. Os temas principais são apontados por Paulo. Fé, promes-
sa e graça – essas três constituem um trio indivisível. Somente quando
128
SEGUNDO DOMINGO NA QUARESMA
BIBLIOGRAFIA
129
TERCEIRO DOMINGO NA QUARESMA
Salmo 95.1-9; Êxodo 17.1-7; Romanos 5.1-8;
João 4.5-26 (27-30, 39-42)
CONTEXTO
131
IGREJA LUTERANA
Vv. 3-5: h. qliyij katerga,zetai upomon h. de. upomonh. dokimh,,n h,, de.
dokimh, elpi,da: a aflição produz perseverança, a perseverança caráter, e o
caráter esperança. A velha natureza do homem tende a fazê-lo olhar para
estes versículos como comportamentos requeridos pela lei, como algo que
é necessário que os cristãos façam, estando eles em sofrimentos. Porém
Paulo não está fazendo uma lista de virtudes que os seus leitores deveriam
procurar alcançar por sua própria vontade, pelo contrário, estas coisas
são efeitos da obra do Espírito Santo na vida dos cristãos. Deus trabalha
e ajuda através dos sofrimentos e aflições. Ele ensina perseverança, de-
senvolve o caráter e dá a esperança. Mas como a aflição é transformada
por Deus de uma coisa ruim em uma coisa saudável e boa? A esperança
que provém da aflição não decepciona nem causa vergonha, porque ela
não é falsa ou infiel, mas é o próprio Deus que, através do Espírito Santo,
derrama o seu amor no coração do homem (v.5). Os versículos 3 e 4 por
vezes são lidos como um texto que esconde mais conteúdo do que pare-
ce ter, a ideia de que neles existe mais conhecimento do que aparenta,
como a ordem das coisas, o que dá origem a uma coisa e o que dá origem
a outra pode camuflar ou retirar a importante afirmação de que Deus é
um Deus presente no sofrimento, nas aflições. E que este sofrimento e
aflição, por sua vez, não são uma maldição ou castigos divinos, mas são
verdadeiramente uma bênção, pois empurram o homem para sua verda-
deira condição de dependência de Deus, dando-lhe a esperança da glória
celestial através do amor derramado em seu coração, especialmente visto
no sofrimento.
V. 6: o;ntwn hmwn asqenwn e;pi: sendo nós ainda fracos. O termo
grego descreve alguém que está afligido por alguma doença e que por
si só é completamente impotente contra ela. A palavra que dá origem a
asqenwn, asqeneia, que denota o estado de incapacidade para fazer, ser
ou experimentar alguma coisa: incapacidade, doença, fraqueza, limita-
ção. Cristo morreu pelos ímpios, ou seja, por aqueles que sozinhos são
incapazes de sair da situação em que se encontram, a doença que os
mantém fracos e limitados.
Vv. 7,8: Estes versículos apresentam um paradoxo, duas ideias que
são contrárias entre si. Uma que segue o raciocínio lógico humano e outra
que é completamente contrária ao senso comum. Nas relações humanas
o bem só é feito se houver dignidade no recebedor, ou ainda se este fizer
algo para motivar a parte que doa. É o que afirma o versículo sete ao usar
advérbios de dúvida para falar da iniciativa do ser humano em sacrificar-
se por outros: mo,lij tij apoqaneitai – dificilmente alguém morrerá;
eta,ca tij tolma apoqanein – talvez alguém ouse morrer. Nesta lógica
de troca o apóstolo então declara um “mas”, uma sentença que adverte
que o que vem adiante é completamente contrário a todo pensamento do
132
TERCEIRO DOMINGO NA QUARESMA
Assunto: A paz que Deus cria entre Ele próprio e o ser humano através
e a partir da justificação na fé em Cristo.
Objetivo: Mostrar que a paz alcançada por Cristo e concedida ao
homem não é só o fim do castigo e condenação, mas a justificação é o
decreto divino que garante uma relação positiva de comunhão entre Deus
e o ser humano, sem necessidade de cumprimento de obrigações, tarefas
e preocupações, como se algo ainda precisasse ser feito.
Tema: A vida de liberdade que provém da justiça de Cristo.
Desdobramentos:
A paz concedida por Jesus é paz completa:
- Pois não depende do que fazemos e não traz exigências, nem rei-
vindicações.
- Pois é pela fé que dá o acesso à justiça, a permanência nela e o
futuro na glória de Deus.
- Sendo assim, os sofrimentos e aflições ditas por Paulo não são cas-
tigos para pecados cometidos, mas bênçãos que mostram o cuidado
de Deus, a dependência do ser humano e dão a esperança que não
decepciona e desanima, mas é prova do amor de Deus.
- O amor incompreensível e incabível: o justo pelo injusto, o reto pelo
pecador.
133
QUARTO DOMINGO DA QUARESMA
Salmo 142; Isaías 42.14-21; Efésios 5.8-14;
João 9.1-41 ou João 9.1-7,13-17,34-39
LEITURAS DO DIA
Salmo 142: Este salmo é uma oração de Davi feita quando esteve
na caverna enquanto Saul o perseguia para matar. Através de sua leitura
podemos ver quão grande é o seu pesar. Davi está profundamente abati-
do e seu semblante parece não ser nada agradável. Então ele ora: “ergo
minha voz e clamo” (v. 2), “derramo perante ele a minha queixa” (v.3),
“ninguém que por mim se interesse” (v. 4), “tu és o meu refúgio” (v.5).
Diante de tais palavras percebe-se que Davi se sente sozinho, está
passando por uma situação de grande sofrimento e sem a ajuda de nin-
guém, “ninguém que por mim se interesse” (v. 4). Então pede ajuda a
Deus. Deus, no entanto, já sabia da situação dele antes mesmo de pedir
ajuda e conforta o seu coração (Salmo 57) enviando seus familiares até
onde se encontrava escondido: “Davi retirou-se dali e se refugiou na ca-
verna de Adulão; quando ouviram isso, seus irmãos e toda a casa de seu
pai desceram ali para ter com ele” (1Sm 22.1).
Vale ressaltar ainda que Davi não sofreu somente a perseguição de
Saul; outro cenário conhecido e digno de nota é o caso de Bate-Seba.
Natã o repreende com veemência e, diante de tal repreensão, Davi apenas
responde: “Pequei contra o Senhor. Disse Natã a Davi: também o Senhor
te perdoou o teu pecado; não morrerás” (2Sm 12.13).
Deus mostra a Davi o seu pecado, sua total dependência de Deus.
Deus mostra também a nós o que realmente somos. Não somos pessoas
diferentes de Davi porque não adulteramos, ou matamos, ou não fazemos
isso ou aquilo. A verdade é que diante de Deus todos estão numa situação
que por nós mesmos nada podemos fazer para nossa salvação. Apenas
reconhecer nossa total dependência de Deus. O que podia fazer Davi lá
na caverna, sendo perseguido por Saul? Levantar os olhos ao céu e dizer:
“tu és o meu refúgio” (v.5). Deus o ouve e, antes mesmo dele pedir ajuda,
Deus já estava enviando seus familiares até ele.
Este salmo é um belíssimo texto que ressalta como é grande o amor de
Deus para com os seus filhos, um Deus que vê e conhece o sofrimento de
cada um, suas dores, suas angústias e preocupações. Tudo isso tem sua
característica, o pecado, cujo salário é a morte. Essa é a nossa existência –
morte, pois vida só existe em Deus, no Seu Filho Jesus Cristo que foi levado
à morte por nós e, nós, por meio dele, voltamos da morte para a vida.
QUARTO DOMINGO NA QUARESMA
135
IGREJA LUTERANA
O texto nos diz que foi Jesus quem viu o homem cego, não que este
o procurara para ser curado. É interessante notar que nestas palavras
que, a princípio, parecem ser tão simples, desponta a compaixão de Je-
sus para com o ser humano. Um Deus que vê o sofrimento do seu povo,
que sofre junto. Esse mesmo Deus é aquele que dá a luz ao mundo, na
pessoa de Cristo.
A ênfase que o texto permite apontar também é o fato de que Jesus
não apenas cura a cegueira física, mas ele próprio aponta a si mesmo
como aquele que tira as pessoas da escuridão, das trevas do pecado e
mostra a luz, que é ele próprio.
136
QUARTO DOMINGO NA QUARESMA
Por isso a pergunta dos discípulos: “Mestre, quem pecou, este ou seus
pais, para que nascesse cego?” (Jo 9.2). Paulo responde aqui que nem ele
nem os pais, porque pecado é pecado em todos nós e dignidade é aquela
que Deus nos dá. Quando Jesus vê o cego e vai em direção a ele, tira dele
a indignidade na qual está, condenado pelos fariseus, pecador, e Deus o
acolhe na sua dignidade divina.
Dessa forma é que podemos entender a pergunta dos discípulos. “Quem
pecou, ele ou os pais?... Nem ele nem os pais”, diz Jesus (Jo 9.2,3). O
pecado vive em nós, entretanto, se não o cometemos é porque Deus nos
livra, nos cobre com seu amor; por sua misericórdia Ele nos protege, não
nos deixa cair em tentação, nos livra do mal.
Jesus, a luz do mundo, quer nos ensinar a primeiramente reconhecer
pecado como pecado. Todos são pecadores. Mas ele quer também nos
ensinar a reconhecer nosso pecado, confessar nosso pecado, reconhecendo
a justiça como dom de Deus. Se somos justos é porque Deus nos justifica;
se somos dignos, é Deus que nos dignifica; se somos honrados, da mesma
forma também é Deus que nos dá a honra. Nada vem de nós, tudo o que
temos e somos é por causa da misericórdia de Deus.
Esse é o movimento que a Luz (Jesus) cria em nós: primeiro ela aponta
o que realmente somos, pecadores, indignos diante de Deus. Ao mesmo
tempo também nos convida a confessar que a dignidade que temos é a
dignidade que Deus nos dá por causa de seu Servo, Jesus, a Luz do mundo.
É no Servo do Senhor que temos luz.
No entanto, quem pode aceitar essas palavras? Quem consegue ouvir
tais palavras? Somente aqueles que se encontram perdidos e desesperados
em seus pecados e culpas, os aflitos a quem esta Luz (Jesus) é apresen-
tada. Os que são justos aos seus próprios olhos e praticam sua própria
justiça têm dificuldades em aceitar e reconhecer a necessidade de perdão
e compaixão.
A quaresma, entretanto, nos convida a olhar para a cruz e ver um
Deus que acolhe o seu povo. Jesus se identifica como a luz do mundo que
vai ao encontro dos perdidos, dos afastados, os de longe e leva até eles
a misericórdia e o amor de Deus.
Somos convidados por Deus a dar atenção às suas palavras, a viver
uma vida de gratidão a Ele por tudo o que tem feito por nós. Jesus é a
luz do mundo que brilha em meio às “trevas” do pecado, que cura, que
perdoa e dá a vida eterna aos que creem em suas palavras.
SUGESTÃO HOMILÉTICA
137
IGREJA LUTERANA
2.1). Mas Deus tem compaixão do seu povo e lhe envia o seu servo, Cristo
Jesus, o qual paga o preço dos pecados e os tira das trevas. Agora somos
filhos amados de Deus e somos convidados a ter uma vida de gratidão
a ele, pois Cristo é a luz do mundo. É ele quem abre os olhos aos cegos
para ver e nos mostra que ele está no comando de tudo. Ele cuida de cada
um de nós também. Ele abre nossos olhos para ver e mostra que nossa
vida está em suas mãos e dele dependemos inteiramente, pois tudo o que
temos e somos vem dele, por causa de Cristo, nossa Luz.
Marcos Reinicke
São Leopoldo/RS
marcosreinicke@gmail.com
138
QUINTO DOMINGO NA QUARESMA – JUDICA
Salmo 130; Ezequiel 37.1-14; Romanos 8.1-11; João 11.1-53
CONTEXTO
140
QUINTO DOMINGO NA QUARESMA - JUDICA
141
IGREJA LUTERANA
disse: “Ele não conheceu pecado” (2 Co 5.21). Por outro lado, temos que
tomar cuidado para não sermos docetistas e dizer que Jesus teve um corpo
diferente de nós. É neste seu Filho em semelhança de carne pecaminosa,
onde foi punido o pecado, condenado por Deus. Sendo assim, “se na carne
de Jesus foi punido, condenado o pecado por Deus” (v.3) “agora, nenhuma
condenação há para os que estão em Cristo Jesus (v.1).
V. 4: ἵνα – conjunção denotando propósito: “a fim de que, para que”
a exigência da lei se cumprisse em nós. Verbo πληρωθῇ na voz passiva
–“fosse cumprida, completada” em nós. A exigência da lei foi cumprida
em nós passivamente e em Cristo ativamente. Agora a Lei se cumpre
em nós pela fé por causa de Cristo. “Que andamos não segundo a carne,
mas segundo o Espírito” que foi dado a nós. Ele aperfeiçoa a justiça por
completo em nós. Somos justificados pela fé em Cristo, e essa justiça de
Cristo em nós nos santifica por completo corpo e alma.
Vv. 5-8 formam uma seção. Podemos chamá-la de “seção da carne”.
“Os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne (v.5) e o
seu pendor (da carne) dá para a morte (v.6). Por isso o pendor da carne é
inimizade contra Deus (v.7). E os que estão na carne não podem agradar a
Deus” (v.8). Os que se inclinam para a carne são aqueles que interiormente
e exteriormente vivem e atuam de forma a servir o proveito da carne e à
vida temporal (ver acima conceito de ”carne” de Lutero). Estar na carne
é exatamente não confiar em Cristo e cair nos extremos de procurar uma
autojustificação pelas obras meritórias ou no caminho da libertinagem
(graça barata). Os que não confiam na justiça de Cristo, e sim, na justiça
própria (da carne) ou na libertinagem não podem agradar a Deus.
Vv. 9-11 formam outra seção que podemos chamar de “seção do
Espírito”. “O pendor do Espírito dá para a vida e paz” (v.6). O Espírito de
Deus – πνεῦμα θεοῦ – habita em vós, e se alguém não tem o Espírito de
Cristo – πνεῦμα Χριστοῦ – esse tal não é dele (v.8). Se Cristo está em
vós, o corpo está morto para o pecado, mas o Espírito é vida, por causa
da justiça” (v.10).
O Espírito (é) vida por causa da justiça – πνεῦμα ζωὴ διὰ δικαιοσύνην.
Todo este contraste entre a “seção da carne” onde o seu pendor é morte,
inimizade contra Deus, não agradar a Deus, com a “seção do Espírito”,
onde seu pendor é vida e paz, vida no Espírito de Cristo – tudo isso se
dá por causa da justiça de Cristo, onde a vida do cristão já é agradável a
Deus. Confia-se na justiça humana e estará na “seção da carne”, confia-se
na justiça de Cristo e estará na “seção do Espírito”.
O fechamento da perícope diz que o Espírito que ressuscitou (ἐγείρω)
Jesus dentre os mortos, vivificará (ζῳοποιέω) o vosso corpo mortal por
meio do Espírito, que em vós habita (ἐνοικέω – v.11). Paulo usa verbos
diferentes para falar da ressurreição de Jesus e da vivificação do vosso
142
QUINTO DOMINGO NA QUARESMA - JUDICA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
143
DOMINGO DE RAMOS
DOMINGO DA PAIXÃO
Salmo 118.19-29 ou Salmo 31.9-16; Isaías 50.4-9a;
Filipenses 2.5-11; Mateus 26.1-27.66 ou Mateus 27.11-66
[ou Mateus 21.1-11] ou João 12.20-43
CENÁRIO LITÚRGICO
CONTEXTO LITERÁRIO
TEXTO
COMENTÁRIO
145
IGREJA LUTERANA
vida de Cristo. Ele veio para exaltar os humildes (Lc 1.52). Ele foi como
escravo ao encontro dos sofredores, que eram humilhados e considerados
indignos.
No fim podemos dizer que “Aquele que não conheceu pecado, ele
o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”
(2Co 5.21). Em aspectos práticos, para salvar a todos os que estão a
sofrer neste mundo, ele teve que se humilhar ao máximo para alcançar
o pecador. Jesus se humilha para poder ir ao encontro de todos os que
estão perdidos.
Paulo quer tratar o problema da igreja ao se referir a Cristo. A igreja
deve se lembrar de que tem por objetivo servir, servir a todos os que estão
a sofrer, para que assim as pessoas, em meio aos seus sofrimentos, possam
encontrar Cristo, o qual exaltará o humilde, dando-lhe o perdão.
Portanto, devemos controlar o nosso orgulho, pois não fizemos nada
para alcançar a salvação: esta foi obra exclusiva de Cristo Jesus. Além
do que, o orgulho e a vontade própria impedem a igreja de servir ao
necessitado.
Rafael Schultz
São Leopoldo/RS
rafaelschultz205@hotmail.com
146
QUINTA-FEIRA SANTA
Salmo 116.12-19; Êxodo 24.3-11; Hebreus 9.11-22; Mateus 26.17-30
CONTEXTO
LEITURAS DO DIA
O TEXTO
148
QUINTA-FEIRA SANTA
novilha. Esses rituais eram para o benefício dos que estavam cerimonial-
mente contaminados, para santificá-los quanto à purificação da carne, ou
seja, a purificação exterior.
A verdade fundamental de que o sangue “purifica” e “santifica”, mesmo
que só num nível cerimonial, fornece a base para o argumento introduzido
pela expressão “muito mais” (v.14). O sangue de Cristo é uma forma de
falar da sua morte como o sacrifício pelos pecados. Isso foi singularmente
eficaz porque ele a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus. Jesus em
perfeita obediência ao Pai, culminando na cruz.
“Pelo Espírito eterno” muito provavelmente se refere ao poder do
Espírito Santo de sustentá-lo e suportá-lo (Is 42.1), embora alguns inter-
pretem a expressão como significando o próprio espírito dele, destacando
a natureza interior ou espiritual do seu sacrifício. O sangue de Cristo é
suficientemente poderoso para purificar a nossa consciência de obras
mortas. Deus requer o arrependimento de tais atos (6.1), pecados que
contaminam a consciência e trazem o juízo dele. Mas os que se arrepen-
dem precisam ser purificados de tal contaminação, e somente a morte
de Jesus pode fazer isso (9.9 com 9.14). O propósito da purificação no
AT era que o povo fosse consagrado novamente ao serviço de Deus. A
promessa da nova aliança de um “coração” renovado, fundamentado no
perdão definitivo dos pecados (Jr 31.33,34), ecoa no v. 14. Somente a
purificação provida por Cristo pode nos libertar para servirmos ao Deus
vivo da forma como Jeremias predisse.
V.15: O elo entre a obra sumo sacerdotal de Jesus e o cumprimento
da profecia de Jeremias é explorado mais a fundo. Por meio da sua morte,
Cristo é o Mediador da nova aliança (8.6).
Primeiro, ele morreu para remissão das transgressões que havia sob a
primeira aliança. Como observado em conexão com o v. 12, a sua morte é
o preço da libertação do juízo e da culpa produzidos pelo pecado (Jr 31.34).
O sacrifício de Jesus é válido para todos os que confiaram em Deus para o
perdão dos seus pecados no antigo Israel (11.40). Mas sabemos também
que, pela graça de Deus, ele experimentou a morte “por todos” (2.9) e ele
é capaz de salvar a todos “os que por ele se chegam a Deus” (7.25).
Em segundo lugar, com base na morte dele, que recebam a promessa
da eterna herança aqueles que têm sido chamados. Assim como a antiga
aliança prometia a terra de Canaã como herança para o povo de Deus,
assim a aliança inaugurada por Cristo abre o caminho para a eterna
herança. Isso é equivalente ao “mundo que há de vir” (2.5), o “repouso
para o povo de Deus” (4.9), a “Jerusalém celestial” (12.22) e outras
descrições do nosso destino como cristãos. Jesus abriu o caminho para
a sua herança para nós ao tratar do pecado que nos impede de chegar
perto de Deus.
149
IGREJA LUTERANA
150
QUINTA-FEIRA SANTA
151
SEXTA-FEIRA SANTA
Salmo 22; Isaías 52.13-53.12; Hebreus 4.14-16, 5.7-9;
João 18.1-19.42, João 19.17-30
CONTEXTO LITÚRGICO
LEITURAS
Salmo 22: As palavras iniciais deste salmo são as palavras que Jesus
repetiu na cruz: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”. O
começo do salmo descreve o sentimento de abandono vivido pelo sal-
mista. Mas também descreve a confiança na fidelidade de Deus e no seu
livramento. O Salmo 22 faz referência a Jesus.
Isaías 52.13-53.12: Este é o último dos cânticos sobre o Servo So-
fredor. Este cântico é riquíssimo, podendo ser base para vários sermões.
Cristo foi moído pelos pecados no mundo inteiro e o castigo que pairava
sobre nós foi levado por Cristo.
Hebreus 4.14-16, 5.7-9: Cristo é Supremo Sacerdote, o Autor da
Salvação, pelo qual temos livre acesso a Deus.
1
GIESCHEN, Charles A. Preaching through the seasons of the Church Year. In Preaching is
Worship – The Sermon in Context. Editado por Paul J. Grime. Saint Louis: Concordia
Publishing House, 2001, p. 87.
SEXTA-FEIRA SANTA
ESTUDO DO TEXTO
2
CARSON, D.A. O comentário de João. Tradução Daniel de Oliveira e Vivian Nunes do
Amaral. São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 611.
153
IGREJA LUTERANA
154
SEXTA-FEIRA SANTA
PROPOSTA HOMILÉTICA
Elissandro Silva
São Leopoldo/RS
hans_luther@hotmail.com
155
SÁBADO DE ALELUIA
Salmo 16; Daniel 6.1-24; 1 Pedro 4.1-8; Mateus 27.57-66
LEITURAS
sentadas em frente ao túmulo. Elas, portanto, viram onde Jesus fora se-
pultado! Outro ponto a ressaltar é o fato de o evangelista Mateus ser o
único a fazer referência à guarda (escolta) no sepulcro.
O CONTEXTO
157
IGREJA LUTERANA
3. O homem regenerado
As orações (a Deus)
O amor (ao próximo)
158
RESSURREIÇÃO DE NOSSO SENHOR
Salmo 16; Atos 10.34-43 ou Jeremias 31.1-6;
Colossenses 3.1-4; Mateus 28.1-10
CONTEXTO
O TEXTO
160
RESSURREIÇÃO DE NOSSO SENHOR
APLICAÇÕES HOMILÉTICAS
161
IGREJA LUTERANA
PROPOSTA HOMILÉTICA
162
SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA
Salmo 148; Atos 5.29-42; 1 Pedro 1.3-9; João 20.19-31
CONTEXTO LITÚRGICO
TEXTO E CONTEXTO
164
SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA
165
IGREJA LUTERANA
166
SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA
167
IGREJA LUTERANA
REFERÊNCIAS
Ely Prieto
San Antonio, Texas/USA
elyp@lincsa.org
168
TERCEIRO DOMINGO DA PÁSCOA
Salmo 116.1-14; Atos 2.14a, 36-41; 1 Pedro1.17-25; Lucas 24.13-35
CONTEXTO
LEITURAS
havia acontecido” (v.14); “Eles pararam, com um jeito triste [...]” (v.17);
“pois era preciso que o Messias sofresse [...]” (v. 26).
TEXTO
PROPOSTA HOMILÉTICA
170
QUARTO DOMINGO DA PÁSCOA
Salmo 23; Atos 2.42-47; 1 Pedro 2.19-25; João 10.1-10
LEITURAS
172
QUARTO DOMINGO DA PÁSCOA
173
IGREJA LUTERANA
174
QUINTO DOMINGO DA PÁSCOA
Salmo 146; Atos 6.1-9;7.2a,51-60; 1 Pedro 2.2-10; João 14.1-14
Salmo 146: O salmista louva a Deus por sua grandeza, graça e compai-
xão. O salmo contrasta a sabedoria daqueles que esperam o reinado eterno
IGREJA LUTERANA
176
QUINTO DOMINGO DA PÁSCOA
Uma grande promessa está no v.16: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará
outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco”.
Jesus é o Caminho que revela o Pai; ele nos faz conhecer o caminho
que leva ao Pai; ele é o único acesso ao Pai; ele vem do Pai e volta ao Pai
e, no entanto, é um com o Pai. Lutero, refletindo sobre João 14.6, escreve:
“Aprenda a compreender este belo dito de Cristo: ‘Eu sou o Caminho’. Que
não se pense em um caminho ou em uma estrada onde se pisa e anda
com os pés, mas entenda-se que se trata de um caminho onde se cami-
nha com a fé que está no coração, que se apega tão somente a Cristo, o
Senhor. Pois há vários modos de caminhar e andar na terra, assim como
existem diferentes caminhos e sendas”.
Jesus é o caminho que leva a Deus, a verdade a respeito de Deus e
de sua vontade para com as pessoas, e a vida que ele dá para os que
vivem unidos com Deus.
177
IGREJA LUTERANA
Arnildo Schneider
Porto Alegre/RS
arnildo@ielb.org.br
178
SEXTO DOMINGO DA PÁSCOA
Salmo 66.8-20; Atos 17.16-31; 1 Pedro 3.13-22; João 14.15-21
LEITURAS
TEXTO
180
SEXTO DOMINGO DA PÁSCOA
também Cristo morreu uma vez pelos pecados, o justo pelo injusto. A
motivação para nosso ser é Cristo.
Este trecho vai até o v.22. O autor da carta parte do sofrimento injusto
dos cristãos nas perseguições e então fala da paixão e morte de Cristo
que igualmente sofreu como justo em favor dos injustos.
Há uma clara relação entre Cristo e os cristãos: também os cristãos
devem sofrer injustamente, não como malfeitores, mas como justos
entre os injustos.
A morte de Cristo foi o único sacrifício expiatório que põe fim a todos
os sacrifícios expiatórios do Antigo Testamento e quaisquer tentativas de
pagar o que já foi pago. Em Cristo se realizou a única salvação perfeita
e que vale de uma vez por todas.
PROPOSTA HOMILÉTICA
181
IGREJA LUTERANA
Gerhard Grasel
Canoas/RS
pastorgrasel@ulbra.br
182
A ASCENSÃO DO SENHOR
Salmo 47; Atos 1.1-11; Efésios 1.15-23; Lucas 24.44-53
183
IGREJA LUTERANA
Jesus os deixou na terra com uma grande incumbência: “Ide fazei dis-
cípulos de todas as nações” (Mt 28.19). Devem ter-se sentido pequenos e
com muitas interrogações, como nós ainda hoje, pois a ordem cabe a nós
também. Ouçamos, portanto, as palavras de nossa epístola.
INTRODUÇÃO
184
A ASCENSÃO DO SENHOR
CONCLUSÃO
SUGESTÃO HOMILÉTICA
Horst R. Kuchenbecker
São Leopoldo/RS
horstkuchenbecker@gmail.com
185
SÉTIMO DOMINGO DE PÁSCOA
Salmo 68.1-10; Atos 1.12-26; 1 Pedro 4.12-19;5.6-11; João 17.1-11
LEITURAS
CONTEXTO
O TEXTO
1 Pedro 4.12-19
V.12: A perseguição não deve ser vista como algo novo. Se o próprio
Cristo foi perseguido e morto pelos inimigos da igreja, não será diferente
com os seguidores de Cristo.
Vv.13,14: Cumpre-se o que Jesus havia dito nas bem-aventuranças,
conforme Mateus 5.10-12.
Vv.15-18: Se um cristão sofre por praticar o mal (determinados pecados
são mencionados), isto não é motivo de glória, mas de vergonha e juízo.
A justiça de Deus não falha, nem nesta vida nem no dia final.
Vv.19: Nossas almas estão nas mãos de Deus. Diante do mal, pratica-
mos o bem: 1 Pedro 3.13-17, um tema constante nesta carta de Pedro.
SÉTIMO DOMINGO DE PÁSCOA
1 Pedro 5.6-11
V.6: A recompensa pertence a Deus (Lucas 14.11).
V.7: Ansiedade… Sempre de novo temos que ser lembrados desta
verdade. Filipenses 4.6,7: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em
tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela
oração e pela súplica, com ações de graça…”
Vv.8,9: O diabo continua sendo uma realidade. Não podemos ignorá-lo
nos seus ataques contra os cristãos e nos seus intentos.
Vv.10,11: Graça de Deus e esperança da vida eterna. Doxologia.
MEDITATIO
Vv.12,13:
a) Recebo semanalmente relato de perseguições sofridas por cristãos
na Índia: cultos interrompidos, igrejas incendiadas, famílias expulsas de
sua vila natal por se terem tornado cristãs, pastores e líderes aprisionados.
Ouvimos da perseguição aos cristãos no Afeganistão e em outros países
muçulmanos… No século XX foram mortos mais cristãos do que em toda
a história da Igreja Cristã.
b) No livro Histórias da História da IELB (Concórdia Editora), temos
vários relatos de perseguições sofridas pelos nossos pioneiros. Destaco a
página 83, onde o professor John Neukucatz escreve: “Um dia um grande
grupo constituído de todos os maus elementos da comunidade se reuniu
em frente à igreja para me dar o ultimato: ‘Deixe de dar instrução religiosa
na escola – isto é perda de tempo – ou vá embora! Fora com a Bíblia’. A
grande turba se aproximava de mim enquanto eu tentava explicar, mas
os gritos e as ameaças cresciam cada vez mais. Vi revólveres acenando...
Aí o barril de pólvora explodiu...” (Recomendo a todos a leitura deste li-
vro para conhecermos melhor a que duras penas a IELB foi estabelecida,
valorizando mais a nossa herança).
c) Temos liberdade religiosa em nossa pátria, mas sofremos pressão
e ameaças por causa de nossas ‘opiniões’ bíblicas, e somos chamados de
‘atrasados’ por não seguirmos as tendências atuais de comportamento
libertinoso e contrário à Escritura. Nem sempre ‘a voz do povo é a voz de
Deus’. Somos discriminados por não seguirmos a opinião de uma minoria
(gay, etc.) que está impondo a sua vontade dentro do que se chama de
‘politicamente correto’.
d) Em todas as situações da vida, especialmente em sofrimentos,
temos que fixar os nossos olhos em Cristo, sofredor e vitorioso por nós!
“Cristo sofreu em nosso lugar...” (1 Pedro 2.21). Sua vitória é a nossa
vitória! Sua ressurreição é a nossa ressurreição! Jesus orou por nós em
sua Oração Sacerdotal (evangelho para hoje).
187
IGREJA LUTERANA
Vv.14-19:
Enquanto preparo este estudo, Papa Francisco foi eleito líder da Igreja
Católica Romana. Ele é abertamente contra o aborto e a união de pessoas
do mesmo sexo. Muito bem foi comentado no Facebook: “Será que alguém
terá a coragem de acusá-lo de homofóbico, como estão ameaçando as
igrejas e os pastores sérios do Brasil?” Mesmo que soframos pela verdade,
jamais podemos negar a verdade. “Se é com dificuldade que o justo é
salvo, onde vai comparecer o ímpio, sim, o pecador?”
5.8,9:
“Leão que ruge procurando alguém para devorar...” Parece apenas uma
figura de linguagem, mas nós vivenciamos isto inúmeras vezes durante
o nosso ministério no Quênia. As aldeias da tribo Massai são construídas
em círculo e cercadas por espessas camadas de galhos e árvores com
espinhos. À noite o gado é guardado no pátio circular que se forma no
centro da aldeia. Alguns jovens guerreiros montam guarda a noite toda
para espantar leões e outros animais que tentam se aproximar para matar
o gado. Acampamos em parques/reservas com guardas Massai fazendo
a ronda a noite toda, e ouvíamos o rugido dos leões, as ‘gargalhadas’
sinistras das hienas e o barulho típico de outros animais saindo a caçar à
noite em busca de uma presa. – Se alguém se descuida, o diabo arrebata.
Cristo venceu o diabo por nós. Por isso o apóstolo Pedro pode terminar a
perícope de hoje com um ‘glória’ e um ‘amém’!
PROPOSTA HOMILÉTICA
A solução de Deus:
Cristo sofreu em nosso lugar! O maior sofrimento no inferno não nos
aflige mais!
INTRODUÇÃO:
Expor a realidade de perseguição do texto e da nossa realidade atual.
188
SÉTIMO DOMINGO DE PÁSCOA
I. Desafios diários:
- A vida de negócios, concorrência desleal, entrar no mesmo jogo.
Catecismo Maior, Sétimo Mandamento.
- Amigos com comportamento sexual contrário à Escritura: Vamos
fazer como eles?
- Cap. 4.15,16; 5.8.
II. Ansiedade x Fé: – Quem não é ansioso?
- Neste quesito, vemos como nossa fé é pequena e o quanto preci-
samos da ajuda de Deus.
- Cap. 5.6,7.
III. Diante de injustiças que sofremos, temos um justo Juiz.
- Cap 4.17-19
CONCLUSÃO:
- Olhamos para Cristo e louvamos a Deus.
- Cap. 4.13; 5.10,11.
189
DOMINGO DE PENTECOSTES
Salmo 25.1-15; Números 11.24-30 [Joel 2.28-32];
Atos 2.1-21; João 7.37-39
LEITURAS DO DIA
191
IGREJA LUTERANA DOMINGO DE PENTECOSTES
SUGESTÃO HOMILÉTICA
192
Volume 72 • N° 1 • 2013